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CC O que é auto-imunidade? O que é auto-anticorpos? Quais doenças são produzidas? Doadores de sangue? Pró-Reitoria de Graduação Curso de Biomedicina Trabalho de Conclusão de Curso Brasília - DF 2012 ANÁLISE DE METODOLOGIAS LABORATORIAIS PARA DIAGNÓSTICO DE ANEMIA FALCIFORME Autor: Wellington Vali Duarte Orientador: Prof. Esp. Fábio de França Martins

ANÁLISE DE METODOLOGIAS LABORATORIAIS … vários eritrócitos em forma de foice, evidenciando uma anisocitose. Por ser uma doença hemolítica, comumente se observa policromasia

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CC

O que é auto-imunidade?

O que é auto-anticorpos?

Quais doenças são produzidas?

Doadores de sangue?

Pró-Reitoria de Graduação Curso de Biomedicina

Trabalho de Conclusão de Curso

Brasília - DF 2012

ANÁLISE DE METODOLOGIAS LABORATORIAIS PARA

DIAGNÓSTICO DE ANEMIA FALCIFORME

Autor: Wellington Vali Duarte

Orientador: Prof. Esp. Fábio de França Martins

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WELLINGTON VALI DUARTE

ANÁLISE DE METODOLOGIAS LABORATORIAIS PARA DIAGNÓSTICO DE

ANEMIA FALCIFORME

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao

curso de graduação em biomedicina da

Universidade Católica de Brasília, como

requisito parcial para obtenção do título de

graduado em biomedicina.

Orientador: Prof. Esp. Fábio de França Martins

Brasília

2012

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O trabalho de conclusão de curso, de autoria de Wellington Vali Duarte, intitulado

“ANÁLISE DE METODOLOGIAS LABORATORIAIS PARA DIAGNÓSTICO DE

ANEMIA FALCIFORME”, apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de

Bacharel em Biomedicina da Universidade Católica de Brasília, em 20 de novembro de 2012,

defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

Prof. Esp. Fábio de França Martins

Orientador

Biomedicina – UCB

Profa. Esp. Simone Cruz Longatti

Biomedicina – UCB

_____________________________________________________________

Profa. MsC. Flávia Ikeda e Araújo

Biomedicina – UCB

Brasília

2012

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por me dar a oportunidade de me formar em um curso

em que poucos ingressam e sem ele nada seria possível; por me dar saúde, calma, sabedoria e

paciência.

Agradeço também ao meu pai, Amilton Vali Duarte e minha mãe, Maria de Lourdes

Goulart Duarte pelo apoio incondicional, compreensão, carinho, amor e com os quais sei que

posso contar a qualquer momento. Aos meus irmãos Amilton e Irvington pelo apoio.

Aos meus grandes e eternos amigos que me relacionei por toda minha vida assim

como aos amigos que fiz na graduação e que me proporcionaram momentos que ficarão para

sempre em minha memória. A todos os colegas de turma que compartilhei trabalhos,

aprendizado e conhecimento, o meu muito obrigado.

Ao meu orientador Fábio de França Martins que me guiou em tão pouco tempo para a

realização deste trabalho final. A todos os professores e funcionários, os quais respeito,

admiro e considero como profissionais cruciais para a minha graduação, deixo minha eterna

gratidão.

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RESUMO

DUARTE, Wellington Vali. Análise de metodologias laboratoriais para diagnóstico de

anemia falciforme. 2012. 35 pag. Monografia (Biomedicina) - Universidade Católica de

Brasília, Brasília-DF, 2012.

A anemia falciforme é certamente um problema de saúde pública no Brasil. Presente em 4%

da população brasileira, a hemoglobina S é a origem desta classe de anemia e atinge até 10%

dos afrodescendentes com a média de nascimentos de 3.500 crianças portadoras da anemia

falciforme, por ano no Brasil.. Das complicações associadas aos portadores de doença

falciforme destaca-se: crises dolorosas, acidente vascular cerebral, síndrome torácica aguda,

osteonecrose e maior risco de infecções. Devido à expressão clínica da anemia falciforme, o

uso de metodologias laboratoriais adequadas é essencial. Atualmente, usam-se as seguintes

técnicas: Teste de solubilidade; Dosagem de hemoglobina Fetal; Dosagem de Hemoglobina

A2; Hemograma completo; Eletroforese de hemoglobinas em pH alcalino e também em pH

ácido; Cromatografia líquida de alta performance (HPLC); Focalização Isoelétrica; Teste de

falcização. Metodologias mais atuais vêm sendo desenvolvidas, permitindo que façamos

comparações entre técnicas laboratoriais para diagnóstico de anemia falciforme levando em

consideração variantes como: custo, economia de tempo, capacitação profissional,

sensibilidade e adequação à necessidade do paciente. Esta revisão de literatura compara as

técnicas laboratoriais para diagnóstico de anemia falciforme considerando as variantes

mencionadas e buscando determinar a mais eficiente. Se tratando de diagnóstico para anemia

falciforme torna-se difícil eleger uma das metodologias mencionadas neste trabalho, como a

melhor, sem que o contexto do diagnóstico seja levado em consideração. Se por um lado,

fatores como facilidade, praticidade, rapidez na execução, estabilidade, durabilidade dos

reagentes e a fácil capacitação de profissionais para execução da técnica justificam a

utilização de métodos com sensibilidade e especificidade boas para triagem, mas não ideais

para diagnóstico, por outro o uso de técnicas mais onerosas, que exijam maior capacitação dos

profissionais e investimento tecnológico retribuem ao serviço laboratorial uma melhor

confiabilidade, especificidade e sensibilidade no diagnóstico das anemias falciformes.

Palavras-chave: Pacientes, anemia falciforme, diagnóstico laboratorial

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ABSTRACT

The sickle cell anemia is certainly a public health concern in Brazil. Present in 4% of the

Brazilian population, the hemoglobin S is the origin of this class of anemia, affecting up to

10% of the afrodescendants and is shown to be present in 3500 newborns a year in Brazil. Out

of the complications associated with the carriers of the sickle cell mutation, it is prominent to

highlight painful seizures, cerebral vascular accident, acute thoracic syndrome, ostenecrosis

and higher risk for infections. Due to the clinical expression of sickle cell anemia, the use of

suitable laboratorial methodologies is crucial. Currently, the following techniques have been

used: solubility test, fetal hemoglobin dosage, hemoglobin A2 dosage, complete blood count,

hemoglobin electrophoresis in alkaline or acid pH, high-performance liquid chromatography

(HPLC), isoeletric focusing and falcization test. More recent techniques have been developed,

allowing us to make comparisons with the ongoing laboratorial methods for sickle cell anemia

diagnosis, considering variants such as costs, time-saving strategies, professional

qualification, sensibility and suitability in accordance to patients’ needs. This literature review

compares the laboratorial techniques used for diagnosing sickle cell anemia, highlighting the

variants mentioned herein and looking forward to determining the most effective method.

When it comes to sickle cell anemia diagnosis, it has shown to be impossible to determine one

out of the methodologies mentioned as the most effective test without taking into account the

context in which the diagnosis takes place. On one hand, factors such as facility, practicality,

execution quickness, stability, durability of the reagents and professional qualification, live up

to the use of less sensitive methods during screening. On the other hand, the use of

burdensome techniques, which demand higher professional qualification, rewards the

laboratorial labor with better reliability and sensitivity.

Keywords: Patients, sickle cell anemia, laboratory diagnosis

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LISTA DE ABREVIATURAS

cGMP: Guanosina Monofosfato Cíclica

CHCM: Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média

DHL: Desidrogenase Láctica

FE: Fase estacionária

FIE: Focalização Isoelétrica

GTP: Guanosina Trifosfato

Hb: Hemoglobina

HCM: Hemoglobina Corpuscular Média

HPLC: Cromatografia Líquida de Alta Performance/Pressão/resolução/Eficiência

HU: Hidroxiuréia

ICAM: Molécula de Adesão Intercelular

IFN: Interferon

IL: Interleucina

NO: Óxido Nítrico

P.I.: Ponto Isoelétrico

pH: Potencial Hidrogeniônico

PS: Fosfatidilserina

RDW: Red cell Distribution Width (Variação de tamanho de eritrócitos)

RN: Recém Nascido

VCAM-1: Molécula de Adesão Celular Vascular

VCM : Volume Corpuscular Médio

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 8

2 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................... 19

3 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 29

4 MATERIAL E MÉTODO ................................................................................................... 30

5 CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 31

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 32

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1 INTRODUÇÃO

O problema de saúde pública oriundo da presença da anemia falciforme em muitos

indivíduos no Brasil é uma realidade. Tendo a hemoglobina S como origem da doença, a

anemia falciforme está presente em 4% da população brasileira e até 10% dos

afrodescendentes com a média de nascimentos de 3.500 crianças portadoras da anemia

falciforme, por ano no Brasil1.

A doença falciforme representa um grupo de doenças oriundas da herança da

hemoglobina S, podendo ser em homozigose (SS), o que caracteriza a anemia falciforme;

duplas heterozigoses como hemoglobinopatias SC e SD ou juntamente com talassemias, tais

como S-talassemia e doença falciforme com -Talassemia1.

O gene da hemoglobina S é um gene que foi trazido para as Américas por meio da

migração forçada de escravos africanos a partir do século XVI. No Brasil a doença possui

maior presença nas regiões sudeste e nordeste2.

A doença falciforme apresenta suas raízes na síntese da hemoglobina. As

hemoglobinas ocupam grande parte do eritrócito e tem como principal papel o transporte de

oxigênio para os tecidos do organismo. Sua composição é basicamente de um tetrâmero com

duas cadeias alfa e duas cadeias não alfa, cada uma delas ligada com um grupo heme, este

último sendo a junção de ferro e protoporfirina1. A síntese das globinas alfa inicia-se no

cromossomo 16 e a das outras globinas, como beta e gama, no cromossomo 11. A

hemoglobina S resulta de uma troca de bases nitrogenadas que acabam codificando o

aminoácido valina ao invés do ácido glutâmico na globina beta. Na falta de oxigênio, a valina

agora presente interage com aminoácidos de outras globinas beta, o que caracteriza o processo

de polimerização, o que dá o formato de foice ao eritrócito1.

Das complicações associadas aos portadores de doença falciforme destacam-se: crises

dolorosas, acidente vascular cerebral, síndrome torácica aguda, osteonecrose e maior risco de

infecções. A raiz dessas complicações está no fato de que a polimerização da hemoglobina S

altera a morfologia eritrocitária e lesa a membrana, prejudicando a travessia dos eritrócitos

mal formados por vasos de pequeno calibre, que como consequência pode gerar vaso oclusão,

que por sua vez facilita o aparecimento das complicações citadas1.

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Quando o indivíduo possui a hemoglobina SS, isto é, quando recebeu o gene para

hemoglobina S tanto do pai quanto da mãe, a condição é caracterizada como anemia

falciforme, onde o eritrograma se apresenta, geralmente, com índices hematimétricos

condizentes com uma anemia normocítica e normocrômica, podendo haver macrocitose de

acordo com a presença de reticulócitos. A citologia das hemácias na anemia falciforme

apresenta vários eritrócitos em forma de foice, evidenciando uma anisocitose. Por ser uma

doença hemolítica, comumente se observa policromasia e eritroblastos no sangue periférico.

Estes últimos acabam sendo contados como linfócitos na leucometria por contadores

automatizados1.

A seguir a figura de um eritrócito maduro, evidenciando drepanócitos em lâmina

microscópica. Estas células falciformes se apresentam alongadas devido à polimerização da

hemoglobina anormal, geralmente faltando a área pálida central3.

Figura 1 – Drepanócitos em lâmina

Fonte: ANDERSON, 2005.

A anemia falciforme é uma doença monogênica que possui diferentes níveis de

agravamento de acordo com os mecanismos moduladores. Devido ao volume eritrocitário

estar fatidicamente alterado na anemia falciforme a relação de hidratação e desidratação é

também alterada. As células com hemoglobina corpuscular média elevada têm pouca

afinidade pelo oxigênio, alta viscosidade, com provável polimerização quando em hipóxia4.

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Em termos de características laboratoriais vários dados estão presentes na anemia

falciforme, assim como mostra a seguir1.

1- Hemoglobina S = 90 a 98%

2- Hemoglobina fetal = 2 a 10%

3- Anemia hemolítica com hemoglobina de 5 a 9g/dL, com VCM normal.

4- Morfologia eritrocitária representada por células falcizadas, anisocitose,

poiquilocitose, eritroblasto, células em alvo, esferócitos, corpos de Howell-Jolly.

5- Reticulócitos aumentados de 5 a 30% durante as crises

6- Plaquetas aumentadas com formas anormais

7- Fragilidade osmótica diminuída

8- Bilirrubina indireta elevada (aproximadamente 6mg/dL)

9- Urobilinogênio urinário e fecal elevados

10- Hematúria frequente

11- Ácido úrico sérico pode estar elevado

12- Fosfatase alcalina sérica elevada nas crises

13- Medula óssea com hiperplasia das células eritróides

A hemoglobinopatia S também pode possuir formas associadas. Por exemplo, é

possível que se tenha a hemoglobina S associada à talassemia (HbS/thal) tanto com o

genótipo homozigoto S

S quanto com o heterozigoto

A

S. No caso do primeiro genótipo, a

clínica é mais severa em relação as associações heterozigóticas. A seguir as combinações

genéticas possíveis para a associação de hemoglobina S e talassemia, uma vez que talassemias

podem ser alfa e beta5:

Hb S

S /

thal

normal ( homozigótico S)

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Hb A

S / thal

normal ( heterozogoto S e thal )

Hb S

thal

o /

Hb S

thal

+ /

As formas heterozigóticas Hb A

S / thal

normal e

A

S normal

normal

apresentam evolução próxima de ser assintomática, mesmo apresentando hemácias falcizadas,

hemácias em alvo, hipocromia e microcitose5.

Outra possibilidade de heterozigose é a ocorrência do traço falciforme. Quando o

indivíduo herda o gene para a hemoglobina S e outro para a hemoglobina A. Esta associação

genética causa sintomas mais brandos nos portadores da condição, sendo geralmente

assintomáticos, sem alteração na expectativa de vida. O hemograma se apresenta normal. Os

sinais clínicos que podem estar presentes em pacientes com o traço falciforme aparecem

apenas se os portadores se submeterem a condições de hipóxia, desidratação ou acidez, que

propiciam o processo de falcização. Já foram relatados casos mais raros onde portadores do

traço apresentaram complicações como infarto esplênico, complicações renais e do trato

urinário, infecções e até morte6.

Para se ter o diagnóstico para o traço falciforme deve-se identificar a presença da

heterozigose AS da hemoglobina. Neste sentido, a eletroforese em pH alcalino, com o teste de

falcização, são opções, apesar de que atualmente a cromatografia líquida de alta resolução tem

substituído métodos anteriores6.

1.1 Fatores moduladores na anemia falciforme

A destruição das hemácias leva à liberação de hemoglobina no plasma sendo que esta

converte o NO em nitrato inativo. A lise de eritrócitos também libera arginase que destrói L-

arginina, cuja função é a produção de NO. O resultado dessas lises é a diminuição da

concentração de NO. Neste sentido é preciso lembrar que o NO é cofator da enzima

guanilato-ciclase, conversora de GTP (trifosfato de guanosina) em cGMP (monofosfato de

guanina cíclica), sendo que este último gera relaxamento dos músculos lisos vasculares e

vasodilatação. Deste modo, podemos entender como a baixa disponibilidade de NO é

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importante, no sentido de que altera a homeostasia vascular, altera o equilíbrio entre vaso

constrição e relaxamento, o que aumenta o risco de vaso oclusão na anemia falciforme7.

Com o formato de foice, as hemácias se tornam rígidas e estagnadas em locais onde a

circulação sanguínea é lenta, o que pode levar a anóxia. Uma consequência deste fato é a

formação de trombos, e posteriormente enfarte do tecido desfavorecido pela presença de

trombo. Os próximos acontecimentos são a fibrose e até mesmo calcificações. Um exemplo é

o acometimento do baço, órgão com fluxo sanguíneo lento que na presença de trombo gera

dores intensas. As plaquetas também contribuem para a adesão de eritrócitos ao endotélio,

estando em atividade, elas liberam trombospondina. Este processo ativa a coagulação,

favorecendo a formação de trombos5.

Em nível de membrana celular, algumas alterações como fosforilação anormal,

anomalia da bomba Na/K e auto-oxidação gera fagocitose por macrófagos. Em ambientes

pobres em oxigênio a membrana é lesada, com perda de água e potássio, configurando uma

desidratação5.

A vasoclusão não se explica somente pelo fato de haver eritrócitos falcizados, mas por

fatores de aderência. Por exemplo, há um processo de aderência anormal de eritrócitos e

neutrófilos, anormalmente estimulados, durante as crises, contribuindo para a vasoclusão. As

crises intensificam a atividade moduladora de VCAM-1, ICAM-1, E e P-selectinas, que são

moléculas de adesão, assim como a citocina IL-6. O aumento de IFN-alfa, outro fator de

aderência, intensifica a atividade dos monócitos nas crises vasculares, sendo estas células as

produtoras de tal citocina. Infecções agudas e processos inflamatórios também são

contribuintes para crises vasoclusivas, estimulando a aderência de neutrófilos e eritrócitos ao

endotélio5.

Alguns fatores agravam as infecções, como por exemplo, a capacidade fagocítica,

sendo mediada por opsoninas, é afetada pela agressão ao baço causada pelas células

falcizadas ao passarem pelo órgão. Também se tem a produção de anticorpos afetada em

consequência do mesmo fato8.

A explicação para a agressão sofrida pelo baço em pacientes portadores da doença está

no fato de que na infância deve ocorrer esplenomegalia devido ao fato de que a polpa

vermelha se congestiona ao sequestrar eritrócitos falcizados, que leva para a evolução de

trombos podendo até gerar infarto no órgão, tendo a atrofia e a fibrose do órgão como

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consequências do processo. Tal mecanismo é denominado auto-esplenectomia, ocorrendo na

infância geralmente até os 5 anos9.

Neste sentido a ocorrência de infecções é esperada, e pior, instala-se um ciclo onde

infecções originadas pelo processo de falcização desencadeiam processos trombóticos,

podendo gerar maior dano ao baço com consequente aumento de infecções, continuando o

ciclo. O que ratifica a periculosidade deste ciclo é que a infecção, por si, estimula a produção

de citocinas inflamatórias, aumentando assim, a expressão das moléculas de adesão

endoteliais e a adesão das células falciformes e dos polimorfonucleares no endotélio vascular,

como já comentado10

.

De acordo com Lorenzi (2006) podemos descrever o quadro clínico de um paciente

homozigoto para HbSS da seguinte forma:

- Tromboses desencadeadas por infecções, estresse, frio e desidratação que geram a

falcização de eritrócitos;

- Sintomatologia geralmente dolorosa devido a obstrução de pequenos vasos culminando na

necrose de dedos, cabeça do fêmur, ou até mesmo cegueira pela obstrução de vasos do olho;

- Possibilidade de enfarte de pulmão e de mesentério;

- Dores musculares, abdominais, dores no peito e priaprismo;

- Dactilite em crianças;

- Úlceras nas pernas;

- Anemia e icterícia;

- Crise de insuficiência renal;

- Leucopenia;

- Crise de sequestração

O tratamento da anemia falciforme se baseia no combate à dor, na hidratação e

oxigenoterapia. Aplica-se também a antibioticoterapia, uma vez que as crises hemolíticas são

geralmente desencadeadas por infecções. Aplica-se vacinas para S.pneumoniae, uma vez que

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com o baço em funcionamento ineficaz, devido a vasoclusões durante as crises, se aumenta a

probabilidade de infecções por bactérias capsuladas, sendo adotado também o uso de

penicilina nos casos em que há ausência total de função esplênica5.

Na linha de tratamento faz-se o monitoramento de condições de acidose e

desidratação, a fim de evitá-las. Transfusões de hemocomponentes são recomendadas em

caso de aplasia medular, crises de hipersequestração esplênica ou hepática, e crises dolorosas

de peito. As úlceras de membros inferiores são tratadas com medicação tópica

antiinflamatória5.

Por fim, tem-se o transplante de medula óssea como opção para a cura. Mesmo assim

devem ser levados em consideração os riscos de mortalidade e de complicações oriundas do

procedimento 5.

Um medicamento que tem sido utilizado e recomendado para pacientes com um

quadro severo de anemia falciforme é a HU (hidroxiuréia). Este composto diminui a

expressão da fosfatidilserina (PS), que por sua vez reduz o número de neutrófilos e também o

número de moléculas de adesão em linfócitos e monócitos 5.

Juntamente com o teste de falcização, contribuem para o diagnóstico de anemia

falciforme os seguintes testes11

.

Eletroforese alcalina em acetato de celulose

Eletroforese ácida em agar ou agarose

Teste de solubilidade

Dosagem de Hemoglobina Fetal

Dosagem de Hemoglobina A2

Hemograma completo

Eletroforese de hemoglobinas em pH alcalino e também em pH ácido.

Cromatografia líquida de alta performance (HPLC)

Focalização Isoelétrica

Teste de falcização

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1.2 Técnicas atualmente utilizadas

a) Eletroforese alcalina e Eletroforese para identificação de hemoglobina S:

Em termos de princípio metodológico, a eletroforese de hemoglobina em fita de

acetato de celulose, assim como a eletroforese em agarose, é uma técnica que permite a

migração de hemoglobinas, carregadas negativamente, em uma velocidade característica desta

molécula, para o pólo positivo. Desta forma, identificam-se diferentes tipos de hemoglobinas

de acordo com o padrão de suas migrações12

.

A seguir, figuras representando corridas eletroforéticas exibindo freqüentes alterações

em que poderiam ser identificados em neonatos e após o sexto mês de vida11

.

Figura 2 - Padrão de genótipos de recém nascidos em Eletroforese

Fonte: ANVISA, 2002

Figura 3 - Padrão de genótipos após 6 meses de vida em Eletroforese

Fonte: ANVISA, 2002

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b) Teste de solubilidade:

O teste de solubilidade visa reduzir a hemoglobina S, pois esta é insolúvel em tampão

inorgânico. Considerando que outras hemoglobinas são solúveis, esta seria uma forma de

isolar a hemoglobina S. O princípio do teste se baseia no fato de que quando há

desoxigenação, ocorre o deslocamento lateral das cadeias beta, ao contrário do que ocorre na

oxigenação, com as cadeias beta retornando ao eixo. A lise dos eritrócitos, quando na mistura

de ditionito de sódio no teste de solubilidade, libera hemoglobina desoxigenada e a cadeia

beta de cada molécula se desloca lateralmente, causando “opacidade” na leitura do teste6.

c) Dosagem de Hemoglobina Fetal:

Teste realizado utilizando solução alcalina em concentração de hemolisado conhecido.

Aplica-se sulfato de amônio para bloquear a desnaturação, diminuindo o pH e precipitando a

hemoglobina,agora, desnaturada. Pelo processo de filtragem detecta-se a quantidade de

hemoglobina alterada, ou seja, a hemoglobina fetal13

.

d) Hemograma completo:

Teste de rotina para triagem e monitoramento. Realiza leitura de índices

hematimétricos, contagem diferencial para a linhagem branca, contagem de plaquetas14

. A

contagem diferencial para leucócitos possui grande importância para a clínica da anemia

falciforme, sendo comumente contados Leucócitos, Neutrófilos, Segmentados, Bastonetes,

Linfócitos, Monócitos, Eosinófilos e basófilos. Estes são liberados em valores absolutos e

percentual. Os valores de referência variam de acordo com idade, sexo e população. Para a

linhagem eritrocítica, são quantificados hemácias, hemoglobina, hematócrito, Volume

Corpuscular Médio, Hemoglobina Corpuscular Média e RDW ( Red cell distribution Width ),

para um hemograma completo. São realizados também exames correlacionados como

contagem de reticulócitos e capacidade de ligação do ferro 14

.

e) HPLC:

Técnica analítica utilizada por indústrias químicas e farmacêuticas. Utiliza-se

partículas de fases estacionárias (FE) e móveis que permitem gerar colunas seletivas e

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estáveis química e mecanicamente. O desenvolvimento da cromatografia líquida de alta

performance, é boa alternativa devido à necessidade de análises mais rápidas,sem

comprometer o desempenho cromatográfico15

.

A HPLC é de cromatografia que utiliza um líquido como fase móvel, sendo este

injetado na coluna cromatográfica a altas pressões e diferentes tipos de fase estacionária. A

variação estará de acordo com aquilo que se quer analisar. Os elementos da fase estacionária,

em geral se encontram altamente particionados, o que gera uma separação mais eficiente. Os

reservatórios para os reagentes são basicamente bombas que propulsionam a fase móvel a

altas pressões, injetor de amostra, coluna cromatográfica e um detector acoplado a um

computador. A Cromatografia Líquida de Alta Performance é a base para o raciocínio da

realização de outras técnicas como a cromatografia gasosa e de troca iônica16

.

f) IEF:

A carga do composto anfotérico, durante o teste, permanece alterada e migra através

do gradiente de pH, alcançando sua posição de equilíbrio, ou seja, alcança sua posição de

equilíbrio, em outras palavras, alcança a região onde o PI (ponto isoelétrico) e pH (potencial

hidrogeniônico) são iguais17

.

g) Teste de falcização:

É um teste que utiliza meta bissulfito, cujo princípio baseia-se na polimerização da

hemoglobina sob hipóxia e hipertonicidade. O resultado prático deste fato é a cristalização da

Hb que falciza os eritrócitos, que são identificados microscopicamente. Destaca-se que o

processo de falcização deve ser confirmado com outros métodos, como HPLC, por exemplo14

.

Para a diferenciação dos tipos de hemoglobinas tem-se a eletroforese de hemoglobinas

em pH alcalino e também em pH ácido. Atualmente utiliza-se a cromatografia líquida de alta

performance (HPLC) como alternativa eficiente para este fim18

.

Como já citado, a hemoglobina S pode estar associada a outras hemoglobinas, como

por exemplo, a Hb C. Neste sentido, o uso de técnicas eletroforéticas alcalina e ácida é

decisivo para o correto diagnóstico. Desaconselha-se o uso exclusivo de testes de

solubilidade, uma vez que não se pode diferenciar indivíduos AS, SS ou SC, podendo até

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18

mesmo serem apresentados resultados negativos em neonatos devido à pequena concentração

da Hb S11

.

Neste Trabalho de Conclusão de Curso foi escolhido o tema “Análise de metodologias

laboratoriais para diagnóstico de Anemia falciforme”, devido à importância, abrangência do

assunto e o grau de acometimento da doença, aliando a área de diagnóstico laboratorial com o

caráter clínico. Neste Trabalho de Conclusão de Curso II espera-se elucidar qual é a melhor

metodologia para diagnóstico de anemia falciforme levando em considerações variáveis como

sensibilidade, tempo, investimento tecnológico, viabilidade econômica, confiabilidade,

adequação ao laboratório e ao paciente. Serão comparadas as técnicas de Hemograma, Teste

de Solubilidade, Teste de Falcização, Eletroforese alcalina, Eletroforese ácida, Teste do

Pezinho, PCR e enzimas de restrição, Focalização Isoelétrica e Cromatografia Líquida de Alta

Performance.

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19

2 REVISÃO DA LITERATURA

Para se diagnosticar hemoglobinopatias, variantes como dados clínicos, herança

genética, idade, tempo de estocagem da amostra, assim como condições de armazenamento da

mesma devem ser levadas em consideração. Estas duas últimas variantes, se não bem

controladas, podem interferir no exame devido a uma possível desnaturação da hemoglobina6.

A princípio, espera-se o seguinte padrão de evolução da hemoglobina.

Tabela 1 - Padrão de prevalência de hemoglobinas

Fonte: FERRAZ & MURAO, 2007

A anemia falciforme, por sua vez, apresenta a hemoglobina S prevalecendo na medida

em que a hemoglobina fetal vai desaparecendo. Para avaliar se há alguma hemoglobinopatia

vários testes podem ser empregados, porém, sempre deve-se fazer um teste confirmatório

após o sexto mês de vida, etapa na qual a HbS já pode ser identificada com mais clareza se

presente6.

Dentre os métodos para detecção de hemoglobinas anormais estão o teste de

solubilidade, eletroforese em p.H alcalino e ácido, focalização isoelétrica, eletroforese de

cadeias globínicas e (HPLC). Cada uma destas técnicas apresentam limitações e vantagens no

processo de determinação de hemoglobinas19

.

O procedimento para detecção de isoformas da hemoglobina em eletroforese em pH

alcalino é rotineiramente utilizado em laboratórios. Entretanto, esta técnica é um

procedimento de rastreamento inicial, uma vez que tal metodologia permite a migração de

hemoglobinas semelhantes. A eletroforese em pH alcalino pode diferenciar as hemoglobinas

A da F das variantes mais frequentes, como as hemoglobinas S e C, mas não faz a

diferenciação das hemoglobinas A2 da C, O e E. Desta forma, metodologias complementares

devem ser realizadas19

.

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20

Em termos de diagnóstico deve-se levar em consideração que a eletroforese de pH

alcalino tem vantagens quando se lida com amostra de período neonatal. A hemoglobina é

uma proteína carregada negativamente, logo, o fato da migração ocorrer para o pólo positivo é

a base da eletroforese de hemoglobina em pH alcalino .Desta forma, a diferença no padrão de

migração é certamente resultado de uma diferente estruturação molecular da globina, que por

sua vez possui aminoácidos com diferentes posicionamentos20

.

Sabe-se que a grande presença de hemoglobina fetal prejudica a eficácia desta técnica,

por tal razão a eletroforese em pH ácido reduz este problema, uma vez que é capaz de separar

as frações S da D, e a C da E, que correm na mesma faixa na eletroforese em pH alcalino.20

.

O teste de solubilidade, baseado no uso de ditionito de sódio, assim como o teste de

falcização, que utiliza metabisulfito de sódio não são muito precisos na detecção de HbS no

período neonatal uma vez que a hemoglobina fetal, está presente em grande quantidade.

Neste sentido, a ocorrência de resultados falsos negativos é frequente. Portanto, um teste de

solubilidade negativo deve ser interpretado com cautela.

Devido à grande quantidade de Hb F no período neonatal, que funciona como “efeito

diluidor”, este teste pode se apresentar falso negativo. O mesmo pode ser dito em relação ao

teste de falcização. Entretanto, vale lembrar que o teste de solubilidade possui boa

sensibilidade para a triagem da Hb S de outras faixas etárias, além de ter um menor custo, se

comparado à eletroforese, e também oferece facilidade de execução20

.

O teste de solubilidade não é específico, uma vez que não diferencia anemia

falciforme, de traço falciforme, nem mesmo de outras variantes da HbS. Sua utilização se

baseia na aplicação de ditionito de sódio em eritrócitos lisados, visando reduzir a

hemoglobina S. A turvação da solução é consequência da presença da hemoglobina S, e a

ausência de turvação está presente tanto em negatividade quanto em outras hemoglobinas.

Apesar dos aspectos negativos citados, esta técnica ainda se faz muito útil na triagem14

.

Da mesma forma que outras metodologias, o teste de solubilidade pode apresentar

resultados falsos positivos, assim como falsos negativos. Os resultados falsos negativos são

devidos à hemoglobina a baixo de 7g/dL, presença de hemoglobina fetal em recém-nascidos,

baixa quantidade de hemoglobina S e uso de fenotiazina. Os falsos positivos decorrem de

amostras lipêmicas, gama globulinas anormais, policitemia, grande quantidade de corpúsculo

de Heinz e grande quantidade de eritrócitos nucleados14

.

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21

Os métodos de eletroforese por focalização isoelétrica e cromatografia líquida de alta

resolução são boas alternativas de substituição de métodos convencionais para triagem

neonatal. São metodologias que proporcionam alta precisão. Mesmo assim, após um resultado

positivo uma repetição do teste é necessária. A sensibilidade e a especificidade devem sempre

ser almejadas de forma que se por algum motivo o resultado se mostre inconclusivo após a

realização de um teste, este deve ser confirmado com o uso de outra técnica cabível no

laboratório, sendo que resultado de ambas deve ser reportado no laudo6.

Segundo Liane Esteves Daudt et al,200221

quando comparada com a eletroforese em

acetato de celulose, a focalização isoelétrica se mostra superior no quesito resolução,

separação de HbS da HbF de forma mais evidente. Também menciona que mesmo que o

preço do equipamento para a análise por focalização isoelétrica seja caro, os seus reagentes

possuem o mesmo custo, com a vantagem de se realizar 72 testes a cada seis horas.

Atualmente, na avaliação laboratorial para identificação de diferentes hemoglobinas

são frequentemente utilizados os métodos de eletroforese de hemoglobinas em pH alcalino e a

cromatografia líquida de alta pressão. A seguir uma figura ilustrando a utilização da

eletroforese alcalina de hemoglobinas18

.

Figura 4 - Amostras para identificação de hemoglobinas em Eletroforese

Fonte: NAOUM, 2010

O pH nesta situação é de 9,0. O resultado da corrida eletroforética mostrou que a

amostra sete apresentou o genótipo SS, que corresponde a anemia falciforme. As outras

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hemoglobinas puderam ser identificadas de acordo com a avaliação de seus posicionamentos

após a corrida. Os padrões encontrados foram AA, AA2 diminuída, AC, AGC, SC, SF,SS e

AS18

.

A identificação de hemoglobinas normais e anormais é rotineiramente realizada por

eletroforese, utilizando o acetato de celulose em pH alcalino.Poucos laboratórios utilizam

outros sistemas de auxílio a esta técnica, como géis de Agar, Agarose, mistura Agar-amido

em pH ácido, alcalino ou neutro. De fato, as metodologias normalmente utilizadas em

laboratório para diagnóstico de hemoglobinopatias nem sempre fornecem uma resolução

adequada para a avaliação das hemoglobinas. A seguir, algumas situações que podem

prejudicar a sensibilidade dos testes17

.

1- Frações com concentrações inferiores a 1%;

2- Frações que migram na mesma posição, quer seja em pH Alcalino, quer em p.H

ácido;

3- Frações de hemoglobinas instáveis que se desnaturam pelos métodos usuais de

obtenção do hemolisado com solventes orgânicos;

4- Frações que, em recém nascidos, apresentam concentrações ínfimas e de difícil

visualização;

5- Frações de mutantes de cadeia alfa que migram de forma rápida.

Se o laboratório puder contar com a metodologia de focalização isoelétrica (FIE),

certamente este terá boa confiabilidade no que diz respeito à interpretação, realização e

resolução na diferenciação do fenótipo das bandas de vários tipos de hemoglobinas de acordo,

claro, com o ponto isoelétrico P.I de cada fração. Este fato demonstra que a FIE tem alta

especificidade17

.

A técnica de focalização isoelétrica fornece também vantagens nos seguintes quesitos:

1- Possibilidade de se utilizar pouca quantidade e hemácias

2- Aplicação de muitas amostras concomitantemente (até 80)

3- Obter o hemolisado tanto do sangue total, como de cartões de papel de filtro

(Similar aos utilizados no teste do pezinho)

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A cromatografia líquida automatizada de alta resolução, (HPLC), apresenta vantagens

bem relevantes sobre a eletroforese convencional. Primeiramente, temos que lembrar que o

analisador é automático, o que logo poupa trabalho manual assim como tempo. Assim sendo,

o processamento de amostras em número é aumentado em grandes proporções. Outra

vantagem está no fato de que a máquina consegue trabalhar com volumes ínfimos da amostra,

até cinco microlitros. Este fato torna interessante o uso da HPLC na Neotologia. Está técnica

também é capaz de identificar e quantificar hemoglobinas normais e variantes

simultaneamente22

.

Os métodos de imagem auxiliam o diagnóstico e principalmente a identificação de

complicações oriundas da condição clínica da anemia falciforme, com facilidade na percepção

das complicações musculoesqueléticas. Por exemplo, a radiografia simples revela aspectos

resultantes da condição, como estriações perpendiculares e vértebra em H, infartos ósseos em

estágios avançados. Também com suas vantagens, a ressonância magnética detecta alterações

osteoarticulares, além de ser boa ferramenta para monitorar infecções e infartos musculares23

.

De qualquer forma a análise citológica, com eletroforese de hemoglobinas e HPLC

formam um grupo efetivo de técnicas para o diagnóstico da anemia falciforme. Importante

lembrar também que testes usualmente utilizados para a identificação de anemias hemolíticas,

como é o caso da anemia falciforme, são a contagem de reticulócitos, bilirrubina indireta,

DHL e haptoglobina18

.

A eletroforese que utiliza como suporte o ágar em pH ácido ou procedimentos

semelhantes tem sido realizada apenas em alguns laboratórios e na diferenciação de

hemoglobinas que migram na mesma posição em pH alcalino, como é o caso das

hemoglobinas S e D e das C e E. Entretanto, na população brasileira, são mais freqüentes as

hemoglobinas S e C(1, 14, 24, 25), o que, de uma forma errônea, conclui-se que esse teste não

apresenta a validade devida no auxílio diagnóstico laboratorial17

.

Devido ao seu alto poder de resolução, a IEF tornou-se a mais promissora e versátil

metodologia para o estudo de sistemas polimórficos, incluindo-se as hemoglobinopatias,

como também para a descoberta de novas variantes genéticas17

.

Importante lembrar também que o hemograma é essencial no suporte do diagnóstico

da anemia falciforme. As características laboratoriais mais presentes na doença já foram

citadas neste trabalho1.

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24

A metodologia laboratorial é certamente dependente do grupo populacional em

questão, sendo que as ferramentas fornecidas por cada método dependerá da combinação dos

métodos aplicados para triagem e confirmação dos suspeitos. A população brasileira

caracteriza–se por apresentar grande heterogeneidade genética, derivada da contribuição dos

seus grupos raciais formadores24

.

O teste do pezinho para Triagem neonatal, também conhecido como Teste de Guthrie,

é um método utilizado para a triagem de hemoglobinopatias, como a anemia falciforme e

apresenta vantagens como baixo custo e a simplicidade de realização. Porém, outros métodos

quantitativos possibilitam a automatização e têm a grande vantagem de ser mais sensíveis e

específicos, ou seja, produzem menos casos falsos positivos e negativos25

.

É importante lembrar que a prematuridade, assim como a ocorrência de transfusão de

sangue no recém-nascido pode influenciar os resultados do teste para hemoglobinopatias,

como é o caso da anemia falciforme. Portanto, recomenda-se uma coleta nos primeiros dias de

vida26

.

Segundo o Manual de Normas Técnicas e Rotinas Operacionais do Programa de

Triagem Neonatal do Ministério da Saúde27

, sempre que houver resultado inconclusivo na

técnica escolhida, técnicas complementares devem ser implementadas, com o objetivo de

melhorar a sensibilidade e a especificidade.

Quanto ao controle da doença, a divulgação da informação, o diagnóstico neonatal,

assim como o aconselhamento genético, desempenham papéis fundamentais. É importante a

utilização de uma tecnologia adequada que inclua testes laboratoriais seletivos e de

confirmação, estudo familial, assim como profissionais capacitados24

.

Orlando et al24

em um estudo comparativo entre as metodologias incluiu os testes de

solubilidade, de gel-centrifugação e eletroforese de hemoglobina, sendo a última capaz de

detectar o maior número de amostras positivas para o gene S. No estudo este teste não foi

capaz de detectar uma amostra positiva.

Orlando et al24

compararam o teste de solubilidade, o de falcização e o de gel-

centrifugação. Estes não mostraram evidente discrepância entre eles em 28 amostras de HbAS

analisadas de um total de 836 amostras de pacientes de pré-natal estudadas.

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25

Em outro estudo comparativo entre as metodologias, Giovelli et al,201128

detectou,

utilizando o teste de solubilidade, uma sensibilidade de 93,8% e uma especificidade de 100%.

Com estes dados em vista, variáveis como facilidade, praticidade e rapidez na execução,

estabilidade e durabilidade dos reagentes e a fácil capacitação de profissionais para execução

da técnica justificam a utilização destes métodos menos sensíveis para triagem, contanto que

se utilizem testes sensíveis e quantitativos como confirmatórios. Esta necessidade é

certamente importante quando há procura de HbS no período neonatal, uma vez que a HbF

ainda em alto número diminuirá a eficiência da técnica de solubilidade.

Faz-se essencial considerar condições clínicas que podem gerar falsos positivos, como

policitemia, mieloma múltiplo, transfusão recente e insuficiência renal crônica. Da mesma

forma, resultados falsos negativos podem ser consequência de uma baixa quantidade de

hemoglobina29

.

Desta forma, a avaliação de custo-benefício deve ser levada em consideração. A

eletroforese de hemoglobinas exige maior tempo para a execução com um custo um pouco

mais elevado. Entretanto, Giovelli et al, 2011

28 enfatiza sua importância quando se trata de

diagnóstico para triagens em bancos de sangue, para impedir a ocorrência de resultado falsos.

O teste de falcização é uma técnica bastante utilizada devido ao seu baixo custo. Este

serve como metodologia para diagnóstico de doença falciforme, traço falciforme,

hemoglobinas não falciformes, heterozigose dupla de certas variantes, como HBS/HBD (Los

Angeles), entre outras. Apesar das vantagens mencionadas, há a possibilidade de resultados

falsos positivos e falsos negativos. Os falsos positivos podem decorrer de tranfusões de

eritrócitos com traço falciforme, concentração excessiva de metabissulfito de sódio,

poiquilocitose, entre outros. Os resultados falsos negativos podem acontecer devido a

transfusões de eritrócitos normais, aquecimento, contaminação bacteriana, lavagem

prolongada com salina, presença de hemoglobina fetal em recém-nascidos, baixa quantidade

de hemoglobina S ou reagentes fora da validade14

.

Outra técnica de alta relevância é a PCR (reação em cadeia da polimerase). Em

situações onde há presença de hemoglobinas semelhantes esta técnica é fundamental. Entre as

possíveis hemoglobinas semelhantes estão HbS/β-tal., HbS/βδ tal. e HbS/PHHF (Persistência

Hereditária de Hemoglobina Fetal)12

.

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26

Em um de seus estudos Kangpu Xu et al,199930

demostraram o uso em conjunto de

PCR, enzimas e restrição e eletroforese em gel de acrilamida para diagnóstico de anemia

falciforme. A seguir, uma figura com as bandas relativas à presença de genótipo para anemia

falciforme (Bandas 7, 8, 9 e 10 são amostras)

Figura 5 - Identificação de genótipos para traço falciforme utilizando PCR e enzimas

de restrição.

Fonte: KANGPU XU et al, 1999

Primeiramente, foram analisados os genótipos de um casal com utilização de PCR e

enzimas de restrição, que confirmaram o traço falciforme para ambos após eletroforese. Em

seguida, após fertilização in vitro, seis embriões tiveram amostras de seus blastômeros

retiradas para processamento de PCR mais enzimas de restrição e leitura em eletroforese. O

resultado segue na figura 630

:

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27

Figura 6 - Identificação de genótipos para anemia falciforme utilizando PCR e enzimas de

restrição.

Fonte: KANGPU XU et al, 1999

O embrião cujo genótipo se apresentou normal foi implantado no útero da mãe, sendo

este o primeiro caso relatado em que a fertilização in vitro com identificação de genótipo por

PCR, enzimas de restrição com posterior leitura em eletroforese, evoluiu para gravidez não

afetada por anemia falciforme, mesmo com pais portadores de traço falciforme.

O uso da PCR seguida do uso de enzimas de restrição e eletroforese se mostrou

eficiente, portanto, para o diagnóstico de anemia falciforme. Porém, estes métodos se

mostram caros e consomem bastante tempo para a rotina laboratorial30

.

De qualquer forma, é importante considerar medidas de controle, como o correto

aconselhamento genético e educacional, seguido de acompanhamento médico da condição a

fim de se diminuir a morbidade e a mortalidade11.

Baseado no fato de que neste trabalho foi estabelecido um total de nove metodologias

como suporte para comparações e análise, tem-se a seguir um quadro-resumo confeccionado

para resumir as vantagens e desvantagens mencionadas.

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Tabela 2 - Resumo das metodologias revisadas neste trabalho

Técnicas Vantagens Desvantagens

Hemograma

Fundamental para triagem e

monitoramento.

Não é um exame exclusivo;

automação conta eritroblastos como

leucócitos.

Teste de Solubilidade

Menor custo; Consumo de tempo;

fácil preparação profissional.

Inespecífico durante o período

neonatal; falsos positivos e negativos;

Ineficaz para diferenciação para traço

falciforme.

Teste de Falcização

Baixo custo; fácil execução. Doença

falciforme; traço falciforme;

hemoglobinas não falciformes;

heterozigose dupla de certas

variantes.

Falsos positivos e falsos negativos.

HPLC

Analisador automático; trabalho

manual e tempo poupados;grande

número de amostras processadas

trabalha mesmo com volumes

ínfimos da amostra, até cinco

microlitros.

Alto custo com Equipamento.

IEF

Resolução superior; HbS da HbF de

forma mais evidente; alta

especificidade; reagentes com

mesmo preço para Eletroforese

Alcalina; 72 testes a cada seis horas.

Alto custo com equipamento;

consumo de tempo.

Teste do Pezinho

Teste de Guthrie; Triagem neonatal;

baixo custo; simplicidade de

realização.

Menos sensível e específico que a

automação; prematuridade, transfusão

de sangue no recém-nascido

influenciam resultados; falsos-

positivos e negativos.

PCR e Enzimas de

restrição

Para hemoglobinas semelhantes;

HbS/β-tal., HbS/βδ tal. e

HbS/PHHF;eficiência para

identificação de hemoglobinas em

embriões.

Alto custo; Consumo de tempo para a

realização.

Eletroforese Ácida

Diferenciação das hemoglobinas A2

da C, O e E.

Consumo de tempo; Migrações em

porções iguais.

Eletroforese Alcalina

Diferenciar hemoglobinas A da F

das variantes frequentes; como as

hemoglobinas S e C; eficaz no

período neonatal.

Não faz a diferenciação das

hemoglobinas A2 da C, O e E;

consumo de tempo.

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3 OBJETIVOS

Realizar uma análise comparativa, por meio de revisão bibliográfica, de metodologias

laboratoriais para diagnóstico de anemia falciforme, estabelecendo, dentre os métodos

estudados, o melhor teste para diagnóstico da doença. Espera-se que este trabalho sirva como

fonte de aprendizado para estudantes, uma vez que as comparações aqui realizadas são

encontradas de uma forma dispersa na literatura.

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4 MATERIAL E MÉTODO

Para a realização deste trabalho foram utilizados artigos e livros referenciados, assim

como sites reconhecidos pelo meio acadêmico, como SCIELO (Scientific Library Online),

ACT (Academia de Ciência e Tecnologia), ANVISA (Agência Nacional de Vigilância

Sanitária) e Ministério da Saúde.

Algumas referências serviram como fonte para ilustração, como ANDERSON,

Shauna C.; POULSEN, Keila, Atlas de hematologia, NAOUM, 2010, Doenças que alteram os

exames hematológicos, MANUAL de Diagnóstico e Tratamento de Doença Falciformes.

Brasília: ANVISA, 2002 e XU, Kangpu, 1999. First unaffected pregnancy using

preimplantation genetic diagnosis for sickle cell anemia.

A confecção do trabalho foi dividida em duas etapas:

1) Projeto de Trabalho de conclusão de curso;

2) Realização da revisão bibliográfica para comparações de técnicas laboratoriais

para diagnóstico de anemia falciforme.

O trabalho foi, portanto, estruturado por Introdução e Revisão bibliográfica

propriamente dita. Foram escolhidas as seguintes técnicas como fonte de comparação:

Hemograma

Teste de Solubilidade

Teste de Falcização

Eletroforese Ácida

Eletroforese Alcalina

Cromatografia Líquida de Alta Performance

Focalização Isoelétrica

Teste do Pezinho

PCR e enzimas de restrição

Foram procuradas fontes recentes para garantir que as informações apresentadas sejam

atuais, salvo algumas referências mais antigas de grande pertinência para este Trabalho de

Conclusão de Curso.

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5 CONCLUSÃO

Cada metodologia laboratorial possui sua vantagem e desvantagem, de acordo com o

contexto em que o diagnóstico deverá ser realizado. Entretanto, atualmente, podemos

considerar algumas metodologias mais confiáveis e sensíveis do que outras quando o assunto

é a identificação de hemoglobina S para diagnóstico de anemia falciforme. Se por um lado o

teste de falcização e de solubilidade oferecem menor confiabilidade para tal diagnóstico, os

métodos de eletroforese por focalização isoelétrica e cromatografia líquida de alta resolução

são ótimas alternativas para confirmação.

É importante destacar que para avaliar se há alguma hemoglobinopatia vários testes

podem ser empregados, porém, sempre se deve realizar um teste confirmatório após o sexto

mês de vida. A análise citológica, com eletroforese de hemoglobinas e HPLC formam um

grupo efetivo de técnicas para o diagnóstico da anemia falciforme. Entretanto, não são

técnicas exclusivas e obrigatórias.

Em vista a esses fatos, cada laboratório deve avaliar seu potencial para manutenção

econômica da implementação e constante uso destas técnicas. Se tratando de diagnóstico para

anemia falciforme, torna-se difícil eleger uma das metodologias mencionadas neste trabalho

de conclusão de curso como a melhor sem que o contexto do diagnóstico seja levado em

consideração.

Se por um lado, fatores como facilidade, praticidade, rapidez na execução,

estabilidade, durabilidade dos reagentes e a fácil capacitação de profissionais para execução

da técnica justificam a utilização de métodos menos sensíveis para triagem, por outro o uso de

técnicas mais onerosas, que exijam maior capacitação dos profissionais, retribuem o serviço

laboratorial com melhor confiabilidade e sensibilidade.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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nascidos portadores de hemoglobina “S” detectados através de triagem em sangue de cordão

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1991;5:375-98. Department of Medicine, Albert Einstein College of Medicine, Bronx,

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Guanabara Koogan, c2006.

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eritrócito: parte 2: fisiopatologia da malária, da anemia falciforme e suas inter-relações. J.

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14. WALLACH, Jacques B. Interpretação de exames laboratoriais. 8.ed. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan, 2011.

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Campinas, CP 6154, 13084-971 Campinas - SP, Brasil, 2009.

16. NAOUM, Paulo Francisco. Métodos de avaliação laboratorial. Academia de ciência e

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