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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU” ANÁLISE DE INSERÇÃO DO LIXO. ELIANE MENDES C. DE SOUSA ORIENTADOR: PROF. CELSO SANCHEZ Rio de Janeiro Outubro/ 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

ANÁLISE DE INSERÇÃO DO LIXO.

ELIANE MENDES C. DE SOUSA

ORIENTADOR: PROF. CELSO SANCHEZ

Rio de Janeiro

Outubro/ 2007

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

ANÁLISE DE INSERÇÃO DO LIXO.

Monografia apresentada para

conclusão do Curso de Pós-

Graduação “Latu Sensu” em

Planejamento e Educação

Ambiental.

ELIANE MENDES C. DE SOUSA

Rio de Janeiro

Outubro/ 2007

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, em especial, por

me abençoar nos meus objetivos e

permitir que eu os alcance.

Aos meus pais, familiares e filhos,

pela compreensão e apoio, e por nunca

me deixarem desistir, mesmo nas horas

mais difíceis. A todos um muito obrigada.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta obra aos meus lindos e

queridos pais, que amo demais. A meus

filhos, aos meus amigos e professores

que tiveram muita paciência comigo e

permitiram que eu chegasse até aqui.

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RESUMO

O lixo é um problema crônico em nossa sociedade. E o seu mau

gerenciamento acaba causando grandes problemas ao meio ambiente dentro

dos municípios brasileiros. Quando tiramos o lixo de nossas casas não

estamos acabando com o lixo, mas estamos tirando-os de nossas vistas, ele

continua existindo e ocupando espaço. A palavra lixo é derivada do latim lix,

que significa cinza. No dicionário, ela é definida como sujeira, imundice, coisas

inúteis, velhas sem valor. Também definimos lixo, como material descartado

pelas atividades humanas. Em até meados do século XVIII, o lixo gerado era

em pequenas quantidades e constituído essencialmente por sobras de

alimentos. A partir da Revolução Industrial, as fabricas começaram a produzir

mais, introduzindo novas embalagens no mercado e aumentando o volume de

resíduos gerados nas áreas urbanas.

Na Agenda 21 (um dos compromissos firmados na Conferência Mundial

do Meio Ambiente – ECO 92), propõe que o lixo seja tratado tendo em vista os

3Rs, seguindo uma hierarquia: 1º Reduzir, 2º Reutilizar e 3º Reciclar. Esses

três itens são uns apelos para que a população mundial se conscientize de que

o aumento do lixo é resultado de hábitos consumistas que levam ao gasto

excessivo com produtos supérfluos, ou planejados para durar pouco, e

embalagens inadequadas.

PALAVRAS-CHAVE: resíduos sólidos, 3 Rs, coleta seletiva, sustentabilidade.

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METODOLOGIA

Um levantamento bibliográfico foi realizado com leituras de textos para

análise de dados referentes ao tema, onde estes abordavam conceitos e

pesquisas realizadas com recursos sólidos. Após o levantamento iniciou-se

uma mobilização dos alunos e funcionários da escola foi iniciada com a

campanha da “Semana do Lixo”, através de murais instalados nas

dependências da escola, pretendendo assim, uma mudança de atitudes em

relação ao lixo gerado no âmbito escolar. Uma motivação à participação foi

apresentada, através da convocação para uma gincana de redução e

reaproveitamento dos resíduos gerados nas dependências da escola, com uma

premiação final surpresa para aqueles que apresentassem um maior

desempenho. Um questionário foi aplicado a fim de avaliar os alunos e

funcionários sobre a problemática dos resíduos sólidos gerados na escola, e as

sugestões do que deveria ser aplicado para beneficio de todos e solução dos

problemas encontrados.

Em sala de aula, iniciamos a discussão sobre o conceito do que é Lixo.

Depois, desenvolvemos uma dinâmica onde os alunos escreveram em pedaços

de papel tudo aquilo que consideravam lixo e os colocaram em potes

identificados com os tipos de materiais. Após o término da tarefa, foi pedido

aos alunos que retirassem dos potes aquilo que cada um gostaria de pegar

para si mesmo. A partir daí, iniciamos uma discussão sobre a importância da

reutilização do lixo e a diferença entre reduzir, reutilizar e reciclar. Ao final da

aula foi discutida a responsabilidade de cada um com o lixo produzido,

enfatizando a necessidade da coleta seletiva e os problemas relacionados ao

tratamento inadequado do lixo. Além do trabalho realizado, contatamos uma

Cooperativa de Coleta Seletiva local, para que o lixo produzido fosse

direcionado para um melhor reaproveitamento. Uma visita ao local ocorreu

com todos os alunos e funcionários, a fim de discutirmos o processo de

beneficiamento do lixo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

RESÍDUOS SÓLIDOS 9

CAPÍTULO II

GERENCIAMENTO DOS RESIDUOS SÓLIDOS 13

CAPÍTULO III

COLETA SELETIVA 17

CAPÍTULO IV

A POLÍTICA DOS 3 R 19

CAPÍTULO V

POLÍTICA AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE 26

RESULTADOS 29

DISCUSSÃO 32

CONCLUSÃO 33

BIBLIOGRAFIA 34

ANEXOS 36

ÍNDICE 37

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INTRODUÇÃO

O desenvolvimento econômico e o crescimento populacional

exarcebados têm resultado em diversas formas de agressão ao mio ambiente.

Como estas agressões se revertem em danos para a própria sociedade

humana, cada vez mais os governos e a população têm percebido a

importância da preservação e aproveitamento racional dos recursos naturais.

A educação ambiental se apresenta como uma das alternativas para

minimizar o impacto antrópico na natureza, aumentando a qualidade de vida

dos cidadãos. Através do ensino, os problemas ambientais podem ser

abordados sob diferentes perspectivas (históricas, econômicas, sociais e

ecológicas) criando um ambiente profícuo para a busca conjunta de soluções

compatíveis com a realidade da comunidade local.

A educação é, provavelmente, a melhor forma para se desenvolver uma

consciência critica no ser humano, especialmente na criança e no adolescente

que, por estarem passando por um processo de formação de seu caráter, estão

mais abertos a mudanças e reordenações de seus conceitos pré-existentes.

O presente trabalho versa sobre a problemática dos recursos sólidos

gerados no Colégio Evangélico de Austin, abordando a importância da

separação e tratamento necessários ao lixo produzidos pelos alunos.

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CAPÍTULO I

RESÍDUOS SÓLIDOS

Qualquer material resultante de atividades humanas, descartado ou

rejeitado por ser considerado inútil ou sem valor. Pode estar em estado sólido

ou semi-sólido e ser classificado de acordo com sua composição química

(orgânico ou inorgânico), sua fonte geradora (residencial, comercial, industrial,

agrícola, de serviços de saúde) e seus riscos potenciais ao ambiente

(perigosos, inertes e não inertes). (MOUSINHO, 2003).

O destino final dos resíduos sólidos das grandes cidades apresenta um

problema capital a pressionar cada vez mais a vida das cidades, nas próximas

décadas, porque, até agora, a quantidade de resíduos sólidos produzidos na

maioria das cidades vem crescendo sem parar. Com a disponibilidade de

espaços existentes em nosso país, aterros sanitários bem preparados e

geridos, associados a uma eficiente coleta e transporte do lixo, ainda podem ter

uma sobrevida de uma ou duas décadas. Mas o colapso estará na curva da

historia, logo adiante, se não houve uma mutação primordial da relação da

sociedade com os resíduos sólidos que produz incessantemente. Uma

legislação que determine a redução e o reaproveitamento de embalagens e a

recompra de recipientes plásticos é um passo absolutamente fundamental, que

enfrenta uma forte resistência que começa a ser trincada. (SIRKIS, 2003).

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1.1- Tipos de Resíduos Sólidos

Pela grande quantidade de lixo existente e os vários tipos de materiais é

necessário, por uma questão pratica e didática, classificar cada tipo, tais como:

domiciliar, comercial, público, hospitalar, especial, industrial e agrícola.

Lixo Domiciliar

Aquele originado na vida diária das residências, constituído basicamente

por restos de alimentos, produtos deteriorados, jornais e revistas,

garrafas e embalagens, papel higiênico e fraldas descartáveis, ou ainda

uma infinidade de itens domésticos.

Lixo Comercial

Originado nos estabelecimentos comerciais e de serviços como

supermercados, bancos, lojas, bares, restaurantes, etc. O lixo destes

estabelecimentos é constituído, fortemente, de papel, plástico,

embalagens diversas e material de asseio, como papel toalha, papel

higiênico, etc. Em geral, todo o lixo comercial pode ser reciclado.

Lixo Industrial

Originado nas atividades industriais, dentro dos diversos ramos

produtivos existentes, tais como, metalúrgica, química, petroquímica,

papeleira, alimentícia, etc. O lixo industrial é bastante variado e pode

estar relacionado ou não com o tipo de produto final da atividade

industrial. É constituído por resíduos de cinzas, óleos, lodos, resíduos

alcalinos ou ácidos, plásticos, papel, madeira, fibras, borracha, metal,

escorias, vidros, cerâmicas, entre outros.

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Lixo Público

Aqueles gerados dos serviços de limpeza pública urbana, incluídos os

resíduos de varrição das vias públicas, limpeza de praias, de galerias,

córregos e terrenos baldios, podas de árvores. Fazem parte ainda,

desta classificação a limpeza de locais de feiras livres ou eventos

públicos.

Lixo Hospitalar

Constituído basicamente de resíduos sépticos que contém ou

potencialmente podem conter germes patogênicos. São produzidos em

serviços de saúde, como hospitais, clínicas, laboratórios, farmácias,

clínicas veterinárias, postos de saúde. Este lixo é constituído de

agulhas, seringas, gazes, bandagens, algodões, órgãos e tecidos

removidos, meios de cultura, animais usados em testes, sangue

coagulado, medicamentos, luvas descartáveis, filmes radiológicos, entre

outros.

Lixo Especial

Encontrado nos portos, aeroportos, terminais rodoviários ou ferroviários.

Constituído de resíduos sépticos, podendo conter agentes patogênicos

oriundos de um quadro de epidemia de outro lugar, cidade, estado ou

país. Estes resíduos são formados por materiais de higiene e asseio

pessoal, restos de alimentação, etc.

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Lixo Agrícola

Oriundos das atividades agrícolas e/ ou pecuárias, como por exemplo,

embalagens de adubas e agrotóxicos, defensivos agrícolas, ração restos

de colheita. Em várias regiões do mundo, este tipo de lixo vem

causando preocupação crescente, destacando-se enormes quantidades

de esterco animal gerados nas fazendas de pecuária intensiva.

Também as embalagens de agro-químicos diversos, em geral, tóxicos,

têm sido alvas de legislações específicas.

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CAPÍTULO II

GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS

A população mundial aumentou neste ultimo século em quase cinco bilhões

de habitantes. Desse modo é aceitável que a previsão de aumento

populacional para os últimos anos esteja estimada a um aumento perigoso de

oito bilhões. O que implica o aumento do uso das reservas naturais do planeta,

da produção de bens de consumo e, a inevitável geração do lixo. Devido a

todos esses fatores o gerenciamento do lixo torna-se indispensável. E com

tudo isso vem o aumento da poluição do solo, das águas subterrâneas e de

superfície, e do ar, levando a um contínuo e acelerado processo de

degradação do nosso ambiente, causando uma série de implicações à

qualidade de vida. Estatísticas afirmam que depois do estilo de vida que as

pessoas levam, o meio ambiente é o segundo maior fator em importância para

que um indivíduo ultrapasse os 65 anos de idade (gráfico 1), pressupondo-se

com isso a harmonia com a natureza é fundamental para que se viva mais e

melhor.

GRÁFICO 1 - FATORES QUE INFLUENCIAM A CHANCE DE UM INDIVÍDUO ULTRAPASSAR

OS 65 ANOS DE IDADE.

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No Brasil, de cada 100 habitantes, 75 moram em cidades e o restante na

zona rural. Esta migração crescente da zona rural para as grandes cidades

desequilibra o gerenciamento do lixo, forçando as prefeituras a correrem contra

o tempo em disponibilizar lugares para a disposição correta do lixo urbano.

O resultado da desproporção entre a disposição correta do lixo faz com que

grande parte dele não seja coletado, permanecendo nos logradouros ou sendo

descartado em lugares públicos, terrenos baldios, encostas ou cursos de água

(tabela 1). O lixo destinado de forma incorreta é danoso ao meio ambiente.

TABELA 1 – DISPOSIÇÃO DO LIXO NO BRASIL

% Disposição do lixo

80 Lixão a céu aberto

13 Em aterros controlados

5 Em aterro sanitário

1 Usina de reciclagem

0,9 Usina de compostagem

0,1 Usina de incineração

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2.1 - Responsáveis na Gerência do Lixo

O gerenciamento integrado do lixo municipal deve começar pelo

conhecimento de todas as características deste lixo, pois vários fatores

influenciam neste aspecto, tais como:

Número de habitantes do município;

Poder aquisitivo da população;

Condições climáticas predominantes;

Hábitos e costumes da população;

Nível educacional.

O gerenciamento deve levar em consideração as estimativas de lixo

geradas per capita no município, visando ao planejamento adequado das

atividades de coleta e outros controles. Os seguintes aspectos devem ser

considerados:

A – kg / habitante / dia obtido por amostragem;

B – população do município;

C – taxa de crescimento populacional;

D – taxa de incremento futuro no serviço de limpeza;

E – taxa de incremento da geração per capita.

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É importante destacar-se a responsabilidade das prefeituras (tabela 2), na

especialização do gerenciamento do lixo urbano. Grande parte das

prefeituras brasileiras, hoje em torno de 5.507, não fomentam a reciclagem

nem sequer possuem condições técnicas para tal. O trabalho é árduo e o

pessoal que compõe o corpo técnico ambiental dentro dos municípios,

geralmente integrantes das secretarias do Meio Ambiente, tem na

Educação Ambiental um forte aliado neste processo; no entanto, a

execução de campanhas de educação ambiental é fator crítico de sucesso,

pois a mudança de hábitos e atitudes só acontece com a conscientização.

Planejar a educação ambiental dentro do município é mais do que uma

missão para o secretário de Meio Ambiente.

TABELA 2 – RESPONSÁVEIS PELO GERENCIMENTO DO LIXO

Tipos de Lixo Responsáveis pelo

gerenciamento até destinação

final.

Domiciliar Prefeitura municipal

Comercial Prefeitura municipal

Público Prefeitura municipal

Hospitalar Gerador

Especial Gerador

Industrial Gerador

Agrícola Gerador

Fonte: Editora Interciência – 2001.

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CAPÍTULO III

COLETA SELETIVA

Atualmente, quase a metade da população mundial vive em áreas urbanas

e este acúmulo de pessoas, com os padrões de consumo conhecidos,

impactam o ambiente devido à demanda por recursos naturais como pela

grande produção de resíduos. A destinação final do lixo é um dos grandes

problemas que assolam desde as grandes cidades até, segundo um revisão

feita por Derraik (2002), localidades turísticas pouco habitadas onde não seria

esperado tal impacto. Esta situação reflete uma voraz sociedade de consumo,

que muitas das vezes é desinformada e assim não demonstra preocupação em

níveis satisfatórios. (LOUZADA et al, 2005)

Uma coleta seletiva, simplificada, que eduque a população a separar o lixo,

na origem, em pelo menos dois grupos, o orgânico e o reciclável, é algo

indispensável que a gestão urbana não pode mais procrastinar a situação do

lixo na cidade informal é também uma questão de importância vital. (SIRKIS,

2003).

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3.1 – Motivos para separar o lixo

Uma lata de refrigerante, quando reciclada, representa uma

economia de energia equivalente a três horas com a televisão ligada;

Uma garrafa de vidro demora 5 mil anos para se decompor;

O reaproveitamento de lata rende U$ 30 milhões por ano;

Reciclar uma tonelada de alumínio gasta 95% menos energia do que

fabricar a mesma quantidade;

Uma tonelada de papel reciclado poupa 22 árvores do corte,

consome 71% menos energia elétrica e representa uma poluição

74% menos que na mesma quantidade;

No Brasil, cada habitante descarta em média 25 quilos de plásticos

por ano, cinco vezes menos que os norte-americanos, um dos

maiores consumidores do mundo;

Em 1998, o Brasil atingiu o recorde nacional de reciclagem. Foram

mais de 5,5 bilhões de latas recuperadas pela indústria, o que

significa uma taxa de 65% sobre o total de latas de alumínios

vendidas (8,5 bilhões de unidades). Os números brasileiros superam

países industrializados, como Inglaterra (23%) e Itália (41%). Os

Estados Unidos recuperam 66%, o que equivale a 64 bilhões de latas

por ano. O Japão recicla 73%. Quanto às latas de aço, 35% das latas

consumidas no Brasil são recicladas, o que equivale a cerca de 250

mil t/ano. Nos Estados Unidos, 60% das embalagens de folha de

flandres retornaram à produção de aço em 1987. Se o Brasil

reciclasse todas as latas de aço que consome atualmente, seria

possível evitar a retirada de 900 mil toneladas de minério de ferro por

ano.

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CAPÍTULO IV

A POLÍTICA DOS 3 R

Principio ligado ao gerenciamento de resíduos sólidos que se baseia numa

hierarquia de procedimentos:

Reduzir (o uso de matérias-primas e energia, a quantidade de

material a ser descartado);

Reutilizar (os produtos usados, dando a eles outras funções);

Reciclar (retornar o que foi utilizado ao ciclo de produção). O

principio dos 3 Rs está orientado para uma mudança dos padrões

não-sustentáveis de produção e consumo, não devendo portanto a

reciclagem ser uma ação desvinculada dos dois primeiros Rs, o que

poderia servir para legitimar o desperdício.

O principio dos 3 Rs ganhou visibilidade após a Rio-92, estando

previstas no 21º capítulo da Agenda 21 a redução ao mínimo dos resíduos e a

maximização ambientalmente saudável do reaproveitamento e da reciclagem

dos resíduos.(MOUSINHO, 2003).

Política dos 3 R's

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O conceito dos 3 Rs (reutilizável, retornável e reciclável) deveria estar

presente no currículo escolar de todos os alunos. Educar as crianças é mais

eficaz, elas se sensibilizam quando aprendem e criam um ambiente prático em

suas casas. A teoria, a criança vê na escola e coloca em prática em suas

casas. Se necessário for, chama a atenção dos pais e irmãos para algo que

esteja fora do que aprendeu em sala de aula.

Agora, para as gerações atuais, deveria haver campanhas de sensibilização

e, claro, o governo deveria ser o agente de mudanças nesse processo,

apoiando e incentivando negócios relacionados às áreas que envolvessem os 3

Rs (reutilizável, retornável e reciclável).

Temos que disseminar a filosofia ambiental dos 3 Rs, mostrando seus

benefícios em contrapartida dos malefícios, quando não existe essa filosofia.

Um exemplo simples, pode começar, na residência, se tiver uma embalagem

vazia. Ela pode ser reutilizada para armazenar qualquer outro objeto e, até

mesmo alimento, dependendo do caso. Na pior das hipóteses ela pode voltar

para a indústria e ser reciclada.

Outro exemplo de postura ambientalmente correta começa no

supermercado, quando vamos comprar cervejas e refrigerantes. Devemos dar

preferência para as garrafas retornáveis, assim podemos contribuir com o meio

ambiente. Há países da Europa que já discutem a proibição na venda de

refrigerantes e cervejas que tenham embalagens descartáveis. Agora, se acaso

comprar as conhecidas cervejas em latinha, faça a coleta seletiva das mesmas.

O alumínio é um material valorizado e o Brasil é o campeão mundial de

reciclagem de alumínio.

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O vidro é um produto interessante para a reciclagem, pois ele não sofre

alteração de sabor, odor, cor ou qualidade e é reciclável 100%. Já no caso dos

papéis, vamos lembrar das folhas de sulfite que descartamos diariamente. Já

pensou em reutilizá-las no verso como rascunho? E depois de utilizá-las dos

dois lados, acondicioná-las de forma correta, mantendo-as secas e limpas para

a reciclagem? Se não, passe a pensar!

4.1- Reciclagem de materiais

Reciclagem é o resultado de uma série de atividades através das quais

materiais que se tornam lixo, ou estão no lixo, são desviados, sendo coletados,

separados e processados para serem utilizados como matéria-prima na

manufatura de outros bens, feitos anteriormente apenas com matéria-prima

virgem. No lixo doméstico e industrial brasileiro encontramos uma grande

variedade de produtos que são altamente recicláveis.

Os benefícios da reciclagem são:

Diminuição da quantidade de lixo a ser desnecessariamente

aterrado;

Preservação dos recursos naturais;

Economia proporcional de energia;

Diminuição da poluição ambiental;

Geração de empregos, diretos e indiretos.

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A reciclagem, no entanto, não pode ser vista como a principal solução

para o lixo. É uma atividade econômica que deve ser encarada como um

elemento dentro de um conjunto de soluções ambientais. Por outro lado,

“separar o lixo sem um mercado é enterrar em separado”. A separação de

materiais do lixo aumenta a oferta de materiais recicláveis. Entretanto, se não

houver demanda por parte da sociedade, o processo é interrompido e os

materiais podem abarrotar os depósitos ou serem enterrados em outro lugar.

Os caminhos que devem ser seguidos para a segregação dos materiais são

simples, mas importantes dentro de um programa de reciclagem. A separação

do material deve ser feita na fonte (gerador), com posterior coleta seletiva

realizada pela prefeitura e envio às usinas ou aos locais de triagem. Pode ser

feita também coleta bruta do material e posterior envio a uma usina de lixo para

triagem e separação dos recicláveis. Esta segunda opção abrange uma gestão

exclusivamente governamental ao passo que a primeira envolve a população

geradora do resíduo no processo de reciclagem e uma atuação participativa no

programa.

4.1.1- História dos principais materiais recicláveis

Papel: a reciclagem das fibras de papel é tão antiga quanto sua própria

descoberta no ano de 105 d.C. Mesmo sendo de menor qualidade, os

papéis usados eram convertidos em polpas para gerar papel novamente.

Isto para os padrões daquela época, uma excelente economia. Na era

moderna, há muito tempo papéis e papelões são reciclados pelos

grandes produtores de embalagens. Essa demanda produziu volume

suficiente de papel para justificar o investimento em equipamentos para

preparar o material a ser negociado com sucateiros.

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Na medida em que o interesse pela reciclagem aumentou, cresceu

também a quantidade de caixas produzidas com material reciclado.

Uma tonelada de aparas pode evitar o corte de dez a doze árvores

provenientes de plantações comerciais. A fabricação de papéis com o

uso de aparas gasta de 10 a 50 vezes menos água que no processo

tradicional, que usa celulose virgem, além de reduzir o consumo de

energia pela metade.

Plástico: o inglês Alexander Parkes produziu o primeiro plástico em

1862. Rapidamente o plástico tornou-se um dos maiores fenômenos da

era industrial, garantindo mais durabilidade e leveza. Mas como em sua

maioria não é biodegradável, tornou-se alvo das criticas quanto ao seu

despejo em aterros que crescem junto com a explosão populacional. A

reciclagem de plástico começou a ser realizada pelas próprias indústrias

para o reaproveitamento de suas perdas de produção. Quando o

material passou a ser recuperado em maior quantidade, separado do

lixo comum, formou-se um novo mercado, absorvendo modernas

tecnologias para possibilitar a produção de artigos com percentual cada

vez maior de plástico reciclável.

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Latas de alumínio: surgiram nos Estados Unidos em 1963. O aço

utilizado para a industrialização de latas surgiu na era do aço, na década

de 30 e no Brasil, no advento do pique siderúrgico em 1945, com o inicio

de produção da Cia. Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda.

Os programas de reciclagem começaram em 1968, fazendo retorna a

produção meia tonelada de alumínio por ano. Quinze anos depois, esse

mesmo volume é reciclado por dia. Há 25 anos, com um quilo de

alumínio reciclado, era possível fazer 42 latas de 350ml. Hoje a

indústria consegue produzir 62 latas com a mesma quantidade de

material, com o aumento da produtividade de 47%. As campanhas de

coleta se multiplicaram e atualmente uma dezena de milhões de

pessoas na América do Sul, incluindo o Brasil, participam ativamente

dos programas de coletas de latas de alumínio.

Latas de aço: é um dos mais antigos materiais recicláveis. Na

Antiguidade, os soldados romanos recolhiam as espadas, facas e

escudos abandonados nas trincheiras e os encaminhavam para a

fabricação de novas armas. Conta-se que a lata teria sido inventada a

pedido de Napoleão Bonaparte, para que seus soldados pudessem levar

alimentos para as guerras, sem problemas de conservação. Outros

dizem que o alimento enlatado surgiu na Inglaterra em 1800. nos

Estados Unidos, os esforços pela coleta seletiva das latinhas

começaram na década de 1970 com o advento dos programas de

reciclagem. No Brasil, foi criado em 1992 o Programa de Valorização de

Embalagens Metálicas, com o objetivo de estimular o consumo, a coleta

e a reciclagem deste material.

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Vidro: A indústria vidreira se desenvolveu rapidamente, mas a coleta

seletiva só começou na década de 1960 nos Estados Unidos, que hoje

conta com 6 mil pontos de coleta de embalagens de vidro. No Brasil, a

primeira iniciativa organizada surgiu em 1966, no interior de São Paulo.

Em 1986, a Associação Técnica Brasileira das Indústrias de Vidro

(ABIVIDRO) lançou um programa nacional de coleta que atualmente

envolve 7 milhões de pessoas em 25 cidades brasileiras.

Pneus: depois que o americano Charles Goodyear descobriu no século

XIX o processo de vulcanização, deixando cair borracha e enxofre

casualmente no fogo, a demanda por esse produto se multiplicou no

mundo. Mais tarde, a Alemanha começou a industrializar borracha

sintética do petróleo. A recuperação de energia e a recauchutagem

foram as primeiras formas de reciclagem de pneus. Com o avanço

tecnológico, surgiram novas aplicações, como mistura com asfalto, em

concentrações de 15% a 25%, apontada hoje nos Estados Unidos como

uma das melhores soluções para o fim dos cemitérios de pneus, que

vem a ser no mundo um dos grandes problemas ambientais a serem

resolvidos, pois a destinação final sem critérios dos pneus usados vem a

ser danosa ao meio ambiente e gera poluição e perturbação ambiental

de toda ordem, sendo a sua queima indiscriminada e criminosa o maior

dos problemas.

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CAPÍTULO V

POLÍTICA AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE

Os alicerces da construção de uma política ambiental, do

desenvolvimento e da sustentabilidade foram discutidos a partir da II

Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento em

1992 (Rio 92).

O conceito de desenvolvimento sustentável ganhou múltiplas dimensões

na medida em que os estudiosos passaram a incorporar outros aspectos das

relações e dos indivíduos com a natureza:

Sustentabilidade ecológica: refere-se à base do processo de

crescimento e tem como objetivo a manutenção de estoques de capital

natural incorporado às atividades produtivas.

Sustentabilidade ambiental: refere-se à manutenção da capacidade de

sustentação dos ecossistemas, o que implica a capacidade de absorção

e recomposição dos ecossistemas em face das interferências

antrópicas.

Sustentabilidade social: tem como referencia o desenvolvimento e como

objeto a melhoria da qualidade de vida da população. Em países com

desigualdades, implica a adoção de políticas distributivas e/ou

redistribuitivas e a universalização do atendimento na área social,

principalmente na saúde, educação, habitação e eqüidade social.

Sustentabilidade política: refere-se ao processo de construção da

cidadania, em seus vários ângulos e visa garantir a plena incorporação

dos indivíduos ao processo de desenvolvimento.

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Sustentabilidade econômica: implica uma gestão eficiente dos recursos

em geral e caracteriza-se pela regularidade de fluxos de investimento

público e privado - o que quer dizer que a eficiência pode e precisa ser

avaliada por processos macrossociais.

Sustentabilidade demográfica: revela os limites da capacidade de

suporte de determinado território e de sua base de recursos, implica

cotejar os cenários ou tendências de crescimento econômico com as

taxas demográficas, sua composição etária e contingentes de população

economicamente ativa.

Sustentabilidade cultural: relaciona-se com a capacidade de manter a

diversidade de culturas, valores e práticas no planeta, no país e/ou

numa região, que compõem ao longo do tempo a identidade dos povos.

Sustentabilidade institucional: trata de criar e fortalecer engenharias

institucionais e/ou instituições que considerem critérios de

sustentabilidade.

Sustentabilidade espacial: norteada pela busca de maior eqüidade nas

relações inter-regionais.

O conceito de desenvolvimento sustentável vem sendo construído no

processo de discussão e prática de uma política geral para a humanidade. Ë

importante ressaltar que esse conceito se identifica com pelo menos quatro

dimensões:

uma dimensão ética, onde se destaca o reconhecimento de que no

almejado equilíbrio ecológico está em jogo mais que um padrão

duradouro de organização da sociedade - está em jogo a vida dos

demais seres e da própria espécie humana (gerações futuras);

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uma dimensão temporal, que rompe com alógica do curto prazo e

estabelece o princípio da precaução (adotado em várias convenções

internacionais de que o Brasil é signatário e que têm internamente, com

ratificação pelo Congresso, força de lei), bem como a necessidade do

planejar a longo prazo;

uma dimensão social, que expressa o consenso de que só uma

sociedade sustentável- menos desigual e com pluralismo político- pode

produzir o desenvolvimento sustentável;

uma dimensão prática, que reconhece como necessária a mudança de

hábitos de consumo e de comportamentos.

Para concretizar tudo isso, é preciso romper o círculo vicioso da

produção, que prejudica o meio ambiente e exclui dos beneficiários grande

parte da sociedade. É preciso, também, promover um círculo virtuoso, em que

a produção obedeça a critérios de conservação ambiental duradoura e

aperfeiçoamento progressivo nos padrões de repartição de benefícios.

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RESULTADOS

Durante o levantamento bibliográfico, dados foram coletados a respeito

da problemática dos resíduos sólidos. Nas pesquisas já realizadas neste

assunto, podemos observar a importância de nossa responsabilidade sobre a

produção e destino final deste consumismo, devendo assim, pensarmos e

mudarmos nossas atitudes, reduzindo a produção de lixo.

A motivação à participação dos alunos e funcionários, foi atingida com a

participação de todos na gincana, tendo assim um comprometimento com a

questão da limpeza e organização escolar. A questão ambiental enfocada na

gincana, diariamente, foi enfocada e aplicada junto aos participantes, atingindo

de modo indireto a comunidade do entorno.

O questionário aplicado continha questões relacionadas ao cotidiano,

onde os alunos e funcionários puderam expor seus usos e costumes. Ao

serem questionados sobre o que era Lixo, houve uma unanimidade na resposta

(“... lixo é tudo que eu não uso...”; “... é aquilo que jogo fora...”). Quando

questionados sobre o que eles faziam com estes lixos, responderam que

“jogavam em sacolas de mercado e deixavam para o caminhão do lixo

recolher”, alguns disseram jogar em terrenos baldios próximos à suas casas,

ou ainda queimarem nos fundos de seus quintais.

Desde o primeiro momento após a exposição do problema, houve uma

mudança significativa dos hábitos dos alunos e funcionários da escola.

Primeiramente, um levantamento do lixo gerado nos setores desde a secretaria

até a sala de aula, foi apontado e após esta observação, várias discussões

foram apresentadas a fim de solucionar os problemas.

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Através da dinâmica realizada em sala de aula, os alunos escreveram

em pedaços de papéis, os materiais que consideravam lixo, por exemplo,

pedaços de lápis, garrafa pets, entre outros. Após colocarem estes papéis nos

potes, os alunos foram convidados a retirarem os papéis que continham

produtos que gostariam de ter para si mesmos, sendo iniciada, a partir daí,

uma discussão sobre o desperdício e o reaproveitamento do que chamamos

LIXO. Após esta tarefa, os alunos passaram a observar o que deveriam colocar

nas lixeiras identificadas e o que deveria ser reaproveitado. Os funcionários

também participaram das tarefas desenvolvidas com os alunos em sala de

aula, podendo assim trabalhar com os resíduos gerados nos diversos setores

da escola. Além disso, através da atividade, iniciou-se a discussão da

responsabilidade sobre o lixo.

A separação do lixo dentro da escola ocorreu de forma simplificada,

bastando depositar os resíduos úmidos e secos em suas respectivas lixeiras. O

material reciclável coletado é remetido para Cooperativa localizada em Austin,

Nova Iguaçu. O material orgânico é recolhido por pequenos produtores locais

para compostagem e posterior utilização em suas plantações.

Na secretaria, o lixo gerado, em geral, papéis utilizados para diversos

fins, teve como solução diversas opções como reutiliza-los, quando possível,

em outras atividades, como por exemplo, anotações em geral, reduzindo

assim, o uso de novas folhas. Depois de totalmente utilizadas, estas folhas

eram agrupadas em locais apropriados para serem enviados a Cooperativa,

para reciclagem. Anteriormente, estes papéis eram usados apenas em um dos

lados e depois descartados nas lixeiras, gerando uma quantidade

desnecessária de resíduos. Além disso, provas e testes eram produzidos

também em um dos lados dos papéis, gerando um gasto maior, além do

desperdício de folhas. Houve uma redução de custo com a reutilização das

folhas.

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Em sala de aula, os resíduos apontados foram papéis, borrachas e lápis em

geral. Os mesmos, não eram utilizados de forma apropriada, sendo

encontrados em grande quantidade nas latas de lixo das salas. Como solução

os alunos confeccionaram com jornais, recipientes para comportar as

borrachas e os lápis que antes eram descartados, sendo estes reaproveitados

pelos próprios alunos. Quanto às folhas, estas eram colocadas num canto da

sala para posterior utilização, desde simples anotações até outros trabalhos

desenvolvidos em sala.

As folhas totalmente utilizadas eram armazenadas dentro de caixas de

papelão, que antes eram descartadas pela cantina, ou até mesmo as caixas

em que eram transportadas as resmas de folhas.

No horário do recreio, o problema apontado foi o acúmulo de lixo nos

latões, e a presença de moscas, abelhas e outros insetos, ou até mesmo,

quando encontrávamos lixos espalhados pelo pátio. Os materiais não eram

descartados de forma consciente, ou mesmo que o quisessem, não havia

coletores específicos. Os resíduos gerados eram muitos, desde copos

descartáveis até restos de alimentos, as latinhas de alumínio também estavam

nestes mesmos locais de coletas. Como solução, alunos e funcionários

substituíram os latões já enferrujados pelas lixeiras coletoras, que foram

doadas pela Cooperativa, contendo identificação dos tipos de materiais

recicláveis.

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DISCUSSÃO

Muito tem sido discutido sobre a questão dos resíduos sólidos, porém

falta preocupação com a produção e o destino do lixo. A reciclagem constitui-

se de uma alternativa, e não erroneamente como divulgada a única saída para

o problema. Devemos investir em outras soluções, a redução e a reutilização,

pois estas envolvem mudanças de comportamento e, um questionamento de

nosso modo de vida.

Os alunos mesmos separando os materiais e mudando de certa forma

suas atitudes e opiniões sobre a questão do lixo, continuam defendendo

apenas a alternativa da reciclagem, sem se lembrarem dos outros 3 Rs.

As discussões em sala de aula e, também no âmbito escolar,

envolvendo os funcionários, promoveram uma releitura da experiência

vivenciada e as associaram aos contextos mais amplos. Assim, eles

perceberam que seria mais apropriado buscar a redução da produção de lixo,

ficando claro que algumas das implicações de aspectos de seu dia-a-dia tais

como o desperdício e o consumo.

Com a mobilização de todos, houve uma mudança do comportamento,

podendo ser observados pelos moradores do entorno que disseram não mais

haver aqueles indesejáveis “lixos” escolares. Além de mudarem os hábitos em

casa e até mesmo, conseguirem mudar os hábitos de vizinhos e familiares.

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CONCLUSÃO

A geração e a destinação do lixo tornaram-se uma das principais

preocupações mundiais. Isso ocorre devido ao crescimento no consumo de

produtos industrializados, aliado à elevada utilização dos materiais

descartáveis e ao aumento populacional dos países em desenvolvimento, que

se refletem no aumento do volume de resíduos gerados. O lixo é o resultado

do consumismo e revela gostos, comportamentos e, até mesmo, frustrações

pessoais.

Os alunos e funcionários se mostraram muito preocupados com a

questão ambiental, em especial com a problemática dos resíduos sólidos que

os atingem de uma forma direta ou indireta. Vários exemplos de seu cotidiano

foram dados, e juntos puderam chegar a soluções práticas para os problemas

apontados. O objetivo foi alcançado, pois houve uma redução significativados

resíduos gerados na escola, desde a redução e reaproveitamento dos papéis

usados no âmbito escolar até mesmo, a redução do consumo e desperdício no

horário do recreio.

O trabalho de gerenciamento dos resíduos sólidos é árduo e o pessoal

que compõe o corpo técnico ambiental dentro dos municípios, geralmente

integrantes das secretarias do Meio Ambiente, tem na Educação Ambiental um

forte aliado neste processo, no entanto, a execução de campanhas de

educação ambiental é de fator critico de sucesso, pois a mudança de hábitos e

atitudes só acontece com a conscientização.

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MILARÉ, ÉDIS. Direito do Ambiente – doutrina, jurisprudência, glossário. 3ª ed. 2003.

RODRIGUES, F. L. & CANIVATTO, V.M. Lixo, de onde vem? Para onde vai?

Coleções Desafios. 9ª Impressão. Moderna.

SPECTOR, N. Manual para a Redação de Teses, Projetos de Pesquisa e

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TRIGUEIRO, A. Meio ambiente no século 21: 21 especialistas falam da

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2003.

www.ambientebrasil.com.br Resíduos Sólidos. 1-1p. Acessado em 30/05/2007.

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www.proartecultural.org.br Reciclagem. Acessado em 22/06/2007.

www.comciencia.br Ecologia- Coleta Seletiva do Lixo. Acessado em 22/06/07.

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ANEXOS

Anexo 1 >> Questionário

Colégio Evangélico de Austin.

Nome : ________________________________________________________

Série: ______________________Turma: ____________________________

Idade: ______________________ Sexo: _____________________________

1- O que é Lixo?

2- Quando você vai ao mercado, você ou seu responsável dão preferência

aos produtos de embalagens descartáveis ou às embalagens que

podem ser reutilizadas?

3- Em quantas sacolas plásticas você ou seu responsável costuma colocar

as compras ?

4- O que considera como reutilizável?

5- O que você faz quanto ao lixo que você produz?

6- Quantas vezes ocorrem coleta de lixo em sua residência (no seu

bairro)?

7- Na escola, o que você faz quando tem um “lixinho”? O que você faz

para reduzir este consumo?

8- O que você gostaria de mudar, em relação ao Lixo, em sua escola?

9- Dê a sua sugestão:

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 9

RESÍDUOS SÓLIDOS 9

1.1 - Tipos de Resíduos Sólidos 10

CAPÍTULO II 13

GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS 13

2.1 - Responsáveis na Gerência do Lixo 15

CAPÍTULO III 17

COLETA SELETIVA 17

3.1 - Motivos para separar o lixo 18

CAPÍTULO IV 19

A POLÍTICA DOS 3R 19

4.1 – Reciclagem de materiais 21

4.1.1 – História dos principais materiais recicláveis 22

CAPÍTULO V 26

POLÍTICA AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE 26

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RESULTADOS 29

DISCUSSÃO 32

CONCLUSÃO 33

BIBLIOGRAFIA 34

ANEXOS 36

ÍNDICE 37