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Análise pericial do padrão de consumo de álcool em policiais e seus fatores de risco julho de 2013 ISSN 2179-5568 Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 julho/2013 Análise pericial do padrão de consumo de álcool em policiais e seus fatores de risco Cesar Augusto Ferreira - [email protected] Pós-Graduação em Perícias Médicas Instituto de Pós-Graduação e Graduação - IPOG Resumo Uso de álcool por policiais, no contexto do policiamento, representa potencial para graves consequências. O padrão de consumo pode ser analisado visando rastreamento e prevenção. Por meio de um levantamento literário evidenciaram-se poucos estudos nesse sentido. A prevalência de uso de álcool durante a vida que foi encontrada entre policiais brasileiros variou de 48% a 87,8% (na população geral, de 74,6%, e nos trabalhadores, por meio do levantamento SESI, 78,7%). Internacionalmente, atinge 76,3% a 91% dos policiais, sendo que o beber em binge alcança 48% dos homens e 40% das mulheres. O uso abusivo de álcool variou de 5 a 25% (12 a 32% dos policiais no mundo; no levantamento feito pelo SESI, 50% dos trabalhadores). A dependência alcoólica variou de 3% a 19,2% nos estudos brasileiros e internacionais. Os policiais apresentam maior prevalência de uso de álcool do que a população geral e menores taxas de abstinência, semelhante a outros trabalhadores, com elevados níveis de binge-drinking em homens e mulheres e uso nocivo nos mais jovens. Eles trabalham expostos a situações e fatores de estresse específicos da ocupação e pessoais, com efeitos físicos, psíquicos e sociais, aumento de morbidade e mortalidade. A habilidade de coping ineficaz e mal-adaptado, exposição a incidentes críticos, emoções negativas, ansiedade e depressão, fator social de adaptação/ajustamento e cultura organizacional de encorajamento podem estar associados ao maior uso de álcool. A maioria dos danos ocupacionais relacionados ao álcool são por bebedores excessivos (binge) e não os com dependência. Todos os policiais, com participação da perícia médica, devem ser submetidos a rastreamento e prevenção do uso de álcool, associado às intervenções breves, podendo ser utilizado o AUDIT. Intervenções especiais são necessárias para policiais recrutas, mais jovens e nas femininas. Palavras-chave: Policiais; Fatores de risco de uso de álcool; Predição de alcoolismo; Rastreamento do padrão de uso de álcool; Intervenção breve; Questionário AUDIT. 1. Introdução O álcool é uma substância psicoativa e lícita que acompanha a humanidade desde os seus primórdios. Tal hábito ocupa lugar privilegiado em todas as culturas (RONZANI, 2008), sendo considerado benéfico ao longo da história, principalmente em países com tradições culturais em torno do vinho (MANGADO, 2009). Seu uso aumenta a cada ano, com graves consequências para usuários de todas as idades e para a sociedade, pois pode levar à intoxicação aguda ou crônica e a alterações psicomotoras e comportamentais (MARQUES, 2002; GIGLIOTTI, 2004; COSTA, 2010), causando mundialmente um problema de saúde

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Análise pericial do padrão de consumo de álcool em policiais e seus fatores de risco julho de 2013

ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - 5ª Edição nº 005 Vol.01/2013 –

julho/2013

Análise pericial do padrão de consumo de álcool em policiais e

seus fatores de risco

Cesar Augusto Ferreira - [email protected]

Pós-Graduação em Perícias Médicas

Instituto de Pós-Graduação e Graduação - IPOG

Resumo

Uso de álcool por policiais, no contexto do policiamento, representa potencial para graves

consequências. O padrão de consumo pode ser analisado visando rastreamento e prevenção.

Por meio de um levantamento literário evidenciaram-se poucos estudos nesse sentido. A

prevalência de uso de álcool durante a vida que foi encontrada entre policiais brasileiros

variou de 48% a 87,8% (na população geral, de 74,6%, e nos trabalhadores, por meio do

levantamento SESI, 78,7%). Internacionalmente, atinge 76,3% a 91% dos policiais, sendo

que o beber em binge alcança 48% dos homens e 40% das mulheres. O uso abusivo de álcool

variou de 5 a 25% (12 a 32% dos policiais no mundo; no levantamento feito pelo SESI, 50%

dos trabalhadores). A dependência alcoólica variou de 3% a 19,2% nos estudos brasileiros e

internacionais. Os policiais apresentam maior prevalência de uso de álcool do que a

população geral e menores taxas de abstinência, semelhante a outros trabalhadores, com

elevados níveis de binge-drinking em homens e mulheres e uso nocivo nos mais jovens. Eles

trabalham expostos a situações e fatores de estresse específicos da ocupação e pessoais, com

efeitos físicos, psíquicos e sociais, aumento de morbidade e mortalidade. A habilidade de

coping ineficaz e mal-adaptado, exposição a incidentes críticos, emoções negativas,

ansiedade e depressão, fator social de adaptação/ajustamento e cultura organizacional de

encorajamento podem estar associados ao maior uso de álcool. A maioria dos danos

ocupacionais relacionados ao álcool são por bebedores excessivos (binge) e não os com

dependência. Todos os policiais, com participação da perícia médica, devem ser submetidos

a rastreamento e prevenção do uso de álcool, associado às intervenções breves, podendo ser

utilizado o AUDIT. Intervenções especiais são necessárias para policiais recrutas, mais

jovens e nas femininas. Palavras-chave: Policiais; Fatores de risco de uso de álcool;

Predição de alcoolismo; Rastreamento do padrão de uso de álcool; Intervenção breve;

Questionário AUDIT.

1. Introdução

O álcool é uma substância psicoativa e lícita que acompanha a humanidade desde os seus

primórdios. Tal hábito ocupa lugar privilegiado em todas as culturas (RONZANI, 2008),

sendo considerado benéfico ao longo da história, principalmente em países com tradições

culturais em torno do vinho (MANGADO, 2009). Seu uso aumenta a cada ano, com graves

consequências para usuários de todas as idades e para a sociedade, pois pode levar à

intoxicação aguda ou crônica e a alterações psicomotoras e comportamentais (MARQUES,

2002; GIGLIOTTI, 2004; COSTA, 2010), causando mundialmente um problema de saúde

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pública. A estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de que a ingestão excessiva

de álcool é a terceira causa de morte no mundo, depois do câncer e das cardiopatias

(VAISSMAN, 2004).

A relação entre o consumo de álcool e suas consequências depende da quantidade de álcool

ingerido e o padrão de consumo. O consumo em binge ou “uso episódico pesado”, ou binge-

drinking, foi definido como a ingestão de um alto número de doses (5 ou mais doses para

homens; 4 ou mais doses para mulheres) em uma única ocasião (BABOR, 2003;

LARANJEIRA, 2009; BALLENGER, 2010). O uso de risco ou abusivo de álcool associado

com o consumo em binge pode ser prejudicial aos indivíduos e à população em geral, por

causa dos problemas agudos nos domínios da vida relacionados a este tipo de consumo

(BABOR, 2003; LARANJEIRA, 2009). A intoxicação pelo álcool é referida como mais

relacionada com seus efeitos agudos, como a acidentabilidade (acidentes de trânsito, acidentes

e quedas que produzem fraturas e traumatismos crânio encefálicos), a violência, os atos

criminosos e os conflitos sociais. Na ocasião da intoxicação, a exposição às intempéries pode

ocasionar congelamentos ou queimaduras. O abuso de álcool é fortemente associado com

suicídio. Pela supressão de mecanismos imunológicos, o uso crônico de álcool pode predispor

às infecções (MANGADO, 2009). Ao longo da vida, devido ao consumo sustentado dessa

substância, as pessoas podem desenvolver a síndrome da dependência do álcool, passando a

ingerir a bebida alcoólica para aliviar os sintomas de abstinência. Grande parte dos danos e

custos sociais e sanitários associados ao álcool se produzem em sujeitos consumidores

aparentemente não dependentes (VAISSMAN, 2004; PCAI, 2008).

Estudos recentes demonstram que o abuso e/ou dependência ao álcool ocorreu em 11% da

população brasileira, como evidenciado na comparação entre os levantamentos de 2001 e

2005, uso na vida e dependência de álcool, distribuídos segundo o sexo e a faixa etária dos

entrevistados das 108 cidades com mais de 200 mil habitantes do Brasil, conforme a tabela 1

(CARLINI, 2007; LARANJEIRA, 2009). É um dado de grande importância, pois há mais de

sessenta doenças crônicas e agudas, físicas e mentais, além de outros inúmeros problemas

sociais e psicológicos, associadas ao uso de álcool, e tem na violência a sua manifestação de

maior e clara repercussão (PCAI, 2008; RONZANI, 2008; MANGADO, 2009). Além das

lesões não intencionais e intencionais e dos homicídios, também estão incluídos baixo peso ao

nascimento, câncer bucal e orofaríngeo, câncer esofágico, câncer hepático, depressão unipolar

e outras desordens psiquiátricas relacionadas ao consumo de álcool, bem como epilepsia,

hipertensão arterial, isquemia miocárdica, doença cérebro vascular, diabetes e cirrose

hepática, bem como comportamento sexual de risco e tentativas de suicídio (VIOLANTI,

1998; MELONI, 2004).

Tabela 1- Levantamentos de 2001 e 2005 do Uso na Vida e Dependência

de Álcool. Fonte: II Levantamento Domiciliar sobre o uso de

drogas psicotrópicas no Brasil – 2005. Estudo envolvendo as 108

maiores cidades do País (CARLINI, 2007; pág. 310)

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Há crescente preocupação por parte das organizações, instituições e empresas com o uso de

álcool no âmbito do trabalho, especialmente por pessoas ocupando cargos que exigem

concentração constante e equilíbrio emocional. Devido ao abuso do álcool, consequências

negativas atingem as empresas e os próprios empregados. Dentre elas incluem-se absenteísmo

(ausência temporária do trabalho por doença), presenteísmo (presente ao trabalho, porém

doente), aumento de acidentes de trabalho, cometimento de erros, falhas de memória,

sobrecarga do sistema de saúde, alternância de alta e queda na produtividade e na qualidade

do trabalho, atrasos ou ausências no período da jornada de trabalho, conflitos e problemas

disciplinares em relação aos supervisores e dificuldade de entender novas instruções ou de

reconhecer erros. Inclui também mudança nos hábitos pessoais, relacionamento ruim,

conflitos com os colegas, reação exagerada às críticas, variação constante do estado

emocional, além das consequências para a saúde do indivíduo trabalhador e sua família

(VAISSMAN, 2004; AMARAL, 2007).

O alcoolismo é o terceiro motivo para absenteísmo no trabalho e causa mais frequente de

aposentadorias precoces e acidentes no trabalho e oitava causa para concessão de Auxílio-

doença pela Previdência Social (VAISSMAN, 2004). Os militares também estão em situação

de risco de problemas com o uso de álcool, uma vez que realizam atividades que envolvem

manipulação de armas e segurança pública. Nos Estados Unidos (EUA) e na Europa tem-se

demostrado grande preocupação com abuso de álcool e drogas nas instituições militares,

devido aos problemas de disciplina e as perturbações graves que possam surgir e causar

problemas entre os militares em serviço, ameaçando sua própria segurança e a de seus

familiares, com adoção de medidas para fornecer aos militares a reabilitação e programas de

tratamento da dependência para recuperarem-se (COSTA, 2010).

Um excessivo consumo de álcool é mais comum nas Forças Armadas do Reino Unido do que

na população geral (FEAR, 2007), sendo isto também observado nos militares da ativa dos

Estados Unidos (STAHRE, 2009). As Forças Armadas do Reino Unido reconhecem que o

abuso de álcool contribui para o comportamento violento, sendo implicado nos casos de

bullying e suicídio. Os bebedores pesados são mais prováveis de experimentar doenças e

internações, acidentes de trânsito, morte por afogamento e automutilação deliberada (FEAR,

2007). No levantamento de comportamentos relacionados à saúde em militares do

Departamento de Defesa dos EUA, bebedores em binge foram mais propensos a prejuízos

relacionados ao álcool, com problemas no desempenho laboral, condução de veículos e

problemas criminais (STAHRE, 2009).

Dentro do contexto do policiamento, civil ou militar, o potencial para sérias consequências

resultantes do uso abusivo de álcool é óbvio. O policiamento é uma ocupação distinta na qual

os policiais são percebidos como detentores de alto nível de autoridade e responsabilidade

públicas. Como parte de suas obrigações e serviços ocupacionais, policiais são expostos a

vários fatores de risco de saúde ocupacional e de segurança, incluindo trabalhos fatigantes e

perigosos emocionalmente. Estão frequentemente em situações perigosas ou de alto risco para

si mesmos ou para os membros do público. Além disso, podem ter acesso a veículos

automotivos e armas de fogo de alta potência (FENLON, 1997). Portanto, o policiamento

pode ser um trabalho altamente estressante que requer reflexos e pensamentos rápidos.

O excessivo consumo de álcool impede um adequado tempo de reação, frente às necessidades

de correspondência a estímulos externos, pode tornar a coordenação e os pensamentos lentos

e podem levar ao comportamento agressivo, particularmente na presença de ameaças

(DAVEY, 2000a). O tempo de reação mais lento aumenta o risco de lesão por acidentes de

trânsito ou armas de fogo (RICHMOND, 1998). A presença de álcool, mesmo em baixos

níveis residuais, pode ter muito impacto sobre o trabalho policial, colocando ambos os

policiais e os membros do público em risco desnecessário (OBST, 2001). Tais características

do local de trabalho, quando combinadas com uma cultura organizacional de consumo de

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bebidas, levam o policial a um alto risco inaceitável para dano ocupacional e pessoal

associado ao consumo de álcool (FENLON, 1997). O uso nocivo de álcool tem consequências

pessoais, psicológicas, físicas e ocupacionais para os policiais. O estresse é um fator que tem

um forte efeito positivo sobre o uso do álcool (VIOLANTI, 1985). Especificamente, o álcool

como meio de lidar (cope) com o estresse tem sido ligado ao alcoolismo, habilidade de

enfrentamento (mecanismo de coping) ineficaz, pobre regulação emocional, obesidade,

relações conjugais negativas, padrões de sono irregulares, baixa autoestima, fadiga crônica e

decréscimo na qualidade do desempenho no trabalho. Policiais com estresse crônico

(Síndrome de Burnout) empregam mais o uso de violência contra civis (COSTA, 2007). O

álcool pode ser uma “muleta” social, um meio para celebração e camaradagem, uma

ferramenta para superação dos estressores endêmicos na subcultura policial por si só

(SWATT, 2007; LINDSAY, 2009).

Presumindo uma prevalência significativa de uso de bebidas alcoólicas entre policiais civis e

militares no Brasil, que pode levar a graves consequências no policiamento, o objetivo deste

trabalho é buscar e demonstrar na literatura científica, através de levantamento bibliográfico,

o padrão de consumo de álcool por policiais, analisando se há diferenças entre os gêneros,

comparando as diferenças deste padrão com o da população geral brasileira e de policiais de

outros países, além de verificar se o uso de álcool por trabalhadores de outras ocupações é

semelhante ou não. Desse modo, discutiremos como analisar pericialmente o policial

alcoolista, avaliando as implicações do comportamento de consumo de álcool com o ambiente

de trabalho policial, os preditores de alcoolismo em policiais e sugerir estratégias de

rastreamento e prevenção ao uso abusivo de álcool, reduzindo riscos ocupacionais.

Por meio de um levantamento literário, foi realizada revisão das publicações sobre o tema

utilizando-se como banco de dados o Pub Med – NCBI, Medline, o Lilacs, SciELO e IBECS,

cobrindo o período de 1985 a 2011. Os principais descritores foram: alcohol, alcoholism,

police officers, police, policemen, drug dependence, harmful use, hazardous use, alcohol

abuse, drinking, risk factors, cardiovascular disease, psychosocial factors, mortality,

morbidity, occupational health, brief intervention, alcohol screening, primary care and

expertise or skill, e seus respectivos termos em português. Consultaram-se artigos e livros

sobre o assunto.

2. Uso de álcool na população geral, em trabalhadores e em policiais

No Brasil, somente recentemente iniciaram-se estudos sobre o padrão de consumo de álcool

na população (LARANJEIRA, 2009), demonstrando alta prevalência do ato nocivo de beber,

especialmente entre homens. Nos estudos realizados pelo CEBRID – Centro Brasileiro de

Informações sobre Drogas Psicotrópicas (GALDURÓZ, 2000), no I Levantamento Nacional

de Sobre Uso de Drogas Psicotrópicas, demonstraram a prevalência de uso de álcool durante a

vida de 53,2% (63,6% homens e 43% em mulheres), estimando que 6,6% da população estava

dependente do álcool (10,9% em homens e 2,5% em mulheres). Dois anos após, houve

aumento significativo para 9,4% de dependentes (GALDURÓZ, 2004).

No I Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas - 2001 (CARLINI,

2002), o uso na vida de álcool na população total foi de 68,7% (77,3% dos homens e 60,6%

das mulheres). Entre 12 e 17 anos, 48,3% dos entrevistados já usaram bebidas alcoólicas. A

prevalência da dependência de álcool foi de 11,2%, sendo de 17,1% para o sexo masculino e

5,7% para o feminino, mais alta nas regiões Norte e Nordeste, com porcentagens acima dos

16%. No Brasil, 5,2% dos adolescentes (de 12 a 17 anos de idade) dependentes do álcool

foram registrados (GALDURÓZ, 2004).

Em 2005, foi promovido o II Levantamento (CARLINI, 2007). A estimativa de dependentes

de álcool foi de 12,3%, sem diferenças em relação a 2001. O uso de álcool, durante a vida, na

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população total foi de 74,6% dos entrevistados entre 12 e 65 anos (83,5% dos homens e

68,3% das mulheres). Nos homens, o seu uso durante a vida é mais frequente (83,5%) que o

das mulheres (68,3%), com elevada prevalência de dependência entre os homens nas faixas

etárias de 18 a 24 e 25 a 34 anos. A porcentagem de dependentes entre homens (19,5%) é três

vezes maior do que a observada entre mulheres na mesma faixa etária (6,9%). Estas elevadas

taxas foram observadas tanto em 2001 como em 2005. As mulheres se apresentaram menos

vulneráveis à dependência do que os homens (CARLINI, 2007).

Em estudo mais recente sobre o padrão de uso de álcool em brasileiros adultos nos últimos

doze meses (LARANJEIRA, 2009), foi relatado que 52% dos brasileiros acima de 18 anos faz

uso de bebida alcoólica pelo menos uma vez ao ano, 35% dos homens e 59% das mulheres

foram abstinentes, sendo que o consumo em binge habitual ocorreu em 40% dos homens e em

18% das mulheres, e o abuso e/ou dependência ao álcool, em 11% da população brasileira

(19% dos homens e 4% das mulheres).

2.1. Uso de álcool por trabalhadores e sua relação com o trabalho

A ocupação tem sido sugerida como sendo, em potencial, o principal fator contributivo para o

desenvolvimento do alcoolismo (MANDELL, 1992). O trabalho é um dos fatores

psicossociais de risco para o alcoolismo crônico, segundo o MINISTÉRIO DA SAÚDE (MS)

(2001) tendo alto índice de subnotificação no Brasil (BARBOSA-BRANCO, 2009). Fatores

de predição e condições organizacionais do trabalho que contribuem para maior risco

profissional e ocupacional ao consumo excessivo de álcool são (MACDONALD, 1999;

VAISSMAN, 2004):

pressão social para beber

disponibilidade do álcool

separação da norma social

ausência de supervisão

alta ou baixa renda

tensão ou estresse e condições de trabalho perigoso

pré-seleção de população de alto risco.

A análise das situações de trabalho associadas a essas ocupações permite caracterizá-las como

situações de risco mental, sem que se possa atribuir tal risco apenas ao alcoolismo

(VAISSMAN, 2004). O consumo coletivo de bebidas alcoólicas pode ser prática defensiva,

como meio de garantir inclusão no grupo. Pode ser forma de viabilizar o próprio trabalho, em

decorrência dos efeitos farmacológicos próprios do álcool: calmante, euforizante, estimulante,

relaxante, indutor do sono, anestésico e antisséptico. Essas situações não são suficientes para

caracterizar o uso patológico de bebidas alcoólicas (MS, 2001). Para estudar causalidade entre

alcoolismo e doença profissional é preferível pesquisar associações entre álcool e ocupação,

que não implicam numa relação necessária direta de causa e efeito (VAISSMAN, 2004).

Havendo evidências epidemiológicas de excesso de prevalência de alcoolismo crônico em

determinados grupos ocupacionais, essa ocorrência poderá ser classificada como doença

relacionada ao trabalho, do Grupo II da Classificação de Schilling. O trabalho pode ser

considerado como fator de risco, no conjunto de fatores associados à etiologia multicausal do

alcoolismo crônico (MS, 2001). Em casos de trabalhadores previamente alcoolistas,

circunstâncias poderiam desencadear, agravar ou contribuir para a recidiva da doença, o que

enquadraria no Grupo III de Schilling.

Mandell et al. (1992), realizaram estudo em populações clinicamente diagnosticadas com

abuso ou dependência de álcool e examinaram associações entre álcool e 104 ocupações. Dez

ocupações eram de alto risco, sendo que quatro estavam relacionadas ao setor de construção,

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três com o setor de transporte e as outras eram: faxineiros, serventes e mecânicos de

automóveis. As profissões de alto risco de abuso de álcool eram essencialmente associadas ao

sexo masculino e as de baixo risco ao sexo feminino.

Segundo o Ministério da Saúde - MS (2001), frequência maior de casos de alcoolismo foi

observada em determinadas ocupações, especialmente aquelas socialmente desprestigiadas e

determinantes de certa rejeição, como as que implicam contato com cadáveres, lixo ou dejetos

em geral, apreensão e sacrifício de cães; atividades em que a tensão é constante e elevada,

como nas situações de trabalho perigoso (transportes coletivos, construção civil,

estabelecimentos bancários), de grande densidade de atividade mental (repartições públicas,

estabelecimentos bancários e comerciais), de trabalho monótono, que gera tédio, trabalhos em

que a pessoa trabalha em isolamento do convívio humano (vigias); situações de trabalho que

envolvem afastamento prolongado do lar (viagens frequentes, plataformas marítimas, zonas

de mineração).

O Serviço Social da Indústria – SESI (2008), no Projeto de Prevenção do Uso de Drogas nas

Empresas, totalizando 2654 trabalhadores, com a maioria dos trabalhadores constituída de

homens (74,2%), quanto ao uso na vida de álcool, foi referido por 78,7% do total de

trabalhadores, sendo que 50% referiram fazer uso excessivo de álcool esporadicamente, sendo

o risco de consumo excessivo 4 vezes maior para os homens em relação às mulheres. O risco

de beber excessivamente aumentou com a idade, com maior proporção acima de 50 anos.

Em termos mundiais, de acordo com Bastida (2002), mais de 70% dos consumidores de

álcool e drogas são trabalhadores de alguma organização, e a prevalência do consumo de

álcool na população trabalhadora supera o da população geral. Na Espanha, 24% dos

trabalhadores consomem quantidade de álcool considerada de risco para a saúde.

Os custos do abuso de álcool para o indivíduo, para o empregador e para a sociedade são altos

(AMARAL, 2007; VAISSMAN, 2004). Estudo realizado em 1993 pela FIESP - Federação

das Indústrias do Estado de São Paulo - aponta que de 10 a 15% dos trabalhadores têm

problemas de dependência, sendo o abuso responsável por 3 vezes mais licenças médicas que

outras doenças, aumentando 5 vezes as chances de acidentes de trabalho e levando a 50% do

absenteísmo. Na Empresa de Telecomunicações do Ceará, o tempo de afastamento dos

trabalhadores com alcoolismo foi superior aos outros distúrbios de saúde, sendo fator

preponderante de absenteísmo (SOUZA, 2005).

2.2. Uso de álcool na população policial no mundo

Há escassez de dados de alta qualidade sobre o padrão de consumo de álcool em policiais

apesar de algumas evidências relatadas sugerirem que abuso e dependência ao álcool são de

significativo interesse nesta população, com estimativas variáveis de 23 a 40% dos policiais

(BALLENGER, 2010). É assunto controverso, um problema presumido, com hipóteses de

que o consumo de álcool entre policiais é excessivo e associado ao estresse e, também, que o

policiamento é mais estressante do que outras ocupações com alto estresse (LINDSAY,

2008). Mandell et al. (1992), analisando associações entre o álcool e 104 ocupações

específicas, não observaram taxas significativas de alcoolismo em policiais, equivalente ao de

outras ocupações. Quanto à prevalência de uso de álcool na polícia, há limitadas pesquisas,

sendo obtidas de três fontes: de estudos comparando a polícia com outros grupos, estudos

comparando a polícia com a população geral e investigações internas. Devido a sensibilidade

desta questão e restrições impostas a trabalhos de pesquisa realizados com policiais e

militares, muitos estudos têm sido conduzidos em amostras pequenas e técnicas de

amostragem limitadas, não quantificando o uso ou dependendo de informações internamente

verificadas, com outros problemas metodológicos, sendo questionados a validade destes

estudos (DAVEY, 2000b; OBST, 2001). Há medo de retaliações de agências dos

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respondentes de pesquisas e dúvidas quanto ao anonimato e das consequências de suas

respostas, não relatando escores verdadeiros ou decidindo não participar pelas possíveis

implicações (LINDSAY, 2008; COSTA, 2010; FERREIRA, 2011).

Nenhum estudo empírico em larga escala foi publicado nos EUA nos últimos 20 anos

examinando prevalência de uso de álcool entre policiais americanos (BALLENGER, 2010).

Porém, alguns estudos tem sido conduzidos em outros países. Em estudos iniciais, as

porcentagens de consumidores de risco variavam de 24% a 37% (DAVEY, 2000b). O grupo

com idade acima de 50 anos pode beber mais regularmente (mais de 5 vezes por semana), mas

o grupo mais jovem, de 18 a 29 anos de idade, consome mais por sessão (ou ocasião), e tem

maior tendência ao beber em binge, sendo que 32% das mulheres, comparados aos 16% dos

policiais homens, foram consumidores em binge (DAVEY, 2000b). Levantamento australiano

com amostra de 852 policiais de New South Wales estabeleceu que 48% de policiais do sexo

masculino e 40% das policiais femininas consumiam álcool excessivamente na semana ou em

binge, maiores que os da população geral australiana (respectivamente, 10,5% e 7%)

(RICHMOND, 1998). Em outro estudo australiano, de Davey et al. (2000b), que inclui 4193

policiais (com 87,9% constituída de homens), 91% dos homens e 91% das mulheres relataram

consumo de bebidas alcoólicas; apenas 9% dos homens e 9% das mulheres policiais relataram

não beber, comparado com 20% e 28%, respectivamente, de homens e mulheres abstêmios, da

população geral australiana da National Household Survey (NHS) de 1995. Davey et al.

(2000a) utilizaram o AUDIT - Alcohol Use Disorders Identification Test (anexo 1) como

ferramenta de triagem do uso de álcool dentro de um ambiente de trabalho policial para

avaliar o nível de zona de risco do consumo de álcool dos integrantes da organização policial

australiana (n= 4193). A média total do escore AUDIT foi de 6,66 + 5,33 (mediana de 5). Em

relação às quatro zonas de risco, 65% estiveram na zona de baixo risco, 32% (33% homens e

24% mulheres) estavam na faixa de uso perigoso (escore entre 8 e 12) e 3% de risco de

dependência ao álcool (3% homens e 2,8% das mulheres) (escore acima de 13). Ovuga et al.

(2006) relataram prevalência de 73,1% de uso na vida de álcool, sendo que 63,5%

responderam que consumiam atualmente álcool, e 19,2% cumpriram os critérios de

dependência ao álcool da Classificação Internacional das Doenças 10ª Edição - CID 10.

No estudo de Lindsay et al. (2008), em policiais do Mississipi (EUA), determinou-se que

23,7% relataram não consumir álcool (sendo que a taxa de abstêmios é de 31% na população

geral dos EUA), 46,5% relataram beber álcool até uma vez ao mês, 24,9% consumiam duas

ou mais vezes ao mês e 3,9% consumiam diariamente e 19,1%, beber em binge ocasional.

No estudo mais recente (BALLENGER, 2010), faziam uso de risco 11% dos policiais homens

e 15,9% das policiais femininas na semana prévia, sendo que notáveis 3,4% dos policiais

homens e 3,7% das mulheres consumiram mais de 28 drinques na semana anterior à

avaliação. As policiais femininas foram tão prováveis quanto os masculinos de terem utilizado

álcool na semana prévia (58,2% versus 61,3%), em contraste com os dados da população

geral, onde se relatam menores níveis de bebidas, com 57% dos homens e 42% das mulheres

com idade maior de 26 anos relatando algum uso de álcool no último mês, conforme o

National Household Survey on Drug Abuse (1999). Taxas relativamente altas de beber em

binge foram relatadas para homens e mulheres, aproximadamente 37,2% e 36,6% dos

policiais, respectivamente, com um episódio de beber em binge dentro dos últimos 30 dias.

Os policiais desta amostra foram mais prováveis de se envolverem em um episódio de beber

em binge do que a população geral, com as policiais sendo duas a três vezes mais prováveis.

Além disso, 7,5% relataram escores de diagnóstico de abuso ou dependência de álcool.

As evidências sugerem também consumo maior de álcool e danos relacionados ao seu uso

dentro das profissões de “alto risco”, aliados aos da polícia, como os militares. Fear et al.

(2007) relataram 85,8% dos homens e 82,6% das mulheres das Forças Armadas do Reino

Unido apresentando uso perigoso ou nocivo de álcool e 48% dos homens e 31% das mulheres

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bebendo em binge. No estudo de Stahre et al. (2009), 43,2% dos militares da ativa dos EUA

relataram beber em binge no último mês, resultando 29,7 episódios por pessoa por ano. No

total, 67,1% dos episódios de binge foram relatados pelas pessoas com idade de 17 a 25 anos.

2.3. Uso de álcool na população policial brasileira

No Brasil, há raros estudos de prevalência de consumo de bebidas alcoólicas em policiais

civis e policiais militares (PMs), com relatos na Polícia Militar (PM) de Santa Catarina

(BOPE) referindo 40% de abstinentes e 60% ingerindo bebidas alcoólicas (BOLDORI, 2000).

Na PM de Alagoas, foi referido que 75% dos oficiais e 53% dos praças fazem uso de bebida

alcoólica; 28,4% dos atendimentos no Centro de Assistência Social foram devidos a

alcoolismo (OMENA, 2007). Entre os PMs do Grupamento Tático Aéreo Policial (GTAP) do

Estado do Piauí, 71,4% declararam consumir bebidas alcoólicas (MONTEIRO, 2008).

Em estudo em unidades de PM de Goiânia sobre o uso de bebidas alcoólicas por policiais,

relatou-se que houve o não cumprimento de deveres e insubordinação, totalizando 38,6% das

respostas, seguido por falta ao serviço (18,1%), envolvimento em acidentes de trânsito,

discordância entre os integrantes da corporação e até acidentes com armas de fogo. Os praças

foram os indicados como a maioria que fazia uso de álcool (STACCIARINI, 1996). No livro

“Missão Prevenir e Proteger: condições de vida, trabalho e saúde dos policiais militares do

Rio de Janeiro” (MINAYO, 2008), 48% dos oficiais, suboficiais e sargentos consumiam

bebidas alcoólicas semanalmente, sendo que em cabos e soldados chegava a 44,3% (1 vez por

semana ou diariamente). Entre os policiais civis, 18,4% sofriam com o problema.

Estudo descritivo sobre estresse de PMs de Natal - RN, em 264 militares, com 95,5% do sexo

masculino, 35,6% afirmaram não consumir bebidas alcoólicas e 61,3% afirmaram que

consumiam bebidas alcoólicas apenas nos finais de semana ou em festas (COSTA, 2007).

Quanto ao uso na vida de álcool relatado por PMs, há uma pesquisa realizada por Costa et al.

(2010), em Goiás, em total de 221 sujeitos, demonstrando prevalência de 87,8%. As taxas de

prevalência de uso de álcool no ano anterior e nos últimos 30 dias foram de 72,9% e 57,5%,

respectivamente. Cerca de 38% dos entrevistados tinham ingerido álcool em qualquer lugar 1

a 5 dias antes da pesquisa. A polícia militar e as comunidades civis em geral têm risco

semelhante de tornarem-se usuários de drogas lícitas e ilícitas (COSTA, 2010). Em outra

investigação realizada por FERREIRA et al. (2011), analisando fatores associados ao estilo de

vida em 288 policiais militares praças de Recife-PE, 10% tinham suspeita de consumo

abusivo e 52% classificados como consumo não abusivo, com 38% não respondendo as

perguntas. A prevalência do consumo abusivo de álcool nestes PMs investigados foi menor

quando comparada com o estudo com PMs do Estado do Amazonas, com consumo abusivo

em 20% dos policiais (FERREIRA, 2002) e o trabalho com PMs da Radiopatrulha de

Pernambuco, identificando 25% deste consumo (SOUZA, 2004).

2.4. Perfil pericial do policial e do ambiente de trabalho policial

Os estudos demonstrando padrão de consumo de álcool em policiais, principalmente no

Brasil, são escassos. Tendo em vista que há predominância masculina nas instituições

policiais, a prevalência de abstinência do uso de álcool variou de 12,2% a 52%, como

observado na população geral do Brasil, de 48% de abstinência no último ano - 35% em

homens (LARANJEIRA, 2009) e de 25,4% na vida - 16,5% em homens (CARLINI, 2007).

Nos estudos americanos e australianos, a taxa de abstinência foi de 9 a 23,7%, abaixo do

observado na população geral da Austrália (20 a 28%) e dos EUA (31%) (RICHMOND,

1998; LINDSAY, 2008). O uso de bebidas alcoólicas variou, portanto, de 48% a 87,8% entre

os policiais brasileiros, comparável ao observado na população geral, de 74,6% de uso de

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álcool na vida - 83,5% dos homens (CARLINI, 2007). A prevalência observada de 87,8%

(COSTA, 2010) é superior ao encontrado no Brasil (74,6%) e na região centro-oeste do Brasil

(73,6%) (CARLINI, 2007), e ao observado entre os trabalhadores avaliados no estudo do

SESI em 2008 (78,7%). No estudo de Costa et al. (2010) que relatou uso de 72,9% no último

ano, esta taxa é maior do que a prevalência observada na população geral de consumo de

álcool no último ano de 52% - sendo 65% para os homens (LARANJEIRA, 2009), sendo

próximo ao encontrado por Ferreira et al. (2011) de 62% (com a ressalva de que 38% dos

policiais deste estudo não responderam a questão). Na literatura australiana e americana, estes

índices de uso de álcool atingem elevadas prevalências de 76,3% a 91% dos policiais.

Com índices semelhantes ou maiores de uso de álcool no último ano pelos policiais, é

possível supor que estes sujeitos, no Brasil, possam também apresentar um comportamento de

beber em binge como na população geral, de 40% dos homens e 18% das mulheres

(LARANJEIRA, 2009), mas são necessários outros estudos para determinar este aspecto. Foi

observado que o beber em binge de policiais, na literatura internacional, alcança taxa variável

de 37% a 48% dos homens e 31% a 40% das mulheres (RICHMOND, 1998; DAVEY, 2000a;

BALLENGER, 2010), embora outros estudos demonstrem menores taxas (19,1%)

(LINDSAY, 2008). A prevalência de beber em binge foi também elevada entre os militares do

Reino Unido (48% dos homens e 31% das mulheres) e dos EUA (43,2% dos militares)

(FEAR, 2007; STAHRE, 2009). O consumo em binge foi, portanto, mais prevalente dentro da

amostra policial do que na população geral, sendo as policiais femininas as mais prováveis

(DAVEY, 2000b; BALLENGER, 2010).

Os relatos de taxas de uso abusivo ou problemático de álcool em policias brasileiros (que

podem incluir inclusive os dependentes de álcool) variou de 5 até 25%, próximo ao observado

na literatura internacional levantada nesta revisão (de 12 a 32% dos policiais). Há dados

escassos no Brasil explicitando o índice de dependência alcoólica (um estudo referindo

prevalência de 2,3%), sendo que nos estudos internacionais este índice variou de 3% a 19,2%.

A prevalência de dependência ao álcool no Brasil chega a 19,5% dos homens e 6,9% das

mulheres da população geral (CARLINI, 2007), o que leva à necessidade de estudos de

screening do uso de álcool para levantar estes dados em policiais brasileiros.

A predição do uso de álcool em policiais é pouco estudada. Para Davey et al. (2000a), houve

elevadas percentagens de homens e mulheres relatando níveis perigosos de consumo de

álcool, sem diferenças nos níveis de risco de dependência e consequências adversas de

consumo, observado também por Ballenger et al. (2010) na amostra americana. Richmond et

al. (1998) estabeleceram que policiais entre 18 e 29 anos de idade foram mais prováveis de

relatar consumo excessivo, bem como entre fumantes. No estudo de Davey et al. (2000a), a

idade mais jovem, gênero masculino, estado conjugal divorciado ou separado, trabalho

operacional e tempo de serviço entre quatro a dez anos foram associados com o beber de

maior risco, sendo que 26% dos policiais beberam álcool durante o serviço. Obst et al. (2001)

observaram em recrutas maiores níveis de uso de risco de álcool após 6 a 12 meses da entrada

para a academia, por aculturação que encoraja e estimula o uso de álcool. Rallings et al.

(2005) relataram maior consumo de álcool e em binge no primeiro ano entre o treinamento

inicial e o serviço operacional, maior entre as policiais femininas; as policiais inexperientes

tem maior risco de desenvolver o consumo perigoso de álcool no primeiro ano de serviço. O

alto nível de consumo em binge por mulheres policiais é relacionado ao dado geral que

mulheres em indústrias dominadas por homens são mais prováveis de cair na média das

categorias de alto risco do consumo nocivo que aquelas em ocupações mais femininas

(RICHMOND, 1998; HAGEN, 1992; DAVEY, 2000b; BALLENGER, 2010).

Do ponto de vista pericial desta população, os policiais são trabalhadores que cuidam da

segurança coletiva e expostos a estressores gerais e específicos da ocupação, o que pode ter

efeitos físicos, emocionais e fisiológicos. Relatou-se aumento significativo dos níveis de

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mortalidade por todas as causas e por suicídio, câncer, cirrose hepática e doenças

cardiovasculares e arterioscleróticas associados com o trabalho policial (TROTTIER, 1995;

VIOLANTI, 1996; VIOLANTI, 1998; FRANKE, 2002; SOUZA, 2005). A violência é uma

realidade do trabalho policial, sendo descrito taxas de homicídio para policiais mais do que o

dobro da população geral (TROTTIER, 1995; SOUZA, 2005; MINAYO, 2007 ). Em estudo

sobre consumo de álcool e a comorbidade psiquiátrica em policiais do Rio de Janeiro

condenados à prisão, o consumo de álcool antes da prisão foi referido por 63,3%, e 23,3%

deles admitiram ter bebido durante o serviço policial. (LACERDA, 2005).

Níveis maiores de estresse em policiais podem afetar suas escolhas no estilo de vida,

comportamento, bem-estar físico e psicológico (GERSHON, 2002) e indiretamente, pode

influenciar na proteção da segurança pública (TROTTIER, 1995). Níveis maiores de fatores

de risco cardiovasculares (hipertensão arterial sistêmica, hipercolesterolemia, tabagismo e

maior índice de massa corpórea), além do sedentarismo e consumo elevado de álcool, têm

sido estabelecidos nos policiais homens comparados com a amostra populacional geral

masculina (TROTTIER, 1995; RICHMOND, 1998; FRANKE, 2002). Tabagismo aumenta as

chances de consumo de alto risco e atividades físicas são associadas com baixo risco

(MARCHAND, 2008). O trabalho policial foi associado com níveis aumentados de doença

cardiovascular subclínica, com estudos demonstrando menor dilatação mediada por fluxo

(FMD) da artéria braquial, exibindo, portanto, disfunção por diminuição da função endotelial

de policiais comparado com a amostra populacional civil de idade similar (VIOLANTI, 2006;

JOSEPH, 2010). Foi estabelecida associação entre maior estresse percebido e prevalência de

doença cardiovascular, sendo que a duração do tempo na profissão foi um fator contribuinte

(FRANKE, 2002). Em policiais acima de 50 anos de idade, ansiedade, depressão,

somatização, sintomas de estresse pós-traumático, sintomas de Burnout, lombalgia crônica,

abuso de álcool (60% dos policiais com estresse elevado) e comportamento agressivo

inapropriado, tem sido associados com a percepção policial do estresse do trabalho. Os mais

importantes fatores de risco associados com estresse percebido no trabalho foram

comportamento de coping (enfrentamento) mal-adaptado (bebida excessiva ou problemas com

o jogo) e exposição a incidentes críticos (tiroteio) (GERSHON, 2002).

Estressores ocupacionais no trabalho policial incluem exposição habitual a perigos físicos,

violência, morte, crime, homicídios, drogas, acidentes, além da imagem pública insatisfatória

e negativa (SILVA, 2008). Alguns aspectos gerais de estresse no local de trabalho são as

peculiaridades organizacionais e administrativas dos departamentos policiais, classificação,

posto, antiguidade, estilos de gestão ou conduta, número de horas trabalhadas, mudança de

trabalho, responsabilidades, grau de suporte recebido de seus superiores, segurança do

trabalho e ambiente geral de trabalho (VIOLANTI, 1996; LYNDSAY, 2009).

Em um estudo extenso, Swatt et al. (2007) demonstrou que a relação entre a tensão (estresse)

relacionada com o trabalho e a prevalência de beber e o consumo problemático de álcool foi

mediado pela ansiedade/depressão. O consumo problemático de álcool por policiais,

comumente mais nocivo e perigoso do que na população geral, pode ser ligado à variedade de

resultados negativos, como desempenho laboral ruim, relacionamentos íntimos insatisfatórios,

habilidade de enfrentamento (coping) ineficaz, doenças hepáticas e suicídio e, além disso,

com a presença de estressores relacionados ao trabalho. Exploraram a relação entre o estresse

do trabalho policial e o uso problemático de álcool com a teoria da tensão geral - General

Strain Theory – GST - de Agnew (1992), que afirmou três tipos definidos de tensão ou

estresse: tensão como a insuficiência atual ou antecipada para atingir metas positivas, tensão

como a atual ou antecipada remoção de estímulos positivamente valorizados, e tensão como

atual ou antecipada da apresentação de estímulos negativamente valorizados. Revelaram-se

quatro categorias primárias de estresse ocupacional policial: Estressores externos à agência

policial (atitudes comunitárias desfavoráveis, frustração com o sistema de justiça criminal,

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percepção de desrespeito por outros profissionais de justiça criminal – juízes, promotores,

etc.); Estressores de dentro da agência policial (baixo pagamento, treinamento ruim,

oportunidades limitadas para progressão na carreira); Estressores inerentes à natureza do

trabalho policial (longas horas, escalas extras obrigatórias, exposição à eventos traumáticos,

lidar com pessoas em vários graus de estresse) e estressores pessoais que confrontam o

policial individualmente (aceitação e rejeição pela subcultura policial, perigos inerentes do

trabalho e aumento da discórdia conjugal e familiar).

Um dos riscos ocupacionais do trabalho policial é a exposição aos incidentes traumáticos e o

risco resultante de desenvolvimento do Transtorno do Estresse Pós-Traumático - TEPT

(TROTTIER, 1995; BALLENGER, 2010). Em estudo piloto sobre Estresse Policial

Ocupacional Cardio Metabólico de Buffalo - BCOPS (VIOLANTI, 2006), 16% apresentavam

critérios para depressão e 36% relataram elevados sintomas de TEPT. Taxas de distúrbios

pelo uso de álcool são maiores em indivíduos com TEPT comparados com indivíduos

expostos ao trauma sem TEPT, mas não há dados conclusivos de maiores taxas de incidência

e prevalência de suicídio e ideação suicida entre policias (HEM, 2001; STUART, 2008). No

estudo de Davey et al. (2000a), as obrigações em serviços perigosos não foi indicador

significativo de estresse. Em outro estudo, exposição a incidentes críticos e cumulativos

relacionados ao dever ou os níveis de sintomas de TEPT não foram associados com o uso

atual de álcool em policiais (BALLENGER, 2010). O trabalho inerentemente estressante do

serviço policial foi sugerido ser importante contribuinte do consumo de álcool relacionado ao

coping (enfrentamento), sendo o fator que pode melhor predizer o seu uso. Não obstante, em

outro estudo, a adaptação ou ajustamento (fitting in), e não o estresse, foi a razão mais

frequentemente citada para o consumo de bebidas entre os policiais do grupo de risco de uso

perigoso, sendo que o fator social (desejo de ajustar-se) pode ser a principal variável causal no

consumo de álcool (LINDSAY, 2009). Alguns estudos não demonstraram diferenças de nível

de estresse entre policiais e população geral (RICHMOND, 1998; COSTA, 2007). No

Mississipi (EUA), o abuso de álcool dentro da comunidade policial é marginal, não maior do

que outras ocupações, não atribuindo o consumo de álcool aos fatores de estresse do trabalho

(LINDSAY, 2008). Para Ballenger et al. (2010), o estresse rotineiro do local de trabalho não

foi fator de previsão dos níveis de beber em policiais homens, mas as mulheres foram

significativamente menos prováveis de beber sob condições de maior estresse no trabalho.

2.5. Perícia médica nos programas de álcool e drogas e seu papel na intervenção

preventiva em organizações

Na etiopatogenia dos transtornos por uso de álcool e alcoolismo se incluem fatores genéticos,

psicossociais e ambientais. No seu estudo, devem-se observar os três níveis básicos de vida do

paciente: individual, familiar e social. (MANGADO, 2009). Pesquisas são necessárias para

delimitar padrões e fatores de previsão do uso de álcool por policiais brasileiros, de modo a

distinguir pericialmente as relações de causa e efeito, como o estresse do trabalho relacionado

às diferenças de gênero nos padrões de beber, os estudos de recrutas, fazendo o levantamento

de seu comportamento de beber antes de entrar na força policial, acompanhados

longitudinalmente com a finalidade de serem reavaliados durante todo o serviço policial no

uso de álcool e análise do uso de álcool por policiais femininas (BALLENGER, 2010;

COSTA, 2010). O policiamento é predominantemente uma ocupação masculina no Brasil e

no mundo. As profissões de alto risco de abuso de álcool são essencialmente associadas ao

sexo masculino (MANDELL, 1992). Isto, em combinação com a forte cultura de ingestão de

bebidas alcoólicas dentro da polícia pode encorajar mulheres no serviço policial a beber a

níveis além do que aqueles que normalmente beberiam. Intervenções especiais podem ser

necessárias objetivando as mulheres policiais para contrapor-se ao impacto da cultura

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masculina de bebidas dentro deste meio ambiente. Com tal prevalência de até 35% a 48% da

amostra policial total (RICHMOND, 1988; DAVEY, 2000b; BALLENGER, 2010)

apresentando uso de risco e nocivo de consumo de álcool (incluindo provável dependência

entre os policiais), os resultados indicam uma forte necessidade para a instituição policial

introduzir estratégias de intervenção (DAVEY, 2000a). Os resultados atestam invariavelmente

o risco do comportamento de beber prejudicial associado com a idade (faixa etária mais

jovem). Tais dados demonstram que dentro de grandes amostras organizacionais específicas,

o uso de questionários de rastreamento, como o AUDIT, pode esclarecer que grupos dentro da

organização são particularmente vulneráveis ao prejuízo do consumo de álcool e quais

variáveis realmente significativas (DAVEY, 2000a).

Em estudo de conjunto de 39 empresas (UNODC, 2005), classificou-se em três níveis de risco

para problemas do consumo de álcool: risco baixo, moderado e alto risco. Examinando

indicadores de desempenho (faltas ao trabalho, acidentes, licenças por doenças, etc.) dos

colaboradores das corporações, aqueles que bebem mais têm proporcionalmente mais

problemas dos que não bebem ou bebem pouco e, portanto, ocasionam mais custos do que os

demais. Entretanto, como os que estão nas faixas de risco moderado e baixo constituem a

grande maioria de trabalhadores, necessariamente apresentam um maior número absoluto de

ocorrências e, por conseguinte, o maior somatório de custos será originário dessas faixas.

Portanto, todos os três grupos de consumidores contribuem significativamente para o total de

problemas. Essa observação foi feita em 1986 por pesquisadores da Universidade de

Edimburgo, no Reino Unido, e desde então é conhecida como “O Paradoxo da Prevenção”.

Segundo dados da OIT, de 60 a 70% dos problemas são ocasionados por usuários eventuais

de álcool ou drogas. Consequentemente, um projeto de prevenção tem que atingir todos os

colaboradores de uma empresa, com o objetivo da redução global do consumo e a melhoria

dos indicadores de desempenho. Portanto, em relação a programas de álcool e drogas nas

empresas e organizações, de nada adianta tomar medidas para um percentual pouco

significativo de trabalhadores bebedores pesados ou dependentes, se os grandes problemas

decorrentes do abuso do álcool, como acidentes e outros prejuízos, ocorrem justamente na

parcela que faz mal uso ou abusa, mesmo eventualmente, do álcool (VAISSMAN, 2004).

Todos os policiais devem ser contemplados em um programa de intervenção preventiva sobre

o uso de álcool, pois, como já mencionado, a presença de álcool, mesmo em baixos níveis

residuais, pode ter muito impacto sobre o trabalho policial, colocando policiais e membros do

público em risco desnecessário. A avaliação periódica da saúde dos policiais pode incluir

educação para a saúde e aconselhamento sobre fatores de risco cardiovasculares, com boas

evidências de que programas de promoção da saúde no trabalho tem efeitos salutares na saúde

do empregado, sendo que modificação de fatores de risco cardíaco reduzem os riscos de morte

cardíaca (TROTTIER, 1995; OBST, 2001).

Há benefícios da adoção de um “modelo sistêmico” para abordagem do alcoolismo, como no

trabalho entre funcionários alcoolistas, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Vaissman (2004) encontrou no campo das intervenções que abordavam a relação entre

alcoolismo e trabalho um modelo que reuniu numa só proposta a assistência médica, uma

perícia médica mais humanizada e integrada com a assistência conjugado com a abordagem

preventiva e a reabilitação (a atenção primária ao lado da prevenção secundária e na atuação

junto ao local de trabalho no encaminhamento e na recolocação do paciente - funcionário). O

modelo construído abrange assistência por equipe multidisciplinar (neurologista, clínico,

psiquiatra, assistentes sociais, psicólogos, enfermeiro e pessoal administrativo), enfatizando

fatores psicossociais importantes na causação, na perpetuação e na reabilitação do alcoolismo

(e dependência química), sobretudo nos aspectos ligados à saúde no trabalho. O funcionário

alcoolista em tratamento ficava menos dias de licença médica e o índice de recuperação dos

tratados e que permaneceram abstinentes do álcool durante 12 meses foi de 35%.

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Dentro desta perspectiva de programa de abordagem de alcoolistas da UFRJ, com a Perícia

Médica adotando um enfoque humanista e realmente interessado na possibilidade de

recuperação do funcionário, a questão principal é como ajudar um alcoolista (VAISSMAN,

2004). O alcoolista tem toda uma trajetória no ambiente de trabalho até chegar a um ponto em

que as chefias e a própria empresa necessitam se posicionar quanto a algumas alternativas:

ajudar o empregado a sair dessa condição, afastá-lo do trabalho ou demissão. Em policiais,

pode ser incluída também a alternativa das punições administrativa, civil ou penal. As

empresas buscam estruturar programas para intervir e ajudar o alcoolista, com a finalidade

de aumentar a produção, distribuindo benefícios, melhorando as condições de trabalho,

recuperando o potencial humano e valorizando a qualidade de vida. O setor de perícias

médicas da empresa (aplicável a uma instituição policial) pode contribuir com estes objetivos.

Após uma primeira avaliação médico-social, a perícia emite o primeiro laudo de

acompanhamento do paciente, a partir de um diagnóstico sistêmico, envolvendo pareceres

psiquiátrico, clínico, neurológico e da assistência social. O perito passa a ter conhecimento

dos atendimentos realizados pelo servidor, podendo chamá-lo regularmente para acompanhar

a evolução de seu tratamento. Desse modo haverá repercussão nos índices de reabilitação e de

incapacidade laborativa transitória e definitiva (aposentadoria) (VAISSMAN, 2004).

No campo de prevenção ao uso de risco de álcool, estratégias de triagem e intervenções

breves para o uso abusivo estão sendo avaliadas, principalmente no contexto da Atenção

Primária à Saúde (APS) em todo o mundo e, mais recentemente no Brasil (RONZANI, 2008).

Dentro das estratégias de rastreamento precoce do uso e abuso de álcool e provável

dependência em organizações e empresas, usa-se o AUDIT - Alcohol Use Disorders

Identification Test, já referido nos vários estudos (DAVEY, 2000a; FEAR, 2007; SESI, 2008;

LINDSAY, 2008), um questionário de 10 perguntas desenvolvido pela OMS como

instrumento de rastreamento, associado às intervenções breves, baseado no auto relato dos

pacientes (BABOR, 2003; RONZANI, 2008). O AUDIT facilita a aproximação inicial e

permite um retorno (feedback) objetivo para o paciente, possibilitando a introdução dos

procedimentos de intervenção breve e de motivação para a mudança de comportamento

(BABOR, 2003; BABOR; HIGGINS-BIDDLE, 2003). É o questionário de eleição para a

detecção da síndrome da dependência alcoólica no âmbito sanitário (MANGADO, 2009),

validado para uso em APS (RONZANI, 2008), podendo ser utilizado em população policial

(DAVEY, 2000a) e militar (FEAR, 2007). O AUDIT tem alta confiabilidade de teste e reteste

e maior sensibilidade, especificidade e valor preditivo positivo do que as séries de marcadores

bioquímicos, tendo desempenho similar ou melhor que os outros testes de screening auto-

relatados para o álcool (COULTON, 2006). A maioria dos danos relacionados ao álcool é

causada por bebedores excessivos cujo consumo ultrapassa os níveis recomendados, não os

bebedores com dependência grave de álcool. Uma maneira de reduzir os níveis de consumo

em uma comunidade é fornecendo uma intervenção breve na atenção primária ao longo de

uma a quatro sessões (BABOR, 2003).

Richmond et al. (1999) avaliaram efeitos quantitativos e qualitativos da intervenção breve

para modificar ou reduzir o consumo de bebidas alcoólicas, o tabagismo e estresse entre

policiais. Não estabeleceram evidências que apoiem a hipótese de que a avaliação da saúde e

intervenção breve resulte em menor consumo de álcool. Houve tendências positivas entre as

mulheres. Os fatores organizacionais e individuais podem influenciar as normas de

comportamento e culturais. Em revisão sistemática da Cochrane Database, Kaner et al.

(2011) estudaram em metanálise a efetividade das intervenções breves de álcool em

populações de cuidado primário e concluíram que as intervenções breves reduzem o consumo

de álcool, sendo o efeito mais claro em homens no seguimento de um ano, mas não

demostrou redução significativa em mulheres, sendo que maior duração de aconselhamento

tem pouco efeito adicional. Assim, intervenções breves para mulheres ainda não são

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justificadas. Este último aspecto é de importância, pois foi observado que, nas organizações

policiais, as policiais femininas apresentam comportamento de consumo de álcool de maior

risco que na população geral, tornando-se, pois, prioritário que futuros estudos devam se

concentrar nas mulheres policiais no delineamento de componentes mais efetivos e eficazes

de intervenção.

Conclusão

Escassos estudos de qualidade sobre o padrão de uso de álcool por policiais no Brasil e no

mundo foram publicados e evidenciaram que policiais apresentam maior prevalência de uso

de álcool no último ano do que na população geral, com menores taxas de abstinência, mas

semelhante a vários trabalhadores e ocupações. Elevados níveis de binge-drinking em

policiais e em militares foram observados, em homens e, particularmente, em mulheres, e

maior uso nocivo de álcool na faixa etária mais jovem. As policiais femininas estão em risco

de danos pelo álcool semelhante aos homens. Pericialmente, os policiais apresentam perfil de

trabalhadores que cuidam da segurança pública e rotineiramente expostos a situações e fatores

de estresse gerais, específicos da ocupação e pessoais, com efeitos físicos, psíquicos e sociais,

com aumento significativo dos seus níveis de morbidade e mortalidade. O trabalho

inerentemente estressante do serviço policial, relacionado à habilidade de coping ineficaz e

mal-adaptado, exposição a incidentes críticos, correlacionado com emoções negativas,

mediados por ansiedade e depressão, bem como o fator social de adaptação ou ajustamento e

a cultura organizacional de aceitação e encorajamento podem estar associados ao maior uso

de álcool. Os recrutas e as mulheres policiais podem sofrer aculturação dentro do ambiente

policial, incluindo uso de bebidas alcoólicas. A maioria dos danos ocupacionais relacionados

ao álcool são causados por bebedores excessivos (binge), cujo consumo ultrapassa os níveis

recomendados, não os bebedores com dependência grave de álcool. Assim, todos os policiais

de uma instituição, com a participação da perícia médica, devem ser submetidos a uma

estratégia de rastreamento e prevenção do uso de álcool, associado às intervenções breves,

podendo ser utilizado o AUDIT. Intervenções especiais podem ser necessárias objetivando os

policiais recrutas e mais jovens e as policiais femininas.

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julho/2013

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ANEXO 1 – AUDIT

Tabela 1

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