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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
INSPIRAÇÃO Antologia Literária
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
INSPIRAÇÃO Antologia Literária
Esperantinópolis-MA
2019
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
Copyright ©2019 – Todos os direitos reservados aos autores dos textos constantes nesta Antologia.
Não copie sem citar a fonte. Obras compiladas da Oficina Virtual Antologia Inspiração
Todos os direitos reservados aos autores dos textos constantes nesta
Antologia. Nenhuma parte do conteúdo deste livro poderá ser utilizada ou reproduzida em qualquer meio ou forma, seja ele impresso, digital, áudio ou visual sem a expressa autorização dos autores (Lei 9.610, de 19.02.1998)
1ª edição | Julho de 2019
João Israel da Silva Azevedo Coordenação editorial | Capa | Diagramação
Contato com os autores através do organizador da obra:
Lattes: http://lattes.cnpq.br/8508312654334831 | Facebook: facebook.com/joaoiisrael Email: [email protected] | Blog: https://joaoisrael.blogspot.com
Instagram: @joaoiisrael | @paisagensesp
Azevedo, João Israel da Silva, 2019
Inspiração: poemas, contos e crônicas/ João
Israel da Silva Azevedo (Org.). Esperantinópolis, MA:
Clube de Autores, 2019.
78 p. ; 14x21 cm (Antologia Inspiração)
ISBN 978-85-5697-970-4
1. Literatura Contemporanea – Poesia – Contos –
Crônicas. I. Autor. II. Título
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
“Estou sentindo o bem que é viver. Ainda que
seja noite e noite que se demora a passar.
Arrancaram-me do pulso o relógio da minha fé
e agora estou só. Manda-me algo que não me
deixe quieto! Não quero nunca descansar,
quero sempre te sonhar na saudade dos teus
olhos, nas cores do teu vestido com que eu
teça a bandeira de uma nova luta. Manda-me a
rosa da tua claridade, como um bilhete do teu
amor, com que eu possa provar a mim mesmo
do tanto que me queres bem e o até que ponto
eu devo esperar a hora certa de pular dentro
deste escuro para que eu o rasgue e,
rompendo a casca de trevas, eu possa, me
germinando, nascer de novo e contigo sorrir e
dançar bem no meio do meu povo.” RAIMUNDO CORRÊA, ABRIL
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SUMÁRIO
Adriana Vieira
Anecleide Maria da Silva
Eluciana Iris
Mauro José da Silva
Sérgio Universo Fontes
Tauã Lima Verdan Rangel.
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PRELÚDIO
A fim de fomentar a divulgação literária
nacional, apresentamos a você, amigo /a
leitor/a, uma coletânea de poemas, poesias e
contos, que inspirados em temas livres, foram
escritos. Espero que goste!
João Israel da Silva Azevedo
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
Adriana Vieira Natural de Colatina, graduada em Artes
Visuais, Arteterapeuta, Massoterapeuta e
Arteeducadora. Moro na região de Serra-ES,
me inspiro na natureza e em grandes mestres
literários para escrever. Na natureza consigo
sentir todo meu ser envolvido na grandeza do
criador e nas palavras que vão surgindo.
Amo arte. Respiro arte. E uma das
formas artísticas que gosto muito é a arte
literária nela consigo me encontrar
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
verdadeiramente e me sintonizar com as
letras. Gosto de ler romances, poemas,
contos, enfim amo livros e a arte de escrever
vive em mim.
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
A SOLIDÃO DE DEUS
Na dor do amor descobrir a solidão de Deus,
no meu coração transpassado pela flecha do
amor,
senti a solidão de Deus.
Nas lágrimas que molharam a minha face,
eu chorei a solidão de Deus.
Na tempestade que tomou conta do meu ser,
eu vivi a solidão de Deus.
Assim como Ele chamou sua dor
de solidão,
eu chamei a minha de Deus.
A dor que Ele sentiu causada pelos seus
amados
que doaste a vida,
eu sofri essa solidão de Deus.
E a noite estava fria,
O nevoeiro cobria a paisagem de Deus,
ouviam-se muitos gemidos em meio a
escuridão.
No silencio de uma oração percebi
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
que era um pedido de socorro das
almas presas na dor da solidão,
lá do alto
da montanha.
Adriana Vieira
Serra Es.
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
Anecleide Maria da Silva
Formada em Letras pela Universidade
Leonardo da Vinc i-UNIASSELVI . Pós-
graduada em Língua Portuguesa e Literatura.
Atualmente cursa Pós graduação em Gestão
e Tutoria e Educação Superior. Autora da
poesia Amor de Soldado; publicada No livro:
Antologia Novos Poetas de 20016.
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A DOR DA SAUDADE
Se nos dissabores da vida
Achei-me sozinha e triste
Fiz-me força, fiz-me forte;
Lembrei-me que um Deus existe!
Me vi tão derrepente, frágil, só e assustada!
Sem ti a segurar a minha mão;
Tornou-se mais longa a estrada.
Respostas sem perguntas, que vão surgindo,
ficando...
De alguém que jurou amor;
E de mim se foi chorando !?
Não porque se foi, ou porque fiquei;
Mas, porque um sem o outro ficamos...
A dor que era medo, hoje é realidade
Éramos dois, hoje um só;
Restou de nós a saudade.
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Do triste fim desse amor
Ficou só restos, maldade!
Sem direito a choro nem luto;
Sem se quer ouvir a verdade.
Aqui jaz um amor, que se foi antes da hora!
Tirado do peito na marra;
Enterrado vivo, outrora!
Anne Silva Castor
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
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Eluciana Iris
Nasceu no dia 12 de novembro de 1970, na
cidade de Campo Belo MG, filha de Maria e
Antônio do Chiquito, caçula de 5 irmãos.
Estudou em escolas públicas e formou-se em
magistério, mudou-se para Belo Horizonte –
MG, formou-se em Nutrição, graduanda em
Direito.
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DIÁRIO DE MÃE DE MENINO
15 de maio de 1955
Era dia de frio ameno, vento delicado vinha lá
do córrego.
Mansinho, sereno, trazia no ar o cheiro da
relva e das flores.
O perfume floral vinha como calmante.
Entrava pela janela do quarto.
A janela era grande, dali eu via o morro, o céu
e as nuvens brincando de correr.
Deitada na cama de lençóis brancos, por mim
bordados em ponto cruz e arabescos,
esperava a chegada de um novo ser.
Travesseiros beijavam minha nunca e
acariciavam meus cabelos.
Ondas de dor consumiam as minhas forças.
O amor era a engrenagem, das entranhas
surgiam forças de mil guerreiras. Suportava a
dor.
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
Fizera simpatias de adivinhação anterior, não
sabia se era menina ou menino.
A surpresa Deus me reservou.
Junto de uma benção de parteira, em suas
mãos ele escorregou.
O maior presente na minha vida Deus me
entregou.
Fechei meus olhos azuis marejados,
conversei com Deus.
Em oração agradeci, rezei o terço feito de
contas de lágrimas.
Deus me ouviu e respondeu:
- Eis seu oitavo filho, é forte, saudável,
inteligente e amoroso.
Terá muito orgulho de seu filho.
Ele crescerá e prosperará.
E quando suas forças lhe faltar e precisar, ele
lhe amparara.
Muitos anos de vida ele viverá.
Emoção maior o meu ser experimentou.
O primeiro choro soou e meu amor
transbordou.
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Em meus seios, acalentou, o sabor doce do
leite o encantou.
Em meus braços permaneceu e com uma
canção de ninar adormeceu.
“não sei se tus tens um anjo/ que eu tenho um
anjo sim/ meu anjo é um pequenino/ que
agora vai dormir/ dorme meu anjo lindo/ meu
menino serafim/ que o sono vem vindo/ pra
levar você de mim/ porque está na hora/ na
hora de dormir/ dorme meu pequenino/ dorme
meu querubim"
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Mauro José da Silva
Com o pseudónimo Adilson Sozinho,
nascisdo aos 06 de abril de 1995 na cidade de
Maputo, é um jovem estudante da Academia
de Ciências Policiais, poeta, capoerista e
xadrezista.
Foi membro da Associação Artística a
Fénix de Moçambique desde o ano de 2015
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até o ano de 2017. Participou em duas
antologias internacionais a nível da CPLP, " O
Mundo dos Sonhadores" organizado pela
poetisa e jornalista moçambicana Celina
Sheila e " Nossos Versos" organizado pela
poetisa brasileira Cláudia Santos, participou
com três textos na obra " Duas Faces da
Mesma Poesia " do poeta angolano Joel
Caetano e lançou uma obra intitulada " As
Memórias de Um Escreveta" em 2017.
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HOJE
Hoje é aquele dia que todos celebram excepto
eu,
Porquê o que celebram nunca chegou a ser
meu,
E como correm os dias de hoje,
E da maneira que correm,
Cada asneira que ouvimos nas rádios, TVs e
bermas da cidade,
Não dignifica a nossa bandeira,
Ou melhor! Vossa bandeira,
Eu sou mulato,
E como dizem, não tenho bandeira.
Hoje...
Celebra-se o dia da independência,
Independência que foi com quem nos tornou
independentes!
Independência a curto prazo, dependêcia
actualmente a médio e longo prazo! É o que
nos resta.
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Pois até (eu) chegar aqui, nada do que toquei
foi " Made in Mozambique"
O transporte é chinês,
A compaixão do " My Love" ¹ para variar é
japonês,
Por vezes acho que os moçambicanos tem
olhos puxados.
É fácil ouvir alguém aumentar "i" na paragem,
Como se fosse nosso o português, Paraigem!
Ainda temos cá em moçambique, os "
moçaestrangeiros" (moçambicano que é
estrangeiro no seu próprio país),
Nos super-mercados entram pela saída, talvez
porque em cima das portas está escrito: "
EXIST"
Por vezes só queremos fazer xixi,
Mas os banheiros espalhados no nosso vasto
país nos exibem um W.C
E (eu) como um bom machangana que sou,
custa-me não pensar qu'essas duas letras
significam " Wuya Cocota"
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
Não! Me recuso a dizer que estamos
independentes!
.
Adilson Sozinho
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
MAIS UM FINAL DE SEMANA
No arsenal uma arma me aguarda para o final
de semana
E quem me ama, já não mais quer saber de
nada
Já faz tempo que se sente traída
Não tarda, em breve contemplarei sua partida
Continuarei aqui submisso a um bem maior
Um bem que também devia suportar meu
amor
Se não volto, guardo a sua noite e dos demais
Na sua enorme saudades só consegue
enxergar as coisas banais
Não posso deixar de guardar e assegurar
minha pátria por ti meu amor
Apesar da minha vida fazer mais sentido ao
lado dela
Nasci para os outros sentinela
A dor da minha ausência, pude sentir nela
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
Mas enquanto fizer, sol e chuva
Enquanto fizer calor e frio
e houver noite e dia
É esta arma que me irá fazer companhia nas
madrugadas
Tudo irei superar, até a sua partida, amor!
Adilson Sozinho
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
ndo aqui a olhar pela janela do
facebook, vejo que quase nada
mudou nos últimos seis meses,
ainda são os mesmos na bicha do chat,
quase trezentos, um atrás do outro, cerca de
três mil que não se fazem presentes agora.
Outros nem vivos estão mais, tantos
amigos que nem de vista os conheçemos.
Neste mundo, cada um vive como quiser,
diferente do mundo real, lá não podem andar
nús como fazem aqui, não podem dizer
palavrões e nem mandar indirectas como
fazem aqui.
Aqui parece que podemos tudo,
podemos usar o nome que gostariamos que
nos tivessem dado, podemos fazer um
make_up e realçar a beleza que não nos foi
dada, podemos voltar no tempo e deixar tudo
a preto e branco.
Aqui podemos ter a idade que nos
apetece, e cá estou nesta janela a comtemplar
essa liberdade medíocre, aqui não matamos a
A
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
ninguém que seja exemplar, apenas
bloqueiamos.
Adilson Sozinho
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BSA UÑWANANA II
Nguere, Nguere, Xinguerenguere!
Nico-nada Juro! Que dizeres?!
Dos pés descalços em madacas,
Banhados de chuva naquele ser criança,
Motorista de xinguerenguere
Que não foi veloz para alcançar
“O comboio que passou”
Que nem sequer "pimpou"
E consigo a nossa infância levou...
Naco-nada Juro! Digo do tempo,
que as horas eram apenas alegrias.
Porque da tristeza tinhamos alergias.
Éra livre de andar descalço,
Porque o chão era o palco,
que sustentava a minha liberdade.
Saudades tenho do xinguerenguere no caniço,
rodando neste mundo feiticeiro,
explora-lo, estava em mim este fetiço.
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
Hoje guardo nas malas,
as lembranças dos meus pés em valas
da Av. Joaquim Chissano.
Pescar peixinhos era o meu plano.
E hoje, crescido sem infância por viver,
a aprender como melhor sofrer.
Nada mais me é incomum,
Devo sem conhecer o sabor do atum.
Adilson Sozinho
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
ic tac, o tempo passa
Tic tac, a espera não disfarça
A música que espanta males
É para mim agora um ruído
Tic tac, soa como na infância
Na parede daquele quarto assustador
Soava ao ritmo dos batimentos cardíacos, tic
tac...
Espero não estar a perder tempo
No tempo a muito estou perdido.
Tic tac, nunca há paciência suficiente para
suportar a demora quando se espera.
Tic tac, tic tac, tic tac, tic tac...
Nunca mais chegas!
Adilson Sozinho
T
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
XTHOFU
Um papel fatigado de nada
Escorre sobre a sua face meus sentires e
desentires
Desde amo-te aos filhos da puta...( suspiro)
a escrevaninha, meu humilde templo
Um filho meu vem fora do tempo... ( suspiro)
achei que já era incapaz de exprimir tinta
desta
maneira
Foi o sangue a razão da minha asneira
A lava que saia das pernas daquela mulher,
era
impossivel a razão
fecundar...( raios)
Já não se pode esconder, nas mangueiras
assaz
as primaveras,
é pecado meu desejar agora um outono,
pois esta folha que pode morrer sobre os
seios da
terra, pode ser o futuro deste país.
Adilson Sozinho
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
Sérgio Universo Fontes
Nasceu aos 14 de Abril de 1991, na cidade do
Luena-Moxico, Filho de José Manuel F.
Fontes e de Leonora Teresa Mahuma. É um
jovem amante da literatura que está a marcar
os primeiros passos no mundo literário.
Membro da Brigada Jovem de Literatura de
Angola.
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
Frequentou o Ensino Primário na cidade do
Luena e o I Ciclo do Ensino Secundário na
Escola Diocesana São José no Luena, em
2011, frequentou a escola Secundária 11 de
Novembro no Luena e em 2012 ganhou uma
bolsa de estudo do Ministério da Educação
em parceria com a ADPP, para estudar na
Escola de Formação de Professores do Futuro
em Luanda, concluiu o ensino Médio em 2015
e em 2016, Matriculou-se na Faculdade de
Direito da Universidade Lueji a Konde-
Faculdade de Direito na Cidade do Dundo,
onde se encontra a frequentar o segundo ano
de Direito.
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
PARECIA UM MISTÉRIO.
No primeiro dia talvez por ter sido a
minha primeira vez, que os meus os pés
pousaram sobre o chão da academia EPF
Luanda sita na comunidade do Ramiro. Sem
dúvida alguma, nasceu no meu âmago grande
espanto que de certa forma maravilhou os
meus olhos.
O meu espanto nasceu na configuração
da planta da academia, o modo como os
arbustos e as avenidas são delineadas
reflectia-me grande distância até chegar ao
nosso dormitório masculino. Porém, o tempo
foi passando e decerto eu fui me
familiarizando com o ambiente da escola e
algum tempo depois a longevidade e seus
mistérios foram diminuindo aos poucos pelo
simples facto de dormir e acordar enxergando
a mesma realidade.
De facto, a praxe do pensionato fez-me
perceber que andar nas avenidas decoradas
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
por pedras e cochas da praia do Ramiro era a
minha nova realidade enquanto estudante
interno na academia. Doravante o frequente
contacto entre colegas em torno da escola
amparou-me e ajudou a diminuir e a vencer o
panzol que anteriormente meus olhos viam
diante do pensionato. E não obstante isso,
facilitou-me de uma outra forma a me adaptar
face a praxe da academia e dos professores
da EPF-Luanda.
Outra coisa que me comoveu dentro do
ecossistema intelectual epefiano foi o
delineamento das árvores em torno da escola.
Sem medo de errar, essa realidade vista pela
primeira vez deixou-me estupefacto. Comoveu
com o meu mundo interior em ver a planta
deste lindo lar ladeado pela natureza. Acredito
que qualquer um teria sentido o mesmo que
eu se estivesse no meu lugar. Vendo cobras,
aves e árvores de diferentes tamanhos
mantendo um contacto direito com as pessoas
que estudam neste espaço geográfico. Pude
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
deduzir que isento das actividades levadas a
cabo neste ecossistema intelectual os
estudantes tem o privilégio de gozar uma paz
espiritual.
Essa foi a minha primeira impressão
quando entrei na ADPP-EPF-Luanda para lá
estudar. Sem medo de errar afirmo que na
mesma senda, apesar de sermos pessoas
diferentes e com pensamentos e sentimentos
heterogéneos friso que os meus condiscípulos
também algo os impressionou na primeira
vista a respeito da escola. Por isso, depois de
ter bebido dessa experiência hoje apraz-me
esmiuçar que não devemos julgar as coisas
sem antes termos convivido com elas.
Digo isso porque depois de uma longa
convivência com a praxe da academia, toda a
estranheza e o mistério que a estrutura do
pensionato reflectia diante dos meus olhos,
acabou por desaparecer e enfim, as distâncias
que se intercalavam do tanque de água para o
dormitório masculino acabou por encurtar-se
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
fruto da constante convivência no seio da
escola.
Na mesma senda a actividade que me
levou a se familiarizar rapidamente aos
costumes da EPF, foi o matinal. Acordar às 5h
45´ de segunda a sexta feira para varrer e
organizar a escola; a cavadura de buracos
para enterrar o lixo produzido por nós
estudantes e docentes tanto internos como
externos, o derrube das matebeiras e a
podagem de algumas árvores já decrépitas, a
fim de mantermos limpa a vista da escola e
nos auto fornecermos um ambiente sadio
treinou-me bastante a me adaptar dentro da
academia.
Contudo, assim foi a minha primeira vez
na ADPP-EPF-Luanda. Que para mim, hoje a
denomino por ecossistema intelectual por ser
um lar que a convivência dos seus membros
cinge-se em torno do saber, desvendamento
do obscurantismo com fito de buscar e
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
alcançar dias melhores para suas vidas e da
sociedade em geral.
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
O MISTÉRIOSO LAGO DILOLO.
O lago Dilolo é o maior lago de Angola.
Este monumental lago, localiza-se no Leste de
Angola, na província do Moxico, no Município
do Luacano e Comuna com o mesmo nome.
Diz uma lenda, que na era dos nossos
ascendentes ocorreu um fenómeno tão
doloroso e misterioso naquele local, que deu
para acreditar que existe um ser supremo que
nos doou a vida e que deve ser honrado
acima de tudo.
Segundo a lenda, na actual comuna do
Lago Dilolo, havia um regato e o mesmo tinha
uma tradição, cujos ritos eram de
cumprimento obrigatório, para as pessoas que
vinham de outras localidades. Os mesmos
cingiam-se no seguinte:
Antes de atravessar o regato, seres
invisíveis perguntavam os transeuntes se
poderiam passar a noite na outra margem ou
não. E se porventura tivesse que passar a
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
noite na outra margem, o transeunte tinha que
responder que iria passar a noite e se não
tinha que responder o contrário dizendo
sempre a verdade, e se não cumprisse com a
sua afirmação, então encontraria o regato
transbordado com dimensão impossível de
transpor e a pessoa era obrigada a voltar e
passar a noite na outra margem.
Certo dia apareceu na localidade uma
idosa coberta de farrapos, com a intenção de
vender peixe caqueia1, dirigiu-se em casa de
uma anfitriã e lhe disse o seguinte:
- Bom dia filha, Sou visita e venho cá
vender o meu peixe, por favor, dei-me água
para beber, porque tenho muita sede; a
senhora respondeu-lhe dizendo:
- Quem acha que és para te dar água! A
idosa, ainda lhe perguntou se não queria
comprar o peixe que levava, ela respondeu-a
que não o precisava porque o mesmo estaria
a cheirar mal. 1 Peixe miúdo da água doce
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
A idosa abandonou aquela casa e dirigiu-
se para outra, onde lhe disseram o mesmo.
Na comunidade vivia uma menina
chamada Muari2, que gostava muito daquele
tipo de peixe, ela pediu a sua tia para que
comprasse o referido peixe para ela, e que
quando a sua mãe chegasse da lavra,
devolver-lhe-ia o dinheiro. A tia aconselhou-a
a não compra-lo porque os demais não
estavam interessados na compra daquele tipo
de peixe, e disse-lhe que não iria lhe
emprestar o dinheiro para tal.
A menina pediu a idosa, para que a
esperasse, enquanto fosse buscar a sua mãe
na lavra, para que comprasse o peixe, ela
consentiu e a menina ajudo-a a tirar a bacia
que estava sobre a sua cabeça.
No caminho para lavra, a menina ia
cantando assim: - Kalumbo a Kole, Zambi
nangumone, Kalumbo a Kole, Zambi
nangumone, até quando chegou à lavra, e 2 Mulher em idade fértil
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
disse à sua mãe, que tinha chegado à
comunidade uma idosa que estava a vender
Caqueia e como ela gostava muito do referido
peixe, gostaria que a mãe o comprasse para
ela. A mãe perguntou-lhe porquê é que a tia
não tinha o comprado para ela. Ela respondeu
que a sua tia e outras pessoas da comunidade
diziam que o peixe estava a cheirar mal, mas
ela o queria mesmo assim.
A mãe e a filha regressaram ao bairro e
a mãe comprou o peixe, a idosa pediu água
para beber, a mãe da menina deu-lhe e ela
disse a mãe da menina, que tinha vindo tentar
as pessoas da comunidade, para saber se
honravam Deus ou não. Ela antes de ir
embora, pediu a mãe da menina para que
avisasse a sua família, e ficassem todos numa
única casa, porque iria cair uma grande
chuva, que inundaria a comunidade e
aconselhou-a ainda que, quando a chuva
tivesse a cair ela e sua família tinha que se
dirigir em direcção a origem do vento.
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
As pessoas da localidade que tinham se
informado do que a idosa tinha dito,
duvidaram e outras ficaram confusas. Porém,
a mãe da menina cumpriu com tudo que a
idosa tinha dito, avisou a sua família, outros
parentes acreditaram e outros não, os que
tinham acreditado passavam as noites na
casa da mãe da menina.
Depois de algumas semanas, num certo
dia o céu estava carregado de nuvens, dum
jeito que nunca tinha estado antes, neste dia a
noite quando começou a ventania, a família da
mãe da menina que acreditara na promessa
da idosa, ouviram uma canção que dizia:
Kalumbo a Kole, Zambi nangumone, Kalumbo
a Kole, Zambi nangumone, todos acordaram e
dirigiram-se de seguida para onde vinha o
vento, depois choveu muito naquela noite e
como resultado todas as casas desabaram as
pessoas desaparecem e a comunidade ficou
completamente inundada. Nesta altura o Soba
da comunidade se encontrava ausente.
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
Quando o Soba chegou à comunidade,
encontrou a localidade transformada num
enorme lago e as pessoas afogadas no
mesmo, sem sobreviventes para que
pudessem contar como aquilo tinha sucedido.
Ele decidiu também se afogar, para seguir o
caminho do seu povo.
Com o passar do tempo, algumas
pessoas voltaram a habitar as margens do
lago. Estas testemunhavam que viam as
pessoas que tinham sido afogadas no lago a
saírem para efectuarem trabalhos fora do lago
e depois voltarem para o fundo do mesmo.
Também o lago andou rodeado de
muitos mistérios, entre os quais o de não
pescar no mesmo, sob pena de pescarem-se
seres humanos, bem como o que defendia
que nenhum avião poderia o sobrevoar, com a
tese de que cairia no mesmo. Porém, hoje nos
nossos dias, todos estes mitos ficaram na
história, porque a realidade da localidade do
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
lago Dilolo é bem diferente, embora assim é
bom recordar as nossas lendas populares.
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
A ABELHA E O MARIMBONDO
A abelha e o Marimbondo foram
comunicados que havia numa aldeia mulheres
muito bonitas, então se lançaram ao desafio
de pretendê-la.
Quando chegaram à aldeia encontraram
duas mulheres e a Abelha queria ficar com a
mais bela e famosa. Quando esta formulou o
pedido à referida mulher, a mesma não
aceitou, dizendo-lhe que não a queria, porque
preferia o Marimbondo. A Abelha não insistiu
e optou por ficar com a outra que lhe aceitou
sem nenhuma contestação.
Depois a Abelha e o Marimbondo
casaram-se com as respectivas mulheres e
despediram-se das famílias e partiram com as
suas mulheres para a sua aldeia.
Pelo caminho, o Marimbondo começou a
cantar: Ndi lunga cizundamo3, ndi lunga
3 Lunga Cizundamo significa que o homem não se mede pelo
seu tamanho.
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
cizundamo e a Abelha respondia: Ndi lunga
mana4, ndi lunga mana.
Quando chegaram ao destino, a Abelha
entrou no seu favo dentro de uma colmeia
com a sua mulher e o Marimbondo ficou
pendurado numa folha com a esposa.
Num belo dia, ao meio-dia, surgiu uma
ventania que deixou cair as folhas da árvore,
onde vivia o Marimbondo e a sua mulher; o
casal também caiu e feriu-se. De seguida
choveu bastante e o Marimbondo e a esposa
molharam e quase por sorte não perderam as
suas vidas. Neste instante a esposa do
Marimbondo começou a lamentar o sucedido,
mostrando-se arrependida por não ter
aceitado a Abelha como esposo.
A Abelha e sua esposa apreciavam o
que estava a acontecer com a família
Marimbondo e riam. Depois a esposa do
Marimbondo foi refugiar-se na casa da
Abelha, aflita começou a contar a desgraça 4 Lunga mana significa que o homem se mede pelo juízo.
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que vivera com o marido, e a Abelha
perguntou-lhe se estava a contar-lhe tudo
aquilo porquê, se quando tinha lhe pedido em
casamento não lhe tinha aceite como esposo,
porque era muito pequena. A mulher do
Marimbondo pediu favores à Abelha para que
dormisse na sua casa e no dia seguinte voltar
para a sua família. A Abelha consentiu e ela
dormiu e no dia seguinte voltou para sua
família, terminando assim o casamento com o
Marimbondo.
Depois de uma semana de solidão, o
Marimbondo decidiu ir aos familiares da
mulher, para pedi-los que a sua mulher
voltasse, porém a própria mulher, não aceitou,
alegando que ele não tinha juízo, porque nem
casa conseguia construir e o Marimbondo
voltou para a sua aldeia infeliz, enquanto a
Abelha viavia com a sua mulher feliz e sem
nenhum problema.
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O HOMEM PESCADOR DE SOBA
Havia em algures, um homem e uma
mulher que sofriam muito. O homem era
pescador e cada vez em que ele ia pescar,
não apareciam peixes frequentemente.
Num determinado momento o casal já
não tinha nada para se alimentar, porém, o
homem decidiu uma vez mais ir pescar e
apanhou um peixe que tinha o nome do soba
do bairro onde vivia. Enquanto lhe tirava da
rede, o peixe pediu ao homem para que não
lhe matasse e ele perguntou-lhe porquê? O
peixe respondeu-lhe que sabia que o homem
sofria muito e que estava disposto a ajudar-lhe
a acabar com o sofrimento em que vivia, mas
só se o deixasse vivo no rio.
O homem atónito pegou delicadamente
no peixe e devolveu-o na água, cumprindo
com o pedido do peixe. Depois de colocá-lo
na água, o peixe agradeceu ao gesto do
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homem e solicitou a ele, para que pedisse
tudo o que ele queria, para melhorar a sua
vida.
Por sua vez, o homem começou a
evocar tudo o que necessitava, começando
pela comida que se restringia no pirão e no
peixe.
O homem quando voltou para a sua
casa, encontrou ao redor da sua casa lavras
com muitas mandioqueiras e dentro de casa
muito peixe. A mulher assustada questionou o
marido, onde tinha saído aquilo tudo.
O marido contou-lhe a história do peixe
que tinha pescado e que lhe prometera tais
bens. A mulher mais ambiciosa que o homem,
pediu ao marido para que pudesse voltar para
lá, para que pedisse que transformasse a
casa deles numa mansão bem mobilada.
O homem submisso à mulher foi até ao
rio e pediu ao peixe denominado Soba do Rio,
para que transformasse a casa deles numa
mansão e o seu bairro numa bela cidade e
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que ele e a sua esposa fossem de raça
branca. O peixe disse ao homem que vá para
o seu bairro e hás de encontrar tudo o que
pediste. O homem voltou para a sua aldeia e
encontrou tudo o que tinha pedido e ele e a
sua esposa tornaram-se de raça branca.
Neste momento a miséria tinha acabado.
Porém, como grande parte dos homens,
não se contentam com o pouco ou com o que
têm este casal também ainda queria mais.
Por isso, a mulher achou que as noites
estavam a lhe incomodar, por isso, pediu ao
seu marido, para que voltasse ao peixe soba
do rio, para que com o seu poder, pudesse
mandar parar a terra, para que na cidade
onde já estavam a viver não houvesse mais
noites, porque segundo ela a felicidade só
existe no período diurno e não a noite.
O homem de, pois de uma reflexão,
disse a sua mulher de que estaria a exagerar
no pedido, já que este peixe tinha feito quase
tudo o que ele podia fazer, para a alegria do
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casal, acrescentando que se antes não tinham
comida naquele momento a tinham e em
abundância, tinham uma casa boa com luz
eléctrica, a pobre aldeia tinha se transformado
em cidade e muito mais. Porém, a mulher
disse que não se sentiria satisfeita se o
homem, não fosse efectuar este último pedido
ao peixe Soba do Rio.
O homem convencido pela mulher, foi
até ao rio e pediu ao peixe Soba do Rio que
ele mandasse parar a terra, para que não
anoitecesse na sua cidade. O peixe
impaciente respondeu-lhe de que ele estava a
pedir mais que o que necessitava, e que ele
queria que se desafia Deus que também tinha
o criado e lhe dado poderes. Porém o peixe
disse ao homem que estava bem ele poderia
responder ao pedido uma vez mais.
No entanto, quando o homem chegou na
então cidade, encontrou tudo já se tinha
transformado, como no passado, isto é, a
cidade transformada numa pobre aldeia, as
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lavras desapareceram, a mulher e ele
voltaram a ser negros e a miséria tomou conta
novamente deles até o fim das suas vidas.
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PRAIA MISTERIOSA
A natureza da tua existência
Reflecte um enorme mistério
Diante dos olhos de quem te vê
Não consegue te entender mulher.
Hora contente
E num piscar de olho acabas sisuda,
Mimosa e acanhada algumas vezes;
O reflexo do teu ser
Expressa ondas que na tua praia
Rondam e refletem calemas.
Nadar na tua praia
É uma ideia de muitos banhistas,
O problema é a falta de audácia
De em ti mergulhar
E o medo antecipado
De tentar e não conseguirem nadar,
Por as águas da tua praia
Não as deixarem flutuar.
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Tu és isso e muito mais.
Por possuíres um semblante inigualável
E focares tão forte sobre a terra
Como a luz do sol e a estrela candente.
Você e mais branca que a neve,
Doce que o leite
Com esse sorriso caliente e contagiante
Diante dos olhos de quem te vê.
És um anjo da guarda,
Por velares dia e noite
As pessoas a quem você mais amas.
E confundires o teu ser
Diante da vista de seres sem fé.
Sortudo é quem te tem.
Oh!!!
Quanto mistério você possui!
Oh linda mulher.
Você é na madrugada
O planeta Vénus
Ao morrer do sol.
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Porque o brilho dos teus olhos
É lapidado de esperança.
Esperança!
Como hemos algum dia nos encontrar
E nos vermos vis-à-vis
E juntos partilharmos
Sorrisos, abraços e olhares intensos,
Quiçá que as circunstâncias o permitissem.
Você e como uma criança de alma limpa
Pura com inocência no seu ser
O que desliga deste ser
É meramente a maturidade
Que você possui,
Fora disto és um anjo de mulher,
Praia misteriosa.
E por você teres esse sorriso lindo
E uma boca maravilhosa lapidada
Com dentes brancos feitos neve.
Com uma voz melódica feito música
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Que toca na alma
E alegra o dia de quem te tem por perto.
E você com esses olhos abrilhantados
Como o ouro,
Pernas torneadas
Com um andamento de cambaia,
Confesso que você me mata!
Com todos esses encantos
Que o teu corpo lindo e formoso possui.
Essa beleza rara
Encantadora como as pétalas da rosa.
Bunda desenhada
Como as curvas da serra da leba
Isso me atrai dia e noite
Minha linda mulher
Por isso te considero-te
Como uma praia misteriosa.
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QUEM EU SOU EM
RELAÇÃO AOS OUTROS
Sou a água dos poços abandonados
Que clama por quem a precisa,
E que sacia a sede dos persistentes que me
procuram.
Sou a flor sem dono e trato especial
Porque admito humilhações e elogios,
Sou o que sou,
Sou o dono das minhas glórias
E também dos meus impetuosos fracassos.
Sou o guerreiro;
Que luta com armas como a moral e a
concórdia.
Sou o jovem moderno;
Dum universo anti-moderno;
Sou o contador;
Que conta os dias e noites infernais do jovens
Sou o porquê;
Porquê da vida,
Porquê da morte;
Porquê do Paraíso;
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Porquê do inferno;
E porquê de Deus, homens e malefícios no
mundo.
Quem sou em relação aos outros afinal?
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LEONORA TERESA
Leonora Teresa minha natureza e fortaleza
Vive cheia de tristeza,
Enfrentada a natureza.
Leonora Teresa
Quando rezas
A natureza te enche de ânimo.
Por isso vás à igreja
Clamar para que o criador te proteja.
Leonora
Quando era criança
Não sabia que na natureza
Existia esperança.
Leonora Teresa
Quando estás de fronte de mim e do papá,
Ambos formam a minha natureza.
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Leonora
Com tanta tristeza,
Mas tens a lembrança de mim e do papá,
Lembranças que jamais
Hão de se apagar até ao destino.
Leonora Teresa
Por seres uma senhora firme que reza,
Eu não lhe esqueço.
Leonora Teresa,
As suas tristezas
Hão de tornar-se riquezas,
O sacrifício feito para a minha vida
Correndo sem direcção
Para a minha salvação,
Isto existe em meu coração.
E pela bondade que tiveste,
Correndo com tiroteios em seu rodeio,
Nas matas de Casseluca
Para me salvares.
Isto está registo em meu coração,
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Leonora Teresa
Por agires com enorme honra,
Eu te registo em minha alma,
Por isso eu creio no sofrimento
No lamento do tio João,
Que nos deixou sem direcção.
Leonora,
Cá estou eu
A escrever versos
Para te agradar e alegrar;
Julgo que,
Qualquer um que estivesse em meu lugar,
Teria feito o mesmo que eu;
Mas como nínguém pode estar em meu lugar,
Que não seja eu mesmo,
O teu adorado e amado filho,
Filho que você doou a vida,
E natureza doou-lhe um dom;
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É por isso,
Que tem de ser eu,
A dedicar-te versos;
Leonora,
Saiba que,
Cada passo que eu der neste mundo
Prometo-te lembrar
E dedicar-te-ei, todos os triunfos;
Porque, você para mim,
Vale mais que tudo na vida,
E sem ti, julgo que nunca teria conhecido
O brilho do sol,
E a beleza dá natureza;
Por isso, eu deduzo
Que a senhora é o meu mundo sagrado.
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EU QUERO SER
Eu quero ser um amigo para ti,
Quero ser um amigo e colega para todos,
Para todos aqueles que me dão tempo e
ouvido.
Quero amar para ensinar a amar os que mal
amam,
Quero respeitar para ensinar,
A respeitar a quem mal respeitam,
Eu quero aprender
A viver e a lidar com o povo da minha pátria;
Quero aprender com os cotas,
A história real da pátria Angolana;
Para depois ensiná-la com clareza e lucidez,
para as gerações vindouras;
Eu quero ser,
Eu quero sim ser.
A voz que clama nas ruas e nas praças,
Nos táxis e nos campos de futebol e de
basquetebol.
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
Eu quero ser.
A voz que conduz a juventude do meu tempo;
A voz que conduz os jovens
A absterem-se do consumo excessivo do
álcool.
Das drogas e da delinquência juvenil.
Porque essas práticas
Só lhes conduzem a vida para a ruína;
Eu quero fazer história;
Quero deixar as minhas memórias;
Que justifiquem os feitos de Sérgio Universo.
Sim. sim. sim, eu quero ser.
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Tauã Lima Verdan Rangel.
Mestre e Doutor em Ciências Jurídicas e
Sociais pela Universidade Federal
Fluminense. Autor dos seguintes livros:
"Fome: Segurança Alimentar & Nutricional em
pauta" (Editora Appris, 2018); "Segurança
Alimentar & Nutricional na região sudeste"
(Editora Bonecker, 2019) (no prelo) e "Versos,
Inversos & Outros Escritos" (Editora Porto de
Lenha, 2019).
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CAMINHO DESVENTUROSO
Seguem no caminho meus passos tão
cansados
De um fardo descomunal e sobremaneira
pesado
Com tantas marcas em minha face, meu rosto
suado
De sendas sinuosas e abreviadas num andar
fatigado
Aos poucos, recolho as experiências tão
chorosas
Com mãos feridas e linhas profundas e
sinuosas
Eterno caminhante em desespero embalado
Buscando um desejo, um abraço intenso e
apertado
Colhendo as migalhas de tantos sonhos
perdidos
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
Em andar trôpego e pensar demasiadamente
aturdido
Indelével no desejo de me encontrar sem me
perder
Cruzo travessias e encruzilhadas em busca de
você
Ouço, ao longe, o som da sua voz gentil a me
chamar
Inclino a cabeça de relance, por você a
procurar
O vazio alcanço com meu olhar inquietante e
medroso
Ainda assim, sinto o seu cheiro peculiar e
receoso
Diante dos meus olhos, há um caminho aberto
Encaro o horizonte, mesmo não estando
desperto
Por vales e abismos profundos e
devastadores
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
Mantenho em minha alma mil espíritos
contestadores
Intrépidos e de um ânimo esguio, jocoso e
ligeiro
Com sorrisos convidativos e de pensar faceiro
Anulo-me na inteireza de encontrar
assombrado
Os passos que você dedicou em desejo
acalentado
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
DANÇA DAS ESTRELAS
Após um dia ensolarado, com o sabor da brisa
outonal
Os últimos raios do sol se dissipam, um
cenário surreal
Pontos brilhantes vão se desnudando no
firmamento
Em um bailado frenético, uma dança, um
grande alento
No início, pequenos pontos esparsos no
manto noturno
Cintilam sem medo, em um lume frenético e
oportuno
Contrastando com o tom violáceo sem fim do
caminho
Em um frenesi, uma sinfonia de luzes em
desalinho
Brilham estrelas cadentes, opacas e outras
eternais
Amontoados estelares povoam as mentes
intelectuais
Num giro complexo, fisicamente medido e
pensado
Ou, ainda, num conjunto lírico poético e
versado
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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo
Fazendo morada nos sonhos apaixonados
dos amantes
Uma visão celeste intensa, insana, muito
inebriante
Entre as estrelas bailarinas, refletido o querer
intenso
Lançado pelos corações apaixonados e
propensos
Suspiros entoados por amantes sob o giro
rodopiante
De inúmeras estrelas sem fim, com um lume
brilhante
Em uma dança sem limites, simplesmente
libertadas
Como sopros suspirados pelo universo em
lufadas
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1ª edição | Setembro de 2019
João Israel da Silva Azevedo Coordenação editorial | Capa | Diagramação