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1 Análise ergonômica do projeto da cadeira Sorriso Jusselma Coutinho Barros 1 [email protected] Dayana Priscila Maia Meija 2 [email protected] Pós-graduação em Ergonomia Faculdade Ávila Resumo Esse trabalho consiste em analisar ergonomicamente o projeto de uma cadeira modelo chaise-longue, que também acumula a função de sofá por possuir local para até 2 pessoas sentarem. Nesta avaliação estaremos verificando os requisitos antropométricos e biomecânicos, a fim de atender o individuo que após uma longa jornada de trabalho merece um descanso com qualidade, eficiência, funcionalidade, segurança e satisfação. Para tanto iremos fazer uso dos conhecimentos dos conceitos e parâmetros da Ergonomia e da Antropometria publicados por diversos autores. Palavras-chave: Ergonomia; Antropometria; Cadeira Sorriso”. 1. Introdução Muito se fala da importância da qualidade de vida do homem moderno. No campo do trabalho tem-se investido em adequações do ambiente proporcionando melhorias nas condições laborais a fim de contribuir para a saúde do trabalhador, diminuindo assim o absenteísmo, os afastamentos por licença médica. O que antes era tratado de forma corretiva, agora se investe na prevenção como forma de agilizar o processo. A Ergonomia teve um papel fundamental na evolução desse processo. Muitos autores, como IIDA (2002), dizem que a gestão da Ergonomia date da Pré-História quando o homem tentava adaptar os objetos que criava às suas necessidades. No século XIX o desafio era adequar o homem ao trabalho. A longa jornada limitava o trabalhador que já desgastado fisicamente não tinha mais forças para pensar e lutar por condições dignas de trabalho uma vez que era visto apenas como peça no processo de produção. Com a evolução dos tempos, principalmente o desenvolvimento industrial, os profissionais se preocuparam em melhorar a produtividade e condições de vida da população no universo do trabalho. Já no século XX surge um novo padrão tecnológico que substitui o trabalho pesado pela tecnologia. A Ergonomia vem acompanhando a evolução do homem ampliando sua visão, iniciando com a valorização dos aspectos físicos e material, depois passando para o cognitivo e psicológico e atualmente, o de fundamental importância, o social e cultural. Para estarmos em boas condições físicas, emocionais, e psicológicas dependemos também do que fazemos em nossas horas de descanso e lazer. Di Masi (1999) tem defendido a ideia de que pessoas precisam de mais tempo livre para serem mais criativas e essa criatividade pode contribuir de forma satisfatória no setor profissional. No contexto da Ergonomia social proponho a utilização da cadeira de descanso denominada “Sorriso”, no modelo chaise-longue por entender que ela traz conforto, segurança e beleza proporcionando momentos de relaxamento e prazer tão importantes para a qualidade de vida do trabalhador. 1 Pós-graduanda em Ergonomia 2 Orientadora: Graduada em Fisioterapia, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestranda em Aspectos Bioéticos e Jurídicos da Saúde

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Análise ergonômica do projeto da cadeira Sorriso

Jusselma Coutinho Barros1

[email protected]

Dayana Priscila Maia Meija2

[email protected]

Pós-graduação em Ergonomia – Faculdade Ávila

Resumo

Esse trabalho consiste em analisar ergonomicamente o projeto de uma cadeira modelo

chaise-longue, que também acumula a função de sofá por possuir local para até 2 pessoas

sentarem. Nesta avaliação estaremos verificando os requisitos antropométricos e

biomecânicos, a fim de atender o individuo que após uma longa jornada de trabalho merece

um descanso com qualidade, eficiência, funcionalidade, segurança e satisfação. Para tanto

iremos fazer uso dos conhecimentos dos conceitos e parâmetros da Ergonomia e da

Antropometria publicados por diversos autores.

Palavras-chave: Ergonomia; Antropometria; Cadeira “Sorriso”.

1. Introdução

Muito se fala da importância da qualidade de vida do homem moderno. No campo do trabalho

tem-se investido em adequações do ambiente proporcionando melhorias nas condições

laborais a fim de contribuir para a saúde do trabalhador, diminuindo assim o absenteísmo, os

afastamentos por licença médica. O que antes era tratado de forma corretiva, agora se investe

na prevenção como forma de agilizar o processo.

A Ergonomia teve um papel fundamental na evolução desse processo. Muitos autores, como

IIDA (2002), dizem que a gestão da Ergonomia date da Pré-História quando o homem tentava

adaptar os objetos que criava às suas necessidades. No século XIX o desafio era adequar o

homem ao trabalho. A longa jornada limitava o trabalhador que já desgastado fisicamente não

tinha mais forças para pensar e lutar por condições dignas de trabalho uma vez que era visto

apenas como peça no processo de produção. Com a evolução dos tempos, principalmente o

desenvolvimento industrial, os profissionais se preocuparam em melhorar a produtividade e

condições de vida da população no universo do trabalho. Já no século XX surge um novo

padrão tecnológico que substitui o trabalho pesado pela tecnologia.

A Ergonomia vem acompanhando a evolução do homem ampliando sua visão, iniciando com

a valorização dos aspectos físicos e material, depois passando para o cognitivo e psicológico e

atualmente, o de fundamental importância, o social e cultural.

Para estarmos em boas condições físicas, emocionais, e psicológicas dependemos também do

que fazemos em nossas horas de descanso e lazer. Di Masi (1999) tem defendido a ideia de

que pessoas precisam de mais tempo livre para serem mais criativas e essa criatividade pode

contribuir de forma satisfatória no setor profissional.

No contexto da Ergonomia social proponho a utilização da cadeira de descanso denominada

“Sorriso”, no modelo chaise-longue por entender que ela traz conforto, segurança e beleza

proporcionando momentos de relaxamento e prazer tão importantes para a qualidade de vida

do trabalhador.

1 Pós-graduanda em Ergonomia

2 Orientadora: Graduada em Fisioterapia, Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestranda em

Aspectos Bioéticos e Jurídicos da Saúde

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A maioria das avaliações ergonômicas de produtos são destinadas a ambientes de trabalho

devido ao grande número de queixas e afastamento dos postos. Essa preocupação também é

decorrente da quantidade de horas que o ser humano passa usando tal produto ou ambiente.

Dessa forma é comum encontrarmos ergonomia reativa. Neste trabalho estamos enfatizando a

ergonomia de concepção, aquela cuja aplicação dar-se durante o projeto do produto ou do

ambiente. É uma ergonomia preventiva.

Tendo em vista que, das 24 horas do dia, o ser humano gasta boa parte desse tempo laborando

e outra grande parte está destinada ao descanso e como a maioria das análises estão na área do

trabalho, nos propomos a analisar uma peça de mobiliário destinada ao repouso e a poucas

atividades geralmente desempenhadas no ambiente doméstico.

Já passamos da época que o consumo de mobiliário se dava pela necessidade de cada produto.

Precisava-se de uma cama, comprava-se apenas pensando em sua utilidade. Esta prática foi

sendo substituída com o passar dos anos e os consumidores procuram além da função prática,

a função simbólica e a função estética para suas peças. Atualmente a indústria moveleira tem

se preocupado cada vez mais com o ser humano ou o indivíduo que vai usar suas peças e tem

explorado ao máximo esses novos conceitos despertados em seus clientes.

Os produtos são adquiridos por serem “a cara” de quem vai utilizá-lo. Alain de Botton (2005,

p. 124) fala que: “nossos acessórios domésticos também são memoriais de identidade”

Para poder oferecer estes novos produtos no mercado, as empresas tem que estudar cada vez

mais o desejo ou criar uma nova necessidade para seus clientes.

Porangaba e Toledo, falam que a expressividade e a sensação de conforto no espaço habitado

e principalmente no mobiliário é um misto de realidade e representação, diferentes aspectos

no móvel nos confortam, tanto pelo que eles são, como pelo que representam. Buscamos

encontrar nos produtos que adquirimos a máxima sensação de conforto e descanso.

Pensando nesta necessidade do consumidor é que a indústria moveleira está usando cada vez

mais estudos de antropometria e ergonomia em seus projetos para tentar fazer com que seus

produtos despertem essas sensações em seus clientes.

2. Definição de Ergonomia

O termo Ergonomia do grego ergo (trabalho) e nomos (normas, regras) define-se como a

ciência de utilização das forças e das capacidades humanas. É o estudo da adaptação do

trabalho ao homem (LIDA, 2005) e fundamenta-se em conhecimentos multidisciplinar nas

áreas de antropometria, biomecânica, fisiologia, psicologia, design, integrando-os de modo

que auxiliem o desenvolvimento de técnicas aplicadas para melhoria da qualidade das

condições de trabalho e da vida do homem.

Através da Ergonomia pode-se desenvolver produtos e serviços capaz de atender e entender

as condições físicas e psicológicas do trabalhador. Chapanis (1994) definiu ergonomia como

sendo “um corpo de conhecimentos sobre as habilidades humanas, limitações humanas e

outras características humanas que são relevantes para o design”.

“Uma vez que atingimos o desenvolvimento tecnológico e produtivo máximo (...),

acreditamos ser este o momento propício de posicionar o homem como o centro e a

referência maior – no sentido mais amplo e total do termo – na concepção de novos

produtos a serem industrializados.

Se a tecnologia nos permite, hoje, a confecção de produtos em qualquer dimensão e

tipologia possível, qual seria a medida e a forma mais adequada ao homem?”

(DIJON DE MORAES, 1997).

3. Antropometria

É basicamente o estudo das medidas do corpo humano. Para desenvolvermos qualquer projeto

de produto ou ambiente, necessitamos saber as medidas dos possíveis usuários. A cada ano os

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projetistas, designers, arquitetos e engenheiros são mais cobrados pelas industrias a

desenvolverem produtos com medidas mais precisas e detalhadas pois devido a produção em

massa esses valores representar mais custos ou lucro para as empresas.

Para encontrar estas medidas, muitas variáveis são consideradas. Tais como: sexo, idade,

etnia, tipos físicos e alguns casos especiais como gravidez. Outro fator importante é o tipo da

antropometria pois esta pode ser estática, dinâmica e funcional. O uso da antropometria deve

dar-se em função do uso do produto e do publico alvo usando assim o percentil que atenda a

um maior número de pessoas.

4. O projeto da cadeira Sorriso

4.1 Uma viagem no tempo

Apesar da relativa simplicidade das ferramentas os artesãos das antigas civilizações egípcia,

grega e romana criaram "day-beds" ( espécie de cama/poltrona) cujo design tem avançado

através dos anos como as mais básicas formas.

Por causa da instabilidade no estilo de vida da nobreza no período medieval, e da constante

mudança de um castelo para outro, leve e também portátil tornou-se de extrema importância.

No século dezenove explorou-se as possíveis maneiras de deitar-se.

Descanso prolongado foi procurado em um móvel para relaxamento, e tem sido sempre

sinônimo de luxo para deitar e praticar atividades mentais como ler, escrever, jogar...

Fonte: http://saberdesign.com.br/content/chaise-lounge-historia

Figura 1 - 'LIT BATEAU'- esta é chamada também recamier

4.2 Curiosidades

Os Day_bed (Sistemas horizontais utilizados para descanso humano) em diferentes culturas:

os chineses não viam distinção entre os móveis para dormir e sentar e os índios americanos

descansavam em Day-bed, chamado por eles de "hamaca" (redes).

Os pacientes de Sigmund Freud (1856-1939, psiquiatra australiano, fundador da psicanálise)

reclinavam-se em uma Day-bed que era coberta por um tapete oriental. Durante o inicio do

século XX esse tipo de móvel também foi requerido por um numero crescente de pacientes

oficialmente diagnosticados sofrendo de doenças pulmonares (tuberculose). Pacientes ficavam

deitados horas na cadeira "curadora" recomendada por sua inclinação que facilita a respiração.

4.3 A chaise-longue

Móvel considerado por muito tempo como apenas objeto de decoração, vem sendo alvo de

decoradores e designers que descobriram sua funcionalidade nos mais variados ambientes. A

indústria mobiliária investiu nessa peça para atender às necessidades de um público cada vez

mais exigente do conforto, da qualidade e da beleza.

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Os modelos se adequaram aos ambientes mais distintos como home teather, home-office,

varandas, salas de estar, deck de piscinas e até quartos de dormir. As chaise-longue

acompanharam a evolução e a modernidade e podem ser encontradas em várias formas, cores,

tamanhos e materiais, que se enquadram na necessidade, no espaço e no orçamento de cada

consumidor.

4.4 Consumidores

Ao contrário do que se diz ou se pensa a chaise-longue não é uma peça de difícil acesso, no

aspecto financeiro. Ela acompanha os objetos eletros-eletrônicos como DVD, CD PLAYER´s,

TV´s tela plana, fornos de microondas, que têm um custo relativamente acessível pelas formas

de pagamento que o mercado oferece. Então não pode mais ser considerada peça exclusiva da

classe alta da sociedade.

O público-alvo para a cadeira Sorriso está numa classe social intermediária entre a classe A,

que é um público que pode comprar peças com valores muito altos e a classe relativamente

baixa, que compram apenas o necessário a sua sobrevivência. Então a definimos como a

grande massa consumidora, que engloba a maioria da população. Esta foi definida assim

baseada nas facilidades já mencionadas.

Quanto a idade destes consumidores, esta cobre uma faixa abrangente por se tratar de um

produto comum a toda família. Assim como, também existe uma abrangência na

determinação do sexo dessas pessoas.

A definição das pessoas que usarão este tipo de mobiliário esta relacionada com os seus

hábitos e as funções da cadeira.

4.5 Parâmetros e requisitos utilizados para geração do conceito da cadeira Sorriso

Tabela 1 - Parâmetros para geração do conceito cadeira sorriso.

4.6 Análise da tarefa e da postura

Segue abaixo as posturas adequadas para desempenhar algumas atividades proporcionadas

pela cadeira Sorriso.

Obrigatórios Desejáveis

Ergonômicos Utilizar as medidas antropométricas

dinâmicas e estáticas indicadas

Aplicar matéria-prima que

proporcione conforto na sua

usabilidade.

Funcionais Proporcionar conforto e mobilidade

posturais do usuário na sua

utilização.

Sistema desmontável

Estéticos Harmonia formal e uso do material

como elemento de percepção tátil,

olfato e visão.

Simbólicos Utilizar elementos da cultura

brasileira, aliada aos materiais

empregados.

Processos e tecnologia Levar em consideração a otimização

da produção.

Aplicação de materiais Utilizar o tecido em algodão que

atualmente é usado para produção

de redes.

Levar em consideração aspectos

ambientais.

Custo Levar em consideração o custo da

matéria-prima.

Reduzir o tempo de execução do

produto.

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Figura 2: Postura 1 Figura 3: postura 2

Esta posição é ideal pra fazer algum tipo de Lendo nessa posição, você pode apoiar o livro

alimentação rápida. Um lanche... nas pernas e ficar com o tronco levantado.

Figura 4: Postura 3 Figura 5: postura 4

Posição ideal para assistir televisão com as Dessa forma você ativa a circulação e relaxa as

pernas estiradas. pernas depois de um dia inteiro de trabalho.

4.7 Análise Ergonômica

Adequação das posturas atribuídas às atividades listadas acima, aos bonecos ergonômicos.

Figura 6: Boneco ergonômico postura 1 Figura 7: Boneco ergonômico postura 2

Figura 8: Boneco ergonômico postura 3 Figura 9: Boneco ergonômico postura 4

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Figura 10: Entrada e saída da cadeira

4.7.1 Algumas posturas que podem ser adotadas nesta peça de mobiliário

Estas posturas estão relacionas às descritas anteriormente nas análises.

Sentada lendo ou fazendo uma Deitada lendo com os braços apoiados nas pernas

alimentação breve

As pernas estiradas para Deitada com as pernas elevadas para facilitar

facilitar o descanso a circulação

Figura 11: Simulação feita com bonecos ergonômicos das posturas desempenhadas pela cadeira Sorriso

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4.8 Vistas do desenho da cadeira

Lateral esquerda Frontal Lateral direita

Superior

Figura 12: Vistas do desenho da cadeira Sorriso

4.8.1 Vistas da simulação gráfica da cadeira Sorriso

Figura 13: Simulação em 3D das vistas e materiais da cadeira Sorriso

4.9 Detalhamento e Estrutura

O nome cadeira Sorriso é uma referência a sua vista frontal pois neste ângulo de visão os

encostos circulares dão a impressão de serem olhos, juntamente com toda a curvatura do

assento que remete a uma boca sorrindo.

Esta cadeira foi desenvolvida com o intuito de proporcionar conforto e descanso ao usuário.

Isto é facilmente percebido pelas suas formas e materiais (estofamento e o tecido) que o

convidam ao deleite.

Em sua estrutura tem-se duas possibilidades, uma, mostrada acima, é confeccionada com tubo

cromado e a outra é que o tubo de aço carbono tenha como acabamento pintura.

Este conceito tem uma possibilidade de mudança que, aqui, será apenas mencionada, mas será

desenvolvida posteriormente, que é a composição de kits de capas para as almofadas do

encosto da cadeira e para o colchonete do assento. Como opcional tem-se o uso de pantufas

que também farão parte deste kit. A idéia de compor kits que podem ser vendidos

separadamente da cadeira teve como objetivo o aumento na utilização do tecido. Além disso,

eles proporcionam a renovação do mobiliário e a adequação deste a vários públicos

dependendo do kit que for adquirido.

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Figura 14: Detalhamento e estrutura da cadeira Sorriso

4.10 Considerações que foram utilizadas para o dimensionamento desta cadeira

Na posição sentada, o corpo entra em contato com o assento por dois ossos situados na bacia,

chamados de tuberosidades isquiáticas, semelhantes a uma pirâmide invertida. As

tuberosidades são cobertas por uma camada de tecido muscular e uma pele grossa, adequada

para suportar grandes pressões. Apenas 25 cm2 de superfície da pele sob essas tuberosidades

concentram 75% do peso total do corpo sentado.

O estofamento o assento deve ser intermediário entre duro e macio, de forma a acomodar uma

área de contato em torno de 1050 cm2. O material deve ter capacidade de dissipar calor e

umidade gerada pelo corpo. Deve-se evitar o uso de plásticos lisos e impermeáveis.

Princípios gerais sobre assento: as dimensões do assento devem ser adequadas às dimensões

antropométricas do usuário. A altura do assento deve ser igual a altura poplítea (parte inferior

da coxa à sola do pé); A largura deve ser adequada a largura torácica do usuário e ter

comprimento com 2 cm afastado da parte interna da perna; O assento deve permitir variações

e postura.

O encosto deve ajudar no relaxamento. Deve-se deixar um espaço de 15 a 20 cm entre o

assento e o encosto para acomodar as nádegas. Um suporte situado entre a 2ª e 5ª vértebras

lombares permite maior liberdade ao tronco.

Medidas padrão para cadeiras de descanso e relaxamento.

1 – Tubo 2”;

2 – Tubo de 1”;

3 – Espuma ortopédica

densidade 33;

4 – Capa em tecido;

5 – Capa em tecido com

franjas;

6 – Arame trefilado.

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Figura 15: Representação gráfica das medidas

Figura 16: Dimensionamento da cadeira Sorriso

5. Parâmetros para a análise

A análise ergonômica da cadeira Sorriso foi feita baseada em valores sugeridos para

proporcionar maior conforto em uma cadeira de descanso.

Como esta cadeira é multifuncional e se propõe a ser um sofá para dois lugares e/ou uma

chaise long, então procuramos autores que nos fornecessem medidas para sofás e para

cadeiras de descanso.

Gráfico I

Gráfico II

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5.1 Medidas ergonômicas para uma cadeira de descanso

5.1.1 Largura do assento

Fazendo a leitura de PANERO e ZELNIK (1989, p.134), elucidamos que a largura do assento

deve ser pensada, considerando a largura máxima da estrutura do corpo da população

masculina de 71,1 cm (percentil 95º). De acordo com IBV (1992, p.103), a menor largura

possível de assentos em sofás deve ser de 55 cm, vez que se adapta à largura dos cotovelos

das pessoas de percentil 95º, em relação ao universo da população masculina. Contudo, a

estas dimensões devem ser acrescidas, ao menos, medida suficiente para apoio de um braço.

Fazendo uma consulta dos dados antropométricos da população brasileira, temos que a largura

cotovelo / cotovelo (sujeito sentado) de homens e percentil 95º é de 53,1 cm (INT, 1988 p.

87).

Desta maneira, cabe inferir que a largura mínima disponível para um assento de sofá seja de

55 cm. E quando avaliamos o aumento de espaço na largura para o descanso do braço, esta

dimensão não necessita ser superior a 71,1 cm.

5.1.2 Altura do assento

IBV (1992, p. 101) orienta também que o assento deve ser baixo quando sua principal

finalidade for o descanso, de maneira que permita que o usuário estique suas pernas, vez que

estas se estendem à medida que aumenta o ângulo assento/encosto. Portanto, é aconselhada

uma altura que varie a partir de 38 até 40 cm para ângulos inferiores a 150º e entre 36 à 38 cm

quando o ângulo for superior a 150º.

Para PANERO & ZELNIK (1989, p.79 e 95), a altura do assento é determinada de acordo

com a altura poplítea da população 5º percentil, o equivalente a 35,8 cm, estando aptas a

acomodar tanto os indivíduos de menor, quanto os de maior altura poplítea. A altura do

sujeito sentado, relativa à população brasileira 5º percentil é de 39,0 cm (INT, 1988, p.66).

Quando nos referimos a um sofá caracterizado como um assento para descanso, com posturas

menos relaxadas e utilização de ângulo assento/encosto inferior a 150º, a altura do sofá

obrigatoriamente estará entre 38 e 40 cm.

5.1.3 Profundidade do assento

Em relação à profundidade do assento, o Instituto IBV (1992, p. 102) recomenda as

dimensões entre 45 e 48 cm, baseadas na profundidade poplítea da população de percentil

abaixo da média, em decorrência da utilização por parte de todos os usuários, incluindo os

baixos.

Já PANERO & ZELNIK (1989, p.134) recomendam o uso de dados da população de 5º

percentil, o equivalente a 43,2 cm, visto que esta medida acomodará uma maior quantidade de

usuários: os de menor e os de maior profundidade poplítea. A profundidade poplítea (sujeito

sentado) da população brasileira de 5º percentil é de 43,5 cm. (INT, 1988, p73). Então,

podemos inferir que a profundidade do assento deve estar entre 45 e 48 cm, estando assim

aptos a atender ao maior número de usuários.

5.1.4 Altura do encosto

Para as cadeiras de descanso IBV (1992,p. 107) sugere o encosto com dimensões entre 55 - 60

cm, devendo apoiar desde a região lombar até os ombros. Para cadeiras multiuso o IBV adota

42 - 45 cm, dimensão que comporta o suporte torácico.

PANERO & ZELNIK (1989, p 129) também faz recomendações de altura do encosto apenas

para cadeiras de multiuso, com dimensões entre 43,2 – 61,0 cm. A altura do tórax (sentado)

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da população brasileira de percentil 50º é 42,5 cm. Com relação ao sofá de um assento com

funções múltiplas deve ser adotado no mínimo 42,5 cm, para acomodar região torácica.

5.1.5 Inclinações

As orientações do IBV (1992, p.105) referentes as inclinações para cadeiras multiuso e

poltronas, estão relacionadas com as atividades realizadas e posturas utilizadas. Para postura

de descanso intermediária, utilizada no sofá (entrepostura de descanso e postura erguida)

aponta um ângulo de 115º.

PANERO &ZELNIK (1989, p.128) também aponta ângulos de assento / encosto somente

para cadeiras multiuso e poltronas -105º. Então concluiu-se que o ângulo assento encosto deve

estar entre 105º e 115º.

5.2 Medidas ergonômicas para uma cadeira de descanso e para sofás

Encontramos sugestões de medidas para mobiliário para sala de estar de acordo com Pronk

(2003)

Fonte: Dimensionamento em Arquitetura, Pronk, (2003)

Figura 17: Dimensões para mobiliário da sala de estar

6. Análise ergonômica da cadeira Sorriso baseada nas medidas propostas pelos autores citados

MEDIDAS PANERO &

ZELNIK

IBV Parâmetro para a

análise

CADEIRA

SORRISO

Largura do assento 71,1 55 55 a 71c/apoio braço 50 p/ sofá e

55 / chaise

Altura do assento 35,8 INT 39 38 a 40 < 150o

38 a 40 37 sem

estofado

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Profundidade 43,2 INT 43,5 45 a 48 45 a 48 55 sofá

Altura do encosto

cadeira de descanso

Não faz referência 55 a 60 42,5 população

brasileira 50%

47 chaise

Altura do encosto

cadeira multiuso

43,2 a 61 42 a 45 42,5 população

brasileira 50%

45 sofá

Inclinação 105o

115o

Entre 105o e 115

o 118

o

Tabela 2: Dados para a análise

7. Conclusões sobre os dados para análise

Avaliando o conceito da cadeira Sorriso, podemos falar que a escolha dessa proposta é bem

interessante pois reúne em um móvel duas funções a de sofá e de chaise long. Como toda peça

de mobiliário que se propõe a ser multiuso, nem todas as funções serão tão bem

desempenhadas. Uma vai sobressair a outra, vai depender do critério do usuário na hora da

escolha.

Nossa proposta foi analisar este projeto quanto aos seus dados ergonômicos e verificando os

dados acima, podemos fazer as seguintes observações:

a) Quanto a largura do assento para a função chaise long, as medias da cadeira Sorriso estão

adequadas, mas já par a função sofá, a medida está 5cm, por pessoa, inferior a mínima

exigida. Ou seja, para o sofá de 2 lugares proposto, a medida mínima seria de 110cm e no

projeto encontramos apenas 100cm;

b) Já para avaliar a altura do assento, os dados da cadeira Sorriso estão imprecisos, pois

mostram apenas a altura da estrutura sem mencionar a altura do estofamento. A altura da

estrutura é de 37cm e os valores usados como referência estão entre 38 e 40cm. Vale

ressaltar que este é um ponto a ser verificado no projeto pois após a escolha do

estofamento e tendo ciência da deformação do material, o valor da altura deste somado

com a altura da estrutura devem estar entre 38 a 40 cm. Ou seja, se o estofamento tiver

altura superior a 3cm, esta diferença deverá ser reduzida da altura da estrutura da cadeira

Sorriso;

c) Observando a medida da profundidade referente a função sofá, o valor da cadeira sorriso

está bem acima do limite que é de 45 a 48cm. A profundidade do sofá é a mesma medida

da largura da chaise que é de 55cm. Chegamos a um dado conforme sinalizamos acima

onde uma função terá que se sobrepor a outra. Percebemos que a medida determinante foi

a da largura da chaise deixando a profundidade do sofá 7cm acima do limite. Para este

empasse propomos duas soluções: acrescentar um jogo de almofadas neste encosto para

remediar esta diferença ou que os encostos do sofá sejam reguláveis;

d) Avaliando a altura dos encostos propostos para o sofá cuja medida é de 45cm observamos

que está de acordo com o mínimo exigido de 42,5cm. Mas já para a função chaise a

medida proposta é de apenas 47cm o que deixa este dado bem abaixo do valor proposto

pelo IBV que é de 55 a 60 cm. Outros autores sugerem 70 até 80 cm como limite para

cadeira de repouso levando em consideração o repouso também da cabeça. Para apoio

apenas do tronco valores acima de 45cm já seriam aceitos;

e) Analisando o ângulo de inclinação da proposta da chaise, este apresenta-se 3o acima do

máximo indicado pelos parâmetros escolhidos que foram de 105o a 115

o. Como estamos

avaliando valores de um projeto, ainda é possível alterar esses dados antes da produção do

protótipo. Sugiro uma pequena redução nesta angulação desta forma a altura do encosto

poderá ser aumentada um pouco sem que altere muito a medida total desta peça de

mobiliário. Assim, poderá ser ajustada 2 medidas para melhorar as medidas ergonômicas.

f) De acordo com os desenhos das atividades propostas pelo projeto, algumas posturas que

podem ser adotadas na cadeira não podemos avaliar pois não encontramos parâmetros

para tal análise nos autores pesquisados;

Page 13: Análise ergonômica do projeto da cadeira Sorrisoportalbiocursos.com.br/ohs/data/docs/15/12_-_AnYlise... · 2014-09-04 · áreas de antropometria, biomecânica, fisiologia, psicologia,

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g) Sugerimos o ajuste de algumas medidas mencionadas acima e a confecção de um mock-up

para que possa ser realizado um teste de usabilidade e aplicação de tabelas de conforto do

usuário. Nesse momento poderão ser testados alguns tipos de estofamento e o que obtiver

maior aceitação pela amostra de público escolhido poderá ser definido para a cadeira e

assim possa ser feito o ajuste de sua altura.

h) Após estas verificações das medidas e tomando como base que vários autores afirmam

que o bom assento é aquele que permite variações de posturas, então esta cadeira pode sim

ser uma cadeira ergonomicamente correta.

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