Antropologia Aplicada?

O que é a Antropologia Aplicada?

AA diz respeito à aplicação do conhecimento antropológico (dados, perspectivas, teorias e métodos) na sinalização, avaliação e busca de soluções para problemas de natureza socio-cultural.

Os antropólogos aplicados trabalham para grupos que promovem, gerem e avaliam programas que têm como objectivo influenciar condições sociais humanas específicas.

Como nasce a Antropologia Aplicada

A Antropologia Aplicada (ou prática) tem as suas raízes nas experiências de terreno dos primeiros antropólogos, quando lidavam com populações desfavorecidas, tanto nos Estados Unidos como noutras regiões do mundo. Os problemas prementes vividos por essas populações e o seu sofrimento pungente desde logo sensibilizaram os antropólogos que as estudavam, chamando a sua atenção para a busca de soluções que contribuissem para melhorar as condições de vida dessas populações.

AA – Diferentes tipos

Antropólogos aplicados nos 4 principais domínios da antropologia nos EUA:

Antropólogos biológicos trabalham em saúde pública, nutrição, aconselhamento genético, abuso de drogas, epidemiologia, envelhecimento, doenças mentais, e domínio forense.

Arqueólogos aplicados localizam, estudam, e preservam sítios pré-historicos e históricos ameaçados pelo desenvolvimento (Gestão de Recursos Culturais).

Mais domínios da AA

Antropólogos sociais trabalham com assistentes sociais, quadros de empresas, publicitários e agências de marketing, trabalhadores fabris, profissionais da medicina, educadores, and e agentes de desenvolvimento económico.

Antropólogos linguistas trabalham frequentemente em escolas multiétnicas e bilingues.

Mais domínios da AA

Alguns antropólogos aplicados poderão alternar ou acumular o exercício da sua profissão na academia e no exterior, seja de forma paralela ou complementar.

Como é entendido o papel do antropólogo aplicado?

Três visões principais: A Torre de Marfim O esquizóide O Advogado de defesa

Papel do Antropólogo Aplicado?

A visão “torre de marfim” defende que os antropógos devem evitar questões práticas e focalizar a sua pesquisa na publicação e no ensino da antropologia…

Papel do Antropólogo Aplicado?

A visão “esquizóide” sustenta que os antropólogos devem documentar-se politicamente, mas não devem fazer ou criticar a(s) política(s).

Papel do Antropólogo Aplicado?

A visão do AA como “advogado de defesa” argumenta que uma vez que os antropólogos são peritos nos problemas do homem e da mudança social, eles devem participar nas políticas que afectam as pessoas.

Empregabilidade

Antropólogos profissionais trabalham para um vasto leque de empregadores: Associações tribais e étnicas, organizações governamentais e não governamentais, empresas várias, escolas, hospitais, etc.

Durante a II GG, os antropólogos trabalharam para o governo americano, tendo-se dedicado ao estudo de outros povos, como os japoneses e os alemães.

Antropologia académica e antropologia aplicada

A Antropologia académica institucionaliza-se no início do séc.XX (nos EUA, por exemplo, com Kroeber, Malinowski, Boas).

Depois da IIa GG, o “baby boom” irá impulsionar o crescimento do sistema educacional um pouco por toda a Europa e EUA, influenciando também a consolidação da antropologia a nível universitário.

A expansão da Antropologia Aplicada

A antropologia aplicada vai desenvolver-se, especialmente a partir da década de 70, quando os antropólogos começam a ser aceites em organizações internacionais, governamentais, ONGS, empresas e escolas, sobretudo.

Acompanha também a diminuição do seu recrutamento na academia.

O pragmatismo da Antropologia social e cultural

Nos anos 60, o foco da antropologia revelava-se particularmente adequado aos interesses sociais da época, o que terá impulsionado a viragem para as aplicações de natureza prática.

O método etnográfico, o holismo, e a perspectiva sistémica fazem da antropologia uma ciência singular e especialmente adequada à abordagem dos problemas sociais contemporâneos.

Principais aplicações da Antropologia

A antropologia aplicada tem-se debruçado sobre 4 domínios temáticos fundamentais:

Educação Questões urbanas Medicina Organizações

Antropologia e Educação

Em particular, a antropologia tem apoiado a integração de diferenças socio-culturais em contextos educativos diversos.

Exemplos incluem inglês como segunda língua ensinada a estudantes que têm espanhol como língua mãe; estudos de diferentes reacções, culturalmente enformadas, a várias técnicas pedagógicas.

Antropologia Urbana

As populações humanas tendem a urbanizar-se – processos de urbanização em curso à escala mundial.

A antropologia Urbana procura recorrer aos estudos etnográficos de cruzamento de culturas para compreender os processos de globalização e os modos de vida nas cidades.

Antropologia Médica

Antropologia Médica é tanto académica (teórica) como aplicada (prática).

Antropologia Médica é o estudo da enfermidade e da doença no seu contexto sociocultural.

A doença é um dado cientificamente observável. A enfermidade tem contornos distintos,

dependendo da forma como é percepcionada pelo doente.

As 3 teorias da enfermidade

As teorias personalísticas atribuem a causa da enfermidade a agentes como feiticeiros, bruxos, fantasmas ou espíritos ancestrais.

As teorias naturalísticas explicam a enfermidade em termos impessoais (e.g., medicina ocidental).

Teorias emocionalistas assumem que são os factores emocionais que causam a enfermidade.

Lado negativo da Medicina ocidental

Apesar dos seus importantes avanços, a medicina ocidental tem problemas.

Sobre prescrição de medicamentos e de tranquilizantes.

Cirurgias desnecessárias. Relação médico-doente impessoal e assimétrica. Abuso de antibióticos.

Contributos da Antrop Médica

Tal como o desenvolvimento económico, também o desenvolvimemto médico tem de adequar-se aos sistemas de cuidados de saúde locais.

Os antropólogos médicos poderão servir como intérpretes culturais entre os sistemas locais e a medicina ocidental.

Antropologia e Organizações

Os antropólogos podem dar perspectivas singulares sobre as condições organizacionais e os problemas das empresas.

Antropólogos aplicados têm actuado como “cultural brokers” ao traduzirem as expectativas dos patrões em relação aos empregados e vice-versa.

No domínio das organizações, os aspectos mais relevantes da aplicação da antropologia incluem o recurso ao método etnográfico, comunicação inter-cultural e foco na diversidade cultural.

Responsabilidades do antropólogo

A primeira obrigação ética do antropólogo é para com as pessoas, as espécies, ou os materiais que estuda.

Os investigadores devem respeitar a segurança, dignidade e privacidade das pessoas, espécies, ou materiais que estudam.

Os investigadores devem obter o “consentimento informado” das pessoas que irão constituir o seu objecto de estudo.

Responsabilidade para com a Academia e a Ciência

Antropólogos devem antecipar e estar prevenidos para problemas éticos que se colocam durante a pesquisa.

Devem ser responsáveis pela integridade e reputação da sua disciplina e da ciência em geral.

Os investigadores deverão divulgar os resultados dos seus estudos na comunidade académica e científica .

Responsabilidade para com o público

Investigadores devem divulgar os resultados das suas pesquisas aos patrocinadores, estudantes, decisores e outros não antropólogos.

Antropólogos para além de divulgarem os seus estudos poderão, em resultados das mesmas, vir a assumir papéis de defesa das populações em risco.

Por hoje é tudo…