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Antologia Inspiração | Org. João Israel da Silva Azevedo · 2019. 7. 18. · rosa da tua claridade, como um bilhete do teu amor, com que eu possa provar a mim mesmo do tanto que

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INSPIRAÇÃO Antologia Literária

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INSPIRAÇÃO Antologia Literária

Esperantinópolis-MA

2019

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Copyright ©2019 – Todos os direitos reservados aos autores dos textos constantes nesta Antologia.

Não copie sem citar a fonte. Obras compiladas da Oficina Virtual Antologia Inspiração

Todos os direitos reservados aos autores dos textos constantes nesta

Antologia. Nenhuma parte do conteúdo deste livro poderá ser utilizada ou reproduzida em qualquer meio ou forma, seja ele impresso, digital, áudio ou visual sem a expressa autorização dos autores (Lei 9.610, de 19.02.1998)

1ª edição | Julho de 2019

João Israel da Silva Azevedo Coordenação editorial | Capa | Diagramação

Contato com os autores através do organizador da obra:

Lattes: http://lattes.cnpq.br/8508312654334831 | Facebook: facebook.com/joaoiisrael Email: [email protected] | Blog: https://joaoisrael.blogspot.com

Instagram: @joaoiisrael | @paisagensesp

Azevedo, João Israel da Silva, 2019

Inspiração: poemas, contos e crônicas/ João

Israel da Silva Azevedo (Org.). Esperantinópolis, MA:

Clube de Autores, 2019.

78 p. ; 14x21 cm (Antologia Inspiração)

ISBN 978-85-5697-970-4

1. Literatura Contemporanea – Poesia – Contos –

Crônicas. I. Autor. II. Título

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“Estou sentindo o bem que é viver. Ainda que

seja noite e noite que se demora a passar.

Arrancaram-me do pulso o relógio da minha fé

e agora estou só. Manda-me algo que não me

deixe quieto! Não quero nunca descansar,

quero sempre te sonhar na saudade dos teus

olhos, nas cores do teu vestido com que eu

teça a bandeira de uma nova luta. Manda-me a

rosa da tua claridade, como um bilhete do teu

amor, com que eu possa provar a mim mesmo

do tanto que me queres bem e o até que ponto

eu devo esperar a hora certa de pular dentro

deste escuro para que eu o rasgue e,

rompendo a casca de trevas, eu possa, me

germinando, nascer de novo e contigo sorrir e

dançar bem no meio do meu povo.” RAIMUNDO CORRÊA, ABRIL

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SUMÁRIO

Adriana Vieira

Anecleide Maria da Silva

Eluciana Iris

Mauro José da Silva

Sérgio Universo Fontes

Tauã Lima Verdan Rangel.

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PRELÚDIO

A fim de fomentar a divulgação literária

nacional, apresentamos a você, amigo /a

leitor/a, uma coletânea de poemas, poesias e

contos, que inspirados em temas livres, foram

escritos. Espero que goste!

João Israel da Silva Azevedo

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Adriana Vieira Natural de Colatina, graduada em Artes

Visuais, Arteterapeuta, Massoterapeuta e

Arteeducadora. Moro na região de Serra-ES,

me inspiro na natureza e em grandes mestres

literários para escrever. Na natureza consigo

sentir todo meu ser envolvido na grandeza do

criador e nas palavras que vão surgindo.

Amo arte. Respiro arte. E uma das

formas artísticas que gosto muito é a arte

literária nela consigo me encontrar

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verdadeiramente e me sintonizar com as

letras. Gosto de ler romances, poemas,

contos, enfim amo livros e a arte de escrever

vive em mim.

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A SOLIDÃO DE DEUS

Na dor do amor descobrir a solidão de Deus,

no meu coração transpassado pela flecha do

amor,

senti a solidão de Deus.

Nas lágrimas que molharam a minha face,

eu chorei a solidão de Deus.

Na tempestade que tomou conta do meu ser,

eu vivi a solidão de Deus.

Assim como Ele chamou sua dor

de solidão,

eu chamei a minha de Deus.

A dor que Ele sentiu causada pelos seus

amados

que doaste a vida,

eu sofri essa solidão de Deus.

E a noite estava fria,

O nevoeiro cobria a paisagem de Deus,

ouviam-se muitos gemidos em meio a

escuridão.

No silencio de uma oração percebi

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que era um pedido de socorro das

almas presas na dor da solidão,

lá do alto

da montanha.

Adriana Vieira

Serra Es.

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Anecleide Maria da Silva

Formada em Letras pela Universidade

Leonardo da Vinc i-UNIASSELVI . Pós-

graduada em Língua Portuguesa e Literatura.

Atualmente cursa Pós graduação em Gestão

e Tutoria e Educação Superior. Autora da

poesia Amor de Soldado; publicada No livro:

Antologia Novos Poetas de 20016.

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A DOR DA SAUDADE

Se nos dissabores da vida

Achei-me sozinha e triste

Fiz-me força, fiz-me forte;

Lembrei-me que um Deus existe!

Me vi tão derrepente, frágil, só e assustada!

Sem ti a segurar a minha mão;

Tornou-se mais longa a estrada.

Respostas sem perguntas, que vão surgindo,

ficando...

De alguém que jurou amor;

E de mim se foi chorando !?

Não porque se foi, ou porque fiquei;

Mas, porque um sem o outro ficamos...

A dor que era medo, hoje é realidade

Éramos dois, hoje um só;

Restou de nós a saudade.

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Do triste fim desse amor

Ficou só restos, maldade!

Sem direito a choro nem luto;

Sem se quer ouvir a verdade.

Aqui jaz um amor, que se foi antes da hora!

Tirado do peito na marra;

Enterrado vivo, outrora!

Anne Silva Castor

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Eluciana Iris

Nasceu no dia 12 de novembro de 1970, na

cidade de Campo Belo MG, filha de Maria e

Antônio do Chiquito, caçula de 5 irmãos.

Estudou em escolas públicas e formou-se em

magistério, mudou-se para Belo Horizonte –

MG, formou-se em Nutrição, graduanda em

Direito.

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DIÁRIO DE MÃE DE MENINO

15 de maio de 1955

Era dia de frio ameno, vento delicado vinha lá

do córrego.

Mansinho, sereno, trazia no ar o cheiro da

relva e das flores.

O perfume floral vinha como calmante.

Entrava pela janela do quarto.

A janela era grande, dali eu via o morro, o céu

e as nuvens brincando de correr.

Deitada na cama de lençóis brancos, por mim

bordados em ponto cruz e arabescos,

esperava a chegada de um novo ser.

Travesseiros beijavam minha nunca e

acariciavam meus cabelos.

Ondas de dor consumiam as minhas forças.

O amor era a engrenagem, das entranhas

surgiam forças de mil guerreiras. Suportava a

dor.

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Fizera simpatias de adivinhação anterior, não

sabia se era menina ou menino.

A surpresa Deus me reservou.

Junto de uma benção de parteira, em suas

mãos ele escorregou.

O maior presente na minha vida Deus me

entregou.

Fechei meus olhos azuis marejados,

conversei com Deus.

Em oração agradeci, rezei o terço feito de

contas de lágrimas.

Deus me ouviu e respondeu:

- Eis seu oitavo filho, é forte, saudável,

inteligente e amoroso.

Terá muito orgulho de seu filho.

Ele crescerá e prosperará.

E quando suas forças lhe faltar e precisar, ele

lhe amparara.

Muitos anos de vida ele viverá.

Emoção maior o meu ser experimentou.

O primeiro choro soou e meu amor

transbordou.

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Em meus seios, acalentou, o sabor doce do

leite o encantou.

Em meus braços permaneceu e com uma

canção de ninar adormeceu.

“não sei se tus tens um anjo/ que eu tenho um

anjo sim/ meu anjo é um pequenino/ que

agora vai dormir/ dorme meu anjo lindo/ meu

menino serafim/ que o sono vem vindo/ pra

levar você de mim/ porque está na hora/ na

hora de dormir/ dorme meu pequenino/ dorme

meu querubim"

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Mauro José da Silva

Com o pseudónimo Adilson Sozinho,

nascisdo aos 06 de abril de 1995 na cidade de

Maputo, é um jovem estudante da Academia

de Ciências Policiais, poeta, capoerista e

xadrezista.

Foi membro da Associação Artística a

Fénix de Moçambique desde o ano de 2015

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até o ano de 2017. Participou em duas

antologias internacionais a nível da CPLP, " O

Mundo dos Sonhadores" organizado pela

poetisa e jornalista moçambicana Celina

Sheila e " Nossos Versos" organizado pela

poetisa brasileira Cláudia Santos, participou

com três textos na obra " Duas Faces da

Mesma Poesia " do poeta angolano Joel

Caetano e lançou uma obra intitulada " As

Memórias de Um Escreveta" em 2017.

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HOJE

Hoje é aquele dia que todos celebram excepto

eu,

Porquê o que celebram nunca chegou a ser

meu,

E como correm os dias de hoje,

E da maneira que correm,

Cada asneira que ouvimos nas rádios, TVs e

bermas da cidade,

Não dignifica a nossa bandeira,

Ou melhor! Vossa bandeira,

Eu sou mulato,

E como dizem, não tenho bandeira.

Hoje...

Celebra-se o dia da independência,

Independência que foi com quem nos tornou

independentes!

Independência a curto prazo, dependêcia

actualmente a médio e longo prazo! É o que

nos resta.

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Pois até (eu) chegar aqui, nada do que toquei

foi " Made in Mozambique"

O transporte é chinês,

A compaixão do " My Love" ¹ para variar é

japonês,

Por vezes acho que os moçambicanos tem

olhos puxados.

É fácil ouvir alguém aumentar "i" na paragem,

Como se fosse nosso o português, Paraigem!

Ainda temos cá em moçambique, os "

moçaestrangeiros" (moçambicano que é

estrangeiro no seu próprio país),

Nos super-mercados entram pela saída, talvez

porque em cima das portas está escrito: "

EXIST"

Por vezes só queremos fazer xixi,

Mas os banheiros espalhados no nosso vasto

país nos exibem um W.C

E (eu) como um bom machangana que sou,

custa-me não pensar qu'essas duas letras

significam " Wuya Cocota"

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Não! Me recuso a dizer que estamos

independentes!

.

Adilson Sozinho

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MAIS UM FINAL DE SEMANA

No arsenal uma arma me aguarda para o final

de semana

E quem me ama, já não mais quer saber de

nada

Já faz tempo que se sente traída

Não tarda, em breve contemplarei sua partida

Continuarei aqui submisso a um bem maior

Um bem que também devia suportar meu

amor

Se não volto, guardo a sua noite e dos demais

Na sua enorme saudades só consegue

enxergar as coisas banais

Não posso deixar de guardar e assegurar

minha pátria por ti meu amor

Apesar da minha vida fazer mais sentido ao

lado dela

Nasci para os outros sentinela

A dor da minha ausência, pude sentir nela

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Mas enquanto fizer, sol e chuva

Enquanto fizer calor e frio

e houver noite e dia

É esta arma que me irá fazer companhia nas

madrugadas

Tudo irei superar, até a sua partida, amor!

Adilson Sozinho

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ndo aqui a olhar pela janela do

facebook, vejo que quase nada

mudou nos últimos seis meses,

ainda são os mesmos na bicha do chat,

quase trezentos, um atrás do outro, cerca de

três mil que não se fazem presentes agora.

Outros nem vivos estão mais, tantos

amigos que nem de vista os conheçemos.

Neste mundo, cada um vive como quiser,

diferente do mundo real, lá não podem andar

nús como fazem aqui, não podem dizer

palavrões e nem mandar indirectas como

fazem aqui.

Aqui parece que podemos tudo,

podemos usar o nome que gostariamos que

nos tivessem dado, podemos fazer um

make_up e realçar a beleza que não nos foi

dada, podemos voltar no tempo e deixar tudo

a preto e branco.

Aqui podemos ter a idade que nos

apetece, e cá estou nesta janela a comtemplar

essa liberdade medíocre, aqui não matamos a

A

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ninguém que seja exemplar, apenas

bloqueiamos.

Adilson Sozinho

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BSA UÑWANANA II

Nguere, Nguere, Xinguerenguere!

Nico-nada Juro! Que dizeres?!

Dos pés descalços em madacas,

Banhados de chuva naquele ser criança,

Motorista de xinguerenguere

Que não foi veloz para alcançar

“O comboio que passou”

Que nem sequer "pimpou"

E consigo a nossa infância levou...

Naco-nada Juro! Digo do tempo,

que as horas eram apenas alegrias.

Porque da tristeza tinhamos alergias.

Éra livre de andar descalço,

Porque o chão era o palco,

que sustentava a minha liberdade.

Saudades tenho do xinguerenguere no caniço,

rodando neste mundo feiticeiro,

explora-lo, estava em mim este fetiço.

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Hoje guardo nas malas,

as lembranças dos meus pés em valas

da Av. Joaquim Chissano.

Pescar peixinhos era o meu plano.

E hoje, crescido sem infância por viver,

a aprender como melhor sofrer.

Nada mais me é incomum,

Devo sem conhecer o sabor do atum.

Adilson Sozinho

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ic tac, o tempo passa

Tic tac, a espera não disfarça

A música que espanta males

É para mim agora um ruído

Tic tac, soa como na infância

Na parede daquele quarto assustador

Soava ao ritmo dos batimentos cardíacos, tic

tac...

Espero não estar a perder tempo

No tempo a muito estou perdido.

Tic tac, nunca há paciência suficiente para

suportar a demora quando se espera.

Tic tac, tic tac, tic tac, tic tac...

Nunca mais chegas!

Adilson Sozinho

T

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XTHOFU

Um papel fatigado de nada

Escorre sobre a sua face meus sentires e

desentires

Desde amo-te aos filhos da puta...( suspiro)

a escrevaninha, meu humilde templo

Um filho meu vem fora do tempo... ( suspiro)

achei que já era incapaz de exprimir tinta

desta

maneira

Foi o sangue a razão da minha asneira

A lava que saia das pernas daquela mulher,

era

impossivel a razão

fecundar...( raios)

Já não se pode esconder, nas mangueiras

assaz

as primaveras,

é pecado meu desejar agora um outono,

pois esta folha que pode morrer sobre os

seios da

terra, pode ser o futuro deste país.

Adilson Sozinho

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Sérgio Universo Fontes

Nasceu aos 14 de Abril de 1991, na cidade do

Luena-Moxico, Filho de José Manuel F.

Fontes e de Leonora Teresa Mahuma. É um

jovem amante da literatura que está a marcar

os primeiros passos no mundo literário.

Membro da Brigada Jovem de Literatura de

Angola.

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Frequentou o Ensino Primário na cidade do

Luena e o I Ciclo do Ensino Secundário na

Escola Diocesana São José no Luena, em

2011, frequentou a escola Secundária 11 de

Novembro no Luena e em 2012 ganhou uma

bolsa de estudo do Ministério da Educação

em parceria com a ADPP, para estudar na

Escola de Formação de Professores do Futuro

em Luanda, concluiu o ensino Médio em 2015

e em 2016, Matriculou-se na Faculdade de

Direito da Universidade Lueji a Konde-

Faculdade de Direito na Cidade do Dundo,

onde se encontra a frequentar o segundo ano

de Direito.

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PARECIA UM MISTÉRIO.

No primeiro dia talvez por ter sido a

minha primeira vez, que os meus os pés

pousaram sobre o chão da academia EPF

Luanda sita na comunidade do Ramiro. Sem

dúvida alguma, nasceu no meu âmago grande

espanto que de certa forma maravilhou os

meus olhos.

O meu espanto nasceu na configuração

da planta da academia, o modo como os

arbustos e as avenidas são delineadas

reflectia-me grande distância até chegar ao

nosso dormitório masculino. Porém, o tempo

foi passando e decerto eu fui me

familiarizando com o ambiente da escola e

algum tempo depois a longevidade e seus

mistérios foram diminuindo aos poucos pelo

simples facto de dormir e acordar enxergando

a mesma realidade.

De facto, a praxe do pensionato fez-me

perceber que andar nas avenidas decoradas

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por pedras e cochas da praia do Ramiro era a

minha nova realidade enquanto estudante

interno na academia. Doravante o frequente

contacto entre colegas em torno da escola

amparou-me e ajudou a diminuir e a vencer o

panzol que anteriormente meus olhos viam

diante do pensionato. E não obstante isso,

facilitou-me de uma outra forma a me adaptar

face a praxe da academia e dos professores

da EPF-Luanda.

Outra coisa que me comoveu dentro do

ecossistema intelectual epefiano foi o

delineamento das árvores em torno da escola.

Sem medo de errar, essa realidade vista pela

primeira vez deixou-me estupefacto. Comoveu

com o meu mundo interior em ver a planta

deste lindo lar ladeado pela natureza. Acredito

que qualquer um teria sentido o mesmo que

eu se estivesse no meu lugar. Vendo cobras,

aves e árvores de diferentes tamanhos

mantendo um contacto direito com as pessoas

que estudam neste espaço geográfico. Pude

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deduzir que isento das actividades levadas a

cabo neste ecossistema intelectual os

estudantes tem o privilégio de gozar uma paz

espiritual.

Essa foi a minha primeira impressão

quando entrei na ADPP-EPF-Luanda para lá

estudar. Sem medo de errar afirmo que na

mesma senda, apesar de sermos pessoas

diferentes e com pensamentos e sentimentos

heterogéneos friso que os meus condiscípulos

também algo os impressionou na primeira

vista a respeito da escola. Por isso, depois de

ter bebido dessa experiência hoje apraz-me

esmiuçar que não devemos julgar as coisas

sem antes termos convivido com elas.

Digo isso porque depois de uma longa

convivência com a praxe da academia, toda a

estranheza e o mistério que a estrutura do

pensionato reflectia diante dos meus olhos,

acabou por desaparecer e enfim, as distâncias

que se intercalavam do tanque de água para o

dormitório masculino acabou por encurtar-se

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fruto da constante convivência no seio da

escola.

Na mesma senda a actividade que me

levou a se familiarizar rapidamente aos

costumes da EPF, foi o matinal. Acordar às 5h

45´ de segunda a sexta feira para varrer e

organizar a escola; a cavadura de buracos

para enterrar o lixo produzido por nós

estudantes e docentes tanto internos como

externos, o derrube das matebeiras e a

podagem de algumas árvores já decrépitas, a

fim de mantermos limpa a vista da escola e

nos auto fornecermos um ambiente sadio

treinou-me bastante a me adaptar dentro da

academia.

Contudo, assim foi a minha primeira vez

na ADPP-EPF-Luanda. Que para mim, hoje a

denomino por ecossistema intelectual por ser

um lar que a convivência dos seus membros

cinge-se em torno do saber, desvendamento

do obscurantismo com fito de buscar e

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alcançar dias melhores para suas vidas e da

sociedade em geral.

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O MISTÉRIOSO LAGO DILOLO.

O lago Dilolo é o maior lago de Angola.

Este monumental lago, localiza-se no Leste de

Angola, na província do Moxico, no Município

do Luacano e Comuna com o mesmo nome.

Diz uma lenda, que na era dos nossos

ascendentes ocorreu um fenómeno tão

doloroso e misterioso naquele local, que deu

para acreditar que existe um ser supremo que

nos doou a vida e que deve ser honrado

acima de tudo.

Segundo a lenda, na actual comuna do

Lago Dilolo, havia um regato e o mesmo tinha

uma tradição, cujos ritos eram de

cumprimento obrigatório, para as pessoas que

vinham de outras localidades. Os mesmos

cingiam-se no seguinte:

Antes de atravessar o regato, seres

invisíveis perguntavam os transeuntes se

poderiam passar a noite na outra margem ou

não. E se porventura tivesse que passar a

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noite na outra margem, o transeunte tinha que

responder que iria passar a noite e se não

tinha que responder o contrário dizendo

sempre a verdade, e se não cumprisse com a

sua afirmação, então encontraria o regato

transbordado com dimensão impossível de

transpor e a pessoa era obrigada a voltar e

passar a noite na outra margem.

Certo dia apareceu na localidade uma

idosa coberta de farrapos, com a intenção de

vender peixe caqueia1, dirigiu-se em casa de

uma anfitriã e lhe disse o seguinte:

- Bom dia filha, Sou visita e venho cá

vender o meu peixe, por favor, dei-me água

para beber, porque tenho muita sede; a

senhora respondeu-lhe dizendo:

- Quem acha que és para te dar água! A

idosa, ainda lhe perguntou se não queria

comprar o peixe que levava, ela respondeu-a

que não o precisava porque o mesmo estaria

a cheirar mal. 1 Peixe miúdo da água doce

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A idosa abandonou aquela casa e dirigiu-

se para outra, onde lhe disseram o mesmo.

Na comunidade vivia uma menina

chamada Muari2, que gostava muito daquele

tipo de peixe, ela pediu a sua tia para que

comprasse o referido peixe para ela, e que

quando a sua mãe chegasse da lavra,

devolver-lhe-ia o dinheiro. A tia aconselhou-a

a não compra-lo porque os demais não

estavam interessados na compra daquele tipo

de peixe, e disse-lhe que não iria lhe

emprestar o dinheiro para tal.

A menina pediu a idosa, para que a

esperasse, enquanto fosse buscar a sua mãe

na lavra, para que comprasse o peixe, ela

consentiu e a menina ajudo-a a tirar a bacia

que estava sobre a sua cabeça.

No caminho para lavra, a menina ia

cantando assim: - Kalumbo a Kole, Zambi

nangumone, Kalumbo a Kole, Zambi

nangumone, até quando chegou à lavra, e 2 Mulher em idade fértil

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disse à sua mãe, que tinha chegado à

comunidade uma idosa que estava a vender

Caqueia e como ela gostava muito do referido

peixe, gostaria que a mãe o comprasse para

ela. A mãe perguntou-lhe porquê é que a tia

não tinha o comprado para ela. Ela respondeu

que a sua tia e outras pessoas da comunidade

diziam que o peixe estava a cheirar mal, mas

ela o queria mesmo assim.

A mãe e a filha regressaram ao bairro e

a mãe comprou o peixe, a idosa pediu água

para beber, a mãe da menina deu-lhe e ela

disse a mãe da menina, que tinha vindo tentar

as pessoas da comunidade, para saber se

honravam Deus ou não. Ela antes de ir

embora, pediu a mãe da menina para que

avisasse a sua família, e ficassem todos numa

única casa, porque iria cair uma grande

chuva, que inundaria a comunidade e

aconselhou-a ainda que, quando a chuva

tivesse a cair ela e sua família tinha que se

dirigir em direcção a origem do vento.

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As pessoas da localidade que tinham se

informado do que a idosa tinha dito,

duvidaram e outras ficaram confusas. Porém,

a mãe da menina cumpriu com tudo que a

idosa tinha dito, avisou a sua família, outros

parentes acreditaram e outros não, os que

tinham acreditado passavam as noites na

casa da mãe da menina.

Depois de algumas semanas, num certo

dia o céu estava carregado de nuvens, dum

jeito que nunca tinha estado antes, neste dia a

noite quando começou a ventania, a família da

mãe da menina que acreditara na promessa

da idosa, ouviram uma canção que dizia:

Kalumbo a Kole, Zambi nangumone, Kalumbo

a Kole, Zambi nangumone, todos acordaram e

dirigiram-se de seguida para onde vinha o

vento, depois choveu muito naquela noite e

como resultado todas as casas desabaram as

pessoas desaparecem e a comunidade ficou

completamente inundada. Nesta altura o Soba

da comunidade se encontrava ausente.

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Quando o Soba chegou à comunidade,

encontrou a localidade transformada num

enorme lago e as pessoas afogadas no

mesmo, sem sobreviventes para que

pudessem contar como aquilo tinha sucedido.

Ele decidiu também se afogar, para seguir o

caminho do seu povo.

Com o passar do tempo, algumas

pessoas voltaram a habitar as margens do

lago. Estas testemunhavam que viam as

pessoas que tinham sido afogadas no lago a

saírem para efectuarem trabalhos fora do lago

e depois voltarem para o fundo do mesmo.

Também o lago andou rodeado de

muitos mistérios, entre os quais o de não

pescar no mesmo, sob pena de pescarem-se

seres humanos, bem como o que defendia

que nenhum avião poderia o sobrevoar, com a

tese de que cairia no mesmo. Porém, hoje nos

nossos dias, todos estes mitos ficaram na

história, porque a realidade da localidade do

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lago Dilolo é bem diferente, embora assim é

bom recordar as nossas lendas populares.

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A ABELHA E O MARIMBONDO

A abelha e o Marimbondo foram

comunicados que havia numa aldeia mulheres

muito bonitas, então se lançaram ao desafio

de pretendê-la.

Quando chegaram à aldeia encontraram

duas mulheres e a Abelha queria ficar com a

mais bela e famosa. Quando esta formulou o

pedido à referida mulher, a mesma não

aceitou, dizendo-lhe que não a queria, porque

preferia o Marimbondo. A Abelha não insistiu

e optou por ficar com a outra que lhe aceitou

sem nenhuma contestação.

Depois a Abelha e o Marimbondo

casaram-se com as respectivas mulheres e

despediram-se das famílias e partiram com as

suas mulheres para a sua aldeia.

Pelo caminho, o Marimbondo começou a

cantar: Ndi lunga cizundamo3, ndi lunga

3 Lunga Cizundamo significa que o homem não se mede pelo

seu tamanho.

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cizundamo e a Abelha respondia: Ndi lunga

mana4, ndi lunga mana.

Quando chegaram ao destino, a Abelha

entrou no seu favo dentro de uma colmeia

com a sua mulher e o Marimbondo ficou

pendurado numa folha com a esposa.

Num belo dia, ao meio-dia, surgiu uma

ventania que deixou cair as folhas da árvore,

onde vivia o Marimbondo e a sua mulher; o

casal também caiu e feriu-se. De seguida

choveu bastante e o Marimbondo e a esposa

molharam e quase por sorte não perderam as

suas vidas. Neste instante a esposa do

Marimbondo começou a lamentar o sucedido,

mostrando-se arrependida por não ter

aceitado a Abelha como esposo.

A Abelha e sua esposa apreciavam o

que estava a acontecer com a família

Marimbondo e riam. Depois a esposa do

Marimbondo foi refugiar-se na casa da

Abelha, aflita começou a contar a desgraça 4 Lunga mana significa que o homem se mede pelo juízo.

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que vivera com o marido, e a Abelha

perguntou-lhe se estava a contar-lhe tudo

aquilo porquê, se quando tinha lhe pedido em

casamento não lhe tinha aceite como esposo,

porque era muito pequena. A mulher do

Marimbondo pediu favores à Abelha para que

dormisse na sua casa e no dia seguinte voltar

para a sua família. A Abelha consentiu e ela

dormiu e no dia seguinte voltou para sua

família, terminando assim o casamento com o

Marimbondo.

Depois de uma semana de solidão, o

Marimbondo decidiu ir aos familiares da

mulher, para pedi-los que a sua mulher

voltasse, porém a própria mulher, não aceitou,

alegando que ele não tinha juízo, porque nem

casa conseguia construir e o Marimbondo

voltou para a sua aldeia infeliz, enquanto a

Abelha viavia com a sua mulher feliz e sem

nenhum problema.

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O HOMEM PESCADOR DE SOBA

Havia em algures, um homem e uma

mulher que sofriam muito. O homem era

pescador e cada vez em que ele ia pescar,

não apareciam peixes frequentemente.

Num determinado momento o casal já

não tinha nada para se alimentar, porém, o

homem decidiu uma vez mais ir pescar e

apanhou um peixe que tinha o nome do soba

do bairro onde vivia. Enquanto lhe tirava da

rede, o peixe pediu ao homem para que não

lhe matasse e ele perguntou-lhe porquê? O

peixe respondeu-lhe que sabia que o homem

sofria muito e que estava disposto a ajudar-lhe

a acabar com o sofrimento em que vivia, mas

só se o deixasse vivo no rio.

O homem atónito pegou delicadamente

no peixe e devolveu-o na água, cumprindo

com o pedido do peixe. Depois de colocá-lo

na água, o peixe agradeceu ao gesto do

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homem e solicitou a ele, para que pedisse

tudo o que ele queria, para melhorar a sua

vida.

Por sua vez, o homem começou a

evocar tudo o que necessitava, começando

pela comida que se restringia no pirão e no

peixe.

O homem quando voltou para a sua

casa, encontrou ao redor da sua casa lavras

com muitas mandioqueiras e dentro de casa

muito peixe. A mulher assustada questionou o

marido, onde tinha saído aquilo tudo.

O marido contou-lhe a história do peixe

que tinha pescado e que lhe prometera tais

bens. A mulher mais ambiciosa que o homem,

pediu ao marido para que pudesse voltar para

lá, para que pedisse que transformasse a

casa deles numa mansão bem mobilada.

O homem submisso à mulher foi até ao

rio e pediu ao peixe denominado Soba do Rio,

para que transformasse a casa deles numa

mansão e o seu bairro numa bela cidade e

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que ele e a sua esposa fossem de raça

branca. O peixe disse ao homem que vá para

o seu bairro e hás de encontrar tudo o que

pediste. O homem voltou para a sua aldeia e

encontrou tudo o que tinha pedido e ele e a

sua esposa tornaram-se de raça branca.

Neste momento a miséria tinha acabado.

Porém, como grande parte dos homens,

não se contentam com o pouco ou com o que

têm este casal também ainda queria mais.

Por isso, a mulher achou que as noites

estavam a lhe incomodar, por isso, pediu ao

seu marido, para que voltasse ao peixe soba

do rio, para que com o seu poder, pudesse

mandar parar a terra, para que na cidade

onde já estavam a viver não houvesse mais

noites, porque segundo ela a felicidade só

existe no período diurno e não a noite.

O homem de, pois de uma reflexão,

disse a sua mulher de que estaria a exagerar

no pedido, já que este peixe tinha feito quase

tudo o que ele podia fazer, para a alegria do

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casal, acrescentando que se antes não tinham

comida naquele momento a tinham e em

abundância, tinham uma casa boa com luz

eléctrica, a pobre aldeia tinha se transformado

em cidade e muito mais. Porém, a mulher

disse que não se sentiria satisfeita se o

homem, não fosse efectuar este último pedido

ao peixe Soba do Rio.

O homem convencido pela mulher, foi

até ao rio e pediu ao peixe Soba do Rio que

ele mandasse parar a terra, para que não

anoitecesse na sua cidade. O peixe

impaciente respondeu-lhe de que ele estava a

pedir mais que o que necessitava, e que ele

queria que se desafia Deus que também tinha

o criado e lhe dado poderes. Porém o peixe

disse ao homem que estava bem ele poderia

responder ao pedido uma vez mais.

No entanto, quando o homem chegou na

então cidade, encontrou tudo já se tinha

transformado, como no passado, isto é, a

cidade transformada numa pobre aldeia, as

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lavras desapareceram, a mulher e ele

voltaram a ser negros e a miséria tomou conta

novamente deles até o fim das suas vidas.

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PRAIA MISTERIOSA

A natureza da tua existência

Reflecte um enorme mistério

Diante dos olhos de quem te vê

Não consegue te entender mulher.

Hora contente

E num piscar de olho acabas sisuda,

Mimosa e acanhada algumas vezes;

O reflexo do teu ser

Expressa ondas que na tua praia

Rondam e refletem calemas.

Nadar na tua praia

É uma ideia de muitos banhistas,

O problema é a falta de audácia

De em ti mergulhar

E o medo antecipado

De tentar e não conseguirem nadar,

Por as águas da tua praia

Não as deixarem flutuar.

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Tu és isso e muito mais.

Por possuíres um semblante inigualável

E focares tão forte sobre a terra

Como a luz do sol e a estrela candente.

Você e mais branca que a neve,

Doce que o leite

Com esse sorriso caliente e contagiante

Diante dos olhos de quem te vê.

És um anjo da guarda,

Por velares dia e noite

As pessoas a quem você mais amas.

E confundires o teu ser

Diante da vista de seres sem fé.

Sortudo é quem te tem.

Oh!!!

Quanto mistério você possui!

Oh linda mulher.

Você é na madrugada

O planeta Vénus

Ao morrer do sol.

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Porque o brilho dos teus olhos

É lapidado de esperança.

Esperança!

Como hemos algum dia nos encontrar

E nos vermos vis-à-vis

E juntos partilharmos

Sorrisos, abraços e olhares intensos,

Quiçá que as circunstâncias o permitissem.

Você e como uma criança de alma limpa

Pura com inocência no seu ser

O que desliga deste ser

É meramente a maturidade

Que você possui,

Fora disto és um anjo de mulher,

Praia misteriosa.

E por você teres esse sorriso lindo

E uma boca maravilhosa lapidada

Com dentes brancos feitos neve.

Com uma voz melódica feito música

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Que toca na alma

E alegra o dia de quem te tem por perto.

E você com esses olhos abrilhantados

Como o ouro,

Pernas torneadas

Com um andamento de cambaia,

Confesso que você me mata!

Com todos esses encantos

Que o teu corpo lindo e formoso possui.

Essa beleza rara

Encantadora como as pétalas da rosa.

Bunda desenhada

Como as curvas da serra da leba

Isso me atrai dia e noite

Minha linda mulher

Por isso te considero-te

Como uma praia misteriosa.

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QUEM EU SOU EM

RELAÇÃO AOS OUTROS

Sou a água dos poços abandonados

Que clama por quem a precisa,

E que sacia a sede dos persistentes que me

procuram.

Sou a flor sem dono e trato especial

Porque admito humilhações e elogios,

Sou o que sou,

Sou o dono das minhas glórias

E também dos meus impetuosos fracassos.

Sou o guerreiro;

Que luta com armas como a moral e a

concórdia.

Sou o jovem moderno;

Dum universo anti-moderno;

Sou o contador;

Que conta os dias e noites infernais do jovens

Sou o porquê;

Porquê da vida,

Porquê da morte;

Porquê do Paraíso;

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Porquê do inferno;

E porquê de Deus, homens e malefícios no

mundo.

Quem sou em relação aos outros afinal?

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LEONORA TERESA

Leonora Teresa minha natureza e fortaleza

Vive cheia de tristeza,

Enfrentada a natureza.

Leonora Teresa

Quando rezas

A natureza te enche de ânimo.

Por isso vás à igreja

Clamar para que o criador te proteja.

Leonora

Quando era criança

Não sabia que na natureza

Existia esperança.

Leonora Teresa

Quando estás de fronte de mim e do papá,

Ambos formam a minha natureza.

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Leonora

Com tanta tristeza,

Mas tens a lembrança de mim e do papá,

Lembranças que jamais

Hão de se apagar até ao destino.

Leonora Teresa

Por seres uma senhora firme que reza,

Eu não lhe esqueço.

Leonora Teresa,

As suas tristezas

Hão de tornar-se riquezas,

O sacrifício feito para a minha vida

Correndo sem direcção

Para a minha salvação,

Isto existe em meu coração.

E pela bondade que tiveste,

Correndo com tiroteios em seu rodeio,

Nas matas de Casseluca

Para me salvares.

Isto está registo em meu coração,

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Leonora Teresa

Por agires com enorme honra,

Eu te registo em minha alma,

Por isso eu creio no sofrimento

No lamento do tio João,

Que nos deixou sem direcção.

Leonora,

Cá estou eu

A escrever versos

Para te agradar e alegrar;

Julgo que,

Qualquer um que estivesse em meu lugar,

Teria feito o mesmo que eu;

Mas como nínguém pode estar em meu lugar,

Que não seja eu mesmo,

O teu adorado e amado filho,

Filho que você doou a vida,

E natureza doou-lhe um dom;

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É por isso,

Que tem de ser eu,

A dedicar-te versos;

Leonora,

Saiba que,

Cada passo que eu der neste mundo

Prometo-te lembrar

E dedicar-te-ei, todos os triunfos;

Porque, você para mim,

Vale mais que tudo na vida,

E sem ti, julgo que nunca teria conhecido

O brilho do sol,

E a beleza dá natureza;

Por isso, eu deduzo

Que a senhora é o meu mundo sagrado.

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EU QUERO SER

Eu quero ser um amigo para ti,

Quero ser um amigo e colega para todos,

Para todos aqueles que me dão tempo e

ouvido.

Quero amar para ensinar a amar os que mal

amam,

Quero respeitar para ensinar,

A respeitar a quem mal respeitam,

Eu quero aprender

A viver e a lidar com o povo da minha pátria;

Quero aprender com os cotas,

A história real da pátria Angolana;

Para depois ensiná-la com clareza e lucidez,

para as gerações vindouras;

Eu quero ser,

Eu quero sim ser.

A voz que clama nas ruas e nas praças,

Nos táxis e nos campos de futebol e de

basquetebol.

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Eu quero ser.

A voz que conduz a juventude do meu tempo;

A voz que conduz os jovens

A absterem-se do consumo excessivo do

álcool.

Das drogas e da delinquência juvenil.

Porque essas práticas

Só lhes conduzem a vida para a ruína;

Eu quero fazer história;

Quero deixar as minhas memórias;

Que justifiquem os feitos de Sérgio Universo.

Sim. sim. sim, eu quero ser.

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Tauã Lima Verdan Rangel.

Mestre e Doutor em Ciências Jurídicas e

Sociais pela Universidade Federal

Fluminense. Autor dos seguintes livros:

"Fome: Segurança Alimentar & Nutricional em

pauta" (Editora Appris, 2018); "Segurança

Alimentar & Nutricional na região sudeste"

(Editora Bonecker, 2019) (no prelo) e "Versos,

Inversos & Outros Escritos" (Editora Porto de

Lenha, 2019).

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CAMINHO DESVENTUROSO

Seguem no caminho meus passos tão

cansados

De um fardo descomunal e sobremaneira

pesado

Com tantas marcas em minha face, meu rosto

suado

De sendas sinuosas e abreviadas num andar

fatigado

Aos poucos, recolho as experiências tão

chorosas

Com mãos feridas e linhas profundas e

sinuosas

Eterno caminhante em desespero embalado

Buscando um desejo, um abraço intenso e

apertado

Colhendo as migalhas de tantos sonhos

perdidos

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Em andar trôpego e pensar demasiadamente

aturdido

Indelével no desejo de me encontrar sem me

perder

Cruzo travessias e encruzilhadas em busca de

você

Ouço, ao longe, o som da sua voz gentil a me

chamar

Inclino a cabeça de relance, por você a

procurar

O vazio alcanço com meu olhar inquietante e

medroso

Ainda assim, sinto o seu cheiro peculiar e

receoso

Diante dos meus olhos, há um caminho aberto

Encaro o horizonte, mesmo não estando

desperto

Por vales e abismos profundos e

devastadores

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Mantenho em minha alma mil espíritos

contestadores

Intrépidos e de um ânimo esguio, jocoso e

ligeiro

Com sorrisos convidativos e de pensar faceiro

Anulo-me na inteireza de encontrar

assombrado

Os passos que você dedicou em desejo

acalentado

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DANÇA DAS ESTRELAS

Após um dia ensolarado, com o sabor da brisa

outonal

Os últimos raios do sol se dissipam, um

cenário surreal

Pontos brilhantes vão se desnudando no

firmamento

Em um bailado frenético, uma dança, um

grande alento

No início, pequenos pontos esparsos no

manto noturno

Cintilam sem medo, em um lume frenético e

oportuno

Contrastando com o tom violáceo sem fim do

caminho

Em um frenesi, uma sinfonia de luzes em

desalinho

Brilham estrelas cadentes, opacas e outras

eternais

Amontoados estelares povoam as mentes

intelectuais

Num giro complexo, fisicamente medido e

pensado

Ou, ainda, num conjunto lírico poético e

versado

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Fazendo morada nos sonhos apaixonados

dos amantes

Uma visão celeste intensa, insana, muito

inebriante

Entre as estrelas bailarinas, refletido o querer

intenso

Lançado pelos corações apaixonados e

propensos

Suspiros entoados por amantes sob o giro

rodopiante

De inúmeras estrelas sem fim, com um lume

brilhante

Em uma dança sem limites, simplesmente

libertadas

Como sopros suspirados pelo universo em

lufadas

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1ª edição | Setembro de 2019

João Israel da Silva Azevedo Coordenação editorial | Capa | Diagramação