43
FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA — DEUS, CRISTO E CARIDADE ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAMÍ LIA "Os laços sociais são necessários ao progresso e os de família mais apertados tornam os primeiros."

ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA — DEUS, CRISTO E CARIDADEANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005

VIVER EM

FAMÍLIA"Os laços sociais são

necessários aoprogresso e os de

família maisapertados tornam

os primeiros."

Page 2: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o C r i s t ã oAno 123 /Dezembro, 2005 / No 2.121

Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFederação Espírita Brasileira

Direção e RedaçãoAv. L-2 Norte – Q. 603 – Conj. F (SGAN)

70830-030 – Brasília (DF)Tel.: (61)3321-1767; Fax: (61) 3322-0523

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

[email protected]

Para o BrasilAssinatura anual R$ 39,00Número avulso R$ 5,00Para o ExteriorAssinatura anual US$ 35,00

Diretor – Nestor João Masotti; Diretor-Substituto e Edi-tor – Altivo Ferreira; Redatores – Affonso BorgesGallego Soares, Antonio Cesar Perri de Carvalho,Evandro Noleto Bezerra e Lauro de Oliveira SãoThiago; Secretária – Sônia Regina Ferreira Zaghetto;Gerente – Amaury Alves da Silva; REFORMADOR:Registro de Publicação no 121.P.209/73 (DCDPdo Departamento de Polícia Federal do Ministério daJustiça), CNPJ 33.644.857/0002-84 – I. E. 81.600.503.

Departamento Editorial e GráficoRua Souza Valente, 17

20941-040 – Rio de Janeiro (RJ) – BrasilTel.: (21) 2187-8282; Fax: (21) 2187-8298

E-mail: [email protected] de Reformador:Tel.: (21) 2187-8264 / 8274

E-mail: [email protected]

Capa: Luis Hu Rivas

Tema da Capa: VIVER EM FAMÍLIA, tema destaedição, enfatiza a importância dos laços de famíliapara o progresso moral da sociedade.

EDITORIAL 4

Viver em Família

ENTREVISTA: SANDRA FARIAS DE MORAES 11

O Espiritismo no Estado do Amazonas

PRESENÇA DE CHICO XAVIER 14

Crônica do Natal – Irmão X

ESFLORANDO O EVANGELHO 21

Cristo e nós – Emmanuel

A FEB E O ESPERANTO 30Eu nunca serei pó – Affonso Soares

SEARA ESPÍRITA 42

Ideais e princípios – Juvanir Borges de Souza 5O Sal da Terra – Bezerra de Menezes 8Oração do Natal – Maria Dolores 9Nota de esclarecimento ao público e às autoridades 1090 anos de Espiritismo na Paraíba – Fátima Farias 13A adoção como forma de amparo à infância desvalida – 15

Clara Lila Gonzalez de AraújoSintonia mental, essa desconhecida – 18

Marlene Maria Goiabeira Rosa

Homenagem a Kardec 20Bicentenário de Allan Kardec – 22

Encerramento das comemorações na Sede Seccional da FEB – Rio de Janeiro

Vontade e Fé – Renata S. S. Guizzardi 23A futura fé – Léon Denis 25Em dia com o Espiritismo – VII – Albert Einstein – 26

Marta Antunes MouraCataclismos morais – Allan Kardec 29Livros de André Luiz lançados na França 31Na regeneração – Alfredo Fernandes de Carvalho 32Desencarnou Genaro Bravo Rabanales 33A Boa Nova – Depuração da Revelação Mosaica – 34

Fernando MoreiraAntônio da Silva Neto – Centenário de desencarnação 37Repensando Kardec – Da Perfeição Moral – 38

Inaldo Lacerda LimaRetorno à Pátria Espiritual – Walter do Amaral 41

Page 3: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

4 Reformador/Dezembro 2005442

Em pesquisa recente, relacionada com a reintegração social de crianças de rua, constatou-se que osmenores que contam com uma base familiar, mesmo que precária, apresentam melhores condiçõesde ser recuperados.

Analisando a importância da família no progresso do homem em O Livro dos Espíritos (questões773 a 775), os Espíritos observam: “(...) Há no homem alguma coisa a mais, além das necessidadesfísicas: há a necessidade de progredir. Os laços sociais são necessários ao progresso e os de família maisapertados tornam os primeiros.”

Aprofundando a avaliação da influência da família na formação física, moral e espiritual dos filhos,Allan Kardec observa em O Evangelho segundo o Espiritismo (cap. XXII, item 3): “Mas, na união dossexos, a par da lei divina material, comum a todos os seres vivos, há outra lei divina, imutável comotodas as leis de Deus, exclusivamente moral: a lei de amor. Quis Deus que os seres se unissem não só pe-los laços da carne, mas também pelos da alma, a fim de que a afeição mútua dos esposos se lhes trans-mitisse aos filhos e que fossem dois, e não um somente, a amá-los, a cuidar deles e a fazê-los progredir.”

Estas duas citações são suficientemente claras para nos mostrar a importância que a ProvidênciaDivina atribui à família, como instituição social compatível com as suas Leis, destinada a atender aos sereshumanos em suas necessidades básicas de progresso em todos os sentidos.

Se guardarmos conosco o propósito sincero de colaborar na solução dos problemas que a sociedadehoje enfrenta, marcados principalmente pela violência e pelo desamor, teremos como primeira condutao trabalho para o fortalecimento da família – célula básica da sociedade –, com noções morais bemassentadas nos princípios espirituais, estimulando os exemplos de amor recíproco e de respeito mútuo.

O fortalecimento da família só se dará quando o homem e a mulher, que constituem o casal,renunciarem a qualquer aparente direito a interesses puramente pessoais e assumirem o dever consigomesmos de amar seus filhos, consangüíneos ou adotados, de forma clara, ostensiva e constante, para quese instale neles a convicção de serem de fato amados e, seguindo este exemplo, passarem a amar tambémos seus semelhantes.

Somente educando as crianças no núcleo familiar, para a prática do amor sincero, é que teremoscondições de construir um mundo melhor, fraterno e solidário.

EditorialViver em Família

Page 4: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

No ambiente social de grandeparte do mundo de expiaçõese provas em que vivemos, a

violência, a miséria, a corrupção, oegoísmo, a indiferença e outros ma-les conhecidos estão disseminadospor toda parte.

No entanto, ao lado de tantascalamidades e flagelos próprios deum mundo atrasado moralmente,encontramos também ideais e prin-cípios elevados que se acham hámilênios nesta Esfera, cultivadospor individualidades e grupos so-ciais espalhados por todas as lati-tudes terrestres.

Certo é que o determinismosuperior, divino, é sempre o Bem.Mas o livre-arbítrio com que foidotado cada Espírito, ao ser criado,confere ao homem a possibilidadede transviar-se, por conta própria,nos caminhos do mal.

A sabedoria, o amor e a justiçado Criador e de suas leis divinas re-compõem a harmonia superior naCriação ao estabelecer a respon-sabilidade individual e coletiva portudo que decorre dos transvios daliberdade de agir.

Ao lado do determinismo hu-mano de usar seu arbítrio no senti-do do mal, tanto em pensamentoscomo nas ações, funciona o deter-minismo divino da responsabili-

dade; o resgate é a reposição doequilíbrio, para que o ser possareiniciar sua trajetória no Bem, semo peso do erro cometido.

A Doutrina Espírita auxilia ex-traordinariamente a compreensãodo homem a respeito de sua liber-dade e de sua responsabilidade pe-rante as leis divinas.

Justamente por gozar de plenaliberdade, principalmente quandoadquire conhecimentos e aptidõesresultantes de processos educativos,é que o homem necessita exercitarmaior vigilância sobre a indepen-dência adquirida, para que não co-meta erros evitáveis.

A advertência do Cristo – “Vi-giai e orai” – destina-se a todos osaprendizes, mas tem especial signi-ficação para aqueles que já possuemconsciência de sua responsabilida-de, pelos conhecimentos, informa-ções e experiências adquiridos.

Na educação das novas ge-rações acentuou-se a preocupaçãoem combater o analfabetismo e emdifundir o conhecimento variadoministrado pelas escolas de váriosgraus. Com essa orientação básicalucra a tecnologia variada dos diasatuais conforme os conhecimentosmúltiplos sobre várias ciências.

Entretanto, confunde-se oconceito de educação, em sentidolato, com o de instrução, mais res-tritivo, uma vez que fica excluída apreocupação com o desenvolvi-mento moral e ético dos estudantesem geral, tão importante para a

evolução da capacidade de pensar epara o exercício da liberdade, coma correspondente responsabilidade.

A educação ética e moral, nomundo ocidental, ficou a cargo dasreligiões e da família, procurando--se evitar, dessa forma, a influênciadas religiões no poder constituídopelo Estado.

Não resta dúvida que a sepa-ração entre os Estados e as religiõesconstituídas resolveu diversos pro-blemas de interferência, com pre-juízos evidentes para a liberdadegarantida às minorias religiosas.

No Brasil, desde a queda doImpério, as Constituições Republi-canas garantiram a separação entrea Igreja Católica e o Estado.

Mas evidenciou-se a necessi-dade de as escolas proporcionarem,ao lado de seus currículos, os ensi-nos ético-morais tão necessários aodesenvolvimento do amor, da justi-ça e da solidariedade nas criaturas,sentimentos capazes de aproximá--las do Criador e do próximo, co-mo ensinou o Mestre Jesus.

No ambiente social onde im-peram o egoísmo, a ignorância e amaldade, a violência e a insensi-bilidade, gerando a criminalidadepreocupante, torna-se evidente anecessidade não somente da re-pressão, pelos governos, das trans-gressões das leis, mas, sobretudo,impõe-se a prevenção do mal.

A educação integral das novasgerações e a reeducação dos trans-gressores, dentro dos princípios mo-

Reformador/Dezembro 2005 5443

Ideais e princípiosJuvanir Borges de Souza

Page 5: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

rais que o Cristianismo autênticooferece a toda Humanidade é a for-ma ideal para a orientação do serhumano na senda do bem.

O Estado laico não está impe-dido de entregar às religiões a edu-cação moral dos estudantes em es-colas dos diversos graus.

E as religiões estão aptas a ofe-recer essa inestimável contribuiçãoà população, desde que o façamcom o objetivo de educar, ensinan-do os princípios morais comuns atodas elas, escoimados das preo-cupações com o proselitismo e coma predominância de uma sobre asdemais.

Em outras palavras: Estado ereligiões podem e devem oferecer,nas escolas, as instruções tradicio-nais e a educação moral, dentro deregras e normas legais que visem oaperfeiçoamento intelectual e moraldos estudantes, sem a interferênciareligiosa confessional.

Se o Estado e as religiões de-têm os meios e formas para o aper-feiçoamento intelectual e moral dapopulação, especialmente nas fasesda infância e da juventude, por quenão se unirem com esse objetivo,cada qual isentando-se do funda-mentalismo prejudicial, de um la-do, e do fanatismo religioso, deoutro?

A busca do conhecimento e daverdade é perfeitamente compatí-vel com o aperfeiçoamento moral,em ambiente de liberdade respon-sável, desde que se estabeleçam re-gras claras contra preconceitos eabusos.

A Constituição da RepúblicaFederativa do Brasil estabelece, emseus princípios fundamentais, en-tre outros, o de “construir umasociedade livre, justa e solidária”

(art. 3o – item I), garantindo emseu art. 5o, item VI, que “é invio-lável a liberdade de consciência e decrença (...).”

A conjugação desses disposi-tivos constitucionais possibilita es-tudos comuns e convergentes entrepessoas com crenças e religiõesdiferentes, desde que haja respeitomútuo e senso crítico contra osdesvios do fanatismo e da into-lerância, com predominância damoral aceita por todos.

O que precisa ser evitado nasescolas públicas é o ensino religiosoconfessional, que privilegia deter-minada religião, em detrimento dasoutras.

...

Conhecer, compreender e vi-venciar as leis divinas, eis o objeti-vo maior do Espírito imortal parasua afirmação na busca da evoluçãoe da felicidade.

A vida se apresenta para nós,espíritas, com uma significação mui-to mais ampla, justa e bela, quandopercebemos o sentido do caminhoe da verdade referidos pelo Cristo:“Eu sou o Caminho, a Verdade e aVida.”

É nos ensinos e na exemplifi-cação do Mestre, à luz do Conso-lador, por Ele prometido e enviado,que todos os aprendizes podemcompreender o direcionamento des-se caminho, sempre no sentido doBem, reclamando permanente es-forço e trabalho, com a certeza deque existe uma Justiça Superior, in-falível, inefável, a reger os pensa-mentos e ações de cada Espírito.

A dualidade da existência doBem e do mal nem sempre é bemcompreendida pelo homem.

Na Doutrina Espírita torna-seclaro que há um determinismo di-vino do Bem para todo o Universo.

O mal resulta dos pensamentose ações do Espírito, usando da li-berdade com que foi dotado, con-trários à Lei Divina. É, pois, umdesvio, uma rebeldia, que a próprialei determina sejam retificados.

O arrependimento, os sofri-mentos, as experiências dolorosassão formas de resgate do mal pra-ticado, para a reposição da norma-lidade.

Na marcha ascensional do sercoexistem, pois, o determinismo di-vino da lei, exigindo esforço e tra-balho de parte do Espírito, sem pre-juízo do livre-arbítrio com que foicriado. Entretanto, as conseqüên-cias dos atos praticados são semprede responsabilidade de quem osgerou.

Por isso, mesmo que propensaao Bem, a criatura humana neces-sita de constante vigilância para nãofalhar em seus pensamentos e ações.O “vigiai e orai” aconselhado porJesus é, ao mesmo tempo, uma for-ma de fidelidade ao que é correto ejusto, perante a Lei Divina, e umaadvertência contra os interesses in-feriores que não se coadunam coma mesma norma.

A Terra, como mundo de ex-piações e provas, oferece, ao mesmotempo, campo propício para a aqui-sição dos valores intelectuais e mo-rais. Em conseqüência, a populaçãoterrestre é constituída de criaturassimples, portadoras de suas con-quistas anteriores, outras com ten-dências à prática do mal, vivendoao lado de inteligências bem desen-volvidas, ou portadoras de progres-so espiritual pela renovação dos sen-timentos.

6 Reformador/Dezembro 2005444

Page 6: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

A característica dos habitantesde nosso mundo não é, pois, a uni-formidade, embora todos sejam Es-píritos imperfeitos. Pode-se perce-ber o desequilíbrio entre a inteli-gência e a razão, de um lado, e ossentimentos, desenvolvidos ou não,de outro. Essa realidade apresenta--se não só na atualidade, mas atra-vés dos milênios.

Diante das desigualdades in-dividuais de seus habitantes, tor-na-se evidente a dificuldade datransformação da Esfera de expia-ções e provas em um mundo re-generado.

Mas não devemos esqueceros esclarecimentos da DoutrinaConsoladora, que nos oferece asseguintes explicações e ensinos: a)o progresso é lei divina, tanto paraas individualidades quanto para osmundos, embora possa ocorrer len-tamente, sem prazo predetermi-nado; b) a reencarnação possibilitaa evolução dos Espíritos, que têmnela sempre novas oportunidadesde crescimento; c) as entidades maisrebeldes, que teimam em não corri-gir-se através de novas vivências,podem ser transferidas para outrosmundos compatíveis com suas con-dições evolutivas; d) o GovernadorEspiritual deste orbe jamais deixoude proporcionar os meios de auxi-liar a evolução da população ter-restre, enviando seus emissários aospovos, raças e nações em todos ostempos; e) a vinda do Cristo deDeus, há dois mil anos, com seusensinos e exemplos, estabeleceu,neste mundo, uma escola de amore de humildade para os bilhões deEspíritos que nele encarnam e reen-carnam; f ) o Consolador está naTerra, rememorando a MensagemCristã e trazendo novos conheci-

mentos esclarecedores, inauguran-do o início de um novo tempo,uma Era nova.

Esses esclarecimentos represen-tam a certeza da marcha progressi-va, como lei natural incidindo so-bre o homem, Espírito imortal, esobre o mundo. Portanto, tem totalprocedência a esperança na trans-formação, para melhor, da Esferaem que vivemos – o futuro mundoregenerado.

O que precisa ser entendidocom toda clareza é que a evoluçãoespiritual não se constitui tão-so-mente com a cultura intelectual. Atransformação dos sentimentos, sin-tetizados no Amor a Deus e ao

próximo, é a outra face que a almaimortal precisa conquistar, em lutapermanente consigo mesma.

O racionalismo puro, tão cul-tivado na Terra como capaz de re-solver todos os problemas existen-ciais, só atingirá seus objetivos quan-do se unir aos sentimentos quecriam e edificam.

A razão precisa estar unida à fé,como ensinam os Espíritos Reve-ladores.

Foi no isolamento da razão,sem o controle dos sentimentoselevados do amor, da solidariedade,da compreensão, que se forjaram asguerras de conquistas e destruições,

presentes em todos os períodos dahistória das civilizações, inclusive naatualidade.

Valores morais (sentimentos)e valores intelectuais (conhecimen-tos) constituem os fundamentos in-dispensáveis na construção do pro-gresso.

Os homens encontram maio-res dificuldades na aquisição dosvalores morais.

Conhecendo essa realidade, oCristo preocupou-se mais em trans-mitir sentimentos, representados pe-lo amor, porque sabia da inclinaçãonatural das criaturas para a aqui-sição do saber.

Seguindo o exemplo do Cristo,a Doutrina Espírita, sem desprezaras conquistas da Ciência, que secomprovam como verdades, incli-na-se naturalmente para a trans-missão dos valores morais contidosnos Evangelhos, destinados às Hu-manidades que se sucedem.

Nesse empenho permanentede evangelizar, a Doutrina Conso-ladora conta com seu Movimento,que se vai ampliando no mundo, ecom a auto-evangelização de cadaespírita sincero, no esforço cons-tante em conhecer a verdade, que olibertará e o auxiliará na libertaçãode outros idealistas.

O conhecimento da verdadetraz consigo o amor ao trabalhodigno, a aceitação das provas da vi-da, a luta contra as próprias imper-feições e a busca permanente da luzno caminho que o aprendiz encon-trou.

Mas na compreensão da ver-dade e de tudo o que ela representana vida de cada criatura, há neces-sidade da conquista da humildade,da sinceridade e da boa vontade nosantuário íntimo do coração.

Reformador/Dezembro 2005 7445

A razão precisa

estar unida à fé,

como ensinam os

Espíritos

Reveladores

Page 7: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

Reformador/Dezembro 2005446

Filhos da alma,que Jesus nos guarde na Sua

paz.

Sois o sal da Terra e deveis pre-servar-lhe o sabor.

O Espiritismo, na atualidade,oferece-nos Jesus de retorno, con-forme os padrões da Cultura, daCiência e da Tecnologia.

Ensejando a compreensão dosdeveres da criatura humana peran-te si mesma, o seu próximo e o PaiCriador, o Espiritismo equipa-nosde instrumentos hábeis para a cons-trução do mundo novo pelo qualtodos aspiramos.

Vivemos o momento da reno-vação social prevista pelo eméritoCodificador, como sendo a etapaúltima que o Espiritismo vivencia-ria na Terra, inaugurando o Mundode Regeneração.

Para que isso pudesse aconte-cer, compreensivelmente, as doresatingem graus superlativos, convi-dando a criatura desatenta à res-ponsabilidade a respeito do seu des-tino na Terra.

Fez-se necessário que os dispa-rates tomassem conta da cultura,entorpecendo-a ou agredindo-a vil-mente, a fim de que possa experi-mentar a renovação ético-moral quese lhe faz imprescindível.

A vós, que sois o sal da Terra,cabe a tarefa de desenvolver estepostulado doutrinário de renovaçãodo mundo, iniciando essa renova-ção em vós próprios, trabalhando

os metais do mundo íntimo paraque se tornem maleáveis ao amor enele insculpam a promessa de Jesusde que a felicidade, não sendo des-te mundo, pode ser alcançada atra-vés dele.

Enfrentais no momento difi-culdades que se multiplicam. Ten-des pela frente desafios inumeráveis.Lobos vestem-se de ovelhas paraameaçarem o rebanho. Permaneceivigilantes como estais demonstran-do, a fim de passarmos às geraçõesdo futuro a Doutrina dos Espíritosna pulcritude e nobreza com que arecebemos de Allan Kardec e dosMensageiros que a compuseram.

A vós, sob a inspiração dosGuias Espirituais do MovimentoEspírita na Terra, está destinada atarefa infatigável de porfiar no bem,de exercitar a compaixão e a cari-dade, mas não conivir, em nomeda tolerância, com o erro nem como crime.

Chega o momento de levar amensagem espírita a todos quantosa ignoram, utilizando-se dos notá-veis instrumentos que a tecnologiade ponta coloca ao vosso alcance.

Não temais aqueles que seapresentam como ameaças, porqueo seu poder relativo é transitório.

Tendes a inspiração de Jesusque prossegue com todos e, parti-cularmente, inspirando aqueles quesintonizam com a Sua palavra de li-bertação.

Sem dúvida, o Espiritismo é aCiência que investiga, que demons-tra, que comprova. É a Filosofia

que explica, elucidando os enigmasdo conhecimento humano. Mas é aReligião que ata as criaturas umasàs outras e ao Senhor da Vida atra-vés de Jesus: o Caminho para a Ver-dade, o Caminho para a Vida!

Espiritismo sem Jesus é pro-posta multifacetada e bela, cuja al-ma perde a vitalidade.

Por isso que Jesus, sendo o sermais perfeito que Deus ofereceu àcriatura humana para servir-lhe demodelo e guia, prossegue como sen-do a nossa meta a atingir.

Sede-Lhe fiéis, queridos filhosda alma.

Não vos compreenderão osdiscutidores sistemáticos que sepropõem à substituição dAqueleque é o nosso modelo por outrosque não suportam as lutas nem ocrivo severo da razão.

Tende misericórdia desses con-tendores que se utilizam de quais-quer instrumentos para afligir-vos.

Mantende na mente que nãosão muito diferentes estes daquelesdias em que Ele aqui esteve conos-co.

O farisaísmo prossegue comoutras rotulagens. Os saduceus per-manecem negando a vida triunfan-te sobre a relatividade do mundotransitório da matéria. Sacerdócios,organizados ou não, apresentam assuas propostas utilitaristas, comba-tendo aqueles que pretendem oReino de Deus fora das fronteirasterrestres.

Cabe-vos a permanência noideal. Não compreendidos, com-

8

O Sal da Terra

Page 8: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

Reformador/Dezembro 2005 447

preendendo. Malsinados, perdoan-do. Perseguidos, mantendo miseri-córdia.

Esses fenômenos, que objeti-vam dificultar a marcha do bem,são, muitos deles, provocados pelosdesencarnados infelizes, que aindase comprazem em criar embaraços àdivulgação do Cristo Vivo e da SuaMensagem pura e enobrecedora.

Vigiai, portanto, as nascentesdo coração, mantendo-vos unidos.Em união dispondes de resistênciapara qualquer evento perturbador.Em fragmentação, sereis vencidos,um após o outro, inutilizando otrabalho do bem, embora tempora-riamente...

O escândalo ocorre, mas quenão seja por vosso intermédio.

Mantende fidelidade à fé liber-tadora que abraçais, com a qual voscomprometestes antes do mergulhona indumentária carnal.

Não é esta a primeira vez quetomais conhecimento com a Dou-trina libertadora. Repetis a expe-riência de iluminação espiritista emface de algum malogro em dias nãomuito distantes.

Tomai agora a chama que aque-ce e ilumina, e levai-a na imensacorrida pelo Reino de Deus, para aentronizardes no lugar em que devebrilhar, conforme a velha parábolada luz colocada no lugar próprio.

Tendes compromisso com aTerra sofrida, a generosa Mãe quenos tem albergado inúmeras vezes.Porém, lutando, não utilizeis das ar-mas de destruição, e sim daquelasque edificam e dignificam a criatu-ra humana.

Não vos faltarão os recursospróprios à vitória sobre as paixõesinferiores. E, a longo prazo, a vitó-ria sobre as circunstâncias negativas

que predominam, por enquanto,nos arraiais terrestres.

Vossos Amigos Espirituais aquiconosco abraçam-vos, contandocom o vosso trabalho de abnegaçãoe de entrega, tornando este que vosfala, instrumento do seu carinho,da sua gratidão e da sua ternura.

Ide, pois, em paz, como os Se-tenta da Galiléia, preparando ca-minhos para que logreis fazer do so-lo a terra generosa e ubérrima paraensementação do Reino de Deus.

Muita paz, meus filhos!Que o Senhor de bênçãos nos

abençoe e nos despeça.São os votos do servidor humí-

limo e paternal de sempre,

Bezerra

(Mensagem psicofônica recebida pelo mé-dium Divaldo Franco no encerramentoda Reunião Ordinária do Conselho Fede-rativo Nacional, em 13 de novembro de2005.) Revisão do Autor espiritual.

9

Oração do NatalNatal volta de novo, em nova melodiaEspalhando na Terra a Celeste Alegria...

Agradecemos, Jesus, a concessãoDo mais formoso dia!...

Aos estudos do tempo me consagro,Noto que a InteligênciaNunca nos deu tanta ciênciaA fim de te servir e acompanhar...As grandes máquinas voam, do solo para o ar...

E me ponho a pensar:Senhor, agora, o que mais necessitamos,De mais força, domínio, ouro e poder,A fim de que vivamos de conquista em conquista,Tendo somente, em vista, escravizar e escravizar?!...

Entretanto, Jesus, agora venhoPedir-te ao coração talvez ainda amarrado ao lenho:Dá-nos mais amplo entendimento à verdade,Para seguir contigoAmado e Excelso Amigo,No sustento da paz e na luz da humildade!...

Maria Dolores

Mensagem recebida pelo médium Francisco C. Xavier, na noite de 5/10/87, noGrupo Espírita da Prece, em Uberaba, Minas Gerais.

Page 9: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

10 Reformador/Dezembro 2005448

Nota de esclarecimento ao público e às autoridades

A Federação Espírita do Estado da Bahia, entidade federativa que representa oMovimento Espírita em seu Estado – constituído de 582 (quinhentos e oitenta e dois)Centros Espíritas –, integrada ao Conselho Federativo Nacional da Federação Espí-rita Brasileira, tendo em vista alguns pronunciamentos divulgados na mídia falada eescrita, tendentes a deturpar a natureza da Doutrina Espírita, vem esclarecer que:

1. O Espiritismo, doutrina cristã de caráter científico, filosófico e religioso, reve-lada pelos Espíritos Superiores e codificada por Allan Kardec, não possui sacerdócioorganizado (padres, ministros, pastores), não adota e nem usa, em suas reuniões e emsuas práticas religiosas, fórmulas sacramentais, cerimônias, liturgias ou quaisqueroutros rituais ou formas de culto exterior, em conformidade com o princípio cristãode que Deus deve ser adorado em Espírito e Verdade;

2. Nesse sentido, nenhum de seus seguidores, ainda que dirigente, médium ouque exerça função em Centro Espírita, pode, em nome do Espiritismo, ser considera-do ou considerar-se autorizado por Deus ou pelos Espíritos Superiores a realizar ca-samentos, batizados ou qualquer outra cerimônia de culto exterior, respeitando-se,todavia, as práticas das demais religiões;

3. Os Centros Espíritas são organizações religiosas, assim classificados no âmbitodo Código Civil, possuem quadros diretivos próprios, não se atribuindo a seus diri-gentes a prática de cultos exteriores;

4. Conclui-se, assim, que atos não condizentes com os princípios do Espiritismocontidos nas obras básicas de Allan Kardec, que constituem a Codificação Espírita,não podem ser considerados como práticas espíritas, conforme os esclarecimentos cons-tantes do documento “Conheça o Espiritismo”, aprovado pelo Conselho FederativoNacional da Federação Espírita Brasileira e pelo Conselho Espírita Internacional.

Observação: Nota de esclarecimento aprovada na Reunião Ordinária do Conselho FederativoNacional da Federação Espírita Brasileira, realizada de 11 a 13 de novembro de 2005, em Brasília (DF).

Page 10: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

Reformador/Dezembro 2005 11449

P. – Há quanto tempo vocêatua no Movimento Espírita?

Sandra – Desde os 21 anos.Ainda adolescente, li algumas obrasbásicas presenteadas por uma ami-ga. Tal foi a familiaridade com onovo conhecimento, que logo semanifestou em mim a vontade deser espírita. Deparei-me, no entan-to, com a resistência da família. Apósa desencarnação de minha mãe, elamesma pediu a uma parenta daigreja messiânica, mas que é mé-dium, que me encaminhasse a umainstituição espírita, pois desde cedoera essa a minha vontade. Já nosprimeiros meses fui convidada atrabalhar na evangelização da in-fância. Posteriormente fui passandopor todas as áreas da Casa Espírita:juventude, ESDE, SAPSE, comu-nicação, assistência espiritual e porúltimo a administrativa.

P. – Como você se envolveucom o trabalho de unificação?

Sandra – Na década de 80, co-mecei a participar das reuniões doConselho Federativo Estadual. Trêsmeses depois, fui eleita secretária, emseguida assumi outras funções noCFE como tesoureira, coordenadorae diretora da Comissão de Assistên-cia Espiritual. Respondi por várias di-retorias na FEA até assumir a fun-ção de presidente no período de ja-neiro de 2003 a dezembro de 2005.

Atualmente estou no meu segundomandato, que finda em dezembro de2007. Desde que iniciei como tra-balhadora, sempre gostei de visitar ascasas espíritas, de estar junto, de co-nhecer os interesses e necessidadesdos companheiros. Aprendi que de-vemos valorizar mais a abençoadaoportunidade que Jesus nos conce-deu. Podemos ser instrumentos maisfiéis do Alto, mesmo que custe onosso sacrifício ou dos nossos inte-resses. Precisamos vencer o desânimoe as reclamações para amar e servirsempre e cada vez mais, pois será daspequeninas conquistas que faremosa grandiosa edificação do reino deDeus em nós. Unificação começacom a união e esse processo pedecorações unificados em Jesus.

P. – Qual o número de insti-tuições no Estado do Amazonas?

Sandra – Atualmente, há cercade 50 instituições na capital e 15no interior. Esse pequeno universo,comparado com outras regiões doBrasil, favorece um melhor acom-panhamento das atividades do Mo-vimento. Mensalmente, no segun-do domingo, temos uma ReuniãoSetorial na sede da FEA, da qualparticipam os diretores das princi-pais áreas do Centro Espírita, nosmoldes das Comissões Regionais.No último domingo, ocorre a Reu-nião de Dirigentes, em sistema derodízio nos centros de Manaus, des-tinada aos presidentes e vices. Essesencontros ensejam aos dirigentesse conhecerem, confraternizarem,estudarem assuntos de seu interesse,estreitarem laços, trocarem expe-riências, solucionarem problemascomuns, discutirem atividades doMovimento etc.

P. – Teria informações históri-cas relevantes sobre o Espiritismoem seu Estado?

Sandra – Ressaltaria dois mo-mentos: o início do nosso Movi-mento Espírita, que guarda estreitarelação com a vida econômica doEstado, e a atual fase de trabalho.No período áureo da borracha, fi-nal do século XIX, o intenso conta-to com a Europa favoreceu a vinda

ENTREVISTA: SANDRA FARIAS DE MORAES

Sandra Farias de Moraes, Presidente da Federação Espírita Amazonense, relata fatos históricos sobre

o Espiritismo no Amazonas e destaca que é de fundamental importância “trabalhar o trabalhador”

para o aprimoramento do Movimento Espírita

Sandra Farias de Moraes

O Espiritismo no Estado do Amazonas

Page 11: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

12 Reformador/Dezembro 2005

do Espiritismo direto da França. Naépoca, Manaus era conhecida comoa “Paris dos trópicos”, sendo co-mum o estudo das obras básicasem francês. Em meados de 1884 jáhavia a Sociedade de PropagandaEspírita, que prestou valiosos servi-ços à causa da divulgação do Es-piritismo. Essa instituição, além doseu jornal quinzenal, realizava pales-tras públicas, reuniões mediúnicas,distribuição de remédios, alimentose roupas aos necessitados e fundou,em 1901, a escola Curso NoturnoEspírita. Antes da fundação da FEA,em 1o de janeiro de 1904, já haviacerca de 20 instituições espíritas noEstado. A FEA foi a segunda fe-derativa a ser criada no Brasil e aprimeira a ser adesa à FEB, segundoas pesquisas de Samuel Magalhães,coordenador do Projeto Pró-Me-mória do Espiritismo no Amazonas.A decadência da borracha tambémrefletiu na notória diminuição dodinamismo do Movimento que, jun-tamente com fatores políticos, con-tribuiu para o fechamento de mui-tas instituições. Somente a partir dasdécadas de 50 e 60 é que surgiramas novas instituições. Ainda do pri-meiro momento, destacamos a fi-gura da amazonense Anna Prado,famosa médium de efeitos físicos,do município de Parintins, que apósseu casamento se mudou para Be-lém, onde ficou conhecida.

Como um marco no nosso Mo-vimento, concluindo um ciclo detrabalho e dando início a uma no-va fase, temos a comemoração dos100 anos da FEA, juntamente como Bicentenário de Allan Kardec,com a realização de vários eventosao longo de 2004, dentre os quaisdestaco os seguintes: a inauguraçãodo Memorial do Espiritismo no

Amazonas; o 1o Congresso Espírita,que também foi o primeiro da re-gião Norte; as inaugurações de cen-tros espíritas no interior; o lança-mento de uma edição especial de OEvangelho segundo o Espiritismoem parceria com a Federação Es-pírita Brasileira; os lançamentos darevista O Bicentenário e do Selo deAllan Kardec com a presença doorador Divaldo Pereira Franco.

P. – Há uma peculiaridade naação espírita do Estado do Amazonas?

Sandra – É uma verdadeiraaventura divulgar o Espiritismo na“terra de Ajuricaba”. As distânciassão imensas. O Amazonas é cober-to por floresta e por muitos rios, oque dificulta o deslocamento paraa implantação e o acompanhamen-to das instituições espíritas no in-terior. Como alternativas temos al-guns dias de viagem de barco ou deuma a três horas de avião, cujo cus-to é alto. Sem falar nas ameaças demalária, dengue, febre amarela, tra-vessia por áreas de reservas indíge-nas, acidentes de barcos que enca-lham ou afundam, animais selva-gens, tempestades, o forte calor etc.Até conseguirmos um terreno paraa construção da instituição, reuni-mo-nos em sítios de simpatizantes,muitas vezes embaixo de árvoresou de coberturas de palha. Os fre-qüentadores, na maioria, são pes-soas simples e carentes, e me en-canta a receptividade, a facilidadecomo assimilam os ensinamentosevangélicos, o que nos faz lembrarde Jesus dizendo: “Graças te rendo,meu Pai, por ocultares estas coisas aosdoutos e aos prudentes e as teres reve-lado aos simples e aos pequenos.”

P. – Quais os principais projetosem andamento com o patrocínio daFEA?

Sandra – Paralelo ao calendá-rio anual da FEA, que abrange todasas áreas de atividade, a Diretoriaescolhe a cada ano áreas específi-cas para maior investimento. Atual-mente, elegemos duas frentes de tra-balho: uma é a expansão da doutri-na no interior, a outra é a qualifi-cação dos trabalhadores. Na primei-ra já conseguimos triplicar o núme-ro de núcleos espíritas e na segundatemos promovido cursos de forma-ção, oficinas e encontros, algumasvezes com expositores de outros Es-tados, que nos enriquecem comsuas experiências. Também estamosem fase de planejamento do nosso2o Congresso Espírita, que será de18 a 20 de agosto de 2006.

P. – Nas Comissões RegionaisNorte tem-se discutido sobre o pro-cesso de humanização no CentroEspírita. Como você vê esse tema?

Sandra – Necessário e urgente.É de fundamental importância “tra-balhar o trabalhador”, as suas re-lações intra e interpessoais, bases detoda e qualquer atividade, pois atarefa é uma conseqüência naturaldo relacionamento saudável e ma-duro. Muitos dos problemas nas ca-sas espíritas são mais fruto das di-ficuldades de relacionamento, dainabilidade de administrarem deforma fraterna suas diferenças, doque propriamente das tarefas. Acre-dito que não estamos juntos so-mente para trabalhar, mas que tra-balhemos juntos para crescermosmoralmente. Se não investirmos nosrelacionamentos, na educação dossentimentos, se não trabalharmos omedo das diferenças que tanto en-riquecem o trabalho em equipe, asensibilidade, os laços de amizade,de respeito, o diálogo sincero, esta-remos juntos, mas não unidos, não

450

Page 12: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

criaremos laços. Considero que umdos atuais desafios das lideranças es-píritas é aprender a cuidar de pes-soas e não só das tarefas, para que oCentro Espírita se torne um oásisante a aridez do mundo. Que seja auniversidade do espírito como jádisse Dr. Bezerra, um espaço deconvivência fraterna que favoreçade fato um processo educativo detodos os que o busquem.

P. – Que ação considera prio-ritária para favorecer a difusãodoutrinária?

Sandra – A difusão doutrináriaé tarefa prioritária nesta fase de tran-sição do Planeta. Mas, se ganhamosem quantidade beneficiando umasociedade vítima de sua própria vio-lência, precisamos aprofundar emqualidade, sendo os agentes transfor-madores, as cartas vivas do Evangelho.Temos visto muitos companheirosde ideal, talentosos, especializados nasmais diversas áreas doutrinárias e nosramos da comunicação, fazendo umdesserviço à Doutrina. Aprendi quehá os que servem a Jesus e os que seservem dEle. Há os que querem apa-recer mais do que o próprio trabalho,olvidando tantos exemplos de hu-mildade, como o de João Batista aodizer: “É necessário que Ele cresça e queeu diminua.” O Espiritismo e o es-pírita são coisas distintas, apesar deinterligados, no entanto, penso nanossa responsabilidade quando de-sacreditamos corações que nos vêemcomo o “cartão de apresentação daDoutrina”. Podemos ser mais doque primorosos executores de tarefas.Além das “obras exteriores” dedique-mo-nos igualmente às “obras inte-riores”. Assim, em qualquer área dedivulgação em que atuarmos, estare-mos sendo a própria mensagem doConsolador.

Reformador/Dezembro 2005 13451

A Federação Espírita Paraibana(FEPb) completará 90 anos de fun-dação, no dia 17 de janeiro de 2006.

Diretores e trabalhadores daInstituição já estão mobilizados nospreparativos da comemoração. Asatividades constarão do lançamen-to de um livro, que registrará suahistória até aqui, além da criação deum memorial, seminários, feirasde livros, festival de arte e cultura,dentre outros eventos.

Com o título História do Es-piritismo na Paraíba, a trajetóriados 90 anos da FEPb ficará regis-trada num livro. A novidade é queserá uma organização coletiva, quecontará com a participação de to-dos os presidentes de centros espí-ritas do Estado, além da equipe deum conselho editorial. Cada casaespírita enviou uma sinopse com ohistórico do centro e que será ilus-trada com fotografias. Do conteú-do do livro constam ainda biogra-fias de vultos que contribuíramcom a história, bem como testemu-nhos e fatos que marcaram o Espi-ritismo na Paraíba, até a atualidade.

Para organizar o Memorial daInstituição, que futuramente seráampliado para um Museu, uma dasequipes do projeto dos 90 anos daFEPb já está debruçada sobre oarquivo de diversas informações.

O Memorial constará de fotos,documentos, publicações, vídeos,CDs e discos. Enfim, tudo que po-derá registrar, de alguma forma, ahistória da Federação Espírita Pa-raibana.

Uma semana festiva

Os 90 anos da Federação Es-pírita Paraibana serão marcados poruma programação especial, paraculminar com uma semana festiva,que acontecerá de 8 a 17 de janei-ro de 2006. Como parte dos prepa-rativos, uma caravana da FederaçãoEspírita Paraibana está visitando ascasas espíritas para divulgar o even-to, bem como serão organizadosencontros de dirigentes espíritas.

Para a semana festiva, em ja-neiro, estão sendo programadas ati-vidades como: seminário dos 90anos, que terá como conferencistasDivaldo Franco, Raul Teixeira e Al-berto Almeida, lançamento do livroHistória do Espiritismo na Paraí-ba e de uma edição especial do jor-nal Tribuna Espírita; inauguraçãodo Memorial, além de outros even-tos, que vêm sendo criados pelaequipe organizadora. O Presidenteda Federação Espírita Brasileira,Nestor Masotti, foi convidado pa-ra participar das comemorações.

90 anos de Espiritismo na Paraíba

Fátima Farias

Page 13: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

14 Reformador/Dezembro 2005

Desde a ascensão de Herodes, oGrande, que se fizera rei como apoio dos romanos, não se

falava na Palestina senão no Salva-dor que viria enfim...

Mais forte que Moisés, maissábio que Salomão, mais suave queDavid, chegaria em suntuoso carrode triunfo para estender sobre aTerra as leis do Povo Escolhido.

Por isso, judeus prestigiosos,descendentes das doze tribos, pre-paravam-lhe oferendas em váriasnações do mundo.

Velhas profecias eram lidas ecomentadas, na Fenícia e na Síria,na Etiópia e no Egito.

Dos confins do Mar Morto àsterras de Abilena, tumultuavamnotícias da suspirada reforma...

E mãos hábeis preparavam comdevotamento e carinho o adventodo Redentor.

Castiçais de ouro e prata eramburilados em Cesaréia, tapetes pri-morosos eram tecidos em Damas-co, vasos finos eram importadosde Roma, perfumes raros eramtrazidos de remotos rincões daPérsia... Negociantes habituados àcobiça cediam verdadeiras fortu-nas ao Templo de Jerusalém, apósouvirem as predições dos sacer-dotes, e filhos tostados do deserto

vinham de longe trazer ao santuá-rio da raça a contribuição espon-tânea com que desejavam formarnas homenagens ao Celeste Reno-vador.

Tudo era febre de expectação eansiedade.

Palácios eram reconstruídos,pomares e vinhas surgiam cuidado-samente podados, touros e carneiros,cabras e pombos eram tratados comesmero para o regozijo esperado.

Entretanto, o Emissário Divi-no desce ao mundo na sombraespessa da noite.

Das torres e dos montes, he-breus inteligentes recolhem a gratanotícia... Uma estrela estranha ruti-la no firmamento.

O Enviado, porém, elege pe-quena manjedoura para seu berçode luz.

Milícias angelicais rejubilam-seem pleno céu...

Mas nem príncipes, nem dou-tores, nem sábios e nem poderososda Terra lhe assistem a consagraçãocomovente e sublime.

São pastores humildes quese aproximam, estendendo-lhe osbraços.

Camponeses amigos trazem--lhe peles surradas.

Mulheres pobres entregam-lhegotas de leite alvo.

E porque as vozes do Céu sefazem ouvir, cristalinas e jubilosas,cantam eles também...

– “Glória a Deus nas alturas,

paz na Terra, boa vontade para comos Homens!...”

Ali, na estrebaria singela, estãoEle e o povo...

E o povo com Ele inicia umanova era.........................................................

É por isso que o Natal é a festada bondade vitoriosa.

Lembrando o Rei Divino quedesceu da Glória à Manjedoura, re-parte com teu irmão tua alegria etua esperança, teu pão e tua veste.

Recorda que Ele, em sua divi-na magnificência, elegeu por pri-meiros amigos e benfeitores aquelesque do mundo nada possuíam pa-ra dar, além da pobreza ignorada esingela.

Não importa sejas, por en-quanto, terno e generoso para como próximo somente um dia...

Pouco a pouco, aprenderás queo espírito do Natal deve reinarconosco em todas as horas denossa vida.

Então, serás o irmão abnegadoe fiel de todos, porque, em cadamanhã, ouvirás uma voz do Céu asussurrar-te, sutil:

– Jesus nasceu! Jesus nasceu!...E o Mestre do Amor terá real-

mente nascido em teu coração paraviver contigo eternamente.

Irmão X

Fonte: XAVIER, Francisco C. AntologiaMediúnica do Natal. 5. ed. Rio de Janei-ro: FEB, 2002, cap. 47, p. 133-135.

452

PRESENÇA DE CHICO XAVIER

Crônica do Natal

Page 14: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

Reformador/Dezembro 2005 15

Em uma das mais belas páginasde O Evangelho segundo o Es-piritismo, transmitida por Um

Espírito familiar, em Paris, no anode 1860, Allan Kardec destaca, nocapítulo XIII, item 18, a importân-cia de sabermos quanto é triste sersó e abandonado, sobretudo na in-fância! 1

A mensagem, intitulada “OsÓrfãos”, exorta-nos a um dos ges-tos mais sublimes da caridade, queé o de ampararmos uma pobre cria-turinha abandonada, evitar quesofra fome e frio, dirigindo-lhe aalma, a fim de que não desgarrepara o vício!

As conquistas obtidas pela le-gislação de amparo à infância, noséculo XX, entre as quais os Direi-tos da Criança instituídos com ba-se na Declaração de Genebra, de1924, aprovada pelas Nações Uni-das, em novembro de 1959, não pa-recem oferecer suficientes garantiaspara a manutenção do bem-estarinfantil, tornando a questão, obje-to deste artigo, bastante atual.

A sociedade contemporânea,considerando a evolução das ciên-cias humanas, vê a criança comouma pessoa que deve ser tratadacom respeito e dignidade. A Dou-

trina Espírita orienta-nos para a im-portância dessa fase ao afirmar queos Espíritos, na delicadeza da idadeinfantil, se tornam brandos, acessí-veis aos conselhos da experiência edos que devem fazê-los progredir,aproveitando-se essa fase para lhesreformar os caracteres e reprimir osmaus pendores, reconhecendo quea infância é não só útil, necessária,indispensável, mas também con-seqüência natural das leis que Deusestabeleceu e que regem o Uni-verso.2

Por outro lado, admitem al-guns autores, como Dallari e Korc-zak (1986), que não é fácil atingiresse ideal de respeito incondicionalàs prioridades infantis, pois as con-dições da vida moderna, que va-lorizam excessivamente os fatoreseconômicos, interferem no aten-dimento dispensado ao menor enos rumos de seu desenvolvimento.Um exemplo disso é o tratamentodiscriminatório dado às crianças aoverificarmos as diferenças socioeco-nômicas existentes entre elas, ava-liando-se as famílias de acordo comessa adequação, tendo, a sociedade,certa dificuldade em aceitá-las senão estiverem inseridas nesse con-texto de padronização social.3 Kar-dec, ao indagar, em O Livro dos Es-píritos, sobre o desaparecimento dadesigualdade das condições sociais,

os Espíritos Superiores observamque será quando o egoísmo e o or-gulho deixarem de predominar. Res-tará apenas a desigualdade do me-recimento. Dia virá em que e osmembros da grande família dos fi-lhos de Deus deixarão de conside-rar-se como de sangue mais ou me-nos puro.4

Essas razões desrespeitam os di-reitos das crianças a serem ampara-das, igualmente, sem distinção deraça, crença ou classe social e per-mitem que um número significati-vo delas vivencie os dramas ocorri-dos no próprio local onde nascem,especialmente quanto à quebra devalores morais e à ocorrência de pa-drões desintegradores de sua estru-tura familiar, levando os adultos –pais, responsáveis, e/ou parentes– ao alcoolismo, ao vício, à promis-cuidade, à violência doméstica, àmendicância e outros, forçandoa infância ao abandono do lar e àpermanência nas ruas, sobretudonas grandes cidades.

No enfoque sociológico, a si-tuação de abandono retira do me-nor as condições básicas para o exer-cício de sua cidadania. Ocasionasua exclusão da comunidade; nega--lhe a satisfação de necessidades fun-damentais à preservação de sua vi-da e ao desenvolvimento de suaspotencialidades. Nenhuma criança,

453

A adoção como forma de amparo à infância desvalida

Clara Lila Gonzalez de Araújo

Page 15: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

16 Reformador/Dezembro 2005

criada fora do seu meio social natu-ral, como a família, a escola, o em-prego, o clube, o templo religioso,consegue sobreviver equilibrada-mente. Não há como desenvolveruma personalidade saudável sem es-tar em contato com todas as pessoasque compõem o seu mundo, exer-cendo sobre ela influência significa-tiva, de acordo com os diferentespapéis que representam no gruposocial.

As informações divulgadas pe-la estatística oficial, através da mí-dia, utilizam rótulos identificadorespara caracterizar essas crianças, de-nominando-as carentes, marginali-zadas, meninos de rua, delinqüen-tes, etc., geralmente acusadas de fur-to, roubo com homicídio, tráfico euso de drogas e prostituição, meno-res esses nem sempre acolhidos e re-cuperados pelos organismos gover-namentais, que não conseguem, uti-lizando medidas paliativas, solucio-nar as questões surgidas dessa gravesituação.

Na análise que faz do crimino-so e do crime, Vinícius (1977) afir-ma: Quando Jesus preconizou o “amaios vossos inimigos; fazei o bem aosque vos fazem mal”, não proclamousomente um preceito altamente hu-manitário, mas proferiu uma sen-tença profundamente pedagógica esábia. A benevolência, contrastandocom a agressão, é o único processoeducativo capaz de corrigir e regene-rar o pecador.5

Sabemos que esses Espíritosaportaram à Terra para a vivênciade experiências dolorosas e tudo oque lhes sucede é resultado dosacertos e erros cometidos em exis-tências anteriores. Mas devemos dei-xar que suas provas prossigam emseu curso, sem ajudá-los para que

possam atenuá-las? Essa questão es-tá inserida em O Evangelho segun-do o Espiritismo, no capítulo V,item 27, e a resposta é generosa-mente oferecida pelo Espírito Ber-nardino: (...) Vejamos que meios oPai misericordioso me pôs ao alcan-ce para suavizar o sofrimento domeu irmão. Vejamos se as minhasconsolações morais, o meu amparomaterial ou os meus conselhos po-derão ajudá-lo a vencer essa pro-va com mais energia, paciência eresignação. Vejamos mesmo se Deus

não me pôs nas mãos os meios defazer que cesse esse sofrimento; senão me deu a mim, também comoprova, como expiação talvez, detero mal e substituí-lo pela paz.6

Num contexto social onde apedagogia prevaleça, as criançasconstituem a população ideal, pelosimples fato de serem crianças, ain-da maleáveis e menos fortementeagarradas a seus hábitos de vida, osquais, precisamente, se procura mo-dificar. Contudo, a indiferença ain-da predomina em nossos corações

e, por esse motivo, deixamos queresvalem na miséria, sem ofertar--lhes o nosso concurso. A esse res-peito, a resposta à questão 813, deO Livro dos Espíritos chama nossaatenção para o fato de que (...) asociedade é muitas vezes (...) culpa-da de semelhante coisa. Demaisnão tem ela que velar pela educa-ção moral dos seus membros? Quasesempre, é a má educação que lhesfalseia o critério, ao invés de sufo-car-lhes as tendências perniciosas.7

Um dos mais famosos filóso-fos, Jean-Jacques Rousseau (1712--1778), acreditou na bondade na-tural do homem ao atribuir à civi-lização a responsabilidade pela ori-gem do mal. Sua pedagogia, poresse motivo, comporta dois aspec-tos fundamentais: o desenvolvimen-to das potencialidades naturais dacriança e seu afastamento dos ma-les sociais. A educação deve ser pro-gressiva, de tal forma que cada es-tágio do processo pedagógico sejaadequado às necessidades indivi-duais do desenvolvimento do ser.8

Johann Heinrich Pestalozzi(1746-1827), notável educador dahistória da Pedagogia, impregnadopelos ideais de uma educação liber-tadora, tornou-se um humanista naluta contra as opressões exercidassobre os mais desafortunados, entreeles os órfãos, estabeleceu como umdos princípios de sua proposta pe-dagógica a formação do espírito deigualdade e fraternidade entre osalunos, pobres e ricos. Como cris-tão, admitia um Deus-Amor, Pai detodas as criaturas, e sob essa formaé que queria fosse [Ele] apresenta-do às crianças. Jesus, a quem mui-tas vezes se dirigiu em deprecações,era para ele o Filho de Deus e omaior dos homens.9

454

Num contexto social

onde a pedagogia

prevaleça, as crianças

constituem a

população ideal,

pelo simples fato

de serem crianças,

ainda maleáveis

Page 16: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

Reformador/Dezembro 2005 17

A existência de instituições-or-fanatos, durante algum tempo, ofe-receu a essas crianças fatores estáveisde proteção, estabilidade e amor, natentativa de diminuir a sua insegu-rança em relação à nova situação aser enfrentada com a internação,longe da família e dos amigos. Noentanto, sabemos que a falta de umdos pais reais ou substitutos, duran-te a infância, constitui grave des-vantagem para o normal desenvol-vimento social e emocional da maio-ria dos indivíduos.

Atualmente, o Estatuto daCriança e do Adolescente (Lei nú-mero 8.069/90), regula a interna-ção de crianças e jovens nas institui-ções, abrandando a sua condição demenor abandonado e orientando ospais a permanecerem ao seu lado,mesmo em situação de extrema po-breza. Porém, como observa Viní-cius, percebemos que é comum ver-mos, ao cair da noite, crianças mal-trapilhas, desasseadas, cabelo emdesalinho (...) pedindo, aqui e aco-lá (...). Dessas crianças, a maioriaé órfã por viver completamenteabandonada, perambulando pelasruas e praças, a despeito de se acharem companhia dos pais. Estes, ge-ralmente, exploram os filhos, per-manecendo em casa à espera dacolheita mais ou menos farta queas crianças conseguem fazer em suacotidiana peregrinação. (Op.cit.,p. 142.)

A Campanha Família, Vida ePaz, reativada pela Federação Es-pírita Brasileira, em 2004, tem suafundamentação mais significativana orientação de que os laços sociaissão necessários ao progresso e os defamília mais apertados tornam osprimeiros. (...) Quis Deus que, poressa forma, os homens aprendessem

a amar-se como irmãos.10 Quer-nosparecer que há um terreno comumentre estes preceitos e a mensagemtransmitida pelo Espírito familiar,citada logo ao início destes aponta-mentos, pois ao analisar o proble-ma da orfandade infantil, destacaque Deus permite que haja órfãos,para exortar-nos a servir-lhes depais. (...) Agrada a Deus quem es-tende a mão a uma criança aban-donada porque compreende e pra-tica a sua lei. Ponderai tambémque muitas vezes a criança que so-correis vos foi cara noutra encarna-ção, caso em que, se pudésseis lem-brar-vos, já não estaríeis praticandoa caridade, mas cumprindo um de-ver. (Op. cit., p. 230-231.)

Acolher essas crianças, pois, emnosso seio familiar, sob influênciadoméstica salutar, com desvelo es-pecial para formação de seu caráter,é dever de todos nós, espíritas, semnos preocuparmos com o fato deque não são filhos consangüíneos,mas verdadeiros irmãos que retor-nam para que possamos ampará--los. Deus, em sua incomensurávelbondade, colocou o filho sob a tu-tela dos pais, a fim de que estes odirijam pela senda do bem (...).11

Os laços de sangue não criamforçosamente os vínculos entre osEspíritos e, ao aceitar esse princípio,a iniciativa de adotar ou tutelaruma dessas crianças deve ser anela-da pela família espírita, abençoan-do sua existência na vivência doamor incondicional preconizadopor Jesus.

A Doutrina Espírita revelarápara nós, pais, de que maneira pre-cisamos tratá-las, ministrando-lhesuma educação firmada sobre os seusalicerces cristãos, que nos recomen-da, entre tantos e edificantes ensi-

namentos: Fazei aos homens tudo oque queirais que eles vos façam,pois é nisto que consistem a lei e osprofetas. (Mateus, 7:12.)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Es-piritismo. 13. ed. de bolso. Rio de Janeiro:FEB, 2002, cap. XIII, item 18, p. 230-231.

2______. O Livro dos Espíritos. 4. ed. de bol-so. Rio de Janeiro: FEB, 1998, “A infância”,Parte 2a, cap. VII, questão 385, p. 211-213.

3DALLARI, Dalmo de Abreu e KORCZAK,Janusz. O Direito da Criança ao Respeito.

2. ed. São Paulo: Summus Editorial, 1986.

4KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 4. ed.

de bolso. Rio de Janeiro: FEB, 1998, “Desi-

gualdades sociais”, Parte 3a, cap. IX, questão

806, p. 376-377.

5CAMARGO, Pedro (Vinícius). “O criminoso

e o crime”, In: O Mestre na Educação. 2. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 1977, p. 67-70.

6KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Es-piritismo. 13. ed. de bolso. Rio de Janeiro:

FEB, 2002, cap. V, item 27, p. 122-124.

7______. O Livro dos Espíritos. 4. ed. de bol-

so. Rio de Janeiro: FEB, 1998, “Desigualdade

das riquezas”, Parte 3a, cap. IX, questão 813,p. 379.

8ROUSSEAU, Jean-Jacques. Os Pensadores.3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983.

9WANTUIL, Zêus e THIESEN, Francisco.

“O Pensamento religioso de Pestalozzi na for-

mação de Rivail”. In: Allan Kardec (Meticulo-sa pesquisa biobibliográfica) – vol. I, 5. ed.,Rio de Janeiro: FEB, 1999, p. 69-77.

10KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.4. ed. de bolso. Rio de Janeiro: FEB, 1998. “La-

ços de família”, Parte 3a, cap. VII, questão 774,p. 361.

11Idem, ibidem. “Das ocupações e missões dos

Espíritos”, Parte 2a, cap. X, questão 582,

p. 288.

455

Page 17: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

18 Reformador/Dezembro 2005

I – Preâmbulo

No estágio evolutivo em que seencontra o planeta Terra, a lingua-gem oral ou escrita ainda é um dosmais importantes elos de comuni-cação capaz de propiciar a necessá-ria troca de manifestações entre oshomens. Por meio da literatura es-pírita podemos vislumbrar as ma-ravilhas da utilização da mente,com destaque para a natural e pro-gressiva capacidade perceptiva, tan-to de pensamentos quanto de senti-mentos, entre os Espíritos, confor-me sua escala de evolução.

Uma tênue imagem dessa sin-tonia mental no mundo dos encar-nados, nós a temos quando reen-carnam Espíritos, fase em que asmães ficam constantemente ligadasaos seus rebentos, mesmo que se-parados, por alguns momentos.

Essa intensa e salutar sintoniatem tudo para evoluir e se consoli-dar vida afora. Entretanto, isso nãoocorre, pois os respectivos canaistransmissores e receptores vão se en-fraquecendo, como se passassempor um desgaste, chegando a rom-per-se geralmente na velhice.

A respeito de alguns fatoresque podem envolver essa sintoniamental, desde a infância até a ve-lhice, é que tecemos as breves consi-derações a seguir.

Durante a temporária vida no

corpo físico, o esquecimento dosfatos e pessoas que marcaram nos-sas existências pretéritas é funda-mental prova da sabedoria divina,haja vista a extremada dedicaçãoaos recém-nascidos, até mesmo en-quanto na vida intra-uterina, quan-do os futuros pais são tomados deimenso amor e incontida alegria, ja-mais imaginando que poderá estarretornando à carne antigo algoz ouvítima do passado.

É esse amor que os impulsionaa edificar em sólidas bases o grupofamiliar, conscientes de sua respon-sabilidade e imbuídos de devota-mento e abnegação, recomendadospelo Espírito de Verdade1 –, pelomenos enquanto o pequenino serestá a vislumbrar os primeiros sonse luzes da Terra.

Entretanto, o contingente hu-mano que persevera no ensinamen-to do Espírito de Verdade ainda étímido.

Na medida em que os filhoscrescem, e, conseqüentemente, de-finem e revelam ao mundo os con-tornos de suas individualidades, écomum o desencanto e até mesmodecepção de pais que buscam in-corporar idealizados perfis a dife-rentes Espíritos, como se isso fossepossível.

Mesmo com a vontade cons-ciencial a lhes comandar as vidas,os filhos alçam o vôo de liberdade

somente após desfrutarem por lon-gos anos do extremado zelo pater-nal, cujos sacrifícios enfrentados evencidos nem sempre foram de seuconhecimento.

No auge de sua autonomia,muitas vezes não percebem que ospais envelheceram, e os relegam aoesquecimento e ao desprezo.2

II – O fiel da balança

Como transcorre o confrontoda dualidade esquecimento e des-prezo versus sintonia e responsabi-lidade na vida do ser humano?

Cada criatura deve olhar paradentro de si mesma e procurar asrespostas, bastando, dentre outrosargumentos, que analise o quadroda infância, época em que a mãe,geralmente sem considerar o núme-ro de filhos, situação econômico-fi-nanceira e a moradia, obrigatoria-mente dispensa cuidados, alimenta,higieniza, acalenta a criança e comela conversa, mesmo sabendo que obebê não lhe pode responder. Ain-da assim, dialoga com ele, olha-onos olhos, acaricia-o e enche-o deamor.

Nessa fase de vida, a chamadaprimeira infância, dualmente fluemem abundância a sintonia e a res-ponsabilidade. A primeira, de for-ma ininterrupta, desafia o cumpri-mento de todas as tarefas rotineiras

456

Sintonia mental, essa desconhecida

Marlene Maria Goiabeira Rosa

Page 18: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

Reformador/Dezembro 2005 19

que o lar e a família requerem. Asegunda, por estar a mãe imbuí-da do que é ser guardiã daqueletesouro, pois ali está o seu cora-ção3.

Na inversão comparativa desituações temporais, de certa formao idoso também volta a ser criança,época em que conta, quase sempre,com alguém a dedicar-lhe o neces-sário zelo, isto porque os membrosdo grupo familiar por ele edificado,pelas circunstâncias da vida, tam-bém já constituíram seus próprioslares. E, seguindo cada um o seurumo, o idoso acaba se fixando emuma determinada casa, tornando-semais dependente de certa pessoa.

Conseqüência muito constata-da em nossa sociedade é o aflorardo esquecimento e desprezo em re-lação ao idoso, enquanto sintonia eresponsabilidade de seus afins seenfraquecem. Para atenuar possívelsentimento de culpa, alguns filhosdesembolsam quantias – desde quenão abalem sua subsistência –, le-vam gêneros, remédios ou outrosmimos, como que para satisfazersua consciência da obrigação cum-prida referente ao idoso.

Será esta a correta postura defilhos, em relação ao entardecer davida de seus pais?

Por que nutrir uma sensaçãode que se carrega um fardo pesado,quando se tem que cuidar de umidoso?

Por que atender às suas im-prescindíveis necessidades físicascom gestos mecânicos, muitas ve-zes bruscos, com palavras de revol-ta e rancor em vista da tarefa ter“sobrado” para nós e não para osoutros?

Por que pensar que após suahigiene, alimentação e leito con-

fortável o idoso nada mais preci-sará, até porque já está praticamen-te surdo ou cego, com dificuldadeem articular palavras e evidentessinais de senilidade?

Nessa etapa da vida, parece,então, ocorrer o rompimento doslaços de sintonia, surgindo um no-vo e deprimente quadro, caracteri-zado pelo auto-isolamento do ido-so, caminho que, quase sempre, oconduz à monotonia.

III – Monotonia do idoso

Dentre incontáveis causas daaparente monotonia que reveste avida de muitos idosos, arriscamosalgumas:

1) Impossibilidade de fazer qual-quer coisa, principalmente asque realizava na vida laboriosa.

2) Pela sua condição econômico--financeira, não tem mais ne-cessidade de fazer nada.

3) Não mais existem atraentesofertas de trabalho para idosos.

4) Revolta interior com seu enve-lhecimento e desgaste das for-ças naturais de vitalidade.

5) Sua vontade deixa de ser res-peitada, ficando a experiênciavivida relegada somente a crí-ticas, conduzindo-o, freqüen-temente, ao mutismo.

6) Mesmo cercado de pessoas e re-finados aparatos, é quase igno-rado no contexto doméstico,sem nenhuma efetiva partici-pação no grupo familiar, comoser humano.

Visto que cada indivíduo não--idoso vive a sua vida portandocorpo e mente sadios, ele não sepreocupa em conhecer e respeitar avelhice. Somente quando constatao passar dos anos é que sofre ochoque desse conhecimento. Atéentão, ser idoso era apenas tema deconjecturas.

Todavia, o homem vence eta-pas e desafios da vida definindoseus valores, coroando-se senhor desi mesmo. Nessa fase, sua tendênciaé apegar-se a esses valores por ele es-tabelecidos, refutando tudo que lhefor contrário ou ameaçador, vindoa ser, pois, passível de uma insegu-rança psicológica, muitas vezes in-terpretada como rebeldia, orgulho,autoritarismo, prepotência.

O progresso é uma lei divina, ena medida em que vivemos, todosos acontecimentos de nossas vidassão importantes para nos ajudar aapreender a arte de bem amadure-cer, esclarecendo-se que aí se in-cluem o trabalho e a evoluçãomoral.

As quatro estações climáticasdo ano são um simbolismo apli-cado ao homem que, ao renascer, éa primavera em flor! Só alegrias! Noverão, o homem atinge o auge desua força desbravadora e conquista-dora do mundo. No outono, come-ça a perceber a necessidade de me-lhor utilizar seu potencial, buscandoequilíbrio, dando mais oportunida-des à razão do que às emoções, poiso peso dos anos já se manifesta. É afase em que o homem descobrea ponderação, a reflexão, procuraolhar para dentro de si mesmo.

Também é a época da colheitabenéfica dos frutos do outono4 poislogo o inverno chegará. Mas a ve-lhice nunca é o fim do homem,

457

Page 19: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

20 Reformador/Dezembro 2005

pois ligado àquele corpo, há umEspírito eterno, não sujeito a qual-quer intempérie ameaçadora deextermínio.

Então, quando o homem che-gar ao seu inverno, com baixíssimastemperaturas e muita neve, conti-nuará aquecido pelo calor de suamente e de seus pensamentos. Re-conhecendo seu potencial magnéti-co, poderá, mais do que nunca, via-jar e dialogar com outras mentes,numa ampla, ininterrupta e salutarsintonia de amor, de júbilo, de cari-dade! Será a hora de fazer as pazescom os desafetos do verão que pas-sou, de deixar falar a voz da cons-ciência, de desabafar consigo mes-mo, de pedir perdão e de perdoarverdadeiramente, do fundo do co-ração, mas de mãos dadas com arazão.

Assim, não haverá monotonia,nem abandono, nem solidão. Essetempo será propício para observar,descobrir, analisar, refletir e pon-derar sobre a trajetória da própriavida, a fim de que a colheita dosfrutos do outono sirva como reco-nhecimento do porquê o seu inver-no ter aquele rigor.

Estará predisposto, ainda, àmesma dedicação para com as pes-soas que o cercam e as que, de al-guma forma, marcaram sua existên-cia. Mas tudo de maneira humildee discreta, procurando ser indul-gente nas lacunas porventura de-tectadas. Nesse exercício de intros-pecção, seus pensamentos serãoautênticas preces.

Então, qualquer que seja acondição física do idoso, ele sempreestará em pleno e vigoroso verão es-piritual, com novas e sucessivas ta-refas a cumprir diariamente, poismesmo que esteja confinado a um

leito, não se auto-isolará do mun-do. Ao contrário, juntar-se-á a ele,enviando e captando mensagens nu-ma harmônica sintonia mental, pre-parando-se para o grande e univer-sal reencontro de mentes, pois aofindar o inverno, florescerá a pri-mavera. É o ciclo da vida do Es-pírito, sintetizado na frase inscritano túmulo de Kardec: “Nascer, mor-rer, renascer ainda e progredir sem-pre tal é a Lei.”

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:1KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Es-piritismo. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004,cap. VI, item 8, p. 148.2HAMMED (Espírito). Francisco do EspíritoSanto Neto. As Dores da Alma. 9. ed. Catan-duva (SP): Boa Nova Editora, p. 168.3KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Es-piritismo. 124. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004,cap. XXV, item 6, p. 428.4HAMMED (Espírito). Francisco do EspíritoSanto Neto. As Dores da Alma. 9. ed. Catan-duva (SP): Boa Nova Editora, p. 169.

458

A Federação Espírita do Esta-do de São Paulo promoveu, no dia16 de outubro, das 9 às 21 horas,uma Festa em Homenagem a AllanKardec, na rua Maria Paula (fecha-da ao trânsito) em frente à sua SedeCentral. A abertura oficial ocorreuàs 10 horas, no palco especialmentemontado para o evento (foto abai-xo), com a presença do Cônsul daFrança, de todos os Dirigentesda FEESP, de representantes da

Federação Espírita Brasileira, daUnião das Sociedades Espíritas doEstado de São Paulo e da Liga Es-pírita do Estado de São Paulo, deconvidados e grande público. Emseguida, na entrada do edifício--sede, foi reinaugurado o busto deKardec. Houve shows ao vivo, bar-racas com iguarias francesas e, tam-bém, almoço tipicamente francês.A Festa teve o apoio da Prefeiturada Cidade de São Paulo.

Homenagem a Kardec

Foto

:Apa

reci

doB

elve

dere

Page 20: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

Reformador/Dezembro 2005 459 21

Cristo e nós“E disse-lhe o Senhor em visão: – Ananias! E ele

respondeu: – Eis-me aqui, Senhor!”

(Atos, 9:10.)

Os homens esperam por Jesus e Jesus espera igualmente pelos homens.

Ninguém acredite que o mundo se redima sem almas redimidas.

O Mestre, para estender a sublimidade do seu programa salvador, pede braçoshumanos que o realizem e intensifiquem. Começou o apostolado, buscando o concur-so de Pedro e André, formando, em seguida, uma assembléia de doze companheirospara atacar o serviço da regeneração planetária.

E, desde o primeiro dia da Boa Nova, convida, insiste e apela, junto das almas,para que se convertam em instrumentos de sua Divina Vontade, dando-nos a perce-ber que a redenção procede do Alto, mas não se concretizará entre as criaturas sem acolaboração ativa dos corações de boa vontade.

Ainda mesmo quando surge, pessoalmente, buscando alguém para a sua lavourade luz, qual aconteceu na conversão de Paulo, o Mestre não dispensa a cooperação dosservidores encarnados. Depois de visitar o doutor de Tarso, diretamente, procura Ana-nias, enviando-o a socorrer o novo discípulo.

Por que razão Jesus se preocupou em acompanhar o recém-convertido, assistin-do-o em pessoa? É que, se a Humanidade não pode iluminar-se e progredir sem o Cris-to, o Cristo não dispensa os homens na obra de soerguimento e sublimação do mundo.

“Ide e pregai.”

“Eis que vos mando.”

“Resplandeça a vossa luz diante dos homens.”

“A Seara é realmente grande, mas poucos são os ceifeiros.”

Semelhantes afirmativas do Senhor provam a importância por ele atribuída àcontribuição humana.

Amemos e trabalhemos, purificando e servindo sempre.

Onde estiver um seguidor do Evangelho aí se encontra um mensageiro doAmigo Celestial para a obra incessante do bem.

Cristianismo significa Cristo e nós.

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. 1. ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005, cap. 17,

p. 51-52.

ESFLORANDO O EVANGELHOEmmanuel

Page 21: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

22 Reformador/Dezembro 2005460

Cerca de 800 pessoas visita-ram, na manhã do primeiro sábadode outubro passado, a Sede Seccio-nal da FEB, na Avenida Passos, pa-ra o encerramento das homenagensa Allan Kardec pelo transcurso doseu Bicentenário de Nascimento,iniciadas em 3 de outubro de 2004com uma conferência do Dr. Juva-nir Borges de Souza e estendidas aomês de abril de 2005, com exposi-ções do Presidente Nestor João Ma-sotti, de Suely Caldas Schubert eTherezinha de Oliveira.

O evento que encerrou o ciclodas homenagens a Kardec foi assi-nalado por brilhante e fecunda pa-lestra proferida por Richard Simo-netti, sob o título “Presença deDeus”, com que o orador – conhe-cido articulista e escritor espírita –

edificou e consolou os corações dequantos ali acorreram, atraídos pe-la grandiosidade do tema e pela ve-nerabilidade da figura do homena-geado.

A solenidade transcorreu emclima de harmonia e fraternidade,como que concretizando sugestivoaceno das esferas espirituais no sen-tido de que prossigam os esforçospela revitalização daquele históri-co espaço da Casa de Ismael, on-de tantos serviços, materiais e es-pirituais se realizaram no decursodo tempo e hoje continuam ocor-rendo, em favor do próximo, assimlhe restituindo a feição de centrode reunião dos espíritas do Rio deJaneiro.

Diante do êxito alcançado, aDireção da FEB decidiu-se por con-sagrar os meses de abril e outubrode cada ano, na Sede Seccional, àrealização de eventos que evoquema vida e a obra de Allan Kardec,cujo conhecimento é de vital impor-tância para que se assegure a neces-sária solidez aos trabalhos em tornoda divulgação do Espiritismo.

Bicentenário de Allan Kardec Encerramento das comemorações na Sede Seccional da FEB – Rio de Janeiro

Aspecto do público presente à solenidade

Composição da Mesa (esq./dir.): Richard Simonetti, Arthur do Nascimento, Affonso Soares e Aloísio Ghiggino

Page 22: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

Reformador/Dezembro 2005 23461

Em texto intitulado “Vontade” de seu precioso livroPensamento e Vida, psicografado por F. C. Xavier(Ed. FEB), Emmanuel nos convida a examinar al-

gumas de nossas faculdades, como a inteligência, o de-sejo e a vontade, usando a metáfora organizacional parafacilitar nosso entendimento. Propõe nosso abnegadoInstrutor que vejamos nossa mente como “um grandeescritório, subdividido em diversas seções de serviço”.A Figura 1 ilustra a metáfora proposta.

Fig. 1. A Mente Humana numa visão organiza-cional, segundo metáfora de Emmanuel,proposta no livro Pensamento e Vida.

A Fig. 1 mostra a mente humana como uma or-ganização, composta pelos Departamentos do Dese-jo, da Inteligência, da Imaginação e da Memória, to-dos subordinados ao Gabinete da Vontade. Anali-semos essa metáfora com os subsídios que nos dá Em-manuel em relação à função de cada departamento:

� Depto. do Desejo: criar propósitos e aspirações queestimulem o trabalho;

� Depto. da Inteligência: ampliar o conhecimentogeral do Espírito à medida que evolui;

� Depto. da Imaginação: cultivar o ideal e a sensi-bilidade do Espírito;

� Depto. da Memória: arquivar experiências quedefinem os investimentos passados do Espírito.

Com essas definições, ao mesmo tempo belas eclaras, Emmanuel nos ensina os objetivos que devemosperseguir: propósitos e aspirações enobrecedores, co-nhecimento, ideal, sensibilidade e experiência. Essasaquisições são verdadeiras riquezas espirituais, bastantediversas dos bens materiais que, muito freqüentemente,

insistimos em acumular, sem nos aperceber-mos de que não têm utilidade qualquer,senão seu uso transitório neste mundo emque vivemos por pouco tempo, em relaçãoà eternidade. A partir das informações aci-ma, podemos analisar casos para um apren-dizado mais prático. Vejamos os exemplos aseguir, cujas personagens e ações são fictícias,não obstante construídas por observaçõesreais e corriqueiras da vida cotidiana:

Caso 1: Inteligência x DesejoFilomena é uma mulher muito in-

teligente, capaz de planejar estratégias paraseu futuro, bem como de perseguir e executar essesplanos. Seu maior desejo é ser rica e famosa. Certa vez,percebendo uma oportunidade de progredir em suacarreira, investe pesadamente nela, mesmo observan-do que causará prejuízo a um companheiro de traba-lho. Filomena não pensa duas vezes: persegue seu ob-jetivo, mesmo prejudicando o colega, e consegue apromoção a que tanto aspira.

Caso 2: Imaginação x InteligênciaJoaquim é dotado de grande sensibilidade, pro-

cura sempre tornar o mundo melhor, entretanto, ape-sar do incentivo dos pais, não se dedicou aos estudose, por isso, perdeu a chance de uma ação mais ampla,pela combinação da sensibilidade com o desenvolvi-mento da inteligência, para provocar mudanças maisprofundas na sociedade. >

MENTE HUMANA

Departamentodo Desejo

Gabinete daVontade

Departamentoda Inteligência

Departamentoda Imaginação

Departamentoda Memória

Vontade e FéRenata S. S. Guizzardi

Page 23: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

24 Reformador/Dezembro 2005462

Caso 3: Desejo x Memória Kadu é um menino curioso e bom, deseja ser can-

tor para sensibilizar os corações humanos com melo-dias sublimes, entretanto, por ter sido Espírito bastantepreguiçoso nas encarnações anteriores, não acumulougrande experiência no campo artístico, sendo incapazde praticar o canto na presente vida terrena.

Esses casos mostram-nos que, em nossas vidas su-cessivas, temos dado ênfase a algumas das habilidadesque devemos desenvolver, mas, na maioria das vezes,esquecemo-nos de outras tão importantes quanto asprimeiras. O que fazer para evitar isso daqui para afrente? Como cuidar para que possamos equilibrarmelhor as funções dos citados departamentos? A res-posta está na metáfora proposta por Emmanuel, queé ainda mais profunda, mostrando-nos que todos es-ses departamentos só funcionam bem sehouver justo e preciso gerenciamento doGabinete da Vontade. E qual seria a impli-cação de toda essa informação em nossavida cotidiana? É difícil imaginar quetal modelo tenha sido proposto para que vi-giemos e julguemos a vida alheia. Ao con-trário, o modelo objetiva levar-nos à análi-se sistemática de nosso eu profundo, paraidentificarmos o desequilíbrio em nossosdepartamentos mentais, permitindo-nos, as-sim, corrigir em tempo as falhas da nossavontade em relação à meta evolutiva.

Se nos identificamos com Filomena, dedique-mos nosso tempo à correção de nossos desejos, pro-pondo a nós mesmos que nos coloquemos na po-sição dos que compartilham nosso caminho, paraverificar as conseqüências das nossas escolhas, antesde fazê-las. Assim, estaremos movendo nossa vontadena direção de usarmos a inteligência que adquirimosa favor da nossa relação com o próximo e, conse-qüentemente, a favor de nós mesmos, dando passosfirmes em direção ao bem. Por outro lado, se per-cebermos uma semelhança entre nós mesmos eJoaquim, procuremos dedicar mais tempo aos estu-dos, aos programas de TV com conteúdo educativoe às conversações úteis. Dessa forma, novamente porvontade própria, poderemos aplicar a sensibilidadeque possuímos com maior proveito para todos. Não

seria isso motivo de tanto prazer e felicidade para nósmesmos? E por fim, se Kadu é aquele a quem maisnos assemelhamos, procuremos exercer a vontadepara expandir nossas possibilidades, aprendendo ofí-cios diversos nos campos das artes, dos esportes, en-tre tantos outros. Lembremos que a experiência podenos ser útil nesta ou em futuras encarnações e, por-tanto, não devemos dar margem ao desânimo e aoócio. Como nesses casos, podemos imaginar muitosoutros que nos darão oportunidades de verificar oque precisamos fazer para melhorar o funcionamen-to do Gabinete da Vontade, cuja função de gerêncianos é tão preciosa!

Analisemos agora a Figura 2, em que propomoscontribuição humilde, porém interessante, ao traba-lho de Emmanuel.

Fig. 2. A Metáfora Organizacional da Mente Hu-mana, acrescida do Departamento da Fé.

A Fig. 2 exibe praticamente o mesmo modeloapresentado na Fig. 1, apenas com um departamentoa mais, o Departamento da Fé. Sabemos que, em di-versas organizações terrenas, como escritórios e com-panhias, existem, além dos departamentos e gabinetesprincipais, outros setores que prestam serviço auxiliar,porém de grande importância, à organização. Esse é ocaso, por exemplo, do departamento financeiro emuma empresa de engenharia civil. Apesar de o traba-lho da firma ser voltado à construção, sua organizaçãonão prescinde de um setor que cuide dos pagamentosde funcionários, da contabilidade geral e de custos, deinvestimentos, etc.

MENTE HUMANA

Departamentodo Desejo

Gabinete daVontade

Departamentoda Fé

Departamentoda Inteligência

Departamentoda Imaginação

Departamentoda Memória

Page 24: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

Reformador/Dezembro 2005 25463

Em nosso entendimento, a fé e a vontade sãocomplementares. Nesse sentido, afirmamos que oDepartamento da Fé e o Gabinete da Vontadeprovêem estímulos um ao outro. Por exemplo, sem acrença de que seremos capazes de cantar bem um dia(como deseja Kadu), dificilmente seremos impelidos,ou seja, moveremos nossa vontade na direção deaprender a cantar; e à medida que aprendemos ocanto, incentivados pela fé em nós mesmos, vamostendo mais e mais vontade de cantar ainda melhor.Por outro lado, essa mesma situação pode ser vistade maneira inversa. Pode ser que, por influência dodesejo ou da inteligência, decidamos mover nossavontade na direção de aprender a cantar, sem quetenhamos muita fé em nossas habilidades artístico--musicais; depois, à medida que vamos exercendo avontade e exercitando o canto, a fé de que con-seguiremos alcançar nosso objetivo cresce, culmi-nando no momento em que percebemos, com ale-gria, que estamos cantando muito bem! Assim, po-demos enxergar o funcionamento desses dois setoresqual um círculo de estímulos mútuos, como mostraa figura 3.

Fig. 3. Círculo de estímulos mútuos entre a von-tade e a fé.

Ao observar a Fig. 3 e tendo em vista as afir-mações anteriores, podemos concluir que, se nossavontade é ainda muito pequena para que nos mova-mos em direção aos nossos objetivos evolutivos, talvezum bom começo para nossa transformação seja tra-balharmos a nossa fé, para que ela forneça o estímulo

necessário à nossa vontade, levando-nos finalmente àtomada de atitude necessária ao nosso crescimento.

Apesar de nossas pequenas conquistas, em com-paração com a bagagem de Emmanuel, acreditamosque ele aprovaria a inclusão do Departamento da Féno modelo organizacional da mente, que propôs. Oque nos motiva a pensar assim são suas própriaspalavras sobre a fé, quando diz: “Todas as operaçõesda existência se desenvolvem, de algum modo, sob aenergia da fé.”1

Em face dessas reflexões, analisemos, com cuida-do, se temos dado a devida importância à vontade e àfé em nossas existências, ou se temos priorizadoa matéria efêmera em detrimento dos valores eternosdo Espírito. Concluímos, deixando mais uma colo-cação brilhante da página aqui focalizada, para nossareflexão:

“O cérebro é o dínamo que produz a energiamental, segundo a capacidade de reflexão que lhe éprópria; no entanto, na Vontade temos o controle quea dirige nesse ou naquele rumo, estabelecendo causasque comandam os problemas do destino.” 2

1Esta afirmação foi extraída da página de título “Fé”, também publica-da no livro Pensamento e Vida, p. 31-34.2XAVIER, Francisco C. Pensamento e Vida. 15. ed. Rio de Janeiro: FEB,2005, cap. 2, p. 17.

A futura fé

Afutura fé que já emerge dentre as sombras nãoserá, nem católica nem protestante; será a

crença universal das almas, a que reina em todas associedades adiantadas do espaço, e mediante a qualcessará o antagonismo que separa a ciência atualda religião. Porque, com ela, a ciência tornar-se-áreligiosa, e a religião se há de tornar científica.

Léon Denis

Fonte: Cristianismo e Espiritismo. 14. ed. Rio de Janeiro:FEB, 2005, “Introdução”, p. 13.

Page 25: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

26 Reformador/Dezembro 2005464

Albert Einstein nasceu em Ulm(hoje, Württemberg), Alema-nha, em 14 de março de 1879.

Desencarnou em 18 de abril de1955. Filho de Hermann Einstein,um pequeno industrial judeu, e dePauline Koch. Foi uma criança queteve muitas dificuldades para apren-der a falar e se expressar, decorren-tes de uma dislexia. Por este mo-tivo, estudou em casa até os 13anos, ali recebendo as instruçõesbásicas do ensino primário, aulasde violino e orientações religiosasdo Judaísmo. Durante o estudo se-cundário foi expulso de uma escolaem Munique e, após a conclusão dosegundo grau, não ingressou numaescola técnica porque foi reprovado.Einstein revelou, entretanto, excep-cional aprendizado para Geome-tria, Matemática e Física. Ele mes-mo admitia “possuir especial dispo-sição para o pensamento abstrato”.Em 1900, gradua-se em Física eMatemática. Leciona por algumtempo, trabalha como técnico no

Departamento de Patentes de Berna(Suíça) e adquire o título de doutorem Física, pela Universidade de Zu-rique, com o trabalho: “Sobre umadeterminação nova de dimensõesmoleculares”. Sua tese de doutora-do é publicada na revista científicaalemã Annalen der Physik (Anaisda Física). Em 1921, recebe o Prê-mio Nobel de Física pelas contri-buições desenvolvidas sobre o efei-to fotoelétrico, no campo da FísicaQuântica. Casa-se duas vezes: em1903, com a húngara Mileva Marice tiveram dois filhos: Hans Albert eEduard; em 1917, com sua primaElsa Löwenthal. Em razão do nazis-mo, Einstein abandona Berlim, em1933, estabelecendo-se em Prince-ton (New Jersey, EUA), onde assu-me a direção do “Instituto de Ciên-cias Avançadas”. Em 1940 torna-secidadão americano, oportunidadeem que afirma: “Enquanto possaescolher, ficarei num país onde a li-berdade política, a tolerância e aigualdade de todos os cidadãos fren-te à lei seja a norma.”

Identificamos claramente a exis-tência de um planejamento reen-carnatório, meticulosamente elabo-rado, que moldou o caráter destegrande cientista, transformando-onuma pessoa calada, tímida e triste;introspectiva, solitária e arredia. Anecessidade de solidão, ponto mar-cante de sua personalidade, mante-ve-o afastado das frivolidades e dasbajulações que usualmente cercamas pessoas famosas, postura que lhepermitiu manter o compromisso as-sumido antes da reencarnação: im-pulsionar o progresso científico doPlaneta. Percebe-se que Einsteintrazia consigo um conhecimentoanteriormente adquirido, em outrasreencarnações e no plano espiritual,pela manifestação das idéias inatasno campo da Física e da Matemáti-ca. O Espiritismo nos ensina que“(...) os conhecimentos adquiridosem cada existência não mais se per-dem. Liberto da matéria, o Espíri-to sempre os tem presentes. Duran-te a encarnação, esquece-os emparte, momentaneamente; porém,a intuição que deles conserva lheauxilia o progresso.” 1 Em inúme-ras oportunidades Einstein se serviudeste conhecimento intuitivo, con-forme se deduz destas suas palavras:“Penso noventa e nove vezes e nadadescubro; deixo de pensar, mergu-lho em profundo silêncio: e eis quea verdade se me revela.”2

Em dia com o Espiritismo– VII –

Marta Antunes Moura

Há um século, tinha Einstein apenas 26 anos quando escreveu três

trabalhos científicos que revolucionaram a Física, dividindo-a em FísicaClássica e Física Moderna. Para registrar esse Centenário e celebrar as

contribuições da Física em geral, a Assembléia das Nações Unidas

decidiu declarar 2005 o Ano Internacional da Física.

Albert Einstein

Page 26: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

Reformador/Dezembro 2005 27465

As provações vividas por Eins-tein foram, possivelmente, escolhi-das por ele mesmo antes da reencar-nação. Neste sentido, a DoutrinaEspírita nos esclarece que a esco-lha das provas pelo Espírito é feita“(...) de acordo com a natureza desuas faltas, as que o levem à expia-ção destas e a progredir mais depres-sa. Uns, portanto, impõem a si mes-mos uma vida de misérias e priva-ções, objetivando suportá-las comcoragem; outros preferem experimen-tar as tentações da riqueza e do po-der, muito mais perigosas, pelos abu-sos e má aplicação a que podem darlugar, pelas paixões inferiores queuma e outros desenvolvem (...).”3

Einstein foi, além de umcientista brilhante, um homemprofundamente religioso, daí terafirmado: A ciência sem a reli-gião é paralítica – a religiãosem a ciência é cega.4 Opinan-do sobre religião e religiosidadeesclareceu: Em vez de perguntaro que é religião, prefiro pergun-tar o que caracteriza as aspira-ções de uma pessoa que me dá aimpressão de ser religiosa. Umapessoa que é religiosa esclarecidaparece-me ser a que, dentro de suapotencialidade máxima, conseguiuse liberar das cadeias de seus dese-jos egoístas e se preocupar com pen-samentos, sentimentos e aspiraçõesa que adere a virtude de seus valo-res suprapessoais.5

A revolução científica provoca-da pelas suas idéias dividiu a Físicaem dois grandes períodos históri-cos: Física Clássica, que começa naAntigüidade e culmina com as con-tribuições científicas do matemá-tico, físico e filósofo inglês IsaacNewton; Física Moderna, inicia-da com os trabalhos de Einstein,

cujas idéias resultam em uma novacompreensão da Natureza, muitodiferente das instituídas por New-ton, no século XVIII. Implicam,também, uma abertura para o surgi-mento da microeletrônica e da re-volução digital. Importa considerarque o desenvolvimento da FísicaQuântica, com Einstein, é tão sig-nificativo que se estima ser de 30%o produto interno bruto dos EstadosUnidos na produção de processos ede produtos derivados do conheci-mento da Mecânica Quântica.

Em atendimento à vontadetestamental, o cérebro de Einstein

foi imediatamente extraído e con-servado, depois da sua morte, paraser estudado posteriormente. Os es-tudos publicados em 1999 revelamque há uma característica excepcio-nal no cérebro do grande físico: otraçado da Fissura de Silvius é dife-rente em cada hemisfério cerebral,algo que o distingue das demaispessoas. Esta fissura é responsável,segundo os cientistas, entre outrasfunções, pelo pensamento matemá-tico e associativo. A propósito, Kar-dec nos informa que uma geraçãonova sucederá a atual, capaz de fa-zer mais feliz a Humanidade. “(...)Em cada criança que nascer, em

vez de um Espírito atrasado e in-clinado ao mal, que antes nelaencarnaria, virá um Espírito maisadiantado e propenso ao bem.”6

Essa “(...) nova geração se distinguepor inteligência e razão geralmen-te precoces, juntas ao sentimentoinato do bem e a crenças espiritua-listas, o que constitui sinal indubi-tável de certo grau de adiantamen-to anterior. Não se comporá exclu-sivamente de Espíritos eminente-mente superiores, mas dos que, játendo progredido, se acham predis-postos a assimilar todas as idéiasprogressistas e aptos a secundar o

movimento de regeneração.” 7

Os trabalhos de Einsteinque, efetivamente, revoluciona-ram a Física podem ser resumi-dos em três: o efeito fotoelétri-co, o movimento brownianodas moléculas e a relatividadeespecial. São trabalhos que for-mam parte significativa da agen-da da Física para o século XXI,esclarece o professor Ronald Cin-tra Shellard, pesquisador-titulardo Centro Brasileiro de Pesqui-sas Físicas (CBPF).

Efeito fotoelétrico

Trata-se de trabalho básico so-bre Mecânica Quântica. Einsteinexplica os quanta de luz, que sedeslocam na Natureza sob a formade partículas luminosas ou fótons.Atualmente, os fótons são a referên-cia para a construção de: a) telescó-pios que registram a luz produzidapelas galáxias distantes; b) detecto-res de partículas que medem a ener-gia de raios gama (raios chamadosde fótons de alta carga energética).André Luiz informa que para con-ceber a teoria do efeito fotoelétrico,

Page 27: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

28 Reformador/Dezembro 2005

Einstein “(...) chegou à conclusãode que a luz (...) possuiria peso es-pecífico.

Isso implicava na existência demassa para a luz (...).

Intrigado (...) deduziu que aluz de uma lâmpada resulta de su-cessivos arremessos de grânulos lumi-nosos, em relâmpagos consecutivos,a se desprenderem dela por todos oslados.” 8 Em suas pesquisas “Eins-tein, contudo (...) genialmente con-cebeu os grânulos luminosos ou fó-tons que, em se arrojandosobre os elétrons de sódio epotássio, lhes provoca odeslocamento (...).” 9 An-dré Luiz nos mostra asconseqüências do efeitofotoelétrico: “(...) a mecâ-nica ondulatória instalou--se na Ciência, em defini-tivo.

Mais da metade doUniverso foi reconhecidacomo um reino de oscila-ções, restando a parte cons-tituída de matéria igualmente susce-tível de converter-se em ondas deenergia.

O mundo material como quedesapareceu, dando lugar a tecidovasto de corpúsculos em movimen-to, arrastando turbilhões de ondasem freqüências inumeráveis, cru-zando-se em todas as direções, semse misturarem.10

Cedo ou tarde, os cientistas en-tenderão que o pensamento, ou flu-xo energético mental, se manifestasob a forma de ondas, “(...) desde osraios superultra-curtos, em que seexprimem as legiões angélicas, atra-vés de processos ainda inacessíveis ànossa observação, passando pelas os-cilações curtas, médias e longas emque se exterioriza a mente huma-

na, até às ondas fragmentárias dosanimais, cuja vida psíquica, aindaem germe, somente arroja de si de-terminados pensamentos ou raiosdescontínuos.......................................................

Como alicerce vivo de todas asrealizações nos planos físico e extra-físico, encontramos o pensamentopor agente essencial. Entretanto, eleainda é matéria, a matéria mental,em que as leis de formação das car-gas magnéticas ou dos sistemas atô-

micos prevalecem sob novo sentido,compondo o maravilhoso mar deenergia sutil em que todos nos acha-mos submersos e no qual surpreen-demos elementos que transcendem osistema periódico dos elementos quí-micos conhecidos no mundo.” 11

Movimento browniano

Trata-se do incessante movi-mento das moléculas e átomosexistente nas partículas. O movi-mento das partículas de pólen sus-pensas na água, por exemplo, éum fenômeno bastante conhecido,mas que, supunha-se, violava asleis da termodinâmica. Einstein es-clareceu que o pólen flutuava por-que os seus átomos e moléculas se

entrechocam, produzindo movi-mento. As suas deduções sobreo movimento browniano foramconfirmadas três anos depois porJean Parrin e seus colaboradores,na França. André Luiz nos lembra“(...) que toda partícula se desloca,gerando onda característica na-turalmente formada pelas vibra-ções do campo elétrico, relaciona-das com o número atômico dos ele-mentos.

Em conjugando os processostermoelétricos e o campomagnético, a Ciência po-de medir com exatidão acarga e a massa dos elé-trons, demonstrando quea energia se difunde, atra-vés de movimento simul-tâneo, em partículas infra--atômicas e pulsações ele-tromagnéticas correspon-dentes.” 12

Relatividade

A Teoria da Relatividade, apli-cada aos movimentos uniformes,modificou o pensamento humanoa respeito do tempo e do espaço.Esta Teoria foi definida numa equa-ção que surpreende pela simplicida-de: E = mc2, onde E significa ener-gia; m é matéria e c2 é velocida-de (celeratis, do latim) ao quadra-do. Por esta fórmula, a matéria setransforma em energia e vice-versa,bastando pequena quantidade demassa para produzir grande quanti-dade de energia. Com a Teoria daRelatividade, o desenvolvimento daFísica Quântica provocou profun-das alterações na vida que nos cer-ca, sobretudo nos domínios daQuímica e da Biologia. A FísicaQuântica é, atualmente, a base da

466

Page 28: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

produção tecnológica, permitindoque a Ciência conheça mais a ma-téria, os efeitos (e prováveis causas)das combustões estelares, as inúme-ras possibilidades da energia arma-zenada no átomo, entre outros.

Einstein entendia que é neces-sário especificar as coordenadas es-paço e tempo para que exista con-senso na descrição de um fato,feita por diferentes observadores.Uma pessoa dentro de um trem,por exemplo, não sabe se este estáem movimento, se não há solavan-cos nem é possível ver a paisagemexterna. Isto acontece porque nãopercebemos, usualmente, os movi-mentos uniformes. Da mesma for-ma, não conseguiríamos percebero movimento de rotação da Terrase não nos fosse possível observaroutros astros. Pela Teoria da Rela-tividade, um acontecimento deocorrência simultânea é visto deforma diferente por observadoresdistintos. Exemplo: um carro pas-sa pelo semáforo no exato momen-to em que o sinal amarelo mu-da para vermelho. O condutor doveículo, vendo a cor amarela, passapelo sinal. O guarda de trânsito,posicionado depois do semáforo,no lado oposto ao motorista, mar-ca infração porque enxerga o sinalvermelho. Segundo a Teoria daRelatividade, ambos estão corretosna descrição do fato: muda-se ape-nas a posição e, conseqüentemen-te, a referência de cada observadorpara o fato.

O avanço científico nos mos-tra, conforme assinala Emmanuel,que: “(...) O veículo carnal agoranão é mais que um turbilhão ele-trônico, regido pela consciência.

Cada corpo tangível é um fei-xe de energia concentrada. A maté-

ria é transformada em energia, eesta desaparece para dar lugar àmatéria.

Químicos e físicos, geômetras ematemáticos, erguidos à condiçãode investigadores da verdade, sãohoje, sem o desejarem, sacerdotes doEspírito, porque, como conseqüên-cia de seus porfiados estudos, o ma-terialismo e o ateísmo serão compe-lidos a desaparecer, por falta dematéria, a base que lhes asseguravaas especulações negativistas.

Os laboratórios são templos emque a inteligência é concitada aoserviço de Deus, e, ainda mesmoquando a cerebração se perverte,transitoriamente subornada pelahegemonia política, geradora deguerras, o progresso da Ciência, co-mo conquista divina, permanecena exaltação do bem, rumo a glo-rioso porvir.” 13

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tra-

dução de Guillon Ribeiro. 86. ed. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2005, questão 218-a, p. 164.

2AVALON, Manville (org.). Einstein por elemesmo. São Paulo: Editora Martin Claret, 2003,

p. 25.3KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradu-

ção de Guillon Ribeiro. 86. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2005, questão 264, p. 198. 4AVALON, Manville (org.). Einstein por elemesmo. São Paulo: Editora Martin Claret, 2003,

p. 57. 5______. p. 85. 6KARDEC, Allan. A Gênese. Tradução de Guil-

lon Ribeiro. 47. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005,

cap. XVIII, item 27, p. 418.7______. item 28, p. 419.8 XAVIER, Francisco C.; e VIEIRA, Waldo.

Mecanismos da Mediunidade, pelo Espírito An-

dré Luiz. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004,

cap. 3, p. 39.9 ______. p. 40.10______. p. 43.11______. cap. 4, p. 48-49.12______. cap.10, p. 85.13 XAVIER, Francisco C. Nos Domínios da Me-

diunidade, pelo Espírito André Luiz. 31. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2004. Prefácio de Emma-

nuel, “Raios, Ondas, Médiuns, Mentes...”,

p. 8-9.

Cataclismos morais

Mas, uma mudança tão radical como a que se está elaborando nãopode realizar-se sem comoções. Há, inevitavelmente, luta de idéias.

Desse conflito forçosamente se originarão passageiras perturbações, atéque o terreno se ache aplanado e restabelecido o equilíbrio. É, pois, daluta das idéias que surgirão os graves acontecimentos preditos e não decataclismos ou catástrofes puramente materiais. Os cataclismos geraisforam conseqüência do estado de formação da Terra. Hoje, não sãomais as entranhas do planeta que se agitam: são as da Humanidade.

Allan Kardec

Fonte: A Gênese. 1. ed. especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005, cap. XVIII, item 7,p. 514.

Reformador/Dezembro 2005 29467

Page 29: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

30 Reformador/Dezembro 2005468

Eu nunca serei pó

Eu nunca serei pó, porque sou alma.Sou espírito e em pó não me farei;morrerá o meu corpo, e pouco importaque vire pó a minha carne morta,se desta carne, livre, evolarei.

Eu nunca serei pó, porque sou alma.A alma é luz, seja a luz negra ou dourada,e luz não se rebaixa às sepulturas,podendo ter seu brilho nas alturas,ou mesmo lá num caos, abandonada.

Eu nunca serei pó, porque sou alma.A carne é roupa, indumentária apenascom que Deus veste qualquer ser etéreosó para realizar do seu mistériotantas e estranhas transações terrenas.

Eu nunca serei pó, porque sou alma.Se a carne acaba no feral abismodessa soturna deusa de destroçoschamada Morte, vã silhueta de ossos,a alma não na recebe em seu batismo.

Eu nunca serei pó, porque sou alma.Sou poesia, amor, adoro a vida,e brilharei na música ou no versoentre as estrelas claras do universoquando da carne me encontrar despida.

Mi ne fari11os polvo

Mi ne fari1os polvo, /ar mi estasanimo, kiun morto ne detruas.Fari1os polvo nur la korpo mia,kaj flugos la spirit’ al mond’ alia,libere, 1oje, /ar la vivo pluas.

Mi ne fari1os polvo, /ar animojkunportas lumon, helan a9malhelan.Neniun lumon tomba fundo havas.La lumo /iam flugas for, ne gravas,/u en kaoson a9 arka5on stelan.

Mi ne fari1os polvo, /ar la karnoestas vesta5o, kiun Dio donaspor ta9ga plenumado de l’ misterode nia trairado sur la Tero,/ar nur por tio homoj 1in bezonas.

Mi ne fari1os polvo, /ar nur karnonfortran/as la fal/ilo de l’ diinode la ruba5oj – siluet’ ostaranomata Mort’ – en sia voj’ senbara.Spiritojn ne atingas tia fino.

Mi ne fari1os polvo, /ar mi amasla vivon: sonojn, amon, poezion.Mi eble brilos, per muzik’ a9 verso,inter la steloj de la universokiam de l’ karna viv’ mi lasos /ion.

A FEB E O ESPERANTO

Eu nunca serei póAffonso Soares

Reunimos na transcrição abaixo o dom poético de Alda Pereira Pinto, que exprime em português

sua profissão de fé na vida futura, na sobrevivência da alma, e o talento e sensibilidade de Sylla Chaves,

igualmente poeta, manifestados em sua excelente versão na Língua Internacional Esperanto.

O poema faz parte da obra Penacho de Vento, de Alda Pereira Pinto, publicada em 1972, no

Rio de Janeiro (RJ), pela Editora Pongetti, e a versão de Sylla Chaves é de 4 de setembro passado.

Page 30: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

Foram lançadas em Paris cin-co obras da conhecida “SérieAndré Luiz”, do médium Fran-

cisco Cândido Xavier, traduzidaspara o francês, sendo: quatro porPierre-Etienne Jay – Nosso Lar(Nosso Lar – La Vie dans le MondeSpirituel), Os Mensageiros (Les Mes-sagers), Missionários da Luz (Mis-sionaires de la Lumière), No MundoMaior (Dans le Monde Supérieur);e uma por Sylvie Gajevic – Obreirosda Vida Eterna (Ouvriers de la VieÉternelle), editadas pelo ConselhoEspírita Internacional (CEI). O fa-to ocorreu na abertura do “Semi-nário para Preparação de Traba-lhadores e Dirigentes para o Movi-mento Espírita”, promovido pelaUnião Espírita Francesa e Franco-fônica e apoiado pelo CEI, no dia22 de outubro de 2005, em sala doHotel FIAPP, à rua Cabanis 30, nacapital francesa.

A apresentação das primeirasobras de André Luiz, pois as outrasse encontram em processo de tra-dução, e do DVD do 4o CongressoEspírita Mundial (Paris, 2004), tam-bém editado pelo CEI, foi feita peloDiretor da FEB e Assessor do CEI

Antonio Cesar Perri de Carvalho, re-presentando o Presidente da FEBe Secretário-Geral do CEI, NestorJoão Masotti, entregando-as a RogerPerez, Presidente da União EspíritaFrancesa e Francofônica. Impossibi-litado de comparecer, o Secretário--Geral do CEI enviou uma men-sagem de saudação gravada emDVD, que foi apresentada no iníciodo Seminário, oportunidade em quedestacou a importância do eventoque se realizava em Paris. Todos osgrupos presentes receberam os livrose o DVD como cortesia.

O Seminário reuniu mais de 40dirigentes, representando grupos es-

píritas de várias cidades e regiões daFrança e ainda da Bélgica, Luxem-burgo, Holanda e Canadá. Foi di-rigido por Roger Perez, Presidenteda USFF, e contou com a presençade Jean-Paul Évrard, Presidente daUnião Espírita Belga. O programa,com 12 horas de duração e se pro-longando até o dia 23 de outubro,foi desenvolvido por Antonio CesarPerri de Carvalho, com os temas:Mediunidade (relacionando as obrasde Kardec, Léon Denis e AndréLuiz) e Difusão do Espiritismo e Di-reção e Liderança; pelo Diretor daFEB Evandro Noleto Bezerra, comos temas: Doutrina Espírita eUnião e Orientações a Dirigentes,com base em Viagem Espírita em1862; e pelos Diretores da USFFMichel Buffet e Charles Kempf,respectivamente, com os temas:Ação mediúnica e Unificação e CEI.Atuaram como tradutores CláudiaBonmartin e Charles Kempf.

Reformador/Dezembro 2005 31469

Livros de André Luiz lançados na França

Grupo de participantes do Seminário

Page 31: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

32 Reformador/Dezembro 2005470

Tudo que procede de Deus pa-ra a Humanidade obedece aum planejamento feito com

séculos de antecedência, cujo esta-belecimento é evolutivo-dependen-te, pois que de nada adiantaria libe-rar revelações ao homem sem adevida capacidade para entendê-lase guardá-las. A Inteligência Supre-ma nada faz de improviso.

A primeira etapa para que aHumanidade passasse a crer noDeus Único foi a escolha de ummissionário, em tempos remotos edata incerta, que constituísse umagrande nação monoteísta, verdadei-ra ilha cercada de povos do mais va-riado e absurdo politeísmo. Essemissionário foi Abraão, a quemDeus abençoou e em quem pôs oseu concerto, pondo-o por pai deuma multidão de nações. (Ver Gê-nesis, capítulos 12 e 17.)

O segundo passo foi a concre-tização, não sem grandes sacrifíciosprobatórios, do monoteísmo porMoisés, cuja legenda e exemplo deextraordinária perseverança e inaba-lável fé no Senhor e nos seus supe-riores desígnios estão registrados nolivro Êxodo. Através da mediunida-de deste grande missionário e legis-lador, o Senhor deu a conhecer aohomem os seus Mandamentos (Pri-meira Revelação), seguro roteiropara o bom relacionamento entre ascriaturas, entre si e entre elas e Ele,que a todas criou e ama igualmen-te. Ainda com Moisés profetizou a

vinda do Messias (Deuteronômio,18:18), o que verdadeiramente ocor-reu treze séculos depois. Neste ín-terim, numerosos profetas foramenviados pelo Mais Alto ao povomonoteísta, aos quais cabia o cha-mamento para as coisas de Deusem termos diretos quando relativosàs suas atualidades e, quando em re-lação ao futuro, em linguagem sim-bólica, muita vez de difícil interpre-tação.

A etapa seguinte foi a vinda deJesus-Cristo, o Messias, consubstan-ciando diversas profecias anuncia-doras desse extraordinário eventoúnico. Jesus mudou radicalmenteos conceitos sobre Deus, vigentes àsua época, chamando-o Pai semprejusto e misericordioso, que não fazacepção de nenhuma das suas cria-turas e ama a todas igualmente.O Mestre dos Mestres pregou oAmor irrestrito à exaustão, esmiu-çando-o em todas as suas nuanças edimensões. Os ensinos de Jesus,cuja exemplificação foi irreprochá-vel, constituem a Segunda Revela-ção e foram dirigidos todos eles pa-ra o Espírito, o que implica renún-cia às coisas da matéria. O MestreIncomparável confirmou a crença,a Lei e os profetas.

Finalizando este encadeamen-to dos desígnios divinos, Jesus pro-meteu enviar outro Consolador, oEspírito de Verdade, que procededo Pai e que não fala de si mesmo,mas, sim, do que aprendeu dEle,Deus, usando de linguagem direta,

sem parábolas ou simbolismos(João, 14 e 16), para retirar o véuque oculta à criatura as coisas doseu Criador (Mateus, 10:26). Esta éa Terceira Revelação, trazida ao ho-mem, dezoito séculos depois, peloEspírito de Verdade e sua falange deEntidades Sublimes, através da ex-tremada dedicação de Allan Kardec,o bom senso encarnado, e que es-tá corporificada na Doutrina Espí-rita.

No versículo 2 do mesmo capí-tulo 14 do Evangelho, acima cita-do, João consigna a afirmação deJesus, segundo a qual na casa demeu Pai há muitas moradas. O Mes-tre de Lyon, no capítulo III de OEvangelho segundo o Espiritismo,esclarece, com base em instruçõesdos Espíritos Reveladores, que a ca-sa do Pai é o Universo, e, material-mente falando, que as diferentes mo-radas são os mundos que circulamno espaço infinito, referindo quehá dois tipos de mundos extremos.Nos degraus mais baixos da escadaevolutiva encontram-se os mundosprimitivos, habitados por Espíritosbrutos e materializados, recém-saí-dos da fase animal, predominandoas paixões, sendo quase inexistentea moral. Nos patamares mais eleva-dos estão os mundos celestiais, emque habitam Espíritos puros, expe-rientes, bondosos e sábios, remidosda matéria por terem percorrido,com mérito, todo o carreiro evolu-tivo. Entre esses mundos, há os in-termediários. Logo acima dos mun-

Na regeneraçãoAlfredo Fernandes de Carvalho

Page 32: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

Reformador/Dezembro 2005 33471

dos inferiores estão os mundos deprovas e de expiações, sendo a Ter-ra um deles, nos quais o mal predo-mina sobre o bem e a atração pelamatéria sobrepuja as coisas do Espí-rito. Abaixo dos celestiais estão osmundos ditosos, nos quais a bonda-de reina, habitados que são por Es-píritos elevados, mas ainda errantes.No entremeio, estão os mundos re-generadores, que são mundos detransição, nos quais o bem ombreiacom o mal. A classificação acima na-da tem de absoluta e os diferentestipos de mundos não são estanques,mas amplamente comunicantes en-tre si, sempre tendo em vista as me-tas evolutivas a serem alcançadas.

Na parábola do Mancebo Ri-co (Mateus, 19:28) está registrado:“(...) e Jesus disse-lhes [dirigindo-seaos discípulos]: ‘Em verdade vos di-go que vós, que me seguistes, quan-do na regeneração, o Filho do Ho-mem se assentar no trono da suaglória, também vós assentareis so-bre doze tronos para julgar as dozetribos de Israel’” (destaque do au-tor), confirmando o que Ele haviadito anteriormente (João, 5:22): “Etambém o Pai a ninguém julga,mas deu ao Filho todo o juízo.”

Deus não tem pressa; Ele orien-ta e aguardará que suas criaturasevoluam até à mansuetude para her-dar este Planeta (Mateus, 5:4). En-tretanto, aqueles Espíritos obsti-nados no mal e refratários ao Bemserão emigrados para outros orbes,mais apropriados às suas obras, afim de que, para dar cumprimentoao planejado, este Planeta deixe deser mundo de provas e expiações epasse a mundo de regeneração, con-forme as palavras do próprio Gover-nador Espiritual da Terra, o nossomuito amado Mestre Jesus.

Líder do Movimento Espíritada Guatemala, considerado “o se-meador de luz e caridade espírita”,Genaro Bravo Rabanales desencar-nou no dia 12 de julho de 2005,aos 85 anos de idade e com 73 anosde dedicação mediúnica.

De origem humilde, desenvol-veu seus dons mediúnicos aos 13anos, com o apoio de sua mãe. Bemjovem, no ano de 1938, fundou a“Escuela Heliosóphica Luz y Ca-ridad”, na cidade de San PedroSacatepéquez (Departamento deSan Marcos, República de Guate-mala). Em 1960, passou a ser oprimeiro distribuidor de livros es-píritas em espanhol para a Guate-mala e para a América Central. Emespecial, dedicou-se à divulgaçãoda Codificação Kardequiana. Em1962, assumiu a presidência da“Cadena Heliosóphica Guatemal-teca”, cargo que ocupou durante43 anos. Desde o ano de 1963 atésua desencarnação realizou con-ferências espíritas trimestrais nasmontanhas do Altiplano da Guate-mala. Foi fundador e dirigente doperiódico espírita Peregrino Helio-sóphico, e editor do DevocionarioEspírita – Heliosóphico.

O confrade Rabanales tambémesteve envolvido com: a primeirareunião espírita Pró-Formação daConfederação Espírita Centroame-ricana (1966), em San Salvador; aprimeira Associação de Damas Es-píritas da Guatemala (1967); a rea-lização da III Conferência Regional

da CEPA (1967); e atuou comomédium psicógrafo, tendo publica-do quatro livros.

Durante o Congresso Espíritarealizado em Madrid (Espanha), nodia 28 de novembro de 1992, foium dos fundadores do ConselhoEspírita Internacional (CEI).

No ano de 2001 foi um dosorganizadores do 3o Congresso Es-pírita Mundial, na cidade de Gua-temala, promovido pelo ConselhoEspírita Internacional e realizadopela “Cadena Heliosóphica Guate-malteca”.

Como uma de suas últimasrealizações, participou dos prepara-tivos para o 1o Congresso EspíritaCentroamericano.

(Dados fornecidos por Edwin GenaroBravo Marroquin.)

Desencarnou Genaro Bravo Rabanales

Page 33: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

34 Reformador/Dezembro 2005472

“Porque a lei foi dada porMoisés; a graça e a verdade vie-ram por Jesus Cristo.”

(João, 1:17.)

Arevelação mosaica (Velho Tes-tamento) está separada da BoaNova (Novo Testamento) es-

culpida por Jesus, por um períodode muitos séculos, e, sem infringi--la, Ele a amplia e lhe concede no-vos prismas, depurando-a, porquedeclarou: “Não penseis que vimdestruir a lei ou os profetas; nãovim destruí-los, mas dar-lhes cum-primento (...).” (Mateus, 5:17.)

“As traduções vulgares trazem‘cumprir’, o que não seria nada deextraordinário, já que todos nós vie-mos cumprir a lei(...). Todavia overbo plêrôsai (do grego) significa‘completar’.”1

Deu Jesus, perante Pilatos, tes-temunho da verdade, apanágio dequalquer revelação divina, ao decla-rar: “Todo aquele que é da verdadeouve a minha voz.” Retruca Pilatosentão: “Mas o que é a verdade?”(João, 18: 37-38.)

Revelar é descobrir, retirar osvéus, e os que o impediam de ver averdade, que estava bem ali à suafrente, não se encontravam, entre-tanto, próximos ao olhar do Naza-reno, mas colados a seus próprios

olhos. São os mesmos que, às vezes,se grudam nos nossos, justificandoo adágio popular “o pior cego é oque não quer ver”.

O Evangelho de Jesus é um le-gado para a Humanidade, um jar-dim de flores inesgotáveis e quantomais nele penetramos, mais perce-bemos os seus aromas, os seus viços,os seus matizes.

Jesus é a nossa centelha divi-na, a “Luz do Mundo”, estrela-guiacujo esplendor nos alumbrou coma cintilação de suas parábolas. Enós, espíritas, conhecedores destaspalavras do Mestre, temos especialresponsabilidade na interpretação eno cumprimento de seus ensina-mentos, porque “a quem muito foidado, muito será exigido”. (Lucas,12:48.)

A Primeira Revelação, a mosai-ca, foi apropriada para a época e pa-ra o povo, ao qual se destinou, ten-do Moisés desvelado, como profeta,a existência de um Deus único,promulgando a lei do Sinai e plan-tando as bases da verdadeira fé.2

Na Boa Nova, a Segunda Re-velação, efetuou Jesus o burilamen-to da primeira, ao “dar-lhe o verda-deiro sentido e adaptá-la ao grau deadiantamento dos homens”3.

Separa o que é divino, os Man-damentos, do que é de Moisés, sualegislação.

“A expressão ‘a lei e os profetas’

exprime o Antigo Testamento, queé o símbolo da personagem terrena;o Novo Testamento é o Reino deDeus, que é o campo da Individua-lidade. Moisés legislou para a per-sonalidade terrena; Jesus para a in-dividualidade espiritual. O reino dapersonalidade durou até João, quefoi o maior ‘entre os filhos de mu-lher’, ao passo que Jesus é o ‘Filhodo Homem’.(...) Até João ainda vi-goravam os preceitos para a perso-nalidade, que perderam sua razãode ser nesse nível, porque foramcompletados e aperfeiçoados pelavinda de Jesus, que os elevou, paraaplicá-los e adaptá-los à individua-lidade. (...) A lei mosaica foi escritapara a personagem transitória, eportanto transitória ela mesma.”4

Recapitulemos assim, no NovoTestamento:

“Ouvistes que foi dito: olhopor olho, dente por dente. Eu, po-rém, vos digo (...) a qualquer umque te ferir na face direita, volta-lhetambém a outra (...).” “Amarás o teupróximo e odiarás o teu inimigo.Eu, porém, vos digo: amai os vossosinimigos e orai pelos que vos perse-guem.” (Mateus, 5:38-39, 43-44.)

Materializemos isto no episó-dio do apedrejamento da adúltera:“Então os escribas e fariseus lhetrouxeram uma mulher que forasurpreendida em adultério e, pon-do-a de pé diante do povo, disse-

A Boa Nova Depuração da Revelação Mosaica

Fernando Moreira

Page 34: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

Reformador/Dezembro 2005 35473

ram: Mestre, esta mulher acaba deser surpreendida em adultério; oraMoisés, pela lei, ordena que se lapi-dem as adúlteras. Qual sobre isto atua opinião?”(João, 8:3-5.) A pará-bola é por deveras conhecida equando Jesus pergunta: “Mulher,onde estão aqueles teus acusado-res? Ninguém te condenou? Res-ponde ela: Ninguém, Senhor. En-tão lhe disse Jesus: Nem eu tam-pouco te condeno; vai e não pequesmais.” (João, 8:10-11.) Fica bas-tante claro que Ele, nestas últimascitações, contrariou a lei mosaica e,expandindo o amor, lhe deu os des-fechos pertinentes à Boa Nova.

Confere Jesus novos prismas àDivindade. Descortina o Deus daPaz e nos mostra que “o Pai de-monstra o desejo incondicional dobem [que é o amor] para toda aCriação. Fomos criados para a feli-cidade, a glória e a luz: esse é o de-terminismo divino!”5.

Não um Deus cruel, terrível,ciumento, vingativo e implacável,“que rega a terra com o sangue hu-mano, que ordena o massacre e oextermínio dos povos, sem excetuaras mulheres, as crianças e os velhos,e que castiga aqueles que poupamas vítimas; já não é o Deus injus-to, que pune um povo inteiro pelafalta do seu chefe, que se vinga doculpado na pessoa do inocente, quefere os filhos pela falta dos pais; mas,um Deus clemente, soberanamentejusto e bom, cheio de mansidão emisericórdia, que perdoa ao peca-dor arrependido e dá a cada um se-gundo as suas obras. (...) já não é oDeus que quer ser temido, mas oDeus que quer ser amado.”2 Para o“nosso” Deus, que é “um só Deus,e Pai de todos” (Paulo – Efésios, 4:6),não há faltas irremissíveis, e Jesus

não iria proclamar que perdoemossetenta vezes sete, isto é, sempre, seDeus, infinitamente bom e miseri-cordioso, não fizesse o mesmo.

A Boa Nova está toda esculpi-da no amor e, para ampliá-lo, Jesussintetiza os dez mandamentos emapenas dois: Amar a Deus acima detodas as coisas e ao próximo como asi mesmo; e acrescenta: “Destes doismandamentos dependem toda a leie os profetas.” (Mateus, 22:37-40.)Amar a Deus, amar a si próprio eamar ao próximo, eis os objetivos da

Segunda Revelação, porque quemnão se ama, não pode amar ao pró-ximo como a si mesmo, consistin-do, esta última afirmação, destaca-da em negrito, a regra áurea doCristianismo.

Jesus, na escultura de seu Evan-gelho, também nos deu testemunhoda imortalidade, da comunicabi-lidade e da evocação dos Espíritos,evidentes na seguinte passagem:“(...) tomou Jesus consigo a Pedro,a Tiago e a João, e os levou, emparticular, a um alto monte. E foi

transfigurado diante deles. (...) Elhes apareceram Elias com Moisés,e estes falavam com Jesus. (...) Eveio uma nuvem que os envolveu; edela saiu uma voz dizendo: Este émeu Filho dileto, ouvi-o.” (Marcos,9:2-8.)

Neste episódio no Tabor, Jesusdesvelou-se; “foi o monte da co-munhão espiritual no seu senti-do mais elevado”6 desenvolven-do Ele uma reunião mediúnicahistórica.

“João representou os profetas;Jesus é a Graça e a Verdade, que re-cebeu no Tabor os testemunhos daLei, pelo Espírito de Moisés, e daprofecia, pelo Espírito de Elias.”7

Asseverou-nos Jesus, Governa-dor deste planeta: “Eu sou o cami-nho, e a verdade, e a vida; ninguémpode ir ao Pai, senão por mim.”(João, 14:6.)

Ele nos apontou o caminho –o amor; a verdade – o seu Evange-lho; e a vida, que é a conseqüênciade nossa reforma íntima, a evoluçãomoral de nosso Espírito imortal, nabusca incessante da felicidade, quesó será conseguida calcando-se naspremissas anteriores, e para a qualnos criou nosso Pai Amoroso.

Reafirmamos, assim, que nãopode haver Justiça Divina sem reen-carnação, sendo este, um processonão punitivo, mas educativo, con-cedido por Deus, que nos criousimples e ignorantes, na certeza deque pela nossa evolução espiritual,através de reencarnações sucessivasneste nosso mundo e na plurali-dade dos mundos habitados, todosalcançaremos a perfeição e a feli-cidade. Todos, porque Ele mesmoensinou: “Das ovelhas que meu Paime confiou, nenhuma se perderá.”(Mateus, 18:14.) >

Jesus, na escultura

de seu Evangelho,

também nos deu

testemunho da

imortalidade, da

comunicabilidade

e da evocação

dos Espíritos

Page 35: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

36 Reformador/Dezembro 2005474

Jesus refere-se à reencarnaçãoem várias passagens de seu Evange-lho. Pincemos apenas duas:

“Não existe um modo maiscontundente e categórico para afir-mar que João Batista tem a mesmaidentidade espiritual de Elias. (...)Elas foram proferidas pelo próprioJesus em duas ocasiões diferentes,e de duas maneiras também dife-rentes.”8

Falando de Elias, dizia Jesus:“Eu, porém, vos declaro que Elias jáveio, e não o reconheceram, antes fi-zeram com ele tudo quanto quise-ram. (...) Então os discípulos enten-deram que lhes falara de JoãoBatista.” (Mateus, 17:12-13.) E emoutra passagem, referindo-se agoraa João Batista: “E se o quereis reco-nhecer, ele mesmo é Elias, que esta-va para vir. Quem tem ouvidos pa-ra ouvir, ouça.” (Mateus, 11:14-15.)

No colóquio com Nicodemos,Jesus testifica: “Ninguém pode vero Reino de Deus, se não nascer denovo. Perguntou-lhe Nicodemos:Como pode um homem nascersendo velho? Porventura pode en-trar no ventre de sua mãe e nascer?Respondeu-lhe Jesus: Em verdade,em verdade te digo que, se alguémnão nascer da água e do Espírito,não pode entrar no Reino de Deus.O que é nascido da carne é carne, oque é nascido do Espírito é Espíri-to. É-vos necessário nascer de no-vo.” (João, 3:3-7.)

Referindo-se à Casa do Pai,qualquer pessoa pode alcançar queDeus, ao criar esta imensidão de as-tros, não o teria feito sem um fimútil. “Afinal, só na nossa Via-Lácteaexistem mais de 100 bilhões de es-trelas, e no Universo visível, mais deum septilhão delas, trilhões de pla-netas, cada um com suas caracterís-

ticas de habitabilidade, conforme aevolução dos Espíritos, que variamao infinito, e evoluindo sempre, elesjamais serão contemplativos ou pre-guiçosos.”9 As moradas são a plura-lidade dos mundos habitados, co-mo afirmou Jesus: “Não se turbe ovosso coração. Credes em Deus,crede também em mim. Há muitasmoradas na casa do meu Pai; se as-sim não fosse, eu vos teria dito, poisme vou para vos preparar o lugar(...).” (João,14:1-2.)

Jesus não só luariza a PrimeiraRevelação, mosaica, mas anuncia oque seria a Terceira Revelação, o Es-piritismo, porque Moisés iniciou ocaminho, Jesus depurou a obra, e aDoutrina Espírita lhe dá continui-dade perene. “Se me amais, guardaios meus mandamentos; e eu roga-rei ao Pai e ele vos enviará outroConsolador, a fim de que fiqueeternamente convosco; o Espíritoda Verdade, que o mundo não po-de receber porque não o vê e ab-solutamente não o conhece. Mas,quanto a vós, conhecê-lo-eis, por-que ficará convosco e estará em vós.(...) Porém o Consolador, que é o

Santo Espírito, que meu Pai envia-rá em meu nome, vos ensinará to-das as coisas e vos fará recordar tu-do o que vos tenho dito.” (João,14:15-17 e 26.)

Jesus nos legou a Carta Magnado Cristianismo no “Sermão doMonte” e, como foi dito e exempli-ficado no seu Evangelho, Ele viven-ciou todos os ensinamentos queenunciou. Plantando em nossos co-rações as sementes do amor, nos en-sinou também a semear; recorde-mos ainda que, como igualmentenos instrui a Doutrina Espírita, “asemeadura é livre, mas a colheita éobrigatória”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1PASTORINO, Carlos Torres. Sabedoria doEvangelho. Rio de Janeiro: Grupo EditorialSPIRITVS, 1966, vol. 2, p. 137.

2KARDEC, Allan. A Gênese. 24. ed. Rio de Ja-neiro: FEB, 1980, itens 21 e 23, p. 24.

3______. O Evangelho segundo o Espiritismo.111. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1955, cap. I,item 3, p. 55.

4PASTORINO, Carlos Torres. Sabedoria doEvangelho. Rio de Janeiro: Grupo EditorialSPIRITVS, 1966, vol. 6, p. 32-33.

5FONSECA, Mauro Paiva. “Amar a Deus so-bre todas as coisas...”, Reformador, maio/2003,p. 25(183).6HOFFMANN, Ricardo Ronzani. Mundo Es-pírita, Os Três Montes, maio/2003, Curitiba, Pa-raná, p. 2.

7SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e Ensinos deJesus. 13. ed. Matão (SP): Casa Editora O Cla-rim, 1993.

8CHAVES, José Reis. A Reencarnação segundoa Bíblia e a Ciência. 2. ed. Ed. Martin ClaretLtda., 1998, p. 82-83.

9MOREIRA, Fernando Augusto. “Kardec e afidelidade doutrinária”, Reformador, abril//2004, p. 9 (127).

Jesus nos legou a

Carta Magna do

Cristianismo no

“Sermão do Monte”

e vivenciou todos

os ensinamentos

que enunciou

Page 36: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

Reformador/Dezembro 2005 37475

Registramos, como preito dehomenagem a Antônio daSilva Neto – um dos pioneiros

do Espiritismo em nosso País, noséculo XIX –, o centenário de suadesencarnação, ocorrida em 5 desetembro de 1905.

Nasceu Silva Neto na VilaViçosa (hoje Marubá), território doatual município de Mucuri, naBahia, em 26 de outubro de 1836.Revelou, desde a infância, dotes deinteligência na sua vida escolar. Em1854, aos 18 anos, mudou-se parao Rio de Janeiro, onde ingressou naantiga Escola Central, recebendo,ao final do curso, o grau de Ba-charel em Matemáticas e CiênciasFísicas.

Desde jovem alimentou idéiasliberais e abolicionistas, vindo apublicar em 1861, aos 25 anos, ofolheto Ligeiras Reflexões Políticas,e, em 1866, o opúsculo Estudo so-bre a Emancipação dos Escravos noBrasil. Em 1868, editou outro opús-culo, intitulado Segundos Estudossobre a Emancipação dos Escravosno Brasil, no qual afirmava: “Procla-ma o Cristianismo a igualdade en-tre os homens; não encontra a fi-siologia diferença radical entre ohomem branco, o homem verme-lho e o homem preto (...)” Foi um

dos fundadores, em 1870, do Clu-be Republicano e signatário do fa-moso Manifesto em favor da Re-pública, datado de 3 de dezembrodaquele ano.

Antônio da Silva Neto era cris-tão, mas não se ligara a nenhumareligião. Conhecia o Magnetismo,ao qual atribuía a causa dos fenô-menos mediúnicos que presenciaraem reuniões de que participavacom um grupo de amigos, dentreos quais Francisco Siqueira Dias So-brinho e Bittencourt Sampaio. Noprosseguimento das reuniões, sur-giu a idéia, sob a inspiração da Es-piritualidade Superior, da fundaçãode um núcleo central, com direto-ria e estatutos. E foi assim que nas-ceu a “Sociedade de Estudos Espirí-ticos – Grupo Confúcio”, em 2 deagosto de 1873, a primeira no Riode Janeiro e a segunda no Brasil,tendo por objetivo a propagação daDoutrina Espírita em todo o País,assim como orientar e unir os es-píritas da então Província do Rio deJaneiro. Silva Neto foi Vice-Presi-dente da primeira Diretoria doGrupo Confúcio, sendo eleito seuPresidente em agosto de 1874.

Coube a Silva Neto a tarefa defundar, em 1o de janeiro de 1875,a Revista Espírita, primeira folhaespírita editada no Rio de Janeiro esegunda no Brasil, dirigindo-a emsua curta duração, visto que deixoude circular a partir do sexto núme-

ro. Em 1882, colaborou na Revis-ta da Sociedade Acadêmica Deus,Cristo e Caridade. Essa Sociedadefoi fundada em 1876.

A Federação Espírita Brasileira,cuja fundação se deu em 2 dejaneiro de 1884, passou a realizarmemorais conferências espíritas pú-blicas, a partir de 17 de agosto de1885, inicialmente em sua sede edepois (julho de 1886) no Salão daGuarda Velha (atual Avenida 13 deMaio). Eram oradores, entre ou-tros, o filólogo Antonio Castro Lo-pes, o advogado e jornalista Hen-rique Antão de Vasconcelos, o mé-dico e deputado Adolfo Bezerra deMenezes. A convite da Diretoria daFEB, Silva Neto proferiu brilhanteconferência no Salão da GuardaVelha, em 15 de setembro de 1886,sobre os diversos aspectos do Es-piritismo; em 16 de agosto de 1887voltou a falar no mesmo local,abordando assuntos relativos àsaquisições da Ciência de sua época,sob a luz da Codificação Karde-quiana.

Após longa e grave enfermi-dade, Antônio da Silva Neto desen-carnou aos 69 anos, em 5 de setem-bro de 1905, legando às geraçõesfuturas seu exemplo de fidelidade ededicação à Doutrina Espírita.

Fonte: WANTUIL, Zêus. Grandes Espíri-tas do Brasil. 1. ed. Rio de Janeiro: FEB,1969.

Antônio da Silva NetoCentenário de desencarnação

Page 37: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

38 Reformador/Dezembro 2005476

Estamos chegando ao términode nossas reflexões em torno daParte 3a de O Livro dos Espíri-

tos, repensando com Allan Kardec arespeito dos sublimados ensinos eluminosas advertências de nossos ir-mãos maiores da Espiritualidade.

Concluiremos estes estudos en-fatizando a perfeição moral, metaque, ao atingirmos, deverá cessar onosso amargo e doloroso processode encarnações sucessivas, confor-me a misericórdia do Pai celestialque nos deseja atinjamos a angeli-tude, todos!

Observemos bem os assuntos aserem aqui tratados: 1) As virtudese os vícios; 2) Paixões; 3) O egoís-mo; 4) Caracteres do homem debem; e 5) Conhecimento de si mes-mo. A análise inteligente de cadaum deles já nos dispensaria de umalinha sequer...

1. As virtudes e os vícios (ques-tões 893 a 906): Indaga, inicial-mente, o ínclito Educador (questão893): “Qual a mais meritória de to-das as virtudes?” Os iluminadosMensageiros do Alto respondem,entre outras coisas: “Toda virtudetem seu mérito próprio, porque to-das indicam progresso na senda dobem.” Realmente, sempre que pelacompreensão de nossa condição es-piritual resistimos a qualquer arras-

tamento ao mal, estamos testemu-nhando virtudes que nos ajudamem nosso adiantamento evolutivo.Informam, ainda, os Espíritos que“a sublimidade da virtude, porém,está no sacrifício do interesse pes-soal, pelo bem do próximo” . E con-cluem que “a mais meritória é aque assenta na mais desinteressadacaridade”.

Na questão seguinte (894), oCodificador, lembrando que “hápessoas que fazem o bem esponta-neamente, sem que precisem vencerquaisquer sentimentos que lhes se-jam opostos”, pergunta se “terão tan-to mérito, quanto as que se vêem nacontingência de lutar contra a natu-reza que lhes é própria (...)”. Os Ben-feitores espirituais respondem que“só não têm que lutar aqueles emquem já há progresso realizado”. Elembram que muito lutaram no pas-sado e triunfaram. Daí que a práticadas virtudes lhes parece simplíssima,salientando o bem como conseqüên-cia da força do hábito. Logo, honraslhes são devidas, naturalmente.

Sugerimos ao leitor que reflitabastante no alongamento da respos-ta, porque fala da distância em queainda nos encontramos da perfei-ção, uma vez que nos mundos maiselevados o bem constitui regra, en-quanto no nosso é ainda exceção.

Afirmam, todavia: “(...) O mesmo sedará na Terra, quando a Humani-dade se houver transformado, quan-do compreender e praticar a cari-dade na sua verdadeira acepção.”

Não vamos repetir o que se en-contra inteiramente expresso nasquestões 895 a 897, mas apenas en-fatizar, nelas, em suas respostas, agrandiosidade do espírito educadore encorajador dos irmãos da Espiri-tualidade, em nosso favor. Elesmostram, por exemplo, que o sinalque mais caracteriza nossa imperfei-ção está – pasmem! – no interessepessoal em detrimento dos interes-ses de nossos semelhantes! Pode al-guém possuir qualidades reais e serprejudicado pelos atributos inferio-res de egoísmo; “o apego às coisasmateriais [ensinam-nos sempre]constitui sinal notório de inferiori-dade (...)”. Indubitavelmente, agrande esperança do Mundo Maiorestá no trabalho não equivocadodos homens de bem!

Na verdade (questão 896), jáhá pessoas sem interesse nos vícios,nas paixões, embora, ainda, semqualquer disposição para as coisasdo bem, do conhecimento elevado.Vejamos o caso da riqueza, que “(...)não é dada a uns para ser aferrolhadanum cofre forte, também não o é aoutros para ser dispersada ao vento”.

Repensando Kardec

Da Perfeição Moral (O Livro dos Espíritos, questões 893 a 919)

Inaldo Lacerda Lima

Page 38: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

Reformador/Dezembro 2005 39477

Em resposta à questão 897, so-bre se “merecerá reprovação aqueleque fez o bem, sem visar a qual-quer recompensa na Terra, mas es-perando que lhe seja levado emconta na outra vida (...)”, respon-dem as Vozes do Alto que “o bemdeve ser feito caritativamente, istoé, com desinteresse”. Mas, pergun-tando Kardec se há algum mal quealguém espere lhe seja levado emconta na outra vida o bem que rea-liza, respondem: “Não, certamente;mas aquele que faz o bem, semidéia preconcebida, pelo só prazerde ser agradável a Deus e ao próxi-mo que sofre, já se acha num certograu de progresso (...).” Vê-se, as-sim, que o juízo principal do Altoé que ninguém evoluído e quecompreende o objetivo da vida nacarne deve cogitar de recompensasespirituais quando faz o bem.

Compreendemos o que salien-ta a letra b da questão 897, a qualleva os Espíritos Reveladores a res-ponderem: “(...) Quando dizemos– fazer o bem, queremos significar– ser caridoso.” Na verdade, enten-damos com eles, que “procede comoegoísta todo aquele que calcula oque lhe possa cada uma de suasboas ações render na vida futura(...)”. Por isso, concluem: “Nenhumegoísmo, porém, há em querer ohomem melhorar-se, para aproxi-mar-se de Deus, pois que é o fimpara o qual devemos todos tender.”

E quando o mestre Allan Kar-dec (questão 899) pergunta: “Qualo mais culpado de dois homens ri-cos que empregam exclusivamenteem gozos pessoais suas riquezas,tendo um nascido na opulência edesconhecido sempre a necessidade,devendo o outro ao seu trabalho osbens que possui?” A resposta vem

com a rapidez apropriada ao espíri-to da pergunta: “Aquele que conhe-ceu os sofrimentos, porque sabe oque é sofrer.”

Quanto àquele (questão 900)“que incessantemente acumula ha-veres, sem fazer o bem a quem querque seja, achará desculpa, que va-lha, na circunstância de acumularcom o fito de maior soma legar aosseus herdeiros”, respondem do Al-to: “É um compromisso com a cons-ciência má.”

Mas Kardec, atento a uma me-lhor compreensão do assunto emtela, figura (questão 901) o exem-plo de “dois avarentos, um dosquais nega a si mesmo o necessárioe morre de miséria sobre o seutesouro, ao passo que o segundo sóo é para os outros, mostrando-sepródigo para consigo mesmo (...)”.E ao indagar qual dos dois é maisculpado, respondem-lhe os Espíri-tos Reveladores: “O que goza, por-que é mais egoísta do que o avaren-to. O outro já recebeu parte do seucastigo.” Aqui se nos abre profundaclaridade em torno da malsinaçãodo egoísmo!

Contudo, Allan Kardec insisteem aprofundar mais e mais o assun-to, ao indagar das Vozes do Alto(questão 902): “Será reprovável quecobicemos a riqueza, quando nosanime o desejo de fazer o bem?” Eelas, atentas, respondem com amor:“Tal sentimento é, não há dúvida,louvável, quando puro.” Eis o âma-go do problema: Louvável, quandopuro! Por que quando puro? Quehá por trás dessa filosofia espiritual?Estaria, aí, porventura a falar maisalto algum resquício de egoísmo? Econcluem: “(...) Não será de fazero bem a si mesmo, em primeiro lu-gar, que cogita aquele, em quem

tal desejo se manifesta?” Ser ricopara fazer o bem! Que seria de nósse a prática do bem sempre depen-desse da riqueza? Mas deixemos aselucubrações por conta da cons-ciência interessada, para que nãovenhamos a tropeçar no espíritoda questão 903. É óbvio que, aquie ali, encontramos pessoas – mesmoespíritas! – que sejam tentadas ajulgar-lhes a conduta. Para o espíri-ta estudioso tal oportunidade le-va-o a examinar a própria persona-lidade. É uma atitude que brilhadentro da consciência. E aí se depa-ram dois importantes ensejos: ob-servarmos o próprio caráter e prati-carmos um pouco de indulgênciapara com os defeitos do próximo.

O professor Allan Kardec lan-ça, em seguida, a questão 904: “In-correrá em culpa aquele que sondaas chagas da sociedade e as expõeem público?” Eles, os assistentes doCristo, no Mundo Maior, pruden-temente respondem: “Depende dosentimento que o mova.” Efetiva-mente, há aquele que apenas visa aproduzir o escândalo, proporcio-nando-se um gozo pessoal. Mas co-nhecemos pessoas dentro da im-prensa sadia que o fazem por de-ver e com muita tristeza até. É acondição da boa crítica, porque semela, sociologicamente, ninguém con-seguirá imaginar o que viria ou viráde pior a acontecer! Vem-nos, en-tão, à consciência a lembrança dequando, dentro de uma Universida-de, ensinavam-nos ciência políticacom fundamento no grande Aristó-teles (384-322 a.C.), ao salientarque o verdadeiro político é o quefor capaz de sacrificar a própriavida em favor do cidadão. É que otermo procede do grego pólis, quesignifica cidade-Estado. >

Page 39: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

40 Reformador/Dezembro 2005478

Na questão 905, respondendoao Codificador, os nossos mentoresda Espiritualidade superior afirmamque “a moral sem as ações é o mes-mo que a semente sem o trabalho”.Então, sejamos espíritas autênticos:busquemos oferecer testemunhos vi-vos de nossos estudos doutrinários àfeição de frutos valiosos, aplicandoa cada um de nós – no lar, na socie-dade, nas oficinas de trabalho – tu-do o que se contém na resposta dosEspíritos ao último questionamen-to deste estudo, questão 906 em co-nexão com a 919, que tratará do co-nhecimento de nós mesmos, poisessa é a função efetiva do Consola-dor entre os homens!

2. Paixões (questões 907 a 912):Este é um assunto atuante, em to-dos os sentidos. Dizem da paixão osestudiosos da significação das pala-vras: Sentimento ou emoção levadosao mais alto grau de intensidade, aponto de se sobreporem à lucidez eà razão; afeto ou desejo dominadore cego (destaque nosso). Ora, quan-do uma emoção se sobrepõe à pró-pria razão, já atinge certo estado deirracionalidade...

Mas, atentemos bem nestas seisindagações do ínclito Codificadorde nossa Doutrina às Vozes do Alto,meditando profundamente sobrecada uma delas, já que ainda vive-mos num mundo de paixões, isto é,quase de animalidade inconsciente.Na questão 907, Kardec procura sa-ber se “será substancialmente mau oprincípio originário das paixões,embora esteja na natureza”; “não;[respondem], a paixão está no ex-cesso de que se acresceu a vontade,visto que o princípio que lhe dá ori-gem foi posto no homem para obem, tanto que as paixões podem le-vá-lo à realização de grandes coisas.”

Todavia, o Codificador quersaber (questão 908) como determi-nar o limite em que as paixões dei-xam de ser boas para se tornaremmás. E os Espíritos comparam aspaixões a um corcel, que só é útil sesob o governo do cavaleiro, tornan-do-se perigoso se este lhe perde ocomando. Na Nota que se segue,Kardec compara as paixões a ala-vancas que multiplicam por dez asforças do homem na execução dosdesígnios divinos. “A paixão pro-priamente dita é a exageração [gri-famos] de uma necessidade ou deum sentimento.” Infelizmente, énessa exageração que o homem, àsvezes, parece irracional.

Observemos as preocupaçõesde Allan Kardec com o progressodo homem nas últimas questões doassunto (909 a 912): “Poderia sem-pre o homem, pelos seus esforços,vencer as suas más inclinações?” ou“pode o homem achar nos Espíritoseficaz assistência para triunfar desuas paixões?” E mais: “Não haverápaixões tão vivas e irresistíveis, quea vontade seja impotente para do-miná-las?” Finalmente: “Qual omeio mais eficiente de combater-seo predomínio da natureza corpó-rea?” Juntemos todas as respostasdadas – prudentes e sábias, comosempre: “Sim, e, freqüentemente,fazendo esforços insignificantes. Oque lhe falta é a vontade.” “Se o pe-dir a Deus e ao seu bom gênio, comsinceridade, os bons Espíritos lhevirão certamente em seu auxílio,porquanto tal é a missão deles.”“(...) Quando o homem crê quenão pode vencer as suas paixões, éque seu Espírito se compraz nelas,em conseqüência da sua inferio-ridade.” Concluímos nós, por nos-sa vez: somos filhos do Altíssimo

todos nós, e a essência divina per-meia-nos o ser em estado latente,na carne ou fora dela. Logo, aoacreditar-se incapaz de resistir auma paixão, é declarar-se irracionalou privado de vontade.

3. Egoísmo (questão 913 a917): Comecemos com a primeirapergunta do mestre Allan Kardec:“Dentre os vícios, qual o que se po-de considerar radical?” Eis que otermo radical nos prende a atenção.Radical, de raiz, logo fundamental,básico, essencial. Os Emissários doCristo respondem: “Temo-lo ditomuitas vezes: o egoísmo. Daí deri-va todo mal.” E afirmam, peremp-toriamente: “Estudai todos os víciose vereis que no fundo de todos háegoísmo.” Repetem que nele está averdadeira chaga da sociedade. Lo-go, conforme nos advertem frater-nalmente, quem quer que, dentrenós, pretenda atingir a perfeiçãomoral, deve limpar o coração detão terrível chaga, uma vez que talmonstro é incompatível com a Jus-tiça, com o Amor e com a Carida-de. Kardec (questão 914), influen-ciado pelo que conhece do coraçãohumano, pergunta: “Fundando-seo egoísmo no sentimento do inte-resse pessoal, bem difícil parece ex-tirpá-lo inteiramente do coraçãohumano. Chegar-se-á a consegui--lo?” E os incansáveis Mensageirosdo Alto concluem com luminosaresposta, nesta frase: “(...) Isso de-pende da educação.”

Nas questões seguintes: (915,916 e 917), reflete profundamenteo sublime Codificador: “(...) o egoís-mo não constituirá sempre um obs-táculo ao reinado do bem absolutona Terra?” Isto porque, “longe dediminuir, o egoísmo cresce com acivilização, que, até, parece, o exci-

Page 40: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

Reformador/Dezembro 2005 41479

ta e mantém.” E indaga: “Qual omeio de destruir-se o egoísmo?”Respondem os Espíritos: “(...) erapreciso que o egoísmo produzissemuito mal, para que compreensívelse fizesse a necessidade de extirpá--lo.” Esclarece Fénelon (questão917) que: “de todas as imperfeiçõeshumanas, o egoísmo é a mais difícilde desenraizar-se porque deriva dainfluência da matéria, influência deque o homem, ainda muito próximode sua origem, não pôde libertar-see para cujo entretenimento tudoconcorre: suas leis, sua organizaçãosocial, sua educação”.

Sentimos quão importante de-ve ser o esforço apostólico do traba-lhador da última hora, colocandoa vida moral muito acima da vidamaterial, através da educação, exem-plificando o bem. É o que competeao Espiritismo, procurando por to-dos os meios – através da palavra fa-lada, escrita e sobretudo exemplifi-cada – corrigir os hábitos, reformaros usos e aperfeiçoar as relações so-ciais. Foi nesse sentido que escreve-mos o livro A Força do Hábito naVivência do Evangelho, recém-edi-tado pela Federação Espírita do Es-tado de Goiás. Sempre, como es-pírita, pensando em Educação, aalma do Progresso!

Eis como o Espírito Fénelonprossegue o assunto – ele que fora,na vida material, clérigo, pensador,crítico e educador: “(...) Em face doatual extravasamento do egoísmo,grande virtude é verdadeiramente ne-cessária, para que alguém renuncie àsua personalidade em proveito dosoutros, que, de ordinário, absoluta-mente lhe não agradecem. Principal-mente para os que possuem essa vir-tude é que o reino dos céus se achaaberto.”

Reflitamos na Nota do Codifi-cador, atentando para a ênfase queempresta à ação de educar. Referin-do-se às causas que alimentam e de-senvolvem o sentimento de egoís-mo afirma que a sua cura “(...) só seobterá se o mal for atacado em suaraiz, isto é, pela educação, não poressa educação que tende a fazer ho-mens instruídos, mas pela que ten-de a fazer homens de bem”.

A propósito dos dois últimos as-suntos deste capítulo (questões 918e 919) – Caracteres do homem debem e Conhecimento de si mesmo–, pouco temos a repensar com onosso mestre Kardec, em face doque escreveu no capítulo XVII deO Evangelho segundo o Espiritismo,

que trata da perfeição: o primeiro,no item 3, oferecendo-nos o que deverdadeiro se pode encontrar salien-tado nas características do homemde bem, e, em segundo lugar, noitem 4, quando descreve a condutado verdadeiro espírita como a docristão verdadeiro, sob o título: Osbons espíritas. Oh, quanto se deveconhecer para alcançar, inicialmente,o caráter de um homem de bem, e,em seguida, para ser-se reconhecidoperante a própria consciência comoum verdadeiro espírita! Mormentequando Kardec nos adverte: “(...)Reconhece-se o verdadeiro espíritapela sua transformação moral e pelosesforços que emprega para domarsuas inclinações más.”

Desencarnou em Curitiba (PR),aos 84 anos, no dia 18 de outubrode 2005, o confrade Walter doAmaral, dedicado servidor da searaespírita do Paraná. Natural de Tiju-cas, Santa Catarina, era casado coma Sra. Mercedes Amaral, tendo qua-tro filhos. Exerceu por muitos anoso magistério e a advocacia; ocupou,por concurso, o cargo de Procura-dor do Estado do Paraná.

Walter do Amaral atuou in-tensamente no Movimento Espíri-ta paranaense. Em 1954, passou aintegrar o Conselho Federativo daFederação Espírita do Paraná, co-mo representante do Centro Espí-rita “Leocádio José Correia”, doqual foi Presidente. Integrou a de-

legação do Paraná no “SimpósioCentro-Sulino” do Conselho Fede-rativo Nacional, da FEB, realizadoem Curitiba no período de 20 a 22de abril de 1962. Em 1963, tor-nou-se membro do Conselho De-liberativo da FEP, sendo designadoDiretor do colégio “Instituto Linsde Vasconcellos” e Presidente do“1o Encontro de Educadores Es-píritas Centro-Sulino”. Por maisde dez anos foi 1o Secretário daFEP e seu Presidente no período de1987-1988.

Em seu retorno à Pátria Espi-ritual, temos certeza de que Walterdo Amaral colherá os bons frutosda semeadura que fez a serviço doConsolador.

RETORNO À PÁTRIA ESPIRITUAL

Walter do Amaral

Page 41: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

42 Reformador/Dezembro 2005480

SEARA ESPÍRITA

Rio de Janeiro: Confraternização EspíritaPromovida pelo Conselho de Unificação do Movi-mento Espírita do Estado do Rio de Janeiro, reali-za-se no período de 9 a 11 deste mês, no Riocentro,a 17a Confraternização Espírita do Estado do Rio deJaneiro (CEERJ), cujo tema central – Allan Kardec ea Era da Regeneração – será abordado, na abertura,por Divaldo Pereira Franco. O evento reúne dirigentese trabalhadores do Movimento Espírita daqueleEstado. Pela FEB participam: Nestor João Masotti,Cecília Rocha, Altivo Ferreira, Marta Antunes Mourae Antonio Cesar Perri de Carvalho. (Ver Brasil Es-pírita de dezembro, anexo a esta edição.)

Ceará: Congresso Espírita A Federação Espírita do Estado do Ceará realizou noperíodo de 25 a 27 de novembro, no Centro deConvenções, em Fortaleza, o X Congresso Espíri-ta do Estado do Ceará, com abordagem do temacentral O Caminho, a Verdade e a Vida pelosexpositores: Alberto Ribeiro de Almeida (PA), AnaGuimarães (RJ), Antonio Cesar Perri de Carva-lho (DF), César Soares dos Reis (RJ), EduardoGuimarães (RJ), Emanuel Cristiano (SP), Francis-co Cajazeiras (CE), Humberto Vasconcelos (PE),Luciano Klein Filho (CE), Marcel Mariano (BA) eNilton Soares (CE).

Estados Unidos: Encontro de Dirigentes eTrabalhadores Realizou-se em Nova York, nos dias 15 e 16 de outubrode 2005, o 3o Encontro de Dirigentes e TrabalhadoresEspíritas dos Estados Unidos, promovido pelo Con-selho Espírita dos Estados Unidos, com o apoio doConselho Espírita Internacional. O evento ocorreuno Allan Kardec Spiritist Center e compareceramrepresentantes de instituições de Massachusetts, Con-necticut, Flórida, Washington e Nova York. Vander-lei Marques, Presidente do CEEU, abriu o Encontro,coordenado pelo representante do CEI Antonio Ce-sar Perri de Carvalho, com a atuação de Norma G.Hoppe, Jussara Korngold e Carlos Campetti. Foramabordados os seguintes temas: Formação de Traba-lhadores para as Atividades Espíritas (CEI) e Capaci-

tação Administrativa de Dirigentes de Casas Espíri-tas (CFN-FEB).

São Paulo (SP): Encontro Espírita da Família A USE/Centro, órgão da União das Sociedades Es-píritas do Estado de São Paulo, promoveu no bairroAclimação, da capital paulista, em 6 de setembro,o 2o Encontro Espírita da Família, com palestrasseguidas de debates sobre os temas Família: Vencen-do desafios e União dos espíritas e o período de reno-vação social, a cargo dos expositores: Heloisa Pires,Dalcler Idalina Matos, Eduardo Myashiro, Clodoal-do de Lima Leite, Aylton Paiva e Sylvio Neris daSilva.

Paraná: Ensino da Doutrina Espírita O Centro de Estudos e Pesquisas Espíritas (CEPE),Departamento da Federação Espírita do Paraná, rea-lizou nos dias 6 e 7 de outubro o Treinamento intitu-lado O Ensino da Doutrina Espírita, coordenado porWilson Reis Filho. A atividade foi dirigida a coorde-nadores de grupos de estudo e trabalhadores espíritas,com a abordagem de assuntos como: o ensino e oaprendizado espírita; a organização e funcionamentodo Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita; pro-gramas e roteiros de estudo.

Niterói (RJ): Homenagem a Kardec A Câmara Municipal de Niterói promoveu, no dia 21de outubro, uma Sessão Solene Comemorativa do Bi-centenário de Nascimento de Allan Kardec, Educadore Codificador da Doutrina Espírita. O evento teve aparticipação, entre outros, do Dr. Hélio RibeiroLoureiro, Diretor de Unificação da Federação Espíri-ta do Estado do Rio de Janeiro, o qual proferiu umaconferência sobre o homenageado.

Colômbia: Divulgação da Doutrina EspíritaA Federação Espírita de Cundinamarca promoveu emBogotá, nos dias 8 e 9 de outubro, um programa dedivulgação da Doutrina Espírita, que consistiu emduas conferências e dois seminários pelos médicos es-píritas Sabino Antonio Luna, da Argentina, e SérgioThiesen, do Brasil.

Page 42: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

Vitória da Conquista (BA): Semana EspíritaA 52a Semana Espírita de Vitória da Conquista, rea-lizada no período de 4 a 11 de setembro, com o temacentral Vida: Desafios e soluções, repetiu o êxito dosanos anteriores, reunindo caravanas de 66 cidades e14 Estados. Mais de 80 mil pessoas prestigiaram oevento, considerando-se o público presente, acrescidodos telespectadores e internautas do Brasil e de outrospaíses. (RIE.)

Reformador/Dezembro 2005 43xx

Page 43: ANO 123 — Nº VIVER EM FAMÍLIA · ANO 123 — Nº 2.121 — DEZEMBRO 2005 VIVER EM FAM ... Livros de André Luiz lançados na França 31 Na regeneração – Alfredo Fernandes

Cinco obras da conhecida “Sé-rie André Luiz”, do médiumFrancisco Cândido Xavier, tra-

duzidas para o francês, sendo: qua-tro por Pierre-Etienne Jay – NossoLar (Nosso Lar – La Vie dans leMonde Spirituel), Os Mensageiros(Les Messagers), Missionários daLuz (Missionaires de la Lumière),No Mundo Maior (Das le MondeSupérieur); e uma por Sylvie Gaje-vic – Obreiros da Vida Eterna (Ou-vriers de la Vie Éternelle), editadaspelo Conselho Espírita Interna-cional (CEI), foram lançadas emParis. O fato ocorreu na abertura do“Seminário para Preparação de Tra-balhadores e Dirigentes para o Mo-vimento Espírita”, promovido pelaUnião Espírita Francesa e Franco-fônica e apoiado pelo CEI, no dia 22de outubro de 2005, em sala do Ho-tel FIAPP, à rua Cabanis 30, na ca-pital francesa.

A apresentação das primeirasobras de André Luiz, pois as outrasse encontram em processo de tra-dução, e do DVD do 4o CongressoEspírita Mundial (Paris, 2004),também editado pelo CEI, foi feitapelo diretor da FEB e assessor doCEI Antonio Cesar Perri de Carval-ho, representando o Presidente daFEB e Secretário-Geral do CEI,Nestor João Masotti, entregando-asa Roger Perez, Presidente da UniãoEspírita Francesa e Francofônica.

Impossibilitado de comparecer, oSecretário-Geral do CEI enviouuma mensagem de saudação grava-da em DVD, que foi apresentadano início do Seminário, oportu-nidade em que destacou a im-portância do evento que se realiza-va em Paris. Todos os grupos pre-sentes receberam os livros e o DVDcomo cortesia.

O Seminário reuniu mais de40 dirigentes, representando gruposespíritas de várias cidades e regiõesda França e ainda da Bélgica, Lu-xemburgo, Holanda e Canadá. Foidirigido por Roger Perez, Presidenteda UFSS, e contou com a presençade Jean-Paul Évrard, Presidente daUnião Espírita Belga. O programa,

com 12 horas de duração e se pro-longando até o dia 23 de outubro,foi desenvolvido por Antonio Ce-sar Perri de Carvalho, com os te-mas: Mediunidade (relacionandoas obras de Kardec, Léon Denis eAndré Luiz) e Difusão do Espiri-tismo e Direção e Liderança; peloDiretor da FEB Evandro NoletoBezerra, com os temas: DoutrinaEspírita e União e Orientações aDirigentes: com base em ViagemEspírita em 1862; e pelos Diretoresda USFF Michel Buffet e CharlesKempf, respectivamente, com ostemas: Ação mediúnica, e, Unifi-cação e CEI. Atuaram como tradu-tores Cláudia Bonmartin e CharlesKempf.

44 Reformador/Dezembro 2005xx

Livros de André Luiz lançados na França

Grupo de participantes do Seminário