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1 LÍNGUA PORTUGUESA Professora Doutora Francisca Cordelia Oliveira da Silva Professora Doutora Janaína de Aquino Ferraz Brasília - 2013

Apostila CJF - 2013

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LÍNGUA PORTUGUESA

Professora Doutora Francisca Cordelia Oliveira da Silva

Professora Doutora Janaína de Aquino Ferraz

Brasília - 2013

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APRESENTAÇÃO

A presente apostila visa à capacitação de servidores da Administração Pública no

curso de Redação Oficial. O objetivo do curso é contribuir para o aperfeiçoamento e a

atualização dos servidores, com vistas a ajustar o papel profissional ao perfil desejado e,

consequentemente, à melhoria dos processos de trabalho e à imagem institucional.

O curso de Redação, com base no Manual de Redação da Presidência da República,

é composto por uma parte teórica e uma parte de exercícios práticos, abordando os

aspectos gerais da Redação oficial, e enfocando a necessidade de comunicar com

impessoalidade e máxima clareza.

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Aula 1

Objetivos: apresentar a definição de gênero textual, de texto e de gêneros textuais oficiais.

Rever a importância da leitura como ferramenta indispensável para a produção escrita.

Analisar brevemente os elementos de textualidade. Aplicar os conceitos estudados a uma

análise de caso.

1. DESFAZENDO ALGUNS MITOS...

Em nossa cultura, a ideia de escrever é perpassada por alguns mitos, que precisamos

analisar antes de começar1 a debater os temas que são foco deste curso.

Escrever é questão de inspiração.

Escrever é hábito, técnica, exercício, habilidade que se precisa desenvolver.

Pessoas que escrevem bem são mais inteligentes.

Escrever é dom natural.

Qualquer pessoa com treinamento e vontade pode escrever bem. Assim como

aprendemos matemática, química e física, aprendemos a redigir.

Um bom texto resulta de prática, de concentração e de dedicação e não,

propriamente, de uma condição natural de escritor.

Escrever é mais transpiração que inspiração.

A leitura é passo fundamental para a escrita.

Somente a leitura de clássicos auxilia no desenvolvimento da escrita.

Texto bom é texto longo.

Atente que a sociedade da informação e do conhecimento é econômica, concisa. 1 Informações coletadas e adaptadas de <http://www.desconversa.com.br/redacao/os-mitos-da-escrita/> e de < http://webinsider.uol.com.br/2010/03/05/como-escrever-bem-derrubando-mitos-da-comunicacao/ >. Acesso em 03.jun.2011.

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Texto bom é texto com vocabulário difícil.

O ranço colonial desenvolveu em boa parte da elite intelectual brasileira o conceito

do “quanto mais confuso, melhor”.

Clareza, funcionalidade, pertinência e objetividade no trato das informações são

virtudes a serem treinadas e trabalhadas pelos profissionais em qualquer área.

Quem não tiver a necessária sensibilidade para perceber que o conhecimento

tornou-se o substituto último de todos os outros meios de produção deixará de gerar

riquezas—e estará inevitavelmente fadado ao rápido esquecimento.

Você é o que você escreve. Sua redação é a evidência persuasiva de sua competência,

de sua personalidade e de sua capacidade profissional.

2. ALGUNS CONCEITOS INICIAIS

2.1. Leitura e produção de textos

A leitura é ferramenta fundamental para a escrita.

Leitura: perder a ingenuidade; perceber sua função e importância na vida social e

profissional.

Cultura de oralidade X cultura de escrita: mudança de postura.

Trabalho de escrita e reescrita: aprimoramento de habilidades.

Mas a leitura de que estamos falando, precisa ser crítica e reflexiva. Para isso, deve

assumir o viés sociointeracional da linguagem: o texto é fruto do diálogo entre autor e

leitor, considerado ainda seu contexto social, cultural, histórico...

Para ler e compreender um texto, precisamos ler as linhas e as entrelinhas:

informações explícitas e implícitas. Vamos analisar dois exemplos e tentar como ocorre o

processo de compreensão.

Compreender, segundo a ABL (2008, p. 331), é alcançar com o raciocínio,

assimilar, entender, perceber as intenções secretas. Com base nessa definição, liste, para

cada uma das charges, 10 palavras que você associa à sua compreensão de cada texto.

Texto 1

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Fonte:http://br.noticias.yahoo.com/blogs/blog-ultrapop/charges-e-dor.

1. 6.

2. 7.

3. 8.

4. 9.

5 10.

Texto 2

1. 6.

2. 7.

3. 8.

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6

4. 9.

5 10.

2.1.1. Conclusões

Para ler e compreender, precisamos de conhecimento linguístico-gramatical.

A compreensão está atrelada a fatos históricos, culturais, sociais e ideológicos.

Não existe a compreensão, mas compreensões possíveis e adequadas, e outras não

adequadas.

2.2. Texto

O texto pode ser conceituado como “...um tecido estruturado, uma entidade

significativa, uma entidade de comunicação e um artefato sociohistórico” (MARCUSCHI,

2008, p. 72). Para se configurar como texto, esse tecido precisa apresentar: coesão,

coerência (inteligibilidade), informatividade (progressão temática), intencionalidade,

situacionalidade.

Gêneros textuais constituem práticas discursivas nas quais podemos identificar

um conjunto de gêneros textuais que, às vezes, lhes são próprios ou específicos como

rotinas comunicativas institucionalizadas e instauradores de relações de poder

(MARCUSCHI, 2008). Estudaremos e produziremos somente gêneros acadêmicos.

Na administração pública, os gêneros textuais mais usados são: ofício, memorando,

aviso, circular, relatório, e-mail, edital (dentre outros). Em nosso curso, a intenção não é

rever a estrutura desses textos, mas pensar em formar de aprimorar seu conteúdo. Para

isso precisamos analisar brevemente os critérios de textualidade. Segundo Marcuschi

(2008, p. 94), a textualidade se configura do seguinte modo:

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Vejamos, então mais detalhadamente, dois desses critérios.

A coesão é o critério mais importante da textualidade. Ela é realizada por aspectos

mais especificamente semânticos como o uso de elementos conectivos (MARCUSCHI,

2008, p. 99). A coesão está relacionada à ligação entre as ideias. Vamos estão localizar os

elementos de coesão no texto abaixo:

(1) O médico e vereador Marcelo Amaral Carneiro, um dos profissionais mostrados na

reportagem de terça-feira (27), no SBT Brasil, batendo cartão no Hospital Estadual

Roberto Chabo, em Araruama (RJ), e saindo em seguida, entrou em seu perfil do

Facebook nesta manhã. Ele desejou bom dia aos seus seguidores, mas não deu nenhuma

explicação sobre o que foi exibido no noticiário2.

A coesão é a continuidade baseada na forma e a coerência é a continuidade

baseada no sentido, logo relações de coerência são relações de sentido (MARCUSCHI,

2008, p. 119). Entretanto, “[...] a coerência é uma atividade interpretativa e não uma

propriedade imanente ao texto” (MARCUSCHI, 2008, p. 121). O texto será coerente se o

leitor conseguir alcançar sua compreensão e dar-lhe um sentido.

(2) A análise de traços de uma partícula elementar da física descoberta no Grande

Colisor de Hádrons (LHC), no segundo semestre do ano passado, "indica fortemente" que

2 http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2013/08/28/medico-que-bate-ponto-sem-trabalhar-ignora-

criticas-em-perfil-no-facebook.htm

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é o tão esperado bóson de Higgs, a partícula de Deus, informou na quinta-feira o Centro

Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern, na sigla em francês). Essa partícula ajudaria os

cientistas a explicar a origem do universo3.

No caso do exemplo acima, a coerência depende do conhecimento de conceitos e

fatos que, se desconhecidos, impossibilitam a compreensão do texto, mesmo para um leitor

proficiente.

3 Fonte: http://noticias.terra.com.br/mundo/particula-de-deus-analise-indica-que-boson-de-higgs-foi-mesmo-

encontrado,34effd69c456d310VgnCLD2000000dc6eb0aRCRD.html.

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Vamos exercitar...

Agora vamos fazer o mesmo exercício com textos oficiais. Sobre o tema Autonomia

das Universidades e criação de campus fora de sede, leia os seguintes fragmentos de textos:

a) A Constituição Federal (1988) afirma que:

Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de

gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre

ensino, pesquisa e extensão. (grifos nossos)

b) A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – nº 9.394/96 – aponta

que:

Art. 53. No exercício de sua autonomia, são asseguradas às universidades, sem prejuízo de

outras, as seguintes atribuições:

I - criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas de educação superior

previstos nesta Lei, obedecendo às normas gerais da União e, quando for o caso, do

respectivo sistema de ensino; (...)

IV - fixar o número de vagas de acordo com a capacidade institucional e as exigências do

seu meio;

V - elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos em consonância com as normas

gerais atinentes;

Parágrafo único. Para garantir a autonomia didático-científica das universidades, caberá

aos seus colegiados de ensino e pesquisa decidir, dentro dos recursos orçamentários

disponíveis, sobre:

I - criação, expansão, modificação e extinção de cursos;

II - ampliação e diminuição de vagas; (grifos nossos)

c) E o Decreto nº 5.773/2006 dispõe que:

Art. 24. As universidades poderão pedir credenciamento de campus fora de sede em

Município diverso da abrangência geográfica do ato de credenciamento em vigor, desde

que no mesmo Estado. (Redação dada pelo Decreto nº 6.303, de 2007) (grifos nossos)

§ 1o O campus fora de sede integrará o conjunto da universidade e não gozará de

prerrogativas de autonomia. (Redação dada pelo Decreto nº 6.303, de 2007)

§ 2o O pedido de credenciamento de campus fora de sede processar-se-á como aditamento

ao ato de credenciamento, aplicando-se, no que couber, as disposições processuais que

regem o pedido de credenciamento. (Redação dada pelo Decreto nº 6.303, de 2007)

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§ 3o É vedada a oferta de curso em unidade fora da sede sem o prévio credenciamento do

campus fora de sede e autorização específica do curso, na forma deste Decreto. (Incluído

pelo Decreto nº 6.303, de 2007)

Nome:______________________________________________________

Após a leitura do texto, dos textos, escreva com suas palavras, como se configura a

autonomia das universidades e quando (segundo que critérios) elas podem abrir campus

fora de sede.

Aula 2

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Objetivos: apresentar uma visão geral dos textos oficiais; analisar textos oficiais.

2. O QUE É REDAÇÃO OFICIAL

Segundo o dicionário Houaiss (2001), redação é “ação ou efeito de redigir, de

escrever com ordem e método". Sendo assim, pode-se dizer que redação oficial é a maneira

pela qual o Poder Público redige atos normativos e comunicações.

A Redação Oficial deve caracterizar-se pela impessoalidade, uso do padrão culto de

linguagem, clareza, concisão, formalidade e uniformidade. Publicidade a impessoalidade,

como princípios fundamentais de toda administração pública, devem igualmente nortear a

elaboração dos atos e comunicações oficiais.

Esses mesmos princípios (impessoalidade, clareza, uniformidade, concisão e uso de

linguagem formal) aplicam-se às comunicações oficiais: elas devem sempre permitir uma

única interpretação e ser estritamente impessoais e uniformes, o que exige o uso de certo

nível de linguagem.

As comunicações oficiais são necessariamente uniformes, pois há sempre um único

comunicador (o Serviço Público) e o receptor dessas comunicações ou é o próprio Serviço

Público (no caso de expedientes dirigidos por um órgão a outro) – ou o conjunto dos

cidadãos ou instituições tratados de forma homogênea (o público).

Apresentadas essas características fundamentais da redação oficial, passemos à

análise de um exemplo para, depois, pormenorizar cada uma delas.

2.1. Formalidade e Padronização

As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto é, obedecem a regras de

forma: além das já mencionadas exigências de impessoalidade e uso do padrão formal da

linguagem. A formalidade diz respeito à polidez, à civilidade no enfoque dado ao assunto

do qual cuida a comunicação.

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2.2. Principais textos da Redação Oficial

Há dois tipos de expedientes que se diferenciam finalidade: o ofício e o memorando.

Para uniformizá-los, pode-se adotar uma diagramação única, que siga o chamado padrão

ofício. As peculiaridades de cada um serão tratadas adiante; por ora busquemos as suas

semelhanças.

2.2.1. Partes do documento no Padrão Ofício: pontos comuns

O aviso, o ofício e o memorando devem conter as seguintes partes:

a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que o expede:

Exemplos: Mem. 123/2002-MF; Aviso 123/2002-SG; Of. 123/2002-MME

b) local e data em que foi assinado, por extenso, com alinhamento à direita:

Exemplo: Brasília, 15 de setembro de 2013.

c) assunto: resumo do teor do documento:

Assunto: Produtividade do órgão em 2002.

Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores.

d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida a comunicação. No caso do

ofício deve ser incluído também o endereço.

O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder é

Excelentíssimos Senhores, seguidos do cargo respectivo: Excelentíssimo Senhor

Presidente da República, Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,

Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal. As demais

autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, seguidos do cargo respectivo: Senhor

Senador, Senhor Juiz, Senhor Ministro,

e) texto: nos casos em que não for de mero encaminhamento de documentos, o expediente

deve conter a seguinte estrutura:

– Introdução: parágrafo de abertura, no qual é apresentado o assunto que motiva

a comunicação.

Atenção: devemos evite o uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”,

“Cumpre-me informar que”, “Venho por meio desta”. Empregue a forma direta...

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– Desenvolvimento: detalhamento do assunto; se o texto contiver mais de uma

ideia sobre o assunto, elas devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que confere maior

clareza à exposição.

– Conclusão: reafirma ou simplesmente reapresenta a posição recomendada sobre

o assunto.

Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos em que estejam

organizados em itens ou títulos e subtítulos.

Já quando se tratar de mero encaminhamento de documentos a estrutura é a

seguinte:

– Introdução: deve iniciar com referência ao expediente que solicitou o

encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver sido solicitada, deve iniciar com a

informação do motivo da comunicação, que é encaminhar, indicando a seguir os dados

completos do documento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário, e assunto de que

trata), e a razão pela qual está sendo encaminhado, segundo a seguinte fórmula:

(3) “Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro de 1991, encaminho, anexa, cópia do

Ofício nº 34, de 3 de abril de 1990, do Departamento Geral de Administração, que trata

da requisição do servidor Fulano de Tal.”

ou

(4) “Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa cópia do telegrama no 12, de 1o

de fevereiro de 1991, do Presidente da Confederação Nacional de Agricultura, a respeito

de projeto de modernização de técnicas agrícolas na região Nordeste.”

– Desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer algum comentário a

respeito do documento que encaminha, poderá acrescentar parágrafos de

desenvolvimento; em caso contrário, não há parágrafos de desenvolvimento em aviso ou

ofício de mero encaminhamento.

f) fecho;

O fecho das comunicações possui, além da finalidade óbvia de arrematar o texto, a de

saudar o destinatário. Atualmente, são utilizados: para autoridades superiores, inclusive o

Presidente da República: Respeitosamente,/b) para autoridades de mesma hierarquia ou

de hierarquia inferior: Atenciosamente,

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g) assinatura; e

Atenção 1: recomenda-se não deixar a assinatura em página isolada do expediente.

Transfira para essa página ao menos a última frase anterior ao fecho. Não se deve deixar

linha para o signatário assinar o documento.

h) identificação do signatário

As comunicações oficiais devem trazer o nome e o cargo da autoridade que as expede,

abaixo do local de sua assinatura. A forma da identificação deve ser a seguinte, conforme o

Manual de Redação Oficial da Presidência da República:

(espaço para assinatura)

NOME

Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República

2.3. Diagramação

Os documentos do Padrão Ofício4 devem obedecer à seguinte forma de

apresentação:

a) Fonte: Times New Roman 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de

rodapé;

b) para símbolos não existentes na Times utiliza-se as fontes Symbol e Wingdings;

c) é obrigatório constar a partir da segunda página o número da página;

d) os ofícios, memorandos e anexos poderão ser impressos em ambas as faces do papel.

Neste caso, as margens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares

(“margem espelho”);

e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distância da margem esquerda;

f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no mínimo, 3,0 cm de largura;

g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm;

h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de 6 pontos após cada

parágrafo;

i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, letras maiúsculas,

sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer outra forma de formatação que afete a

elegância e a sobriedade do documento;

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j) a impressão dos textos deve ser na cor preta em papel branco. A impressão colorida deve

ser usada apenas para gráficos e ilustrações;

l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser impressos em papel de

tamanho A-4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm;

n) dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o arquivo de texto

preservado para consulta posterior ou aproveitamento para casos análogos;

o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da seguinte

maneira: tipo do documento + número do documento + palavras-chaves do conteúdo

Ex.: “Of. 123 - relatório produtividade ano 2002”

2.4. Ofício

Ofício é a modalidade de comunicação oficial que tem como finalidade o tratamento

de assuntos oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si e também com

particulares. Segue o modelo do padrão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca o

destinatário, seguido de vírgula5. Exemplos: Excelentíssimo Senhor Presidente da

República, /Senhora Ministra,/Senhor Chefe de Gabinete

Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as seguintes informações do

remetente: nome do órgão ou setor; endereço postal; telefone e endereço de correio

eletrônico.

Figura 1: Ofício – Parte inicial/Abertura

5 Ver quadro de uso dos pronomes de tratamento nos anexos.

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Figura 2: Ofício – Texto propriamente dito

Figura 3: Ofício: Fecho

2.5. Memorando

É usado para comunicação entre unidades administrativas do mesmo órgão, que

podem estar hierarquicamente em mesmo nível ou em níveis diferentes. Trata-se,

portanto, de uma forma de comunicação interna. Pode ter caráter meramente

administrativo, pode ser empregado para exposição de projetos, ideias, diretrizes, etc.

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Sua característica principal é a agilidade, por isso a tramitação deve pautar-se pela

rapidez e pela simplicidade. Para evitar desnecessário aumento do número de

comunicações, os despachos ao memorando devem ser dados no próprio documento e, no

caso de falta de espaço, em folha de continuação.

Quanto à forma, o memorando segue o modelo do padrão ofício, com a diferença

de que o seu destinatário deve ser mencionado pelo cargo que ocupa.

Exemplos:

Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração;

Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos.

Exemplo de Memorando

10. CORREIO ELETRÔNICO

5 cm

Mem. 118/DJ

Em 12 de abril de 1991.

Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração

Assunto: Administração. Instalação de microcomputadores

1. Nos termos do Plano Geral de informatização, solicito a Vossa

Senhoria verificar a possibilidade de que sejam instalados três

microcomputadores neste Departamento.

2 Sem descer a maiores detalhes técnicos, acrescento, apenas, que

o ideal seria que o equipamento fosse dotado de disco rígido e de monitor

padrão EGA. Quanto a programas, haveria necessidade de dois tipos: um

processador de textos, e outro gerenciador de banco de dados.

3. O treinamento de pessoal para operação dos micros poderia ficar

a cargo da Seção de Treinamento do Departamento de Modernização, cuja

chefia já manifestou seu acordo a respeito.

4. Devo mencionar, por fim, que a informatização dos trabalhos

deste Departamento ensejará racional distribuição de tarefas entre os servidores

e, sobretudo, uma melhoria na qualidade dos serviços prestados.

Atenciosamente,

[nome do signatário]

[cargo do signatário]

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2.6. Correio Eletrônico

O correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e celeridade, transformou-se na

principal forma de comunicação para transmissão de documentos.

Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua flexibilidade. Assim,

não interessa definir forma rígida para sua estrutura. Entretanto, deve-se evitar o uso de

linguagem incompatível com uma comunicação oficial.

O campo assunto do formulário de correio eletrônico mensagem deve ser

preenchido de modo a facilitar a organização documental tanto do destinatário quanto do

remetente.

Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de confirmação de leitura. Caso não

seja disponível, deve constar na mensagem o pedido de confirmação de recebimento.

Atenção: em ambiente profissional, as mensagens eletrônicas devem ser sempre formais.

Leitura Complementar

Netiqueta é a etiqueta que se recomenda observar na Internet. A palavra pode ser

considerada como uma gíria, decorrente da fusão de duas palavras: o termo inglês “net”

(que significa "rede") e o termo "etiqueta" (conjunto de normas de conduta sociais). Trata-

se de um conjunto de recomendações para evitar mal-entendidos em comunicações via

Internet, especialmente em e-mails, chats, listas de discussão, etc. Serve, também, para

regrar condutas em situações específicas (por exemplo, ao colocar-se a resenha de um livro

na Internet, informar que naquele texto existem spoilers; citar nome do site, do autor de

um texto transcrito, etc.).

Atente para o fato de que estas regras de etiqueta aplicadas à Internet não são

oficiais, nem estão documentadas. A compilação das normas a seguir está sendo escrita e

expandida de forma colaborativa e voluntária, pelos próprios usuários da Internet.

Desse conjunto de normas de conduta online, podemos destacar algumas:

Evitar enviar mensagens EXCLUSIVAMENTE EM MAIÚSCULAS ou grifos

exagerados ou em HTML. Se bem empregadas, as maiúsculas podem ajudar a destacar,

mas em excesso, a prática é compreendida como se você estivesse gritando, podendo

causar irritação ou fazer com que o interlocutor se sinta ofendido. HTML aumenta

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substancialmente o tamanho das mensagens, o que impacta desnecessariamente o uso da

largura de banda nos servidores.

De maneira geral, procure não usar recursos de edição de texto, como cores,

tamanho da fonte, tags especiais, entre outras, em excesso. Use-os, como explicado no

item anterior, para destacar palavras e expressões importantes. Nunca para dar destaque

injustificado à mensagem como um todo (mesmo que sua mensagem possua apenas três

palavras).

Respeite para ser respeitado e trate os outros como você gostaria de ser tratado.

Lembre-se de que dialogar com alguém mediado pelo computador não faz com que

você seja imune às regras comuns da nossa sociedade, por exemplo, o respeito para com o

próximo. Mesmo por intermédio de uma máquina, você está conversando com uma

pessoa, assim como você. Não diga a essa pessoa o que você não gostaria de ouvir.

Use sempre a força das ideias e dos argumentos. Nunca responda com palavrões,

mesmo que usem de grosseria contra você. Afinal, pessoas inteligentes privilegiam os

argumentos contra a falta deles.

Apesar de compartilhar apenas virtualmente um ambiente, ninguém é obrigado a

suportar ofensas e má-educação. Caso alguém insista nessas práticas, ignore-o.

Evite enviar mensagens curtas em várias linhas. Além de ser maléfico à rede como

um todo, causa bastante irritação. Escreva uma frase completa e envie.

Em fóruns e listas de discussão, procure expressar-se claramente. Explique o

problema com o máximo de informação que puder. Tente manter-se no contexto da

discussão. Os fóruns são separados por tópicos, procure postar no tópico que mais convier

à sua pergunta. Evite sempre mensagens do estilo "Me ajudem, por favor!", "Ajuda aqui!",

"Vou jogar essa coisa fora" ou frases similares.

Caso escreva um texto muito longo, deixe uma linha em branco em algumas partes

do texto, paragrafando-o. Dessa maneira, o texto ficará mais organizado e fácil de ler.

Dependendo do destinatário de seu texto, evitar o uso de acrônimos e do

Internetês ou, pelo menos, reduzir a utilização deles. Preste atenção ao que você escreve. É

possível que, em alguns dias, nem você mesmo saiba o que havia escrito.

Ninguém é obrigado a usar a norma-padrão, mas use um mínimo de pontuação.

Ler um texto sem pontuação, principalmente quando ele é grande, gera desconforto e,

além disso, as chances de ele ser mal interpretado são muitas.

Quando você estiver perguntando, provavelmente é porque precisa de ajuda em

algo, então aja como tal. Evite ser arrogante ou inconveniente.

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Não copie textos de sites ou qualquer outra fonte que possua conteúdo protegido

por registro e que não permita cópias e, sempre, mesmo com autorização de cópia, cite as

fontes quando utilizá-las.

Enquanto estiver numa conversa em programas de mensagem instantânea, nunca

corte (interrompa) o assunto tratado pela outra pessoa. Isso é extremamente desagradável.

Se a pessoa enviar uma mensagem e você enviar outra completamente diferente, ela ficará

sem saber se você leu ou ignorou a mensagem que ela enviou. Pelo menos escreva algo

para confirmar que leu a mensagem.

Ainda sobre conversas em programas de mensagem instantânea, evite ao máximo

usar emoticons de letras, palavras e coisas do gênero. Isso torna a leitura das mensagens

muito difícil e confusa, devido ao tempo que precisamos esperar para que esses emoticons

sejam carregados e à irregularidade nos tamanhos e cores. Emoticons expressam emoções

e não palavras. Procure usá-los fora das mensagens escritas.

Há messengers que possuem a funcionalidade de se autodeterminar um status ou

estado como away ou ausente. Procure usar esta ferramenta, enquanto você estiver online,

mas fora do computador, para evitar que seus contatos conversem com você e tenham de

aguardar horas pela sua resposta.

Não envie uma mensagem supondo que a outra pessoa a entenda da forma como

você a escreveu. Pode ser que ela entenda de forma diferente. Uma mensagem escrita

nunca ficará tão clara quanto um conjunto de palavras faladas. Procure ser o mais claro

possível para não gerar nenhuma confusão.

Ao encaminhar um e-mail que recebeu, por exemplo, os típicos e-mails

humorísticos, que percorrem grupos sociais diversos através de divulgação por listas de

contatos gigantes, remova os e-mails das outras pessoas. Procure escrever os seus

destinatários no campo "BCC" ou "CCO" em vez do campo "Para". Este campo esconde os

endereços dos destinatários. Todos irão receber, mas ninguém, além de você, saberá quem

mais recebeu a sua mensagem. Ao não fazer o recomendado acima, você está contribuindo

para o spam com e-mails dos seus próprios conhecidos. Os endereços de e-mail

acumulados serão "pescados", quer por parte dos destinatários, quer por empresas

específicas existentes na Net, cuja função é acumular contatos de e-mail para envio de

propaganda não solicitada ou phishing.

Antes de fazer uma pergunta, pense na possibilidade de que sua dúvida já tenha

sido solucionada por alguém, procure em fóruns e até mesmo em sites de busca. Caso não

encontre, poste suas mensagens, pois sempre haverá algum usuário na Internet para lhe

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ajudar. Mas não espere que a resposta seja imediata. As pessoas estão dispostas a ajudar,

mas elas têm responsabilidades e tarefas a cumprir no dia a dia, ficando o acesso aos

fóruns e comunidades em segundo plano. Seja paciente!

Post-ups (ato de postar em um determinado tópico com o intuito de elevá-lo ao

topo da lista de tópicos) geralmente são feitos para destacar injustificadamente tópicos em

fóruns e comunidades virtuais. Procure evitar essa prática. É extremamente injusto fazer

post-ups, pois faz com que os demais tópicos sejam levados cada vez mais para baixo na

lista de tópicos, diminuindo a probabilidade de resposta a eles. Não seja egoísta. Aguarde a

resposta às suas perguntas como todos os usuários de sua comunidade virtual ou fórum:

sendo paciente.

Se você estiver do outro lado, ou seja, respondendo às dúvidas dos usuários, seja

humilde e só responda às dúvidas se realmente estiver interessado em ajudar. Respostas

como "www.google.com.br", "procura na net" ou "larga de ser preguiçoso" não ajudam em

nada. Procure responder acrescentando algo útil, que possa enriquecer o conhecimento

coletivo.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Netiqueta

Page 22: Apostila CJF - 2013

22

Vamos exercitar...

Nome:______________________________________________________

Leia o ofício abaixo:

Ofício nº /2009 – xxxx/xxxxx/xxxx/xxxx

Brasília, DF, 22 de dezembro de 2009.

Ao Senhor

R. R.T.

Rua XV de novembro, n. 291, apto 401

Passo Fundo – RS

17400-000

Assunto: Informação sobre declaração de regularidade.

Ilustríssimo Senhor R. R. T.,

Em resposta à sua solicitação enviada ao Ministério da Educação da

República Federativa do Brasil, venho por meio deste informar a quem interessar possa,

que o curso de ENGENHARIA ELÉTRICA COM ÊNFASE EM ELETRÔNICA, da

Universidade de Passo Fundo foi autorizado pela Resolução CONSUN/UFP n° 117, de 9 de

outubro de 1990, foi reconhecido Portaria MEC n° 175, de 22 de fevereiro de 1996. A

UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO foi credenciada pelo Decreto Federal nº 62.835,

publicado no Diário Oficial da União em 11 de junho de 1968.

Outrossim, coloco-me à disposição para auxiliar no que mais for necessário.

Atenciosamente,

P. W.

Diretor de xxxxxxxxxxxxxxx

1. Analise-o e encontre as inadequações relacionadas ao gênero ofício.

Page 23: Apostila CJF - 2013

23

2. Faça uma reescrita do texto, adequando-o ao gênero ofício (somente a parte do texto

propriamente dito).

Page 24: Apostila CJF - 2013

24

Aula 3

Objetivos: Analisar clareza e a concisão como características da linguagem nos textos

oficiais; aplicar o conceito à análise de textos.

3. A LINGUAGEM DOS ATOS E COMUNICAÇÕES OFICIAIS

As comunicações que partem dos órgãos públicos federais devem ser compreendidas

por todo e qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que se evitar o uso de

uma linguagem restrita a determinados grupos. Resguardando, desse modo, seu caráter

impessoal, informando com o máximo de clareza e concisão. Nessa perspectiva, o uso do

padrão formal da língua faz-se necessário. Há consenso de que o padrão culto é aquele em

que:

a) se observam as regras da gramática formal, e

b) se emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários do idioma.

É importante ressaltar que a obrigatoriedade do uso do padrão formal na redação

oficial decorre do fato de que este está acima das diferenças lexicais, morfológicas ou

sintáticas regionais, permitindo que se atinja a pretendida compreensão por todos os

cidadãos.

3.1. Concisão

A concisão é uma qualidade do texto oficial que tem de ser conciso, quer dizer, texto

que consegue transmitir um máximo de informações com um mínimo de palavras,

reduzindo-o ao essencial.

Ser conciso significa não abusar das palavras para exprimir uma ideia. Para

construir um texto conciso, deve-se ir direto ao assunto, não enrolar, não “encher

linguiça”, não escrever o desnecessário. Significa, enfim, eliminar aquilo que é

desnecessário e, de acordo com o Dicionário da Academia Brasileira de Letras (ABL), a

Page 25: Apostila CJF - 2013

25

concisão é a “qualidade do conciso; brevidade e correção na elaboração da informação

falada ou escrita”(ABL, 2008, p. 336). Já o conciso é definido como aquele que se expõe

com poucas palavras, resumido.

O uso de cacoetes, de expressões que não acrescentam nada ao texto, servindo

somente para prolongar o discurso pode torná-lo prolixo. São expressões do tipo: antes de

mais nada, pelo contrário, por outro lado, por sua vez.

Vejamos a seguir um exemplo de texto conciso:

A maquiagem que vira vício6

Mais do que muletas, há termos, expressões e raciocínios viciados que ajudam

a promover confusão na comunicação cotidiana

Muita gente padece de cacoetes de linguagem. Termos-muletas, cacos verbais e

fórmulas de raciocínio surgem ("meio que" ou "tipo assim") petrificados, repetidos no

automático, de forma viciada ou fora de contexto, incomodando o ouvido ou o olho alheio e

desvalorizando a mensagem.

Pesquisadores do idioma se perguntam se os vícios de linguagem seriam, "tipo

assim", meros cacoetes passíveis de correção por quem se autopolicia ou "meio que" um

sintoma de um vazio maior e mais orgânico na comunicação. Mas o uso dessas muletas

expressivas pode encobrir tanto os clichês empregados independentemente da sua

necessidade como uma trapaça nem sempre voluntária na comunicação.

Veja que todos os elementos utilizados são necessários para a compreensão da

mensagem que o texto pretende passar, são elementos informativos e, por isso, funcionais

no texto construído.

A prolixidade consiste em utilizar mais palavras do que o necessário para exprimir

uma ideia, portanto é o oposto da concisão. Ser prolixo é ficar “enrolando”, “enchendo

linguiça”, não ir direto ao assunto. O Dicionário da Academia Brasileira de Letras (ABL)

define prolixo como aquele “que se expressa com mais palavras e frases do que é

necessário; muito longo; entediante” (ABL, 2008, p. 1035).

Vejamos a seguir um exemplo de texto prolixo:

6 Fragmento do texto “A maquiagem que vira vício”, escrito por Luiz Costa Pereira Junior para a REVISTA LÍNGUA

PORTUGUESA. Ano 7, número 77, 2012.

Page 26: Apostila CJF - 2013

26

Os jovens têm algo a transmitir aos mais velhos?

“Não saberia responder com exatidão. Há sempre uma eterna divergência

entre as gerações. Os jovens pensam de um jeito, às vezes estranho, que chega a

escandalizar os mais velhos... Já os mais velhos, por outro lado, costumam, na maioria das

vezes, achar que os mais jovens, em alguns casos, não têm nada a transmitir aos mais

velhos.”

Observe que, se tirarmos desse texto as palavras desnecessárias, a ideia contida nele

poderia ser expressa em uma única frase.

3.2. Clareza

A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto oficial. Entretanto, a clareza

requer elementos para atingir sua plenitude. A transparência do texto depende

estritamente das demais características da redação oficial:

a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de interpretações que poderia decorrer de

um tratamento personalista dado ao texto;

b) o uso da norma padrão de linguagem, em princípio, de entendimento geral;

c) a formalidade e a padronização;

d) a concisão.

A observação dessas características é importante para se redigir com clareza. Inclui-se

o processo de releitura de todo texto redigido, a fim de evitar a ocorrência, em textos

oficiais, de trechos obscuros e de erros gramaticais.

A clareza consiste, então, na manifestação da ideia de forma que possa ser

rapidamente compreendida pelo leitor. Ser claro é ser coerente, não se contradizer, não

confundir o leitor. São inimigos da clareza: a desobediência às normas da língua, os

períodos longos, o vocabulário rebuscado, a imprecisão vocabular.

Vejamos um exemplo de texto claro:

Page 27: Apostila CJF - 2013

27

O desvio ético do gerundismo7

Há implicações éticas no vício de linguagem. O uso excessivo e desnecessário do

gerúndio é conhecido como endorreia, cuja forma popular é a construção "vou estar

+ gerúndio", uma perífrase (locução formada por dois ou três verbos). A locução em

si é legítima, quando comunica a ideia de uma ação futura que ocorrerá no momento

de outra ou sequenciada. As sentenças "vou estar dormindo na hora do jogo" ou "vou

estar vendo o jogo quando você estiver assistindo à novela" são adequadas ao sistema

da língua, assim como em verbos que indiquem processo: "amanhã vai estar

chovendo" ou ato contínuo: "vou estar trabalhando das 8h às 18h".

Aquilo a que nos acostumamos a chamar de gerundismo se dá quando não queremos

comunicar essa ideia de eventos ou ações simultâneas, mas antes falar de ação

pontual, em que a duração não é preocupação dominante. "Vou falar" narra algo que

vai ocorrer a partir de agora. "Vou estar falando" se refere a um futuro em

andamento. É inadequado usar uma forma verbal com valor de outra - falar de ação

isolada, que se encerraria num só ato, como se fosse contínua. Quando respondemos

ao telefone "vou estar passando o recado" fazemos o recado, que potencialmente tem

tudo para ser dado, não ter mais prazo de validade. O vício aqui isenta a pessoa de

responsabilidade sobre o que prometeu fazer. É antes de tudo um desvio ético.

A falta de clareza pode também gerar ruídos na comunicação, como o que

acontece na charge abaixo apresentada, nela configura-se o que chamamos de ruído

de comunicação:

7 Fragmento do texto “A maquiagem que vira vício”, escrito por Luiz Costa Pereira Junior para a REVISTA LÍNGUA

PORTUGUESA. Ano 7, número 77, 2012.

Page 28: Apostila CJF - 2013

28

Vamos exercitar....

1. Análise do texto produzido na aula 1.

2. Veja as duas sentenças:

José, o pai de Jesus, era um simples carpinteiro.

José, o pai de Jesus era um simples carpinteiro.

Qual a diferença – sintática e semântica - entre as duas?

3. Agora vamos entender a clareza e a ambiguidade relacionada à posição dos termos na

sentença. Veja as orações abaixo:

1. Só um aluno fez hoje o trabalho.

2. Um só aluno fez hoje o trabalho.

3. Um aluno só fez hoje o trabalho.

4. Um aluno fez só hoje o trabalho.

Page 29: Apostila CJF - 2013

29

5. Um aluno fez hoje só o trabalho.

6. Um aluno fez hoje o trabalho só.

Agora explique a diferença de sentido existente entre elas.

1.

2.

3.

4.

5

6.

4. Agora veja a seguinte sentença: “Maria foi o terceiro juiz preso por corrupção”. Ela é

coerente e correta? Justifique.

Page 30: Apostila CJF - 2013

30

Aula 4

Objetivos: abordar a impessoalidade, a clareza e correção como características do texto

oficial. Aplicar os conceitos à análise de textos.

4. A IMPESSOALIDADE

A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer pela escrita. Para que haja

comunicação, são necessários: a) alguém que comunique, b) algo a ser comunicado, e c)

alguém que receba essa comunicação.

Fonte: http://www.prof2000.pt/users/hjco/gramcom/cap03_01.htm

Na redação oficial, quem comunica é o Serviço Público; o que se comunica é algum

assunto relativo às atribuições do órgão; o destinatário ou é o público, o conjunto dos

cidadãos, ou outro órgão público.

Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal, desprovido de qualquer traço

pessoal com vistas a uma maior objetividade e imparcialidade, deve ser dado aos

assuntos que constam das comunicações oficiais decorre:

a) da ausência de impressões individuais de quem comunica;

Page 31: Apostila CJF - 2013

31

b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação, com duas possibilidades; e

c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado.

A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade de que nos valemos para

elaborar os expedientes oficiais contribuem para que seja alcançada a impessoalidade.

4.1. Impessoalidade: gramática

Muitas vezes, queremos adotar uma posição impessoal, aparentemente neutra,

atenuando a retórica e ocultando o agente das ações. Gramaticalmente há muitas maneiras

de conseguir esse objetivo, como:

a) Generalizar o sujeito, colocando-o no plural: uma forma elegante de se

distanciar relativamente da subjetividade é pluralizar o agente. O uso da terceira pessoa do

plural é a estratégia recomendada quando a intenção é atenuar a subjetividade da primeira

pessoa, sem adotar a neutralidade absoluta. Exemplos:

Procuramos demonstrar...

Nossas conclusões...

b) Colocar um agente inanimado: outra maneira de impessoalizar o texto é colocar

como agente um ser inanimado, um fenômeno, uma instituição ou uma organização, frases

como:

O Ministério decidiu que a partir de agora uma amostra de sangue positivo para

HIV vai passar por apenas duas etapas de exame...

A Diretoria ordenou...

O Governo protelou...

A responsabilidade em relação à ação está diluída. É um recurso muito utilizado na

administração pública e na política.

c) Usar o sujeito indeterminado: como a própria nomenclatura indica, não se pode

determinar com precisão quem realiza uma ação quando usamos a estrutura de sujeito

indeterminado. Ela é muito útil quando queremos inserir uma informação da qual não

sabemos a procedência exata. Exemplos:

Vive-se esperando o aumento de preços.

Acreditava-se em uma diminuição dos impostos.

Page 32: Apostila CJF - 2013

32

Fala-se muito em renovação dos quadros funcionais.

d) Usar a voz passiva: enquanto na voz ativa temos um agente explícito, na voz passiva

esse agente pode estar oculto. Assim, usar a passiva sem esclarecer seu agente é um

recurso gramatical para impessoalizar a informação. Veja o exemplo:

Novas descobertas foram realizadas em centros de estudo e laboratórios ao redor

do mundo.

Indícios de irregularidades foram constatados.

4.2. A correção

A correção diz respeito ao uso de linguagem adequada ao tipo de texto, ou seja, um

texto formal deve apresentar linguagem formal e correta (deve obedecer aos princípios

estabelecidos pela gramática normativa).

Conhecer as normas que regem o uso da língua é fundamental para a produção de

um texto correto. Desvios de linguagem que comumente aparecem em textos são fruto do

desconhecimento de algumas dessas normas.

Os desvios mais comuns se dão em relação à:

grafia: tome cuidado com a grafia de palavras que não conheça. Em caso de

dúvidas, consulte o dicionário. Se não puder fazê-lo, não hesite em substituir a

palavra cuja grafia não conheça por outra conhecida. Lembre-se: a língua

portuguesa é muito rica em sinônimos. Não se esqueça também de verificar a

acentuação das palavras.

flexão das palavras: cuidado com a formação do plural de algumas palavras,

sobretudo as compostas.

concordância: lembre-se de que o verbo sempre concordará com o sujeito e os

nomes devem estar concordando entre si.

regência: fique atento à regência de verbos e de nomes, sobretudo aqueles que

exigem a preposição “a”, a fim de não cometer erro no emprego do acento que

indica a crase.

colocação dos pronomes: observe a colocação dos pronomes oblíquos átonos

(me, te, se, nos, vos, lhe, lhes, o, a, os, as). Apesar de, na linguagem coloquial,

ser comum iniciar frases com os pronomes oblíquos átonos, na linguagem formal,

devemos evitar esse tipo de construção.

Page 33: Apostila CJF - 2013

33

Vejamos um exemplo de texto com correção:

Fina Estampa8

Já o título da novela da rede Globo é formado pelo adjetivo anteposto "fina" e pelo

substantivo "estampa", formando, assim, um sintagma nominal. Denotativamente,

"estampa" significa "uma figura impressa em papel, tecido, couro, etc.". Já o adjetivo

anteposto "fina" significa "afiada, superior, que tem vivacidade". Posposto fosse (estampa

fina), o adjetivo indicaria "delicada, elegante, excelente". Há o sentido figurado de

"perfeição", "beleza", "aparência física". É a metáfora que o autor usa para englobar as

personagens principais: Tereza Cristina e Griselda. Aquela é rica, poderosa, com duplo

nome; esta é de origem pobre, trabalhadora e traz nome simples e apelido masculinizado

(Pereirão).

8 Fragmento de “Um adjetivo para Fina Estampa”, texto escrito por Luiz Roberto Wagner e Djenane Sichieri

Wagner Cunha, disponível em: http://revistalingua.uol.com.br/textos/77/um-adjetivo-para-fina-estampa-252522-1.asp

Page 34: Apostila CJF - 2013

34

Vamos exercitar...

Transcreva cada uma das frases seguintes, corrigindo-as no que for necessário. Em

seguida, escolha uma das sentenças e justifique o motivo das alterações.

1. Os candidatos tem grande capacidade de persuassão.

2. Não te esqueças de telefonar-me pois preciso falar contigo hoje a noite.

3. Manuel de Macedo, prefeito de Vila dos Confins renunciou à remuneração que faria jus

como Conselheiro.

4. A personagem representava fielmente o esteriótipo do mau político previlegiado.

5. Quanto a composição da Diretoria Executiva, proponho que se respeite as normas.

Justificativa:

2. Uma pessoa está sendo acusada de homicídio. Ao ser presa, fez a seguinte declaração:

“Podem acusar-me: estou com a consciência tranquila”.

Page 35: Apostila CJF - 2013

35

Os dois pontos poderiam ser substituídos por uma conjunção, o que foi feito nas frases

abaixo. Selecione aquelas que vocês acha que fazem sentido, levando em consideração o

contexto em que ela foi dita e tentando justificar suas escolhas.

a) Podem acusar-me, porque estou com a consciência tranquila.

b) Podem acusar-me, mas estou com a consciência tranquila.

c) Podem acusar-me, portanto estou com a consciência tranquila.

d) Podem acusar-me, e estou com a consciência tranquila.

e) Podem acusar-me, ou estou com a consciência tranquila.

3. As frases a seguir compunham, antes de terem sido isoladas e embaralhadas, um

parágrafo coeso e coerente. Reescreva esse parágrafo (adaptado de “O Livro da Sabedoria”,

Dalai-Lama, p. 106) utilizando as frases em questão e os conectivos dados.

enquanto / no momento em que / enfim / mas no fundo / é claro que

a) __________ com esse tipo de amizade, ninguém fará um esforço sincero para nos

ajudar se precisarmos. Essa é a realidade

b) __________ nossa sorte diminuir, porém, elas já não estarão mais por perto.

c) __________ esses não são verdadeiros amigos; são amigos da nossa fortuna ou do

nosso poder. Graças ao nosso poder ou fortuna, mais pessoas nos abordam com sorrisos ou

presentes. Uma verdadeira amizade desenvolve-se a partir do afeto humano, não do

dinheiro ou do poder.

e) __________ perdurar a fortuna, essas pessoas continuarão a abordar-nos com

frequência.

Page 36: Apostila CJF - 2013

36

Aula 5

Objetivos: analisar a estrutura dos períodos, dos parágrafos. Entender o paralelismo

como uma qualidade que atribui clareza aos textos.

5. Períodos, parágrafos e clareza9

A clareza e a concisão na forma escrita são alcançadas principalmente pela

construção adequada da frase, “a menor unidade autônoma da comunicação”, na

definição de Celso Pedro Luft.10

A função essencial da frase é desempenhada pelo predicado, que para Adriano da

Gama Kury pode ser entendido como “a enunciação pura de um fato qualquer”.11 Sempre

que a frase possuir pelo menos um verbo, recebe o nome de período, que terá tantas

orações quantos forem os verbos não auxiliares que o constituem.

Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos elementos que compõem uma

oração (os parênteses indicam os elementos que podem não ocorrer):

(sujeito) - verbo - (complementos) - (adjunto adverbial).

Podem ser identificados seis padrões básicos para as orações pessoais (i. é, com

sujeito) na língua portuguesa (a função que vem entre parênteses é facultativa e pode

ocorrer em ordem diversa):

1. Sujeito - verbo intransitivo - (Adjunto Adverbial)

O Presidente - regressou - (ontem).

2. Sujeito - verbo transitivo direto - objeto direto - (adjunto adverbial)

9 Capítulo desenvolvido com base no Manual de Redação da Presidência da República.

10 LUFT, Celso Pedro. Moderna gramática brasileira. 9. ed. Rio de Janeiro: Globo, 1989. p. 11. 11 KURY, Adriano da Gama. Pequena gramática. 4. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1959. p. 153.

Page 37: Apostila CJF - 2013

37

O Chefe da Divisão - assinou - o termo de posse - (na manhã de terça-feira).

3. Sujeito - verbo transitivo indireto - objeto indireto - (adjunto adverbial).

O Brasil - precisa - de gente honesta - (em todos os setores).

4. Sujeito - verbo transitivo direto e indireto - obj. direto - obj. indireto - (adj. Adv.)

Os desempregados - entregaram - suas reivindicações - ao Deputado - (no Congresso).

5. Sujeito - verbo transitivo indireto - complemento adverbial - (adjunto adverbial)

A reunião do Grupo de Trabalho - ocorrerá - em Buenos Aires - (na próxima semana).

O Presidente - voltou - da Europa - (na sexta-feira)

6. Sujeito - verbo de ligação - predicativo - (adjunto adverbial)

O problema - será - resolvido - prontamente.

Na construção de períodos, as várias funções podem ocorrer em ordem inversa à

mencionada, misturando-se e confundindo-se. Acrescente-se que períodos mais

complexos, compostos por duas ou mais orações, em geral podem ser reduzidos aos

padrões básicos (de que derivam).

Os problemas mais frequentemente encontrados na construção de frases dizem

respeito à má pontuação, à ambiguidade da ideia expressa, à elaboração de falsos

paralelismos, erros de comparação, etc. Decorrem, em geral, do desconhecimento da

ordem das palavras na frase. Indicam-se, a seguir, alguns desses defeitos mais comuns e

recorrentes na construção de frases, registrados em documentos oficiais.

5.1. Sujeito

O sujeito é o ser de quem se fala ou que executa a ação enunciada na oração. Ele

pode ter complemento, mas não ser complemento. Devem ser evitadas, portanto,

construções como:

Errado: É tempo do Congresso votar a emenda.

Certo: É tempo de o Congresso votar a emenda.

Errado: Apesar das relações entre os países estarem cortadas, (...).

Certo: Apesar de as relações entre os países estarem cortadas, (...).

Page 38: Apostila CJF - 2013

38

Errado: Não vejo mal no Governo proceder assim.

Certo: Não vejo mal em o Governo proceder assim.

Errado: Antes destes requisitos serem cumpridos, (...).

Certo: Antes de estes requisitos serem cumpridos, (...).

Errado: Apesar da Assessoria ter informado em tempo, (...).

Certo: Apesar de a Assessoria ter informado em tempo, (...).

5.2. Frases Fragmentadas

A fragmentação de frases “consiste em pontuar uma oração subordinada ou uma

simples locução como se fosse uma frase completa”.12 Decorre da pontuação errada de

uma frase simples. Embora seja usada como recurso estilístico na literatura, a

fragmentação de frases devem ser evitada nos textos oficiais, pois muitas vezes dificulta a

compreensão. Ex.:

Errado: O programa recebeu a aprovação do Congresso Nacional. Depois de ser

longamente debatido.

Certo: O programa recebeu a aprovação do Congresso Nacional, depois de ser longamente

debatido.

Certo: Depois de ser longamente debatido, o programa recebeu a aprovação do Congresso

Nacional.

Errado: O projeto de Convenção foi oportunamente submetido ao Presidente da

República, que o aprovou. Consultadas as áreas envolvidas na elaboração do texto legal.

Certo: O projeto de Convenção foi oportunamente submetido ao Presidente da República,

que o aprovou, consultadas as áreas envolvidas na elaboração do texto legal.

5.3. Erros de Paralelismo

Uma das convenções estabelecidas na linguagem escrita “consiste em apresentar

ideias similares numa forma gramatical idêntica” 13, o que se chama de paralelismo.

Assim, incorre-se em erro ao conferir forma não paralela a elementos paralelos. Vejamos

alguns exemplos:

12 MORENO, Claudio; GUEDES, Paulo Coimbra. Curso básico de redação. 4. ed. São Paulo: Ática, 1988. p.. 68. 13 Id., ibid. p. 74 e s.

Page 39: Apostila CJF - 2013

39

Errado: Pelo aviso circular recomendou-se aos Ministérios economizar energia e que

elaborassem planos de redução de despesas.

Na frase temos duas estruturas diferentes para ideias equivalentes. Há mais de uma

possibilidade de escrevê-la com clareza e correção:

Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios que economizassem energia e

(que) elaborassem planos para redução de despesas.

Outra possibilidade:

Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministérios economizar energia e elaborar

planos para redução de despesas.

Nas duas correções respeita-se a estrutura paralela na coordenação de orações

subordinadas.

Mais um exemplo de frase inaceitável na língua escrita padrão:

Errado: No discurso de posse, mostrou determinação, não ser inseguro, inteligência e ter

ambição.

O problema aqui decorre de coordenar palavras (substantivos) com orações

(reduzidas de infinitivo). Para tornar a frase clara e correta, pode-se optar ou por

transformá-la em frase simples, substituindo as orações reduzidas por substantivos:

Certo: No discurso de posse, mostrou determinação, segurança, inteligência e ambição.

Ou empregar a forma oracional reduzida uniformemente:

Certo: No discurso de posse, mostrou ser determinado e seguro, ter inteligência e

ambição.

Atentemos, ainda, para o problema inverso, o falso paralelismo, que ocorre ao se

dar forma paralela (equivalente) a ideias de hierarquia diferente ou, ainda, ao se

apresentar, de forma paralela, estruturas sintáticas distintas:

Errado: O Presidente visitou Paris, Bonn, Roma e o Papa.

Page 40: Apostila CJF - 2013

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Nesta frase, colocou-se em um mesmo nível cidades (Paris, Bonn, Roma) e uma

pessoa (o Papa). Uma possibilidade de correção é transformá-la em duas frases simples,

com o cuidado de não repetir o verbo da primeira (visitar):

Certo: O Presidente visitou Paris, Bonn e Roma. Nesta última capital, encontrou-se com o

Papa.

Errado: O projeto tem mais de cem páginas e muita complexidade.

Aqui, repete-se a equivalência gramatical indevida: estão em coordenação, no

mesmo nível sintático, o número de páginas do projeto e uma avaliação sobre ele. Pode-se

reescrever a frase de duas formas: ou faz-se nova oração com o acréscimo do verbo ser,

rompendo, assim, o desajeitado paralelo:

Certo: O projeto tem mais de cem páginas e é muito complexo.

Ou se dá forma paralela harmoniosa transformando a primeira oração também em

uma avaliação subjetiva:

Certo: O projeto é muito extenso e complexo.

O emprego de expressões correlativas como não só ... mas (como) também; tanto ...

quanto (ou como); nem ... nem; ou ... ou; etc. costuma apresentar problemas quando não

se mantém o obrigatório paralelismo entre as estruturas apresentadas.

Nos dois exemplos abaixo, rompe-se o paralelismo pela colocação do primeiro

termo da correlação fora de posição.

Errado: Ou Vossa Senhoria apresenta o projeto, ou uma alternativa.

Certo: Vossa Senhoria ou apresenta o projeto, ou propõe uma alternativa.

Errado: O interventor não só tem obrigação de apurar a fraude como também a de punir

os culpados.

Certo: O interventor tem obrigação não só de apurar a fraude, como também de punir os

culpados.

Mencionemos, por fim, o falso paralelismo provocado pelo uso inadequado da

expressão e que num período que não contém nenhum que anterior.

Errado: O novo procurador é jurista renomado, e que tem sólida formação acadêmica.

Para corrigir a frase, ou suprimimos o pronome relativo:

Certo: O novo procurador é jurista renomado e tem sólida formação acadêmica.

Ou suprimimos a conjunção, que está a coordenar elementos díspares:

Page 41: Apostila CJF - 2013

41

Certo: O novo procurador é jurista renomado, que tem sólida formação acadêmica.

Outro exemplo de falso paralelismo com e que:

Errado: Neste momento, não se devem adotar medidas precipitadas, e que comprometam

o andamento de todo o programa.

Da mesma forma com que corrigimos o exemplo anterior aqui podemos ou suprimir

a conjunção:

Certo: Neste momento, não se devem adotar medidas precipitadas, que comprometam o

andamento de todo o programa.

Ou estabelecer forma paralela coordenando orações adjetivas, recorrendo ao

pronome relativo que e ao verbo ser:

Certo: Neste momento, não se devem adotar medidas que sejam precipitadas e que

comprometam o andamento de todo o programa.

Page 42: Apostila CJF - 2013

42

Vamos exercitar...

1. Análise do texto escrito na aula 2.

2. Analise os dois textos abaixo e encontre os fragmentos em que há quebra do

paralelismo. Em seguida, reescreva os trechos, corrigindo-os.

Texto 1

Rio Doce

Neste domingo, a Viação Cipó leva seus telespectadores até o Rio Doce. No programa,

Otávio di Toledo mostra o encontro dos rios, a represa que gera energia para a região, o

trabalho de preservação da fauna aquática, um concurso de beleza além de uma deliciosa

receita de banana.

(Revista Aqui TV Novelas. Ano V, Edição 292, novembro/2011, p. 21).

Reescrita

Texto 2

(21) Casas antigas de São Paulo14

Andando por São Paulo a pé ou de bicicleta e com um olhar de apreciar paisagens é

possível visualizar muitas belezas, a começar pela casa do "Fico" no Ipiranga. No Butantã

temos a “Casa do Bandeirante” localizada na Praça Monteiro Lobato, um terreno enorme

com uma grande história, seu terreno é enorme, com pés de jaboticaba, manga, café, pau-

brasil... Uma árvore que chama muita atenção e esta carregado é uma linda jaqueira.

[...]

Em um futuro em breve não veremos mais casas antigas, com vários quartos, cozinhas

enormes, vitrais, coluna de pé direito alto. As casas de São Paulo antigas estão em ruínas e

sendo demolidas.

14

Texto disponível em http://www.saopaulominhacidade.com.br/list.asp?ID=6120. Acesso em: 08 ago 2012. Texto

apresentado sem adaptações.

Page 43: Apostila CJF - 2013

43

Reescrita

Page 44: Apostila CJF - 2013

44

Vamos exercitar... Produção de texto

Nome:________________________________________________

Leia o relatório abaixo e, em seguida, com base nas informações do texto, escreve o

voto do relator.

I – RELATÓRIO

M. A. C. M. requereu, em 15 de maio de 2003, ratificação da validade do título de

Doutor em Aplicações, Planejamento e Estudos Militares, realizado na Escola de Comando

e Estado Maior do Exército (ECEME), em equivalência ao Doutorado empreendido pelo

sistema civil, face à similitude de duração, objetivos e modelo de avaliação. Solicita ainda

que, validada a equivalência de título entre os dois sistemas, considere-se a equiparação de

estudos entre o Curso da ECEME e os Cursos de Pós-Graduação "stricto-sensu" do sistema

civil, nas áreas de Geografia, História, Ciências Sociais e Administração, sendo-lhe

concedido documento comprobatório da equiparação de estudos entre os dois sistemas,

com os respectivos níveis e áreas assinaladas a fim de legitimar a sua inscrição em

concursos de provas e títulos para a docência em Universidades públicas e privadas.

Os sistemas militares de ensino são autônomos e submetem-se a legislações

diferentes daquelas que regem o sistema civil. O funcionamento de cursos de pós-

graduação ministrados pelo Exército é previsto pela Lei 6265 de 1975 e os graus, ou níveis,

oriundos do ensino militar são correspondentes aos do sistema civil, prescindindo de

qualquer confirmação no sistema em que vai ser aplicado, o que garante a validade

nacional dos títulos por ele outorgados. Não se questiona, portanto, a validade do título de

Doutor obtido pelo interessado. Porém, no que diz respeito à possibilidade de aplicação

civil de estudos realizados no sistema militar, e vice-versa, a LDB previu o disciplinamento

da equivalência, dispondo:

Art. 83. O ensino militar é regulado em lei especifica, admitida a equivalência de

estudos, de acordo com as normas fixadas pelo sistema de ensino.

O Parecer PJR/JT/021 , de 09/05/2000, adotado pela CAPES, informa que:

"Face à independência dos sistemas de ensino militar e civil, a

validade do grau stricto-sensu conferido pelo outro sistema

independe de reconhecimento ou revalidação. A equiparação ou

equivalência de estudos, entretanto, exige avaliação do curso pela

Page 45: Apostila CJF - 2013

45

CAPES, ou similaridade curricular atestada pelo CNE ou por

Universidade que o Conselho indique”.

E, mais adiante, "Cremos que o cotejo dos currículos seja fundamental para

declarar a equivalência, logo, o CNE, enquanto órgão normativo do sistema, poderia

atribuir competência às Universidades que possuam Doutorado na área afim, como

acontece na convalidação de estudos realizados no exterior, para o exame técnico”.

No que diz respeito ao processo em pauta, o Procurador Federal Ruy Roquete

Franco, da Advocacia Geral da União, emitiu o Parecer PJR/RR/039, de 26 de maio de

2003, no qual declara:

"O assunto é recorrente e vários Pareceres já foram emitidos por esta

PJR, com o Aprovo da Presidência da CAPES (...) Como já foi

pontuado em outras ocasiões é fundamental que se esclareça, que o

título castrense não habilita ao exercício de atividades civis se não

houver identidade de área do conhecimento/especificação ".

É necessário, portanto, que o interessado pleiteie a equivalência de seu título à

Universidade que possua Programa de Pós-Graduação stricto-sensu avaliado pela CAPES,

na área ou em área equivalente.

No que diz respeito à solicitação de equivalência de estudos entre os cursos de pós-

graduação da ECEME e os cursos de pós-graduação "stricto-sensu" do sistema civil, esta

poderá se dar na medida em que os cursos forem submetidos à avaliação da CAPES. Como

informa a CAPES, no Parecer PJR/JT/021, de 9 de maio de 2000:

"0 sistema civil de ensino não tem a prerrogativa de impor sua

avaliação , sobre cursos do sistema militar. Porém, em regime de

cooperação, e para agilizar a aceitação, no meio civil, dos diplomas

expedidos, em cursos de ampla aplicação civil, é legítima a avaliação

de cursos da Área de Química, Computação, Engenharias, Física, etc.,

nos quais a aplicação militar não é exclusiva ou preponderante ".

II - VOTO DA RELATORA

Page 46: Apostila CJF - 2013

46

Brasília (DF), 03 de dezembro de 2003.

Conselheira M. A.L. – Relatora

III – DECISÃO DA CÂMARA

A Câmara de Educação Superior aprova por unanimidade o voto do(a) Relator(a).

Sala das Sessões, em 03 de dezembro de 2003.

Presidente

Vice-Presidente

Page 47: Apostila CJF - 2013

47

Aula 6

Objetivos: abordar a repetição e a redundância como elementos prejudiciais ao texto

oficial.

6. Repetição e redundância: qualidades ou defeitos

O termo repetição pode ser definido como:

Ato ou efeito de repetir.

Enunciação das mesmas palavras, das mesmas ideias: evitem-se as repetições

desnecessárias.

Em retórica, é a figura pela qual se repete uma voz ou uma expressão para realçar

uma ideia ou pensamento; reiteração.

6.1. Repetição e redundância

Depois da apresentação inicial do conceito, passaremos à análise de ocorrências em

que há repetição. Para isso, analisaremos, inicialmente, um fragmento de texto e destacar

algumas repetições:

Casas antigas de São Paulo15

Andando por São Paulo a pé ou de bicicleta e com um olhar de apreciar paisagens é

possível visualizar muitas belezas, a começar pela casa (2) do "Fico" no Ipiranga. No

Butantã temos a “Casa (2) do Bandeirante” localizada na Praça Monteiro Lobato, um

terreno enorme (1) com uma grande história, seu terreno é enorme (1), com pés de

jaboticaba, manga, café, pau-brasil... Uma árvore que chama muita atenção e esta

carregado é uma linda jaqueira.

15

Texto disponível em http://www.saopaulominhacidade.com.br/list.asp?ID=6120. Acesso em: 08 ago 2012.

Page 48: Apostila CJF - 2013

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Há também (5) uma moenda abandonada dentro da casa (2). Casa (2) que foi

restaurada com suas paredes largas de 50 cm de espessura, portas enormes, as chaves

pesam muito. O tamanho chama atenção também (5), uma casa (2) de “quatro águas”

conforme ouvi dizer e aprendi. Em todos os bairros de Sampa, temos casas (2) “duas

águas”, "meia água”... São termos que não sei se reais, pois não sou arquiteto.

No Butantã, na Avenida Brasil, temos uma casa (2) com mais de 100 anos, alias (3)

várias, em Santo Amaro, na Vila Sônia, no Bairro de Campo Grande, aliás (3), há uma em

frente ao Denarc (ao antigo prédio, localizado no Butantã). Todas têm pontos em comum,

pés de frutas (4), inclusive algumas têm frutas (4) como pitanga, gabiroba, uvaia, araçá e

outras um pouco mais antigas.

Como se pode ver, foram destacadas quatro cadeias de repetição:

1) “terreno enorme” e “terreno é enorme”, no primeiro parágrafo.

2) A palavra casa(s), espalhado por todo o fragmento.

3) “alias” e “aliás”, no terceiro parágrafo.

4) “frutas”, no quarto parágrafo.

5) A palavra “também” no segundo parágrafo.

Em todos os casos, consideramos que as repetições são viciosas e desnecessárias,

uma vez que elas não contribuem para a coesão, para a coerência ou para a progressão

temática. Além disso, não são enfáticas; são, verdadeiramente, redundâncias que podem

ser eliminadas para que o texto tenha maior fluência e mais correção.

A título de exercício, vamos propor uma revisão ou uma reescrita que elimina essas

repetições, tendo como objetivo tornar o texto mais legível e mais correto.

PROPOSTA DE REVISÃO

Casas antigas de São Paulo

Andando por São Paulo, a pé ou de bicicleta, com um olhar de apreciar paisagens, é

possível visualizar muitas belezas, a começar pela casa do "Fico" no Ipiranga. No Butantã,

localiza-se a “Casa (2) do Bandeirante”, na Praça Monteiro Lobato, um terreno enorme

com uma grande história, com pés de jabuticaba, manga, café, pau-brasil... Uma árvore

chama muita atenção e está carregada: é uma linda jaqueira.

Há uma moenda abandonada dentro da casa, que foi restaurada com suas paredes

largas de 50 cm de espessura, portas enormes, com as chaves que pesam muito. O

Page 49: Apostila CJF - 2013

49

tamanho chama atenção também, uma casa de “quatro águas”, conforme ouvi dizer e

aprendi. Elas estão em todos os bairros de Sampa: “duas águas”, "meia água”... São termos

que não sei se reais, pois não sou arquiteto.

No Butantã, na Avenida Brasil, há uma casa com mais de 100 anos. Aliás, várias em

Santo Amaro, na Vila Sônia, no Bairro de Campo Grande. Há, ainda, uma em frente ao

Denarc (ao antigo prédio, localizado no Butantã). Todas têm pontos em comum, pés de

frutas, como pitanga, gabiroba, uvaia, araçá e outras um pouco mais antigas.

Na proposta de revisão, eliminamos os excessos para que o texto resultasse mais

objetivo e mais direto. Nesse processo, além de retirar as repetições inadequadas, foram

também realizados outros ajustes de ordem gramatical e textual.

Pela análise preliminar do texto acima, podemos perceber que a repetição leva, em

muitos casos, à redundância. Dubois et al (2001, p. 504) afirma que o termo redundância é

originário da retórica e foi tomado de empréstimo por linguistas e por teóricos da

comunicação. Na retórica, tinha quase o mesmo sentido de repetição e “designava quase

sempre um excesso nos ornamentos de estilo”. Em sua exposição, os autores deixam claro

que nem toda redundância é problemática e também que não devemos entender que toda

repetição gera redundância, uma vez que a repetição pode ter como finalidade a ênfase, por

exemplo.

Devemos lembrar os casos em que a repetição é necessária, ou por ser enfática e

servir como recurso de estilo ou para ajudar a tornar o sentido mais claro. É preciso,

portanto, ficar atento e não cortar automaticamente todas as repetições apresentadas pelo

texto, mesmo que a repetição se manifeste quase sempre por mera falta de atenção do

autor. Isso ocorre, segundo Araújo, porque a língua portuguesa não favorece a repetição

retórica, e também porque ela é, por natureza, descomedida em palavras, segundo o

filólogo M. Rodrigues Lapa (citado por ARAÚJO, p. 72) (YAMAZAKI, 2007, p. 11).

Page 50: Apostila CJF - 2013

50

Vamos exercitar...

Nome:________________________________________________

1. Identifique e circule as repetições do texto abaixo:

Algumas coisas sobre o gato

O gato foi domesticado há a cerca de 4.000 anos, no Egito, onde o gato era adorado como

um Deus.

Todos dizem que o gato tem sete vidas porque é tão ágil que, embora caia de grandes

alturas, quase nunca acontece nada com o gato porque o gato cai de pé.

Os gatos são curiosos e brincalhões. Quando os gatos se zangam, sopram e se arqueiam. Os

gatos são muito limpos, passam horas se lambendo. À noite movimentam-se perfeitamente

bem, sem bater em nada, porque os olhos do gato, ouvidos e bigodes formam uma espécie

de radar.

As pupilas do gato são verticais e as pupilas dilatam-se muito mais que as pupilas do

homem. Por isso, o gato vê à noite mesmo que só haja uma luzinha bem fraca. O gato tem

uma espécie de almofadinhas nas patas e quando o gato está quieto, deixa as unhas

escondidas dentro das almofadinhas.

A mãe cuida dos filhotes enquanto são pequenos.

Também ensina filhotes a caçar (se não houver um rato pode usar uma barata). Quando os

filhotes crescem, a mãe começa a afastar os filhotes para que os filhotes aprendam a se

virar sozinhos.

Fonte: http://asfa5aportugues.blogspot.com.br/2009/07/algumas-coisas-sobre-o-

gato.html (Com adaptações)

2. Considerando que um dos erros que mais prejudica a expressão adequada de suas ideias

é a insistente repetição de uma mesma palavra, que causa impressão desagradável a quem

lê, além de sugerir pobreza de vocabulário. A língua portuguesa é uma das mais ricas em

relação a vocabulário, com uma quantidade que ultrapassa os 300 mil verbetes. Por isso,

quando você constatar que repetiu várias vezes o mesmo vocábulo procure imediatamente

encontrar sinônimos ou pronomes que possam ser usados em substituição a ele.

Agora, leia o texto abaixo16, localize as repetições e reescreva-o eliminando-as;

16

Fonte: http://oblogderedacao.blogspot.com.br/2012/08/redacao-x-repeticao-de-palavras.html

Page 51: Apostila CJF - 2013

51

“Os empresários têm encontrado certos problemas para contratar mão-de-

obra especializada, nesses últimos meses. O problema da mão-de-obra é consequência de

um problema maior: os altos níveis de desemprego constatados algum tempo atrás.

Enfrentando problemas para conseguir empregos nas fábricas a que estavam acostumados,

dedicaram-se a outras atividades, criando, para as indústrias, o problema de não encontrar

pessoas acostumadas a funções específicas. Demorará ainda algum tempo para que

este problema seja solucionado”.

Page 52: Apostila CJF - 2013

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Aula 7

Objetivos: entender a ambiguidade e a obscuridade como defeitos do texto oficial.

7. Ambiguidade

Um dos elementos que pode comprometer a clareza é ambiguidade. Ambígua é a

frase ou oração que pode ser tomada em mais de um sentido. Como a clareza é requisito

básico de todo texto e qualquer texto, deve-se atentar para as construções que possam

gerar equívocos de compreensão (MRPR, 2002).

Cegalla (1996, p. 98) trata da ambiguidade (ou anfibologia) como duplo sentido e

aponta que ela “decorre geralmente da má colocação das palavras”. E aponta, ainda, que é

“um defeito de expressão que se deve evitar com cuidado”, pois, da má posição das

palavras, podem resultar sentidos ridículos.

A ambiguidade é a “propriedade de certas frases realizadas que apresentam vários

sentidos” (DUBOIS et al, 2001, p. 44). De acordo com Dubois et al (2001, p. 44) ela pode

ser do léxico ou da sintaxe. A ambiguidade do léxico ocorre quando certos morfemas

léxicos têm vários sentidos (DUBOIS et al, 2001, p. 44). Ocorre, por exemplo, em

construções como:

(1) Ele estava no banco.

No exemplo 1, pode-se entender a palavra “banco” como lugar para sentar ou banco

como instituição financeira. Ambas as interpretações são possíveis e somente o contexto

poderá desfazer o duplo sentido. No entanto, em uma consulta ao dicionário, percebe-se

que o vocábulo tem muitas outras acepções possíveis e, nesse caso, seu uso estará sempre

definido pelo contexto:

1) Assento estreito e comprido de madeira, ferro ou pedra, com encosto ou sem ele17.

17

Definições disponíveis em http://www.dicio.com.br/banco/. Acesso em: 08 ago 2012.

Page 53: Apostila CJF - 2013

53

2) Pranchão comprido, onde certos artífices se sentam ou fixam as peças em que

trabalham: banco de carpinteiro.

3) Camada ou leito de pedra numa pedreira. Marinha.

4) Elevação do fundo do mar ou de um curso de água.

5) Cardume de peixes por cima da água.

6) Bras. Ilhota de aluvião no meio de um rio.

Banco de areia, baixio, escolho sobre o qual a água do mar ou do rio é muito baixa.

7) Banco dos réus, lugar onde eles se sentam durante a audiência ou o julgamento.

8) Comércio. Empresa que adianta e recebe fundos, desconta letras, títulos, facilita os

pagamentos por meio de empréstimos, realiza quaisquer transações de valores:

Banco do Brasil. Ramo de atividade econômica constituída por tais empresas.

9) Edifício onde se efetuam as operações bancárias. Banco hipotecário, o que empresta

dinheiro sob hipoteca.

10) Banco agrícola, industrial ou comercial, conforme se destine a auxiliar a agricultura,

a indústria ou o comércio.

11) Banco de sangue, de olhos etc., serviço público ou particular destinado a recolher,

conservar e distribuir aos pacientes sangue previamente classificado por grupos

para transfusões de emergência, córneas necessárias aos enxertos oculares, ou

outros elementos utilizados em medicina ou cirurgia.

12) Informática. Banco de dados, arquivo de dados de diversas fontes, armazenado de

forma a possibilitar o acesso de vários usuários; um banco de dados pode conter

várias bases de dados.

A ambiguidade sintática ocorre quando a estrutura da frase possibilita várias

interpretações (DUBOIS et al, 2001, p. 44). Um exemplo citado por Dubois et al (2201)

ocorre em 2 e os autores a consideram como ambiguidade sintática ou homonímia de

construção:

(2) O magistrado julga as crianças culpadas.

Segundo Dubois et al (2001), a frase pode levar a duas interpretações:

(2.1) O magistrado julga as crianças que são culpadas.

(2.2) O magistrado julga que as crianças são culpadas.

Quando relacionada à construção de textos, podemos analisar o exemplo abaixo

(Mulheres de areia) que evidencia como a ambiguidade pode resultar em construções

incongruentes, incoerentes ou fragmentadas.

Page 54: Apostila CJF - 2013

54

Mulheres de areia

Mulheres de Areia é um marco de grande audiência assim como outras novelas dos anos

90. Mostra-nos, com o passar do tempo, que antigamente é que se faziam grandes novelas

e que até hoje guardamos em nossa memória. Destaque para a atriz Glória Pires, que deu

vida às personagens Ruth e Raquel. A trama dá uma nova guinada quando acontece o

acidente de barco com as gêmeas Ruth e Raquel. Ruth passa a ser Raquel, que finge passar

pela irmã, dada como morta, para não fazer Marcos sofrer.

(Revista Aqui TV Novelas. Ano V, Edição 292, novembro/2011, p. 34)

O trecho sublinhado apresenta, entre outros problemas, uma ambiguidade, pois, no

trecho “Ruth passa a ser Raquel, que finge passar pela irmã, dada como morta, para não

fazer Marcos sofrer”, alguns pontos não ficam claros:

a) Ruth se passa por Raquel e Raquel se passa por Ruth?

b) Qual das irmãs é dada como morta?

c) Qual das irmãs não quer fazer Marcos sofrer?

Como se pode ver pelos questionamentos acima, um trecho ambíguo pode resultar na

quebra da coerência ou até mesmo na incoerência do texto construído18.

Vejamos outro exemplo, neste a ambiguidade é utilizada para causar humor:

Bilhete complicado

O Gumercindo quando jovem era daqueles cavalheiros à moda antiga, que gostava de tudo

certinho e no seu devido tempo. Namorava uma linda donzela, por quem estava realmente

apaixonado.

Um dia, quando fazia uma viagem de negócios, Gumercindo entrou em uma loja e

comprou um presente para a namorada: finíssimo par de luvas de pelica. Só que na hora

do embrulho, a balconista se enganou, e colocou na caixa uma calcinha de renda, e o

pacote foi despachado pelo correio, com o seguinte bilhete:

Estou mandando este presente para fazer-lhe uma surpresa. Sei que você não usa, pois

nunca vi usar. Pena não estar aí para ajudá-la a vestir. Fiquei em dúvida com a cor, no

18

Exemplo apresentado em matéria “A sujeira que respinga”, publicada na Revista Língua Portuguesa, Ano 7,

número 80, junho de 2012, na página 17.

Page 55: Apostila CJF - 2013

55

entanto a balconista experimentou na minha frente e me mostrou que esta era a mais

bonita. Achei meio larga na frente, mas ela me explicou que era para a mão entrar mais

fácil e os dedos se mexerem bem. Você não deve lavar em casa por recomendação do

fabricante. Depois de usar, passe talco e vire do avesso para não dar mau cheiro. Espero

que goste, pois este presente vai cobrir aquilo que vou te pedir muito em breve. Receba

um afetuoso abraço do seu Gumercindo.

(Marcos Vinícius Ribeiro Dias. Humor na Marolindia. Paraguaçu, MG: Editora e

Gráfica Papiro, 1996.)19

7.2. Obscuridade

Outro defeito que atenta contra a clareza do texto é a obscuridade. Obscuridade

significa falta de clareza. Vários motivos podem determinar a obscuridade de um texto:

períodos excessivamente longos, linguagem rebuscada, má pontuação.

Observe:

“Encontrar a mesma ideia vertida em expressões antigas mais claras, expressiva e

elegantemente tem-me acontecido inúmeras vezes na minha prática longa, aturada e

contínua do escrever depois de considerar necessária e insuprível uma locução nova por

muito tempo”.

Vejamos outro exemplo:

Hoje em dia enfrentamos uma grande onda de assaltos, cada vez mais frequente no

nosso dia-a-dia.

Um grande problema que causa a frequência dos assaltos é o desemprego, pois com

a falta deste as pessoas acabam roubando para sobreviver, mas isso não é uma desculpa

para sai por ai roubando e até mesmo matando.

O que realmente falta é exatamente a falta de escolaridade, falta de vergonha de

nossos políticos e de nós mesmos, pois sempre colocamos a culpa nos políticos e acabamos

não fazendo nada, na verdade só precisamos de um pouco mais de conscientização.

Você seria capaz de dizer qual o tema/assunto/ideia principal dos textos?

19

Disponível em: http://www.fotolog.com.br/toxic_sis/26168687/

Page 56: Apostila CJF - 2013

56

Pois bem, essa impossibilidade de apontar o tema do texto é um dos indicadores da

falta de clareza.

Vejamos mais um exemplo de obscuridade em que a pontuação dificulta a

compreensão da sentença:

O uso do cachimbo faz a boca torta porém, quem quiser botar o cachimbo no outro canto

da boca, para o torto endireitar, consegue.

Page 57: Apostila CJF - 2013

57

Vamos exercitar....

1. Análise de produção de texto.

2. Tendo-se em vista a importância da IMPESSOALIDADE na Redação oficial, reescreva as

sentenças a seguir, eliminando todas as marcas de pessoalidade/subjetividade:

a) Eu percebi que nessa época a escola passou por grandes alterações. Novos métodos

de ensino foram implantados.

b) Eles consideram que conceitos como consciência crítica e social, criatividade e

respeito a valores comunitários tornaram-se vivos na prática da escola.

c) O sábio presidente do conselho optou pela não-utilização do uniforme.

d) Entendo que é correto que regras e normas sejam elaboradas e reflitam a

necessidade do grupo.

2. Assinale a opção cujo fragmento obedece às exigências de correção gramatical,

impessoalidade e objetividade, próprias da redação de documentos oficiais.

a) São passíveis de penhora o numerário pertencente à associação ainda que em tal

valor se insira o pagamento de salários de seus empregados. Na realidade, a vedação

legal de constrição atinge somente os salários efetivamente recebidos.

b)Adicional noturno e horas extras não são abrangidos pelo conceito de remuneração,

logo, não pode sobre os mesmos incidir a contribuição previdenciária, segundo

entendimento embasado na Lei nº 8.112/1990.

c) Inexistindo, nos autos, provas concludentes no sentido de descaracterizar a atuação

de um dos acusados, mero empregado de imobiliária, que agiu mediante ordens de

Page 58: Apostila CJF - 2013

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seu preposto, mantêm-se a absolvição decretada, eis que ausente a intenção de lesar o

bem jurídico tutelado.

d) Deve ser anulado o julgamento do tribunal do júri, no qual a formulação dos

quesitos se deu de forma complexa, violando o procedimento normatizado, cujo

determina que os quais quesitos deverão ser feitos em proposições simples e bem

distintas.

e) Cuidando-se de empresa pública, a penhora dos valores existentes em sua conta-

corrente poderá ocasioná-la danos de difícil reparação, inviabilizando a adimplência

de compromissos assumidos, inclusive o pagamento de salários de funcionários.

3. Identifique a ambiguidade nas sentenças e reescreva-as de modo a eliminá-la

a) A mãe de Pedro entrou com seu carro na garagem.

b) Os alunos insatisfeitos reclamaram da nota no trabalho.

c) O aluno disse ao professor que era carioca.

d) A mãe pegou o filho correndo na rua.

Page 59: Apostila CJF - 2013

59

Aula 8

Objetivos: sistematizar o uso de números, datas e siglas nos textos oficiais.

8. GRAFIA DE DATAS E DE HORAS

8.1.Datas

Existem três possibilidades para abreviar a grafia de datas:

com traço: 26-03-1950

com barra: 03/10/1977

com ponto: 22.02.1995

Observações:

1. Os números cardinais devem ser escritos sem ponto ou espaço entre o milhar e a

centena: 1999 (e não 1.999); 2002 (e não 2.002).

2. O ano pode ser registrado comente com os dois últimos dígitos: 12/11/02.

3. O primeiro dia do mês deve ser escrito assim: 1º (e não 1): Exemplo: 1º/5/02 ou

1º/05/02.

4. O emprego de zero antes do dia ou do mês formado de um só algarismo não é de rigor:

02/02/99 ou 2/2/99. Atualmente, no entanto, a anteposição de um zero é prática corrente,

pois atende a objetivos estéticos. E é sempre aconselhável, quando se quer evitar fraude.

8.2. Horas

1. Hora redonda: 8 horas; 9 horas etc. Ou 8 h; 9 h etc. (sem "s" e sem ponto depois de

"h").

Page 60: Apostila CJF - 2013

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2. Hora quebrada: 8h30min; 9h43min etc. (sem dar espaços entre os elementos e sem

usar ponto depois de "h" e "min").

8.4. Dias, horas, crase e paralelismo

Escreva assim: De segunda a sexta-feira/De terça a quinta-feira ou

Da segunda à sexta-feira/Da terça à quinta-feira

Escreva assim: De 9 h a 11 h/De 8h30min a 11h30min ou

Das 9 h às 11 h/Das 8h30min às 11h30min

8.5. Símbolos, Abreviaturas e Siglas

No site do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

(INMETRO), ensina-se que símbolo e abreviatura são coisas diferentes. Dizemos e

ouvimos com frequência que "m" é a "abreviatura" de "metro", que "km" é a "abreviatura"

de "quilômetro" e assim por diante, o que não é correto.

No dicionário Aurélio está grafado que "abreviatura" é um "braquigrama mais ou

menos fixo na língua". Em seguida, dá como exemplos "cf.", que se usa no lugar de

"confronte", e "a.C.", que se usa no lugar de "antes de Cristo".

Braquigrama: "braqui", elemento grego, significa "curto", "breve"; "grama", também

grego, significa "letra", "registro".

O dicionário Aurélio também diz que "abreviatura" pode ser equivalente a

"abreviação", que é "braquigrama convencionado para uso especial em determinada obra".

8.5.1. Uso de símbolos em textos oficiais

Como você pode concluir, símbolo é a representação de uma unidade de medida,

de um elemento químico etc. O símbolo da prata, elemento químico, é "Ag", que em latim é

argentu. "Ar" é o símbolo do "argônio", outro elemento químico.

Atenção: Nos símbolos não se usa ponto abreviativo. O correto é grafar-se: h, kg, km, kw,

l

Page 61: Apostila CJF - 2013

61

8.5.2. Uso de abreviaturas

A abreviação vocabular é a eliminação de um segmento de uma palavra para obter-

se uma forma mais curta. Com isso, obtém-se uma nova palavra cujo significado é o

mesmo da palavra original. Esse processo é produtivo na redução de palavras muito

longas.

Exemplos:

automóvel – auto cinematógrafo - cinema – cine

extraordinário – extra fotografia - foto

metropolitano – metrô otorrinolaringologista – otorrino

pneumático – pneu telefone – fone

8.5.3. Regras de abreviação das palavras

A abreviatura deve ter metade ou menos da metade da palavra original, do

contrário, será melhor escrever a palavra por extenso.

Escreve-se a primeira sílaba e a primeira letra da segunda sílaba, seguidas de ponto

abreviativo. Caso a primeira letra da segunda sílaba seja vogal, escreve-se até a consoante.

Exemplos: fut. (futuro), adj. (adjetivo), gram. (gramática), num. (numeral), al. (alemão),

subst. (substantivo).

Se a palavra tiver acento gráfico, ele será conservado se cair na primeira sílaba.

Exemplos: núm. (número), gên. (gênero), créd. (crédito), déb. (débito), lóg. (lógica), méd.

(médico).

Se a segunda sílaba iniciar por duas consoantes, as duas farão parte da abreviatura.

Exemplos: pess. (pessoa), constr. (construção), secr. (secretário), diss. (dissílabo).

Jamais corte a palavra em uma vogal, sempre em uma consoante. Exemplo:

departamento = dep., nunca depa.)

8.5.3.1. Algumas palavras que não seguem a regra geral para abreviatura

Exemplos:

a.C. (antes de Cristo)

ap. ou apto. (apartamento)

bel. (bacharel), btl. (batalhão)

cel. (coronel)

Page 62: Apostila CJF - 2013

62

Cia. (Companhia)

cx. (caixa)

D. (digno, Dom, Dona)

f. ou fl. ou fol. (folha)

ib. ou ibid. (ibidem, da mesma forma)

id. (idem, o mesmo)

i.é. (isto é)

Ilmo. (Ilustríssimo)

Ltda. (Limitada)

p. ou pág. (página),

pp. ou págs. (páginas)

pg. (pago)

p.p. (próximo passado)

P.S. (pós escrito = escrito depois)

Q.G. (Quartel General)

rem. ou remte. (remetente)

S.A. (Sociedade Anônima)

sv. (serviço)

S.O.S. (Save Our Souls = salvai nossas almas)

u.i. (uso interno)

EUA (Estados Unidos da América)

vv. (versos, versículos).

8.5.4. Uso de abreviaturas permitidas em textos oficiais

Em textos oficiais, usam-se apenas as abreviaturas para pronomes de tratamento,

títulos e outras já consagradas pelo uso, como a.C. (antes de Cristo), D. (digno, Dom,

Dona), etc. (et cœtera), ib. ou ibid. (ibidem, da mesma forma), id. (idem, o mesmo), Ilmo.

(Ilustríssimo), Ltda. (Limitada), M.D. (Muito Digno), p. ou pág. (página), pp. ou págs.

(páginas), P.S. (pós-escrito = escrito depois), S.A. (Sociedade Anônima).

Etc.

Page 63: Apostila CJF - 2013

63

A abreviatura da expressão latina et cœtera é “etc.”, com vírgula ou não antes.

De acordo com a grafia do dicionário Aurélio, a abreviatura etc. deve ser precedida de

vírgula: Havia cães, gatos, vacas, etc.

Atenção: a abreviatura “etc.” só deve ser usada para coisas. Constitui erro escrever:

Renato, Roberto, Ronaldo, Rui etc., e está correto escrever lápis, caderno, borracha, livro

etc.

De modo nenhum se justifica a repetição da abreviatura etc. etc. por escrito.

8.5.6. Abreviatura de numeral

Abrevia-se o numeral R$ 5.500.000,00 para 5,5 milhão de reais. A casa do milhão é

a que fica antes da vírgula. Observe mais exemplos: 2,1 milhões = dois milhões e cem mil;

1,3 bilhão = um bilhão e trezentos milhões; 4,1 bilhões = quatro bilhões e cem milhões.

Na indicação de primeiro, primeira, segundo, segunda deve-se utilizar o algarismo,

tendo, ao lado, um zero sobrescrito: 1o, sem traços sobrescritos. É errado colocar um

tracinho (-) ou dois (=) abaixo das letras a e o sobrescritas (ª e º).

Na indicação de grau de temperatura na escala Celsius, usa-se 1 ºC (um grau

Celsius), 32 ºC (trinta e dois graus Celsius), 0 ºC (zero grau Celsius), - 4 ºC (menos quatro

graus, quatro graus negativos ou quatro graus Celsius abaixo de zero).

Abreviatura de senhor, doutor e doutora

Senhor: Sr.

Senhora: Sra.

Doutor: Dr.

Doutora: Dra.

Não use ponto final após uma abreviatura. No período: Stella trocou um e-mail com

Gérson Jr. não há a necessidade de repetir a pontuação. O ponto da abreviatura serve para

indicar o final do período também.

8.6. Sigla

Siglonimização é a palavra que dá nome ao processo de formação de siglas. As siglas

são formadas pela combinação das letras iniciais de uma sequência de palavras que

constitui um nome. Exemplos:

FGTS - Fundo de Garantia do Tempo de Serviço

Page 64: Apostila CJF - 2013

64

CPF - Cadastro de Pessoas Físicas

IOF - Imposto sobre Operações Financeiras

PIB - Produto Interno Bruto

IPTU - Imposto Predial e Territorial Urbano

Sigla é o conjunto das iniciais dos nomes próprios, bem como das locuções

substantivas próprias, como instituições públicas ou particulares, científicas, culturais,

políticas ou militares, nacionais ou estrangeiras.

Nos textos oficiais, só use a sigla depois de escrever por extenso o nome do órgão,

fundação ou entidade. A sigla vem depois, entre parênteses ou travessões. Exemplo:

Ministério da Cultura (MinC), ou Ministério da Cultura — MinC. Dê preferência pelo uso

entre parênteses.

Não se pluraliza uma sigla. Portanto, uma sigla não tem plural, como muitas vezes

as grafam.

8.6.1. Siglas de origem estrangeira

Há casos de siglas de origem estrangeira que se transformaram em verdadeiras

palavras. Exemplos:

AIDS: Acquired Immunological Deliciency Syndrome (síndrome de imunodeficiência

adquirida);

JIPE - adaptação do inglês Jeep, que por sua vez originou-se de GP (General Purpose - uso

geral);

LASER - de Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation (amplificação da luz

por emissão estimulada de radiação);

RADAR - de Radio Detecting and Ranging (detecção e busca por rádio);

UFO: Unidentified Flying Object (objeto voador não-identificado).

8.7. Lista das abreviaturas e siglas mais usadas em textos oficiais

a = are (s) a.C. ou A.C. = antes de Cristo

AC = Acre (Estado do) A/C = ao (s) cuidado (s)

AL = Alagoas (Estado de) AM = Amazonas (Estado do)

Page 65: Apostila CJF - 2013

65

Apart. ou ap. = apartamento AP = Amapá (Estado do)

Av. = Avenida

......................................................................................................................................

BA = Bahia (Estado da) BR = Brasil

BCG = Bacilo de Calmette e Guérin (vacinação contra a tuberculose)

BNH = Banco Nacional de Habitação

......................................................................................................................................

CE = Ceará (Estado do) CEP = Código de Endereçamento Postal

cf. ou cfr. = confira, confronte, compare Cia. = companhia

cm = centímetro (s) CPF = Cadastro de Pessoa Física

......................................................................................................................................

D. = Dom, Dona Da = Dona

d.C. = depois de Cristo DDD = Discagem Direta a Distância

DF = Distrito Federal dm = decímetro (s)

Dr. = Doutor Dra. = Doutora

......................................................................................................................................

ed. = edição E.D. = espera deferimento

e.g. = exempli gratia (por exemplo)

EMBRAER = Empresa Brasileira de Aeronáutica

EMBRATEL = Empresa Brasileira de Telecomunicações

ES = Espírito Santo (Estado do) etc. = et cœtera (e as outras coisas)

EUA = Estados Unidos da América ex. = exemplo

Exmo. = Excelentíssimo Exa.. = Excelência

......................................................................................................................................

FAB = Força Aérea Brasileira fev. = Fevereiro

FGTS = Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

FIFA = Federação Internacional das Associações de Futebol

fl. = folha; fls. = folhas FN = Fernando de Noronha

FUNAI = Fundação Nacional do Índio

......................................................................................................................................

g = grama (s) gen. = general

GO = Goiás (Estado de)

Page 66: Apostila CJF - 2013

66

......................................................................................................................................

h = hora (s) ha = hectare (s)

hab. = habitante

......................................................................................................................................

ib. = ibidem (no mesmo lugar)

IBGE = Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

id. = idem (o mesmo) i.e. = isto é

Ilma. = Ilustríssima Ilmo. = Ilustríssimo

INSS = Instituto Nacional de Seguro Social Ir. = irmão, irmã

......................................................................................................................................

jan. = Janeiro jul. = Julho

jun. = Junho

......................................................................................................................................

K = Kallium (potássio) Kg = quilograma (s)

Km = quilômetro (s) Km2 = quilômetro (s) quadrado (s)

Kw = quilowatt

......................................................................................................................................

l = litro (s) L.= leste (ponto cardeal)

lat. = latitude, latim lb. = libra (s)

long. = longitude Ltda., Lt.da = limitada

......................................................................................................................................

m = metro (s) m2 = metro (s) quadrado (s)

m3 = metro (s) cúbico (s) m ou min = minuto (s)

MM. = Meritíssimo MA = Maranhão (Estado do)

MW = megawatt (s) MG = Minas Gerais (Estado de)

mg = miligrama ml = mililitro (s)

MS = Mato Grosso do Sul (Estado de) MT = Mato Grosso (Estado de)

......................................................................................................................................

n. = número N. = norte

nac. = nacional N.E. = nordeste

N.O. = noroeste nov. = Novembro

N. da E. = Nota da Editora N. do T. = Nota do Tradutor

......................................................................................................................................

O. = oeste

Page 67: Apostila CJF - 2013

67

obs. = observação, observações

OEA = Organização dos Estados Americanos

O.K. = all correct (está tudo bem)

ONU = Organização das nações Unidas

op. cit. = opus citatum (obra citada)

......................................................................................................................................

pág. ou pp. = página; págs. = páginas PA = Pará (Estado do)

pal. = palavra (s) PB = Paraíba (Estado da)

P.D. = pede deferimento p.ex. = por exemplo

PE = Pernambuco (Estado de) Pe. = padre

P.F. = por favor pg. = pago

PIS = Programa de Integração Social PI = Piauí (Estado do)

p.p. = por procuração; próximo passado pl. = plural

PR = Paraná (Estado do) Prof. = professor

Profa. = professora P. S. = post scriptum

......................................................................................................................................

ql. = quilate (s)

......................................................................................................................................

R. = rua Remte = remetente

Revmo. = Reverendíssimo RJ = Rio de Janeiro (Estado do)

RN = Rio Grande do Norte (Estado do) RO = Rondônia (Estado de)

RR = Roraima (Estado de) RS = Rio Grande do Sul (Estado do)

......................................................................................................................................

S. = São, Santo (a) S.A. = Sociedade Anônima

SC = Santa Catarina (Estado de) s.d. = sem data

SE = Sergipe (Estado de ) séc. = século

S.O. = Sudoeste S.O.S. = save our souls

SP = São Paulo (Estado de) Sr. = Senhor; Srs. = Senhores

Sra. = Senhora; Sr.as = Senhoras Srta. = Senhorita

SENAC = Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

......................................................................................................................................

TO = Tocantins (Estado do) TV = televisão

......................................................................................................................................

UNESCO = United Nations Educational Scientific and Cultural Organization (=

Page 68: Apostila CJF - 2013

68

Organização DAS Nações Unidas para a Educação e a Cultura)

......................................................................................................................................

V = volt V. Sa. = Vossa Senhoria

V. Sas. = Vossas Senhorias V. Exa. = Vossa Excelência

v.g. = verbi gratia (por exemplo)

......................................................................................................................................

W = watt (uote)

8.7.1. Abreviaturas dos continentes

Áfr. = África Am. C. = América Central

Am. N. = América do Norte Am. S. = América do Sul

Ás. = Ásia Eur. = Europa

Oc. = Oceânia

Com relação ao uso de siglas e de abreviaturas, é importante ter uma lista básica

como as acima apresentadas para consulta quando necessário, pois os usos são muitos,

mas, obviamente, ninguém precisa decorar essa imensa quantidade de siglas e abreviações.

Page 69: Apostila CJF - 2013

69

Leitura Complementar

SIGLAS - Luís Fernando Veríssimo

- Bota aí: “P”

- “P”?

- De “Partido”.

- Ah.

- Nossa proposta qual é? De união, certo? Acho que a palavra “União” deve constar do

nome.

- Certo. Partido de União...

- Mobilizadora!

- Boa! Dá a ideia de ação, de congraçamento dinâmico. Partido da União Mobilizadora.

Como é que fica a sigla?

- PUM.

- Não sei não...

- É. Vamos tentar outro. Deixa ver. “P”...

- “P” é tranquilo.

- Acho que “Social” tem que constar.

- Claro. Partido Social...

- Trabalhista?

- Fica PST. Não dá.

- É. Iam acabar nos chamando de “Ei, você”.

- E mesmo “trabalhista”, não sei. Alguém aqui é trabalhista?

- Isso é o de menos. Vamos ver. “P”...

- Quem sabe a gente esquece o “P”?

- É. O “P” atrapalha. Bota “A”, de Aliança. Aliança Inovadora...

- AI.

- Que foi?

- Não. A sigla. Fica AI.

- Espera. Eu ainda não terminei. Aliança Inovadora... de Arregimentação Institucional.

- AIAI... Sei não.

- É. Pode ser mal interpretado.

- Vanguarda Conservadora?

- Você enlouqueceu? Fica VC.

- Aliança Republicana de Renovação do Estado.

Page 70: Apostila CJF - 2013

70

- ARRE!

- O quê?

- Calma.

- Espera aí, pessoal. Quem sabe a gente define a posição ideológica do partido antes de

pensar na sigla? Qual é, exatamente, a nossa posição?

- Bom, eu diria que estamos entre a centro-esquerda e a centro-direita.

- Então é no centro.

- Também não vamos ser radicais...

- Nós somos a favor da reforma agrária?

- Somos, desde que não toquem na terra.

- Aceitaremos qualquer coalizão partidária para impedir a propagação do comunismo no

Brasil.

- Inclusive com o PCB e o PC do B?

- Claro.

- Não devemos ter medo de acordos e alianças. Afinal, um partido faz pactos políticos por

uma razão mais alta.

- Exato. A de chegar ao poder e esquecer os pactos que fez.

- Partido Ecumênico Republicano Unido.

- PERU?

- Movimento Institucionalista Alerta e Unido.

- MIAU?

- Que tal KIM?

- O que significa?

- Nada, eu só acho o nome bonito.

- MUMU. Movimento Ufanista Mobilização e União.

- MMM... Movimento Moderador Monarquista.

- Mas nós somos republicanos.

- Eu sei. Mas por uma boa sigla a gente muda.

- TCHAU.

- Hum, boa. Trabalho e Capital em Harmonia com Amor e União?

- Não, é tchau mesmo.

- Aonde é que você vai?

- Abrir uma dissidência.

Page 71: Apostila CJF - 2013

71

Aula 9

Objetivos: adequar a pontuação aos textos oficiais.

9. Pontuação

9.1. Vírgula

9.1.1. Emprego da vírgula no período simples: quando se trata de separar termos

de uma mesma oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos:

1. Para isolar adjuntos adverbiais deslocados: A maioria dos alunos, durante as

férias, viajam.

2. Para isolar os objetos pleonásticos: Os meus amigos, sempre os respeito.

3. Para isolar o aposto explicativo: Londrina, a terceira cidade do Sul do

Brasil, é aprazibilíssima.

4. Para isolar o vocativo: Alberto! Traga minhas calças até aqui!

5. para separar elementos coordenados: As crianças, os pais, os professores

e os diretores irão ao convescote.

6. Para indicar a elipse do verbo: Ela prefere filmes românticos; o namorado, de

aventura. (o namorado prefere filmes de aventura)

7. Para separar, nas datas, o lugar: Londrina, 20 de novembro de 1996.

8. Para isolar conjunção coordenativa intercalada: Os candidatos, porém, não

respeitaram a lei.

9. Para isolar as expressões explicativas isto é, a saber, melhor dizendo,

quer dizer...Ex. Irei para Águas de Santa Brárbara, melhor dizendo, Bárbara.

9.1.2. Emprego da vírgula no período composto

Período composto por coordenação: as orações coordenadas devem sempre ser

separadas por vírgula.

Page 72: Apostila CJF - 2013

72

Ex. Todos gostamos de seus projetos, no entanto não há verbas para viabilizá-los

Nota: as orações coordenadas aditivas iniciadas pela conjunção e só terão vírgula,

quando os sujeitos forem diferentes e quando o e aparecer repetido.

Ex. Ela irá no primeiro avião, e seus filhos no próximo.

Ele gritava, e pulava, e gesticulava como um louco.

Período composto por subordinação

Orações subordinadas substantivas: não se separam por vírgula. Ex. É evidente que

o culpado é o mordomo.

Orações subordinadas adjetivas: só a explicativa é separada por vírgula. Ex.

Londrina, que é a terceira cidade do Sul do Brasil, é aprazibilíssima.

Orações subordinadas adverbiais: sempre se separam por vírgula. Ex. Assim que

chegarem as encomendas, começaremos a trabalhar.

9.2. Ponto-e-vírgula

O ponto-e-vírgula indica uma pausa um pouco mais longa que a vírgula e um pouco mais

breve que o ponto. O emprego do ponto-e-vírgula depende muito do contexto em que ele

aparece. Podem-se seguir as seguintes orientações para empregar o ponto-e-vírgula:

Para separar duas orações coordenadas que já contenham vírgulas: Estive a

pensar, durante toda a noite, em Diana, minha antiga namorada; no entanto, desde o

último verão, estamos sem nos ver.

Para separar duas orações coordenadas, quando elas são longas: O diretor e a

coordenadora já avisaram a todos os alunos que não serão permitidas brincadeiras

durante o intervalo nos corredores; porém alguns alunos ignoram essa ordem.

Para separar enumeração após dois pontos:

Ex. Os alunos devem respeitar as seguintes regras:

- não fumar dentro do colégio;

- não fazer algazarras na hora do intervalo;

- respeitar os funcionários e os colegas;

- trazer sempre o material escolar.

9.3. Dois-pontos

Deve-se empregar esse sinal:

Para iniciar uma enumeração: Compramos para a casa o seguinte: mesa, cadeiras,

Page 73: Apostila CJF - 2013

73

tapetes e sofás.

Para introduzir a fala de uma personagem: Sempre que o professor Luís entra em

sala-de-aula diz: __ Essa moleza vai acabar!

Para esclarecer ou concluir algo que já foi dito: Ex. Essa moleza vai acabar!:

essas são as palavras do professor Luís.

Vamos exercitar...

1. Analise as seguintes frases e pontue adequadamente:

a) Se devidos fossem os honorários advocatícios nunca poderiam ser arbitrados em 30%

trinta por cento

b) Visam os ideais condicionados à situação cultural do momento realizar os valores

relativos

c) Este querer não se refere à vida individual à consciência mas à vida formal

d) Os conceitos universais empregados são de início as formas hipostasiadas da existência

humana a que se aspira

e) O acórdão regional visceralmente contra o que afirma o acórdão embargado deu

provimento ao recurso do reclamante fl 48

f) Por fim é desnecessário nos julgamentos que se vislumbre e expresse que o recorrente

intenta com a inconformidade decisão de forma diversa daquela manifestada no

julgamento

g) Requer depois de cumpridas as formalidades de estilo a remessa dos autos ao Egrégio

Tribunal Regional Federal

h) Analisando o pedido de reconsideração indeferiu a medida

i) Tal procedimento do juízo a quo fere preceito constitucional art 5º inciso LV

j) Proferindo a sentença indeferindo o pleito e encerrando desta forma o processo

restringiu a defesa do recorrente

k) Observe o despacho não requer a interposição da ação principal apenas solicita

esclarecimentos

l) Além da base para julgamento da ação deve também ser analisada a propositura da ação

principal

Page 74: Apostila CJF - 2013

74

m) Concedida a medida liminar ou se for negada julgada procedente a ação cautelar

tem trinta dias para efetivar ou executar a medida sob pena de caducidade conforme art.

808

n) O homem isolado e livre é uma ficção

o) Trata-se de um mero devaneio da requerente a conclusão de que deve somente R$

500,00 quinhentos reais

p) Portanto à luz do Código de Processo Civil da doutrina e da jurisprudência conclui-se

que a contagem do prazo para a propositura da ação principal ainda não se iniciou

q) Diante de todo o exposto cabalmente provado a requerida pede que seja depositada em

seu favor a diferença que lhe é devida

r) Alguns preferem ler romances outros biografias

s) Caro amigo não se esqueça de rever com cuidado os textos redigidos há pouco

t) Estudou muito esforçou-se bastante aprendeu portanto a resolver estes problemas

Page 75: Apostila CJF - 2013

75

Aula 10

Objetivos: aplicar a gramática à produção textual dos alunos.

Vamos analisar as sentenças e detectar os erros nelas existentes.

1) A criação, organização e extinção de cursos...

2) A autonomia das universidades se configura...

3) Esses campus não terão a autonomia que a universidade possui e não poderão

oferecer cursos sem o prévio credenciamento do campus e autorização destes.

4) A Constituição Federal de 1988, criou a expansão das universidades ...

5) Na ausência de instituição que atenda a estes requisitos...

6) Às universidades é assegurada autonomia... Estas poderão ainda pedir

credenciamento...

7) ... o registro de diplomas expedidos por instituição não-universitárias sejam

efetuados apenas por universidades que...

8) ... incluindo-se nesse rol inclusive universidades públicas...

Page 76: Apostila CJF - 2013

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9) Manifesto-me favorável...

10) ...o estágio supervisionado dos alunos de Psicologia junto aos Juizados especiais...

11) Devido as necessidades e as atribuições da Coordenação....

Parte II

1. Indique o segmento do texto que contém defeito de estruturação sintática.

a) O ataque terrorista de 11 de setembro e as reações que a ele se seguiram sugerem que

vivemos um momento histórico peculiar.

b) Diante da perplexidade gerada, surgiram análises que falavam do começo do fim da

globalização e do triunfo das forças isolacionistas.

c) Outras tomaram a necessidade da adoção de condutas cooperativas no combate ao

terrorismo como prova da interdependência entre nações e da inevitável vitória do

multilateralismo.

d) O desenrolar dos eventos confirmam que não se pode eliminar por hipótese, ou

conveniência, o apelo de soluções cooperativas para problemas internacionais.

e) Novo alento poderá ser dado à busca por soluções para questões econômicas perenes,

como a do comércio internacional.

2. Indique o segmento do texto que contém defeito de estruturação sintática.

a) Não faltam diagnósticos sobre o significado da recente crise causada pelos ataques

terroristas para nossa economia.

b) Se alhures prevalece a dúvida, aqui proliferam certezas.

c) Certeza da necessidade de restaurar o Estado intervencionista, cujos gastos alavancam o

crescimento e o bem-estar dos cidadãos, numa espécie de resgate descontextualizado de

um keynesianismo antes considerado vulgar.

d) Certeza de que o processo de exposição comercial e financeira precisa ser invertido, pois

nele repousariam as causas de nossa fragilidade.

e) Certeza de que o déficit comercial dos setores x ou y comprovam o mal causado pela

ausência de políticas setoriais nas quais um grupo de burocratas iluminados seleciona

vencedores.

Page 77: Apostila CJF - 2013

77

3. Indique o segmento do texto que contém defeito de estruturação sintática.

a) A estabilidade macroeconômica – inflação baixa e finanças disciplinadas – é um meio

para alcançar o objetivo final da política econômica: crescimento da renda e do emprego.

b) Esses objetivos não dependem só de um pilar, mas de dois: a estabilidade e o fim dos

obstáculos de oferta.

c) A história mostra que, se a estabilidade é necessária para o crescimento, uma economia

forte é necessária para sustentar a estabilidade.

d) A implantação desses pilares esbarra em dificuldades, principalmente em ambientes

econômicos acomodados há anos de barbárie orçamentária, inflação e distribuição de

benesses.

e) A presença do Estado na produção e na alocação de recursos a setores selecionados

administrativamente, a abolição da concorrência, o descaso com a eficiência e com o bem-

estar do consumidor e a ausência de previsibilidade são faces de um "modelo" em que o

Estado manipulava instrumentos opacos de distribuição de renda entre segmentos da

economia.

4. Indique o texto que contém defeito de estruturação sintática.

a) 0 culto dos deuses africanos no Brasil abrangem diferentes ritos, aos quais se

convencionara denominar "nações".

b) As culturas negras que mais contribuíram para a consolidação das religiões africanas no

Brasil vieram de diferentes regiões, cada uma com deuses, rituais e línguas próprias.

c) As nações são, portanto, organizações originárias de diferentes etnias, troncos

linguísticos e regiões africanas, que se constituíram no Brasil através de agrupamentos de

escravos de diversas origens, em processos de sincretismo às vezes originados na África.

d) Hoje, em São Paulo, podem ser encontradas casas de três vertentes básicas. As matrizes

culturais predominantes são banto, ioruba e fon. Há também variações angolas do tipo

congo.

e) Num terreiro pode ser encontrado mais de um rito, além da umbanda e do candomblé,

este em geral incorporado como rito paralelo.

5. Ocorre erro de estruturação sintática em:

a) As maiores saídas concentraram-se nos Fundos de Investimento Financeiro (FIF) de 60

dias, principalmente os voltados para grandes investidores.

Page 78: Apostila CJF - 2013

78

b) De julho a dezembro, os saques superaram as aplicações em R$ 27,310 bilhões, o

correspondente a cerca de 20% do patrimônio da indústria no final de junho.

c) 0 setor de fundos de investimentos encolheram no segundo semestre de 1997.

d) No total, os resgates do FIF chegaram a R$23,380 bilhões.

e) Segundo a Associação Nacional de Bancos de Investimentos, os cotistas podem ter

tirado os recursos dos fundos para colocarem em outras aplicações.

6. Indique o texto que contém defeito na estrutura sintática.

a) O culto dos deuses africanos no Brasil abrangem diferentes ritos, aos quais se

convencionara denominar "nações".

b) As culturas negras que mais contribuíram para a consolidação das religiões africanas no

Brasil vieram de diferentes regiões, cada uma com deuses, rituais e línguas próprias.

c) As nações, são portanto, organizações originárias de diferentes etnias, troncos

linguísticos e regiões africanas, que se constituíram no Brasil através de agrupamentos de

escravos de diversas origens, em processos de sincretismo às vezes originados na África.

d) Hoje, em São Paulo, podem ser encontradas casas de três vertentes básicas. As matrizes

culturais predominantes são banto, ioruba e fon. Há também variações angolas do tipo

congo.

e) Num terreiro pode ser encontrado mais de um rito, além da umbanda e do candomblé,

este em geral incorporado como rito paralelo.

7. Veja as sentenças do quadro e aponte o erro existente em cada uma delas.

Page 79: Apostila CJF - 2013

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Fonte: http://vamospraticaragramatica.blogspot.com.br/2011/10/coerencia-sintatica.html

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80

Aula 11

Objetivos: analisar a importância da revisão para a produção de textos oficiais.

11. Escrita e reescrita do texto

A reescritura do texto faz parte do processo de escrita: durante a elaboração de um

texto, releem-se trechos para prosseguir a redação, reformulam-se passagens. Assim, um

texto pronto é sempre produto de sucessivas versões.

Separar, no tempo, o momento de produção do momento da reescritura produz

efeitos importantes para a aprendizagem de determinado gênero do discurso: permite que

você se distancie do seu texto, de maneira a poder atuar sobre ele criticamente.

Nessa perspectiva, o processo de reescritura não é mera higienização, mas a

reestruturação do texto, já que entre a primeira versão e a definitiva uma série de

atividades foi realizada.

Os procedimentos de re-escritura do texto começam do simples (das questões

linguísticas e discursivas) e retornam ao complexo (o conteúdo do texto).

Você já sabe, então, que a escritura de um texto exige diversas releituras e revisões

para a re-escritura, antes de ser considerado satisfatório. Ao revisar o texto produzido,

você terá a oportunidade de reconsiderar uma série de decisões tomadas no início da

produção.

É preciso analisar:

1) se as opções adotadas estão funcionando no texto como um todo?

2) se as decisões se mantêm ou há incoerências e descontinuidades?

Page 81: Apostila CJF - 2013

81

Consegue-se essa avaliação ao reler várias vezes o texto, de forma mais distanciada,

tentando tomar o lugar do leitor, como se você não fosse o redator.

Na primeira versão, costumamos prestar mais atenção à criação das ideias.

Tentamos gerar ideias e organizá-las de forma coerente, clara, articulada. Muitas vezes,

nesse primeiro momento, desprezamos a forma, ou seja, os detalhes da superfície do texto.

Estamos preocupados em captar o fluxo do pensamento e registrá-lo da maneira mais

completa possível.

Durante a reescritura, a atenção desloca-se para a forma mais adequada e para a

melhor organização final das ideias. A revisão é normalmente feita pelo próprio autor do

texto, mas, às vezes, pode ser útil envolver colegas ou outras pessoas. É importante que

uma outra pessoa leia e opine sobre o seu texto.

As primeiras versões de um texto costumam trazer passagens destoantes sem

relação com o núcleo, divagações ou digressões, "gorduras". Alguns trechos devem ser

riscados ou refeitos e, nesse momento, estamos também reestruturando a forma.

Às vezes, trata-se de cortar e simplificar frases longas demais ou truncadas, suprimir

palavras, pronomes, adjetivos ou advérbios que pouco ou nada acrescentam ao texto. Com

isso, torna-se mais legível e de acordo com as exigências da língua padrão.

As pesquisas que analisam textos de exames vestibulares e provas discursivas de

concursos públicos mostram que a maior frequência de erros ocorre nesta ordem:

pontuação, acentuação, construção do período, estabelecimento da coesão e do vocabulário.

Portanto, se você quer uma pista acerca dos pontos em que deve prestar mais atenção,

comece por esses.

Muitas vezes, não há erro, mas é preciso acrescentar elementos para criar ligações

mais claras entre as ideias do texto. Algumas pessoas escrevem muito nos rascunhos,

outras são mais sintéticas e precisam ampliar o texto na reescritura.

Por tudo isso, a releitura é imprescindível para o aperfeiçoamento do texto. Por

meio dela podemos avaliar o funcionamento do texto e propor reformulações.

11.1. Gramática aplicada à redação oficial

O texto deve ter frases curtas, na ordem direta, e a vírgula deverá ser usada com

parcimônia para evitar orações intercaladas.

É interessante ler o texto em voz alta antes de finalizá-lo. Rimas e repetições de

palavras não deverão acontecer.

Page 82: Apostila CJF - 2013

82

Devem ser evitados: palavras e expressões rebuscadas, termos técnicos e palavras

estrangeiras (sempre que possível, opte por termos aportuguesados).

Usar só adjetivos que completem a informação. Em excesso, os adjetivos tornam o texto

rebuscado e, o que é pior, opinativo.

Buscar sempre a exatidão dos termos utilizados. Só merece ser chamado de "assassino"

ou "criminoso", por exemplo, quem já foi julgado e condenado.

Jamais começar uma frase com gerúndio.

Nunca usar gíria.

Quando usar nomes de cidades, o estado deve ser citado.

O uso dos possessivos "seu", "sua" deverá ser utilizado com cuidado para evitar

ambiguidades como as seguintes: "O empresário provou na comissão que o dinheiro

era seu." e "O senador foi entrevistado em sua própria casa".

Não usar advérbios como "hoje", "ontem" ou "amanhã". Sempre "nesta quarta-feira",

quando nos referimos a uma quarta-feira próxima, ou "no próximo dia 13, quarta-

feira", quando se tratar do futuro.

Siglas deverão ser desdobradas, exceção feita às mais conhecidas, como Ibope. Sempre

que empregar as de uso corrente na linguagem legislativa, imprescindível desdobrar.

Exemplo: CCJ - Comissão de Constituição e Justiça.

O advérbio "através" só admite três acepções: "de lado a lado", "atravessadamente",

"transversalmente". Todos dão ideia de movimento e nenhum deles justificaria o uso na

frase "É através das comissões que os Senadores..." Substituir por "na", "por meio de"

ou "por intermédio de".

Evitar ambiguidades. Exemplos são os termos "deve" e "pode": "Até junho, o plenário

deve aprovar o projeto." Nesse caso, o verbo passa a ideia de probabilidade, mas

também de obrigação. Substituir por "tem que".

11.2. Aspectos a ser considerados no aperfeiçoamento do texto

ASPECTOS TEXTUAIS

Sintaxe de construção

de frases e períodos

Reescrever o texto observando a adequação dos conectivos e

das palavras de correlação.

Corrigir fragmentação e truncamento de ideias.

Evitar acúmulo de ideias em um mesmo período.

Construir paralelismo sintático.

Page 83: Apostila CJF - 2013

83

Coesão e Coerência Reescrever observando a ideia central.

Eliminar ideias incompatíveis ou sem importância para o

desenvolvimento da ideia central.

Especificar generalizações.

Articular as relações lógicas entre as ideias por meio de

conectivos.

Utilizar argumentos adequados.

Eliminar repetições.

Desfazer ambigüidades.

Vocabulário Eliminar ou substituir palavras repetidas.

Utilizar palavras mais adequadas.

Eliminar gírias, expressões coloquiais e clichês.

Parágrafos Agrupar ideias complementares ou dependentes.

Distribuir ideias por parágrafos diferentes.

Escrever transição entre parágrafos.

Gênero Agrupar o tom conforme o gênero.

Evitar mudanças de nível injustificadas.

Observar as estruturas peculiares ao gênero.

ASPECTOS GRAMATICAIS E FORMAIS

Forma Respeitar as margens.

Reescrever com letra legível.

Deixar evidente a abertura de parágrafo.

Evidenciar maiúsculas.

Ortografia Corrigir conforme o dicionário.

Acentuação Corrigir conforme as regras.

Pontuação Retirar, acrescentar ou modificar.

Concordância Corrigir conforme a justificativa gramatical.

Regência Corrigir conforme a justificativa gramatical.

Emprego e colocação

pronominal

Corrigir conforme a justificativa gramatical.

Page 84: Apostila CJF - 2013

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Leitura complementar

Lipoaspiração no Texto - Dad Squarisi

Deus, às vezes, erra na medida. Dá muito pra uns. Pouco pra outros. Mas, generoso,

não deixa os filhotes na mão. Oferece soluções. Uma delas são os Pitanguys da vida. Eles

fazem milagres. Passam ferro nas rugas. Tiram barriga. Aumentam seios. Incrementam

bumbuns.

O furor do momento é a lipoaspiração. O motorzinho aspira os excessos de Deus e

da mesa. Pneuzinho nas costas? Estômago exibido? Coxas atrevidas? Nada de

lamentações. Lipo neles. Quem não se enfeita, já dizia o outro, por si se enjeita.

A língua também tem vaidades. Adora ser enxutinha. E ter tudo no lugar.

Gordurinhas aqui e ali? Nem pensar. Bisturi nelas. Vale visita ao cirurgião plástico. Ele

manda as adiposidades bater em retirada. Quais?

Artigo indefinido

As palavras, como os remédios, podem matar. O artigo indefinido é medicamento de tarja

preta. Causa dependência. Deve ser usado com redobrado cuidado. Erva daninha amortece

a força do substantivo. Torna-o vago, impreciso, desmaiado. Em 99% das frases, é gordura

pura. Corte-o. O texto agradece:

- Ciro Gomes deu (uma) entrevista agressiva à revista Época.

- FHC quis implantar (um) novo capitalismo no Brasil.

- Haverá (uma) renovação de 60% no Congresso.

Pronome possessivo

George Simenon escrevia romances policiais pra lá de bons. O segredo: “Livro-me dos

vocábulos que estão na frase só para enfeitar ou atrapalhar.”

Um deles: os pronomes seu, sua. Eles parecem inofensivos. Mas causam estragos. Tornam

o enunciado ambíguo. Ou viram belo Antonio. Não têm função. Pau neles!

- No (seu) pronunciamento, Bush condenou Israel.

- No acidente, quebrou a (sua) perna, fraturou os (seus) dedos, arranhou o (seu)

rosto.

- Antes de sair, calçou os (seus) sapatos, vestiu a (sua) calça nova e pôs os (seus) óculos.

Pronome demonstrativo

Page 85: Apostila CJF - 2013

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Pegue o jornal. Abra-o em qualquer página. Leia artigos, reportagens, notícias. Lápis

na mão, assinale os aqueles, aquelas e aquilo que aparecem no caminho. A conclusão é

inevitável. O artigo (o, a) e o demonstrativo (o, a) caíram em desuso. A turma esqueceu-os.

Em vez do discreto monossílabo, empanturra a frase com o pesadão trissílabo. Xô!

- Garotinho condena aqueles que o criticam. (Garotinho condena os que o criticam.

Garotinho condena quem o critica.)

- Jesus disse que os mansos – aqueles que não recorrem à violência – possuirão a

Terra. (Jesus disse que os mansos – os que não recorrem à violência – possuirão a

Terra.)

- Aqueles que nunca pecaram atirem a primeira pedra. (Os que nunca pecaram atirem a

primeira pedra. Quem nunca pecou atire a primeira pedra.)

- Aquilo que é escrito sem esforço é lido sem prazer. (O que é escrito sem esforço é lido

sem prazer.)

Pronome “todos”

Ser claro é obrigação de quem escreve. O artigo definido se presta a confusão de

significados. Dobre a atenção quando for usá-lo. Ao dizer “os candidatos fazem

campanha”, englobam-se todos os candidatos. Se não são todos, o pequenino não tem vez:

“candidatos fazem campanha”.

Para quem sabe ler, pingo é letra. Se o artigo engloba, o todos sobra em muitas

situações. Corte-o sem pena:

- Vou o teatro todas as terças-feiras. (Vou ao teatro às terças-feiras.)

- Todos os alunos que saíram perderam a explicação. (Os alunos que saíram perderam

a explicação.)

Forma adiposa

Os textos abaixo estão louquinhos por uma lipoaspiração. Leia-os com cuidado.

Depois, passe o motorzinho nas gordurinhas. Mande artigos e pronomes engordantes pro

quinto dos infernos:

1. O índice de famílias governadas por mulheres constitui uma grande agressão. Elas

são obrigadas a segurar aquela barra toda. É um absurdo.

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2. Não considero nenhum progresso mulheres de negócio receberem rapazes de

programa em seus escritórios. É uma desvirtuação total daquilo que foi o projeto

feminino.

3. Por que todos os aposentados não recebem o que lhes é devido?

Forma enxuta

1. O índice de famílias governadas por mulheres constitui grande agressão.Elas são

obrigadas a segurar a barra toda. É absurdo.

2. Não considero nenhum progresso mulheres de negócio receberem rapazes de

programa nos escritórios. É desvirtuação total do projeto feminino.

3. Por que os aposentados não recebem o que lhes é devido?

Correio Braziliense, 28 de julho de 2002.

Page 87: Apostila CJF - 2013

87

REFERÊNCIAS

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portuguesa. Rio de Janeiro: Bloch, 1999.

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SP: Companhia Editora Nacional, 2008.

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e documentação - referências - elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.

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Nacional. 2001.

___ . O que muda com o novo acordo ortográfico. Nova Fronteira, 2008.

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Presidência da República. Gilmar F. Mendes [et al.]. Brasília: Presidência da

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Janeiro: Nova Fronteira, 1996.

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Janeiro: Nova Fronteira, 2005.

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DUPAS, Maria Angélica. Pesquisando e normalizando: noções básicas e

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1998.

Page 88: Apostila CJF - 2013

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GERALDI, J. W.; CITELLI, B (org.). Aprender e ensinar com textos de alunos. 4.ed.

São Paulo: Cortez, 1997.

GRION, Laurinda. Manual de redação para executivos. Madras, 2002.

HOLANDA, Aurélio Buarque de. Novo dicionário de língua portuguesa. 2. ed. Rio de

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Brasileiro de Ciências da Comunicação. Santos (SP). Intercom: São Paulo, 2007.

Page 90: Apostila CJF - 2013

90

ANEXO 1 - Emprego dos Pronomes de Tratamento

Segundo Celso Cunha (2001), denomina-se pronomes de tratamento certas

palavras e locuções que valem por verdadeiros pronomes pessoais, como: você, o senhor,

Vossa Excelência. São formas de reverências que consistem em nos dirigirmos às pessoas

pelos seus atributos ou posições que ocupam.

Os pronomes de tratamento representam à forma de tratar as pessoas com quem se

fala ou a quem se dirige a comunicação. É a maneira formal para se dirigir com reverência

a determinadas pessoas.

VOCÊ: hoje usado familiarmente, é a redução de reverência de Vossa Mercê

(pessoas de tratamento cerimonioso), que se tornou vossemecê e depois vosmecê.

Exemplo: Convido você para uma reunião de família no domingo à tarde.

A GENTE: este substantivo, precedido do artigo “a” e em referência a um grupo de

pessoas em que se inclui a que fala, ou a esta sozinha, passa a pronome e se emprega fora

da linguagem cerimoniosa. Em ambos os casos o verbo fica na 3ª pessoa do singular.

Exemplo: “É verdade que a gente, às vezes, tem cá suas birras”. Alexandre

Herculano

1.1. Usar Vossa ou Sua?

Os pronomes de tratamento são usados assim:

Usa-se VOSSA quando se fala com a pessoa.

Ex: VOSSA EXCELÊNCIA sairá cedo hoje?

Usa-se SUA quando se fala da pessoa.

Ex: SUA EXCELÊNCIA sairá cedo.

1.2. Concordância com os Pronomes de Tratamento

Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indireta) apresentam certas

peculiaridades quanto à concordância verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram à

segunda pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou a quem se dirige a

comunicação), levam a concordância para a terceira pessoa. É que o verbo concorda com o

substantivo que integra a locução como seu núcleo sintático: "Vossa Senhoria nomeará o

substituto"; "Vossa Excelência conhece o assunto".

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Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a pronomes de tratamento são

sempre os da terceira pessoa: "Vossa Senhoria nomeará seu substituto" (e não "Vossa ...

vosso...").

Já quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero gramatical deve coincidir

com o sexo da pessoa a que se refere, e não com o substantivo que compõe a locução.

Assim, se nosso interlocutor for homem, o correto é "Vossa Excelência está atarefado",

"Vossa Senhoria deve estar satisfeito"; se for mulher, "Vossa Excelência está atarefada",

"Vossa Senhoria deve estar satisfeita".

1.3. Padrão oficial para emprego dos pronomes de tratamento

O emprego dos pronomes de tratamento obedece à secular tradição. São de uso

consagrado:

Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:

Poder Executivo Poder Legislativo Poder Judiciário

Presidente da

República;

Vice-Presidente da

República;

Ministros de Estado;

Governadores e Vice-

Governadores de

Estado e do DF;

Oficiais-Generais das

Forças Armadas;

Embaixadores;

Secretários-Executivos

de Ministérios e demais

ocupantes de cargos de

natureza especial;

Secretários de Estado

dos Governos

Deputados Federais e

Senadores;

Ministro do Tribunal de

Contas da União;

Deputados Estaduais e

Distritais;

Conselheiros dos

Tribunais de Contas

Estaduais;

Presidentes das Câmaras

Legislativas Municipais.

Ministros dos Tribunais

uperiores;

Membros de Tribunais;

Juízes;

Auditores da Justiça

Militar.

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92

Estaduais;

Prefeitos Municipais.

ANEXO 2 – Nova Ortografia

NOVO ACORDO

ORTOGRÁFICO

DA

LÍNGUA

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PORTUGUESA

“Quando as pessoas

não sabem escrever

ou falar corretamente

a sua língua, surgem

homens dispostos a

escrever e a falar por

elas e não para elas”.

Wendell Jonhson

“Toda palavra serve

de expressão de um

em relação ao outro.

Através da palavra

defino-me em relação

ao outro, isto é, em

última análise em

relação à

coletividade. A

palavra é uma espécie

de ponte entre mim e

os outros. A palavra é

o território comum do

locutor e do

interlocutor”.

Mikhail Bahktin

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APRESENTAÇÃO

Apresento a vocês uma das informações mais discutidas no âmbito do ensino da

língua portuguesa na atualidade: o novo acordo ortográfico. Essa discussão se dá por

diversos motivos: custos com editoração, material didático, programas curriculares nas

escolas de Ensino Fundamental e Médio, entre outros. Bem, poderia aqui simplesmente

alimentar cada um desses argumentos, mas opto por lembrá-los de que o domínio da

língua tem estreita relação com a possibilidade de plena participação social, pois é por

meio dela que o homem se comunica, tem acesso à informação, se expressa e defende

pontos de vista, partilha ou constrói visões de mundo e produz conhecimento.

Assim, a habilidade de ler é o primeiro passo para a assimilação dos valores da

sociedade. E a escrita, associada à leitura é uma condição indispensável à vida em

sociedade. Ao concebermos a leitura como prática social, privilegiamos a formação de

leitores competentes, e por isso mesmo bons produtores de textos.

Como atualmente nos foi apresentada essa nova tarefa ortográfica, já não se

mostra produtivo apenas discutir se gostamos ou não das novas regras, que só afetam 0,5%

dos vocábulos no português do Brasil. É hora sim de conhecê-las e ver a real dimensão de

nosso desafio.

Com essa orientação nasce esta apostila, na qual lhes são apresentadas as novas

regras ortográficas comentadas e exercícios de fixação.

Na certeza de seu sucesso nessa empreitada, peço-lhe a dedicação que a tarefa

exige, pois esses conhecimentos serão de grande utilidade em suas atividades acadêmicas e

profissionais.

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1. O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO: PREÂMBULO

A tarefa de produzir textos requer cuidado com a linguagem escrita e nesse ínterim

entra em voga a ortografia. Como recentemente passamos por uma reformulação nas

regras ortográficas do português é importante conhecermos um pouco mais sobre o

assunto para que possamos revisar nossos textos com propriedade.

Comecemos pelo conceito da palavra ORTOGRAFIA :

A palavra Ortografia vem do grego orthos (correto) + graphe (escrita), que

significa escrita correta. A ortografia é um conjunto de normas, decididas

por leis, que estabelecem o registro correto, por escrito de uma língua

(DALEFI, 2008, p. 250).

Também é importante saber que, apesar de oficialmente sancionada, a ortografia

não é mais do que uma tentativa de transcrever os sons de uma determinada língua em

símbolos escritos. Esta transcrição é sempre por aproximação e raramente é perfeita e

isenta de incoerências. De acordo com Medeiros e Tomasi (2008, p.1):

A ortografia ideal de uma língua seria aquela em que para cada fonema

houvesse uma única letra ou sinal gráfico. Seria uma língua sonhada; na

prática, inexistente*, pois exigiria uma multiplicidade de caracteres, sem

contar as variedades regionais e individuais dos falantes ao pronunciarem as

palavras. (grifo nosso*)

Assim como tudo que é humano, a ortografia é cheia de imprecisões, pois a escrita

não possui ferramentas suficientes para reproduzir os fenômenos da língua falada.

Devemos levar em conta que o sistema gráfico da língua portuguesa conta com 23 letras e

um número muito maior de fonemas realizáveis.

Surge a pergunta: o que devemos pesquisar sobre a nova ortografia? Basicamente,

as alterações recentemente introduzidas na ortografia da Língua Portuguesa pelo que

oficialmente é conhecido por Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em

Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, por Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe,

Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e, posteriormente, por Timor Leste, países

integrantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). No Brasil, o Acordo

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foi aprovado pelo Decreto Legislativo no 54, de 18 de abril de 1995, além dos Protocolos

Modificativos do Acordo, todos elencados na 5a edição do VOLP (Vocabulário Ortográfico

da Língua Portuguesa), de 2008.

Esse acordo é meramente ortográfico; portanto, restringe-se à língua escrita, não

afetando nenhum aspecto da língua falada. Ele não elimina todas as diferenças ortográficas

observadas nos países que têm a Língua Portuguesa como idioma oficial, mas é um passo

em direção à pretendida unificação ortográfica desses países.

2. O que se ganha com a adoção do Acordo Ortográfico

A dupla grafia das palavras obrigava as editoras a publicarem edições específicas em

Portugal e no Brasil. A não adoção do Acordo Ortográfico também dificultava a inserção do

Português como uma das línguas oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU),

embora ele seja uma das línguas oficiais da União Europeia e do Mercosul.

Além disso, dificultava o ensino de Português como língua estrangeira em qualquer

outra parte do mundo e criava empecilhos na formatação dos protocolos para os mais

diferentes navegadores da Internet.

3. Assuntos tratados no Acordo

Entre outros aspectos, o Acordo Ortográfico trata do alfabeto, dos nomes próprios,

dos nomes estrangeiros e seus derivados, do h inicial e final, da homofonia de certos

grafemas consonânticos, dos ditongos, da acentuação de modo geral, do emprego do hífen,

da supressão do trema e da divisão silábica.

Se não fosse a ortografia, graves problemas de comunicação poderiam ocorrer em

virtude das diferenças que, no Português falado, existem de uma região para outra ou de

um país para outro. Esse é principal argumento dos que defendem um padrão ortográfico

para todos os países lusófonos, isto é, que falam a Língua Portuguesa.

Em termos práticos, em instituições públicas do Brasil que mantêm constante

contato com outros países de Língua Portuguesa, escrever, muitas vezes, sem conhecer as

normas vigentes, pode causar problemas de comunicação escrita, e a Redação Oficial preza

pela objetividade e clareza. Assim, a ortografia ganha relevância para a manutenção da

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97

qualidade dos textos formais bem como para a garantia de exposição clara das mensagens

escritas.

4. Mudanças previstas no português do Brasil

As principais modificações no Português do Brasil, que afetarão apenas cerca de

0,5% do léxico, são concentradas:

no alfabeto;

no uso do trema;

no uso do acento diferencial;

na acentuação dos ditongos abertos;

no uso do hífen;

no uso das maiúsculas e minúsculas.

4.1 No Alfabeto

O alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintroduzidas as letras k, w, e y. O alfabeto

completo passa a ser:

A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z

As letras k, w e y, que na verdade não tinham desaparecido da maioria dos

dicionários da nossa língua, são usadas em várias situações. Por exemplo:

Na escrita de símbolos de unidades de medida: km (quilômetro), kg (quilograma),

W (watt);

Na escrita de palavras e nomes estrangeiros (e seus derivados): show, playboy,

playground, windsurf, William, kaiser, Kafka, kafkiano.

4.2 Nas palavras paroxítonas

Nas paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos quando vierem depois de um

ditongo decrescente. É importante lembrar que esse grupo de palavras é baixa ocorrência.

Como era Como fica

Baiúca Baiuca

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Bocaiúva Bocaiuva

Cauíla Cauila

Feiúra Feiura

Atenção! Se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final (ou

seguidos de s), o acento permanece.

Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí.

Não se usa mais o acento das palavras terminadas em êem e ôo(s).

4.3 No acento diferencial

Como era Como fica

Abençôo Abençoo

Crêem (verbo crer) Creem

Dêem (verbo dar) Deem

Dôo (verbo doar) Doo

Enjôo Enjoo

Lêem ( verbo ler) Leem

Magôo (verbo magoar) Magoo

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99

Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/para, péla(s)/pela(s),

pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.

Como era Como fica

Ele pára o carro. Ele para o carro.

Ele foi ao pólo Norte. Ele foi ao polo Norte.

Ele gosta de jogar pólo. Ele gosta de jogar polo.

Esse gato tem pêlos brancos. Esse gato tem pelos brancos.

Comi uma pêra. Comi uma pera.

Atenção! O par pôde/pode permanece com o acento diferencial. Pôde é a forma do

passado do verbo poder (pretérito perfeito do indicativo), na 3a pessoa do singular. Pode

é a forma do presente do indicativo, na 3a pessoa do singular.

Exemplo: Ontem, ele não pôde terminar o projeto mais cedo, mas hoje ele pode.

Na mesma linha de procedimento, temos a manutenção do acento diferencial em

pôr/por. Pôr é verbo. Por é preposição.

Exemplo: Vou pôr em discussão o parecer por mim elaborado na próxima reunião

do departamento.

Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos ter e vir,

assim como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, interir, advir,

etc.). Exemplos:

Ele tem dois cargos. / Eles têm dois cargos.

Ele vem de Brasília. / Eles vêm de Brasília.

Ele mantém a palavra./ Eles mantêm a palavra.

Ele detém o poder. / Eles detêm o poder.

Fica facultativa a utilização do acento circunflexo para diferenciar as palavras

forma/fôrma. Em algumas situações, o uso do acento dá clareza à frase conforme

podemos ver neste exemplo: Qual é a forma da fôrma do bolo?

Não se usa mais o acento agudo do u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles)

arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir.

Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir, como

aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir, etc. Esses

Page 100: Apostila CJF - 2013

100

verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do

presente do subjuntivo e também do imperativo.

Veja:

a) se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas.

Exemplos:

verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue,

enxágues, enxáguem.

verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua,

delínquas, delínquam.

b) se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser acentuadas.

Exemplos (a vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada mais

fortemente que as outras):

verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague,

enxagues, enxaguem.

verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua,

delinquas, delinquam.

Atenção! No Brasil, a pronúncia mais comum é a primeira, aquela com a e i

tônicos.

Page 101: Apostila CJF - 2013

101

4.4 No uso do hífen

Vimos anteriormente que a ortografia de uma língua consiste na padronização da

forma gráfica de suas palavras para o fim de uma intercomunicação social universalista, e

só em casos excepcionais são admitidas duas grafias para uma mesma palavra (HOUAISS,

2008). Nesse sentido, a exemplo do que ocorre com a acentuação gráfica, que é utilizada

para marcar diferentes fonemas, ou mesmo diferenciar o significado de palavras de mesma

grafia e som, o hífen mostra-se como um recurso da língua escrita para solucionar

possíveis inconsistências ortográficas.

PARA SABER MAIS A “nova ortografia” dos textos digitais

Alguns estudiosos defendem que as regras de ortografia devem ser preservadas nos textos digitais; outros defendem a liberdade de expressão, por considerarem que as simplificações são ditadas pelos usuários.

A maioria, porém, concorda que a linguagem deve ser coerente com seu objetivo e com o estilo linguístico de seu criador. Assim, em um texto científico deve-se usar uma linguagem formal; em um texto descontraído ou na internet pode-se adotar uma linguagem coloquial.

Como a comunicação via internet vem aumentando cada vez mais, o número de expressões criadas para tornar a troca de informações rápida vem se multiplicando a cada dia e são essas expressões que devem ser utilizadas com parcimônia, pois o que é preciso ter em mente é qual o papel do gênero no contexto virtual, por exemplo, o e-mail tem várias possibilidades de comunicação que vão do formal ao informal. Em se tratando de redação oficial, muitas vezes, substitui gêneros como o aviso circular, o que pede o uso da linguagem formal, diferentemente do que ocorre com e-mails pessoais que trocamos entre amigos. Assim, deixemos de lado as abreviaturas comumente usadas nos textos digitais quando nosso propósito é escrever

profissionalmente.

(DALEFI, R. G et alii. Enciclopédia do estudante: gramática e linguística: história, regras e usos da língua portuguesa. São Paulo: Moderna, 2008, p.255, com adaptações)

Page 102: Apostila CJF - 2013

102

USO DO HÍFEN

1) Na separação das sílabas de uma palavra Ex.: o-fí-cio

2) Na maioria dos substantivos e adjetivos compostos

Ex.: guarda-costas

3) Nas formas verbais ligadas a pronomes Ex.: Amá-lo; viram-na

4) Na separação do dia, mês e ano, nas datas, além do

ano de nascimento e ano de morte

Ex.: 18-12-1957;

Camões (1524-1580)

5) Na união de certos prefixos a palavras Super-homem; sem-

terras

Para falar sobre o hífen, vamos iniciar pelas palavras formadas por prefixos ou por

elementos que podem funcionar como prefixos, como: aero-, agro-, além-, ante-, anti-,

aquém-, arqui-, auto-, circum-, contra-, eletro-, entre-, ex-, extra-, geo-, hidro-, hiper-,

infra-, inter-, intra-, macro-, micro-, mini-, multi-, neo-, pan-, pluri-, proto-, pós-, pré-,

pró-, pseudo, retro-, semi-, sobre-, sub-, super-, supra-, tele-, ultra-, vice- etc. em um

primeiro momento, a lista pode parecer extensa, mas existem formas de organizá-la em

categorias. Vejamos como:

Mantém-se o hífen em palavras derivadas por prefixação quando o segundo

elemento inicia por h. Exemplos:

ANTES DO ACORDO DEPOIS DO ACORDO

Pré-história Pré-história

Super-homem Super-homem

Extra-humano Extra-humano

Exceção: subumano (nesse caso, a palavra humano perde o h).

Eliminação do hífen em vocábulos derivados por prefixação, cuja vogal final do

prefixo é diferente da vogal inicial do segundo elemento. Exemplos:

ANTES DO ACORDO DEPOIS DO ACORDO

Extra-escolar Extraescolar

Auto-escola Autoescola

Auto-estrada Autoestrada

Plurianual Plurianual

Page 103: Apostila CJF - 2013

103

Co-editor Coeditor

Agroindustrial Agroindustrial

Semianalfabeto Semianalfabeto

Exceção: o prefixo co- aglutina-se em geral com o segundo elemento, mesmo quando este

se inicia por o ou h. Neste último caso, corta-se o h. Se a palavra seguinte

começar com r ou s, dobram-se essas letras. Exemplos:

coobrigação, coedição, coeducar, cofundador, coabitação, coerdeiro, corréu,

corresponsável, cosseno.

Esse procedimento segue as recomendações da Nota explicativa do VOLP (Vocabulário

Ortográfico da Língua Portuguesa) que diz:

Excluir o prefixo co- do caso 1º, letra a, da Base XVI, por merecer do

Acordo exceção especial na observação da letra b da mesma Base XVI

e por também poder ser incluído no caso 2º, letra B, da Base II

(coabitar, coabilidade, etc). Assim, por coerência, co-herdeiro

passará a coerdeiro. (2009, l. II)

Ainda de acordo com orientações do VOLP, “devemos incluir, por coerência e em atenção à

tradição ortográfica, os prefixos re-, pre- e pro- à excepcionalidade do prefixo co-,

referida na observação da letra b do caso 1º da Base XVI: reaver, reeleição, preencher,

proótico.”

Atenção: com o prefixo vice, usa-se sempre o hífen. Exemplos: vice-rei, vice-almirante etc.

Não se usa o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento

começa por r ou s. Nesse caso, duplicam-se essas letras. Exemplos:

Manutenção do hífen em vocábulos derivados por prefixação, cujo prefixo

terminar por vogal igual à vogal inicial do segundo elemento. Exemplos:

ANTES DO ACORDO DEPOIS DO ACORDO

Contra-regra Contrarregra

Extra-regular extrarregular

Co-seno Cosseno

Contra-senso contrassenso

Page 104: Apostila CJF - 2013

104

ANTES DO ACORDO DEPOIS DO ACORDO

Antiinflacionário Anti-inflacionário

Antiintelectualismo Anti-intelectualismo

Microondas Micro-ondas

Pseudo-organizado Pseudo-organizado

Contraassinatura Contra-assinatura

Semiinternato Semi-internato

Quando o prefixo termina por consoante, usa-se o hífen se o segundo elemento

começar pela mesma consoante. Exemplos:

ANTES DO ACORDO DEPOIS DO ACORDO

Inter-racial Inter-racial

Inter-regional Inter-regional

Sub-bibliotecário Sub-bibliotecário

Sub-base Sub-base

Super-resistente Super-resistente

Como podemos ver, essa regra já era praticada antes do acordo, o que reforça o fato de que

o novo acordo não trouxe tantas modificações para o português do Brasil.

Atenção:

Nos demais casos, não se usa o hífen. Exemplos: hipermercado, intermunicipal,

superinteressante, superproteção.

Com o prefixo sub-, usa-se o hífen também diante de palavra iniciada por r: sub-

região, sub-raça etc.

Com os prefixos circum- e pan-, usa-se o hífen diante de palavra iniciada por m, n

e vogal: circum-navegação, pan-americano etc.

Quando o prefixo termina por consoante, não se usa o hífen se o segundo

elemento começar por vogal. Exemplos:

Page 105: Apostila CJF - 2013

105

ANTES DO ACORDO DEPOIS DO ACORDO

Interestudantil Interestudantil

Hiperativo Hiperativo

Superestrutura Superestrutura

Superexigente Superexigente

Usa-se sempre o hífen com os prefixos ex-, sem-, além-, aquém-, recém-, pós-,

pré*-, pró*-. Exemplos:

ANTES DO ACORDO DEPOIS DO ACORDO

Pós-graduação

Pós-graduação

Ex-ministro

Ex-ministro

Pré-formular

Pré-formular

Pró-reitoria

Pró-reitoria

Recém-empossado Recém-empossado

* as exceções sobre o uso do hífen com os prefixos pre- e pro-, anteriormente

apresentadas continuam válidas, pois se referem às formas átonas desses prefixos, o uso

do hífen continua obrigatório para as formas tônicas pré- e pró- como descrito na última

regra.

Deve-se usar o hífen com os sufixos de origem tupi-guarani: -açu, -guaçu e -

mirim. Exemplos:

Amoré-guaçu

Anajá-mirim

Capim-açu

Page 106: Apostila CJF - 2013

106

Obs.: É importante frisar que esta regra contempla um número pequeno de palavras.

Deve-se usar o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se

combinam, formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos

vocabulares. Exemplos: ponte Rio-Niterói, eixo Rio-São Paulo.

Manutenção do hífen em palavras compostas por justaposição cujos elementos

constituem uma unidade semântica, mas mantêm uma tonicidade própria e em

compostos que designam espécies botânicas e zoológicas.

Observação: Esta regra, em alguns momentos, pode causar dúvidas por não explicitar os

casos em que a mudança deve ou não ocorrer, como sugestão de consulta, indicamos o

VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa) que contém o registro da ortografia

oficial das palavras em português.

Ano-luz

Arco-íris

Tio-avô

Amor-perfeito

Segunda-feira

Bem-te-vi

Cravo-da-índia

Atenção: Eliminação do hífen em palavras compostas, cuja noção de composição, de certa

forma, perdeu-se.

ANTES DO

ACORDO

DEPOIS DO

ACORDO

Pára-quedas Paraquedas

Manda-chuva Mandachuva

Cabra-cega Cabracega

Toca-fitas Tocafitas

Roda-viva Rodaviva

Page 107: Apostila CJF - 2013

107

Girassol Girassol

Madressilva Madressilva

Eliminação do hífen das palavras compostas com elemento de ligação, sejam:

locuções substantivas, adjetivas, pronominais, adverbiais, prepositivas ou

conjuncionais, salvo algumas exceções de uso consagrado pela tradição

lexicográfica

Cão de guarda

Fim de semana

Pé de moleque

Sala de jantar

Cor de vinho

Cada um

Quem quer que seja

À parte

Acerca de

A fim de que

Exceções de uso consagrado:

Água-de-colônia

Arco-da-velha

Cor-de-rosa

Mais-que-

perfeito

Pé-de-meia

Ao deus-dará

À queima-roupa

Eliminação do hífen nas formas conjugadas do verbo haver seguido da preposição

de (Antes, apenas em Portugal era obrigatório esse uso)

Page 108: Apostila CJF - 2013

108

Antes do acordo Depois do acordo

Hei-de

hei de

Há-de

há de

Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação

de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte.

Exemplos:

Na cidade, conta-

-se que ele foi exonerado

do cargo de coordenador.

O coordenador recebeu

os ex-

-alunos.

4.5 Na grafia das maiúsculas e minúsculas

No que se refere à grafia de maiúsculas e minúsculas, o que comumente observamos

é algo mais intuitivo que sistemático. Isso ocorre porque, de maneira geral, acredita-se que

a utilização de letras maiúsculas e minúsculas é de fácil apreensão, o que pode causar certa

confusão em textos oficiais que devem primar pela padronização. Assim, surgem várias

perguntas pertinentes, entre elas:

Como grafar as palavras ‘governo’, ‘estado’, ‘país’ e ‘município’, com letra maiúscula ou

minúscula? O que deve ser considerado para saber a correta utilização de maiúsculas e

minúsculas é o emprego dessas palavras.

No caso de elas serem empregadas como substantivos comuns, devem ser grafadas

com letras minúsculas.

No caso dos nomes próprios referentes a estados, cidades, municípios e tantos

outros que são designativos, estes continuam sendo grafados com letras iniciais

maiúsculas: Secretaria da Educação, Estado de São Paulo, Brasil, Serrana,

Prefeitura Municipal de Cássia dos Coqueiros, etc.

O Novo Acordo refere-se a denominações que são grafadas com letras maiúsculas:

Page 109: Apostila CJF - 2013

109

Nos antropónimos/antropônimos, reais ou fictícios: Marquês de Sabugosa; Luís da

Cunha, D. Quixote.

Nos topónimos/topônimos, reais ou fictícios: Lisboa, Luanda, Rio de Janeiro;

Atlântida, Hespéria.

Nos nomes de seres antropomorfizados ou mitológicos: Adamastor; Neptuno /

Netuno.

Nos nomes que designam instituições: Instituto de Pensões e Aposentadorias da

Previdência Social.

Nota-se, porém, que, quando esses nomes estiverem expressando conceitos gerais,

serão grafados com letras minúsculas: Os institutos de aposentadorias municipais e

estaduais (..), As prefeituras estão obrigadas a (..), Os governos deveriam estar mais

atentos a (..), Os municípios que apresentarem seus orçamentos até (..), etc.

Emprego Obrigatório das Iniciais Maiúsculas

Usam-se as maiúsculas nas seguintes situações:

1. A primeira palavra de um período ou citação:.

Ex.: “Bem festa faz que na sua casa está em paz.”

2. Substantivos próprios:

Rafael

Minerva

Deus

Juliana

Humberto

Carolina

Jesus Cristo

Cruzeiro do Sul

Via Láctea

Terra (planeta)

Janaína

Page 110: Apostila CJF - 2013

110

Observação: no caso de usar a palavra deus de forma genérica, essa regra não se

aplica, permanecendo o uso da inicial minúscula.

Ex.: O deus pagão, a deusa Juno.

3. Nomes de épocas históricas, datas e fatos importantes, festas religiosas:

Idade Média

Renascimento

Idade Moderna

Romantismo

Simbolismo

4. Nomes de altos cargos e dignidades:

5. Nomes de altos conceitos religiosos ou políticos:

Cristianismo

Islamismo

Protestantismo

Igreja

Estado

República

Observações:

A palavra país é um nome comum. Não é o fato de se referir a Brasil que deve levá-lo

a ser escrito com letra maiúscula. Ex.: Brasil o país do futuro.

Papa

Presidente da República

Page 111: Apostila CJF - 2013

111

Em ‘Estado de São Paulo’, a palavra ‘estado’ é maiúscula. A regra não menciona

município.

Casos Facultativos de uso das maiúsculas

6. Nomes de ruas, praças, edifícios, estabelecimentos e órgãos públicos.

Antes do acordo, era obrigatório o uso de maiúscula para nomes de logradouros

públicos, templos e edifícios. Agora, com o acordo, é facultativo.

Ex.: Rua do Ouvidor ou rua do Ouvidor

Edifício Copan ou edifício Copan

Igreja da Lapa ou igreja da Lapa

7. Antes do acordo, os nomes dos pontos cardeais eram escritos em maiúsculas; agora

não mais:

norte

sul

leste

oeste

8. Antes do acordo, as formas de tratamento e reverência eram escritos com letra

maiúscula; agora é facultativo. No entanto, para seu uso na Redação Oficial, convém

esperar a atualização do Manual de Redação da Presidência da República

pronunciando-se a respeito disso.

Santa Maria ou santa Maria

Doutor José Pinto ou doutor José Pinto

Senhor Reitor ou senhor reitor

Vossa Excelência ou vossa excelência

Page 112: Apostila CJF - 2013

112

9. Antes do acordo, nomes de disciplinas que designam domínios do saber eram

grafados com maiúsculas; agora é facultativo.

Português ou português

Linguística ou linguística

Semiótica ou semiótica

Literatura ou literatura

Pintura ou pintura

5. OUTRAS RESOLUÇÕES

5.1 Dupla grafia

É consagrada a dupla grafia para palavras escritas e pronunciadas de maneira

diferente em Portugal e no Brasil.

Exemplos:

Observação: Embora ambas as grafias passem a ser dicionarizadas, não se

justifica adotar registro diferente daquele que já se usa no Brasil e em Portugal. Isso

significa que, na prática, não haverá alteração na grafia dessas palavras. O importante é

reconhecer que as duas formas são corretas.

É aceita também a acentuação dupla, com acento circunflexo no Brasil e agudo em

Portugal, pois algumas palavras oxítonas, geralmente de origem francesa, terminadas em -

e tônico/tónico, podem ser escritas com acento circunflexo (ê) ou acento agudo (é), pois a

pronúncia delas

pode ser fechada (caso do Brasil) ou aberta (caso de Portugal).

Exemplos:

PORTUGAL BRASIL

Facto fato

afectar afetar

dicção dição

Page 113: Apostila CJF - 2013

113

5.2 Sujeito preposicionado... Agora não pode mesmo!

Antes do Novo Acordo, essa regra sempre causou polêmica, pois nem todos os

gramáticos subscreviam tal proibição. Evanildo Bechara, por exemplo, argumenta, em sua

Moderna Gramática Portuguesa (2000, p. 536-537), que ambas as construções são

corretas e cita o uso da contração em vários escritores clássicos da Língua. No entanto, há

uma cláusula do Acordo Ortográfico que adota aquela proibição. Assim, cometeremos, a

partir da vigência do Acordo, erro ortográfico se fizermos a contração. Assim:

ANTES DO ACORDO: eram válidas as duas formas

Exemplo 1:

Não é fácil de explicar o fato de os professores ganharem tão pouco.

Não é fácil de explicar o fato dos professores ganharem tão pouco.

Exemplo 2:

É tempo de ele sair.

É tempo dele sair.

DEPOIS DO ACORDO: deixa de valer a forma contraída.

Exemplo 1:

Não é fácil de explicar o fato de os (e não dos) professores ganharem tão pouco.

Exemplo 2:

É tempo de ele (e não dele) sair.

6. Esclarecendo alguns pontos sobre o Novo Acordo Ortográfico

PORTUGAL BRASIL

académico acadêmico

cénico cênico

colónia colônia

oxigénio oxigênio

génio gênio

Page 114: Apostila CJF - 2013

114

O Novo Acordo, cujo nome oficial é Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990),

contém vinte e uma bases, numeradas com algarismos romanos, cada uma delas tratando

de um item específico:

BASE I Do alfabeto e dos nomes próprios estrangeiros e seus derivados

BASE II Do H inicial e final

BASE III Da homofonia de certos grafemas consonânticos

BASE IV Das sequências consonânticas

BASE V Das vogais átonas

BASE VI Das vogais nasais

BASE VII Dos ditongos

BASE VIII Da acentuação gráfica das palavras oxítonas

BASE IX Da acentuação gráfica das palavras paroxítonas

BASE X Da acentuação gráfica das vogais tônicas/tônicas grafadas i e u das

palavras oxítonas e paroxítonas

BASE XI Da acentuação gráfica das palavras proparoxítonas

BASE XII Do emprego do acento grave

BASE XIII Da supressão de acentos em palavras derivadas

BASE XIV Do trema

BASE XV Do hífen em compostos, locuções e encadeamentos vocabulares

BASE XVI Do hífen nas formações por prefixação, recomposição e sufixação

BASE XVII Do hífen na ênclise, na tmese (mesóclise) e com o verbo haver

BASE XVIII Do apóstrofo

BASE XIX Das minúsculas e maiúsculas

BASE XX Da divisão silábica

BASE XXI Das assinaturas e firmas

Com o Novo Acordo, passa a existir uma única forma para a grafia das palavras da

Língua Portuguesa. Isso não significa que todas as bases do Acordo imponham mudanças

no registro das palavras no Brasil, em Portugal e nos demais países da Língua Portuguesa.

Algumas bases ratificam modificações já efetuadas no Brasil em 1971, como a suspensão do

acento grave nas sílabas subtônicas de palavras derivadas. Ex.: (Café – Cafezinho)

Page 115: Apostila CJF - 2013

115

Em outros casos, como o da eliminação do trema,

atinge-se apenas o Registro Ortográfico no Brasil, pois este sinal já não era usado em

Portugal desde 1945. Vejamos o quadro abaixo:

Principais modificações Brasil Portugal

Alfabeto X X

H inicial X

Eliminação do c e do p, quando não

pronunciados na palavra

X

Ausência de acento no ditongo EI em

palavras paroxítonas

X

Ausência de acento no ditongo OI em

palavras paroxítonas

X X

Ausência de acento no hiato OO nas

palavras paroxítonas

X

Ausência de acento agudo de palavras

oxítonas com vogais tônicas escritas com i

e u, se precedidas de ditongo

X

Redução e simplificação do uso do hífen X X

Ausência de hífen nas ligações das formas

verbais monossilábicas do verbo haver

mais preposição de

X

Trema X

Minúsculas em iniciais de nomes de meses X

Page 116: Apostila CJF - 2013

116

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

1. Explique, com suas palavras, a regra aplicada nas frases abaixo. Depois, cite alguns

exemplos.

a) O ministro apoia a decisão do conselho.

b) O coordenador apresentou a todos muitas ideias para o projeto.

2. Verdadeiro ou falso?

a) Todas as palavras da Língua Portuguesa perdem o trema, inclusive os substantivos

próprios, como o nome “Müller”. ( )

b) A partir de agora, palavras como heróis e papéis perdem o acento. ( )

c) Com as novas regras, elimina-se o acento em todas as palavras que tiverem os

ditongos abertos éi e ói, sejam elas paroxítonas ou não. ( )

d) Com a extinção do trema, a pronúncia será modificada, assim como a forma de

escrever. ( )

3. Corrija pela nova ortografia:

4. Complete os espaços dos textos seguintes com uma das opções entre com o que está em

acordo com a nova ortografia.

Curriculum vitae Curriculum vitae (CV) é o documento que identifica uma pessoa por meio de

relações de dados sobre a sua vida particular e profissional, sua vida

escolar e atividades que desenvolveu e desenvolve. É necessário por

somente informações pertinentes nele.

A empresa contratante pára para analisar cuidadosamente o curriculum

vitae, pois ele é utilizado para acompanhar uma solicitação de emprego,

uma argüição, um pedido de vaga em cursos e para apresentar uma

pessoa, fornecendo seu histórico escolar e/ou sua experiência de trabalho.

É no curriculum vitae que se mantem dados atualizados e reais sobre as

competências e habilidades de alguém. Assim, é importante mencionar que

ao incluir algum tipo de conhecimento específico no CV, como ser bilíngüe,

o domínio deve ser comprovado.

Page 117: Apostila CJF - 2013

117

a) Por meio de um memorando, os funcionários do setor de transportes do Ministério

da Linguagem ficaram a par da oportunidade de retirar habilitações em diferentes

categorias de veículos, para tanto serão selecionados 5 motoristas que serão

encaminhados a uma __________________ (auto-escola/autoescola) a ser

contratada por processo de licitação.

b) Houve especial preocupação com o tipo de vidro das janelas do prédio do

Ministério, pois todos eles são revestidos por uma película

_________________(anti-reflexo / antirreflexo) que evita que a luz externa

dificulte as atividades a serem realizadas na instituição.

c) Antônio Houaiss, estudioso de nossa língua, tornou-se __________________

(porta-voz/ portavoz) da delegação brasileira no Encontro para a Unificação

Ortográfica da Língua Portuguesa, realizado no Rio de Janeiro em 1986.

d) José Carlos de Azeredo é, ________________________(ex-professor/

exprofessor) da Universidade Federal do Rio de Janeiro foi

___________________ (co-autor/coautor) da obra recentemente lançada com

o objetivo de esclarecer dúvidas sobre a nova ortografia.

e) O coordenador enviou um e-mail para o ___________________ (co-diretor /

codiretor) de uma ONG que se dedica à socialização de meninos em situação de

risco, convidando-os a participar de um evento que tomará lugar no Ministério da

Linguagem neste ________________ (fim de semana/fim-de-semana).

f) Essa é uma informação ____________________(semioficial / semi-oficial) que

pode trazer mudanças significativas para o funcionamento interno dos serviços dos

____________________ (sub-bibliotecários/ subibliotecários) do Ministério.

g) A reação do ________________________ (coordenador-geral/ coordenador

geral) comprovou uma postura ______________________(anti-

social/antissocial) indesejada pelos servidores do Ministério da Linguagem.

Page 118: Apostila CJF - 2013

118

h) Os servidores _______________________(recém empossados/ recém-

empossados) participaram da palestra de instrução sobre os novos

__________________________ (micro-sistemas/microssistemas) de

informática adquiridos pelo Ministério.

i) Todos os cento e cinquenta novos

____________________________________ (micro-

computadores/microcomputadores) foram instalados ontem pela manhã nas salas

do Ministério da Linguagem, as máquinas são

________________________(ultra-modernas/ultramodernas) e requerem

habilidades específicas dos servidores, mas cursos já estão previstos para a próxima

semana.

j) A revisão dos __________________________(anteprojetos/ante-projetos) foi

requisitada ontem pelo ___________________________(sub-

secretário/subsecretário) e encaminhada ao setor responsável do Ministério da

Linguagem.

5. A respeito da grafia de pares de itens lexicais como econômico/económico,

fêmur/fémur, bebê/bebé, é incorreto afirmar, segundo o novo Acordo Ortográfico da

Língua Portuguesa, que:

a) Mantém a duplicidade de acentuação

b) Reflete o timbre fechado (mais frequente no Brasil) e o timbre aberto (mais

frequente em Portugal e nos demais países lusófonos) das pronúncias cultas das

vogais nestes contextos.

c) Passa a ser aceita em todo território da lusofonia.

d) Deve constar nos dicionários

e) É considerada errônea, caso registrada no Brasil.

6. Ao comparar o disposto no Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa com o eu

está definido no atual Formulário Ortográfico brasileiro, houve uma simplificação no

uso obrigatório das letras maiúsculas. De acordo com o novo Acordo Ortográfico da

Língua Portuguesa, o uso das maiúsculas não é obrigatório em:

a) João, Maria, Carla e Pedro.

Page 119: Apostila CJF - 2013

119

b) Ministério da Educação e Instituto Nacional da Seguridade Social.

c) Natal, Páscoa e Ramadão.

d) Folha de São Paulo e Gazeta do Povo.

e) Matemática, Edifício e Rua.

7. A reforma ortográfica de 1971 aboliu os acentos circunflexos diferenciais. Manteve

apenas para a forma verbal pôde. O texto do Novo Acordo Ortográfico da Língua

Portuguesa

a) Mantém essa exceção e acrescenta, facultativamente, o uso do acento na palavra

fôrma.

b) Mantém essa exceção e acrescenta, obrigatoriamente, o uso do acento na palavra

fôrma.

c) Mantém essa exceção, facultativamente, e obriga ao uso do acento na palavra

fôrma.

d) Retira essa exceção, mas mantém o uso do acento na palavra fôrma.

e) Retira essa exceção , bem como retira o acento na palavra forma.

8. De acordo com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, as letras k, w, y.

a) Integram o alfabeto brasileiro, que passa, então, a ter 27 letras.

b) Seguem a convenção internacional: o k vem imediatamente depois do j, o w

imediatamente depois do u e o y imediatamente depois do x.

c) Passam a ter uso difundido na língua portuguesa.

d) Continuam de uso restrito.

9. Entre as novas decisões propostas pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa,

excetua-se a

a) Abolição do hífen.

b) Abolição do trema.

c) Abolição, nas formas verbais rizotônicas, do acento agudo do u tônico precedido

de g ou q e seguido de e ou i.

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d) Abolição do acento agudo ou circunflexo usado para distinguir palavras

paroxítonas que, tendo respectivamente vogal tônica aberta ou fechada, são

homógrafas de palavras átonas.

e) Abolição do acento nos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas.

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REFERÊNCIAS

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