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APOSTILA PARA CONCURSOS PÚBLICOS DIREITO ELEITORAL Encontre o material de estudo para seu concurso preferido em www.acheiconcursos.com.br Conteúdo: 1. Fontes do Direito Eleitoral; 2. Organização e competência da Justiça Eleitoral; 3. Partidos políticos; 4. Inelegibilidades; 5. A Lei da Ficha Limpa; 6. Propaganda eleitoral; 7. Abuso de poder e captação ilícita de sufrágio; 8. Ações eleitorais; 9. Recursos eleitorais; 10. Prestação de contas; 11. Garantias e crimes eleitorais. ATENÇÃO: Esta apostila é uma versão de demonstração, contendo 41 páginas. A apostila completa contém 157 páginas e está disponível para download aos usuários assinantes do ACHEI CONCURSOS. Acesse os detalhes em http://www.acheiconcursos.com.br

Apostila de Direito Eleitoral para Concursos

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Apostila de Direito Eleitoral para Concursos, contendo:1. Fontes do Direito Eleitoral;2. Organização e competência da Justiça Eleitoral;3. Partidos políticos;4. Inelegibilidades;5. A Lei da Ficha Limpa;6. Propaganda eleitoral;7. Abuso de poder e captação ilícita de sufrágio;8. Ações eleitorais;9. Recursos eleitorais;10. Prestação de contas;11. Garantias e crimes eleitorais.> 157 páginas

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APOSTILA PARA CONCURSOS PÚBLICOS

DIREITO ELEITORAL

Encontre o material de estudo para seu concurso preferido em

www.acheiconcursos.com.br Conteúdo:

1. Fontes do Direito Eleitoral;

2. Organização e competência da Justiça Eleitoral;

3. Partidos políticos;

4. Inelegibilidades;

5. A Lei da Ficha Limpa;

6. Propaganda eleitoral;

7. Abuso de poder e captação ilícita de sufrágio;

8. Ações eleitorais;

9. Recursos eleitorais;

10. Prestação de contas;

11. Garantias e crimes eleitorais.

ATENÇÃO: Esta apostila é uma versão de demonstração, contendo 41 páginas.

A apostila completa contém 157 páginas e está disponível para download aos usuários assinantes do ACHEI CONCURSOS.

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Fontes do Direito Eleitoral

Rogério Carlos Born

Para o entendimento do Direito Eleitoral, é necessário, primeiramente, re-conhecer a ordem hierárquica de interpretação das leis no Direito brasileiro, confrontando a supremacia da Constituição Federal (CF) ‘com a força das leis e atos normativos.

Isso quer dizer que uma norma de hierarquia inferior não pode revogar uma norma de hierarquia superior, devendo seguir a ordem do processo le-gislativo definido pelo artigo 59 da CF.

Sempre que há um conflito de normas, o intérprete deve aplicar as normas que se encontram no ápice do ordenamento jurídico, que são a Constituição Federal e as Emendas Constitucionais.

Nessa ordem, num degrau imediatamente inferior, seguem as leis com-plementares e as leis ordinárias dotadas com força de lei complementar (ad-quirem força a partir das Constituições de 1967 e 1988). As matérias reserva-das à lei complementar são estabelecidas expressamente pela CF.

Abaixo desse grupo, aparece o degrau das leis ordinárias em sentido amplo; que é composto, na mesma hierarquia interna, por leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos, decretos-leis (Constituição de 1967), tratados internacionais e resoluções do Congresso Nacional.

Por fim, na base, encontram-se os atos editados pelo Poder Executivo (Decreto), Judiciário (Resoluções) ou pelo Poder Legislativo no exercício da função administrativa, para o fiel cumprimento da lei.

Constituição Federal e emendas constitucionais

O artigo 22, I da CF prevê que compete privativamente à União legislar sobre Direito Eleitoral.

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Porém, de acordo com o parágrafo único do artigo 22, os estados e o Dis-trito Federal podem criar normas eleitorais, desde que autorizados por lei complementar da União, o que é impossível aos municípios.

A Assembleia Legislativa de Pernambuco editou uma lei complementar que estabelece normas para as eleições dos conselheiros do Distrito Estadual de Fernando de Noronha (Lei Orgânica). Essa norma, em tese, seria inconsti-tucional por ausência de lei complementar federal que a autorize, mas acon-selhamos àqueles que prestarão concurso para a Justiça Eleitoral de Pernam-buco, caso seja objeto de questão, presumir que a Lei Orgânica do Distrito de Fernando de Noronha seja constitucional, uma vez que não foi submetida ao controle de constitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal.

Os direitos políticos ativos encontram-se enumerados pelo artigo 14, §1.º, da CF, que dispõe acerca da obrigatoriedade, da facultatividade e dos requi-sitos necessários para o alistamento e o voto.

Os direitos políticos passivos estão dispostos no artigo 14, §3.º, da CF, quando enumera as condições de elegibilidade, que são: nacionalidade bra-sileira, pleno exercício dos direitos políticos, alistamento eleitoral, domicílio eleitoral na circunscrição, filiação partidária e idade mínima.

As restrições ao exercício dos direitos políticos passivos estão dispostas ao longo do texto constitucional através das inelegibilidades, como a veda-ção a reeleição para o terceiro mandato.

O artigo 14, §9.º, da Constituição prevê que

Art. 14. [...]

§9.º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e prazos para a sua cessação [...]. (grifo nosso)

Tanto os direitos políticos ativos podem sofrer restrições através da perda, nos casos de cancelamento da naturalização por sentença transitada em jul-gado ou recusa de cumprimento de obrigação a todos imposta ou prestação alternativa em decorrência da liberdade religiosa, filosófica ou política, ou da suspensão, quando ocorre a incapacidade civil absoluta à condenação crimi-nal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos, e a improbidade administrativa.

Os direitos políticos são direitos fundamentais de primeira geração, pro-tegidos por cláusula pétrea, ou seja, o Congresso Nacional não pode supri-mi-los ou reduzi-los através de Emendas Constitucionais.

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Também é previsto pelo artigo 28 da CF que a data das eleições será, em primeiro turno, no primeiro domingo de outubro e, em segundo turno, no último domingo de outubro.

No entanto, as eleições poderão ser realizadas em data diferente quando houver vacância nos dois primeiros anos do mandato de presidente e vice-pre-sidente da República, governador e vice-governador, prefeito e vice-prefeito.

Vale o mesmo para as eleições suplementares que são determinadas pelos tribunais e juízos eleitorais em razão da cassação de candidato.

A Carta Magna, no artigo 17, contém disposições gerais quanto à criação, fusão, incorporação, extinção e funcionamento dos partidos políticos. Esse assunto integra o Direito Partidário, que é um ramo autônomo e apartado do Direito Eleitoral.

Por fim, os artigos 118 a 121 da CF estabelecem a organização e algumas competências da Justiça Eleitoral.

Princípio da anterioridade eleitoralA Constituição prevê, no artigo 16, que a lei que alterar o processo eleito-

ral entrará em vigor na data da publicação, “não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência”.

As eleições ocorrem, em primeiro turno, no primeiro domingo de outu-bro e, em segundo turno, no último domingo de outubro, dos anos pares. Assim, uma nova lei eleitoral que vigorasse, por exemplo, nas eleições de 7 de outubro de 2012 deveria ser editada até 7 de outubro de 2011.

Nesse sentido, o Plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu que a Lei Complementar 135/2010 (Lei da “Ficha Limpa”), não teve eficácia para as eleições de 2010, respeitando o artigo 16 da Constituição Federal, disposi-tivo que prevê o princípio da anterioridade da lei eleitoral (STF-MG 633.703, Rel. Min. Gilmar Mendes).

Outro caso interessante é a norma que alterou o número de vereadores dos municípios brasileiros. A Emenda Constitucional 58/2009 dispôs no artigo 3.º que entraria em vigor na data de sua promulgação, retroagindo a partir do processo eleitoral de 2008 para regularizar a situação dos municípios que aumentaram o número de vereadores. O Supremo Tribunal Federal também

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(...) ESTE É UM MODELO DE DEMONSTRAÇÃO DA APOSTILA E CONTÉM APENAS UM TRECHO DO CONTEÚDO ORIGINAL. O DESENVOLVIMENTO DA MATÉRIA CONTINUA POR MAIS PÁGINAS NA APOSTILA COMPLETA, QUE VOCÊ PODERÁ OBTER EM http://www.acheiconcursos.com.br .

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Organização e competência da Justiça Eleitoral

Rogério Carlos Born

STF

STJ

TRF

Conselhos Permanentes

Varas Federais

TJM(SP, MG, RS)

TJConselhos

PermanentesConselhos EspeciaisTRT

Juízes Auxiliares

Varas do Trabalho

TRE

Juízeseleitorais

Juntaseleitorias

Turmas Recursais Federais

Juizados Especiais

Civis

Juizados Especiais Criminais

Turmas Recursais Estaduais

Juizados Especiais

Civis

Juizados Especiais Criminais

Juízes Auxiliares

Conselhos Especiais

Juízes de Direito/ Trib. Júri

TST

Justiça Comum Crime Político

Delegação

Delegação

Justiça Especial

TSE STM

Conselho NacionalJustiça

A Justiça Eleitoral brasileira é formada, de acordo com o artigo 118 da Constituição Federal, pelo Tribunal Superior Eleitoral, pelos tribunais regio-nais eleitorais, pelos juízes de direito eleitoral e pelas juntas eleitorais.

A Justiça Eleitoral é formada por ministros e juízes não vitalícios, embora inamovíveis e não possui quadro próprio de magistrados, em razão da sazo-nalidade de suas atividades.

Tribunal Superior EleitoralO Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é formado por três ministros do Supre-

mo Tribunal Federal e dois ministros do Superior Tribunal de Justiça.

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O quinto constitucional é formado por dois advogados escolhidos dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral indicados pelo Supremo Tribunal Federal.

Note-se que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) não participa do pro-cesso de escolha dos membros do quinto, além de que os tribunais eleitorais não contam com membros do Ministério Público na sua composição. Cumpre- -nos frisar que esses advogados são nomeados pelo Presidente da República.

Segundo o Conselho Nacional de Justiça, esses advogados têm permis-são para continuar atuando na advocacia privada, desde que não atuem na Justiça Eleitoral.

O presidente e o vice-presidente serão necessariamente eleitos dentre os ministros do Supremo Tribunal Federal, e o corregedor eleitoral, dentre os ministros do Superior Tribunal de Justiça.

As principais competências do Tribunal Superior são: processar e julgar ori-ginariamente o registro e a cassação dos partidos políticos, dos seus diretórios nacionais e de candidatos à presidência e vice-presidência da República e depu-tados do Mercosul; os conflitos de competência entre tribunais regionais e juízes eleitorais de estados diferentes; as reclamações relativas a obrigações impostas por lei aos partidos políticos, quanto à sua contabilidade e à apura-ção da origem dos seus recursos; as impugnações à apuração do resultado geral, proclamação dos eleitos e expedição de diploma na eleição de presidente e vice- -presidente da República; a ação rescisória, nos casos de inelegibilidade, desde que intentada dentro de cento e vinte dias de decisão irrecorrível; julgar os recursos interpostos das decisões dos tribunais regionais, inclusive os que ver-sarem matéria administrativa; julgar as reclamações ou representações feitas por qualquer partido político, coligação ou candidato relativas às eleições pre-sidenciais e para o Parlamento do Mercosul e fazer a apuração geral das elei-ções para presidente e vice-presidente da República pelos resultados verifica-dos pelos Tribunais regionais em cada Estado1.

Em resolução, o Tribunal Superior Eleitoral avocou a competência para processar e julgar pedido de perda de mandato por infidelidade partidária, relativo a mandato federal, e transferiu aos tribunais regionais a matéria rela-tiva aos mandatos estaduais, distritais e municipais2.

Ressaltamos que a Justiça Eleitoral é o único órgão do Poder Judiciário autorizado a responder às consultas que lhe forem feitas em tese. No caso do

1 Código Eleitoral, art. 205.

2 Art. 2.º, Resolução-TSE 22.610, de 25 de outubro de 2007.

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Tribunal Superior Eleitoral, tem legitimidade para formular consulta somen-te à autoridade com jurisdição federal ou órgão nacional de partido político. Normalmente o TSE converte as decisões em resoluções de aplicação geral.

Tribunais regionais eleitoraisOs tribunais regionais eleitorais, de acordo com o artigo 120 da CF, são

compostos por sete juízes, sendo dois desembargadores do Tribunal de Jus-tiça, dois juízes de Direito escolhidos pelo Tribunal de Justiça e um juiz do Tribunal Regional Federal, onde tiver, ou um juiz federal da Seção Judiciária local, indicado pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da circunscrição, onde não tiver este tribunal.

Nesse último ponto, contam com juízes do Tribunal Regional Federal o Distrito Federal, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco. Nos demais estados, os juízes federais que compõem a corte eleitoral são apenas indicados pelos tribunais regionais federais.

Além dos juízes originários da Justiça Comum, os tribunais regionais também contam com dois dentre uma lista de seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral. Tais advogados são indicados pelo Tri-bunal de Justiça, ou seja, a OAB também não participa do processo e, após a escolha, são nomeados pelo presidente da república, sem qualquer parti-cipação do governador do Estado ou do Distrito Federal. A Resolução TSE 20.958/2001, conflitando com a CF, traz a exigência de dez anos de prática profissional, dispensado aos que já foram juízes do TRE.

O presidente e o vice-presidente dos tribunais regionais serão eleitos dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça, e o vice-presidente, em regra, atuará como corregedor.

É comum as pessoas imaginarem, por exemplo, que o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná seria um órgão pertencente ao Poder Judiciário estadual, em razão das palavras regional e do Paraná, o que inspira as comissões a cobrar essa questão em concursos.

Os tribunais regionais eleitorais integram o Poder Judiciário da União, ou seja, são órgãos federais previstos pela CF. Ademais, a palavra regional pressupõe uma divisão de um todo (União), concluindo que se a corte exemplificada fosse estadual seria denominada simplesmente de Tribunal Eleitoral do Paraná.

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(...) ESTE É UM MODELO DE DEMONSTRAÇÃO DA APOSTILA E CONTÉM APENAS UM TRECHO DO CONTEÚDO ORIGINAL. O DESENVOLVIMENTO DA MATÉRIA CONTINUA POR MAIS PÁGINAS NA APOSTILA COMPLETA, QUE VOCÊ PODERÁ OBTER EM http://www.acheiconcursos.com.br .

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Partidos políticos

Carla Cristine Karpstein

Partido político é uma organização de direito privado que, no sentido mo-derno da palavra, pode ser definida como uma união voluntária de cidadãos com afinidades ideológicas e políticas, organizada e com disciplina, visando à disputa do poder político.

A lei que rege os partidos políticos é a Lei 9.096/95; porém, também na Lei 9.504/97 – denominada Lei das Eleições – existem regras acerca do fun-cionamento dos partidos. Nos artigos 1.º a 7.º da Lei 9.096/95 temos toda a estruturação dos partidos políticos, iniciando-se por sua função, qual seja, assegurar a autenticidade do sistema representativo e defender os direitos fundamentais garantidos na Constituição Federal.

É livre sua criação e fusão desde que respeitados a soberania, o regime democrático e a Constituição Federal. São autônomos e independentes; pos-suem caráter nacional e civil, vedando-se a utilização de instrução militar ou assemelhado.

Os partidos políticos têm caráter nacional, ou seja, para seu registro devem, obrigatoriamente, possuir 0,5% dos votos da Câmara dos Deputados em pelo menos 1/3 dos estados da Federação.

A Constituição Federal de 1988 definiu, em seu artigo 17, o Princípio da Autonomia Partidária, nos seguintes termos: “É assegurada aos partidos po-líticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funciona-mento, devendo seus estatutos estabelecer normas de fidelidade e discipli-nas partidárias” (Art. 17, §1.º, CF).

Com propriedade, o constitucionalista José Afonso da Silva (2010) expla-na o princípio retroenfocado:

Destaque-se aí o Princípio da Autonomia Partidária, que é uma conquista sem precedente, de tal sorte que a lei tem muito pouco a fazer em matéria de estrutura interna, organização e funcionamento dos partidos, estes podem estabelecer os órgãos internos que lhes aprouverem. Podem estabelecer as regras que quiserem sobre seu funcionamento. Podem escolher o sistema que melhor lhes parecer para designação de seus candidatos: convenção mediante delegados eleitos apenas para o ato, ou com mandatos, escolha

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de candidatos mediante votação da militância. Podem estabelecer os requisitos que entenderem sobre filiação e militância. Podem disciplinar do melhor modo, a seu juízo, seus órgãos dirigentes. Podem determinar o tempo que julgarem mais apropriado para duração do mandato de seus dirigentes.

Em relação à organização e funcionamento dos partidos políticos, estes são livres para fixar, em seu programa, seus objetivos políticos e para estabele-cer, em seu estatuto, a sua estrutura interna, organização e funcionamento.

O estatuto deve conter, entre outras determinações legais, o modo como se organiza e administra; a fidelidade e disciplina partidárias; forma de esco-lha de seus candidatos a cargos e funções eletivas; finanças e contabilidade, e critérios de distribuição dos recursos do fundo partidário entre seus órgãos.

As convenções partidárias são reuniões feitas pelos partidos políticos para discutir ou decidir sobre assuntos tais como: a escolha de candidatos a cargos eletivos, a formação de coligações e a preparação de campanhas elei-torais. Os partidos políticos podem realizar, antes das convenções, as cha-madas prévias eleitorais com o objetivo de conhecer a opinião dos filiados sobre a escolha de candidatos, fazendo um tipo de seleção prévia, que deve ser confirmada pela convenção.

As normas para convenções são estabelecidas no estatuto do partido, sempre seguindo as orientações do Diretório Nacional, que pode optar por determinar, a cada eleição, as regras acerca de coligações, que devem ser seguidas pelos diretórios estaduais e municipais, sob pena de nulidade de seus atos.

Coligação é a reunião de partidos políticos para disputar uma eleição em conjunto, seja para concorrer à eleição de prefeito, vereador ou ambas. A coligação participa do processo eleitoral como se fosse um único partido político, inclusive em direitos e obrigações. Ela atua desde as convenções até a realização das eleições.

A decisão sobre a coligação e a escolha de candidatos para as eleições para prefeito, vice-prefeito e vereadores cabe às convenções municipais dos partidos políticos. Não se admite candidatura independente ou avulsa: so-mente podem concorrer às eleições candidatos registrados por partido polí-tico ou coligação partidária.

As convenções têm por objetivo a escolha dos candidatos que irão dispu-tar a eleição, bem como o estabelecimento ou não de coligações. O período

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para realização das convenções partidárias é de 10 a 30 de junho do ano da eleição e podem ser realizadas em prédios públicos, cedidos formalmente para tal fim.

Aqueles que já forem detentores de mandato – deputados e vereadores – têm garantido o registro de candidatura para reeleição, sendo a convenção apenas ato formal de indicação nesses casos. Em todas as outras candidaturas, aquele que pretende concorrer deve cumprir os requisitos legais (elegibilida-de), bem como os partidários (filiação no prazo estabelecido pelo estatuto).

O partido que concorrer sozinho nas eleições proporcionais pode indi-car em convenção até 150% do número de cadeiras a preencher (Câmara Federal, Assembleia Legislativa e Câmara Municipal); no caso de coligação, independentemente do número de partidos que façam parte, até o dobro do número de vagas existentes.

Nos estados onde as vagas para a Câmara dos Deputados for inferior a 20, cada partido poderá registrar até o dobro de candidatos; se coligados, o dobro + 50%.

Os partidos têm até o dia 5 de julho para registrar seus candidatos; só é admitido que o candidato faça registro sozinho (desde que seu nome esteja aprovado na convenção) se, por qualquer razão, o partido deixar de fazê-lo.

O pedido de registro tem sua regulamentação no artigo 11 da Lei 9.504/97 e deve ser instruído:

Art. 11. Os partidos e coligações solicitarão à Justiça Eleitoral o registro de seus candidatos até as dezenove horas do dia 5 de julho do ano em que se realizarem as eleições.

§1.º O pedido de registro deve ser instruído com os seguintes documentos:

I - cópia da ata a que se refere o artigo 8.º;

II - autorização do candidato, por escrito;

III - prova de filiação partidária;

IV - declaração de bens, assinada pelo candidato;

V - cópia do título eleitoral ou certidão, fornecida pelo cartório eleitoral, de que o candidato é eleitor na circunscrição ou requereu sua inscrição ou transferência de domicílio no prazo previsto no artigo 9.º;

VI - certidão de quitação eleitoral;

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VII - certidões criminais fornecidas pelos órgãos de distribuição da Justiça Eleitoral, Federal e Estadual;

VIII - fotografia do candidato, nas dimensões estabelecidas em instrução da Justiça Eleitoral, para efeito do disposto no §1.º do artigo 59;

IX - propostas defendidas pelo candidato a prefeito, a governador de Estado e a presidente da República.

§2.º A idade mínima constitucionalmente estabelecida como condição de elegibilidade é verificada tendo por referência a data da posse.

§3.º Caso entenda necessário, o Juiz abrirá prazo de setenta e duas horas para diligências.

§4.º Na hipótese de o partido ou coligação não requerer o registro de seus candidatos, estes poderão fazê-lo perante a Justiça Eleitoral, observado o prazo máximo de quarenta e oito horas seguintes à publicação da lista dos candidatos pela Justiça Eleitoral.

§5.º Até a data a que se refere este artigo, os Tribunais e Conselhos de Contas deverão tornar disponíveis à Justiça Eleitoral relação dos que tiveram suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável e por decisão irrecorrível do órgão competente, ressalvados os casos em que a questão estiver sendo submetida à apreciação do Poder Judiciário, ou que haja sentença judicial favorável ao interessado.

A idade mínima necessária para ser candidato é verificada no momento da posse e não do registro de candidatura. Assim, o candidato pode se regis-trar com idade inferior, desde que faça aniversário até a data da posse.

O partido pode substituir o candidato que por qualquer razão não possa concorrer (inelegibilidade, falecimento ou renúncia) no prazo de 10 dias a contar do fato impeditivo.

Em relação à fidelidade partidária, este conceito relaciona-se diretamente com a democracia. Partindo-se do pressuposto que os partidos são elemen-to de fulcral importância em um regime democrático – tanto para sua conso-lidação como para sua extensão – o estudo da fidelidade partidária assume importância relevante.

Os filiados devem seguir as regras determinadas pelo programa e esta-tuto do partido, ressalvando-se o contraditório e a ampla defesa no caso de procedimentos internos de expulsão por violação das diretrizes partidárias. Também os detentores de mandato devem acatar as deliberações das lide-ranças respectivas das Casas Legislativas em nome da fidelidade partidária.

Violados quaisquer dos deveres partidários, pode o partido punir seu fi-liado, desde que dentro das regras estabelecidas no estatuto, bem como as-segurado o contraditório e a ampla defesa.

O Tribunal Superior Eleitoral, em resposta à consulta formulada por par-tido no ano de 2007, decidiu por maioria que o mandato eletivo pertence

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Inelegibilidades

Carla Cristine Karpstein

A Constituição Federal de 1988, em seu §3.º, artigo 14, delimita as condi-ções de elegibilidade necessárias para que o cidadão possa ser candidato. São elas a nacionalidade brasileira, o pleno exercício dos direitos políticos, o alistamento eleitoral, o domicílio eleitoral na circunscrição, a filiação partidá-ria e a idade mínima exigida.

Essas condições, que reúnem a capacidade do cidadão em ser votado, devem estar comprovadas no momento do registro de candidatura, excetu-ando-se a idade mínima, que precisa estar completa até a data da posse.

A primeira das condições de elegibilidade enumerada pela CF (art. 14, §3.º, I) é a nacionalidade brasileira. Essa nacionalidade pode ser nata ou adquirida (também chamada de naturalizada – CF, art. 12, II, “a” e “b”). Aos brasileiros natos a elegibilidade é plena para todos os cargos, de modo que o impedi-mento para os naturalizados surge apenas quando se tratar de eleições para o cargo de presidente e vice-presidente da República (CF, art. 12, §3.º, I).

O pleno exercício dos direitos políticos é a segunda condição de elegibilida-de. O artigo 15 da Constituição Federal prevê os casos de perda ou suspen-são dos direitos políticos:

Art. 15. [...]

I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;

II - incapacidade civil absoluta;

III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;

IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5.º, VIII; e

V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, §4.º.

A terceira condição é a prova do alistamento eleitoral. Na definição de Joel J. Cândido (2010, p. 77), trata-se de “mais que mero ato de integração do indivíduo ao universo de eleitores, é a viabilização do exercício efetivo da soberania popular, através do voto e, portanto, a consagração da cidadania”.

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É obrigatório, assim como o voto, para os brasileiros maiores de 18 anos, e facultativo para os analfabetos, os maiores de 70 anos e os maiores de 16 e menores de 18 anos (CF, art. 14, §1.º, I e II).

Domicílio eleitoral na circunscrição é a quarta condição de elegibilidade; circunscrição é a área de abrangência de determinada zona eleitoral; dispõe, ainda, o artigo 9.º da Lei 9.504/97 que:

Art. 9.o Para concorrer às eleições, o candidato deverá possuir domicílio eleitoral na respectiva circunscrição pelo prazo de, pelo menos, um ano antes do pleito e estar com a filiação deferida pelo mesmo prazo.

Já a filiação partidária apresenta-se como a quinta condição de elegibi-lidade posta pela Constituição, com prazo mínimo de um ano. Os estatutos partidários podem delimitar outro prazo, porém nunca inferior a um ano.

A idade mínima exigida para os cargos públicos está delimitada na Cons-tituição: presidente e vice-presidente da República e senador, 35 anos de idade; governador e vice-governador, 30 anos; deputado federal, deputado estadual, prefeito e vice-prefeito, 21 anos; e, finalmente, 18 anos para verea-dor, sendo que tal idade deve estar completa no momento da posse, e não do registro de candidatura.

Já a inelegebilidade é a ausência de capacidade eleitoral passiva, ou seja, da condição de ser candidato e, consequentemente, poder ser votado. Visa proteger a probidade administrativa, a moralidade para o exercício do mandato e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta.

Segundo a Constituição Federal, são inelegíveis os inalistáveis e os analfa-betos; no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consan-guíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do presidente da Repú-blica, de governador de estado ou território, do Distrito Federal, de prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

A doutrina de Edson de Resende Castro (2010) bem esclarece o parentes-co até o segundo grau:

[...] são inelegíveis o cônjuge e parentes até o segundo grau, o que alcança pai, mãe, avós, filhos, netos e irmãos (parentes consanguíneos), como também sogro, sogra, sogro-avô, sogra-avó, genro, nora, genro-neto, nora-neta e cunhados (parentes afins). Esse parentesco pode ser determinado também pela adoção, até porque não se distinguem os filhos adotados dos filhos biológicos.

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Observação importante é que os afins dos cônjuges não são afins entre si: “Como os afins dos cônjuges não são afins entre si, pode o concunhado do prefeito concorrer ao Executivo Municipal na mesma circunscrição”.

Já em relação às inelegibilidades infraconstitucionais previstas na Lei 64/90 temos rol bastante extenso. Vejamos:

Art. 1.º São inelegíveis:

I - para qualquer cargo:

a) os inalistáveis e os analfabetos;

b) os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Municipais, que hajam perdido os respectivos mandatos por infringência do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Constituição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre perda de mandato das Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos Municípios e do Distrito Federal, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos oito anos subsequentes ao término da legislatura;

c) governador e o vice-governador de estado e do Distrito Federal e o prefeito e o vice-prefeito que perderem seus cargos eletivos por infringência à dispositivo da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente e nos oito anos subsequentes ao término do mandato para o qual tenham sido eleitos;

d) os que tenham contra sua pessoa representação julgada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de apuração de abuso do poder econômico ou político, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se realizarem nos oito anos seguintes;

e) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a condenação até o transcurso do prazo de oito anos após o cumprimento da pena, pelos crimes:

contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio 1. público;

contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os pre-2. vistos na lei que regula a falência;

contra o meio ambiente e a saúde pública;3.

eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade;4.

de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo 5. ou à inabilitação para o exercício de função pública;

de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores;6.

de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos;7.

de redução à condição análoga à de escravo;8.

contra a vida e a dignidade sexual; e9.

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(...) ESTE É UM MODELO DE DEMONSTRAÇÃO DA APOSTILA E CONTÉM APENAS UM TRECHO DO CONTEÚDO ORIGINAL. O DESENVOLVIMENTO DA MATÉRIA CONTINUA POR MAIS PÁGINAS NA APOSTILA COMPLETA, QUE VOCÊ PODERÁ OBTER EM http://www.acheiconcursos.com.br .

Page 15: Apostila de Direito Eleitoral para Concursos

A Lei da “Ficha Limpa”

Rogério Carlos Born

Fontes normativas

Definição de vida pregressaA Constituição Federal (CF) prevê no artigo 14, §9.º, que

Art. 14. [...]

§9.º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. (grifo nosso)

Porém, a dificuldade que os tribunais eleitorais tiveram a partir da leitura deste artigo é definir o alcance do termo “considerada vida pregressa”, o que é muito subjetivo, uma vez que um comportamento que é imoral em deter-minado tempo e espaço não terá o mesmo conceito em outros.

Por muitos anos, as cortes eleitorais tiveram dificuldades para decidir se um simples inquérito é suficiente para gerar uma inelegibilidade ou seria necessário o trânsito em julgado da sentença condenatória.

A Lei Complementar (LC) 135/2010 foi editada justamente para buscar a definição do que seria uma má vida pregressa e o seu alcance ao definir as hipóteses e permitir a inelegibilidade com o simples julgamento por órgão colegiado.

Inicialmente vamos traçar um entendimento quanto aos pressupostos positivos e negativos de elegibilidade, ou seja, quais os requisitos que um eleitor deve preencher para ser eleito.

Os pressupostos positivos são qualidades que um eleitor deverá obriga-toriamente possuir para ser eleito, ao contrário dos pressupostos negativos, onde este eleitor não deverá estar inquinado de determinados vícios.

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Pressupostos positivos de inelegibilidadeOs pressupostos positivos de inelegibilidade são as condições de elegibili-

dade que estão descritas no artigo 14, §3.º, da CF, e consistem na naciona-lidade brasileira, pleno exercício dos direitos políticos, alistamento eleitoral, domicílio eleitoral na circunscrição; filiação partidária e idade mínima para o cargo.

Primeiramente, o ocupante de um cargo eletivo deverá possuir a nacio-nalidade brasileira. Os brasileiros natos poderão concorrer a qualquer cargo eletivo, ao contrário dos naturalizados que estão impedidos de ocupar a pre-sidência e vice-presidência da República, a presidência da Câmara dos Depu-tados e a presidência do Senado.

O postulante a um cargo eletivo também deverá estar no pleno exercício dos direitos políticos, ou seja, não deve estar com os direitos políticos per-didos ou suspensos em razão das hipóteses previstas no artigo 15 da CF.

O alistamento eleitoral também é exigido pela legislação eleitoral porque seria absurdo alguém poder ser eleito e não ter interesse em votar em si mesmo, ou seja, para que um eleitor tenha o direito de ser eleito deverá cum-prir a obrigação a todos imposta de votar.

Outro requisito necessário para ser eleito é ter o domicílio eleitoral na circunscrição, isto é, se o eleitor concorre a prefeito, deverá ser eleitor do município para o qual concorrerá. O artigo 42, parágrafo único, do Código Eleitoral, define domicílio eleitoral

Art. 42. [...]

Parágrafo único. [...] o lugar de residência ou moradia do requerente, e, verificado ter o alistando mais de uma, considerar-se-á domicílio qualquer delas.

Para ser eleito, o eleitor também deverá estar filiado, no mínimo, há 1 (um) ano no partido pelo qual irá concorrer, podendo o estatuto do partido definir prazo maior, consoante o que dispõe a Lei 9.096/95.

Por fim, é exigido certa maturidade do postulante em razão da idade mínima para o cargo que é definida pela Constituição da seguinte forma:

trinta e cinco anos para presidente e vice-presidente da República e �

senador;

trinta anos para governador e vice-governador de Estado e do Distrito �

Federal;

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Page 17: Apostila de Direito Eleitoral para Concursos

vinte e um anos para deputado federal, deputado estadual ou distrital, �

prefeito, vice-prefeito e juiz de paz;

dezoito anos para vereador. �

Pressupostos negativos de inelegibilidadeOs pressupostos negativos de inelegibilidade, repise-se, são qualificações

que o postulante a um cargo eletivo não deverá ostentar e são definidas pelas inelegibilidades e incompatibilidades.

A CF utiliza apenas o termo “inelegibilidade” em sentido amplo, mas a LC 64/90 – que regulamenta o artigo 14, §9.º, da CF – faz a diferenciação entre as inelegibilidades em sentido estrito e as incompatibilidades.

As incompatibilidades são normas de prevenção contra o abuso do poder político e visa afastar os postulantes aos cargos públicos da “máquina” admi-nistrativa. São os prazos de desincompatibilização que variam de 3 a 6 meses de afastamento antes das eleições.

As inelegibilidades em sentido estrito são sanções aplicadas àqueles que cometem infrações contra a sociedade e, em regra, duram 8 anos, embora o STF tenha entendido que se trata de uma norma protetiva da sociedade.

A Lei da “Ficha Limpa” é a LC 135/2010, que alterou alguns dispositivos da LC 64/90 acrescentando tipificações e agravando sanções, o que veremos adiante.

A grande dificuldade de aplicação da Lei da “Ficha Limpa” foi definir quando estaria vigente e se aplicaria o princípio da anterioridade eleitoral prevista pelo artigo 16, da CF, que prevê que

Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que ocorra até um ano da data de sua vigência.

A dificuldade em definir a vigência surgiu porque a Lei da “Ficha Limpa” foi publicada em 4 de julho de 2010 (3 meses antes das eleições).

Segundo o Supremo Tribunal Federal, no julgamento das Ações Declara-tórias de Constitucionalidade 29 e 30 e Ação Direta de Inconstitucionalida-de 4.578, a Lei da “Ficha Limpa” somente aplicar-se-ia a partir das eleições de 2012, acrescentando que o princípio da anterioridade, como cláusula pétrea, deve ser respeitado.

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Page 18: Apostila de Direito Eleitoral para Concursos

Trânsito em julgado

Trânsito em julgado X órgão colegiadoPara se aplicar as formas de inelegibilidade da Lei da “Ficha Limpa” é exi-

gido o trânsito em julgado apenas das decisões condenatórias proferidas por juízos monocráticos, ou seja, quando a decisão é proferida por apenas 1 (um) magistrado, seja um juiz de direito, juiz federal, juiz eleitoral ou juiz militar.

Porém, quando houver recurso da decisão monocrática para um tribu-nal ou uma corte que tenha proferido a decisão em competência originá-ria, basta uma condenação deste órgão colegiado, sem a necessidade do trânsito em julgado, para se aplicar a inelegibilidade. Órgão colegiado é um corpo formado por três ou mais magistrados que integram turmas, câmaras ou o plenário de um Tribunal, proferindo a sua decisão mediante voto.

A desnecessidade do trânsito em julgado ensejou uma crítica em razão da interpretação do artigo 5.º, LVII, da Constituição Federal, que prevê que

Art. 5.º [...]

LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;

[...]

Submetida esta questão ao Supremo Tribunal Federal, entendeu-se nas Ações Declaratórias de Constitucionalidade 29 e 30 e na Ação Direta de In-constitucionalidade 4.578, por maioria, que a ausência do trânsito em julga-do é constitucional, uma vez que, para a corte, a inelegibilidade não é uma sanção, mas uma proteção política do eleitor.

Para melhor entender:

Exemplo JuizORGÃOS COLEGIADOS Início da

contagemTJ STJ STF

1 Condenação Não houve recurso Não houve recurso Não houve recurso Decisão do Juiz

2 Condenação Condenação Condenação Condenação Decisão do TJ

3 Condenação Absolvição Condenação Condenação Decisão do STJ

4 Absolvição Condenação Absolvição Condenação Decisões do TJ e do STF

5 Absolvição Absolvição Condenação Condenação Decisão do STJ

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Page 19: Apostila de Direito Eleitoral para Concursos

Exemplo 1

O juiz de direito condenou criminalmente o eleitor e não houve o recurso em sentido estrito de apelação. Neste caso a inelegibilidade incide a partir do trânsito em julgado da decisão, ou seja, após o transcurso in albis do prazo recursal.

Exemplo 2

O juiz de direito condenou criminalmente o eleitor. Houve o recurso para o Tribunal de Justiça, para o Superior Tribunal de Justiça e para o Supremo Tribunal Federal e todos estes órgãos colegiados mantiveram a condena-ção. Neste caso a inelegibilidade incide da primeira condenação por órgão colegiado que foi proferida pelo Tribunal de Justiça.

Exemplo 3

O juiz de direito condenou criminalmente o eleitor. Houve o recurso para o Tribunal de Justiça, órgão colegiado que absolveu. Em seguida, o Ministé-rio Público entrou com Recurso Especial para o Superior Tribunal de Justiça e Extraordinário para o Supremo Tribunal Federal e estes órgãos colegiados condenaram o eleitor. Neste caso a inelegibilidade incide da primeira con-denação por órgão colegiado que foi proferida pelo Superior Tribunal de Justiça.

Exemplo 4

O juiz de direito absolveu criminalmente o eleitor. Houve o recurso do Ministério Público para o Tribunal de Justiça, órgão colegiado que condenou o eleitor. O eleitor entrou com um Recurso Especial para o Superior Tribunal de Justiça que absolveu o réu. O Ministério Público então entrou com um Re-curso Extraordinário para o Supremo Tribunal Federal, órgão colegiado que novamente condenou o réu. Neste caso, o eleitor é inelegível entre a data da condenação pelo Tribunal de Justiça e a data da absolvição pelo Superior Tribunal de Justiça; é elegível entre as decisão do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal e inelegível por 8 anos a partir da decisão do Supremo Tribunal Federal.

Exemplo 5

O juiz de direito absolveu criminalmente o eleitor. Houve o recurso para o Tribunal de Justiça que manteve a absolvição. O Ministério Público entrou com um Recurso Especial para o Superior Tribunal de Justiça e para o Supre-

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Propaganda eleitoral

Carla Cristine Karpstein

Legislação específica

Código Eleitoral (Lei 4.737/65); Lei 9.504/97; Re-soluções TSE 23.089/2009 – Calendário Eleitoral; 23.191/2009 – Propaganda Eleitoral

Joel José Cândido (2010) define propaganda eleitoral como “uma forma de captação de votos usada pelos partidos políticos, coligações e candida-tos, em época delimitada por lei, através da divulgação de suas propostas, visando à eleição a cargos eletivos”.

O Tribunal Superior Eleitoral, através de seus julgados, assim conceitua a propaganda eleitoral:

Entende-se como ato de propaganda eleitoral aquele que leva ao conhecimento geral, embora de forma dissimulada, a candidatura, mesmo apenas postulada, e a ação política que se pretende desenvolver ou razões que induzam a concluir que o beneficiário é o mais apto ao exercício de função pública. Sem tais características, poderá haver mera promoção pessoal – apta, em determinadas circunstâncias, a configurar abuso de poder econômico, mas não propaganda eleitoral. (TSE, RESPE 15.732 – Maranhão, Ac. 15/04/99. Rel. Min. José Eduardo Rangel Alckim. DJU 07/05/1999).

A propaganda no processo eleitoral se divide da seguinte forma: propa-ganda partidária; propaganda intrapartidária; propaganda institucional e propaganda eleitoral propriamente dita. A propaganda partidária é aquela realizada semestralmente pelos partidos políticos para divulgar suas ações e defender seu programa; a intrapartidária é aquela realizada no ano da elei-ção, no período de 15 dias que antecede as convenções, com o objetivo de campanha interna.

A propaganda institucional é aquela promovida pelo Poder Público, dentro das limitações que a Constituição Federal e a Lei 9.504/97 estabelecem, espe-

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cialmente no ano em que ocorre as eleições. Por fim, o horário eleitoral gratui-to e as outras formas de propaganda permitida após o dia 6 de julho do ano da eleição compõem a propaganda eleitoral propriamente dita.

A propaganda, qualquer que seja a sua forma ou modalidade, menciona-rá sempre a legenda partidária e só poderá ser feita em língua nacional, não devendo empregar meios publicitários destinados a criar, artificialmente, na opinião pública, estados mentais, emocionais ou passionais.

Na hipótese de coligação, constarão da propaganda do candidato majo-ritário, obrigatoriamente e de modo legível, as legendas de todos os parti-dos políticos que a integram; e da propaganda para proporcional constará apenas a legenda do partido político do respectivo candidato sob o nome da coligação.

Todo o material impresso deve consignar o número do CNPJ/CPF do respon-sável pela confecção, quem contratou e tiragem (Lei 9.504/97, art. 38, §1.º).

Na propaganda do candidato majoritário deverá constar, também, o nome do candidato a vice e suplentes, de modo claro e legível, em tamanho não inferior a 10%.

É livre a manifestação do pensamento, vedado o anonimato durante a campanha eleitoral, por meio da internet, assegurado o direito de resposta, nos termos das alíneas “a”, “b” e “c” do inciso IV do §3.º do artigo 58 e do artigo 58-A da Lei 9.504/97, e por outros meios de comunicação interpessoal me-diante mensagem eletrônica (Lei 9.504/97, art. 57-D, caput).

É vedada a propaganda:

nos bens públicos; �

nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do Poder Público, �

ou que a ele pertençam;

nos bens de uso comum (em árvores, tapumes de obras públicas, pos- �

tes de iluminação pública e sinalização de tráfego, viadutos, passare-las, pontes, paradas de ônibus e outros equipamentos urbanos);

nos bens de uso comum, ainda que privados (centros comerciais, lojas, �

cinemas, igrejas, ginásios etc.);

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Page 22: Apostila de Direito Eleitoral para Concursos

a confecção, utilização, distribuição por comitê, candidato, ou com sua �

autorização, de camisetas, chaveiros, bonés, canetas, brindes, cestas básicas ou quaisquer outros bens ou materiais que possam proporcio-nar vantagem ao eleitor;

proibidas doações em dinheiro, bem como de troféus, prêmios e ajudas �

de qualquer espécie feitas por candidato a pessoas físicas ou jurídicas;

a propaganda eleitoral mediante � outdoors (Lei 9.504/97, art. 39, §8.º). Sanção: o infrator sujeita-se ao pagamento de multa no valor de R$5.320,50 a R$15.961,50;

vedada a realização de showmício, bem como a apresentação, remu- �

nerada ou não, de artistas com a finalidade de animar comício e reu-nião eleitoral; qualquer meio de desviar a atenção do eleitor em um comício ou reunião eleitoral é considerado irregular na Resolução do TSE. Assim, nenhum cantor, ator ou outro profissional pode ser con-tratado para animar o comício, que deve se restringir à presença dos candidatos, sendo permitido apenas som mecânico.

Placas em árvore são permitidas apenas no caso de árvores existentes em terrenos particulares, com autorização do proprietário. A questão fica a cargo da lei municipal (se proíbe ou não) e de organismos de proteção à fauna e flora. Deve-se ter atenção às mudanças da Lei 12.034/2009, que rele-vou a questão das proibições municipais – Código de Postura do Município – afirmando que a Lei 9.504/97 é quem delimita o que é permitido e o que é proibido. Até 2008, valia como determinação superior o que determinava o Código de Postura Municipal.

Em relação à propaganda nas dependências do Poder Legislativo, fica a critério da Mesa Diretora, não podendo estender-se a fachada e área exter-na do prédio. Normalmente se autoriza a propaganda eleitoral no gabinete daqueles que já são detentores de mandato eletivo (deputados, senadores e vereadores).

É vedada, ainda, a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga na internet, nos termos do artigo 57-C, §1.º, I e II:

Art. 57-C. [...]

I - de pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos;

II - oficiais ou hospedados por órgãos ou entidades da administração pública direta ou indireta da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.

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Abuso de poder e captação ilícita de sufrágio

Carla Cristine Karpstein

Os princípios constitucionais – conjunto de normas que alicerçam um sistema e lhe garantem a validade – são a síntese dos valores precípuos da ordem jurídica, posto que consubstanciam suas premissas básicas indicando o ponto de partida e os caminhos que devem ser percorridos.

Na clássica lição de Celso Antonio Bandeira de Mello (1994, p. 451):

[...] violar um princípio é muito mais grave do que transgredir uma norma. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra.

Os princípios constitucionais dirigem-se ao Executivo, Legislativo e Judi-ciário, condicionando-os e pautando a interpretação e aplicação de todas as normas jurídicas vigentes.

Ínsitos ao princípio da legalidade, entre outros, estão os princípios da fi-nalidade e indisponibilidade dos interesses públicos. A finalidade pública é o bem jurídico buscado pelo ato; e o administrador público tem o dever jurídi-co de alcançá-la, sob pena de configurar-se o abuso de poder.

Ruy Cirne Lima (1982) escreveu sobre os princípios de direito administra-tivo e bem definiu o conceito de Administração. Para ele a palavra adminis-tração, tanto sob a ótica do Direito Privado como do Direito Público, designa atividade do que não é proprietário:

O fim – e não a vontade – domina todas as formas de administração. Supõe, destarte, a atividade administrativa a preexistência de uma regra jurídica, reconhecendo-lhe uma finalidade própria. Jaz, consequentemente, a administração pública debaixo da legislação que deve enunciar e determinar a regra de direito. [...] Administração, segundo o nosso modo de ver, é a atividade do que não é proprietário – do que não tem a disposição da coisa ou do negócio administrado. [...] Opõe-se a noção de administração à de propriedade visto que, sob administração, o bem não entende vinculado à vontade ou personalidade do administrador, porém, à finalidade impessoal a que essa vontade deve servir.

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Page 24: Apostila de Direito Eleitoral para Concursos

Marino Pazzaglini Filho, Márcio Fernando Elias Rosa e Waldo Fazzio Júnior (1996) abordam com proficiência o princípio da impessoalidade, asseveran-do, ad litteram:

Administrar é um exercício institucional e não pessoal. A conduta administrativa deve ser objetiva, imune ao intersubjetivismo e aos liames de índole pessoal, dos quais são exemplos o nepotismo, o favorecimento, o clientelismo e a utilização da máquina administrativa como promoção pessoal.

Pautada pela lei, a conduta administrativa deve ser geral e abstrata, jamais focalizada em pessoas ou grupos. Sua finalidade é a realização do bem comum, síntese tradutora dos objetivos fundamentais do Estado Brasileiro.

Assim, o abuso de poder político é o uso indevido de cargo ou função pública, com a finalidade de obter votos para determinado candidato. Tal conceito baseia-se nos princípios que regem a administração pública, con-forme dispõe o artigo 37 da CF:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...].

O artigo 73 da Lei 9.504/97 estabelece as formas mais comuns de abuso de poder político, sendo rol exemplificativo. Podemos ter outras formas de abuso:

Art. 73. São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas tendentes a afetar a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais:

I - ceder ou usar, em benefício de candidato, partido ou coligação, bens móveis ou imóveis pertencentes à administração direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, ressalvada a realização de convenção partidária;

II - usar materiais ou serviços, custeados pelos Governos ou Casas Legislativas, que excedam as prerrogativas consignadas nos regimentos e normas dos órgãos que integram;

III - ceder servidor público ou empregado da administração direta ou indireta federal, estadual ou municipal do Poder Executivo, ou usar de seus serviços, para comitês de campanha eleitoral de candidato, partido político ou coligação, durante o horário de expediente normal, salvo se o servidor ou empregado estiver licenciado;

IV - fazer ou permitir uso promocional em favor de candidato, partido político ou coligação, de distribuição gratuita de bens e serviços de caráter social custeados ou subvencionados pelo Poder Público;

V - nomear, contratar ou de qualquer forma admitir, demitir sem justa causa, suprimir ou readaptar vantagens ou por outros meios dificultar ou impedir o exercício funcional e, ainda, ex officio, remover, transferir ou exonerar servidor público, na circunscrição do pleito, nos três meses que o antecedem e até a posse dos eleitos, sob pena de nulidade de pleno direito, ressalvados:

a) a nomeação ou exoneração de cargos em comissão e designação ou dispensa de funções de confiança;

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Page 25: Apostila de Direito Eleitoral para Concursos

b) a nomeação para cargos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos Tribunais ou Conselhos de Contas e dos órgãos da Presidência da República;

c) a nomeação dos aprovados em concursos públicos homologados até o início daquele prazo;

d) a nomeação ou contratação necessária à instalação ou ao funcionamento inadiável de serviços públicos essenciais, com prévia e expressa autorização do Chefe do Poder Executivo;

e) a transferência ou remoção ex officio de militares, policiais civis e de agentes peniten- ciários.

VI - nos três meses que antecedem o pleito:

a) realizar transferência voluntária de recursos da União aos Estados e Municípios, e dos Estados aos Municípios, sob pena de nulidade de pleno direito, ressalvados os recursos destinados a cumprir obrigação formal preexistente para execução de obra ou serviço em andamento e com cronograma prefixado, e os destinados a atender situações de emergência e de calamidade pública;

b) com exceção da propaganda de produtos e serviços que tenham concorrência no mercado, autorizar publicidade institucional dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da administração indireta, salvo em caso de grave e urgente necessidade pública, assim reconhecida pela Justiça Eleitoral;

c) fazer pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, fora do horário eleitoral gratuito, salvo quando, a critério da Justiça Eleitoral, tratar-se de matéria urgente, relevante e característica das funções de governo;

VII - realizar, em ano de eleição, antes do prazo fixado no inciso anterior, despesas com publicidade dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da administração indireta, que excedam a média dos gastos nos três últimos anos que antecedem o pleito ou do último ano imediatamente anterior à eleição.

VIII - fazer, na circunscrição do pleito, revisão geral da remuneração dos servidores públicos que exceda a recomposição da perda de seu poder aquisitivo ao longo do ano da eleição, a partir do início do prazo estabelecido no art. 7.º desta Lei e até a posse dos eleitos.

Para que se configure o abuso, é necessário que exista a chamada poten-cialidade, que é a capacidade que o ato praticado tem de afetar a igualdade de oportunidades entre os candidatos na eleição. É exigido seu reconhecimento – que aquele ato praticado pelo agente público teve, por si só, o condão de alterar o resultado da eleição – para a cassação do diploma ou do mandato.

Além da potencialidade, temos também o princípio da proporcionalida-de, muito semelhante em conceito à potencialidade, mas que diz respeito direto à importância daquela conduta praticada no resultado da eleição.

O §5.º do artigo 73 da Lei 9.504/97 dispõe que o magistrado deve aplicar o princípio da proporcionalidade na aplicação das sanções previstas, espe-

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Page 26: Apostila de Direito Eleitoral para Concursos

cialmente no que tange à cassação de registro ou diploma e aplicação de inelegibilidade.

Nesse sentido, temos a argumentação proferida pelo então Ministro Caputo Bastos, na Medida Cautelar 1.658, do TSE:

Nesse precedente ressaltei que “No campo das condutas vedadas, não há qualquer impedimento que o Tribunal, à vista do fato, de sua gravidade e de sua repercussão no processo eleitoral, haja com prudência, cautela e equilíbrio”, além do que “a intervenção dos Tribunais Eleitorais há de se fazer com o devido cuidado para que não haja alteração da própria vontade popular”.

É digno de registro e de termos orgulho de um tribunal em que a justiça aflora. Repetimos à exaustão – toda e qualquer ação com base no artigo 73 (mormente neste) há que se acautelar, que se verificar com minudência as provas constantes nos autos. Caso sejam elas, no mínimo, inquietantes, é motivo, a nosso ver, quando muito, para aplicação de multa apenas, mas nunca de cassação de registro ou de diploma de candidato. Caso contrário, que se casse mesmo o infrator, porque a intenção do legislador com as leis citadas foi a de moralizar o processo eleitoral, moralização essa a que toda a sociedade aspira de fato. Chega de oportunistas, de espertinhos no poder. O Brasil necessita mesmo ser passado a limpo. E deve começar pelos poderes executivo e legislativo, embriões de nossas leis. Casuísmos, nepotismos, filhotismos, e todo e qualquer ismo pejorativo devem ser varridos, banidos da nossa política. (TSE, MC 1.658 – São Paulo. 09/08/2005. Rel. Min. Carlos Eduardo Caputo Bastos. DJU 12/08/2005)

O uso indevido dos meios de comunicação é espécie do gênero abuso de poder político. É a utilização da mídia em benefício da candidatura, divul-gando os feitos daquele candidato de maneira abusiva. Exemplo: excesso de publicações em jornais e propaganda institucional no rádio e na televisão. O objetivo é o mesmo: influenciar o eleitor em relação a um candidato especí-fico, em detrimento da igualdade de oportunidade nas eleições.

É sabido que a caracterização do uso indevido de meio de comunicação se dá pelo repetido e constante enaltecimento de uma candidatura em de-trimento de outras, de forma tão ostensiva que possa efetivamente alterar a intenção de voto do eleitor. Com o advento da reeleição sem desincompati-bilização do cargo, qualquer atitude do mandatário após o primeiro ano de governo acaba gerando fundamentação para que adversários questionem fatos. Porém, não se pode perder de vista as funções efetivas de governo, seja federal, estadual ou municipal, que não podem ser confundidas com atos para promoção pessoal. Se assim fosse, qualquer obra divulgada seria promoção, tendo em vista que sua execução se dá pelo prefeito e seus auxiliares.

A jurisprudência vem nesse sentido. Como exemplo, temos decisão do TRE/PR:

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Page 27: Apostila de Direito Eleitoral para Concursos

Ações eleitorais

Carla Cristine Karpstein

Ações eleitorais são os instrumentos processuais hábeis para apuração de condutas em desacordo com a legislação eleitoral no que tange à propagan-da eleitoral, abuso de poder político e econômico, uso indevido dos meios de comunicação, captação ilícita de sufrágio, arrecadação e gastos ilícitos de campanha, entre outros fundamentos. Assim, temos:

Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE)

Causa de pedir

Abuso de poder econômico

O abuso de poder econômico consiste, nas palavras de Adriano Soares da Costa (2000), em “vantagem dada a uma coletividade de eleitores, indetermina-da ou determinável, beneficiando-os pessoalmente ou não, com a finalidade de obter-lhes voto”, ou seja, na utilização indevida e excessiva do poderio econô-mico, de forma a influenciar indevidamente a vontade do eleitor. É a utilização do poderio econômico de tal modo a causar desequilíbrio na disputa eleitoral.

Abuso de poder político

O abuso do poder político constitui-se na utilização indevida de cargo ou função pública com a finalidade de obter voto para determinado candidato. O que se busca impedir é a utilização da administração pública de forma direta, material, e tendente a influenciar a vontade do eleitorado, ou de con-ferir indevida e desigual vantagem ao candidato que busca a reeleição (utili-zação de espaços públicos para comícios, a cessão de servidores para traba-lhar na campanha eleitoral durante o horário de expediente, a utilização de veículos da administração pública e materiais custeados pelo poder público para promover candidatura).

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Page 28: Apostila de Direito Eleitoral para Concursos

Uso indevido dos meios de comunicaçãoNa utilização indevida dos meios de comunicação social o que se preten-

de coibir é a utilização dissimulada por parte de determinado candidato de um programa de rádio (em que seu familiar é radialista, por exemplo) para realizar propaganda eleitoral em seu benefício, o tratamento privilegiado e imoderado da imprensa escrita a favor de determinado candidato e um jor-nalismo agressivo e sensivelmente contrário em relação ao adversário polí-tico deste. É a menção dissimulada a determinado candidato, utilizando-se de slogans, músicas e imagens que induzam a população a lembrar dele ao assistir ou ouvir a mensagem.

Captação ilícita de sufrágioMesma natureza da Representação do artigo 30-A. Tecnicamente, se ofe-

rece representação e propõe-se abertura de Investigação Judicial Eleitoral.

Legitimidade

Ativa

Partidos políticos, coligações, candidatos e Ministério Público. �

Importante destacar que somente estão autorizados a propor a repre- �

sentação, de que trata o artigo 22 da Lei Complementar 64/90, os ór-gãos e diretórios dos partidos políticos com atribuições na eleição em disputa, tal como lhe é conferido para requerer registro e impugnar de candidaturas.

PassivaCandidatos beneficiados pelo abuso de poder econômico e político �

ou pela utilização indevida de transportes e meios de comunicação, e toda e qualquer pessoa que venha a beneficiar ilicitamente qualquer candidato.

Necessidade de litisconsórcioSe a pessoa que pratica a conduta não for o candidato, não é preciso que �

ela integre a relação processual para que se possa punir o candidato.

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Apenas se a parte pretender impor a sanção de inelegibilidade também à pessoa que beneficiou o candidato. (ver, AG 6.416 – Gerardo Grossi – 2006 – Decisão do TSE, em tal precedente, determinou o entendimento acima).

Em relação ao vice, no recente caso do governador Luiz Henrique, de �

Santa Catarina, houve mudança do entendimento jurisprudencial, passando a ser necessária a citação do vice. (RCED 703 – José Delgado – 2008 – Idem).

CompetênciaA Lei Complementar 64/90 estabelece que a competência para julgar a

ação de investigação judicial eleitoral é dos juízes eleitorais nas eleições mu-nicipais, do corregedor regional eleitoral (TRE) nas eleições estaduais e fede-rais e do corregedor geral eleitoral (TSE) nas eleições presidenciais, nos termos do que dispõem os artigos 19 e 24 do referido diploma legal.

Prazo para propositura

Termo inicial

A jurisprudência do TSE tem admitido a propositura da Aije antes do re-gistro de candidatura e até mesmo das convenções partidárias. Entretanto, tal fato parece ser inócuo, haja vista que a AIJE só tem razão de ser no perí-odo eleitoral e quando é proposta em face daquele que, efetivamente, teve seu registro de candidatura solicitado junto à Justiça Eleitoral.

Data dos fatos

Doutrina e jurisprudência são uníssonas em admitir a possibilidade de apuração, em sede de AIJE, de fatos pretéritos ao próprio pedido de registro de candidatura, desde que reste efetivamente demonstrado que tal condu-ta possui gravidade suficiente para apresentar potencialidade de interferir no resultado do pleito (condição sine qua non, na visão dos tribunais, para a procedência da AIJE fundada em abusos de poder). (TSE-RO 722, Ac. 722. Rel. Min. Peçanha Martins, DJ 15/06/2004).

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(...) ESTE É UM MODELO DE DEMONSTRAÇÃO DA APOSTILA E CONTÉM APENAS UM TRECHO DO CONTEÚDO ORIGINAL. O DESENVOLVIMENTO DA MATÉRIA CONTINUA POR MAIS PÁGINAS NA APOSTILA COMPLETA, QUE VOCÊ PODERÁ OBTER EM http://www.acheiconcursos.com.br .

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Recursos eleitorais

Carla Cristine Karpstein

Recurso ordinário eleitoral ou recurso inominado

É o recurso geral do processo eleitoral; assemelha-se à Apelação Cível. Está previsto nos artigos 257 a 282 do Código Eleitoral, devolvendo toda a matéria para instância superior, sem efeito suspensivo. Os recursos eleitorais, via de regra, não possuem efeito suspensivo. (Exceção à matéria penal e à prestação de contas partidárias, cuja apelação tem efeito suspensivo).

Dispõe o artigo 265 do Código Eleitoral:

Art. 265. Dos atos, resoluções ou despachos dos juízes ou juntas eleitorais caberá recurso para o Tribunal Regional.

A legitimidade para interposição do Recurso Eleitoral é do candidato, par-tido político, coligação ou Ministério Público. A regra veiculada pela Lei Com-plementar 64, de 1990, art. 22, XIV, criou uma relação litisconsorcial unitária entre o representado e os que contribuíram, com maior ou menor intensida-de, para a prática abusiva, expondo-os a uma mesma sanção: inelegibilidade pelo período de oito anos, contados da data da eleição viciada pelo abuso do poder econômico, político ou de autoridade.

O prazo para interposição é de três dias a contar da publicação da decisão, que pode ser dar em Sessão de Julgamento (período eleitoral) ou através de intimação, pessoal ou por fax. O ideal é sempre se comprovar a notificação do recurso, para se evitar a intempestividade. As contrarrazões são sempre no mesmo prazo.

Contra a decisão dos juízes auxiliares, proferidas em sede de represen-tação aforada nos termos do artigo 96, da Lei 9.504/97, caberá recurso, no prazo de 24 horas, contadas da publicação da decisão em Secretaria. Con-trarrazões em prazo igual.

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Page 31: Apostila de Direito Eleitoral para Concursos

Em relação às decisões que concedem ou denegam liminares em sede de representação (artigo 96), aplica-se as disposições expressas em Regimento Interno do Tribunal respectivo.

No caso das Ações de Impugnação de Registro de Candidatura e Repre-sentações ou Reclamações, a contagem do prazo inicia-se da publicação em cartório ou sessão de julgamento.

O Recurso Eleitoral é válido também para atos, resoluções e despachos, além das sentenças terminativas de mérito e necessita dos seguintes requisitos:

recorribilidade do ato decisório – artigo 265 do Código Eleitoral; �

tempestividade; �

singularidade; e �

adequação (recurso indicado pela lei). �

Cabe recurso ordinário ao TSE apenas nos casos das alíneas “a” e “b” do inciso II do artigo 276 do Código Eleitoral, ou seja, quando versarem sobre inelegibilidade, expedição ou anulação de diplomas nas eleições federais ou estaduais, decretação de perda de mandato eletivo estadual ou federal, de-negação de habeas corpus ou mandado de segurança, habeas data ou man-dado de injunção.

No caso da expedição de diploma municipal – prefeitos e vereadores – o recurso cabível será o recurso especial, e não o ordinário. O rito é chamado de sumário, da seguinte forma:

protocola-se o recurso eleitoral na Zona Eleitoral correspondente (nas �

eleições municipais) ou aos juízes auxiliares (nas eleições estaduais);

abre-se prazo para contrarrazões (em três dias ou 24 horas, dependen- �

do do caso) e remete-se ao TRE ou TSE, dependendo da eleição;

no tribunal, será distribuída a um relator que, após análise prévia, en- �

caminhará ao Ministério Público Eleitoral de 2.º grau para parecer;

julgamento, onde cabe sustentação oral por 10 minutos para cada par- �

te e para o Ministério Público;

da decisão proferida no recurso eleitoral caberá recurso especial ou �

Extraordinário, dependendo do caso concreto.

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Embargos de declaraçãoEstá previsto no artigo 275 do Código Eleitoral:

Art. 275. São admissíveis embargos de declaração:

I - quando há no acórdão obscuridade, dúvida ou contradição;

II - quando for omitido ponto sobre que devia pronunciar-se o Tribunal.

§1.º Os embargos serão opostos dentro em 3 (três) dias da data da publicação do acórdão, em petição dirigida ao relator, na qual será indicado o ponto obscuro, duvidoso, contraditório ou omisso.

§2.º O relator porá os embargos em mesa para julgamento, na primeira sessão seguinte proferindo o seu voto.

§3.º Vencido o relator, outro será designado para lavrar o acórdão.

§4.º Os embargos de declaração suspendem o prazo para a interposição de outros recursos, salvo se manifestamente protelatórios e assim declarados na decisão que os rejeitar.

Os embargos de declaração no processo eleitoral têm os mesmos requi-sitos dos embargos de declaração previstos no Código de Processo Civil, ou seja, visam sanar a omissão, contradição ou obscuridade da decisão e, ainda, efetuar prequestionamento do recurso especial, também necessário no pro-cesso eleitoral.

O prazo é de três dias a contar da publicação da decisão; os embargos de declaração, no processo eleitoral, só suspendem o prazo para Recurso Espe-cial se forem conhecidos; se forem considerados protelatórios e não conhe-cidos, não suspendem tal prazo.

Nos Tribunais Regionais Eleitorais, os embargos de declaração possuem o mesmo processamento previsto no Código de Processo Civil, mesmo que tenham caráter infringente. Já no Tribunal Superior Eleitoral, os embargos de-claratórios com efeitos infringentes serão recebidos como Agravo Regimental.

Agravo de instrumentoAgravo, pela definição de Humberto Theodoro Júnior (2010), “é o recurso

cabível contra as decisões interlocutórias, ou seja, contra os atos pelos quais o juiz, no curso do processo, resolve questão incidente”. Admite duas moda-lidades: forma retida ou de instrumento.

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Page 33: Apostila de Direito Eleitoral para Concursos

No processo eleitoral não é diferente, embora não exista previsão ex-pressa em relação ao Agravo de Instrumento no Código Eleitoral ou na Lei 9.504/97.

Ensina Humberto Theodoro Junior (2010) que o agravo retido é exclusivo do processo em primeiro grau. A parte,

[...] ao invés de se dirigir diretamente ao tribunal para provocar o imediato julgamento do recurso, volta-se para o juiz da causa, autor do decisório impugnado e apresenta o recurso, pedindo que permaneça no bojo dos autos para que dele o tribunal conheça, preliminarmente, por ocasião do julgamento de apelação.

O agravo de instrumento, a partir da Lei 11.187/2005, somente vai ser ad-mitido se: a) estivermos diante de uma tutela de urgência ou b) o agravante não puder utilizar-se, pela ausência de interesse, do agravo retido contra a decisão interlocutória, conforme leciona Flávio Cheim Jorge.

No agravo de instrumento, o recurso será processado fora dos autos da causa onde se deu a decisão impugnada. A petição segue diretamente ao tri-bunal ad quem, contendo obrigatoriamente a exposição do fato e do direito, as razões do pedido de reforma da decisão e o nome e endereço completo dos advogados do agravante e do agravado. O efeito é devolutivo. Em casos raros, haverá efeito suspensivo para eliminar o risco de danos sérios e de reparação problemática.

O relator, no tribunal, poderá declarar o agravo de instrumento inadmis-sível (quando não cumprir obrigação processual) ou improcedente (quando sem razão material). Pode também analisar o prejuízo do recurso, em decor-rência de retratação do juiz singular ou por outra questão ter sido decidida gerando tal efeito.

No caso de decisão interlocutória proferida pelo Juízo Eleitoral, a com-petência é do Tribunal Regional. Há aplicação subsidiária do Código de Pro-cesso Civil, notadamente do artigo 522 ao 529, além das regras contidas no Regimento Interno dos respectivos Tribunais ad quem sobre a matéria.

É bastante utilizado no caso de negativa de seguimento ao Recurso Es-pecial ou Ordinário. Está previsto no artigo 279 do Código Eleitoral (além de outras disposições contidas no Regimento Interno do TSE). Nesse caso, forma-do o instrumento, obrigatoriamente deve ser remetido ao TSE; no caso do TSE não conhecer do Agravo, considerando-o meramente procrastinatório, cabe imposição de multa. Da decisão que nega seguimento ao Agravo de Instru-mento cabe Agravo Regimental, nos termos do Regimento Interno do TSE.

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(...) ESTE É UM MODELO DE DEMONSTRAÇÃO DA APOSTILA E CONTÉM APENAS UM TRECHO DO CONTEÚDO ORIGINAL. O DESENVOLVIMENTO DA MATÉRIA CONTINUA POR MAIS PÁGINAS NA APOSTILA COMPLETA, QUE VOCÊ PODERÁ OBTER EM http://www.acheiconcursos.com.br .

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Prestação de contas

Carla Cristine Karpstein

A necessidade de controle do abuso do poder econômico nas eleições constitui-se em uma preocupação mundial, de modo a observar-se previsão de normas destinadas ao controle da movimentação econômica de partidos e candidatos em campanha e prestação de contas na legislação de diversos Estados, a exemplo do Canadá, Espanha, França e Alemanha.

A prestação de contas dos valores arrecadados e gastos nas campanhas eleitorais no Brasil vem se tornando mais rigorosa a cada eleição, acompa-nhando a alteração de pensamento dos tribunais em relação ao abuso de poder econômico na busca do voto.

No mesmo diapasão, tivemos a edição das Leis 9.840/99 e 11.300/2006, que estabeleceram a punição de cassação de registro e diploma nos casos de captação ilícita de sufrágio.

O cerne de todas essas questões é, indiscutivelmente, a corrupção. Busca--se, com o rigor em relação à prestação de contas, evitar-se a corrupção.

A prestação de contas eleitoral, embora seja o fechamento da campanha, possui procedimentos preliminares para que possa se estabelecer formal-mente correta.

Até o dia 5 de julho do ano da eleição deve-se proceder o Registro de Candidatura respectivo do candidato, conforme a eleição à qual concorre-rá. Após o registro, deve ser requerido à Justiça Eleitoral à constituição de comitê financeiro (um ou mais) até 10 dias após a escolha dos candidatos em convenção partidária. Os comitês podem ser constituídos um para cada eleição – comitê financeiro majoritário e proporcional – ou comitê financeiro único, para toda eleição, com exceção da eleição presidencial na qual é obri-gatória a criação de comitê nacional e facultativa a de comitês nos estados.

Devem, ainda, ser registrados 5 dias após sua constituição. Partido coliga-do nas eleições majoritárias está dispensado de constituir comitê financeiro se não apresentar candidato próprio.

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Page 35: Apostila de Direito Eleitoral para Concursos

Dispõe o artigo 7.º da Resolução 22.715/2008, do TSE:

Art. 7.º O comitê financeiro tem por atribuição (Lei 9.504/97, arts. 19, 28, §§1.º e 2.º, e 29):

I - arrecadar e aplicar recursos de campanha;

II - distribuir aos candidatos os recibos eleitorais;

III - fornecer aos candidatos orientação sobre os procedimentos de arrecadação e de aplicação de recursos e sobre as respectivas prestações de contas;

IV - encaminhar ao juízo eleitoral a prestação de contas do candidato a prefeito, que abrangerá a de seu vice;

V - encaminhar ao juízo eleitoral a prestação de contas dos candidatos a vereador, caso estes não o façam diretamente.

Toda candidatura registrada terá um CNPJ próprio, emitido exclusivamen-te para as eleições, que será extinto no dia 31/12 do ano da eleição, devendo--se requerer à Justiça Eleitoral seu envio ao candidato.

Após a disponibilização do CNPJ pela Justiça Eleitoral, deve o candidato e/ou comitê financeiro requerer ao seu partido os recibos eleitorais correspon-dentes para movimentação financeira de sua campanha eleitoral. Os recibos eleitorais são os únicos documentos hábeis para comprovação das doações recebidas, inclusive de recursos próprios do candidato, ainda que estimáveis em dinheiro. Os comitês financeiros são responsáveis pela distribuição de tais recibos, especialmente nas eleições municipais.

No caso das doações via internet, o formulário eletrônico funcionará como recibo, dispensando a assinatura do doador.

Após o recebimento do CNPJ o candidato ou comitê deve abrir uma conta bancária específica – conta-corrente eleitoral – em qualquer instituição fi-nanceira (que não poderá negar a abertura) para iniciar sua movimentação.

Na eleição de prefeito e vereador não é necessária a abertura de conta- -corrente eleitoral se não existir agência bancária ou correspondente no município. Também não é necessária a abertura de conta-corrente para os candidatos a vereador nos municípios com menos de 20 000 eleitores.

A arrecadação de valores será feita pelo candidato ou comitê financeiro, sempre com a emissão do respectivo recibo eleitoral, ainda que se trate de recursos próprios ou doação de bens estimáveis em dinheiro e com o depó-sito obrigatório em conta-corrente, se for o caso.

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Page 36: Apostila de Direito Eleitoral para Concursos

As fontes de arrecadação permitidas estão na Lei 9.504/97: recursos pró-prios; doação de pessoas físicas; doação de pessoas jurídicas; doação de comitês financeiros ou partidos; fundo partidário; comercialização de bens ou realização de eventos. Os recursos, sejam provenientes de quaisquer das fontes, só podem ser repassados ao candidato através de cheque ou transfe-rência bancária, título de crédito, bens e serviços estimáveis em dinheiro, e, agora, cartão de crédito.

Pode-se arrecadar recursos com a comercialização de eventos (jantares por adesão, por exemplo), devendo-se, obrigatoriamente, comunicar pre-viamente o Tribunal Regional Eleitoral (antecedência mínima de cinco dias), que poderá determinar a sua fiscalização. A comprovação da realização deve estar documentada na prestação de contas, apresentando todos os docu-mentos necessários para comprovação do gasto realizado e dos valores re-cebidos. Os recursos oriundos de eventos devem, antes da utilização, ser de-positados em conta bancária, no montante bruto arrecadado.

A Lei 9.504/97 ainda prevê as fontes vedadas para recebimento de doa-ções financeiras para a campanha eleitoral. São elas:

entidade de utilidade pública; �

entidade de classe ou sindical; �

pessoa jurídica sem fins lucrativos que receba recursos do exterior; �

entidades beneficentes e religiosas; �

entidades esportivas; �

organizações não governamentais que recebam recursos públicos; �

organizações da sociedade civil de interesse público; �

sociedades cooperativas de qualquer grau ou natureza; �

cartórios de serviços notariais e de registro. �

A Lei 12.034/2009 fez uma ressalva em relação às cooperativas; no caso dos cooperados não serem concessionários ou permissionários de serviços públi-cos e não recebam, sob nenhuma forma, recursos públicos, não há a vedação.

O uso de recursos recebidos de fontes vedadas constitui irregularidade insa-nável e causa para desaprovação das contas, ainda que o valor seja restituído.

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Page 37: Apostila de Direito Eleitoral para Concursos

É proibido também ao candidato doar, entre o registro e a eleição, a pessoas físicas ou jurídicas: dinheiro; troféus; prêmios e ajudas de qualquer espécie.

A utilização de recursos próprios do candidato não está sujeita ao limite legal de pessoa física, desde que tais recursos estejam declarados no Impos-to de Renda de Pessoa Física do ano da eleição, ficando limitado ao valor total de gastos determinado pelo partido.

Pode-se arrecadar recursos até o dia da eleição; porém, a lei admite ar-recadação posterior para quitar despesas contraídas na campanha e ainda não pagas. Todas as despesas devem estar quitadas até a data da entrega da prestação de contas.

As doações de campanha estão sujeitas a dois limites: primeiro, o limite de gastos estabelecido pelo partido para cada eleição (proporcional e majo-ritária), quando do registro de candidatura; segundo, o limite de:

no caso de pessoa física – 10% dos rendimentos brutos auferidos no �

ano anterior à eleição (conforme IRPF);

no caso de pessoa jurídica – 2% do faturamento bruto do ano anterior �

à eleição (conforme IRPJ).

No caso de recursos próprios do candidato, não existe a limitação de 10% da pessoa física, mas se mantém o limite do valor máximo de gastos estabe-lecido pelo partido e informado à Justiça Eleitoral. Ressalte-se que se o can-didato for sócio de pessoa jurídica de qualquer tipo, essa sociedade estará obrigada a respeitar o limite de 2% de doação para a campanha.

A sanção para doação acima do limite é de multa de cinco a dez vezes o valor em excesso (pessoa física), além da proibição de contratar com o Poder Público por cinco anos (pessoa jurídica).

Doação estimável em dinheiro é toda a doação que não for feita em valor pecuniário, mas em prestação de serviço, cessão de imóvel para uso na cam-panha, cessão de veículo etc. Deve-se atribuir um valor estimável à doação recebida, conforme valores de mercado, para serem incluídas na prestação de contas.

Os Tribunais Regionais Eleitorais disponibilizam listas de valores dos mais variados bens estimáveis utilizados em campanha eleitoral, com uma média de valores por região.

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(...) ESTE É UM MODELO DE DEMONSTRAÇÃO DA APOSTILA E CONTÉM APENAS UM TRECHO DO CONTEÚDO ORIGINAL. O DESENVOLVIMENTO DA MATÉRIA CONTINUA POR MAIS PÁGINAS NA APOSTILA COMPLETA, QUE VOCÊ PODERÁ OBTER EM http://www.acheiconcursos.com.br .

Page 38: Apostila de Direito Eleitoral para Concursos

Garantias e crimes eleitorais

Rogério Carlos Born

Garantias eleitorais

Prisão do eleitor, candidato e mesárioO artigo 236, caput, do Código Eleitoral prevê que

Art. 236. Nenhuma autoridade poderá, desde 5 (cinco) dias antes e até 48 (quarenta e oito) horas depois do encerramento da eleição, prender ou deter qualquer eleitor, salvo em flagrante delito ou em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda, por desrespeito a salvo-conduto.

Em caso de candidato, este prazo é elevado para quinze dias e se aplica somente para o flagrante delito (art. 236, §1.º, parte final, do Código Eleito-ral) e para os mesários é reduzido ao período dos trabalhos eleitorais (art. 236, §1.º, primeira parte, do Código Eleitoral).

Em síntese:

Entre o 15.º dia e o 6.º dia anteriores às eleições: candidatos somente �

podem ser presos em flagrante delito.

No 5.º dia anterior � e a 48.ª hora após as eleições: eleitores e candidatos (equipara-se a eleitor) somente podem ser presos em flagrante delito, em virtude de sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda, por desrespeito a salvo-conduto.

No dia da eleição: mesários somente podem ser presos em flagrante �

delito.

Porém, existem três hipóteses que autorizam a prisão do eleitor neste período.

A primeira ocorre quando os eleitores, candidatos e mesários são presos em flagrante delito, principalmente porque, se ao contrário fosse, não seria possível combater a compra de votos e a boca de urna.

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Page 39: Apostila de Direito Eleitoral para Concursos

No Código de Processo Penal, pelo art. 302,

Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:

I - está cometendo a infração penal;

II - acaba de cometê-la;

III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;

IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração.

No artigo 303, do mesmo diploma,

Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência.

A segunda hipótese são os mandatos decorrentes de sentença criminal condenatória – não havendo a necessidade do trânsito em julgado.

Assim, não alcança as modalidades de prisões provisórias aplicadas antes da sentença, como a prisão preventiva e a temporária.

Esta condenação deverá decorrer necessariamente da prática de crime inafiançável que, de acordo com o artigo 323, do Código de Processo Penal, ocorre com os crimes punidos com reclusão em que a pena mínima comina-da for superior a dois anos; contravenções tipificadas nos artigos 59 e 60 da Lei das Contravenções Penais; crimes dolosos punidos com pena privativa da liberdade, se o réu já tiver sido condenado por outro crime doloso, em sen-tença transitada em julgado; em qualquer caso, se houver no processo prova de ser o réu vadio; crimes punidos com reclusão que provoquem clamor pú-blico ou que tenham sido cometidos com violência contra a pessoa ou grave ameaça; aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormen-te concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer das obrigações a que se refere o artigo 350; em caso de prisão por mandado do juiz do cível, de prisão disciplinar, administrativa ou militar; ao que estiver no gozo de suspen-são condicional da pena ou de livramento condicional, salvo se processado por crime culposo ou contravenção que admita fiança; quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva (CPP, art. 312).

A terceira hipótese ocorre quando houver o desrespeito a salvo-conduto.

O artigo 235 do Código Eleitoral estabelece que

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Page 40: Apostila de Direito Eleitoral para Concursos

Art. 235. O Juiz Eleitoral, ou o presidente da mesa receptora, pode expedir salvo-conduto com a cominação de prisão por desobediência até 5 (cinco) dias, em favor do eleitor que sofrer violência, moral ou física, na sua liberdade de votar, ou pelo fato de haver votado.

Parágrafo único. A medida será válida para o período compreendido entre 72 (setenta e duas) horas antes até 48 (quarenta e oito) horas depois do pleito.

Um exemplo prático da aplicação do salvo-conduto ocorreu em São Paulo. Um presidente de mesa expediu um mandado ordenando que o diretor de uma faculdade que funcionava como local de votação liberasse a entrada de um veículo no estacionamento para possibilitar o acesso de um cadeirante. O dire-tor foi detido por desobediência, por se recusar a cumprir a determinação.

Força públicaNo dia da eleição, o presidente da mesa é autoridade da seção, estando

submetido apenas às ordens do juiz eleitoral.

Por isso, de acordo com o artigo 141 do Código Eleitoral, a força armada (polícia militar) deverá conservar-se a 100 metros da seção eleitoral e não poderá aproximar-se do local de votação, ou nele penetrar, sem ordem do presidente da mesa.

O artigo 238 do Código Eleitoral também veda, durante o ato eleitoral,

Art. 238. A presença de força pública no edifício em que funcionar mesa receptora, ou nas imediações, observado o disposto no art. 141.

Lei “seca”A Lei “seca” não pertence à legislação eleitoral, haja vista que se trata de

uma portaria editada pelo Secretário de Segurança Pública (Poder Executi-vo) proibindo o comércio de bebidas alcoólicas a partir da zero hora de do-mingo (dia das eleições) até zero hora de segunda-feira.

Note-se que não é proibido o consumo de bebidas alcoólicas desde que em ambientes ou festas particulares.

Essa norma constantemente é declarada inconstitucional, uma vez que é um ato normativo emanado pelo Poder Executivo que cria uma norma, o que é de competência do Poder Legislativo através de lei.

A competência para dirimir litígios relativos à Lei “seca” é da Justiça comum estadual ou distrital.

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Page 41: Apostila de Direito Eleitoral para Concursos

Justificação pelo não comparecimentoO eleitor que estiver ausente do seu domicílio deverá justificar seu voto

em qualquer local de votação do município onde se encontra, sendo vedada a justificativa no mesmo município.

Os enfermos, funcionários públicos civis e militares impossibilitados de votar em razão dos trabalhos nas eleições têm 60 dias, a partir de cada turno, para se justificarem perante o juiz eleitoral. Após esse prazo, cabe somente o pagamento de multa.

O prazo de 30 dias previsto no artigo 6.º, II, do Código Eleitoral foi derroga-do pelos artigos 7.º e 16, da Lei 6.091/74, que ampliou o prazo para 60 dias.

Os eleitores residentes no exterior tem o prazo de 30 dias, contados do ingresso em território nacional, para se justificarem perante o juiz eleitoral, munidos de documentos (em regra passaporte e passagens) que compro-vem a sua estada no exterior (art. 80, §1.º, Res-TSE 21.538/2003).

Os eleitores no exterior têm ainda a opção de imprimir um requerimento a partir da página do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (<www.tre-df.jus.br>) e encaminhá-lo junto com a cópia dos documentos ao juiz de sua zona eleitoral. Nesse caso, o carimbo da postagem serve como prova da estada no exterior.

Os brasileiros residentes no estrangeiro têm, ainda, a oportunidade de votar para presidente da República se desejarem transferir o seu cadastro para o consulado mais próximo. Nesse caso, ficará dispensado de votar para outros cargos e seu cadastro ficará vinculado à zona eleitoral do exterior, que integra a Justiça Eleitoral do Distrito Federal.

Os consulados também recebem justificativas de eleitores que ainda votam no Brasil.

Os eleitores que estão sujeitos ao cancelamento por deixar de votar ou justificar por três eleições consecutivas, para evitar o cancelamento, terão o prazo de seis meses da última eleição para comparecer perante o juiz eleitoral.

Nesse caso, não é possível a justificativa em razão do esgotamento do prazo, e o eleitor deverá necessariamente recolher a multa, exceto se for pobre na acepção legal.

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