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Apontamentos Para o Estudo Da Doutrina Espírita (Solange Araújo)

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Doutrina Espirita

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  • ALLAN KARDEC

  • SOLANGE ARAJO

    APONTAMENTOS PARA O ESTUDO DA

    DOUTRINA ESPRITA

    Revisado

    BUBOK - PT

  • ISBN: 978-989-20-2028-0 ARAJO, Solange. Apontamentos para o Estudo da Doutrina Esprita. [email protected] Bubok - Portugal 2 Edio Julho 2010 Reviso: Larissa Coelho Espiritismo.

  • SOBRE A AUTORA

    Professora licenciada em Histria pela

    Universidade Federal de Ouro Preto BR, em estudos

    Ps-graduados pela Universidade do Minho, atuante no

    movimento Esprita brasileiro h 30 anos.

    autora de outras obras e artigos acadmicos.

    Como atuante do movimento Esprita

    palestrante, foi membro do Instituto Kardecista da Bahia

    IKB onde ministrava aulas no Curso Bsico de

    Espiritismo, trabalhando ao lado de companheiros como

    Adnauer Novaes e Jorge Pedrosa. Participou do TEIK

    Teatro Esprita Instituto Kardecista, entre outras

    atividades desenvolvidas naquela instituio na cidade de

    Salvador.

    Em outro momento, j no Estado de Minas

    Gerais, na cidade de Ouro Preto, trabalhou na

    organizao das reunies pblicas, cursos e reunies de

    Desenvolvimento Medinico, esteve presente na

    organizao de eventos como Semana Esprita, na cidade

    de Divinpolis, atravs do Grupo da Fraternidade Esprita

    Irmo Camilo, participou dos trabalhos de

  • 8

    implementao das primeiras atividades do NASCE

    Ncelo de Ao Social Caminhos da Esperana. Como

    membro do CEPE Centro de Estudos e Pesquisas

    Espritas, teve a grata satisfao de colaborar no

    programa radiofnico Esprita Projeto Futuro.

    Foi tambm participante e organizadora de

    grupos de estudos.

    Atualmente possui livros espritas a publicar no

    Brasil, escreve artigos de cunho esprita para jornais e

    sites na internet, faz palestras em grupos espritas em

    Portugal, membro da Associao Esprita Caminheiros

    do Amor em Braga e lana seu primeiro trabalho literrio

    de cunho Esprita em Portugal.

  • APONTAMENTOS PARA O ESTUDO DA

    DOUTRINA ESPRITA

    Conhecer o Espiritismo de fundamental

    importncia para os que ainda no o conhecem mas j

    ouviram falar, para os frequentadores e simpatizantes das

    reunies pblicas bem como para os seus adeptos a fim

    de que possam esclarecer-se e tenham condies de

    repassar o iderio Esprita de forma sria e correta.

    Abordamos neste trabalho os aspectos bsicos,

    introdutrios, atravs dos quais se possa conhecer a

    Doutrina Esprita. Sem a pretenso de ser um compndio,

    este procura possibilitar o leitor, de forma sucinta, a ter

    uma viso prtica sobre a histria do Espiritismo e seus

    princpios bsicos.

    Para que se conhea a fundo o Espiritismo,

    necessrio se faz o estudo das obras da codificao de

    Allan Kardec, tendo como ponto de partida O Livro dos

    Espritos, que rene o arcabouo da Doutrina.

    O Espiritismo traz para o homem uma

    clarificao melhor de sua realidade levando-o a uma

    maior compreenso sobre os porqus da vida e suas

  • 10

    implicaes medida que esclarece que todos somos

    Espritos em processo de evoluo.

    E ao passo em que esse conhecimento se amplia

    percebemos que o Espiritismo nos d os alicerces para

    enfrentar as dificuldades, nos facilita a adaptao s

    mesmas e nos esclarece quanto aos meios para super-las.

    Esperamos que essa leitura seja providencial a

    quem a l.

  • PARTE I

  • CONTEXTO NO QUAL SURGIU O ESPIRITISMO

    Aps um perodo em que o saber esteve sob o

    poder da religio, sendo privilgio apenas de clrigos e

    seus seguidores, protegido sob os muros dos mosteiros,

    eis que o sculo XIX v brotar novos parmetros de

    compreenso do homem e da sociedade aberto a todos

    que quisessem conhecer.

    A passagem pela Idade Mdia, apesar da

    manipulao do saber, foi importante pois deu subsdios

    para abertura, em termos de pensamento e de aceitao

    do ento homem moderno, ao avano da Filosofia, da

    Arte, da tica e da Cincia que despontam no sculo

    XIX. Mas tambm no podemos esquecer dos processos

    revolucionrios dos sculos XVII e XVIII que tambm

    so responsveis por introduzir essa abertura na

    mentalidade social.

    O contexto no qual surge o Espiritismo no

    poderia ser outro. Os estudos em torno da mente humana

    e suas capacidades estavam na pauta de desenvolvimento

    do magnetismo e do hipnotismo. Paralelo a isso, o mundo

    assistia exploso da Revoluo Industrial que introduz

  • 14

    novidades no campo da produo industrial e das

    relaes trabalhistas, e como novidade da poca, uma

    nova viso quanto ao funcionamento do corpo humano.

    O Espiritismo surge nesse momento de grande

    movimentao e sobretudo de mudanas em que desponta

    um novo porvir para histria do homem.

    O Socialismo Cientfico ou Marxista, de Marx e

    Engels, que critica a sociedade Capitalista, o avano do

    prprio Capitalismo.

    O Positivismo com Auguste Comte; o

    Existencialismo, que apesar de ter uma ampla divulgao

    apenas no sculo XX, mas que tambm fruto da

    mudana no pensamento do homem do sculo XIX,

    inspirado entre outros, em Arthur Schopenhauer e

    Friedrich Nietzsche, que tem como prioridade a

    existncia sobre a essncia.

    O Evolucionismo de Darwin que resvala para o

    Evolucionismo Social que tem Herbert Spencer como um

    de seus representantes e o Materialismo criado por

    Leibniz em 1702 que renasce nas teorias de Marx e

    Engels como Materialismo Dialtico e Cientfico, onde a

    matria vista como a nica realidade existente e afasta-

    se totalmente do sentimento de religiosidade.

  • 15

    Em 1848 Marx e Engels lanam o Manifesto

    Comunista e sua ideologia de luta trabalhista introduz a

    idia de que a histria do homem a histria da luta de

    classes. Um sentido totalmente oposto ao que era

    configurado pela sociedade religiosa da poca.

    O Positivismo acredita que o conhecimento

    cientfico o nico verdadeiro e em paralelo teoria

    Evolucionista de Spencer de que as sociedades tiveram

    incio num estado primitivo e gradualmente, com o passar

    do tempo, que tornaram-se mais civilizadas, baseada

    nos estudos de Charles Darwin que afirma que o homem

    e o macaco teriam uma mesma ascendncia a partir da

    qual as duas espcies se desenvolveram, logo, que ambos

    possuem um ascendente em comum.

    O materialismo, formulado pela primeira vez na

    Grcia, no sculo VI a. C ganha impulso no sculo XVI e

    adotado no sculo XIX sob diferentes formatos,

    negando a existncia da alma e do mundo espiritual.

    De acordo com os gregos as explicaes para os

    fenmenos deveriam ser pela observao da realidade,

    livre dos fundamentos e mitos religiosos. A matria era

    para eles a substncia de todas as coisas, gerao e

    degenerao obedeciam s leis da Fsica e modifica-se

  • 16

    constantemente. Logo, fazendo a alma parte dessa

    natureza, obedecia s mesmas leis.

    Essas idias nascentes e em ebulio contribuem

    para a formao do pensamento terico do homem e vai

    contribuir, luz da razo, na codificao do Espiritismo.

    O Espiritismo explica a f e os fenmenos tidos

    como sobrenaturais de modo racional criando um novo

    paradigma para a Histria da humanidade que at ento

    estava obscurecida por preceitos dogmticos.

    Adentrava-se uma nova era, a era do Esprito,

    obedecendo lei de evoluo da humanidade.

    O Espiritismo veio mostrar ao homem os

    caminhos que pode trilhar para ser feliz, demonstrando-

    lhe a imortalidade e que nosso progresso est ligado s

    nossas aes, que orgulho e egosmo so chagas que

    denigrem e atrasam a sociedade tirando-nos a

    oportunidade de crescimento social e espiritual.

  • 17

    OS PRECURSORES DE ALLAN KARDEC E O

    ADVENTO DO ESPIRITISMO

    O fenmeno medinico, a crena na vida aps a

    morte por exemplo, no foram inventados por Allan

    Kardec. So fenmenos que remontam s sociedades

    antigas e a Histria vem nos mostrar que no nova a

    intuio do homem sobre a imortalidade da alma.

    Os povos antigos tinham por hbito colocar nos

    tmulos objetos ligados vida do falecido. Povos

    ndigenas colocavam armas e outros utenslios; os

    egipcios colocavam nas tumbas a comida preferida, as

    roupas, jias e tudo o que fosse de gosto daquele que

    partia, para que o K alma, no retornasse ao convivio

    domstico. Isso explica os tesouros encontrados nas

    pirmides. Os Vedas e o Cdigo de Manu, ambos na

    ndia, possuem registros a respeito do processo de

    comunicao com os mortos.

    Scrates, Plato, Pitgoras e outros estudiosos

    tambm analisaram o fenmeno. Nas teorias de Scrates

    e Plato encontramos que o homem uma alma

    encarnada e que antes dela estar encarnada existia unida a

  • 18

    tipos primordiais, s idias do bem e do belo e que

    atormentada pelo seu passado deseja retornar a ele.

    O Apstolo Paulo tambm faz meno

    comunicabilidade com os mortos, solicitando que se

    tomasse cuidado em relao procedncia das mesmas.

    "No extingais o Esprito. No desprezeis as profecias.

    Examinai tudo. Retende o bem" (I Tessalonicenses, 5:19

    a 21).1

    J na Idade Mdia, encontramos referncias s

    pessoas que eram acusadas de bruxaria por declararem

    que viam espritos e que com eles se comunicavam, a

    mais famosa foi Joana Darc, condenada morte na

    foqueira assim como muitos outros annimos.

    A Idade Moderna marca o que se convencionou

    chamar de preldio ao advento do espiritismo, ou melhor,

    perodo precursor.

    Arthur Conan Doyle (1859 1930), estudioso

    dos fenmenos acentua que a diferena entre as

    manifestaes e os estudos do passado em torno do

    assunto, para os daquele momento, est justamente na

    metodologia e sequncia que passaram a ter. Os antigos,

    eram espordicos e no havia uma sequncia metdica,

    1 In O Novo Testamento.

  • 19

    por isso mesmo, mais dificeis de ser estudados, j os do

    seu tempo, comparou a uma invaso organizada.

    O sueco Emmanuel Swedenborg (1688 1772),

    tambm detm suas investigaes ao redor dos

    fenmenos medinicos. Sensitivo, era Engenheiro de

    Minas, Fsico, Astrnomo, Poltico, Anatomista,

    Fianacista e estudioso de Teologia.

    Sua sensibilidade psiquica o fazia ter vises e a

    ecloso de sua mediunidade deu-se em Londres, no ano

    de 1744.

    Franz Mesmer (1734 1815), mdico que

    descobriu o magnetismo curador, no ano de 1755,

    reconhece o poder da cura mediante a imposio das

    mos fenmeno hoje amplamente conhecido como

    Passe e acreditava que no corpo do homem haviam

    fluidos curadores. Mesmer prepara o caminho para os

    estudos sobre hipnotismo de Puysgur.

    Andrews Jackson Davis, viveu nos Estados

    Unidos entre os anos de 1826 e 1910 e foi tambm um

    excelente sensitivo. Foi considerado por Conan Doyle

    como o profeta da Nova Revelao.

    Davis nasceu em Blooming Grove, s margens

    do rio Hudson no Estado de Nova York. Era de famlia

  • 20

    pobre, quase no possuia estudos e conta-se que era

    limitado tanto fsica quanto intelectualmente.

    Foi na infncia que os poderes psiquicos de

    Davis tiveram incio, era clarividente e clariaudiente, ele

    escutava os espritos que o aconselhavam. A

    clarividncia conforme nos explica Allan Kardec em O

    Livro dos Espirtos, um processo que ocorre durante o

    sono em que o indivduo v acontecimentos em lugares

    fora do seu ambiente; j a clariaudincia o fenmeno

    pelo qual o indivduo tem a capacidade de ouvir sons

    distantes do seu ambiente, com clareza, mesmo que haja

    algum tipo de obstculo que impea a propagao

    daquele som a longas distncias.

    Entre os muitos conselhos dos espritos a Davis

    foi-lhe sugerido a mudana da famlia para

    Poughkeepsie, tambm situada no Estado de Nova York.

    Seu poder chegou a tal ponto, que em 6 de Maro

    do ano de 1844, uma fora muito grande o fez voar da

    cidade de Poughkeepsie, onde morava, at as Montanhas

    de Catskill (NY) que ficava distante 40 milhas de sua

    casa, cerca de duas horas de viagem. Entrou em transe e

    ao acordar no dia seguinte, encontrava-se nas Montanhas.

    Andrews Jackson Davis, prev o surgimento do

    espiritismo em seu livro Princpios da Natureza, de

  • 21

    1847. Assim todos os fenmenos que ocorrem e que

    promovem a disemino da Doutrina, j eram

    conhecidos, como bem disse Arthur Conan Doyle.

    Mas, o fenmeno que ser ponto de apoio para o

    advento do Espiritismo o de Hydesville, um vilarejo no

    condado de Wayne, prximo a Rochester no Estado de

    Nova York.

    Localizada no interior dos Estados Unidos, a

    pequena cidade foi sacudida no ano de 1846 pelo

    acontecimento na casa da famlia Fox.

    Rudos de grandes propores passaram a ser

    escutados: pancadas nas paredes, mveis arrastados,

    camas balanadas.

    A famlia queria mudar, mas foram surpreendidos

    em 31 de Maro de 1848, quando em meio s pancadas

    habituais uma das filhas, Kate de 11 anos, provoca o

    fenmeno atravs de estalos com os dedos. A cada estalo

    dado pela criana, esta era imitada com arranhes, ento

    a criana fez o gesto manualmente porm sem a emisso

    sonora e consequentemente, os arranhes foram feitos em

    sinal de resposta. Logo ficou assente que aquele

    fenmeno via e ouvia, a me, Mrs. Margareth, passa

    ento a fazer perguntas que foram respondidas atravs de

    pancadas:

  • 22

    Sois um ser humano? perguntou Mrs.

    Margareth. No houve resposta.

    Sois um Esprito? Se sois batei duas pancadas.

    Duas pancadas foram dadas pelo Esprito.2

    A data em que isso ocorreu, considerada pelos

    americanos como de fundao do Novo Espiritualismo.

    O esprito que se comunicava com as meninas,

    era Charles Rosman, que fora assassinado naquela casa,

    pelos antigos moradores, cinco anos antes. Indicou o

    local onde o corpo havia sido enterrado, fato

    posteriormente comprovado.

    Muitas pessoas foram casa dos Fox presenciar a

    comunicao que passou a ser feita com o uso de um

    alfabeto cujo cdigo das pancadas passaram a ser

    proporcionais s letras que juntas formavam a frase.

    Chegando a Europa a notcia sobre os fenmenos

    em Hydesville, no tardou para que se tornasse moda

    falar com os mortos. Na Frana, as pessoas se reuniam

    nos sales para ver as mesas que se movimentavam.

    Sentadas ao redor de uma mesa comum, de

    madeira, ocorria o intercmbio com o alm. Para que isso

    2 CARNEIRO, Victor Ribas. ABC do Espiritismo. Curitiba:

    Federao Esprita do Paran. 1996. p. 35.

  • 23

    ocorresse, era preciso a presena de pessoas com dons

    medinicos presentes e atravs das pancadas os

    desencarnados respondiam s perguntas feitas. Esse

    movimento recebeu o nome de Mesas Girantes.

    Era o passatempo preferido dos franceses num

    perodo que vai de 1853 a 1855. Lazer praticamente

    obrigatrio nas reunies da sociedade.

    Foi em meio a essa movimentao, que Allan

    Kardec tornou-se conhecido como O Codificador da

    Doutrina Esprita.

    Nasceu na cidade de Lion, Frana, em 3 de

    Outubro de 1804. Filho de uma tradicional famlia

    catlica francesa de magistrados e professores, seu pai

    Jean Baptiste Antoine Rivail e sua me Jeane Louise

    Duhamel. Foi batizado com o nome de Hippolyte Lon

    Denizard Rivail.

    Inicialmente estudou em Lion e aos 12 anos foi

    para Yverdun, na Sua, estudar no Instituto do professor

    Pestalozzi, uma das instituies de ensino mais

    conhecidas e respeitadas da poca e aos quatorze anos j

    era monitor dos alunos menores.

    Sua formao acadmica foi em Matemtica e

    Pedagogia. Foi ele o mais ilustre divulgador do Mtodo

  • 24

    Pestalozzi exercendo grande influncia na reforma do

    ensino francs e alemo.

    Conhecia diversas lnguas, entre elas o alemo e

    o italiano. Como escritor, publicou e traduziu obras de

    cunho educacional.

    Lutou em prol da democratizao do ensino

    pblico em seu Pas e dava aulas particulares gratuitas em

    casa de Anatomia, Quimica, Fsica e Astronomia.

    Sua preocupao com os mtodos de ensino

    levou-o a criar um mtodo de ensinar as operaes

    bsicas da Matmtica e um quadro mnemnico da

    Histria francesa. Esse mtodo ajudava o estudante a

    memorizar as datas e os acontecimentos importantes.

    Escreveu seu primeiro livro sobre aritmtica aos 19 anos.

    Era membro de diversas sociedades, entre as

    quais da Academia Real de Arras, que, em concurso

    promovido em 1831, premiou-lhe uma tese com o tema

    "Qual o sistema de estudos mais de harmonia com as

    necessidades da poca?".

    Casou-se em 6 de Fevereiro de 1832 com a

    professora Amelie Gabrielle Boudet, que alm de esposa

    fora sua fiel colaboradora. No tiveram filhos.

    Em 1854 o professor Rivail ouviu falar pela

    primeira vez das Mesas Girantes por um amigo, o sr.

  • 25

    Fortier, tambm pesquisador de Magnetismo, assim como

    o professor Rivail.

    De incio atibuira o fenmeno ao magnetismo

    animal e no dera muita importncia, apenas observava

    os fatos amplamente divulgados pela imprensa e no ano

    de 1855, ao ser convidado para assistir uma sesso, que

    vendo de perto, tem despertado o seu interesse. Para ele,

    aquele fenmeno merecia ser estudado de forma mais

    sistemtica.

    Passa a frequentar as reunies e a anotar tudo o que

    v, bem como as mensagens recebidas pelos mdiuns que

    nelas se encontravam. Analisa, discute e questiona pois

    estava convicto de que as respostas das mesas eram dadas

    pelos Espritos.

    Integrou em seus estudos os conhecimentos da

    Cincia, da Filosofia e da tica, passando a ser instrudo

    pelo esprito denominado Z e adota o nome de Allan

    Kardec, nome esse que tivera em encarnao como um

    sarcedote Druida, nas Glias e tambm para que sua

    projeo e seu nome na sociedade como pedagogo no

    interferisse em suas pesquisas, pois a aceitao das

    pessoas poderia ser mais fcil se as pesquisas no

    estivessem vinculadas a uma figura pblica.

  • 26

    O temor de profesor Rivail era justamente que as

    pessoas aceitassem a doutrina por ser ele quem a

    divulgasse, e queria que essa aceitao se desse

    independente da pessoa.

    A partir de seu primeiro contato, foram quatorze

    anos organizando a Doutrina.

    No inicio, para comunicar-se com os espritos,

    Allan Kardec utilizou a cesta-pio, que consistia em um

    lpis no centro de uma cesta.

    Nas bordas da cesta, os mdiuns colocavam as

    mos e atravs de movimentos involuntrios as respostas

    s perguntas feitas eram escritas. Duas adolescentes, de

    14 e 16 anos, Julie e Caroline, foram as mdiuns que

    mais trabalharam com Kardec nesse perodo.

    Com o tempo, a cesta-pio foi abolida e o lpis

    passou para as mos dos mdiuns, tendo esse fenmeno

    recebido o nome de Psicografia.

    As perguntas feitas por Allan Kardec aos

    Espritos eram alvo de suas revises e as mesmas

    perguntas eram submetidas a outros mdiuns,

    desconhecidos entre si, em lugares distintos, da Europa e

    tambm da Amrica e novamente confrontadas para

    verificar a autenticidade das respostas. Allan Kardec,

    viajou por vinte cidades para fazer suas pesquisas. Tudo

  • 27

    isso para que as respostas dadas pelos Espritos,

    obtivessem a credibilidade merecida.

    Esta sistematizao e controle das informaes

    que recebia, ficou conhecido como Controle Universal

    dos Espritos. Assim, qualquer informao que chegava,

    oriunda do plano espiritual, s teria validade se fosse

    constatada a mesma resposta em lugares disitintos atravs

    de mdiuns diferentes. Caso isso no fosse observado,

    no passaria de uma informao de carter particular de

    algum esprito ou mesmo do prprio mdium.

    As pesquisas de Allan Kardec, sempre estiveram

    baseadas no bom senso.

    Com todo um esquema coerentemente montado,

    Allan Kardec preparou o lanamento das cinco Obras

    Bsicas da Doutrina Esprita, a Codificao, tendo incio

    em 1857 com o lanamento de O Livro dos Espritos.

    Estes livros contm toda a teoria e prtica da

    doutrina, os princpios bsicos e as orientaes dos

    Espritos sobre o mundo espiritual e sua constante

    influenciao sobre o mundo material.

    Durante a codificao, Kardec lanou um

    peridico mensal chamado Revista Esprita, em 1 de

    Janeiro de 1858. Nela, comentava notcias, fenmenos

    medinicos e informava aos adeptos sobre a nova

  • 28

    doutrina, o crescimento da mesma e sua divulgao.

    Servia vrias vezes como frum de debates doutrinrios,

    entre partidrios e contrrios ao Espiritismo. A Revista

    Esprita foi a semente da imprensa doutrinria.

    No mesmo ano, Kardec viria a fundar a

    Sociedade Parisiense de Estudos Espritas. Constituda

    legalmente, a entidade passou a ser a sociedade central do

    Espiritismo, local de estudos e incentivadora da formao

    de novos grupos.

    Em 18 de Abril de 1857, lana O Livro dos

    Espritos, com 1019 perguntas e respostas dadas pelos

    espritos, material que fora constituido durante as suas

    pesquisas. Tem assim incio de forma oficial o

    Espiritismo.

    Outras obras so lanadas: 15 de Janeiro de

    1861 O Livro dos Mdiuns ou Guia dos Mdiuns e dos

    Evocadores; Abril de 1864 O Evangelho Segundo o

    Espiritismo; Agosto de 1865, O Cu e o Inferno ou A

    Justia Divina Segundo o Espiritismo; Janeiro de 1868 A

    Gnese ou Os Milagres e as Predies Segundo o

    Espiritismo.

    No ano de 1890, aps sua morte publicado

    Obras Pstumas, por P.G. Leymarie, contendo os artigos

    de Allan Kardec ainda no conhecidos pelo pblico.

  • 29

    Tambm so de sua autoria: O Que o

    Espiritismo um resumo do Espiritismo sob a forma de

    perguntas e respostas; O Espiritismo em sua expresso

    mais simples; Viagem Esprita de 1862; O Principiante

    Esprita e A Obsesso.

    Allan Kardec, desencarna em 31 de Maro de

    1869, vtima de um aneurisma deixando totalmente

    estudada e sistematizada a Doutrina Esprita.

    Uma doutrina que trata da origem e natureza dos

    Espritos e de suas relaes com o mundo material cujo

    ponto bsico a natureza espiritual do homem.

    O Espiritismo nos lega o conhecimento a respeito

    do esprito, estudando a sua essncia espiritual para

    explicar a sua existncia material.

  • PARTE II

  • 33

    SNTESE DAS OBRAS BSICAS

    As obras, conhecidas como bsicas, para o

    estudo do Espiritismo expem e consolidam a Doutrina

    Esprita, com a demonstrao explicada dos elementos

    que a constituem de acordo com os ensinamentos dos

    Espritos.

    Possuem por isso mesmo, um valor incalculvel

    alm de ser um patrimnio cultural, cientifco, tico e

    filosfico. Nelas esto toda a explicao do que o

    Espiritismo.

    O Esprito Emmanuel, guia do mdium Francisco

    Cndido Xavier, em sua anlise sobre as obras bsicas

    afirma que no teramos condies de entender o

    Evangelho de Jesus se no fosse o trabalho de Allan

    Kardec e mais: Lembrando o Codificador da Doutrina

    Esprita imperioso estejamos alertas em nossos deveres

    fundamentais. Convenamos-nos de que necessrio

    Sentir Kardec; Estudar Kardec; Anotar Kardec; Meditar

    Kardec; Analisar Kardec; Comentar Kardec; Interpretar

  • 34

    Kardec; Cultivar Kardec; Ensinar Kardec e Divulgar

    Kardec ()3

    O LIVRO DOS ESPRITOS

    Este o primeiro a ser publicado, a obra

    sntese do Espiritismo, seus princpios filosficos, a

    imortalidade da alma, natureza dos Espritos e as relaes

    com o mundo fsico, a vida presente e a futura, o porvir

    da humanidade de acordo com os ensinamentos dos

    Espritos superiores e o auxlio de diversos mdiuns.

    Esses ensinos, dados pelos espritos superiores, foram

    recebidos e organizados por Allan Kardec.

    O Livro dos Espritos como j dito, contm 1019

    perguntas feitas por Allan Kardec aos Espritos e as

    respostas dadas pelos mesmos. um compndio, os

    assuntos nele abordados foram posteriormente

    desenvolvidos em outros livros. Divide-se em quatro

    partes, forma usual de diviso didtica dos livros na

    poca.

    3 Pgina recebida pelo mdium Francisco Cndido Xavier e

    presente em "Reformador". Federao Esprita Brasileira.

    Maro de 1961.

  • 35

    Na primeira parte encontramos a anlise das

    causas primrias: Deus, Esprito e Matria, o princpio

    vital da criao. O Universo o campo de estudo.

    Na segunda parte, o Mundo dos Espritos, a

    encarnao, desencarnao, a misso e ocupao dos

    Espritos e seu relacionamento com o mundo fsico.

    Nesta encontramos conceitos e suas explicaes, Kardec

    utiliza-se do mtodo cientfico da Observao,

    Comparao e Anlise para o estudo.

    A terceira parte sobre a Lei Natural subdividida

    em dez Leis Morais que atuam nas relaes entre os

    homens e regulam o Universo: Lei de Adorao, do

    Trabalho, de Reproduo, de Conservao, de

    Destruio, de Sociedade, do Progresso, de Igualdade, de

    Liberdade e Justia Amor e Caridade.

    A quarta e ltima parte do livro trata das

    Esperanas, Consolaes e a Lei de Causa e Efeito. So

    as consequncias dos nossos atos e a repercusso destes

    na vida fsica e principalmente na espiritual.

  • 36

    O LIVRO DOS MDIUNS

    Esta a segunda obra da Codificao, que tem

    como subttulo Guia dos Mdiuns e dos Evocadores,

    contendo o Ensino especial dos espritos sobre a teoria

    de todos os gneros de manifestaes, os meios de

    comunicao com o mundo invisvel, o desenvolvimento

    da mediunidade, as dificuldades e os tropeos que se

    podem encontrar na prtica do espiritismo.4

    a parte experimental do Espiritismo. D

    continuidade ao Livro dos Espritos, um tratado sobre

    os fenmenos da mediunidade ao longo da histria,

    aconselhado a todos os que querem conhecer os

    mecanismos da mediunidade.

    Os primeiros estudos de Allan Kardec foram

    centrados no fenmeno das mesas girantes e, apesar do

    comum ter sido as pessoas ao redor das mesas, onde

    ocorriam os fenmenos medinicos, muitos relatos de

    ocorrncias semelhantes com outros objetos surgiram na

    poca.

    Foi aps uma investigao que durou dois anos,

    que Allan Kardec convenceu-se da veracidade dos

    4 In O Livro dos Mdiuns. Folha de Rosto.

  • 37

    fenmenos e viu na mediunidade o meio consistente de

    explic-los.

    Em seus estudos, metodicamente catalogou e

    separou os fenmenos denominados de manifestaes

    inteligentes, aqueles nos quais os espritos recorriam a

    smbolos para estabelecer a comunicao, como uma

    batida que representava o sim e duas o no e os

    interrogatrios sucessivos onde obtinha as respostas

    corretas.

    O Livro dos Mdiuns portanto um estudo

    analtico das formas de comunicao estabelecida entre o

    mundo fsico e o espiritual. Contm a teoria sobre todos

    os gneros de manifestaes, os meios de comunicao

    dos Espritos com o mundo material, o desenvolvimento

    da mediunidade bem como os obstculos na prtica

    medinica.

    O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO

    Obra que apresenta carter de religiosidade, onde

    so examinadas as parbolas de Jesus e as passagens mais

    significativas do Novo Testamento em seu contedo

  • 38

    moral. Trata tambm de questes relacionadas prece e

    caridade.

    Nele encontramos de forma didtica, os relatos

    dos Evangelhos cannicos, divididos em cinco partes, os

    milagres, os atos da vida de Jesus, as predies, anlise

    sobre os dogmas e tambm um estudo sobre o

    cristianismo e espiritismo a partir dos filsofos

    considerados precursores, Scrates e Plato.

    Um estudo sobre as mximas de Jesus luz do

    Espiritismo e sua aplicao prtica na vida. Rene, sem

    distino religiosa, a parte moral do Evangelho cristo.

    Sendo classificado por alguns como uma Bblia

    Esprita, o Evangelho o empenho dos Espritos em nos

    mostrar os princpios ticos-morais que regem o

    universo.

    O CU E O INFERNO

    Ou A Justia Divina Segundo o Espiritismo,

    divide-se em duas partes e nele encontramos um

    minucioso exame sobre a passagem do mundo fsico ao

    mundo espiritual, as recompensas e penas futuras, os

  • 39

    anjos e demnios com exemplos sobre a situao do

    homem aps a morte do corpo.

    Primeira parte: Kardec faz um exame crtico

    procurando apontar as contradies filosficas e

    incoerncias destas com a cincia, superveis, segundo

    ele, a partir da f raciocinada.

    Os vrios temas que se sucedem so: as Causas e

    o Temor da Morte, o Cu e o Inferno, o Inferno Cristo

    imitado do Pago, os Limbos, Quadro do Inferno Cristo,

    Purgatrio, Penas Eternas, Cdigo Penal da Vida Futura,

    os Anjos Segundo a Igreja e o Espiritismo e outros temas

    relacionados com a origem e a crena nos demnios de

    acordo com a Igreja e o Espiritismo, a interveno dos

    demnios nas manifestaes e a proibio de invocar os

    mortos.

    A segunda parte dedicada ao Passamento, ou

    seja, ao processo da morte.

    Encontramos os dilogos estabelecidos entre

    Allan Kardec e os diversos espritos que narram as

    impresses da vida no alm, como procedeu o desencarne

    de acordo com o tipo de crater de cada um.

    Allan Kardec reuniu casos reais para demonstrar

    a situao da alma durante e aps a morte do corpo o que

    nos d condies de compreender os mecanismos da Lei

  • 40

    de Causa e Efeitos, percebendo o seu perfeito equilibrio

    com as Leis Divinas. So casos de espritos felizes e

    infelizes, em condies de evoluo medianas, suicidas,

    sofredores, espritos endurecidos e criminosos.

    Todo o conhecimento sobre os meandros atravs

    do qual se processa a Justia Divina encontra-se em O

    Cu e o Inferno, neste se pode ver de perto a atuao da

    mxima A cada um segundo as suas obras.

    A GNESE

    A doutrina esprita h resultado do ensino coletivo e

    concordante dos espritos. A cincia chamada a

    constituir a Gnese de acordo com as leis da natureza.

    Deus prova a sua grandeza e seu poder pela

    imutabilidade das suas leis e no pela ab-rogao delas.

    Para Deus, o passado e o futuro so o presente. 5

    A Gnese ou Os Milagres e as Predies Segundo

    o Espiritismo publicado um ano antes da morte de

    Kardec e aborda questes diversas de ordem cientfica e

    filosfica como A Criao do Universo, a Formao dos

    5 Epgrafe de A Gnese.

  • 41

    Mundos, o Surgimento do Esprito segundo o Paradigma

    Esprita de compreenso da realidade.

    Os milagres so estudados como fenmenos

    naturais, cujos mecanismos ainda so desconhecidos pela

    cincia; os feitos singulares relacionados vida de Jesus

    Cristo so explicados da forma mais prxima da

    realidade. a interpretao do Antigo e do Novo

    Testamento segundo o Espiritismo.

    A Gnese nos mostra passo-a-passo o processo

    fsico e espiritual de criao da Terra, dos planetas e

    astros que fazem parte do Universo de acordo com a

    viso da Cincia do perodo em que a mesma foi escrita.

  • PARTE III

  • 45

    OS PRINCPIOS DA DOUTRINA ESPRITA

    Em Obras Pstumas, encontramos a proposta de

    que o Espiritismo seja uma doutrina natural, passvel de

    ser interpretada ou no como religio capaz de colocar o

    homem ou o esprito em relao direta com Deus. Logo,

    est na natureza os seus princpios nas religies crists, j

    que todos crem em Deus e na existncia de alguma

    forma de vida espiritual.

    Atravs dos Princpios, o Espiritismo lana uma

    luz sobre os questionamentos do homem dando uma

    fundamentao lgica para as suas crenas, mostrando a

    realidade presente neste acreditar. Esses Princpios foram

    ditados pelos Espritos e fazem parte da composio da

    Codificao. So para serem compreendidos e aplicados

    pelo homem, em seu processo de auto-educao.

    Os Princpios do Espiritismo constituem os

    pilares sobre os quais a Doutrina foi fundada. So os

    norteadores, ou seja, os seus objetos de estudo, na qual

    est fundamentada.

    Embora no haja uma definio especfica, os

    princpios se constituem de cinco pontos, embora muitos

  • 46

    digam que so sete, outros dez e j h os que dizem ser

    quinze. Mas os estudos de Espiritismo definem apenas

    cinco: Existncia de Deus, A Existncia e a

    Sobrevivncia do Esprito, A Reencarnao, A

    pluralidade dos mundos habitados, A comunicabilidade

    dos Espritos.

    EXISTNCIA DE DEUS:

    O captulo I de O Livro dos Espritos todo

    dedicado ao estudo de Deus. Isto significa que o

    Espiritismo tem em sua base a idia de um Ser Supremo,

    e que tem na sua existncia o seu princpio basilar.

    A partir de questionamentos simples sobre a

    Natureza ntima de Deus, busca a prova de sua existncia

    no Universo, concluindo que se existe um autor para a

    harmonia da vida universal certamente Deus.

    Deus a Causa Primeira de todas as coisas, nico,

    imaterial.

  • 47

    A EXISTNCIA E A SOBREVIVNCIA DO ESPRITO:

    O Espiritismo nos mostra que os Espritos so os

    seres inteligentes da criao e que povoam o Universo

    fora do mundo fsico.

    No Espiritismo portanto, a palavra Esprito

    designa precisamente ns, seres humanos, aps o

    falecimento do corpo fsico, quando nos tornamos seres

    extra corpreos.

    Sendo os Espritos os seres inteligentes da

    criao, que povoam o Universo, fora do mundo

    material, enquanto no mundo material, encarnados, so

    designados por alma e esta volta a ser Esprito quando

    ocorre o processo de desencarnao.

    Como so imortais, os Espritos conservam sua

    individualidade aps a morte do corpo.

    REENCARNAO:

    Aps um perodo no plano espiritual, o Esprito

    volta ao mundo fsico em um novo corpo, trazendo

    consigo o seu passado, seja ele bom ou no. Retorna

  • 48

    Terra para dar prosseguimento ao processo evolutivo,

    muitos em misses e a grande maioria para ressarcir

    dbitos e conquistar novas capacidades que lhe ajudaro

    a evoluir.

    A lei das vidas sucessivas explica o princpio da

    imortalidade, pois, no teria lgica que o Esprito, que

    destinado perfeio, pudesse progredir em uma s

    existncia no corpo fsico.

    A reencarnao a condio necessria para a

    educao ou reeducao do Esprito. a partir de seus

    prprios esforos e tambm de seus sofrimentos que ele

    poder sair do estado de ignorncia e inferioridade e

    progredir. Ela portanto, fundamental para a evoluo.

    PLURALIDADE DOS MUNDOS HABITADOS:

    Apesar de no confirmado pela Cincia oficial, a

    Doutrina Esprita cr que pode haver outros mundos

    habitados, alm da Terra, no Universo. Deus povoou os

    mundos de seres vivos e todos concorrem a um nico

    objetivo, a Evoluo.

    Acreditar que s o Planeta no qual vivemos seja

    habitado duvidar da sabedoria Divina, porque se assim

  • 49

    o fosse, os outros planetas estariam relegados

    inutilidade.

    Nos outros mundos por certo h um destino, que

    ainda no palpvel ao nosso entendimento, mas por

    certo, estes mundos no esto pululando o Universo

    apenas como forma de deix-lo mais bonito aos nossos

    olhos.

    Deus no criaria tantos mundos e deixar para a

    Terra o privilgio de ser habitada, quando h milhes de

    mundos semelhantes a ela.

    COMUNICABILIDADE DOS ESPRITOS:

    A mediunidade o veculo de comunicao dos

    Espritos com o plano fsico. Todos possumos, em maior

    ou menor grau a mediunidade, logo, todo aquele que

    sente a influncia de algum Esprito, mesmo que no

    tenha trabalhado o desenvolvimento das faculdades

    medinicas, um mdium.

    uma faculdade inerente ao homem, e no um

    privilgio exclusivo. Mas, apenas os que possuem uma

    faculdade cujos efeitos so patentes, intensos, tm uma

    organizao medinica mais ou menos sensitiva da qual

  • 50

    se servem os desencarnados para comunicar-se com o

    mundo material.

  • PARTE IV

  • 53

    AS REVELAES

    Revelar, vem do latim, "revelare", que significa,

    tirar o vu, ou como se diz comumente, descobrir, dar a

    conhecer uma coisa secreta ou desconhecida.

    Toda revelao tem como caractersitca ser uma

    verdade. Revelar um segredo por exemplo tornar um

    fato ou acontecimento conhecido; se ele for falso, deixa

    de ser um fato, logo, no existe revelao.

    No mbito da religio, a revelao relaciona-se s

    coisas espirituais que o homem no tem condies de

    descobrir atravs do intelecto ou mesmo dos sentidos, e

    sendo assim, esse conhecimento dado atravs dos

    mensageiros de Deus, de modo direto, ou pela

    inspirao.

    Assim, a revelao feita a pessoas prepapradas e

    conhecidas pelo nome de profetas ou messias.

    Todas as religies tiveram seus profetas, e estes,

    apesar de no conhecer toda a verdade, eram apropriados

    providncia, ao tempo e ao meio em que viviam e por

    isso mesmo eram considerados, naquele momento, como

    seres superiores.

  • 54

    O Espiritismo nos aponta que foram trs as

    revelaes de Deus para os homens: a primeira estava

    representada por Moiss; a segunda por Jesus; a terceira

    e ltima pelo Espiritismo.

    PRIMEIRA REVELAO: MOISS

    O profeta Moiss revela aos homens a existncia

    de um Deus nico e soberano, Senhor e orientador de

    todas as coisas; promulgou a lei do Sinai, lanou as

    bases da verdadeira f. Foi o legislador do povo pelo qual

    essa f primitiva, haveria de se purificar e espalhar-se por

    sobre a Terra.

    Examinando-se os seus atos enrgicos de

    homem, h a considerar as caractersticas da

    poca em que se verificou a grande tarefa do

    missionrio hebreu, legtimo emissrio do

    plano superior, para entregar ao mundo

    terrestre a grande e sublime mensagem da

    primeira revelao. [EMMANUEL 2008. p. 92]

  • 55

    A LEI MOSAICA

    A Lei Mosaica que introduz a crena em um

    nico Deus encontra-se dividida em duas partes: a Lei de

    Deus, promulgada no Monte Sinai que recebe o nome de

    Dez Mandamentos e invarivel e a Lei Civil,

    disciplinar, estabelecida por Moiss, apropriada aos

    costumes e ao carter do povo, sujeita a modificaes.

    A Lei de Deus de todos os tempos, de todas as

    pessoas e lugares. A Lei Civil foi criada por Moiss como

    forma de controlar o povo, que naquele tempo era rebelde

    e indisciplinado, atravs da imposio do medo, como

    forma de conter os abusos e preconceitos adquiridos

    durante o tempo em que foram escravos no Egito.

    Moiss recebe a Lei, precursora do Evangelho de

    Jesus, mediunicamente, no Monte Sinai. O esprito Andr

    Luiz faz uma anlise significativa a respeito dos Dez

    Mandamentos no sentido da influncia sobre os povos

    antes da vinda do Cristo.

    ao mesmo tempo um cdigo de conduta social

    e espiritual. Uma preparao para a chegada de Jesus e os

    Evangelhos dando lugar ao amor, ao conhecimento, ao

    perdo como pilares para a conscientizao do homem de

  • 56

    que a vida continua alm-tmulo pois ele Esprito,

    imortal e que o nascer de novo, se faz atravs do

    processo da reencarnao, que uma ddiva de Deus a

    fim de que os homens possam melhorar-se e iluminar-se.

    O Declogo (Dez Mandamentos)

    1.Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da

    casa da servido. No ters deuses estrangeiros diante de mim.

    No fars para ti imagens de escultura, nem figura alguma de

    tudo o que h em cima no Cu, e do que h embaixo na terra,

    nem de coisa que haja nas guas, debaixo na terra. No

    andars, nem lhes dars culto.

    2.No tomars o nome do Senhor teu Deus em vo.

    3.Lembra-te de santificar o dia de sbado.

    4.Honrars a teu pai e a tua me, para teres uma dilatada vida

    sobre a Terra.

    5.No matars.

    6.No cometers adultrio.

    7.No furtars.

    8.No dirs falso testemunho contra o teu prximo.

    9.No desejars a mulher do prximo.

    10.No cobiars a casa do teu prximo, nem o seu servo, nem

    a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem outra coisa

    alguma que lhe pertena.

    Fonte: O Evangelho Segundo o Espiritismo cap. 1

  • 57

    SEGUNDA REVELAO: JESUS

    A segunda revelao da Lei de Deus Jesus

    Cristo. Este, ao contrrio de Moiss que passou a noo

    de um Deus o qual todos deviam temer, revelou que Deus

    soberanamente bom, justo, misericordioso e todo amor.

    Com o Cristo aprendemos que a verdadeira ptria

    no a deste mundo, mas sim no Reino Celestial, onde

    todo aquele que for humilde e bom de corao ter um

    lugar.

    Cristo nos ensinou a necessidade do perdo e da

    caridade para que tambm possamos fazer jus a sermos

    perdoados e a que exeram a caridade para conosco,

    ensinou que retribuamos o mal com o bem.

    Ensinava atravs de parbolas pois o povo da

    poca ainda no tinha condies de compreender

    completamente a sua misso e foi o Cristo quem

    anunciou a vinda do Esprito de Verdade, aquele que

    explicaria todas as coisas.

    Jesus era um emissrio, um representante de

    Deus junto aos que necessitavam entender o amor e a

    sabedoria divina. Diretor espiritual do planeta Terra,

    acompanhou o seu processo de formao e o surgimento

  • 58

    da vida no planeta e vem acompanhando todos os

    espritos que nela se vinculam.

    De acordo com Emmanuel, Jesus no foi um

    simples filosfo, h que se levar em conta seus atributos

    divinos e sua hierarquia. Apenas uma nica vez possuiu

    um corpo carnal e como bem nos diz Allan Kardec,

    tornou-se o modelo e guia para a humanidade.

    Encontramos a sua mensagem nos evangelhos de

    Mateus, Marcos, Joo e Lucas, nas Epstolas apostlicas,

    nos Atos dos Apostlos e no Apocalipse de Joo.

    Quando analisa-se de modo crtico e sem paixes

    os Evangelhos e as Epstolas apostlicas, possivel

    encontrar passagens que no encontram justificativas na

    lucidez, como por exemplo a questo da tentao que

    Jesus sofre no deserto, pois um Esprito elevado como

    Jesus tem recursos para lidar com essas situaes sem

    deixar-se envolver por ela. H outras questes ilgicas

    assim como muitas palavras colocadas como sendo de

    Jesus que contradizem os seus princpios de amor e

    caridade.

    Jesus no deixou nada escrito. Acredita-se que

    muita coisa surgiu aps a sua morte, mesmo porque

    alguns apstolos, como Lucas, Marcos e Paulo no o

    conheceram e aquilo que eles escreveram est baseado

  • 59

    em informaes que obtiveram com outras pessoas, como

    no caso de Lucas que procurou Maria e os demais

    apostlos.

    Os Evangelistas estavam preocupados em

    comprovar a existncia de Jesus, ou melhor, provar que

    Ele era verdadeiramente o Messias que os judeus

    esperavam. Logo, algumas informaes foram inseridas

    para dar comprovao ao que queriam.

    Estudiosos acreditam que algumas passagens da

    vida de Cristo no ocorreram, estas so informaes

    realmente acrescentadas para provar que Jesus era de fato

    o Enviado de Jeov. Entre as passagens que teriam sido

    introduzidas, esto, alm da ocorrrncia da tentao no

    deserto, a viagem ao Egito e o prprio nascimento do

    Cristo em Belm.

    Para alm dessas, ainda se conta as alteraes

    feitas posteriormente pela Igreja Catlicas para justificar

    alguns sacramentos e dogmas e para sedimentar prticas

    religiosas.

  • 60

    TERCEIRA REVELAO: O ESPIRITISMO

    "Se me amais, guardai os meus

    mandamentos. E eu rogarei ao Pai e Ele vos

    dar outro Consolador, para que fique

    eternamente convosco, o Esprito da Verdade,

    a quem o mundo no pode receber, porque

    no o v, nem o conhece. Mas vs o

    conhecereis, porque ele ficar convosco e

    estar em vs. - Mas o Consolador, a quem o

    Pai enviar em meu nome, vos ensinar todas

    as coisas, e vos far lembrar de tudo o que

    vos tenho dito."

    [JOO, v. 15, 16, 17, 26]6

    Conforme anunciado por Joo, eis que surge o

    Consolador prometido por Jesus: o Espiritismo.

    Assim como Jesus, o Espiritismo tambm no

    veio destruir a lei mosaica e nem a crist, mas sim

    completar, desenvolver os ensinamentos anteriores.

    O Espiritismo define os laos que unem a alma e

    o corpo, nos d a noo da vida futura, nos aponta para a

    6 O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. VI, item 3.

  • 61

    existncia do mundo espiritual e desvenda os mistrios

    do nascimento e da morte.

    Atravs dele percebemos como atuam a Lei do

    Progresso no processo de reencarnao at que o esprito

    atinja a perfeio. Entendemos o mecanismo da Lei de

    Causa e Efeito e o Livre-Arbtrio, pois percebemos que

    todos tm as mesmas oportunidades para progredir e que

    o sofrimento no eterno, se assim o fosse, seria

    controverso Lei de Deus. O Espiritismo ensina que

    todos temos oportunidades para resgatar as faltas e que

    pagamos por nossas prprias aes.

    Pelo Espiritismo entendemos as diferenas da

    vida como a desigualdade social, o porque uns nascem

    doentes ou assim ficam enquanto outros so sadios, o

    porque das mortes prematuras, os divesos nveis da

    intelectualidade e tambm da aparente falta dela, os laos

    de famlia e tambm a inutilidade dos preconceitos e

    discriminaes.

    Lega-nos a certeza da sobrevivncia aps morte

    do corpo fsico, demonstrando que temos um corpo

    espiritual, um invlucro fludico inseparvel da alma e

    um dos elementos que constituem o nosso corpo fsico.

    Demonstra que podemos progredir intelectual e

    moralmente.

  • 62

    Estudando as propriedades dos fluidos e do

    perisprito nos mostra que no existe o sobrenatural, mas

    que para tudo h uma explicao lcida.

    Confirma e explica os ensinamentos do Cristo.

    Elucida os pontos obscuros de sua passagem sobre a

    Terra. O Espiritismo no um sistema preconcebido, mas

    sim um princpio que vem ao conhecimento da

    humanidade aps uma rdua pesquisa, passando pelo

    crivo da razo em torno da comprovao de seus fatos.

    O Espiritismo nos ensina a exercitar a

    fraternidade e o amor, e todos os espritos, elevados ou

    no, deram sua parcela de contirbuio para a sua

    edificao.

    uma Doutrina progressiva que vem ao mundo

    junto com o desenvolvimento das Cincias e o progresso

    social. Mostra aos homens que eles mesmos podem

    deduzir sobre o caminho que desejam seguir e que o

    nico responsvel por suas escolhas.

    Autorizados por Deus, espritos diversos

    manifestaram-se em vrias partes do planeta a fim de que

    o Codificador Allan Kardec tivesse condies de

    comprovar a veracidade das mensagens recebidas, bem

    como comprovar a sobrevincia da alma em um plano

  • 63

    invisvel, ainda demonstrando que no viramos sbios ou

    anjos pelo simples fato de morrer.

    A proposta da Doutrina Esprita revelar tudo o

    que Jesus no pde dizer ao passar pela Terra, devido

    pouca maturidade espiritual do povo da poca.

    O Carter da Revelao Esprita

    [] No sentido especial da f religiosa, a

    revelao se diz mais particularmente das coisas

    espirituais que o homem no pode descobrir por

    meio da inteligncia, nem com o auxlio dos

    sentidos e cujo conhecimento lhe do Deus ou seus

    mensageiros, quer por meio da palavra direta, quer

    pela inspirao. Neste caso, a revelao sempre

    feita a homens predispostos, designados sob o

    nome de profetas ou messias, isto , enviados ou

    missionrios, incumbidos de transmiti-la aos

    homens.

    Considerada debaixo deste ponto de vista, a

    revelao implica a passividade absoluta e aceita

    sem verificao, sem exame, nem discusso [].

    Todas as religies tiveram seus reveladores e

    estes, embora longe estivessem de conhecer toda a

    verdade, tinham uma razo de ser providencial,

  • 64

    porque eram apropriados ao tempo e ao meio em

    que viviam, ao carter particular dos povos a quem

    falavam e aos quais eram relativamente

    superiores.

    [] O carter essencial da revelao divina o

    da eterna verdade. Toda revelao eivada de erros

    ou sujeita a modificao no pode emanar de

    Deus.

    [] Por sua natureza, a revelao esprita tem

    duplo carter: participa ao mesmo tempo da

    revelao divina e da revelao cientfica. []

    [] "O que caracteriza a revelao esprita o de

    ser divina a sua origem e da iniciativa dos

    Espritos, sendo a sua elaborao fruto do trabalho

    do homem". []

    [KARDEC, A Gnese, Cap. 1]

    Se consultarmos o dicionrio veremos que a

    palavra carter, de origem grega, relaciona-se ao

    conjunto de disposies psicolgicas e comportamentais

    do indivduo. Concretamente falando, a sua

    personalidade; mas tambm est relacionada vontade,

    honestidade, coerncia. Sendo assim, na relao com o

  • 65

    Espiritismo, o seu carter, relaciona-se sua

    autenticidade.

    O Espiritismo tem um carter divino, vem direto

    de Deus atravs de seus emissrios, logo, no

    totalmente humano pois no foi revelado apenas pelo

    homem.

    Em um processo religioso costuma-se dizer que a

    revelao o ato pelo qual Deus d a conhecer aos

    homens os seus desgnios de salvao.

    Neste sentido, a revelao esprita apresenta

    caractersiticas peculiares:

    ESTRUTURAO COLETIVA

    A primeira revelao estava personificada em

    Moiss, a segunda em Jesus Cristo e a terceira, o

    Espiritismo, no se personifica em indivduo algum,

    uma revelao coletiva, vem dos Espritos e no de

    apenas uma pessoa especificamente.

    No h privilgios em sentido particular na

    revelao do Espiritismo, no h um profeta e foi

    disseminada simultaneamente sobre a Terra a todas as

  • 66

    pessoas que a quisessem conhecer independente de sexo

    e condio cultural ou mesmo social.

    Como nos diz Kardec, as duas primeiras so fruto

    de um ensino pessoal, localizaram-se em um s lugar e a

    idia espalhou-se aos poucos, sendo porm necessrio

    muitos sculos para que o mundo as conhecesse. A

    Doutrina Esprita entretanto espalhou-se pelo planeta e

    lugares diferentes tornaram-se o centro de sua

    propagao, alm de no ser individual.

    ORIGEM HUMANA E ESPIRITUAL

    O Espiritismo surge em um perodo em que o

    homem est mais maduro e emancipado espiritualmente.

    Nesse sentido, a Cincia j dava os primeiros passos na

    aplicao do mtodo terico-experimental. Sua

    inteligncia j desenvolvida e por isso mesmo mais apto a

    receber as mudanas. Nessa fase, o homem j no age

    mais cegamente mas questiona, investiga, quer descobrir

    os porqus, onde ele pode chegar, o que so as coisas

    novas que surgem e at que ponto elas podem lhes ser

    teis.

  • 67

    As novidades que se introduzem no sculo XIX

    so fruto do trabalho do homem, do seu aprendizado e da

    sua nsia pelo progresso.

    Como queriam aprender mais para progredir, os

    Espritos se propem a ensinar aquilo que seja pertinente

    para gui-lo no caminho da verdade, mas no revelam

    aquilo que o homem poder descobrir por si mesmo.

    Cabe portanto ao prprio homem investigar, verificar,

    observar, experimentar luz da razo aquilo que lhe for

    dado descobrir. Os Espritos fornecem-lhes os meios, os

    homens pem a mo na massa.

    A funo do Espiritismo era fazer o elo, a ligao

    entre o mundo material e o mundo espiritual, e chegando

    em um momento em que o homem cientificamente est

    mais adiantado que teve condies de no fracassar, o

    que ocorreria se tivesse aparecido anteriormente j que os

    homens ainda no estavam suficientemente preparados

    para entend-lo.

    O Espiritismo possui uma dupla origem: a

    espiritual, visto que sua estrutura doutrinria foi

    concebida pelos Espritos Superiores, logo uma revelao

    de carter divina, pois estes so emissrios de Deus

    preparados para esta misso e tambm possui uma

    origem humana pois foi codificado graas ao trabalho em

  • 68

    conjunto de vrios mdiuns e permanece sendo

    trabalhado e aperfeioado por todos os que a ele se

    dedicam.

    CARTER PROGRESSIVO

    A Doutrina Esprita apoia-se em fatos, logo, tem

    carter progressivo assim como todas as cincias de

    observao.

    Alia-se Cincia, expe as leis da natureza com

    relao a certa ordem dos fatos, comprovando que no

    contrria Lei de Deus.

    No d nenhum princpio como absoluto,

    relaciona-se ao que se encontra demonstrado, fruto de

    uma observao lgica.

    O Espiritismo tambm se liga com a economia

    social dando apoio s suas descobertas e assimilando as

    outras doutrinas progressivas, desde que estas tenham um

    carter de verdade prtica.

    No cap. 1 de A Gnese, no item 55, Allan

    Kardec nos diz que o Espiritismo caminha junto com o

    progresso e quando novas descobertas encontrarem nele

    um erro, o Espiritismo se modificar nesse ponto, caso

  • 69

    uma nova verdade revele-se, o Espiritismo est pronto

    para aceit-la.

    "[] a religio, que ter que congregar um

    dia todos os homens sob o mesmo estandarte,

    ser a que melhor satisfaa razo e s legti-

    mas aspiraes do corao e do esprito; que

    no seja em nenhum ponto desmentida pela

    cincia positiva; que, em vez de se

    imobilizar, acompanhe a Humanidade em sua

    marcha progressiva, sem nunca deixar que a

    ultrapasse; []"

    [KARDEC, A Gnese -cap XVII, it 32]

    A Doutrina Esprita Universal, revelada de

    modo concomitante em vrias partes da Terra, analisada e

    organizada a partir de comparaes e disposio do

    material investigado dentro de uma ordem lgica,

    racional.

  • PARTE V

  • 73

    O TRPLICE ASPECTO

    O Espiritismo uma cincia que trata da

    natureza, origem e destino dos Espritos, bem como de

    suas relaes com o mundo corporal." [O que o

    Espiritismo Prembulo]

    "O Espiritismo ao mesmo tempo Cincia de

    observao e uma Doutrina Filosfica. Como cincia

    prtica, ele consiste nas relaes que se estabelecem

    entre ns e os espritos; como Filosofia, compreende

    todas as conseqncias morais que dimanam dessas

    relaes. [O que o Espiritismo - Prembulo].

    Analisando as palavras de Kardec, conclui-se

    que o Espiritismo possui trs aspectos que se

    completam:

    CINCIA

    Comprova a existncia da alma e portanto, sua

    imortalidade atravs do intercmbio medinico, bem

    como estuda esse fenmeno e suas consequncias na

  • 74

    vida das pessoas, as caractersticas do Esprito, sua

    origem, sua natureza e seu destino.

    Enquanto Cincia, ocupa-se dos fenmenos

    espritas, ou seja, os fenmenos produzidos pelos

    Espritos. Assim como a Cincia padro, tambm

    experimental, mas no se delonga ou se perde em

    hipteses pois os fenmenos no se repetem e nem

    tampouco esto sujeitos a ser reproduzidos em

    laboratrios.

    O Espiritismo utiliza o mtodo analtico e

    indutivo para analisar os fenmenos. Tem assim por

    objetivo estudar a vida do Esprito, sua sobrevivncia

    aps a morte do corpo e seu retorno atravs da

    reencarnao.

    Estuda a influncia da mente sobre o corpo

    admitindo que essa influncia passvel a ocorrer

    quando o esprito retorna ao mundo material, desde que

    se tenha um elemento de natureza intermediria entre os

    dois mundos. Investiga o perisprito e seu papel como

    intermedirio entre o corpo fsico e o Esprito.

    A Cincia Esprita tem como finalidade

    comprovar a realidade do esprito.

  • 75

    " [] O Espiritismo e a Cincia se

    completam reciprocamente; a Cincia, sem

    o Espiritismo, se acha na impossibilidade de

    explicar certos fenmenos s pelas leis da

    matria; ao Espiritismo, sem a Cincia,

    faltariam apoio e comprovao. []

    [KARDEC, A Gnese, p. 19]

    Kardec desenvolve esse aspecto nas obras A

    Gnese e O Livro dos Mdiuns.

    FILOSOFIA

    Anlise da natureza humana e dos

    questionamentos da vida: como, porque, de onde

    vim para onde vou eis o aspecto filosfico do

    Espiritismo, estudar a finalidade da vida e o destino da

    alma.

    Atravs de um pensamento lgico de que

    fomos criados simples e ignorantes, no sentido de que

    ao sermos criados ainda no tnhamos conhecimento e

    nem mesmo adiantamento moral, e que foi atravs do

    processo reencarnatrio que adquirimos experincia e

    maturidade para nos identificarmos com o Criador,

  • 76

    atravs do exame dos seus atributos e suas relaes com

    o homem.

    Em O Livro dos Espritos encontra-se o

    enfoque ao aspecto filosfico.

    MORAL

    Muitos atribuem a este aspecto a religiosidade,

    tanto assim, que no Brasil ao se estudar o trplice

    aspecto da doutrina este nomeado como o aspecto

    religioso apesar de sabermos que religio, em seu

    conceito tradicional est ligada a rituais, organizao

    sacerdotal, crenas e dogmas.

    O Espiritismo no tem aparatos ritualisticos e

    nem tampouco de iniciao. Prega a f raciocinada e a

    caridade.

    Estimula o homem prtica do bem, da

    humildade, do altrusmo, do trabalho em benefcio do

    prximo.

    Preocupa-se com as consequncias morais da

    Cincia e da Filosofia, buscando nos ensinamentos de

    Jesus os valores para nortear a vida do homem.

  • 77

    O Espiritismo no uma religio no sentido

    usual desta palavra, mas sim, no sentido etimolgico de

    seu termo religare elemento que liga o homem a

    Deus. Nesse aspecto apresenta-se a grandeza do Criador

    que atravs do Evangelho de Jesus, renova as energias

    do homem e o faz entrever seu futuro espiritual.

    O aspecto moral preocupa-se com a vida do

    homem e suas atitudes, busca faz-lo perceber sua

    ligao com o Criador e identificar-se com Ele atravs

    de aes dignas, fraternas e corretas.

    No contm cultos insitudos, nem imagens, ou

    mesmo mitos e rituais, paramentos, crendices e

    sacerdotes remunerados.

    O aspecto moral foi desenvolvido por Allan

    Kardec nos livros O Evangelho Segundo o Espiritsmo e

    O Cu e o Inferno.

  • 78

    CONCLUSO

    O Espiritismo leva o homem ao conhecimento

    de si mesmo. Esse autoconhecimento faz com que

    perceba suas potencialidades e amplie o seu mundo

    interior transformando o seu eu velho arraigado aos

    vcios e ao egosmo, em um homem novo que se

    mobilize na construo de um mundo melhor onde os

    valores cristos estejam em seus planos para a vida.

    A paz almejada vir com a promoo da

    reforma ntima, j que esta um estado de esprito.

    medida que compreenda que necessita reformar-se, ter

    o ntido entendimento de como promover a paz social e

    as modificaes que a sociedade necessita e saber o

    que ser um cidado. A transformao moral se dar

    quando o homem comear as mudanas por si mesmo.

    A Doutrina Esprita tem as respostas que

    precisamos para as questes materiais e espirituais.

    Allan Kardec no hesitou ao dizer que seria prefervel

    rejeitar 99 verdades a aceitar uma mentira que levasse o

    Espiritismo ao descrdito, portanto, ela nos d o roteiro

    para que possamos nos equilibrar e alcanar a perfeio.

  • 79

    O Espiritismo traz as bases para a educao e

    transformao do homem atravs do amor e da prtica

    da caridade. Nos revela conceitos novos e profundos

    sobre o Criador e sobre a imortalidade da alma, nos

    ensinando de onde viemos, para onde vamos e o porque

    de existirmos em um corpo fsico.

    O Espiritismo no impe seus princpios e toda

    a prtica gratuita. Todos os que quiserem conhecer a

    Doutrina Esprita so conclamados para analis-lo luz

    da razo antes de aceit-lo.

    Independente da religio, todos em maior ou

    menor grau so portadores da mediunidade, instrumento

    que permite a comunicao com os chamados mortos.

    A mediunidade deve ser exercida de acordo com

    os parmetros da moral crist do Espiritismo.

    Assim como o Cristo que no veio destruir a

    Lei, o Espiritismo tambm no veio para denegrir

    nenhuma seita ou religio. Valoriza todos ao que se

    esforam pela prtica do bem reconhecendo que o

    verdadeiro homem aquele que procura cumprir os

    princpios da justia, do amor e da caridade; aqueles que

    buscam promover a paz no seio das sociedades.

    O estudo das obras bsicas de fundamental

    importncia para se conhecer o Espiritismo.

  • __ __

    Nascer, morrer, renascer ainda e

    progredir sempre, tal a lei.

    __ __

  • 81

    BIBLIOGRAFIA

    CARNEIRO, Victor Dias. ABC do Espiritismo. 5 Ed.

    Federao Esprita do Paran: Curitiba. 1996.

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    Federao Esprita Brasileira: Braslia. 1971.

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    Pensamento. So Paulo. 2004.

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    Ed. Federao Esprita Brasileira: Braslia. 1995.

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    Espiritismo.112 Ed. Trad. Guillon Ribeiro. Braslia:

    Federao Esprita Brasileira. 1996.

    ______________. Obras Pstumas. 15 Ed. Trad.

    Guillon Ribeiro. Braslia: Federao Esprita Brasileira.

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    _____________. O Livro dos Espritos. 76 Ed. Trad.

    Guillon Ribeiro. Braslia: Federao Esprita Brasileira.

    1995.

    _____________. O Livro dos Mdiuns. 62 Ed. Trad.

    Trad. Guillon Ribeiro. Braslia: Federao Esprita

    Brasileira. 1996.

  • 82

    _____________. O Que o Espiritismo. 28 Ed. Trad.

    Salvador Gentile. Instituto de Difuso Esprita: So

    Paulo. 1993.

    NOVAES, Adenauer. Conhecendo o Espiritismo. 1 Ed.

    Fundao Lar Harmonia: Salvador.1998.

    WANTUIL, Zeus e THIESEN, Francisco. Allan Kardec.

    Vols I, II e III. Federao Esprita Brasileira: Braslia.

    2004.

    XAVIER, Francisco Cndido/VIEIRA, Waldo e LUIZ,

    Andr (Esprito). Evoluo em Dois Mundos. 22 Ed.

    Federao Esprita Brasileira: Braslia. 2004.

    XAVIER, Francisco Cndido e EMMANUEL (Esprito).

    A Caminho da Luz. 22 Ed. Federao Esprita Brasileira:

    Brasilia. 1996.

    ________________________. O Consolador. 21 Ed.

    Braslia: Federao Esprita Brasileira. 1999.

  • 83

    SUMRIO

    Apontamentos para o Estudo da Doutrina

    Esprita

    Parte I

    Contexto no qual surgiu o Espiritismo

    Os precursores de Allan Kardec e o advento

    do Espiritismo

    Parte II

    Sntese das Obras Bsicas

    - O Livro dos Espritos

    - O Livro dos Mdiuns

    - O Evangelho Segundo o Espiritismo

    - O Cu e o Inferno

    - A Gnese

    Parte III

    Os Princpios da Doutrina Esprita

    - Existncia de Deus

    - A Existncia e a Sobrevivncia do

    Esprito

    - Reencarnao

    - Pluralidade dos Mundos Habitados

  • 84

    - Comunicabilidade dos Espritos

    Parte IV

    As Revelaes

    - Primeira Revelao

    - Segunda Revelao

    - Terceira Revelao

    Parte V

    O Trplice Aspecto

    - Cincia

    - Filosofia

    - Moral

    Concluso

    Bibliografia