Apostila Acidentes de Trabalho

Embed Size (px)

Citation preview

ACIDENTES DE TRABALHOA evoluo da segurana do trabalho

A evoluo da espcie humana tem sido alvo de estudos constantes, onde se procura visualizar a existncia de algum vnculo entre os primatas, que surgiram h aproximadamente 50 milhes de anos, e o homo sapiens, ou seja, o homem que pensa, raciocina e hoje existe.

Esta evoluo tem passado por vrias fases, sendo as mais importantes a da prhistria, onde tivemos a idade da pedra (2 milhes e 500 mil anos a.C at 3.000 anos a.C) e a seguir, a idade dos metais que foi at o ano 1 d.C.

O Australopitecus, ancestral do homem moderno, surgiu h 2 milhes de anos, sendo considerado o marco zero da evoluo dos seres humanos, pois a partir dele tivemos o homem evoluindo para as demais fases de sua evoluo, que seria a do homo erectus (surgido h 1 milho de anos atrs, ou seja, o ser humano em p, que descobriu o uso do fogo, inclusive) e a partir da, tivemos o homem de Neanderthal, j com caractersticas humanas, surgido h 250 mil anos. Entretanto, o homem com as feies humanas atuais, o homem propriamente dito, ou seja, o homem que raciocina e pensa, denominado Homo Sapiens, espcie qual pertencemos, surgiu a cerca de 40 mil anos, somente.

No que se refere especificamente ocorrncia de acidentes do trabalho, podemos dizer que este risco sempre existiu com primatas, australopitecus, homo erectus, homem de Neanderthal e continuar existindo com o Homo sapiens, pois o acidente inerente s atividades humanas. Nos tempos antigos, o trabalho era a ida ao campo para pescar, caar, etc. Havia riscos, ao pescar, de afogamento, de contaminao com guas estagnadas, de ataques de animais que habitavam os ambientes marinhos ou ribeirinhos, etc. E havia risco, tambm, nas atividades de caa, pois sendo escassos os animais, tinham que fazer longas caminhadas para encontr-los e abat-los, sem armas, pois inexistiam na poca, e havia animais de grande porte e de alta periculosidade, a enfrentar, inclusve. Hoje, se pensarmos nos riscos que corria o Homo sapiens, h 40 anos atrs, ou o homem das diversas fases evolutivas j citadas, e se os compararmos aos riscos que corre, atualmente, o homem moderno, perceberemos que apenas mudaram as formas e os tipos de riscos, substituindo-se os animais pr-histricos (dinossauros e similares) por outros tipos de risco do cotidiano dos ambientes de trabalho de fbricas e de outros setores produtivos e de servios, em geral, dentre os quais, por exemplo, os riscos das mquinas, que comparados aos ditos animais horrendos, daquela era, possuem at igual ou maior1

potencial de risco (guindastes, gruas, empilhadeiras de grande porte, tratores, prensas, guilhotinas e outros). Trocaram-se dentes, patas, unhas, garras e outras formas de agresso, daqueles animais, por engrenagens, correias, polias, volantes, eixos e similares, to agressivos como aqueles. Os Australopitecus passaram a usar pedras 1 milho de anos a.C. como ferramentas de trabalho ou como arma, e pesquisas realizadas identificaram ferimentos (cortes e leses oculares), por elas provocados. Em outras eras, pesquisas identificaram a contaminao de seres humanos com Antrax (carbnculo) entre caadores de bises e cardadores de ls de ovelhas. H 10 mil anos a.C, na Mesopotnea, o homem neoltico iniciou as suas atividades agrcolas visando a produo de alimentos, iniciando-se a partir da a revoluo urbana, permitindo a sua convivncia em grupos mais organizados e protegidos. Ao final da idade da pedra (3.000 a.C) o homem j dominava a confeco de ferramentas de pedra, chifres, ossos e marfim e a fabricao de peas artesanais, de cermica e tecidos. D-se incio, portanto, histria das ocupaes. Os artefatos de pedra polida, gradativamente, foram sendo substitudos por ferramentas de metal. O domnio da tcnica de fundio dos metais representou um grande avano alcanado pelos seres humanos, naquele perodo. O primeiro metal utilizado pelo homem foi o cobre, e posteriormente, atravs da fuso do cobre com o estanho, foi obtido o bronze. O processo de desenvolvimento da metalurgia culminou, finalmente, com a utilizao do ferro. Entretanto, por ser o ferro um metal escasso, naquela era (idade dos metais) e mais difcil de ser fundido, s foi obtido por volta de 1200 a.C. e dominado somente por alguns povos. Eles aproveitaram o ferro para a utilizao de seus armamentos, garantindo a sua superioridade militar sobre outros povos no possuidores do domnio da metalurgia. No que trata da situao de sade destes povos primitivos, a histria se reporta, no caso especfico da sade ocupacional, nosso foco de interesse, a 370 anos a.C, quando Hipcrates ainda no diferenciava o tipo de atendimento e de tratamento dado a pessoas da comunidade e a trabalhadores, de modo geral. Entretanto, o mesmo observou em trabalhadores de minas subterrneas, alguns casos de envenenamento por chumbo e fez o registro destes casos. Os Romanos, atravs da Lex Acquilia (286 a.C), demonstraram estar preocupados com os acidentados no trabalho, geralmente, escravos. Os estudos que deram origem a esta lei mencionam a morte injusta de escravos decorrente de acidentes do trabalho e os danos causados por incndios, fraturas ou outras formas de acidentes envolvendo prejuzos a pessoas ou ao patrimnio. Lucrcio (100 a.C), naquela poca j se preocupava com a patologia do trabalho, apresentando o seguinte questionamento a respeito dos trabalhos realizados no interior de minas subterrneas: "no percebem vocs a morte, em to pouco tempo, de pessoas que ainda tinham tanta vida pela frente ?" Plnio e Galeno (Ano 1 a 100 d.C), em Roma, fizeram referncia a casos de envenenamento decorrente de trabalhos desenvolvidos em atmosferas contendo enxofre, zinco e vapores cidos. Inclusive, Plnio identificou o uso, por alguns trabalhadores, de bexigas animais, como medida de preveno para evitar a inalao de poeiras e fumos metlicos, em ambientes onde estes elementos existiam em suspenso no ar. Pode-se dizer, com isto, que2

foram os primeiros Equipamentos de Proteo Individual EPIs relatados, na histria da preveno de acidentes e doenas ocupacionais. No ano 2000 d.C, Galen, visitou uma mina de cobre, mas em seus trabalhos relacionados a sade pblica em geral no consta nenhuma aluso a possveis doenas de trabalhadores, relacionadas ao trabalho que desenvolviam, naquela poca. No perodo de 1100 a 1200 d.C os povos brbaros assimilaram dos romanos o conceito de culpa, base para tornar efetiva a responsabilidade pelo acidente do trabalho. Entretanto, aplicaram estes conceitos principalmente para atividades martimas. Em 1473, o pesquisador alemo Ulrich Elenborg estudou alguns vapores metlicos, identificando que os mesmos eram perniciosos sade humana, quando inalados. Descreveu, inclusive, sintomas de envenenamento ocupacional com chumbo e mercrio, este ltimo, envolvendo ourives. Em face disto sugeriu a adoo de medidas preventivas diversas, para os que trabalhassem em ambientes onde houvesse a presena destes vapores. Em 1500, Georgius Agrcola descreveu em seu livro De Re Mettalica como se desenvolviam as atividades no interior das minas subterrneas, ou seja, as atividades e operaes de minerao, fuso e refino de metais, tipos de doenas e de acidentes afetos a estes tipos de servios e respectivos ambientes de trabalho, sugerindo, inclusive, meios de preveno para a melhoria das condies destes locais, incluindo nestes a melhoria da ventilao das minas subterrneas. Surge a a primeira sugesto de adoo de Equipamentos de Proteo Coletiva para a soluo de problemas ocupacionais de que se tem cincia. Em 1567, Paracelso, cognominado por alguns o pai da Toxicologia e por outros o pai da Medicina Integral descreveu as doenas respiratrias afetas aos que trabalhavam em minas subterrneas, citando os riscos que corriam de envenenamento pelo mercrio metlico. Dizia ele: todas as substncias so venenosas. Entretanto, a dose que diferencia venenos de remdios. Em 1665, percebendo os empregadores que os trabalhadores necessitavam ter um tratamento especial, para inclusive melhorarem a sua produtividade e se exporem menos a risco de contrarem doenas ocupacionais, foi reduzida, na cidade de Idria, E.U.A., a jornada de trabalho dos mineiros (minas de mercrio). Entretanto, somente a partir de 1700, aconteceram avanos significativos na rea de Higiene, Segurana e Medicina do Trabalho, quando o Mdico italiano Bernadino Ramazzini produziu o livro De Morbis Artificum Diatriba cujo significado As doenas dos trabalhadores. Ali descreve cerca de 50 profisses da poca, identificando, para cada profisso citada o risco do indivduo que a exerce contrair algum tipo especfico de doena previamente esperada ocorrer em funo do tipo de atividades/operaes desenvolvidas, das condies do ambiente de trabalho, do tipo de produto manuseado, do tempo de exposio ao risco e de outros parmetros ambientais de referncia. Recomendava, inclusive, neste livro, que no contato Mdico Cliente, sempre fosse perguntado, antes, qual a sua ocupao. Pelo fato, portanto, de ter sido o primeiro pesquisador da rea de sade ocupacional que fez um trabalho de cunho cientfico reconhecido como de valor, foi cognominado de O Pai da Medicina do Trabalho, tendo seu livro se perpetuado, at o presente, constando na listagem atual de venda da Fundao Centro Nacional de Segurana e Medicina do Trabalho FUNDACENTRO, rgo do Ministrio do Trabalho. Alguns outros trabalhos tambm foram significativos, realizados por outros autores, caso da pesquisa realizada pelo Dr. Percival Lott que descreve em detalhes a ocorrncia de cncer3

ocupacional (cncer escrotal) entre os limpadores de chamins, na Inglaterra, ocasionados pela fuligem e pela falta de higiene dos mesmos. Em seu estudo comparativo com os que exercem a mesma profisso, na Alemanha, constatou que estes ltimos no eram vtimas do mencionado cncer escrotal, pois eram usurios de Equipamentos de Proteo Individual EPIs e suas roupas eram ajustadas ao corpo, caso que no acontecia com os limpadores de chamins ingleses. Isto impedia que a fuligem penetrasse pela cintura do trabalhador, atingindo o rgo escrotal, local onde se instalava a doena. Na Unio Sovitica, em 1708, Karl Max, em seu livro O Capital j advertia seu povo a respeito da problemtica do acidente do trabalho e das solues que o Governo pretendia adotar para a sua preveno e controle. Em seus comentrios, consta: "Eles mutilam o trabalhador, reduzindo-o a um fragmento de homem, rebaixam-no ao nvel do apndice de uma mquina, destroem todo resqucio de atrativo de seu trabalho e convertem-no em uma ferramenta odiada. Outro marco histrico que traduz a evoluo da Segurana do Trabalho o perodo compreendido entre 1760 a 1830, em que, na Inglaterra, ocorreu a to conhecida Revoluo Industrial. A primeira mquina de fiar surgiu nesta poca; depois vieram as primeiras fbricas de tecido, inicialmente isoladas, situadas nas proximidades de cursos dgua onde houvesse correnteza suficiente para movimentar as rodas dgua, e, posteriormente, com o advento das mquinas a vapor as fbricas puderam ter a sua instalao em qualquer local, contribuindo, significativamente, para a constituio das grandes cidades industriais, daquela poca. Entretanto, inexistiam edificaes disponveis para a instalao destas Fbricas, e para tal foram improvisados galpes, estbulos e armazns antigos. Isto tudo gerou riscos os mais diversos, sendo uma nova fonte de acidentes e doenas ocupacionais jamais presenciada, anteriormente. Nestas Fbricas trabalhavam homens, mulheres e crianas das mais variadas idades, geralmente desqualificados para o exerccio da funo que lhes era destinada. Estas crianas eram compradas no interior do pas por pessoas especialmente contratadas para tal fim. Em decorrncia disto, numerosos acidentes do trabalho aconteceram, naquela poca (1760 a 1830), tendo como agravantes adicionais a improvisao das edificaes, j citada, alm da utilizao de mquinas e equipamentos sem qualquer proteo, com engrenagens, correias, polias, volantes e eixos expostos. Outras situaes ou condies indesejveis que tambm contriburam para a ocorrncia de acidentes do trabalho, no mencionado perodo, foram a inexistncia de limite de horas de trabalho; o trabalho noturno se sobrepondo ao diurno; a iluminao precria dos ambientes de trabalho; a ventilao deficiente e o rudo elevado, dentre outros. Tudo isto favorecia, tambm, em paralelo, ocorrncia de doenas ocupacionais e ainda, em razo das pssimas condies de higiene do trabalho da poca, proliferao de doenas infecto-contagiosas entre empregados. Problemas sociais, sanitrios e de sade pblica tambm ocorreram neste perodo de 1760 a 1830, em razo da elevada concentrao industrial existente nas grandes cidades. Estas cidades no foram projetadas para receber tanta gente, ao mesmo tempo, faltando-lhes infra-estrutura de redes de abastecimento de gua e coleta de esgotos sanitrios e do lixo urbano e industrial. Surgiram, portanto, os primeiros problemas, na Inglaterra, de poluio do ar (queima do lixo urbano e industrial e ainda, fumaa das chamins das fbricas, dentre outros); de poluio da gua (industrial e urbana); poluio do solo; poluio visual e acstica (sonora), dentre outros.

4

Outro marco histrico, agora um acontecimento clebre, ocorrido na Frana, durante a Revoluo Francesa (perodo de 1789 a 1799) foi a luta pela supresso de uma srie de injustias sociais a trabalhadores. Foram estabelecidas, neste perodo, regras para a indenizao de vtimas de acidentes do trabalho. Era, at ento, negado ao empregado o direito de se escusar a prestar determinados servios que ele considerasse perigoso para si, ou para terceiros. Isto resultava em aoites, encarceramento, deteno em casas correcionais e marcao com ferro quente, nos casos de reincidncia. Em 1802, na Inglaterra, foi criada a primeira lei de proteo ao trabalho, limitando as horas de trabalho para 12 horas por dia; proibindo o trabalho noturno para menores de 18 anos; e tornando obrigatria a ventilao industrial e a lavagem das paredes da Fbrica, 2 vezes/ano. Em 1830, ainda na Inglaterra, uma indstria contratou um mdico para atendimento a seus empregados segundo os preceitos da Medicina Curativa, somente. No deixou, entretanto, de ser considerado, tambm, um marco histrico, pois foi um passo dado na direo de uma posterior Medicina Preventiva, a ser adotada, mais tarde, na Esccia, em 1842, conforme ser visto, adiante. Em 1831, na Inglaterra, Charles Thackrah, escreveu um livro sobre doenas relacionadas ao trabalho em geral e preveno de doenas ocupacionais. Isto serviu de subsdio para a redao da Legislao Ocupacional Inglesa. Neste mesmo ano, uma Comisso Parlamentar de Inqurito CPI, concluiu o seu Relatrio relativo ao estudo das condies dos ambientes de trabalho ingleses. Dizia este Relatrio, em sntese, o abaixo: Diante desta Comisso desfilou longa procisso de trabalhadores constituda de homens e mulheres, meninos e meninas. Tratava-se, em grande nmero, de pessoas abobalhadas, doentes, deformadas, analfabetas, raquticas, corcundas, mutiladas, aleijadas, velhas, sujas ou desdentadas, muitas vezes, sem mais condio de trabalhar, mas ainda trabalhando. Na verdade, eram pessoas degradadas na sua qualidade humana. Cada trabalhador, se analisado, individualmente, apresentava-se como se fosse um quadro vivo da crueldade do homem para com seus semelhantes, ou seja, um ntido exemplo de uma vida arruinada pelo exerccio do trabalho. Foi feita, ainda, uma crtica aos Legisladores, que, mesmo sendo detentores do poder, estavam, na realidade, abandonando os fracos, para beneficiar os fortes (empresrios da poca). Este Relatrio teve grande repercusso sobre a opinio pblica, levando elaborao, em 1833, da 1 Lei Trabalhista na Inglaterra (Factory Act). Em 1842, na Esccia, um novo marco histrico digno de meno. Uma indstria contratou um mdico com as seguintes atribuies: realizar exames mdicos admissionais; exames mdicos peridicos, exames de sade e alm disso promover a preveno de doenas ocupacionais e no ocupacionais. Com isto implantou-se, portanto, o primeiro servio de Medicina do Trabalho que se tem cincia, ou seja, a Medicina Preventiva Ocupacional. Nos Estados Unidos da Amrica E.U.A, em 1896, foi criada a Associao de Proteo contra Incndios dos Estados Unidos (NFPA: National Fire Protection Association). Em 1897, de volta Inglaterra, foram estabelecidas a Inspeo Mdica e a Compensao Assistencial do Estado. Isto significa que as Empresas passaram a ser fiscalizadas pelo Estado, no que trata especificamente da Higiene, Segurana do Trabalho e Sade Ocupacional. Alm disso, o Estado passou a se responsabilizar pela ateno ao trabalhador acidentado do trabalho ou doente do trabalho dando-lhe assistncia durante a fase de atendimento mdico; durante o perodo de reabilitao; ou ainda, os benefcios de lei, quando impedidos de retornarem ao trabalho, por invalidez, ou morte (penso por morte, para familiares do acidentado; aposentadoria por invalidez, etc.)5

Em 1900, nos EUA, a clebre pesquisadora americana Alice Hamilton investigou vrias ocupaes perigosas da poca. Por este motivo passou a ter grande influncia na redao das primeiras leis ocupacionais dos Estados Unidos da Amrica. Em 1943 escreveu um livro intitulado Exploring the Dangerous Trades (Estudo das Ocupaes Perigosas). De 1902 a 1911, nos E.U.A., houve a criao da Legislao Compensatria Industrial, e a criao da Legislao Compensatria Federal (EUA) e Estadual (em Washington). A partir de 1948, todos os Estados Americanos compensavam as Doenas Ocupacionais. Em 1911, nos EUA, ocorreu a Primeira Conferncia Americana sobre Doenas Industriais e em 1912, o Congresso Americano proibiu o uso do fsforo branco, na fabricao de fsforos. Em 1912 foi constituda, no Brasil, a Confederao Brasileira do Trabalho CBT com a incumbncia de promover um longo programa de reivindicaes operrias: jornada de 8 horas semanais; semana de 6 dias de trabalho; construo de casas para operrios; indenizao para acidentados do trabalho; limitao da jornada de trabalho para mulheres e menores de 14 anos; contratos coletivos de trabalho ao invs de contratos individuais; seguro obrigatrio para os casos de doenas ocupacionais; penso para velhice; fixao de salrio mnimo ; reforma dos impostos pblicos; obrigatoriedade da instruo primria. Em 1913, nos Estados Unidos, organizou-se o National Safety Council (Conselho Nacional de Segurana) e em Nova York e Ohio foram criadas as primeiras Agncias de Higiene Industrial. Em 1918, no Brasil, foi criado o Departamento Nacional do Trabalho (Decreto n 3.550, de 16/10/1918) com a finalidade de regulamentar a Organizao do Trabalho, no pas. Em 1919, no Brasil, foi promulgada a 1 Lei contra acidentes (Lei 3724/1919), que impunha regulamentos prevencionistas ao setor ferrovirio, j que nesta poca eram praticamente inexistentes outros empreendimentos industriais, de vulto. Ainda neste mesmo ano foi constituda a Organizao Internacional do Trabalho OIT, cujos propsitos principais so a luta pela melhoria das condies de trabalho; regulamentao das horas de trabalho; estabelecimento da durao mxima da jornada de trabalho; concesso de salrio digno ao trabalhador; liberdade sindical; proteo dos trabalhadores contra a ocorrncia de acidentes do trabalho e de enfermidades (profissionais, ou no). Em 1920, foi criado, no Brasil, o Departamento Nacional de Sade Pblica, com o propsito de prestao dos primeiros servios especializados, com poder de regulamentao e fiscalizao ocupacional. Esse Departamento incluiu em seu mbito as questes de higiene industrial e ocupacional. Em 1922, nos Estados Unidos, foi criado o Curso de Graduao em Higiene Industrial, na conceituada Universidade de Harvard. Em 1923, no Brasil, foi criado o Conselho Nacional do Trabalho (Decreto n 16.027, de 30/04/1923) e a Inspetoria de Higiene Industrial do Departamento Nacional de Sade Pblica, com as seguintes atribuies: regulamentao e fiscalizao das atividades laborais. No perodo de 1928 a 1932, o Bureau of Mines dos EUA (Departamento de Minas dos EUA) conduziu pesquisas toxicolgicas a respeito de gases, vapores e solventes. A partir de 1941, este Departamento foi autorizado a inspecionar as Minas dos EUA.6

Em 1930, foi criado no Brasil pelo Presidente Getlio Vargas, o Ministrio do Trabalho, Indstria e Comrcio (Decreto n 19.433, de 26/11/1930). Em 1932, foram criadas, no Brasil, as Inspetorias Regionais do Ministrio do Trabalho, Indstria e Comrcio (Decreto N 21.690 de 1/08/1932). Em 1933, no Brasil, foram criadas as Delegacias do Trabalho Martimo, atravs do Decreto n 23.259, de 20/10/1933, com as atribuies/competncias de realizar inspees na rea porturia, disciplinar e policiar o trabalho realizado nos Portos. Em 1934, o Decreto 24637, instituiu no Brasil uma regulamentao bastante ampla sobre a preveno de acidentes do trabalho. Em 1935, em Cuba, foi criado o Consejo Nacional para la Prevencin de Acidentes. Em 1936, nos EUA, a Lei Walsh-Healy tornou obrigatrias para os fornecedores do Governo, medidas de Higiene e Sade Ocupacional. Isto significa que as Empresas que no tivessem boas condies de Higiene do Trabalho, Segurana e Sade Ocupacional no conseguiriam participar de obras do Governo. Em 1938, nos Estados Unidos, foi criada a ACGIH - American Conference Of Governmental Industrial Hygienists (Comit de Higienistas Industriais do Governo dos EUA). Em 1939, foram criadas nos EUA a AIHA American Industrial Hygiene Association (Associao Americana de Higiene Industrial); a ASA American Standard Association (Associao Americana de Normalizao), atual ANSI (Instituto de Normalizao dos E.U.A American National Standards Institute). importante citar que a ASA e a ACGIH so responsveis pela elaborao da primeira lista de concentraes mximas permissveis para substncias qumicas, na Indstria. Em 1940, as Inspetorias Regionais do Ministrio do Trabalho foram transformadas em Delegacias Regionais do Trabalho (Decreto-Lei n 2.168, de 06/05/40). Em 1941, no Brasil, foi criada por um grupo de profissionais da rea de Higiene, Segurana e Sade Ocupacional, a Associao Brasileira para Preveno de Acidentes (ABPA). Esta Entidade teve o apoio, para sua instalao, da Cia Auxiliar de Empresas Eltricas Brasileiras e da Cia Nacional de Cimento Portland. Em 1943, foi criada no Brasil a CLT (Consolidao das Leis do Trabalho); em 1944, instituda a CIPA - Comisso Interna para Preveno de Acidentes; e em 1949, a primeira CIPA, na rea porturia, na Companhia Docas de Santos. Em 1960, nos EUA, a AIHA e a ACGIH foram responsveis pela organizao do American Board of Industrial Hygiene (ABIH) Comit de Higiene Industrial dos EUA. Em 1960, no Brasil, o Ministrio do Trabalho, Indstria e Comrcio passou a ser denominado Ministrio do Trabalho e Previdncia Social (Lei n 3.782, de 22/07/60 ). Em 1962, a ABPA - Sociedade Civil brasileira, sem fins lucrativos, foi tornada de Utilidade Pblica, atravs do Decreto 1328, de 20/08/62. Em 1964, o Decreto 7036, de 10/11/1964 atualizou a lei trabalhista brasileira, de 1934. Ainda, neste mesmo ano, foi criado no pas o Conselho Superior do Trabalho Martimo (Lei n 4.589, de 11/12/1964), constitudo por representantes dos Ministrios do Trabalho e Previdncia7

Social; da Marinha ; da Agricultura e ainda, por representantes dos empregadores e empregados. Em 1966, nos EUA, foi criada a Lei de Segurana para Minas Metlicas e No Metlicas. Nesta mesma data, no Brasil, foi criada a Fundao Centro Nacional de Segurana, Higiene e Medicina do Trabalho - FUNDACENTRO, atravs da Lei n 5.161, de 21/10/1966. Esta Entidade, pertencente ao Ministrio do Trabalho e Emprego - MTE, teve como atribuies bsicas, dentre outras, a realizao de estudos e pesquisas na rea de segurana, higiene e medicina do trabalho. Em 1970, foi criada a OSHA Occupational Safety and Health Act (Lei de Segurana e Sade Ocupacional dos EUA). Em 1972, no Brasil, foi criado o Plano Nacional de Valorizao do Trabalhador PNVT, com vrias metas, visando a melhoria das condies de trabalho dos empregados em geral. Dentre estas metas, a Meta V tratava das condies de satisfao e conforto dos trabalhadores, no exerccio de seu cargo/funo. Tambm foi criado, nesta poca, o Conselho Consultivo de Mo de Obra (Decreto n 69.907, de 07/01/72). Neste mesmo ano, ainda, a Portaria 3237, de Julho/72 tornou obrigatrios os Servios Mdicos e os Servios de Higiene, Segurana e Medicina do Trabalho (SESMT) em empresas onde trabalhassem mais de 100 (cem) empregados. O nmero de profissionais que atuariam no SESMT, segundo a mesma (Engenheiros de Segurana do Trabalho, Mdicos do Trabalho, Tcnicos de Segurana do Trabalho, Enfermeiros do Trabalho e Auxiliares de Enfermagem do Trabalho) seria funo do tipo de atividade da empresa; seu grau de risco; e nmero de empregados. A graduao do risco varivel, de 1 a 4, sendo o grau de risco 1, pequeno, 2 mdio, 3 grande e 4, crtico. O Quadro a seguir, obtido no site do Ministrio do Trabalho e Emprego (www.mtb.gov.br/Empregador/segsau/Legislacao/Normas/conteudo/nr04/nr04i.asp) utilizado para a definio deste nmero de profissionais de segurana que devem compor o SESMT da empresa, em funo destes parmetros citados. Quadro 1.1 - Quadro de dimensionamento do SESMT

Fonte: Central Documentos Medicina e Segurana do Trabalho http://www.centraldocumentos.com.br/nr4.asp 8

Quanto s atribuies do SESMT, em sntese, cabe-lhe a funo de proteger os trabalhadores da empresa contra qualquer risco sua sade que possa decorrer de seu trabalho ou das condies em que este realizado. Cabe-lhe, ainda, contribuir para o ajustamento fsico e mental do trabalhador, obtido especialmente pela adaptao do trabalho aos trabalhadores e pela colocao destes em atividades profissionais para as quais tenham aptido. Alm disso, o SESMT deve contribuir para o estabelecimento e a manuteno do mais alto grau possvel de bem estar, fsico, mental e social para os trabalhadores. Aos Profissionais da rea de preveno de acidentes e de doenas ocupacionais cabe a funo de reconhecer os riscos existentes no ambiente de trabalho, ou seja, identificar o tipo de risco presente em determinados locais de trabalho, ou em atividades ou operaes ali desenvolvidas. Este risco pode ser o de provocar acidentes do trabalho e/ou doenas ocupacionais. Uma vez identificado este risco, a fase seguinte ser a avaliao do risco que pode ser feita de forma qualitativa ou quantitativa. Na avaliao qualitativa identifica-se um produto qumico pela sua frmula, por exemplo, e verifica-se se este produto nocivo sade das pessoas, caso tenha contato com a pele, seja inalado, etc. Na avaliao quantitativa h necessidade de utilizao de aparelhos de medio de rudo, de calor, de gases, vapores, poeiras, radiaes e similares. Feitas estas avaliaes, os valores obtidos so comparados aos Limites de Tolerncia estabelecidos pelas Normas Regulamentadoras do Ministrio do Trabalho, que podem ser obtidas no site www.mtb.gov.br. A ltima etapa, portanto, a proposio das medidas de controle para eliminar, neutralizar ou minimizar os riscos identificados atravs das etapas de reconhecimento ou avaliao de agentes ambientais ou de situaes de risco diversas. Estas so, portanto, em sntese, as reais funes do pessoal especializado em Higiene, Segurana do Trabalho e Sade Ocupacional/Medicina do Trabalho. Dando seqncia cronologia da Segurana do Trabalho e Sade Ocupacional, tem-se, a partir de 1972, outras consideraes a fazer, ainda: Em 1974, o ento chamado Ministrio do Trabalho e da Previdncia Social passou a ser denominado somente Ministrio do Trabalho (Lei n 6.036, de 1/05/1974). Em 1976, foi criado no Brasil o Servio Nacional de Formao Profissional Rural - SENAR (Decreto n 77.354, de 31/03/1976). Trata-se de rgo Autnomo, vinculado ao Ministrio do Trabalho. Em 1977, foi criado no Brasil o Conselho Nacional de Poltica de Emprego (Decreto n 79.620, de 18/01/1977). Em 1978, foi alterada a denominao da FUNDACENTRO, de Fundao Centro Nacional de Segurana, Higiene e Medicina do Trabalho para Fundao Jorge Duprat Figueiredo de Segurana e Medicina do Trabalho (Lei n 6.618, de 16/12/1978). Da mesma forma, foi alterada a denominao do Conselho Consultivo de Mo-de-Obra, para Conselho Federal de mo de obra (Decreto n 81.663, de 16/05/78). Ainda em 1978, a Consolidao das Leis do Trabalho (CLT) alterou o seu Captulo V - Ttulo II, relativo Segurana e Medicina do Trabalho. Isto culminou com Decretos e Portarias adicionais que complementaram a regulamentao no campo da segurana e higiene do trabalho, dando origem a 28 Normas Regulamentadoras de Segurana e Medicina do Trabalho, atravs da Portaria 3214 de 08/06/78. NOTA: Atualmente constam aprovadas, 33 Normas Regulamentadoras do Ministrio do Trabalho e Emprego (nome atual deste Ministrio), estando, em fase de consulta pblica 2 (duas) Normas (locais confinados e servios de sade).9

Em 1980 foi criado o Conselho Nacional de Imigrao (Lei n 6.815, de 19/08/1980). Em 1985 foi fundada a ALAEST - Associao Latino Americana de Engenharia de Segurana do Trabalho. Em 1988, a nova Constituio Federal estabeleceu direitos relativos Segurana do Trabalho e Sade Ocupacional. Inclusive, em seu Art. 200 dispe sobre o Sistema nico de Sade (SUS). Em 1989 foram extintas as Delegacias do Trabalho Martimo; o Conselho Superior do Trabalho Martimo e o Conselho Federal de Mo-de-Obra (Lei n 7.731, de 14/02/1989) e criado o Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Servio (Lei n 7.839, de 12/10/1989); o Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Lei n 7.998, de 11/01/1990). Foram ainda criados especificamente pela Lei n 8.028, de 12/04/1990, o Conselho Nacional de Seguridade Social; o Conselho Nacional do Trabalho; o Conselho de Gesto da Proteo ao Trabalhador; o Conselho de Gesto da Previdncia Complementar; e o Conselho de Recursos do Trabalho e Seguro Social. Esta mesma Lei 8.028, de 12/04/90, extinguiu o Conselho Nacional de Poltica Salarial e o Conselho Nacional de Poltica de Emprego e alterou a denominao do Ministrio do Trabalho, que voltou a se chamar Ministrio do Trabalho e da Previdncia Social. Em 1990, so definidas as atribuies do SUS atravs do 3 do Art. 6 da Lei Federal 8.080/90 que regulamenta este Sistema. So elas: tratamento da sade do trabalhador, atravs de um conjunto de aes dirigidas proteo, promoo, tratamento e reabilitao do trabalhador, quando vitimado em razo de doena ou acidente ocupacional. Na Dcada de 90, aparecem na Internet os primeiros Grupos de Discusso sobre sade e segurana do trabalho: Grupo SESMT Moderador/Propietrio Cosmo Palasio [email protected] ; Grupo Trabalho Seguro Moderador/Propietrio Jorge Reis [email protected] Em 1991, foi extinto o Servio Nacional de Formao Profissional Rural - SENAR (Decreto de 10/05/1991). Em 1992, foram extintos pelo Decreto 509 de 24/04/92: o Conselho Nacional de Seguridade Social; o Conselho de Gesto da Proteo ao Trabalhador; o Conselho de Gesto da Previdncia Complementar; o Conselho de Recursos do Trabalho e Seguro Social e o Conselho Nacional do Trabalho. Neste mesmo ano o Ministrio do Trabalho e Previdncia Social, passou a ser denominado Ministrio do Trabalho e da Administrao Federal (Lei n 8.422, de 13/05/1992). Ainda em 1992, foi criado o Conselho Nacional do Trabalho (Lei N 8.490, de 19/11/1992) e o Ministrio do Trabalho e da Administrao Federal passou a ser denominado, novamente, Ministrio do Trabalho. Tambm em 1992, foi criada a FENATEST - Federao Nacional dos Tcnicos de Segurana do Trabalho. Em 1994, duas importantes Normas Tcnicas foram alteradas: NR 7, que trata do PCMSO Programa de Controle Mdico de Sade Ocupacional e NR 9, que trata do PPRA Programa de Preveno de Riscos Ambientais. Em 1995, o Ministrio do Trabalho passou a ter nova estrutura organizacional (Decreto n 1.643, de 25/09/1995). Em 1999, o Ministrio do Trabalho passou a ser denominado Ministrio do Trabalho e Emprego (Medida Provisria n 1.799, de 1/01/1999), possuindo a seguinte Estrutura Organizacional (Decreto n 3.129 de 09/08/1999): Ministro; Secretaria de Polticas Pblicas de10

Emprego; Secretaria de Inspeo do Trabalho; Secretaria de Relaes do Trabalho; Delegacias Regionais do Trabalho; Conselho Nacional do Trabalho; Conselho Curador do Fundo de Garantia do Tempo de Servio; Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador; Conselho Nacional de Imigrao; Fundao Jorge Duprat Figueiredo, de Segurana e Medicina do Trabalho FUNDACENTRO. Ainda em 1999, o Ministrio da Sade, cumprindo a determinao contida no Art. 6 3, inciso VII, da Lei Federal n 8080 que regulamentou o SUS, elaborou uma Lista de Doenas Relacionadas ao Trabalho (publicada na Portaria MS N 1339 de 18/11/99), visando a subsidiar as aes de diagnstico; tratamento; vigilncia da sade e o estabelecimento da relao da doena com o trabalho e das condutas decorrentes. Esta lista tambm adotada pela Previdncia Social para a caracterizao dos acidentes do trabalho STA (Decreto n. 3.048/99). Neste mesmo ano, foi alterada a NR 5 que trata da CIPA Comisso Interna para Preveno de Acidentes. Em 2001, em Genebra, Sua, a OIT Organizao Internacional do Trabalho (08/08/2001), atravs de sua Conveno 174, trata dos Grandes Acidentes Industriais (Acidentes Maiores). Em 2003, no Brasil, foi criada a Secretaria Nacional de Economia Solidria (Decreto n 4.764, de 24/06/2003) e institudo o Frum Nacional do Trabalho (Decreto n 4.796, de 29/07/2003). Em 2004, o Decreto n 5.063, de 03/05/2004 cria uma nova estrutura regimental para o Ministrio do Trabalho e Emprego, estruturando a Ouvidoria-Geral e o Departamento de Polticas de Trabalho e Emprego para a Juventude.

Acidente do trabalho A existncia ou no de boas condies de segurana e de proteo e preservao da sade dos trabalhadores que exercem alguma atividade ou participam de determinadas operaes, em um ambiente de trabalho em geral melhor identificada quando so conhecidos e interpretados corretamente alguns conceitos a respeito do verdadeiro significado dos termos acidente do trabalho e doenas ocupacionais. Isto o que se procurar apresentar, nos subitens a seguir. Conceito de acidente do trabalho Segundo o Conceito Geral, ou popular, acidente do trabalho o evento casual, danoso para a vida ou para a capacidade laborativa do empregado e relacionado com o trabalho. O termo evento casual significa que o acidente no pode ser provocado intencionalmente pela vtima e o termo danoso para a vida ou para a capacidade laborativa significa que o acidente, para ser considerado do trabalho, na acepo do termo, deve para tal, provocar algum tipo de ferimento ou leses no trabalhador, que o prejudique na execuo das tarefas comuns a sua profisso, a partir de ento, ou interfiram na sua produtividade, parcial ou totalmente, em razo do acidente sofrido(brao engessado, necessidade de muletas para caminhar, etc.). Nos casos em que as leses sejam muito leves, no levando o acidentado a se afastar do trabalho, em decorrncia do acidente de que foi vtima, ou seja, quando retornar ao trabalho no dia seguinte ao dia do acidente, em horrio habitual de entrada em servio, este acidente ser denominado acidente sem afastamento. Idntica terminologia seria11

acidente sem perda de tempoSPT. Caso o empregado no retorne, no dia seguinte ao dia do acidente, no horrio habitual de incio de suas atividades dirias, o acidente ser denominado acidente com afastamento ou acidente com perda de tempo CPT. Somente esta ltima categoria do interesse do Instituto Nacional de Seguridade Social INSS, para fins de Comunicao do Acidente do Trabalho, atravs de um documento intitulado CAT (Comunicao do Acidente do Trabalho), atualmente, inclusive, disponibilizado para envio direto ao INSS, pela Empresa, via Internet. H, ainda, a considerar os incidentes, aquelas situaes em que alguma anormalidade ocorre no ambiente de trabalho que poderia, em outras circunstncias similares, provocar leses nos trabalhadores, mas no as causaram, por fora do destino ou por sorte como costumam dizer, na linguagem popular, ocasionando, somente, perda de tempo e/ou danos materiais para o empregador, mas no ferindo nenhum empregado, nem gravemente, nem causando-lhe leses leves, de qualquer natureza. Outra definio importante a de acidente de trajeto, ocorrido quando o empregado est fora da empresa, se deslocando diretamente de sua residncia para o local de trabalho ou vice-versa, no horrio de ida e retorno do trabalho, ou no horrio das refeies. Deve ser observado entretanto, que este trajeto deve ser o regularmente utilizado, diariamente, pelo empregado, no podendo ser considerados, entretanto, desvios de roteiro, para quaisquer finalidades. Uma outra situao digna de meno que qualquer acidente que ocorra com um empregado, quando o mesmo estiver a servio do empregador, executando tarefa dentro ou fora da empresa onde trabalha, a ele designada pelo empregador ou por seus prepostos, (atropelamento por carros, motos, bicicletas e similares) este acidente deve ser considerado como sendo acidente do trabalho. Idem, quando o empregado se acidenta durante viagens, a servio da empresa. Durante todo aquele perodo em que estiver executando as atividades determinadas pelo empregador, caso se acidente, seja na regio onde estiver, no avio (ida e volta), em txis e similares, estar coberto pelo seguro de acidente do trabalho do INSS. Acidentes ocorridos no ambiente de trabalho, no horrio de almoo (lanche ou janta), quando o empregado se alimenta na empresa, caso se acidente no refeitrio, no percurso de ida e vinda para o refeitrio da empresa, e at mesmo, aps o almoo, ao descansar no ambiente de trabalho ou ao optar por atividades esportivas, sempre dentro da rea da empresa (jogar bola, ping-pong, xadrez, damas, ler revistas, etc), caso se acidente, este acidente tambm ser considerado como sendo um acidente do trabalho. Geralmente diz-se que um indivduo sofreu um acidente no trabalho quando o mesmo ocorre dentro da empresa ou do local onde trabalhe. Mas o correto dizer-se que um determinado indivduo sofreu um acidente do trabalho, pois uma denominao mais genrica que cobre ambas situaes. A ltima particularidade a considerar, no caso do Conceito Geral de Acidente do Trabalho, tambm importante, a de que este acidente no pode ser considerado como sendo do trabalho quando o indivduo que se acidenta no estiver a servio do empregador ou quando se acidentar em casa ou ao fazer biscates, ou mesmo, trabalhando para um terceiro, seja em horrio de trabalho, ou de folga, ou inclusive em finais de semana, feriados, dias santos, frias, licena remunerada etc. Nestes casos os acidentes devem ser considerados como Acidentes Fora do Trabalho AFT, tambm dignos de estudo e acompanhamento pela Empresa, pelo fato de, ao se acidentarem fora do ambiente de trabalho, fazerem parte, a partir da, da estatstica de ausentismo ao trabalho por outras causas. importante citar que a ausncia de um empregado ao trabalho faz com que a produo da empresa venha a cair, repercutindo12

desfavoravelmente nos seus ganhos e obviamente no seu lucro. Isto faz parte de um outro assunto, o custo dos acidentes, que ser abordado mais adiante, no item 5 desta Apostila. A respeito do Conceito Legal de Acidente do Trabalho, diz o Art. 2 da Lei n 6367, de 19 de outubro de 1976 que Acidente do Trabalho aquele que ocorre pelo exerccio do trabalho a servio da empresa, provocando leso corporal ou perturbao funcional, que cause a morte, ou perda, ou reduo, permanente ou temporria, da capacidade para o trabalho. So considerados acidentes do trabalho, alm das situaes j mencionadas na definio do Conceito Geral de Acidente do Trabalho, as Doenas Ocupacionais, assim entendidas: As Doenas Ocupacionais, ou seja, doenas relacionadas s atividades laborativas, se subdividem em Doenas Profissionais e Doenas do Trabalho. A Doena Profissional aquela produzida ou desencadeada pelo exerccio do trabalho peculiar a determinada atividade. Os que trabalham em minas subterrneas de carvo so propensos a adquirir a doena profissional antracose; aqueles que trabalham com amianto, a asbestose, os que trabalham em fbricas de baterias de chumbo, o saturnismo e assim por diante. O INSS j possui catalogadas as atividades/operaes que podem levar os trabalhadores a contrair uma doena profissional em funo dos agentes ambientais reconhecidamente nocivos com os quais trabalham. A Doena do Trabalho aquela adquirida ou desencadeada em funo das condies especiais em que o trabalho realizado e com ele se relacione diretamente. Para ser caracterizada como do trabalho tem que existir nexo causal, ou seja, tem que existir um agente causal identificado no ambiente de trabalho e a constatao de que este agente causal pode gerar algum efeito prejudicial sade do trabalhador (doena profissional ou do trabalho). A constatao de que existe uma ligao entre ambos (agente causal e condies inadequadas de trabalho, identificadas por percia in loco) o que caracterizar se o trabalho, na forma em que desenvolvido e nas condies ambientais em que realizado, ou no, a causa do infortnio (doena do trabalho). Ainda sobre o Conceito Legal de Acidente do Trabalho considera-se tambm como do trabalho o acidente sofrido pelo empregado no local e horrio de trabalho em conseqncia de ato de sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro, inclusive companheiro de trabalho; ofensa fsica intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa relacionada com o trabalho; ato de imprudncia, de negligncia ou de impercia de terceiro, inclusive companheiro de trabalho; ato de pessoa privada do uso da razo; desabamento, inundao ou incndio; outros casos fortuitos ou decorrentes de fora maior que possam levar algum, no exerccio do trabalho, a se acidentar ou a adquirir, como sua conseqncia, uma doena ocupacional. Em outras palavras, j citado no Conceito Geral de Acidente do Trabalho, considera-se acidente do trabalho, segundo o Conceito Legal, o acidente sofrido pelo empregado ainda que fora do local e horrio de trabalho, na execuo de ordem ou na realizao de servio sob a autoridade da empresa; na prestao espontnea de qualquer servio empresa, para lhe evitar prejuzo ou proporcionar proveito; em viagem a servio da empresa, seja qual for o meio de locomoo utilizado, inclusive veculo de propriedade do empregado, no percurso da residncia para o trabalho ou deste para aquela; no percurso para o local de refeio ou de volta dele, em intervalo de trabalho. importante citar, novamente, que este percurso deve ser o habitual, em ambas as situaes.13

O terceiro e ltimo conceito clssico de acidente do trabalho o Conceito Prevencionista ou Tcnico que considera importante registrar no somente os acidentes do trabalho que levam a leses fsicas ou a doenas ocupacionais, mas tambm, os acidentes que levam a perda de tempo e a danos materiais. Este conceito leva ainda em considerao os acidentes sem afastamento, que o INSS no contabiliza em seus registros. Considera importante o registro dos incidentes, ou seja, as ocorrncias que no ocasionam leses fsicas, nem doenas ocupacionais, mas que, em outros momentos (dependendo do dia da semana, horrio, etc.) poderiam causar leses em algum trabalhador da empresa. Uma queda acidental de uma luminria, de madrugada, em um escritrio onde se trabalhe somente em horrio administrativo, no causaria leso em ningum; entretanto, se casse no horrio normal de trabalho, poderia ferir algum empregado do setor, causando leses (acidente do trabalho, com ou sem afastamento, dependendo da gravidade da leso). Obviamente, dentre todos os conceitos o que mais nos interessa adotar o Conceito Prevencionista ou Tcnico, pois engloba todos os demais conceitos apresentados: Conceito Geral e Conceito Legal. Este conceito prev, inclusive, a necessidade e importncia do registro, na prpria empresa, de quaisquer ocorrncias anormais que interfiram na sua respectiva produo (incidentes, tambm denominados quase acidentes). Estas anotaes devem ser feitas em livros prprios, sendo-lhes permitido o acesso por todos os empregados da empresa que o desejarem, devendo as mesmas, inclusive e principalmente, servir de fonte de estudos e pesquisas para a Comisso Interna de Preveno de Acidentes CIPA e do Servio Especializado em Engenharia de Segurana e em Medicina do Trabalho SESMT da empresa, pois se estes tipos de incidentes, tambm denominados quase acidentes forem devidamente controlados, certamente a possibilidade de prejuzos empresa, de qualquer tipo, seja por danos materiais, perda de tempo, ou leses em trabalhadores, ser descartada. Classificao dos acidentes e de suas causas e conseqncias Os acidentes do trabalho podem ocorrer unicamente por duas causas: atos e condies inseguras. Os Atos Inseguros so considerados como sendo aquelas aes contrrias segurana e sade ocupacional, intencionais, ou no, praticadas pelos trabalhadores, durante o desempenho de suas atividades/operaes. As Condies Inseguras so situaes criadas ou mantidas no ambiente de trabalho pelo empregador, por diversos motivos, favorecendo a ocorrncia de acidentes do trabalho ou de doenas ocupacionais. Quando caracterizado que os motivos da existncia destas condies inseguras foram causados por atos de negligncia, imprudncia ou impercia do empregador, este, corre srio risco de ser indiciado por crime de responsabilidade civil e criminal, caso ocorra algum acidente do trabalho na empresa ou venha a existir algum caso de doena ocupacional decorrente destes fatos.

14

H O M E M

Fatores Pessoais de Insegurana

Atos Inseguros

A C I D E N T E S e/ou D O E N A S

Leses Fsicas Danos Materiais Perda de Tempo Doenas Ocupacionais

M A E M I B O I E N T E

Fatores Materiais

Condies Inseguras

Fig. 3.1 Teoria de Heinrich, estilizada Fonte: CEFETES

Os acidentes do trabalho e as doenas ocupacionais podem ser provocados, unicamente, por atos inseguros ou ento, pela existncia nestes ambientes, de condies inseguras que favoream a sua ocorrncia. Podem, ainda, ser provocados pela ao combinada de ambos (atos e condies inseguras). Apresenta-se, a seguir, alguns exemplos de atos inseguros provocados por fatores pessoais de insegurana, que podem levar ocorrncia de acidentes do trabalho: inaptido para o trabalho; temperamento agressivo; preocupao excessiva; incapacidade intelectual para exercer determinadas funes; exibicionismo; nervosismo; alteraes emocionais; no aceitao das limitaes fsicas e doenas (surdez, insuficincia visual, daltonismo, etc.). Exemplos de atos inseguros provocados de maneira consciente pelos empregados so apresentados, a seguir: ficar junto ou sob cargas suspensas; colocar parte do corpo em lugar perigoso; usar mquinas sem habilitao ou permisso; imprimir excesso de velocidade em mquinas e equipamentos de transporte; colocar sobrecarga excessiva em equipamentos de iar e transportar; lubrificar, ajustar, e limpar mquinas em movimento; improvisar ou fazer mau uso ou emprego de ferramentas manuais e motorizadas; inutilizar dispositivos de segurana de mquinas e equipamentos objetivando agilizar atividades e operaes; no usar ou fazer uso inadequado de Equipamentos de Proteo Individual EPI; transportar ou empilhar inadequadamente cargas em geral; fumar e usar chamas em locais proibidos; no respeitar avisos e sinais de alarme; descumprir normas de segurana objetivando ganhar tempo ou outras benesses; brincar durante o desenvolvimento do15

trabalho, colocando em risco terceiros ou atividades/operaes que estejam sendo realizadas. No que se refere s condies inseguras pode-se defini-las como sendo as situaes de trabalho que comprometem a segurana do trabalhador, tais como: falhas, defeitos, irregularidades tcnicas, carncia de dispositivos de segurana, etc. Estas situaes geralmente colocam em risco a integridade fsica e/ou a sade de pessoas que labutam em determinados ambientes de trabalho, e a prpria segurana das instalaes e dos equipamentos. Alguns exemplos de condies inseguras que mais frequentemente levam a acidentes do trabalho constam, a seguir: falta de proteo em mquinas e equipamentos; protees inadequadas ou defeituosas; falta de ordem e limpeza nos locais de trabalho; arranjo fsico (layout) mal definido; espao de trabalho insuficiente para o desenvolvimento das atividades/operaes; defeitos ou irregularidades nas edificaes (aberturas no piso, piso desnivelado ou escorregadio, etc); instalaes eltricas mal executadas ou inadequadas; iluminao excessiva ou deficiente; falta de Equipamentos de Proteo Individual - EPI (inexistncia na Empresa, no fornecimento de EPIs aos empregados ou fornecimento inadequado dos mesmos); falta de treinamento fornecido pela empresa ou treinamento inadequado oferecido aos empregados para o exerccio do cargo/funo, etc. Quanto s conseqncias dos acidentes do trabalho tem-se a dizer que os mesmos, quando ocorrem, podem ocasionar prejuzos, de varias ordens, ao trabalhador acidentado e a sua respectiva famlia, sociedade, nao e empresa na qual trabalhe. Maiores detalhes sobre estas conseqncias sero abordados no item desta Apostila que trata do custo dos acidentes do trabalho.

O CONCEITO DE ACIDENTE E DOENA DO TRABALHO Define-se AT como: "o que ocorre pelo exerccio do trabalho a servio da empresa provocando leso corporal ou perturbao funcional que cause a morte ou a perda ou a reduo, permanente ou temporria, da capacidade para o trabalho". Considera-se ainda, AT: A doena profissional (DP) inerente ou peculiar a determinado ramo de atividade e constante de relao do MPAS; A doena de trabalho (DT) constante da relao do MPAS, resultante de condies especiais ou excepcionais em que o mesmo foi realizado, desde que comprovado o nexo entre o trabalho e a doena (ecloso ou agravamento). Caberia assim a seguinte interpretao: Se, o segurado jateador de areia e apresenta silicose, sendo o risco inerente atividade, trata-se de doena profissional. Se o silictico operador de empilhadeira em uma cermica, trata-se de doena do trabalho, por no ser o risco inerente sua atividade de operador de empilhadeira, mas decorrente das condies especiais em que esta realizada.

16

Ora, se a doena profissional e a do trabalho so causadas ambas pelos agentes patognicos listados no Anexo II, do Decreto 3.048, o modo de exposio (inerente ou circunstancial) no poderia justificar a diferena de denominao: trata-se da mesma doena. Do ponto de vista prtico, o mais razovel deixar de lado estas conceituaes formalmente defeituosas e ater-se aos princpios e ao sentido geral da legislao acidentria que, a propsito, nunca conseguiu conceituar precisamente os dois tipos de doenas a que se refere. A lei anterior referia-se doena profissional ou do trabalho, como sinnimos. Cabe classificar as doenas ocupacionais em relao s caractersticas dos riscos que as originam e a especialidade da doena. Tradicionalmente, entende-se por doena profissional aquela causada pelos riscos fsicos e qumicos, como o rudo, a slica o mercrio, que causam doenas especficas (surdez, silicose, hidrargirismo), que habitualmente afetam o conjunto dos empregados expostos. Em infortunstica, so chamadas de idiopatias do trabalho, ou doenas especificas do trabalho. Em oposio, esto as doenas causadas, desencadeadas ou agravadas pelas condies especiais (ou "excepcionais") em que o trabalho realizado. Estas doenas, que em infortunstica seriam as mesopatias do trabalho, ou doenas inespecficas do trabalho, so simplificadamente denominadas doenas do trabalho. As doenas ocupacionais causadas por riscos biolgicos constituem uma categoria parte: do ponto de vista patolgico, so doenas inespecficas, assemelhando-se s doenas do trabalho; o risco, contudo, inerente atividade, como nas doenas profissionais; a contaminao, porm, habitualmente acidental, localizada num determinado momento, podendo-se considerar as doenas profissionais acidentes do ponto de vista da forma de ao da causa. A conceituao das doenas relacionadas com as condies especiais de trabalho requer consideraes particulares. Um exemplo tpico destas so as leses por esforos repetitivos (LER). No caso mais conhecido, a tenossinovite dos digitadores, a leso decorre de que estes trabalham continuamente digitando num terminal de computador, num ritmo acelerado em funo de exigncias de produo, em postos de trabalho inadequados do ponto de vista ergonmico. Falta de pausas, horas extras, remunerao diferenciada em funo da produtividade e medo de demisso constitui fatores agravantes (e freqentes, apesar da NR- 17), o risco no inerente atividade em si, mas decorre principalmente de como o trabalho organizado e gerenciado, o que determina a condio especial de sua realizao. As doenas de coluna vertebral e msculo-esqueltico de forma geral obedecem a esse padro, como tambm as dermatoses ocupacionais e as doenas cardiovasculares ocupacionais. So caractersticas da doena do trabalho: a inespecificidade: no so doenas especficas como as profissionais, podendo ocorrer tambm fora do contexto do trabalho; o concurso da predisposio individual: as condies orgnicas individuais desempenham um papel importante na patognese da doena. Constituem os chamados fatores predisponentes. Em conseqncia, as doenas do trabalho afetam apenas parte dos trabalhadores expostos ao risco. Por exemplo, entre os que17

trabalham permanentemente em p durante toda a jornada de trabalho, com exgua deambulao, apenas aqueles que apresentam predisposio constitucional (defeitos nas vlvulas venosas que impedem o retorno do sangue ou debilidade da tnica muscular dos vasos venosos) apresentaro molstia varicosa incapacitante de membros inferiores. Os demais apresentaro sinais de desconforto em membros inferiores ou mesmo varizes incipientes e no incapacitantes. A predisposio individual constitui, portanto, um fator causal, resultando a doena de sua conjugao necessria com o exerccio do trabalho. Faltando um dos fatores, a doena no ocorre. Estes fatores que contribuem combinadamente para a ocorrncia do dano so denominados concausas (causas concorrentes) pela infortunistica. No constituindo o exerccio do trabalho a causa exclusiva, mas uma concausa, no se exclui o direito reparao do acidente ou doena ocupacional, princpio que firmado pelo inciso I do art. 21 da Lei n 8.213/91. No se considera doena do trabalho: A degenerativa; A inerente ao grupo etrio; A que no produza incapacidade laborativa; A doena endmica, salvo comprovao de que foi adquirida devido a natureza do trabalho realizado. Equipara-se ao AT: o acidente ligado ao trabalho, mesmo que este no seja a causa nica; o acidente sofrido no local e no horrio de trabalho em conseqncia de: Agresso, sabotagem, terrorismo etc.; Ofensa fsica intencional, por motivo de disputa relacionada ao trabalho; Ato de imprudncia, negligncia,ou impercia de terceiros; Ato de pessoa privada de uso da razo; Desabamento, inundao, incndio etc. O acidente fora do local e horrio de trabalho; A servio da empresa, determinado, determinado ou espontneo; Em viagem a servio, inclusive para estudo financiado por esta; No percurso casa-empresa e vice-versa; No percurso da empresa para local de ensino ou para outra empresa onde tambm seja empregado; Durante aviso- prvio de iniciativa da empresa no perodo da reduo da jornada. A doena proveniente de contaminao acidental, incluindo perodo de refeio, descanso ou satisfao de necessidades fisiolgicas. Obs: - considerado agravamento do AT, aquele resultante de procedimentos relacionados reabilitao. No considerado agravamento ou complicao, a leso de outra origem que se associe ou sobreponha anterior. Considera-se dia do AT a data de sua ocorrncia e, do DT, a data de incio da incapacidade laborativa ou do seu diagnstico. Acidente do Trabalho: Risco e Conseqncia18

O acidente de trabalho se caracteriza em uma das trs situaes: a) Decorrncia das caractersticas da atividade profissional por ele desempenhada (acidente tpico); b)Ocorrncia no trajeto entre a residncia e o local de trabalho (acidente de trajeto); c) Ocasionado por qualquer tipo de doena profissional produzida ou desencadeada pelo exerccio do trabalho, peculiar a determinado ramo de atividade constante de relao existente no Regulamento dos Benefcios da Previdncia Social; d) Ocasionado por doena do trabalho adquirida ou desencadeada, em funo de condies especiais, em que o trabalho realizado e com ele se relacione diretamente. Os riscos de acidentes variam para cada ramo de atividade econmica, em funo de tecnologias utilizadas, condies de trabalho, mo-de-obra empregada, medidas de segurana, dentre outros fatores. Podem ser determinados vrios indicadores visando monitorar o desempenho da segurana no trabalho a sua evoluo no tempo. A OIT recomenda o Uso de, pelo menos, trs indicadores para medir e comparar o desempenho entre os diferentes setores da atividade econmica de um pas (OlT 197l): o ndice de freqncia, gravidade a taxa de incidncia. Ocorrido um acidente de trabalho, suas conseqncias podem ser em: a) Simples assistncia mdica - o segurado recebe atendimento mdico e retorna imediatamente s suas atividades profissionais; b) Incapacidade temporria - o segurado fica afastado do trabalho por um perodo at que esteja apto para retomar a sua atividade profissional. Para a Previdncia Social importante particionar esse perodo em inferior a 15 dias e superior a 15 dias, uma vez que, no segundo caso, gerado um beneficio pecunirio, o auxilio-doena por acidente do trabalho; c) Incapacidade permanente - o segurado fica incapacitado de exercer a atividade profissional que exercia na poca do acidente. Esta incapacidade permanente pode ser total ou parcial. No primeiro case, o segurado, fica impossibilitado de exercer qualquer tipo de trabalho e passa a receber uma aposentadoria por invalidez. No segundo caso, o segurado recebe uma indenizao pela incapacidade sofrida (auxlio-acidente), mas considerado apto para o desenvolvimento de outra atividade profissional; d) bito - o segurado falece em funo do acidente de trabalho.

Cadastro e estatstica de acidentes do trabalho A Norma da Associao Brasileira de Normas Tcnicas (ABNT) que trata do Cadastro de Acidentes do Trabalho a NBR 14.280 que tem por objetivo a fixao de critrios para o registro, comunicao, estatstica e anlise de acidentes do trabalho, suas causas e conseqncias, aplicando-se a quaisquer atividades laborativas. Esta Norma aplica-se a qualquer empresa, entidade ou estabelecimento interessado no estudo do acidentes do trabalho, suas causas e conseqncias. Podem ser comparadas,19

por exemplo, a freqncia e/ou a gravidade de acidentes ocorridos entre empresas de um mesmo ramo, ou entre filiais, de uma mesma empresa. Algumas definies so necessrias para que possa ser calculada a Taxa de Freqncia e a Taxa de Gravidade dos acidentes ocorridos em uma Empresa. - Horas-Homem de Exposio ao Risco (horas-homem) - Somatrio das horas durante as quais os empregados ficam disposio do empregador, em determinado perodo (anual, mensal, semanal, dirio): N Horas/trabalho/semana x 50 semanas/ano x N de Empregados - Taxa de Freqncia de Acidentados, com leso, com afastamento (TF) - Nmero de acidentados com leso, com afastamento, por milho de horas-homem de exposio ao risco, em determinado perodo. Esta taxa deve ser expressa com aproximao de centsimos e calculada pela seguinte expresso: TF = N DE ACIDENTADOS (COM LESO, COM AFASTAMENTO) X 106 N DE HORAS-HOMEM TRABALHADAS - Taxa de Gravidade (TG) - Tempo computado (dias perdidos + dias debitados) por milho de horas-homem de exposio ao risco, em determinado perodo. Esta taxa deve ser expressa por nmeros inteiros e calculada pela seguinte expresso: TG = (DIAS PERDIDOS + DIAS DEBITADOS) X 106 N DE HORAS-HOMEM TRABALHADAS

Dias perdidos Tempo perdido

Incapacidade temporria

Total

Morte Total Dias debitados Incap. permanente Parcial Leso com perda de tempo

Parcial

Morte Total Incap. Permanente Parcial Incap. temporria

20

Tabela de dias debitados

Natureza

%

Dias Debitados

Morte Incapacidade total e permanente Perda da viso de ambos os olhos Perda da viso de um olho Perda do brao acima do cotovelo Perda do brao abaixo do cotovelo Perda da mo Perda do 1 quirodtilo (polegar) Perda de qualquer outro quirodtilo (dedo) Perda de dois outros quirodtilos (dedos) Perda trs outros quirodtilos (dedos) Perda quatro outros quirodtilos (dedos) Perda do 1 quirodtilo (polegar) e qualquer outro quirodtilo (dedo) Perda do 1 quirodtilo (polegar) dois outros quirodtilos (dedo) Perda do 1 quirodtilo (polegar) trs outros quirodtilos (dedos) Perda do 1 quirodtilo (polegar) quatro outros quirodtilos (dedos) Perda da perna acima do joelho Perda da perna do joelho ou abaixo dele Perda do p Perda do pododtilo (dedo grande) ou de dois outros ou mais pododtilos (dedos do p) Perda do pododtilo (dedo grande) de ambos os ps Perda de qualquer outro pododtilo (dedos do p) Perda da audio de um ouvido Perda da audio de ambos ouvidosFonte: Anexo 1-A NR 5 - CIPA Portaria 3214 de 08/08/78

100 100 100 30 75 60 50 10 5 12 20 30 20 25 33 40 75 50 40 5 10 0 10 50

6000 6000 6000 1800 4500 3500 3000 600 300 750 1200 1800 1200 1500 2000 2400 4500 3000 2400 300 600 0 600 3000

Exemplo Prtico Em uma empresa, com 500 empregados, ocorreram durante um determinado ano, 4 acidentes, com leso, com afastamento, os quais, somados, corresponderam a 23 dias de afastamento do trabalho. Determinar a Taxa de Freqncia e Gravidade

TF =

N de Acidentados x 106 = 4 x 1.000.000 = 4,00 N Horas-Homem Trabalhadas 40 h/sem/pessoa x 50 sem/ano x 500 pessoas

TG =

(Dias Perdidos + Dias Debitados) X 106 N Horas-Homem Trabalhadas

=

(23 + 0) x 106 40 x 50 x 50021

=

23.000.000 = 23 1.000.000

Caso nesta empresa 1 dos 4 casos de acidentes ocorridos, fosse uma morte, na Tabela do INSS que define o nmero de dias debitados segundo a leso incapacitante sofrida pela empregado, teramos o valor de 6000 dias, a contabilizar, alterando no exemplo anterior os valores para: TG =(Dias Perdidos + Dias Debitados) X 106 = N Horas-Homem Trabalhadas

(23 + 6000) x 106 = 6.023.000.000 40 x 50 x 500 1.000.000

TG = 6.023 Quanto Taxa de Freqncia no se alterou em nada, pois continuou sendo 4 o nmero de acidentados, no importa se o indivduo morreu ou no. importante atentar-se para o fato, portanto, de que a taxa de freqncia, quando analisada, nos d uma ntida idia do nmero de acidentes com afastamento que ocorreram numa determinada Empresa, mas, de nenhuma forma, nos indica se estes acidentes foram graves, ou no, dando-nos uma viso parcial da realidade empresarial sob o aspecto de preveno e controle de acidentes do trabalho. Da mesma forma, a taxa de gravidade no nos fornece nenhuma informao a respeito do nmero de acidentes ocorridos, pois seu clculo se baseia na soma do nmero total de dias de afastamento do trabalho (dias perdidos) de um ou mais empregados que deixaram de ir ao trabalho em decorrncia de acidentes do trabalho com os dias debitados de cada um destes mesmos acidentes (agora, apenas os que forem do tipo incapacitantes total ou parcialmente). Estes dias debitados so baseados em dados de uma Tabela definida pelo INSS onde constam dados a respeito do nmero de dias que este Instituto considera ser equivalente gravidade da leso incapacitante sofrida (varivel de 0 a 6.000 dias). No caso do exemplo anterior, um nico acidente incapacitante elevou a Taxa de Gravidade de 23, calculada no primeiro exemplo, para 6023, isto devido a uma morte ocorrida no ambiente de trabalho, s vezes, devido a uma fatalidade, muitas vezes de difcil previso ou condio de controle, do tipo, por exemplo, de queda de um avio sobre um galpo onde existia um trabalhador no exerccio de sua funo. Isto faz recomendvel, portanto, a anlise de ambas taxas, concomitantemente, interpretando-as uma a uma, isoladamente, mas a seguir, analisando-se ambas, concomitantemente, para ter-se uma idia a respeito da influncia do nmero de acidentados e da gravidade da leso(dias perdidos + dias debitados). De posse de ambas taxas, tem-se um perfil acidentrio da empresa sob a tica prevencionista. Pode-se deduzir que a mesma tem muitos acidentes leves, mas sem nenhuma gravidade, ou ento, que tem poucos acidentes mas os que ocorrem so geralmente muito graves, e assim por diante. Finalizando, tem-se a dizer que Empresas de mesmo ramo de atividade e nmero aproximado de empregados podem comparar suas Taxas de Freqncia e Gravidade objetivando a verificar se o seu Servio Especializado em Engenharia de Segurana e em Medicina do Trabalho SESMT tem sido eficaz, ou no, no que se refere preveno de acidentes do trabalho. Riscos profissionais Os riscos profissionais so as situaes de trabalho (tipo de atividade e operaes) que predispem os empregados a acidentarem-se ou a adquirirem uma doena ocupacional, quando no exerccio de seu cargo/funo, durante as horas regulares de trabalho (geralmente 8 horas/dia).22

Os riscos profissionais subdividem-se em riscos de operao e riscos de ambiente. Os riscos de operao so aqueles inerentes ao exerccio das atividades laborais do dia a dia, j abordados quando se tratou da temtica do acidente do trabalho, no item 3 desta Apostila e seus respectivos sub-itens. Eles so as causas dos acidentes do trabalho: pisos escorregadios, pisos desnivelados, aberturas no piso, mquinas desprotegidas, etc. Os riscos de ambiente so os riscos existentes nos ambientes de trabalho, normalmente denominados de problemas de higiene do trabalho. Dentre os riscos de ambiente destacam-se o rudo, vibraes mecnicas, temperaturas extremas (calor ou frio), umidade, radiaes ionizantes e no ionizantes, presses anormais e outros. O importante no estudo dos riscos de ambiente ter-se conhecimento de que os mesmos para gerarem problemas crnicos, necessitam estar presentes nos ambientes de trabalho em concentraes ou intensidades superiores aos Limites de Tolerncia estabelecidos pelas Normas Regulamentadoras do Ministrio do Trabalho e Emprego MTB, tambm funo do tempo de exposio ao agente ambiental. Entretanto, h aqueles que provocam efeitos agudos sobre a sade dos indivduos, alguns, inclusive, fatais. importante tambm citar que os riscos de ambiente podem ser mais ou menos lesivos a determinadas pessoas, do que a outras, isto devido susceptibilidade individual, que cada um detm, em razo de sua raa, cor da pele, hbitos, doenas hereditrias, etc. O tipo de agente ambiental tambm importante analisar. Exposies a determinadas poeiras, minrio de ferro, por exemplo, pouco significativas sero com relao a prejuzos sade daqueles que a inalam, pois o elemento ferro inerte, ou seja, no causa problemas de intoxicao para o organismo humano. Entretanto, se a poeira de outros metais, mercrio metlico por exemplo, as conseqncias podem ser gravssimas. Idem, para o caso de chumbo e outros metais, em sua grande parte, txicos. Algumas propriedades fsicas do agente ambiental nocivo tambm os tornam mais ou menos prejudiciais ao organismo humano. O tamanho das partculas em suspenso no ar um exemplo disto. Quanto maiores forem estas partculas, menos tempo permanecem no ar e da mesma forma, quanto mais denso for o material de constituio destas partculas em suspenso, ocorrer mais facilmente a sua deposio no solo. H substncias como o amianto, tambm denominado asbesto, cujas dimenses de suas fibras (comprimento e espessura) caracterizam, ou no uma situao de risco de inalao e posterior penetrao nos pulmes, dando incio, muitas vezes, ao cncer ocupacional neste rgo vital. Aps feitas as consideraes anteriores, apresenta-se, a seguir, algumas informaes a respeito dos agentes fsicos, qumicos, biolgicos e ergonmicos, todos eles constantes nas Normas Regulamentadoras NR da Portaria 3214 de 08 de junho de 1978. Agentes fsicos Os agentes fsicos so assim denominados pois apenas provocam ao fsica sobre o organismo humano, ou seja, ao incidirem sobre o indivduo exposto ou sobre partes de seu corpo, no interferem na composio sangunea ou dos tecidos humanos, nem no funcionamento dos seus respectivos rgos internos. Os agentes fsicos aos quais os trabalhadores podem estar expostos em suas atividades/operaes, durante o exerccio do trabalho, so o rudo (contnuo ou intermitente); as temperaturas extremas (calor ou frio); as vibraes mecnicas (localizadas23

e/ou de corpo inteiro); as presses anormais; as radiaes ionizantes (alfa, beta, gama); as radiaes no-ionizantes (ultravioletas, infravermelhas, laser e microondas), e a umidade. Os problemas gerados pelos agentes fsicos sade do trabalhador esto abaixo relacionados: Quadro - Agentes fsicos e mecanismos de ao sobre o organismo AGENTES FSICOS MECANISMOS DE AO SOBRE O ORGANISMOOcorre com maior intensidade nas indstrias metalrgicas, mecnicas, grficas, txteis, qumicas, petroqumicas, de alimentos, bebidas, transportes, entre outras. Cansao mental e geral; irritao; nervosismo; dor de cabea; perda (temporria ou permanente) da audio; aumento da presso arterial; problemas do aparelho digestivo; taquicardia; impotncia sexual; frigidez sexual; e perigo de infarto so os problemas esperados para os expostos ao rudo ocupacional. Cansao geral e visual; irritao; dor nos membros; dor na coluna cervical; dores lombares; artrite; problemas digestivos; leses dos tecidos moles; leses sseas; leses circulatrias; etc. Taquicardia; aumento da pulsao; cansao; irritao, intermao ou insolao; prostao trmica; choque trmico; fadiga geral; queda do rendimento mental; perturbaes nas funes digestivas; hipertenso arterial; problemas cardacos, circulatrios e renais; etc. Queimaduras e leses nos olhos e na pele e males do calor citados no quadro acima. Os mais expostos a este tipo de radiao so os radiologistas, tcnicos e manipuladores de Raios X, os empregados envolvidos na fabricao de equipamentos de Raios X e os que manipulam de istopos radioativos. Alteraes celulares na pele, sangue, sistema formador do sangue, medula ssea e rgos internos em geral; cncer; leucemia; problemas genticos (mal formao congnita e similares), so os efeitos esperados sobre a sua sade. Fadiga geral e visual; problemas para os olhos e para a percepo visual, gerando maior risco de ocorrncia de acidentes do trabalho e outros problemas em geral; queda da produo e da qualidade do servio; queda do moral do trabalhador; desconforto, etc. A iluminao, se excessiva, pode gerar fotofobia, ofuscamento, lacrimejamento e cansao visual, dentre outros males. Doenas do aparelho respiratrio, doenas de pele, doenas circulatrias e outras. As presses anormais ocorrem em trabalhos sob ar comprimido em tubules pneumticos e tneis pressurizados e no caso de atividades de mergulho a altas profundidades. Os problemas que podem ocorrer so a embolia provocada pelo nitrognio (dores nas articulaes, paralisia, dor nos ossos, prejuzos circulao sangunea e risco de morte) ou o rompimento dos tmpanos, devido a altas presses. Idem, no caso de presso negativa (pilotos de avies no pressurizados, usados na primeira guerra mundial. Doenas do aparelho circulatrio e respiratrio; doena de pele, doenas cardacas, queda da temperatura do ncleo do corpo (hipotermia); e gangrena, em casos extremos de congelamento de partes terminais do corpo (dedos dos ps e mos, principalmente).

Rudo

Vibraes

Calor Radiaes NoIonizantes

Radiaes Ionizantes

Iluminamento Deficiente

Umidade

Presses Anormais

Frio Excessivo

24

Agentes qumicos Os agentes qumicos so assim denominados pois produzem ao qumica sobre o organismo humano, ou seja, atuam diretamente sobre o indivduo a eles expostos ou sobre partes de seu corpo, podendo interferir (ou alterar) na composio sangunea ou afetar significativamente os tecidos humanos e ainda, o funcionamento normal dos rgos internos do corpo. Os principais tipos de riscos qumicos que atuam sobre o organismo humano, causando problemas sade, so os gases, vapores e aerodispersoides (poeiras, fumos metlicos, nvoas, neblinas e fumaa). Os gases, vapores e nvoas podem provocar efeitos irritantes, asfixiantes ou anestsicos, dentre outros. Quadro - Gases, vapores e nvoas e mecanismos de ao sobre o organismo AGENTES QUMICOS Irritantes MECANISMOS DE AO SOBRE O ORGANISMOOs efeitos irritantes so causados geralmente por produtos qumicos cidos ou bsicos, dentre outros, destacando-se por exemplo os cidos clordrico e sulfrico, a soda custica e o cloro, que provocam irritao das vias areas superiores. Geralmente produzem ao corrosiva sobre os tecidos humanos (pele e mucosas). Os efeitos asfixiantes so causados, em geral, por gases inertes (pela ao como asfixiantes fsicos, por expulsarem o oxignio do ambiente: hidrognio, hlio, metano, acetileno, dixido de carbono, e outros) e ainda, por gases txicos e venenosos tais como o monxido de carbono, gs sulfdrico e outros, que causam dor de cabea nuseas, sonolncia, convulses, tontura, coma e at a morte. Os anestsicos geralmente produzem ao narctica sobre os indivduos, constituindo-se, geralmente, por solventes orgnicos, tais como o butano, tolueno e xileno (BTX), propano, gasolina e ter, dentre outros. Possuem ao depressiva sobre o sistema nervoso central, provocando danos aos diversos rgos do corpo humano. O benzeno, inclusive, responsvel por danos ao sistema formador do sangue.

Asfixiantes

Anestsicos

Os aerodispersoides ou aerosois, que geralmente ficam em suspenso no ar, nos ambientes de trabalho, podem ser classificados como poeiras (minerais, vegetais, animais e sintticas), fumos metlicos, nvoas, neblinas e fumaa. O QUADRO a seguir apresenta os mecanismos de ao destes produtos sobre o organismo humano.

25

Quadro - Aerodispersides e mecanismos de ao sobre o organismo AGENTES QUMICOS Poeiras minerais MECANISMOS DE AO SOBRE O ORGANISMOAs poeiras minerais provm de diversos tipos de minerais como slica, asbesto, carvo mineral, e provocam silicose (quartzo), asbestose (amianto), antracose (carvo mineral), aluminose (alumnio), saturnismo (chumbo), siderose (p de ferro) e outras pneumoconioses (minerais em geral). As poeiras vegetais so provenientes de atividades envolvendo o corte, limpeza, transformao, beneficiamento e outras tarefas envolvendo vegetais, tais como o bagao de cana-de-acar ou algodo (fibras vegetais). Podem causar as doenas bagaose ou bissinose, respectivamente. As poeiras animais so provenientes de atividades envolvendo abate de animais, beneficiamento de peles, ossos, chifres, couros e similares (curtumes, fbricas de sapatos, etc). Dependendo do tamanho das partculas podem provocar irritao das vias areas superiores e inferiores, reaes alrgicas, etc. Um exemplo o pelo dos gatos, onde diz-se, no popular, que em casas onde existem gatos, pelo menos uma pessoa da casa asmtica. As poeiras sintticas so originadas em fbricas ou empresas que recuperam pneus, ou fabricam artefatos de borracha sinttica, copos plsticos e similares. As borrachas contm negro de fumo que um produto cancergeno. Os fumos metlicos so gerados nas atividades de fuso ou derrame de metais a altas temperaturas, em siderrgicas, nas atividades de corte e solda etc. e causam a febre dos metais e intoxicaes e outros problemas especficos para a pele e mucosas, de acordo com o tipo de metal trabalhado. As nvoas provm da desagregao mecnica de corpos lquidos, formando gotculas no ar, tipo aerosis (spray), sendo inaladas ou depositadas sobre a pele. Dependendo do produto que as originou podem ser txicas se inaladas ou provocar alergias e irritao se entrarem em contato com a pele e mucosas (cidos, bases, etc) As neblinas so provenientes da evaporao de lquidos volteis (gasolina, thinner, lcool, etc.) e ficam em suspenso no ar ambiente at que a sua concentrao atinja a concentrao de saturao. Se os empregados trabalharem em atmosferas com neblinas de solventes, diluentes, inflamveis e produtos qumicos txicos, certamente correro risco de prejudicarem sua sade. As fumaas so provenientes da queima incompleta de material orgnico, tipo madeira, papel, restos de alimentos e similares. Geralmente, como estes materiais no chegam a se queimar, totalmente, deixam cinzas ou brasas aps a combusto e a temperatura de queima faz com que pequenas partculas se elevem do solo e sejam emitidas para a atmosfera. Se inaladas, dependendo do produto que esteja sendo queimado, podem levar o trabalhador a problemas de intoxicao, envenenamento ou apenas a irritao das vias respiratrias superiores ou inferiores.

Poeiras vegetais

Poeiras animais

Poeiras sintticas

Fumos metlicos

Nvoas

Neblinas

Fumaa

Fonte:

Sobre os aerodispersides ainda h a tecer as seguintes consideraes. Existem os fibrognicos, ou seja, que produzem fibrose ou endurecimento dos tecidos pulmonares, dificultando a respirao e levando o trabalhador, gradativamente, morte, se persistir a sua exposio, geralmente por perodos superiores a 15 anos de trabalho nestas atividades. H tambm, os no fibrognicos, que embora possam levar a problemas de sade, os mesmos, quando ocorrem, so muito menos prejudiciais que os fibrognicos.26

O quadro a seguir, apresenta os tipos de atividades/operaes que possuem estes agentes ambientais.

Quadro - Aerodispersides fibrognicos e no fibrognicos e atividades onde podem ser encontrados

AGENTES

QUMICOS

SETOR PRODUTIVO ONDE EXISTE A PRESENA DE AERODISPERSIDESMinerao subterrnea do ouro e do carvo; Fbricas de cermica; fundies; extrao de minerais; corte de pedras; britagem; lapidao; marmorarias; fabricao de produtos de cimento-amianto (telhas, caixas dgua, tubulaes, etc.), fbricas de pisos pisos, fbricas de materiais de frico (pastilhas de freio, embreagem), etc. Minerao de ferro e estanho, fabricao de contrastes radiolgicos, trabalhos de soldagem, exposio excessiva a toner (fotocpias)

Aerodispersides fibrognicos (slica, asbesto, carvo, berlio, talco, e outros) Aerodispersides no fibrognicos (Ferro, brio, estanho, etc.)

Alguns tipos especficos de Indstrias produzem resduos ou seus prprios processos produtivos, atividades e operaes so responsveis pelo lanamento desses resduos nos cursos dgua, pela emisso de poluentes no ar ou pela disposio inadequada de resduos slidos, contaminando o solo. Tudo isto pode vir a prejudicar significativamente o Meio Ambiente, e tambm a sade, segurana e integridade fsica dos prprios empregados da empresa. O QUADRO, a seguir, apresenta os agentes qumicos existentes em alguns processos produtivos.

Quadro - Agentes qumicos existentes em determinados processos de fabricao, segundo o quadro I da NR 7 da Portaria 3214/7827

AGENTE QUMICO Anilina Arsnico Cdmio Chumbo inorgnico Chumbo tetraetila Cromo hexavalente Dicloro metano Dimetil-formamida Dissulfeto de carbono steres organofosforados e carbamatos Estireno Etil-benzeno Fenol Flor ou fluoretos Mercrio inorgnico Metanol Metil-etil-cetona Monxido de carbono N-hexano Nitro -benzeno Pentaclorofenol Tetracloro -etileno Tolueno Tricloro -etano Tricloro -etileno Xileno

ATIVIDADESFabricao de desinfetantes, tintas, corantes, perfumes, produtos plsticos, de borracha e qumicos. Presente em produtos fotogrficos, litografia e grficas. Indstria de vidros e cristais, fabricao de inseticidas, parasiticidas e de tintas. Indstrias extrativas e metalrgicas, conservao de peles e de madeira. Fabricao de ligas metlicas, baterias, pigmentos, pesticidas e amlgama dentria. Indstria do vidro, reatores nucleares e galvanoplastias. Fabricao de baterias, pigmentos, cermicas e condutores eltricos, funilaria, soldagem e indstria petroqumica. Aditivos usados na gasolina e presente, tambm, nas atmosferas de tanques de gasolina, por ocasio de sua limpeza ou em atividades de manuteno interna desses tanques. Fabricao de tintas, cermicas e ligas metlicas, galvanoplastia, curtimento de couro, indstria txtil e fotogrfica Fabricao de anestsicos, aromatizantes, resinas e solventes. Extrao de gorduras, acabamento de couro, embalagem de aerossol Indstria qumica e farmacutica Fabricao de resinas, borracha, rayon, verniz e massa de vidraceiro. Usado tambm na indstria txtil Fabricao, manipulao, embalagem, transporte, armazenagem e aplicao de inseticidas Indstria qumica, de plsticos e de borracha Indstria qumica e petroqumica Indstria de plsticos, resinas e piche; fabricao de corantes e antioxidantes. Removedor de manchas e fundio Indstria de alumnio, fabricao de lmpadas foscas, refinaria de urnio, cermicas, polimento de cristais, descorante, removedor do bronze, inseticidas Fabricao de termmetros e barmetros, de cloro e de soda, indstrais qumicas, laboratrios qumicos, indstria eletrnica e chapelaria, corantes e fungicidas. Fabricao de cido actico, esmalte, bronzeador, tingidor, chapu de feltro, indstria de plumas, fotogravura e dourao. Tambm usado como combustvel de veculos automotores solventes Prova de motores exploso, solda a arco, refinarias de petrleo, siderrgicas e fundio Indstria de borracha, plsticos, pneus, tintas e solventes. Usado na extrao de leos vegetais, na indstria farmacutica e de cosmticos e em tinturarias. Fabricao de explosivos e de corantes de anilina, indstria de polimento e grficas Conservante de madeira, herbicida, fungicida, praguicida Lavagem a seco, solvente, desengraxantes, operao de fosfatizao Fabricao de benzeno, solventes, sacarina e perfumes. Operaes nos fornos de coque, aditivo gasolina, para aviao. Lavagem a seco, removedor de manchas, limpeza de mquinas e propelentes Lavagem a seco, desengraxantes, solventes e operao de fosfatizao Fabricao de adesivos, de cido benzico e verniz, solvente e desengraxante. Usado na indstria do couro e como aditivo da gasolina para aviao 28

Agentes biolgicos Os agentes biolgicos so microorganismos e animais que podem, dadas as suas caractersticas patognicas, peonhentas ou outras, respectivamente, afetar a sade e integridade fsica do trabalhador. So considerados riscos biolgicos os vrus, as bactrias, os bacilos, os fungos, e outros microorganismos causadores de infeces, alm dos parasitas e insetos transmissores de doenas por via direta ou indireta (pulgas, piolhos, baratas e similares). Geralmente as doenas ocasionadas por estes riscos biolgicos podem ter a sua preveno fundamentada em vacinao dos empregados da empresa contra algumas doenas passveis de ocorrer em razo das atividades/operaes e ambientes nos quais trabalham. No caso, por exemplo, de empregados que trabalham em galerias de esgotos ou de Estaes de Tratamento de Esgotos, ou ento, lixeiros ou trabalhadores de Usinas de Tratamento de Lixo, devem ser vacinados contra febre tifide e ttano, principalmente, dentre outras vacinas que seria prudente tambm tomarem (hepatite A, por exemplo, para o caso dos trabalhadores dos esgotos). Os Equipamentos de Proteo Individual EPIs tambm devem ser utilizados (botas e luvas impermeveis), para ambas profisses, sendo que a bota dos trabalhadores dos esgotos deve ser de cano longo e muitas vezes, chega a ser um macaco impermevel que vem at a altura do peito, se trabalham em galerias de esgotos. Quanto a animais, os peonhentos do tipo cobras, escorpies, aranhas, lacraias, lagartas e similares so merecedores de maior ateno, pois podem levar, inclusive, morte de trabalhadores, caso de algumas cobras venenosas (jararaca, surucucu, taca, cobra coral e similares) e de aranhas supostamente inofensivas, do tipo viva negra, por exemplo e ainda, de um tipo particular de lagarta fogo. Os insetos que merecem cuidados nos ambientes laborais so os marimbondos e abelhas que costumam se aninhar em suas dependncias, ou freqentar determinados locais de trabalho onde existam doces ou acar em abundncia, caso especfico das abelhas. Caso haja indivduos alrgicos picada de um ou outro destes insetos, h risco de morte, inclusive, por fechamento de glote, o que constitui-se em um grande risco, pois poucas so as pessoas que tm cincia se so ou no alrgicas a picadas de insetos. No se pode, ainda, deixar de considerar o risco de contrair-se doenas provocadas por mosquitos, tipo dengue, febre amarela ou malria, quando as empresas se situam em reas onde estes tipos de doenas sejam endmicas. Outros tipos de doena podem vir a ocorrer com profissionais em decorrncia de mordida de ces, no caso particular de carteiros, por exemplo, que devido a isto podem vir a contrair a raiva canina, alm de infeces provocadas pelos dentes contaminados destes animais, no descartando-se tambm o risco de at sofrerem mutilaes, se mordidos nos braos e mos, principalmente. Para os que trabalham em locais inundados ou alagados (galerias de esgotos ou de guas pluviais, dentre outros) h sempre o risco de contrarem leptospirose, doena transmitida pela urina do rato. Quando existe falta de higiene na guarda de alimentos (acar, biscoito ou outros), nos restaurantes das empresas, por exemplo, h sempre o risco de contaminao destes alimentos por ratos, ratazanas, camondongos, moscas e baratas. Isto pode se constituir em um fator de risco para alguns empregados que podem, caso ingiram alimentos29

contaminados, contrair doenas do tipo gastroenterite, e outros males intestinais. Esta mesma preocupao deve existir com a gua potvel utilizada pelos empregados em geral. Acrescente-se a isto a falta de copos descartveis nos ambientes de trabalho; de toalhas de papel para enxugo das mos, aps sua lavagem; de tampas nos recipientes de papel, nos banheiros dos diversos setores de trabalho; de ausncia de desinfetantes para as mos, nas pias e lavatrios da empresa; a falta de chuveiros, lavatrios e vasos sanitrios em nmero suficiente para uso dos empregados; e a ausncia de armrios individuais para a guarda dos pertences dos empregados. Estes armrios, inclusive, devem ser individuais, ventilados e devidamente lacrados, para permitir a privacidade e segurana dos pertences do empregado, e para evitar a entrada de insetos e pequenos animais em seu interior (baratas e camondongos, dentre outros). Tanto os ambientes de trabalho como os banheiros, alojamentos, vestirios, restaurantes e quaisquer outras unidades freqentadas pelos trabalhadores, devem ser bem iluminados e ventilados, permitindo desta forma a identificao de sujidades, no piso, paredes, mesas, camas etc. e ainda, permitindo a identificao e localizao de animais que se alojem em locais escuros e mal ventilados. A ventilao dos ambientes de trabalho tambm contribui para a sua salubridade, evitando a presena e proliferao de bactrias, fungos, caros e outros microorganismos indesejveis. Agentes ergonmicos Este texto sobre Agentes Ergonmicos sintetiza a Apostila elaborada pela Dra. Lys Esther Rocha, Auditora Fiscal do Trabalho da DRT-SP, para subsidiar as reunies de treinamento sobre a Aplicao Prtica da Norma Regulamentadora NR 17-Ergonomia para Auditores Fiscais do Trabalho, em sade e segurana no trabalho. Nesta apostila constam textos de outros autores, sendo o abaixo de responsabilidade do tambm Mdico do Trabalho e Ergonomista Dr. Carlos Alberto Diniz Silva, Ex-Agente de Inspeo do MTE. Segundo o autor, a ergonomia nasce da constatao de que o Homem no uma mquina como as outras, diferentemente do que props Descartes e La Mettrie, no sculo XVII pois: - ele no um dispositivo mecnico; - ele no transforma energia como uma mquina a vapor; - seu olho no funciona como uma clula fotoeltrica; - seu ouvido no sensvel aos sons apenas como um microfone e um amplificador; - sua memria no funciona como a de um computador; - os riscos a que est submetido no trabalho no so anlogos aos de um dispositivo tcnico, apesar de termos anlogos aplicados ao Homem e mquina: fadiga, desgaste, envelhecimento, polias, vlvulas, juntas, bombas, tubos. Com o desenvolvimento de engenhos mecnicos que se propem a ajudar os homens no seu trabalho, quase inevitvel que o funcionamento do corpo humano seja estudado do ponto de vista mecnico e mais tarde o modelo da mquina a vapor torna-se o paradigma predominante. O homem concebido como um engenho mecnico transformador de energia. Dentro da Ergonomia h duas correntes:30

- a corrente produtivista que procura a adaptao dos meios de trabalho ao homem; e - a corrente higienista mais interessada no conhecimento dos riscos e eliminao de suas causas. Antes da 2 Guerra Mundial, sempre houve os que procuravam adaptar os meios de trabalho ao homem: - os prprios usurios: desde a pr-histria havia uma busca incessante por instrumentos que pudessem melhorar o desempenho humano, como os machados de pedra, os estiletes etc.; - os mdicos e os higienistas: interessados nas conseqncias do trabalho sobre a sade; - os engenheiros e organizadores do trabalho cuja questo central era: qual a quantidade de trabalho mecnico que se pode esperar de um homem? J os pesquisadores de laboratrios se dividiam em : - fsicos e fisiologistas que tentavam medir o custo energtico do trabalho, o rendimento etc. - psiclogos mais interessados na avaliao das capacidades e aptides sensoriomotoras e cognitivas, porm visando uma seleo. O objetivo era encontrar um homem certo para uma condio de trabalho previamente estabelecida. At o fim do sculo XVIII, privilegiava-se os estudos e pesquisas privilegiavam os estudos de campo. Depois passou-se aos estudos de laboratrio pois havia a pretenso de maior rigor nas mensuraes pois a cincia nascente adotava o modelo matemtico como sendo o mais correto. O universo havia sido geometrizado e matematizado. Na Antigidade (Imprio Romano) j eram conhecidos os problemas na coluna nos carregadores de pedra, as clicas pelo chumbo nos mineiros e a intoxicao pelo mercrio. A Idade Mdia conheceu um grande interesse pelos fatores ambientais. Fatores como o calor, a umidade, as poeiras e os agentes txicos eram correlacionados com o estado de sade. Os males do sedentarismo entre os tabelies tambm eram comentados. No Renascimento, Ramazzini estuda as doenas venreas nas parteiras, as lceras de pernas e os desmaios nos mineiros provocados pelo calor, a ruptura de vasos na garganta de cantores e os distrbios visuais nos ourives. J no sculo XIX, Patissier se volta para o saturnismo e a silicose e insiste