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“TRAIÇOEIRAS”
Texto Para Teatro
Escrito Por Serginho Clemente
Registro Profissional (DRT): 0001982/RN
Todos os Direitos Reservados
Qualquer Utilização Desta Obra Para Montagem
Com ou sem fins comercias - Entrar em Contato Com o Autor
E-Mail: [email protected] Blog: www.textosparateatro.com.br
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“TRAIÇOEIRAS”
Doméstica é morta após tentar convencer uma cozinheira a aplicarem um golpe no patrão.
INDICAÇÕES
Gênero: Tragicomédia
Classificação Indicativa: 14 anos
LOCAL DA HISTÓRIA
Rio de Janeiro/RJ – Brasil
ÉPOCA
2008
SINOPSE
A doméstica Ismênia tem a convicção que armou o plano perfeito para furtar toda a fortuna de
Oswaldo, seu patrão.
Ela também está decidida a convencer Mariana, cozinheira de Oswaldo, a fazer parte desse golpe e
dividir com ela toda a grana.
Com outros planos, Mariana tem certeza absoluta que não fechará com Ismênia, que fará de tudo
para convencê-la, pois sua vida passa por terríveis problemas.
“Traiçoeiras” é uma incrível tragicomédia, que vem colecionando excelentes críticas e ótimos
elogios por onde passa. Que com extrema certeza se tornou um grande clássico da história do teatro
contemporâneo.
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PERFIL DAS PERFINAGENS PRINCIPAIS
A Doméstica
ISMÊNIA – Empregada doméstica de Oswaldo, um idoso milionário. Ismênia tem 25 anos e um filho de 6
anos de idade. Mora em um barraco com seu filho e sua mãe, no Morro da Providência/RJ, onde foi
nascida e criada. Sua mãe carrega um câncer no pulmão, devido ao vicio do cigarro. Uma pediatra revelou
que seu filho tem poucos dias de vida, devido a um sério problema de respiração que surgiu do nada. A
cozinha do barraco onde mora desabou por completo. Todos os dias têm levado sobras da comida para
alimentar sua mãe e seu filho. Com o nome no SPC e SERASA, com o salário que recebe mantém sua
família. O pai de seu filho não se entendia com ela e constituiu família com outra mulher. O sujeito pouco
contribui com a pensão alimentícia do filho. Ismênia sofre desde o dia que nasceu, e quer superar de uma
vez por todas esse sofrimento. Há dois anos, seu patrão prometeu que quando falecesse toda sua herança
ficaria para ela. Isso há dois anos... Ismênia tem um plano: Dar um golpe em Oswaldo; que segundo ela é
infalível. Ela pretende matar seu patrão e colocar a culpa no jardineiro dele. Pretende também fechar com
Mariana, a cozinheira de Oswaldo, e dividir toda a grana com ela.
A Cozinheira
MARIANA – Cozinheira de Oswaldo. Nascida em Belford Roxo /RJ, criada no Morro Borel/RJ. Moça de 25
anos, mora no Morro da Coroa/RJ, na casa da sogra, com ela, seu marido e seu filho de 4 anos. Mariana
vive com o seu “marido” há 6 anos. Ele trai Mariana com uma bela moça do Morro da Providência/RJ.
Mariana é muito trabalhadeira e sensata. Começou a trabalhar aos 14 anos lavando louças em um
restaurante. Ama culinária, motivo pelo qual levou se aprofundar na área e ser tornar uma ótima
cozinheira. Hoje exerce sua profissão na mansão do milionário Oswaldo no bairro do Flamengo/RJ. Ela tem
agradado o patrão com suas ótimas aptidões culinárias. Tem amizade e muito respeito por Amauri,
jardineiro de Oswaldo. Trabalhando muito, ganhando pouco, com uma vida muito humilde e sem tempo
para criar seu filho, é assim que Mariana vive sua vida.
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Traiçoeiras
Mariana está na cozinha da luxuosa mansão do Sr. Oswaldo, seu patrão. Ela corta legumes para a
janta e ouve música no rádio.
Ismênia chega ao local trazendo consigo uma bandeja com uma jarra de suco e um copo. Ela coloca
a bandeja sob uma mesa, desliga o rádio e vai até Mariana.
ISMÊNIA
“Tá pronta?”
(Mariana não dá ouvidos e continua cortando os legumes)
ISMÊNIA
“Tu tá pronta?”
(Mariana continua cortando os legumes)
ISMÊNIA
“Mariana, tu tá surda?
(Ismênia pega no braço de Mariana)
MARIANA
“Não toque em mim!”
(Mariana puxa seu braço)
ISMÊNIA
“Fala baixo, Mariana...”
MARIANA
“Me deixe em paz! Não quero mais falar sobre esse assunto!”
(Mariana corta os legumes)
ISMÊNIA
“Mariana...”
(Mariana para de cortar os legumes)
ISMÊNIA
“Tu tá pronta?”
(Mariana fica indignada)
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MARIANA
“Ismênia, tu não pensa nas consequências?”
ISMÊNIA
“Que consequências?”
MARIANA
“Que consequências... sofrimento! Difamação! Cadeia! Vergonha...”
ISMÊNIA
“Ah, Mariana... tu é burra pra caramba, hein! Eu já não disse que tá tudo sob-controle!”
MARIANA
“...Se der errado?”
(Ismênia não se conforma com a pergunta de Mariana)
ISMÊNIA
“Querida, o que eu acabei de dizer? Tá tudo sob-controle!”
MARIANA
“Sim... Mas se der errado?”
ISMÊNIA
“Não vai dar errado!”
MARIANA
“Tu tá muito confiante, hein... às vezes nem tudo na vida sai como a gente quer!”
ISMÊNIA
“Sabe por que não sai como a gente quer?”
MARIANA
“Por quê?”
ISMÊNIA
“Porque a dúvida é inimiga da vitória!”
MARIANA
“E a ambição inimiga do coração!”
(Ismênia dá um breve sorriso de deboche)
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ISMÊNIA
“Tá, tá bom... Só quero saber uma coisa! A gente vai dar esse golpe ou não?”
(Mariana medita)
MARIANA
“Tô fora!”
ISMÊNIA
“Tem certeza?”
MARIANA
“Absoluta!”
ISMÊNIA
“Tá com medo?”
(Mariana medita)
MARIANA
“Eu penso no sacrifício que ele teve que fazer pra conquistar tudo isso! E a gente usurpar ele do
nada! E ainda por cima jogar a culpa no coitado do Amauri!”
ISMÊNIA
“Tudo que esse velho desgraçado conquistou, foi com apostas no jockey e no jogo do bicho!”
MARIANA
“Sorte dele...”
ISMÊNIA
“Sorte dele? E eu? Como fico nessa história?”
MARIANA
“O que tu tem a ver com essa história, Ismênia?”
ISMÊNIA
“Raciocina comigo! O miserável aposta num cavalo, o cavalo ganha e o miserável enche o bolso!
...Qual foi o sacrifício que ele fez pra encher o bolso?”
MARIANA
“Foi sorte!”
(Ismênia fica indignada)
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ISMÊNIA
“Sorte uma ova! Pra mim isso é conquistar as coisas com facilidade! Enquanto a gente sacrifica a
vida inteira pra ter uma vida de miséria, esse velho desgraçado fica milionário assim...”
(Ismênia estala os dedos)
MARIANA
“Posso te perguntar uma coisa?”
ISMÊNIA
“Fala!”
MARIANA
“De onde tu tirou toda essa raiva do Seu Oswaldo?”
(Ismênia medita)
ISMÊNIA
“Pra ser sincera, desde o dia em que eu fiquei sabendo que ele conquistou tudo na base da ‘sorte’,
eu não fiquei com raiva dele e sim com ódio! ...Se eu pudesse matava esse velho desgraçado com as
minhas próprias mãos!”
(Mariana não compreende todo esse ódio de Ismênia)
MARIANA
“Ele é tão generoso com você! Como é que você pode ser tão ingrata com ele?”
ISMÊNIA
“Você não tem ideia do que eu estou passando lá em casa! ...A mãe minha está com um câncer no
pulmão!”
MARIANA
“Tua mãe fuma?”
ISMÊNIA
“Muito!”
MARIANA
“Então tá explicando...”
ISMÊNIA
“É, mas... mãe é mãe, né?”
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MARIANA
“É... isso é...”
ISMÊNIA
“Pois é! Minha mãe tá com um câncer no pulmão! E o meu filho tá com um problema muito sério
de respiração!”
MARIANA
“É mesmo?”
ISMÊNIA
“É... e pra completar... você lembra o último temporal que caiu?”
MARIANA
“Lembro!”
ISMÊNIA
“A parte da cozinha do nosso barraco desabou!”
(Mariana medita)
MARIANA
“Ah... então por isso que você...”
ISMÊNIA
“É exatamente! É por isso que todos os dias eu tenho levado as sobras da comida pra casa!
Resumindo, a minha vida tá um caos total!”
MARIANA
“Por que você não pede ajuda ao Seu Oswaldo?”
ISMÊNIA
“Eu não quero ajuda do Seu Oswaldo! Eu quero é a fortuna que ele tem!”
MARIANA
“E pra você ter essa fortuna, você tá disposta a matar ele?”
(Ismênia fica apreensiva)
ISMÊNIA
“A pediatra disse que o meu filho precisa fazer um tratamento, que custa quase 4 mil reais!”
(Mariana se espanta)
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MARIANA
“Caraca...”
ISMÊNIA
“Isso a cada quinze dias!”
MARIANA
“Que tratamento é esse?”
ISMÊNIA
“É um nome esquisito lá que ela disse!”
MARIANA
“Que situação...”
ISMÊNIA
“A pediatra deu poucos dias de vida ao meu filho; e disse que ele precisa começar esse tratamento
urgente!”
MARIANA
“Ela deu quantos dias de vida pra ele?”
ISMÊNIA
“Ela não quis falar! Você não tem noção do quanto eu fico nervosa!”
(Ismênia medita)
ISMÊNIA
“Eu tô aqui conversando com você, mas a qualquer momento a minha mãe pode me ligar, dizendo
que o meu filho tá morto!”
MARIANA
“Ismênia, infelizmente eu não posso fazer nada por você!”
ISMÊNIA
“Pode sim!”
MARIANA
“O quê? Fala?”
ISMÊNIA
“Fechando comigo nesse golpe!”
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(Mariana fica indignada)
MARIANA
“Tu quer porque quer fazer da minha vida um pedaço do inferno, né?”
(Ismênia dá um breve sorriso)
ISMÊNIA
“Muito pelo contrário! Eu quero fazer da tua vida um pedacinho do céu!”
(Mariana se revolta)
MARIANA
“Que droga!”
ISMÊNIA
“Esse velho desgraçado não tem ninguém! Ele só tem o Amauri, você e eu! Mariana, ele vai fazer
noventa e oito anos! A morte tá do lado dele! Há dois anos, ele disse que quando morresse toda a herança,
ficaria pra mim!”
MARIANA
“Isso há dois anos... hoje a história é bem diferente! Tem o Amauri na jogada, esqueceu? Se o Seu
Oswaldo batesse as botas agora, eu acho que ia ficar tudo pro Amauri!”
(Ismênia se revolta)
ISMÊNIA
“Amauri... Amauri... o que tu tem com o Amauri, hein? Tudo você fala: Amauri... Amauri...”
MARIANA
“Simplesmente, eu acho que o seu Oswaldo confia mais nele do que em você!”
ISMÊNIA
“É? ...Pois pra mim o Amauri não passa de um assaltante disfarçado de jardineiro! Eu dou a vida do
meu filho, pra duvidar se ele já não pensou em matar o Seu Oswaldo!”
MARIANA
“O Amauri não faria isso...”
ISMÊNIA
“Não faria... o Amauri saiu da cadeia não faz nem um ano!”
MARIANA
“É mesmo?”
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ISMÊNIA
“É... tu tá por fora, querida! Ele foi preso por assalto a mão armada! Na cadeia se converteu a JESUS
CRISTO e agora que dá uma de santo... Mas de santo não tem nada! É sempre assim... se converte, pega
uma bíblia, dá: - Aleluia! - Glória a Deus! - Depois de um tempo, troca a bíblia por uma arma e volta a fazer
tudo de novo! É sempre assim... e você sabe que é!”
(Mariana medita)
MARIANA
“Então você quer dá o golpe jogar toda culpa no Amauri, só pelo fato de no passado ele ter sido um
assaltante?”
ISMÊNIA
“Caiu a ficha?”
MARIANA
“E o mundo inteiro vai pensar que o Amauri matou o Seu Oswaldo e você vai ficar com toda a
herança dele?”
ISMÊNIA
“Exatamente! ...E se você fechar comigo nesse golpe, te dou metade de toda fortuna!”
(Mariana medita)
MARIANA
“A perícia vai descobrir!”
ISMÊNIA
“O quê?”
MARIANA
“A perícia vai descobrir que a gente deu o golpe! Você acha que eles são bobos? Antes da justiça te
dar a herança, a polícia vai fazer uma perícia pesada! Impressão digital de tudo, fio de cabelo, marca de
sapado, a hora que um entrou, a hora que o outro saiu... essas coisas de polícia!”
(Mariana medita)
MARIANA
“Tudo tem que dar certo pra nada apontar seu envolvimento com a morte! Porque se alguma coisa
apontar que tu colocou dedo no angu... a coisa vai feder...”
(Ismênia medita)
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ISMÊNIA
“Eu tô ciente de tudo o que tu falou! Sô boba não, Mariana! Tu acha que eu vou dá mole?”
MARIANA
“Sei lá... Vai ser tua palavra contra a do Amauri! A verdade contra a mentira!”
ISMÊNIA
“E tu, vai ficar de que lado? Do meu ou do Amauri?”
MARIANA
“Eu vou ficar do lado da verdade!”
ISMÊNIA
“Tu é crente?”
MARIANA
“Por quê?”
ISMÊNIA
“Tu é tão certinha que me irrita!”
(Ismênia se revolta)
ISMÊNIA
“Eu acho que tô falando grego, né possível! Te contei minha situação, disse que tá tudo sobre
controle e tu não quer ficar do meu lado! Prefere ficar do lado de um ex-assaltante...”
MARIANA
“Não é pelo fato dele ter sido um ex-assaltante!”
ISMÊNIA
“Então é pelo fato do quê? Tu tá a fim dele? Quer dar ‘uns pegas’ nele?”
(Mariana se revolta)
MARIANA
“Cala a boca! Sua calculista, imbecil!”
ISMÊNIA
“Olha como tu fala comigo, chifruda!”
MARIANA
“Do que tu me chamou?”
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ISMÊNIA
“Chi-fru-da! Chifruda!!!”
MARIANA
“Ismênia, eu te dou confiança!”
ISMÊNIA
“Abaixa o tom da tua voz! Tu não tá falando com nenhuma vagabunda!”
MARIANA
“Ismênia, sai da minha cozinha, agora!!!”
(Ismênia dá um breve sorriso de deboche)
ISMÊNIA
“Tua cozinha? Desde quando aqui é a tua cozinha?”
(Mariana suspira)
MARIANA
“Cabeçuda, tu esqueceu que eu sou a cozinheira do Seu Oswaldo e aqui é a minha área de
trabalho?”
ISMÊNIA
“Aqui também é minha área de trabalho!”
MARIANA
“ Cacete...”
ISMÊNIA
“Eu também trabalho aqui na cozinha...”
MARIANA
“Chega! Eu vou ligar pro Seu Oswaldo!”
(Mariana vai até o telefone e o tira do gancho)
ISMÊNIA
“Vai ter coragem de perturbar o sono dele?”
(Mariana para, medita e com muita raiva bate o telefone no gancho)
MARIANA
“Eu tenho pena de você!”
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ISMÊNIA
“Tá com pena de mim? Não fica com pena de mim não... em breve, eu vou herdar toda a fortuna
desse coroa!”
(Ismênia medita)
ISMÊNIA
“Eu vou pagar o tratamento do meu filho... vou dar conforto a ele e a minha mãe... eu ser rica!
Enquanto você vai continuar com sua vidinha de merda! Vai continuar trabalhando como uma escrava;
sem tempo pra criar o filho; morando na casa da sogra; vendo teu marido te trair e gastando todo o
dinheiro com álcool e cigarro!”
(Mariana fica atônita)
ISMÊNIA
“Não tenha pena de mim, não! Tenha pena de você mesma!”
MARIANA
“Como é que tu sabe da minha vida com tantos detalhes?”
ISMÊNIA
“Conhece a Vanessa?”
MARIANA
“Vanessa?!”
ISMÊNIA
“A Sassá!”
(Marina se recorda da tal Sassá e não tem boas recordações dela)
MARIANA
“Ah, sei quem é... o que tem ela?”
ISMÊNIA
“Foi ela que me contou! A Sassá está saindo com o teu marido!”
(Mariana fica furiosa)
MARIANA
“Além de destruir o meu casamento é fofoqueira!”
ISMÊNIA
“E ela anda espalhando por aí, que o teu marido é uma máquina na cama!”
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(Mariana fica muito furiosa com a ofensa de Ismênia)
MARIANA
“Chega, Ismênia!”
ISMÊNIA
“Tá bom! Tá bom! Desculpas!”
(Elas se aquietam)
ISMÊNIA
“Mariana!”
MARIANA
“Sai do meu pé, chulé!”
ISMÊNIA
“Vamos dar esse golpe! É a sua chance de mudar de vida!”
MARIANA
“Não, não e não! Eu já falei que tô fora!”
ISMÊNIA
“Eu acho que tu pensou em mudar de idéia... o negócio é que tu deve está com medo da polícia...
mas eu já te falei que está tudo sob-controle!”
MARIANA
“Ismênia, tô fora!”
ISMÊNIA
“Deixa de ser boba, garota...”
MARIANA
“Tô fora!”
(Ismênia se aquieta e Mariana medita)
MARIANA
“Olha só! Já se passaram quase quinze minutos pro seu Oswaldo tomar o remédio dele, e você
ainda não preparou nada!”
ISMÊNIA
“Esse velho desgraçado, deve tá dormindo...”
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MARIANA
“Mas pode ser que ele já tenha acordado! Na semana passada, você atrasou cinco minutos e eu
ouvi muito por sua causa! Eu gostaria de pedir, por gentileza, pra tu pegar a jarra de água com o copo e
levar lá para cima!”
ISMÊNIA
“Sim, senhora!”
(Ismênia debocha e vai até uma bandeja que está à jarra de água e copo vazio)
ISMÊNIA
“Eu gastei tanta saliva com você, que eu tô morrendo de sede!”
(Ismênia enche o copo com a água da jarra e leva até a sua boca)
MARIANA
“Ismênia, não bebe essa água!”
(Ismênia para e segura o copo nas mãos)
MARIANA
“Essa água eu preparei pro Seu Oswaldo!”
(Ismênia dá um breve sorriso de deboche)
ISMÊNIA
“Em breve, tudo isso vai ser meu mesmo! Já que você não quer fechar comigo, eu dar esse golpe
sozinha! E ninguém vai me impedir!”
(Ismênia leva o copo até a sua boca)
MARIANA
“Se eu fosse você não faria isso!”
(Ismênia para e segura o copo nas mãos)
ISMÊNIA
“Além de ser chifruda, é covarde!”
(Ismênia toma a água do copo. Ela coloca o copo sobre a mesa e começa a sentir uma
fortíssima dor de cabeça, tontura e muita falta de ar. Ismênia desmaia, passa muito mau e fica
completamente inconsciente. Ela falece)
MARIANA
“Além de ser calculista, é burra!”
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(Mariana vai até o telefone e faz uma ligação, uma pessoa atende ao chamado)
MARIANA (Ao Telefone)
“Alô! Amauri? ...Tudo bem, Meu Amor!”
(...)
MARIANA (Ao Telefone)
“Amor, tu tá onde? ...Olha só... A imbecil da Ismênia tomou a água envenenada!”
(...)
MARIANA (Ao Telefone)
“Ela tá morta aqui no chão da cozinha! Agora a gente vai ter que pensar em outro meio pra matar o
velho desgraçado!
(...)
MARIANA (Ao Telefone)
“Com o corpo? ...O que fazer com o corpo dela?”
(...)
MARIANA (Ao Telefone)
“Por mim a gente contava uma boa história sobre a morte; faria picadinhos do corpo dela e dava
pros porcos comerem!”
FIM
