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EMBRIOLOGIA CRÂNIO (DESENVOLVIMENTO EMBRIOLÓGICO) Um dos fatores que explicam a grande complexidade da cabeça dos vertebrados e, em especial, dos mamíferos, é o significativo desenvolvimento do encéfalo e dos órgãos dos sentidos. Além disso, na cabeça, encontram-se as porções iniciais dos tubos digestório e respiratório. O crânio (cranium) é a porção da cabeça que protege o sistema nervoso central. Dele cabe destacar uma zona basal, ou base do crânio, que em sua origem é denominada neurocrânio pro- priamente dito, e a porção que antepara o sistema nervoso central em suas zonas dorsais e laterais, constituindo a calota ou ossos de cobertura (calvária). Os órgãos dos sentidos ficam guarneci- dos pelo crânio, mas também pelos ossos da face (facies), cuja função essencial é guardar a porção inicial do tubo digestório e do aparelho respiratório; trata-se do viscerocrânio ou esplancno- crânio. Neurocrânio propriamente dito (Figuras 1.1 e 1.2). No princípio, trata-se de um modelo mesenquimatoso (fase de desmocrânio), no qual, aproximadamente na segunda semana de desen- volvimento, começam a aparecer focos de formação de cartilagem (fase de condrocrânio), estágio em que certos animais inferiores, como os ciclostomados e os elasmobrânquios, manter-se-ão por toda a vida. O processo de condrificação tem início ao redor da notocorda (da mesma maneira que ocorre no tronco, quando os corpos vertebrais formam-se ao redor do eixo que constitui a notocorda), dando origem a uma placa basal ou basilar que resulta da fusão de dois esboços (parachordalia), constituindo uma estrutura ímpar. A placa basal estende-se até a zona da hipófise, justamente a área em que termina anteriormente a notocorda; por isso, também se denomina porção cordal do neuro- crânio. A frente dessa zona constitui a porção pré-cordal do condrocrânio, formada pelas trabéculas de Rathke, as quais se fundem em seguida com a porção basal e entre si, deixando entre elas um orifício ou janela hipofisária, que muito breve desaparecerá; mais anteriormente se constitui uma estrutura ímpar ou porção interórbito-nasal. Não só a notocorda influi na formação do condrocrânio, mas também o próprio tubo neural, ambos atuando harmoniosamente como indutores na conformação normal do neurocrânio. Também intervêm como agentes indutores os órgãos dos sentidos em formação. Nos dois lados da placa basal formam-se as vesículas vestíbulo-coclear (com uma porção anterior ou coclear e outra posterior ou vestibular), cada uma delas rodeada por um tecido membranoso que logo torna-se cartilagem, co- piando em forma de molde cartilaginoso as duas porções da vesícula; trata-se da porção ótica do condrocrânio. O VIII par craniano ou nervo vestíbulo coclear, que capta os impulsos que se originam na futura orelha interna, é englobado pelo processo de condrificação. Entre as duas porções da vesícula vestíbulo-coclear situa-se o VII par craniano, responsável principalmente pela movimenta- ção da musculatura da mímica (facial), estando incluído no interior da cartilagem, ao formar-se sobre ele uma fina lâmina cartilaginosa. Junto à porção ótica desenvolvem-se os pequenos ossos da orelha média, derivados dos primeiros arcos branquiais. A porção ótica fusiona-se com a placa basi- lar. Os VII e VIII pares cranianos saem e entram na porção ótica pelo meato acústico interno (porus acusticus internus) (Figura 1.1). Ao mesmo tempo em que esses fenômenos ocorrem, a porção posterior da placa basilar cresce dorsal e lateralmente, formando os pilares occipitais, que se fundem na linha média, limitando um forame que dá passagem ao tubo neural (foramen magnum). O crescimento no sentido lateral dos 1

Anatomia Da Cabeça e Pescoço

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Excelente texto introdutório sobre Anatomia da Cabeça e do Pescoço

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    EMBRIOLOGIA

    CRNIO (DESENVOLVIMENTO EMBRIOLGICO)

    Um dos fatores que explicam a grande complexidade da cabea dos vertebrados e, em especial,dos mamferos, o significativo desenvolvimento do encfalo e dos rgos dos sentidos. Alm disso,na cabea, encontram-se as pores iniciais dos tubos digestrio e respiratrio.

    O crnio (cranium) a poro da cabea que protege o sistema nervoso central. Dele cabedestacar uma zona basal, ou base do crnio, que em sua origem denominada neurocrnio pro-priamente dito, e a poro que antepara o sistema nervoso central em suas zonas dorsais e laterais,constituindo a calota ou ossos de cobertura (calvria). Os rgos dos sentidos ficam guarneci-dos pelo crnio, mas tambm pelos ossos da face (facies), cuja funo essencial guardar a poroinicial do tubo digestrio e do aparelho respiratrio; trata-se do viscerocrnio ou esplancno-crnio.

    Neurocrnio propriamente dito (Figuras 1.1 e 1.2). No princpio, trata-se de um modelomesenquimatoso (fase de desmocrnio), no qual, aproximadamente na segunda semana de desen-volvimento, comeam a aparecer focos de formao de cartilagem (fase de condrocrnio), estgioem que certos animais inferiores, como os ciclostomados e os elasmobrnquios, manter-se-o portoda a vida.

    O processo de condrificao tem incio ao redor da notocorda (da mesma maneira que ocorreno tronco, quando os corpos vertebrais formam-se ao redor do eixo que constitui a notocorda),dando origem a uma placa basal ou basilar que resulta da fuso de dois esboos (parachordalia),constituindo uma estrutura mpar. A placa basal estende-se at a zona da hipfise, justamente a reaem que termina anteriormente a notocorda; por isso, tambm se denomina poro cordal do neuro-crnio. A frente dessa zona constitui a poro pr-cordal do condrocrnio, formada pelas trabculasde Rathke, as quais se fundem em seguida com a poro basal e entre si, deixando entre elas umorifcio ou janela hipofisria, que muito breve desaparecer; mais anteriormente se constitui umaestrutura mpar ou poro interrbito-nasal.

    No s a notocorda influi na formao do condrocrnio, mas tambm o prprio tubo neural,ambos atuando harmoniosamente como indutores na conformao normal do neurocrnio. Tambmintervm como agentes indutores os rgos dos sentidos em formao. Nos dois lados da placa basalformam-se as vesculas vestbulo-coclear (com uma poro anterior ou coclear e outra posterior ouvestibular), cada uma delas rodeada por um tecido membranoso que logo torna-se cartilagem, co-piando em forma de molde cartilaginoso as duas pores da vescula; trata-se da poro tica docondrocrnio. O VIII par craniano ou nervo vestbulo coclear, que capta os impulsos que se originamna futura orelha interna, englobado pelo processo de condrificao. Entre as duas pores davescula vestbulo-coclear situa-se o VII par craniano, responsvel principalmente pela movimenta-o da musculatura da mmica (facial), estando includo no interior da cartilagem, ao formar-sesobre ele uma fina lmina cartilaginosa. Junto poro tica desenvolvem-se os pequenos ossos daorelha mdia, derivados dos primeiros arcos branquiais. A poro tica fusiona-se com a placa basi-lar. Os VII e VIII pares cranianos saem e entram na poro tica pelo meato acstico interno (porusacusticus internus) (Figura 1.1).

    Ao mesmo tempo em que esses fenmenos ocorrem, a poro posterior da placa basilar crescedorsal e lateralmente, formando os pilares occipitais, que se fundem na linha mdia, limitando umforame que d passagem ao tubo neural (foramen magnum). O crescimento no sentido lateral dos

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    Esquemas mostrando o desenvolvimento da base do crnio.

    pilares occipitais faz com que se fusionem com as pores ticas, ficando entre os dois o foramejugular (foramen jugulare) ou forame lcero, por onde passam o IX, X e XI pares cranianos e a veiajugular interna. Em cada um dos pilares occipitais h um orifcio (em decorrncia da unio deambos) por onde transita o XII par craniano (canalis hypoglossi) (Figuras 1.1 e 1.2).

    A poro do neurocrnio situada frente do forame jugular a mais antiga filogeneticamente(paleocrnio), caracterstica dos ciclostomados; a poro situada posteriormente o neocrnio, amais moderna, que corresponde poro do crnio que englobou, em termos de desenvolvimento,os segmentos vertebrais mais altos.

    A poro rbito-temporal a zona do condrocrnio situada frente da poro tica; apresentauma asa menor (ala minor), que fornece certa proteo ao globo ocular. O globo ocular tambm ficaprotegido medialmente pela poro nasal, na zona da lmina papircea e orbitria (lamina papyra-cea sive orbitalis). Entre a asa menor e a poro tica forma-se uma lmina fibrosa que atravessadapelos III, IV e VI pares cranianos ao sarem do crnio, constituindo sob essa lmina a asa maior (alamajor), permanecendo um orifcio entre as duas asas (fissura orbital superior: fissura orbitalis supe-rior), e entre a asa maior e a poro tica, o forame lcero (foramen lacerum). Para a passagem departe dos pares cranianos mencionados e de elementos vasculares, formam-se forames na asa maior(foramen rotundum, foramen ovale e foramen spinosum). A proteo do globo ocular completadapela asa maior. Para adentrar a cavidade craniana, o II par craniano ou nervo ptico perfura a asamaior, onde forma o forame ou canal ptico (canalis opticus) (Figuras 1.1 e 1.2).

    A proteo do globo ocular finalmente se completa com a formao de outros ossos de tipomembranoso, tais como o frontal, o lacrimal, o palatino, o maxilar e o zigomtico, os quais seroobjeto de estudo no captulo correspondente.

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    Viso esquemtica da base do crnio adulto. Em diferentes cores aparecem os diversos componentes embrionrios que interferem na formao docondrocrnio.

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    Quanto cavidade nasal, ela ficar protegida pela poro nasal, constituda por uma srie deossos e cartilagens que ser apresentada posteriormente. Deve-se levar em conta que do condrocr-nio derivam os ossos etmides e a concha nasal inferior. No interior da fossa nasal tambm se encon-tram ossos de cobertura, tais como o vmer, o lacrimal e o nasal.

    Aos trs meses de desenvolvimento, o condrocrnio est praticamente completo, quando, en-to, comeam a aparecer pontos de ossificao (ossificao endocondral), constituindo uma srie deossos unidos entre si por tecido conjuntivo, e no um todo nico, o que permite o crescimento docrnio e, portanto, o desenvolvimento e o crescimento do sistema nervoso central. Aos 30 anos deidade ocorre a fuso definitiva dos ossos do chamado osteocrnio, momento em que termina ocrescimento do encfalo e, conseqentemente, do crnio. No entanto, deve-se considerar que nemtodo o tecido cartilaginoso do condrocrnio transforma-se em osso, sendo que parte dele desaparecepor condrlise e parte conserva-se em estado cartilaginoso, tal como acontece nas cartilagens nasais.

    As pores laterais e a abbada ou calota craniana constituem o neurocrnio membranoso,o qual, no princpio, conjuntivo e depois passa a ser sseo por ossificao membranosa, formando-se, assim, ossos como os parietais, os temporais (em parte), os frontais e o occipital (em parte).Neles aparece uma srie de espculas sseas que se irradiam de forma progressiva desde os centrosde ossificao, que aparecem em tais estruturas membranosas, at a periferia. Na vida fetal e ps-natal, os ossos membranosos aumentam de volume por aposio de novas camadas sobre sua super-fcie externa e por reabsoro simultnea que tem lugar em sua zona interna.

    No nascimento, esses ossos planos esto separados por bandas de tecido conjuntivo ou suturas.Nas zonas onde se unem mais de dois ossos, as suturas so amplas e recebem fontanelas (Figura1.3), das quais a mais notvel a fontanela anterior ou bregma (fonticulus anterior), que seencontra na unio dos ossos parietais com os frontais, zona muito importante para o momento doparto, para, sua palpao, verificar-se o estgio de ossificao do crnio ao longo da vida e paramedir a tenso do lquido cefalorraquidiano. Tambm se constitui uma fontanela posterior oulambda (fonticulus posterior), correspondente ao encontro dos ossos parietais com o occipital. Asfontanelas laterais (fonticulus sphenoidalis, fonticulus mastoideus) correspondem s zonas de contatodos ossos laterais da calota craniana (Figura 1.3).

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    Crnio e face do recm-nascido. Observam-se as fontanelas anterior e posterior, bem como as suturas correspondentes.

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    Diversas suturas e fontanelas mantm seu carter membranoso durante um longo perodo apso nascimento. Nessas estruturas que se d o crescimento e a expanso dos ossos planos da abbadacraniana, motivados por todo o crescimento do crebro, razo pela qual algumas suturas permane-cem abertas at a idade adulta.

    DESENVOLVIMENTO DA FACE E DO PESCOO

    A formao da face um tanto complexa. Para sua compreenso, necessrio que sejam feitasreferncias formao dos arcos farngeos ou branquiais, os quais contribuem para a formao doesplancnocrnio ou viscerocrnio, cuja funo proteger as vsceras ceflicas.

    O tubo digestrio abre-se primitivamente ao exterior por meio de uma degradao da membra-na bucofarngea, estrutura que corresponde fuso do ectoderma e do endoderma. Essa membranadura aproximadamente 25 dias, abrindo-se na quarta semana. Est situada no fundo de uma depres-so transversal, conhecida como estomodeu, e vai se aprofundando aos poucos devido ao cresci-mento das estruturas que o rodeiam; dessa forma, a cavidade bucal do adulto conseqncia docrescimento ao exterior das estruturas que circundam o estomodeu (Figura 1.4).

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    Aspecto da face ao final da quarta semana de desenvolvimento (A), na quinta (B), sexta (C), stima (D) e dcima (E) (no so respeitadas propores relativas).

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    Caudalmente ao estomodeu situam-se os arcos ou processos mandibulares (primeiro arcobranquial), e em direo ao crnio, o processo frontal (crescimento do mesoderma ceflico quesepara o estomodeu do sistema nervoso em formao). Todos esses processos so elevaes provoca-das pelo mesoderma. De cada lado da proeminncia frontal e imediatamente acima do estomodeu,observa-se um espessamento localizado do ectoderma ou placide nasal, duplo, determinadopelo efeito indutor exercido em parte pelo prosencfalo em formao e em parte pelo mesoblastopr-cordal (a falta de desenvolvimento do prosencfalo no impede, portanto, a formao do placi-de olfatrio; porm, se o mesoblasto pr-cordal rudimentar, observa-se a formao de um placideolfatrio nico, pela fuso dos formados normalmente).

    Durante a quinta semana de desenvolvimento aparecem dois rebordos de crescimento que cir-cundam o placide nasal de cada lado: os processos nasais lateral e medial, decorrentes nos da invaginao do epitlio dos placides, mas, tambm, da proliferao propriamente dita domesoderma subjacente. Assim, constituem-se duas fossetas olfatrias (Figura 1.4).

    Nas duas semanas seguintes, os processos maxilares vo aumentando de volume e se aproxi-mando dos processos nasolateral e nasomediano, formando um sulco nasolacrimal, assim denomi-nado porque comunica a zona do globo ocular em formao com a fossa nasal primitiva. Em seucrescimento para o interior, pouco a pouco os processos maxilares comprimem os nasomedianos atque se fusionam entre si, encobrindo, em uma etapa posterior, a fenda que separa o processo nasalmedial do maxilar, de modo que o lbio superior forma-se como conseqncia da fuso dos proces-sos maxilares e nasomedianos. Esses processos nasomedianos, ao se fusionarem na linha mdia,formam o filtro do lbio superior (Figura 1.4).

    Os processos maxilares tambm se fusionam em um certo trecho com o arco mandibular corres-pondente de cada lado, embora no totalmente, de modo que o grau de fuso determina o diferentetamanho da boca dos indivduos, o qual est geneticamente determinado. As asas do nariz provmdos processos nasais laterais. Os dois processos nasomedianos unidos e em continuidade com oprocesso frontal formam o processo frontonasal (Figura 1.4).

    O pavilho auricular, por sua vez, constitudo, inicialmente, por seis tubrculos situados nofinal do primeiro arco farngeo, correspondendo os trs craniais ao arco mandibular e os trs caudaisao arco hiideo.

    Todas estas descries referem-se ao que observado na superfcie. Em profundidade, as proe-minncias mesodrmicas crescem e se fusionam entre si para separar a cavidade bucal da fossanasal. Essa fossa nasal tambm vai ser dividida em duas cavidades. De fato, os placides nasaiscrescem em profundidade, constituindo cavidades, em parte estimulados pelo crescimento dos pro-cessos nasais que os circundam, enquanto a diviso entre as fossas nasais ocorre pela existncia deum tabique formado a partir do processo frontal e dos processos nasomedianos unidos, de modo quea zona central desse septo corresponde formao do vmer.

    As fossas nasais so abertas ao exterior pelas narinas. O tecido olfatrio receptor vai-se restrin-gindo ao teto da fossa nasal medida que o placide aprofunda-se (Figura 1.6). Na zona posterior,as fossas nasais abrem-se na faringe por meio dos canos. Os seios paranasais desenvolvem-se emforma de divertculos a partir da parede lateral da fossa nasal, estendendo-se fundamentalmente ata maxila, o etmide, o frontal e o esfenide, alcanando suas dimenses mximas durante a puber-dade. O sulco nasolacrimal fecha-se na superfcie, mas permanece em profundidade na forma decanal (previamente um cordo que se tuneliza) ligando a cavidade orbital nasal, para que asecreo lacrimal seja vertida na cavidade nasal correspondente.

    A separao definitiva entre a cavidade bucal definitiva e as cavidades nasais ocorre a partir dosprocessos nasais medianos unidos aos processos maxilares na linha mdia. Tal separao o palato(Figura 1.5). A estrutura resultante da fuso dos dois processos nasais medianos na linha mdia osegmento intermaxilar, que compreende um componente labial, que vai dar lugar ao sulco sub-nasal na linha mdia do lbio superior; um componente maxilar superior, que corresponde posiodos quatro incisivos superiores, e outro palatino, que origina o palato primrio, de forma triangu-lar (Figuras 1.5 e 1.6). No sentido lateral o segmento intermaxilar contribui, provavelmente, naformao de uma pequena poro da parte mdia lateral do nariz, e em direo cranial continuapelo septo nasal. O palato definitivo forma-se no s a partir do segmento intermaxilar ou palatoprimrio (que contribui muito pouco), mas tambm e principalmente a partir do palato secund-rio, que se forma de um prolongamento ou crista palatina procedente dos processos maxilares (na

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    Cortes frontais da cabea na sexta (A), stima (B) e dcima (C) semanas de desenvolvimento. Observa-se uma mudana progressiva de posio das cristaspalatinas e da lngua. O forame incisivo assinala o limite entre os palatos primrio e secundrio.

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    sexta semana de desenvolvimento) em direo quase vertical, mas que mais tarde (na stima sema-na) ascende at alcanar uma posio horizontal em decorrncia da decida da lngua; finalmente,ambas as cristas palatinas fusionam-se entre si e com o septo nasal, o qual no se une zona poste-rior das cristas palatinas. Nesse local ir se formar o palato mole e a vula, que, a seu tempo, sofreum processo de proliferao (Figura 1.5).

    O palato definitivo deriva, ento, dos palatos primrio e secundrio, permanecendo entre am-bos um orifcio que d passagem ao forame incisivo (o que assinala, portanto, a diviso entre os doisossos palatinos) (Figura 1.5). Do palato secundrio deriva no s grande parte do palato duro, mastambm o palato mole.

    Podemos considerar o forame incisivo o limite entre as malformaes anteriores e poste-riores do palato. O palato primrio composto pela pr-maxila e os quatro incisivos.

    O palato secundrio formado pelos ossos palatinos e pelas cristas palatinas dos maxilares.Em geral as fissuras palatinas seguem as linhas de fuso do palato, de maneira que no

    nvel de palato primrio a fissura passa entre a pr-maxila (osso intermaxilar) e a maxila,atravessa o rebordo alveolar entre os incisivos laterais e os caninos pela ausncia de unioentre o processo nasomedial e a maxila.

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    Esquemas de cortes sagitais da face na sexta (A), sexta e meia (B), stima (C) e nona (D) semanas de desenvolvimento, mostrando a separao entre ascavidades nasais e bucal definitivas por meio dos palatos primrio e secundrio.

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    No palato secundrio, as fissuras so sempre centrais pela falta de unio entre as cristaspalatinas do maxilar.

    Com base nessas consideraes podemos classificar as fissuras palatinas em pr-palatinasou do palato primrio, palatinas ou do palato secundrio e totais.

    As pr-palatinas podem ser uni e bilaterais, completas ou incompletas. As palatinas po-dem ser completas (palato mole e duro) e incompletas (palato mole). As totais so aquelasque atingem as estruturas pr-palatinas e palatinas.

    A ordem de freqncia de acordo com essa classificao seria, em primeiro lugar, a fissu-ra completa unilateral esquerda pr-palatina, e em segundo, a fissura palatina incompleta.

    Com muita freqncia as fissuras palatinas esto associadas a fissuras de lbio.As fissuras labiais so geradas por um defeito, em grau varivel, na unio dos proces-

    sos nasomedial e lateral, levando a fissuras laterais do lbio superior. Se o defeito de unioacontece entre os processos nasomedianos entre si, isso levar a fissuras medianas do lbiosuperior.

    As fissuras do lbio inferior, muito raras, sempre so medianas e acontecem pela falta deunio dos processos mandibulares entre si.

    Em 68% dos casos, o lbio fissurado est associado fissura palatina. O lbio fissuradocomo malformao nica compreende 21% dos casos e o palato fissurado de forma isolada,11%.

    O lbio leporino unilateral a mais freqente das fissuras labiais, afetando mais o ladoesquerdo.

    No lbio leporino, apesar da deformidade, pode-se comprovar que todas as estruturasnormais do lbio esto presentes, devendo ser pesquisadas e reconhecidas adequadamente, afim de que seja feita uma boa reconstruo cirrgica. No se trata, ento, de ausncia detecidos do lbio, mas, sim, de uma distribuio anmala dos elementos anatmicos que oformam. Na metade normal do lbio pode-se reconhecer a crista filtral correspondente, ofiltrum e o arco de Cupido. No lado fissurado possvel visualizar a outra crista filtral. Almdisso, existe uma deformidade nasal muito aparente, localizada na asa do nariz do lado fissu-rado, a qual est aplainada pela deformidade da cartilagem alar.

    O lbio leporino bilateral caracteriza-se por um deslocamento anterior da pr-maxila(osso intermaxilar) que empresta ao recm-nascido um aspecto desagradvel. A fissura com-preende o soalho do nariz de ambos os lados. Nesse tipo de fissura no possvel distinguirresqucios das estruturas anatmicas do lbio.

    Quanto fissura mediana do lbio superior, em geral corresponde fissura zero da clas-sificao de Tessier, podendo existir nariz bfido, septo nasal duplicado ou ausente, hipertelo-rismo e fenda do etmide.

    Tessier classifica as fissuras faciais de 0 a 14. De 0 a 9 correspondem as fissuras que iriamde medial a lateral, sendo a 10 o prolongamento cranial da 4, a 11 o prolongamento da 3, a 12da 1 e a 14 da 0.

    A 0 corresponde fenda facial mediana, caracterizada por nariz bfido, fissura medianado lbio superior, duplicao do freio labial superior e, s vezes, fissura mediana do palatosecundrio.

    A fissura 1 localiza-se na poro mediolateral do lbio superior, sobre o arco de Cupido.A forma clnica mais comum o lbio leporino uni ou bilateral.

    A fissura 2 uma transio entre a 1 e a 3. Pode existir lbio leporino unilateral, fissurado incisivo lateral e da fossa piriforme, com separao do seio maxilar e da cavidade nasal.

    A fissura 3, tambm chamada de nasocular ou fenda facial oblqua, localiza-se no sulcolacrimal do embrio, por falta de unio entre os processos maxilar e nasolateral. Existe umacomunicao entre a rbita, o seio maxilar, a cavidade nasal e a boca.

    A 4 tambm chamada de orocular ou fenda facial vertical.A fissura 5 muito rara, somente 12 casos foram descritos. Localiza-se nos tecidos moles

    do lbio entre o filtrum e a comissura labial, existindo comunicao entre a rbita e o seiomaxilar.

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    A 6 localiza-se na poro lateral da rbita, mais precisamente na sutura zigomtico-maxilar. s vezes existem malformaes no pavilho auricular.

    A fenda 7 caracteriza-se por uma fissura do zigomtico-temporal, com hipoplasia da maxila,do zigomtico e desenvolvimento incompleto do arco zigomtico. A mandbula apresenta umahipoplasia do lado afetado, s vezes com ausncia da borda anterior do ramo da mandbula eda cabea da mandbula. Pode existir macrostomia unilateral.

    A 8 estende-se da comissura at a regio temporal, com coloboma ocupado por um der-matocele. Na estrutura ssea o defeito est localizado na sutura frontozigomtica.

    A fissura 9 muito rara, localizada na borda superior e lateral da rbita. A plpebrasuperior encontra-se fissurada entra seus teros externo e mdio.

    No lbio leporino com palato fendido existe um fator hereditrio multifatorial ou polig-nico com tendncia familiar em, aproximadamente, 90% dos casos.

    A freqncia do lbio leporino com palato fendido varia entre 0,8 e 1,6 casos a cada milnascimentos.

    mais freqente no sexo masculino que no feminino, em uma relao de 7 para 3. maisfreqente o unilateral do que o bilateral, e o esquerdo do que o direito (Figura 1.7).

    A partir dos processos maxilares formam-se os ossos maxilares e os zigomticos. Das lminaspalatinas, os processos palatinos dos maxilares, os ossos palatinos e as asas mediais do processopterigide. Do mesnquima correspondente do palato primrio forma-se o osso intermaxilar. Dosepto nasal, a lmina perpendicular do etmide, o vmer e a cartilagem do septo nasal.

    No maxilar distingue-se uma poro posterior ou ps-maxilar e outra anterior ou pr-maxilar.Na zona posterior aparece um centro de ossificao que avana em direo anterior. A ossificao

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    A, Fenda facial oblqua. B, Fenda oblqua bilateral com lbio leporino fendido bilateral completo. C, Lbio leporino mediano. D, Lbio leporino bilateral. E,Fenda mediana do lbio inferior. F, Macrostomia unilateral. G, Macrostomia completa. H, Fossa nasal nica e microstomia. I, Nariz bfido e lbio fendidomediano incompleto.

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    ocorre muito precocemente. O osso palatino deriva do mesmo esboo embrionrio que a zona ps-maxilar. Ao mesmo tempo que aparece o osso zigomtico, tambm faz sua apario o processozigomtico do osso temporal.

    A aprosopia uma malformao muito rara, incompatvel com a vida. a ausncia totalou parcial do substrato sseo da face, sendo o osso maxilar o mais afetado. O palatino e olacrimal so incompletos ou esto ausentes.

    At o final da sexta semana de desenvolvimento formam-se vrios arcos de origem ectodrmicaque crescem at o mesoderma subjacente, o qual est localizado no interior dos maxilares e damandbula. a lmina dentria, constituda por uma camada superficial de clulas achatadas querepousam sobre uma camada basal de clulas cbicas. As clulas basais apresentam numerosas figu-ras mitticas e esto separadas do mesnquima subjacente por uma membrana basal. A lminadentria dar origem tanto aos dentes decduos quanto aos permanentes.

    Nos primeiros dias de seu desenvolvimento, a lmina dentria cresce obliquamente em direolingual, formando-se, por fim, uma proeminncia situada na profundidade, o germe dentrio, que vaicrescendo e se aprofundando cada vez mais; finalmente, a superfcie inferior do germe dentrioinvagina-se, etapa chamada de fase de capuz. Nesse momento, o germe dentrio passa a ser deno-minado rgo do esmalte, englobando o mesoderma subjacente, o qual constitui a papila dentria.Aps, o rgo do esmalte aumenta de volume e os ossos da mandbula e da maxila passam a circun-d-lo em parte. No quarto ms de desenvolvimento, o rgo do esmalte j est praticamente com seuvolume definitivo, sendo essa a fase de campnula. No quinto ms, o rgo do esmalte perde todaa conexo direta com o epitlio bucal, aparecendo, na zona de unio entre a lmina dentria e orgo do esmalte, um pequeno acmulo celular: o primrdio do dente permanente. O rgo doesmalte rodeado por fibras colgenas procedentes do mesoderma que o envolve, constituindo ochamado folculo dentrio, que dar origem membrana periodontal. As clulas imediatamentevizinhas ponta da papila dentria se diferenciam em ameloblastos, que produzem o esmalte dent-rio. Entre o epitlio externo do rgo do esmalte e esta camada de ameloblastos forma-se o retculoestrelado. As clulas mesenquimticas da papila dentria vizinhas aos ameloblastos transformam-seem odontoblastos, responsveis pela produo da dentina. medida que os ameloblastos e os odon-toblastos vo formando seu material calcificado, estas duas camadas celulares vo se distanciando.

    Na base do rgo do esmalte a camada de ameloblastos continua com a camada celular externa,e nessa linha de unio as clulas comeam a proliferar para formar a chamada bainha epitelial deHertwig, que vai crescendo e organizando a formao de odontoblastos nessa zona que ser a raiz.Ao mesmo tempo em que vai se formando a raiz, todo o dente desloca-se em direo cavidadebucal e entra em erupo antes mesmo que a raiz esteja totalmente formada. De fato, os dentesentram em funo um ou dois anos antes que o pice radicular esteja totalmente formado. Na raizdeposita-se cemento na superfcie externa da dentina.

    Enquanto se desenvolve o dente decduo, est se diferenciando o germe dentrio de seu suces-sor e a raiz do dente primrio comea a ser reabsorvida; quando o dente permanente estiver prontopara erupcionar, a raiz do dente decduo ter sido totalmente reabsorvida.

    ARCOS FARNGEOS OU BRANQUIAIS

    A extremidade ceflica do intestino anterior ou faringe apresenta uma grande complexidade.Na zona externa observa-se a existncia de uma espcie de brnquias, em nmero de quatro ou cincopares (Figura 1.8), as quais, em profundidade, se comunicam com um ncleo central de tecidomesodrmico (coberto em seu exterior pelo ectoderma e em seu interior por epitlio do tipo endo-drmico). Os arcos farngeos ou branquiais esto separados por sulcos visveis na parte externa ousulcos branquiais, enquanto na parte interna pelas bolsas farngeas. No mesnquima de cada arcobranquial desenvolvem-se elementos musculares e esquelticos, bem como arteriais; alm disso, acada arco corresponde um ramo nervoso. Todos esses elementos sofrem uma srie de evolues, de

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    Arcos branquiais nas semanas de desenvolvimento: trs e meia (A), quatro (B), cinco (C) e final da stima semana (D).

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    modo que alguns deles migram at alcanarem uma disposio que j no a original. A evoluodas bolsas farngeas ser abordada no captulo correspondente ao estudo dos derivados braquige-nos (Captulo 12).

    O primeiro arco farngeo (Figuras 1.9 e 1.10) o arco mandibular, cuja poro superiorvem a ser o processo maxilar, j mencionado, e cuja poro inferior o arco mandibular propriamen-te dito, com uma poro cartilaginosa ou cartilagem de Meckel. O processo maxilar contribui para aformao facial. Quanto cartilagem de Meckel, sua maior parte reabsorvida para induzir o desen-volvimento da mandbula, a qual se forma por ossificao membranosa do tecido mesenquimticoque circunda a cartilagem de Meckel. Uma pequena parte da cartilagem ossifica-se na zona maisventral. Quanto cabea e ao processo coronide da mandbula, sua ossificao endocondral. Norecm-nascido existem duas hemimandbulas que se fusionam na linha mdia (Figura 3.9). Aos doisanos de idade forma-se um conjuntivo na zona central que no futuro pode dar lugar aos ossculosmentuais. No interior da mandbula, forma-se o conduto mandibular e outro mais inferior, o condutode Serres, para uma veia includa no tecido esponjoso, do qual no restam vestgios a partir dos oitoanos de idade. A extremidade da cartilagem de Meckel ossifica-se e forma os pequenos ossos daorelha mdia: o martelo e a bigorna.

    A musculatura que se origina a partir do mesnquima do primeiro arco a mastigatria, que vaimovimentar a mandbula, para os processos de mastigao, suco, etc., muito desenvolvidos nofeto e sobremaneira no recm-nascido; de seu bom funcionamento depende a adequada alimenta-o do recm-nascido. Trata-se dos msculos temporal, masseter e pterigideo; tambm derivamdesse mesnquima o ventre anterior do msculo digstrico, o msculo milo-hiideo, o msculo domartelo e o msculo tensor do vu palatino. Deve-se levar em conta que, embora sua origem estejano primeiro arco, a insero desses msculos no se faz somente no osso que dele se derive.

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    Esquema representativo dos arcos farngeos com seus componentes cartilaginosos, arteriais e nervosos. Emvermelho: artria; em azul: cartilagem; em amarelo: nervo. Esto esquematizados os derivados dos sulcos e dasbolsas farngeas. O segundo arco cresce consideravelmente, ocultando as fendas mais caudais.

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    Diversos derivados dos arcos farngeos. Alguns elementos ossificam-se e outros transformam-se em ligamentos oudesaparecem. A cartilagem de Meckel substituda pela mandbula definitiva, cuja ossificao membranosa.

    A inervao dessa musculatura ocorre por meio da terceira diviso (motora) do nervo trigmeo(V par craniano). O mesnquima do primeiro arco branquial contribui para a formao da derme dapele da face, enquanto a inervao sensitiva correspondente (da pele), por meio dos trs ramos donervo trigmeo (oftlmico, maxilar e mandibular).

    A fenda mediana do lbio inferior muito pouco freqente e origina-se pela ausncia deunio dos processos mandibulares. Clinicamente manifesta-se como uma deformidade quevai de uma simples ranhura mediana do lbio inferior at fissuras autnticas que podemafetar a mandbula at o osso hiide e o esterno. Poderia ser considerada como princpio defenda mediana inferior a depresso que algumas pessoas apresentam no mento e que consi-derada absolutamente normal. A agnatia uma falta de desenvolvimento da mandbula, que acompanhada de defeitos nos ossculos da orelha mdia e na caixa timpnica. A macrogna-tia uma mandbula grande levando, conseqentemente, a um prognatismo; j a micrognatia o defeito oposto, dando ao indivduo um aspecto de peixe ou de pssaro. A epignatia, tam-bm denominada polignatia, uma duplicidade total da mandbula, em forma de um esboosseo situado, via de regra, de um lado e em um plano superior ao rebordo alveolar. s vezesh malformaes consistentes, nas quais o ramo da mandbula desenvolve-se, de um lado, deforma defeituosa quando comparado ao outro (malformao de Nager-Reyner).

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    O segundo arco farngeo (Figuras 1.9 e 1.10), o arco hiideo, d lugar ao corno menor e parte superior do osso hiide por ossificao da cartilagem correspondente ou cartilagem de Rei-chert. Tambm d origem ao estribo da orelha mdia, ao processo estilide do osso temporal e aoligamento estilo-hiideo.

    A musculatura originada desse arco a da mmica facial, importante para a expresso emocio-nal; da mesma forma, d origem ao msculo do estribo, ao msculo estilo-hideo e ao ventre poste-rior do msculo digstrico.

    A inervao dessa musculatura corresponde ao nervo facial (VII par craniano).O terceiro arco farngeo (Figuras 1.9 e 1.10) forma o corno maior e a poro inferior do

    corpo do osso hiide. A musculatura a da deglutio, localizada, no adulto, nas paredes da faringe(msculos constritor superior da faringe e estilofarngeo). O nervo do terceiro arco o IX par crani-ano ou nervo glossofarngeo.

    O quarto e o sexto arcos farngeos (Figuras 1.9 e 1.10) (o quinto muito rudimentar) dolugar a componentes cartilaginosos que se fundem para formar a laringe (com suas cartilagens tireide,cricide, aritenide, corniculada e cuneiforme). Os msculos derivados do quarto arco so o cricoti-reideo, o levantador do vu palatino e os constritores inferiores da faringe. So inervados pelo ramolarngeo superior do nervo vago (X par craniano). Os demais msculos intrnsecos da laringe so inerva-dos pelo ramo larngeo recorrente do nervo vago, que o nervo correspondente ao sexto arco branquial.

    SULCOS BRANQUIAIS

    No embrio de cinco semanas, observam-se cinco sulcos branquiais ou farngeos (Figura 1.8)dos quais a poro dorsal do primeiro sulco, introduzindo-se na espessura do mesnquima subjacen-te, d lugar ao meato acstico externo, cujo fundo contribui para formar a membrana timpnica. Noque diz respeito ao segundo, terceiro e quarto sulcos, vo ficar ocultos e recobertos pelo grandedesenvolvimento que vo sofrer as estruturas adjacentes, principalmente pelo desenvolvimento dosegundo arco branquial; trata-se de uma zona de depresso denominada seio cervical, cuja aberturaexterna vai-se estreitando e finalmente se oclui pelo crescimento das estruturas que o circundam; abolsa, assim formada, obliterada (Figura 1.9).

    Quando o segundo arco farngeo cresce sobre o terceiro e quarto arcos, mantm-se umacomunicao do segundo, terceiro e quarto sulcos branquiais com o exterior, por meio de umorifcio estreito denominado fstula branquial, que drena um cisto cervical lateral, que nadamais do que os restos do seio cervical, com freqncia situado abaixo do ngulo da mand-bula; cistos cervicais podem ser encontrados em uma zona qualquer ao longo da borda ante-rior do msculo esternocleidomastideo, e a drenagem, portanto, varivel ao longo de todoo msculo (Figura 1.11).

    Os cistos amigdalides so produzidos pela incluso do ectoderma da segunda bolsafarngea entre o segundo e o terceiro arcos farngeos (Figura 1.11).

    Pode ocorrer de o seio cervical comunicar-se com a faringe por um pequeno canal quedesemboca na regio das tonsilas palatinas; trata-se da fstula branquial interna; esta umacomunicao entre o segundo sulco branquial e a segunda bolsa farngea (Figura 1.11).

    As fstulas pr-auriculares tm tambm uma origem congnita e situam-se normalmenteentre o trago e a hlice, entre a raiz da hlice e a hlice, ou bem no centro entre a antlice e ahlice.

    As fstulas derivadas dos arcos farngeos devem-se persistncia de remanescentes em-brionrios do segundo e, ocasionalmente, do terceiro arco farngeo. Seu orifcio inferior, ouexterno, abre-se no nvel da borda anterior do msculo esternocleidomastideo, geralmentepor baixo da tireide ou tambm na regio pr-auricular. O superior, ou interno, abre-se nopilar posterior, imediatamente acima da tonsila palatina.

    As fstulas derivadas dos sulcos branquiais podem ser originadas a partir do primeiro esegundo sulcos branquiais. As originadas do primeiro sulco so as crvico-auriculares. O orif-

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    A: cistos cervicais laterais, ventralmente ao msculo esternocleidomastideo. B: cisto cervical lateral desembocando na faringe, no nvel da tonsila palatina ouabrindo-se na regio lateral do pescoo.

    cio inferior est localizado frente do msculo esternocleidomastideo, por debaixo da bordainferior da mandbula, acima do plano do hiide. O orifcio superior est localizado ao nveldo meato acstico externo, na altura da ranhura intertrgica. As fstulas derivadas do segundosulco branquial apresentam um orifcio externo a uma altura varivel, entre o mastide e aforquilha esternal, geralmente por baixo da margem inferior da mandbula, mas nem sempre frente do msculo esternocleidomastideo. O orifcio interno situa-se na fossa supratonsilar.

    A sndrome do primeiro arco conseqncia de malformaes devidas ao desapareci-mento ou desenvolvimento anmalo de diversos componentes do primeiro arco farngeo. As-sim, por exemplo, na sndrome de Treacher Collins, tambm denominada disostosemandibulofacial, sndrome de Berry ou agenesia facial bilateral, existe uma srie de malfor-maes que em sua forma completa compreendem o desenvolvimento incompleto bilateraldos ossos da face, principalmente da mandbula e zigomtico. Anomalias no desenvolvimentoda orelha mdia e externa, com orelhas em abano. Macrostomia, palato ogival e dentioanormal. Alteraes palpebrais, como desenvolvimento antimonglico do sulco interpalpe-bral, ectrpio da plpebra inferior em sua poro externa e clios deficientes ou ausentes nasplpebras inferiores.

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    Na sndrome de Pierre Robin existe hipoplasia mandibular, com marcada micrognatia, oque faz com que a lngua deslize at a faringe (glossoptose) chegando a produzir, nos casosmais graves, obstruo inspiratria do tipo valvular. Existe tambm palato ogival que noscasos completos pode chegar fissura palatina completa.

    A sndrome do primeiro e do segundo arcos branquiais tambm denominada sndromede Goldenhar, microssomia hemifacial, sndrome culo-auriculovertebral e displasia necrticafacial. Noventa por cento dos casos apresentam malformaes unilaterais e os 10% restantes,malformaes bilaterais. A freqncia seria de um para cada 6.000 nascimentos, segundoGrabb, ocorrendo mais em homens que em mulheres.

    Caracteriza-se por malformaes do pavilho auricular (microtia), do meato acstico exter-no (em fundo de saco), e da orelha mdia (falta de desenvolvimento do estribo e da bigorna). Damesma forma existem malformaes na mandbula, principalmente na borda anterior do ramoda mandbula, na cabea mandibular e na fossa mandibular, que esto hipoplsicas. Existe tam-bm falta de desenvolvimento da maxila e do zigomtico, bem como do osso temporal. Desen-volvimento incompleto dos msculos faciais, quase sempre de forma unilateral (microstomia).Tanto a glndula partida quanto o ducto parotdeo podem estar ausentes.

    PARES CRANIANOS (DELINEAMENTO EMBRIOLGICO)

    O sistema nervoso central controla e coordena as funes do organismo por meio de informa-es que chegam (aferentes) e respostas que elabora (eferentes) por intermdio de nervos, os quaisconstituem o sistema nervoso perifrico.

    No homem, ocorre considervel desenvolvimento do sistema nervoso. A notocorda, e em geralo tecido cordomesoblstico, o que determina, no ectoderma suprajacente, sua transformao emsistema nervoso central por fenmenos de induo (para cuja compreenso recomendamos a con-sulta a um livro de embriologia). O chamado ectoderma sofre primeiro um espessamento para for-mar a placa neural, que depois se deprime na linha mdia, formando o canal neural, com bordas ourodetes que se aproximam na linha mdia, provocando um fechamento no sentido rostral e caudal.Finalmente, restam dois orifcios, os neurporos anterior e posterior, dos quais o anterior se fechadois ou trs dias antes do posterior.

    A poro mais rostral do sistema nervoso central cresce consideravelmente para constituir oencfalo, que apresenta um crescimento desigual, distinguindo-se, em um primeiro momento, trsvesculas: prosencfalo, mesencfalo e rombencfalo. No primeiro so diferenciados o diencfalo e otelencfalo; o rombencfalo ser dividido em metencfalo e mielencfalo. O mesencfalo e o rom-bencfalo, por sua vez, constituem o tronco enceflico ou cerebral, onde se desenvolvem neurnioscujas fibras nervosas constituem a maior parte dos pares cranianos.

    A poro mais caudal do sistema nervoso central a medula espinal, na qual entram e saemfibras nervosas que constituem os nervos espinais ou raquidianos. Tanto os nervos espinais quanto ospares ou nervos cranianos apresentam fibras motoras e sensitivas, com exceo de alguns parescranianos que so exclusivamente sensitivos ou motores. As fibras motoras iro inervar a musculatu-ra e as fibras sensitivas, correspondentes s vias aferentes, o sistema nervoso central.

    Musculatura

    Quanto musculatura, em todo o corpo desenvolvem-se fibras musculares a partir de agrega-dos celulares chamados de somitos (musculatura somtica), cuja caracterstica ser do tipo volunt-rio e com estriaes transversais, observveis ao microscpio, que fazem com que seja tambmdenominada musculatura estriada. Existe uma musculatura que s se desenvolve nos nveis ceflico ecervical, a partir do mesnquima dos arcos branquiais, tambm estriadas e de carter voluntrio (mus-culatura branquial). Finalmente, desenvolve-se uma musculatura de caractersticas microscpicas lisas(musculatura lisa) de tipo involuntrio, a qual est relacionada com as vsceras e glndulas anexas,derivando-se praticamente do folheto esplancnopleural do mesoderma lateral intra-embrionrio.

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    Esquema dos pares cranianos correspondentes a cada um dos arcos farngeos. Esto esquematizados os esboos musculares dos arcos farngeos. Observam-setambm os miotomas pr-pticos, occipitais e superiores do tronco, bem como a inervao do membro superior.

    Musculatura somtica

    Em etapas iniciais distinguem-se na cabea quatro pares de somitos occipitais, dos quais os maiscraniais desaparecem em seguida, derivando dos trs pares restantes a musculatura lingual. Paratanto, a matriz somtica tem de migrar at a regio da lngua, descendo at abaixo e frente. Osramos nervosos correspondentes surgem do rombencfalo e se renem para constituir o XII parcraniano ou nervo hipoglosso (n. hipoglossus), o qual atravessa a base do crnio pelo foramecorrespondente (canalis hipoglossi), no osso occipital, na base do crnio. A musculatura lingual revestida pelo ectoderma, cuja sensibilidade corresponde a outros pares cranianos (Figura 1.13).

    Na regio prxima aos globos oculares est a musculatura ocular extrnseca, para atuarno movimento dos mesmos, que provavelmente do tipo somtico. Pela frente da notocorda for-mam-se trs pares de agregados somticos (os miotomas pr-pticos), dos quais se deriva a muscula-tura inervada pelo III par craniano ou nervo oculomotor (n. oculomotorius), pelo IV parcraniano ou nervo troclear (n. trochlearis) e pelo VI par craniano ou nervo abducente (n.abducens), que atravessam a fissura orbital superior (entre as asas maior e menor do esfenide). OIII par craniano surge dos nveis mais rostrais do mesencfalo; o IV par craniano o faz de nveis maiscaudais do mesencfalo e o VI par craniano surge do rombencfalo, no limite entre metencfalo emielencfalo. Esse conjunto de fibras motoras que inerva a musculatura somtica denomina-se tam-bm fibras motoras somticas gerais (Figura 1.12).

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    Musculatura branquial

    A musculatura mastigatria advm do primeiro arco farngeo e inervada pelo V par cranianoou nervo trigmeo (n. trigeminus), procedente do metencfalo (ncleo mastigatrio), na poromastigatria de seu terceiro ramo, o qual atravessa o crnio no forame oval da asa maior do esfeni-de (Figura 1.12).

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    Diversas fibras nervosas sensitivas e motoras no adulto. Azul-claro: fibras motoras viscerais gerais. Azul-escuro: fibras motoras viscerais especiais. Rosa: fibrassensitivas viscerais gerais. Vermelho: fibras sensitivas viscerais especiais.

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    A musculatura facial ou da mmica deriva do segundo arco farngeo e inervada pelo VII parcraniano ou nervo facial (n. facialis), originrio do metencfalo, embora surja no limite entre ometencfalo e o mielencfalo. Atravessa a poro tica da base do crnio, ingressando pelo meatoacstico interno para surgir no exterior pelo forame estilomastideo (Figura 1.12).

    Do terceiro arco farngeo provm a musculatura da deglutio, a qual inervada pelo IX parcraniano ou nervo glossofarngeo (n. glossopharyngeus), a partir do rombencfalo no nvel do mie-lencfalo (ncleo ambguo) e sai do crnio pelo forame jugular (Figura 1.12).

    Do quarto ao sexto arcos farngeos derivam, entre outros, a musculatura larnge, inervada peloX par craniano ou nervo vago ou, ainda, pneumogstrico (n. vagus), que deixa o encfalo(ncleo ambguo) pelo mielencfalo para atravessar o forame jugular (Figura 1.12).

    possvel que do sexto arco farngeo provenha parte da musculatura lateral do pescoo, comoos msculos esternocleidomastideo e trapzio, embora discuta-se qual sua origem exata. So iner-vados pelo XI par craniano ou nervo acessrio, originados do mielencfalo para inervar a muscu-latura larngea, e da medula espinal em seus nveis cervicais para inervar a mencionada musculaturado pescoo (nervo espinal propriamente dito); suas fibras partem do forame jugular, juntamentecom o IX e X pares cranianos (Figura 1.12).

    Tais fibras nervosas que formam a musculatura de origem farngea ou branquial tambm sochamadas de fibras motoras viscerais especiais.

    Musculatura lisa e glndulas (Figura 1.13)

    A musculatura lisa das vsceras, assim como as glndulas, so inervadas por fibras nervosasmotoras formadoras de parte dos pares cranianos, as quais se caracterizam por serem do tipo invo-luntrio. So fibras que surgem do encfalo (fibras pr-ganglionares) para fazer sinapse em gngliosvegetativos prximos s estruturas inervadas, de onde advm as fibras nervosas correspondentespara inervar tais estruturas (fibras ps-ganglionares), formando parte do sistema nervoso parassim-ptico, denominadas, em seu conjunto, fibras motoras viscerais gerais.

    Existe uma musculatura lisa ocular cuja funo fechar a pupila. A contrao da ris contro-lada pelo sistema nervoso parassimptico por intermdio da poro ciliar do III par craniano. Ognglio correspondente, prximo do globo ocular, o ciliar. So fibras que surgem do mesencfaloem sua poro mais cranial, acompanhando o restante das fibras do III par craniano.

    Existem, ainda, as fibras parassimpticas para a regulao das glndulas da mucosa nasal e daglndula lacrimal. As fibras pr-ganglionares correspondentes formam parte integrante do VII parcraniano, originrias com ele do rombencfalo, dali se desprendendo no interior da poro ticapara formar os nervos petrosos correspondentes. As fibras dos nervos petrosos maiores formam onervo do canal pterigide, que percorre o conduto escavado na base da implantao do processopterigide (parte do osso esfenide) para, finalmente, chegar ao gnglio pterigopalatino ou esfeno-palatino, situado fora da cavidade craniana, de onde provm as fibras ps-ganglionares que inervama glndula lacrimal e as mucosas da fossa nasal. Em conjunto, as fibras nervosas do VII par cranianoque inervam essas glndulas constituem o nervo lacrimomucosonasal. Tambm integram o VII parcraniano as fibras parassimpticas responsveis pela inervao das glndulas salivares sublingual esubmandibular. O gnglio correspondente o submandibular. As fibras nervosas desprendem-se doVII par craniano no interior da poro tica do crnio para percorrerem um trajeto vizinho mem-brana timpnica. Trata-se, em conjunto, do nervo salivatrio superior.

    A partida a outra glndula salivar. As fibras pr-ganglionares correspondentes sua inerva-o parassimptica acompanham o IX par craniano, surgindo, por conseguinte, pelo forame jugular,onde se desprendem desse par craniano para penetrar na poro tica do crnio (nervo petroso) esaem do crnio pelo forame lcero, encontrando o gnglio tico, de onde surgem as fibras ps-ganglionares que inervam a glndula partida. Em conjunto, trata-se do nervo salivatrio inferior.

    Sensibilidade

    No que diz respeito sensibilidade (Figura 1.13), possvel falar-se de uma sensibilidade dotipo consciente ou do tipo inconsciente (neste caso, do tipo visceral).

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  • EMBRIOLOGIA 41

    O sentido olfatrio est localizado nas fossas nasais, onde as fibras nervosas reconhecem asensibilidade correspondente ao placide olfatrio. Trata-se do primeiro par craniano ou nervoolfatrio (nervi olfactorii), exclusivamente sensitivo. A retina forma-se a partir do diencfalo, isto, da zona basal do prosencfalo; constituem-se duas copas pticas, cujos prolongamentos so osrespectivos nervos pticos (n. opticus) ou II par craniano. Esses pares cranianos formam viasnervosas concernentes aos rgos dos sentidos especiais. O grupo tambm inclui o VIII par cranianoou nervo vestibulococlear (n. vestibulocochlearis), relacionado audio e ao equilbrio; o rgovestibulococlear desenvolve-se no interior da poro tica do crnio e apresenta uma poro anteriorou auditiva e outra posterior ou esttica, a do equilbrio. Os corpos neuronais correspondentes en-contram-se nos gnglios que correspondem s pores vestibular e coclear (gnglios vestibular eespiral: ganglion vestibulare, spirale). Em relao topogrfica com a vescula vestibulococlear, queforma a orelha interna, o primeiro sulco branquial e a primeira bolsa farngea do origem, respecti-vamente, orelha externa e orelha mdia.

    A cabea recoberta pela pele derivada do ectoderma, representada pela sua camada maisexterna, a epiderme, a qual tem uma sensibilidade que absorvida pelo V par craniano ou nervotrigmeo (n. trigeminus) com seus trs ramos: oftlmico, maxilar e mandibular. A sensibilidade dapele mais anterior tomada pelo nervo oftlmico, a da zona do processo maxilar corresponde aonervo maxilar e a da regio do arco mandibular, assim como a sensibilidade ttil da lngua, corres-ponde ao nervo mandibular. Assim, o nervo trigmeo inerva sensitivamente as cavidades nasais ebucal. O gnglio correspondente a tal sensibilidade situa-se prximo poro tica e constitui ognglio trigeminal (ganglion trigeminalis). As fibras que surgem do gnglio penetram no rom-bencfalo, da mesma forma que as fibras motoras, cujo conjunto destas tambm se denomina fibrassensitivas somticas gerais.

    Quanto sensibilidade gustativa, aquela correspondente aos dois teros anteriores da lngua absorvida pelo nervo corda do tmpano, em conjunto com as fibras parassimpticas para as glndu-las submandibular e sublingual, que penetram na poro tica para encontrar o gnglio correspon-dente ao VII par craniano, o gnglio geniculado (ganglion geniculi). As fibras gustativascorrespondentes ao vu palatino formam o nervo supratimpnico, que igualmente penetra na por-o tica do crnio e alcana o gnglio geniculado, onde tambm esto os corpos neuronais corres-pondentes. Do gnglio geniculado, as fibras que seguem penetram no rombencfalo, da mesmaforma que as do VII par craniano, saindo do mesmo local, constituindo, em conjunto, o chamadonervo intermdio.

    A sensibilidade gustativa da base da lngua e das partes laterais e posteriores da faringe recolhida por fibras correspondentes ao IX par craniano. O gnglio, situado prximo do foramejugular, o gnglio inferior do nervo glossofarngeo ou gnglio petroso (ganglion infe-rius), enquanto os axnios dos seus neurnios penetram no mielencfalo juntamente com as fibrasmotoras correspondentes.

    A sensibilidade da laringe veiculada pelo nervo larngeo superior, que se incorpora ao X parcraniano, e seu gnglio, situado prximo ao IX par craniano, o gnglio plexiforme, nodoso ouinferior do X par craniano (ganglion inferius), d lugar a fibras que penetram no rombencfalojuntamente com as fibras motoras.

    H quem designe todos esses tipos de fibras correspondentes aos VII, IX e X pares cranianos defibras sensitivas viscerais especiais. uma sensibilidade do tipo consciente (como tambm o asensibilidade ttil do nervo trigmeo).

    Existe, alm disso, uma sensibilidade inconsciente que pode ser denominada visceral geral, aqual corresponde ao IX e X pares cranianos com seus respectivos nervos, responsveis pelo transpor-te de sensibilidades do corpo e seio carotdeos e do corpo e seio articos, respectivamente; trata-sede impulsos relacionados presso arterial e ao grau de acidez do sangue. Os gnglios correspon-dentes so os mesmos que para a sensibilidade visceral especial desses pares cranianos.

    Existe uma sensibilidade ttil do pavilho da orelha que no recolhida pelo nervo trigmeo,mas, sim, pelos VII, IX e X pares cranianos, estando os respectivos corpos neuronais localizados nognglio geniculado do VII par craniano e nos gnglios superiores (ganglion superius) do IX e X parescranianos, situados no forame jugular.

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