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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Registro: 2012.0000323880 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0070547- 90.2008.8.26.0000, da Comarca de Itaquaquecetuba, em que é apelante JOSIMAR XAVIER DE SOUZA, é apelado SÃO PAULO CLINICA S/C LTDA. ACORDAM, em 8ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores CAETANO LAGRASTA (Presidente sem voto), LUIZ AMBRA E SALLES ROSSI. São Paulo,4 de julho de 2012. Ribeiro da Silva RELATOR Assinatura Eletrônica

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Apelação do TJSP

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  • PODER JUDICIRIO

    TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SO PAULO

    Registro: 2012.0000323880

    ACRDO

    Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelao n 0070547-90.2008.8.26.0000, da Comarca de Itaquaquecetuba, em que apelante JOSIMAR XAVIER DE SOUZA, apelado SO PAULO CLINICA S/C LTDA.

    ACORDAM, em 8 Cmara de Direito Privado do Tribunal de Justia de So Paulo, proferir a seguinte deciso: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acrdo.

    O julgamento teve a participao dos Exmos. Desembargadores CAETANO LAGRASTA (Presidente sem voto), LUIZ AMBRA E SALLES ROSSI.

    So Paulo,4 de julho de 2012.

    Ribeiro da SilvaRELATOR

    Assinatura Eletrnica

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    TRIBUNAL DE JUSTIA DO ESTADO DE SO PAULO

    Apelao n 0070547-90.2008.8.26.0000 - Itaquaquecetuba - Voto 23804 - F 2

    VOTO N: 23804APEL. N: 0070547-90.2008.8.26.0000COMARCA: ITAQUAQUECETUBAAPTE: JOSIMAR XAVIER DE SOUZAAPDO : SO PAULO CLNICA S/C LTDA

    Apelao Cvel Ao de indenizao por danos materiais e morais Sentena improcedente Ausncia de comprovao da negligncia da r - Inconformismo No acolhimento No h elementos nos autos capazes de comprovar impercia, negligncia ou imprudncia da clnica - Sentena mantida Apelo desprovido (Voto 23804)

    A r. sentena de fl. 288/291, cujo relatrio se

    adota, julgou improcedente o pedido da ao de indenizao

    por danos materiais e morais, sob o fundamento de ausncia

    de comprovao da negligncia da r. Condenou o autor ao

    pagamento das custas e despesas processuais, alm de

    honorrios advocatcios fixados em 10% do valor da causa.

    Inconformado, apela o autor (fls. 294/308)

    alegando que o conjunto probatrio dos autos (testemunhas,

    pronturios mdicos e laudo mdico pericial) comprova a

    negligncia da apelada no tratamento do seu ferimento.

    Sustenta que a falta de tratamento adequado oferecido pela

    clnica originou uma infeco gravssima (gangrena) e obrigou-

    o a permanecer internado por 30 dias, submetendo-se a trs

    cirurgias, o que ressalta a deficincia dos servios prestados

    pela apelada, ocasionando sequelas irreversveis.

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    Apelao n 0070547-90.2008.8.26.0000 - Itaquaquecetuba - Voto 23804 - F 3

    Requer a reforma da r. sentena para

    condenao da apelada em indenizao por danos materiais e

    morais.

    Recebido o recurso nos seus regulares

    efeitos (fls. 309), foram ofertadas contrarrazes (fls. 312/316).

    o relatrio.

    Trata-se de ao de indenizao por danos

    materiais e morais, ajuizada por Josimar Xavier de Souza

    contra So Paulo Clnica Ltda.. Alega que era funcionrio de

    empresa, usufruindo do convnio mdico da apelada de 17 de

    maio de 1995 at 25 de outubro de 1997, momento em que foi

    demitido. Esclarece que no dia 12 de outubro de 1995, sofreu

    acidente domstico, no qual teve o p esquerdo perfurado por

    uma barra de ferro quando estava caminhando sobre a laje da

    sua casa. para efetuar reparos, o que o levou a procurar

    atendimento mdico no dia seguinte. Informa que foi atendido,

    medicado e liberado para retorno sua casa. Contudo, aps 8

    dias e dada a evoluo do quadro, procurou um hospital e foi

    submetido a trs cirurgias, para raspagem do tecido apodrecido

    e tratamento inicial da gangrena.

    O recurso no merece provimento.

    Pela anlise com conjunto probatrio

    acostado aos autos, constata-se que o autor no logrou xito

    em comprovar os fatos aduzidos na inicial.

    Isso porque h inmeras divergncias entre

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    Apelao n 0070547-90.2008.8.26.0000 - Itaquaquecetuba - Voto 23804 - F 4

    os depoimentos das testemunhas arroladas. Apenas h a

    confirmao de que o autor acidentou-se e buscou atendimento

    mdico na apelada (fls. 225/226).

    O depoente Jos Donizete Feitosa afirmou

    que levou o autor na requerida pela manh, entre 8:00 e 9:00

    horas e, ainda, que no vi qualquer curativo realizado no p

    do autor (fl. 225).

    Por outro lado, a outra testemunha, Joo

    Morais, Sobrinho, cunhado do autor, informou que salvo

    engano, ele se machucou no p esquerdo. No dia dos fatos

    nada foi feito. Na madrugada seguinte, por volta das quatro

    horas, o autor foi socorrido pela testemunha Jos. Narrou

    tambm que fizeram um curativo e mandaram de voltar para

    casa (fl. 226).

    Logo, verifica-se a discrepncia dos

    depoimentos no tocante ao horrio em que o requerente

    submeteu-se ao atendimento mdico, bem como a oposio

    quanto ao tratamento fornecido pela requerida.

    Alm disso, na inicial, o autor narra com

    preciso que o acidente ocorreu em 12 de outubro de 1995.

    Entretanto, em sede recursal, corrige a data fornecida

    sustentando que o imprevisto deu-se em 13 de outubro de

    1995. Indiscutivelmente, a mudana de datas deve-se

    principalmente ao fato de que a clnica defendeu-se alegando

    no funcionar no dia informado na exordial, por tratar-se de

    feriado.

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    Apelao n 0070547-90.2008.8.26.0000 - Itaquaquecetuba - Voto 23804 - F 5

    Ademais, os pronturios mdicos demonstram

    que o apelante apenas buscou socorro mdico aps trs dias

    do episdio, a saber dia 15 de outubro de 1995 (fl. 72). E,

    ainda, como bem apontado pelo d. Juzo, sem prejuzo, o

    pronturio mdico demonstra que o autor fora atendido nos

    dias 15/10/95, 16/10/95 e 19/10/95, oportunidade em que foi

    feita a assepsia do ferimento e ministrados antisspticos e

    antibiticos, o que afasta a tese de que o paciente foi

    encaminhado para tratamento domiciliar e negligenciado o

    acompanhamento de seu quadro clnico (fl. 290).

    Logo, resta invivel a condenao da clnica.

    O Superior Tribunal de Justia j proclamou

    que se no h culpa dos mdicos em relao s seqelas ou

    morte do paciente, no h falar em responsabilidade do

    hospital. Conforme jurisprudncia capitada no livro do autor

    Carlos Roberto Gonalves, Responsabilidade Civil, 11 edio,

    Editora Saraiva, 2009:

    Nessa trilha, proclamou o Superior Tribunal

    de Justia: A responsabilidade dos hospitais, no que tange

    atuao tcnico-profissional dos mdicos que neles atuam ou a

    eles sejam ligados por convnio, subjetiva, ou seja, depende

    da comprovao de culpa dos prepostos, presumindo-se a dos

    preponentes. Em razo disso, no se pode dar guarida tese

    que objetiva excluir, de modo expresso, a culpa dos mdicos e,

    ao mesmo tempo, admitir a responsabilidade objetiva do

    hospital, para conden-lo a pagar indenizao por morte de

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    Apelao n 0070547-90.2008.8.26.0000 - Itaquaquecetuba - Voto 23804 - F 6

    paciente. O art. 14 do CDC, conforme melhor doutrina, no

    conflita com essa concluso, dado que a responsabilidade

    objetiva nele prevista para o prestador de servios, no presente

    caso, o hospital, circunscreve-se apenas aos servios nica e

    exclusivamente relacionados com o estabelecimento

    empresarial propriamente dito, ou seja, queles que digam

    respeito estadia do paciente internao instalaes,

    equipamentos, servios auxiliares enfermagem, exames,

    radiologia etc., e no aos servios tcnico-profissionais dos

    mdicos que ali atuam, permanecendo estes na relao

    subjetiva de preposio culpa (REsp 258.389-SP, 4 T., Rel.

    Min. Fernando Gonalves, DJU 22 ago. 2005).

    Nesse sentido, conforme jurisprudncia deste

    Tribunal de Justia, hiptese em que a Prefeitura Municipal de

    Cubato no foi condenada a pagar indenizao, em virtude da

    inexistncia de erro mdico devido morte do menor de cinco

    anos no Hospital Modelo de Cubato. Assim o voto:

    Conclui-se, assim, pela no ocorrncia de

    conduta ilcita, irregular ou que, de qualquer forma, tenha

    contribudo para o falecimento do menor, reputando-se

    adequados os procedimentos e os medicamentos prescritos

    pelos mdicos do Hospital Modelo de Cubato, circunstncias

    hbeis a ensejarem o rompimento do nexo de causalidade,

    elemento imprescindvel caracterizao da responsabilidade

    civil. E isto porque, por inteligncia do art. 37, 6, da

    Constituio Federal, as pessoas jurdicas de direito pblico

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    Apelao n 0070547-90.2008.8.26.0000 - Itaquaquecetuba - Voto 23804 - F 7

    respondem sem culpa. Mas no respondem sem causa

    (Apelao Cvel n. 994.08.173521-7, Rel. Des. Ferraz de

    Arruda, j. 09/06/2010, 13 Cmara de Direito Pblico do

    Tribunal de Justia do Estado de So Paulo).

    Portanto, de rigor a manuteno da r.

    sentena conforme prolatada.

    Pelo exposto, nego provimento ao recurso.

    RIBEIRO DA SILVA

    Relator

    2012-07-04T16:03:19+0000Not specified