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Curso de Administração – Bacharelado DIREITO TRIBUTÁRIO (Disciplina do 4º Semestre) Profª. Mestre Cristina Ribeiro Meira 2012

Apostila de Direito Tributário

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Curso de Administração – Bacharelado

DIREITO TRIBUTÁRIO (Disciplina do 4º Semestre)

Profª. Mestre Cristina Ribeiro Meira

2012

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Apostila de Direito Tributário – Prof.ª Ms. Cristina Ribeiro Meira Página 2

FACULDADE INTEGRADA DE SANTA MARIA

PROGRAMA DE DISCIPLINA

IDENTIFICAÇÃO DA DISCIPLINA:

CÓDIGO

NOME

(T – P)

ADM 0401

DIREITO TRIBUTÁRIO

(4 – 0)

OBJETIVOS – ao término da disciplina o aluno deverá ser capaz de:

Transmitir os fundamentos do sistema constitucional tributário e da legislação

tributária, a fim de servir de parâmetro na tomada de decisão administrativa. Conhecer os fundamentos da atividade financeira do Estado, considerando o fato que o Brasil é uma República Federativa. Conhecer a disciplina constitucional tributária e as normas gerais de direito tributário.

PROGRAMA:

TÍTULO E DISCRIMINAÇÃO DAS UNIDADES

UNIDADE 1 - CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO TRIBUTÁRIO 1.1 - Definição 1.2 - Atividade financeira do Estado 1.3 - Fontes do direito tributário 1.4 - Legislação tributária UNIDADE 2 - SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 2.1 - Competência tributária 2.2 - Capacidade tributária ativa. 2.3 - Limitações constitucionais ao poder de tributar UNIDADE 3 - TRIBUTO 3.1 - Tributo: definição, elementos do conceito, classificação 3.2 - Tipos de tributo 3.3 – Elementos do tributo: fato gerador, base de cálculo, alíquota, adicional e montante do tributo

UNIDADE 4 - IMUNIDADE TRIBUTÁRIA 4.1 – Definição e abrangência 4.2 - Distinção entre imunidade e outros institutos jurídicos 4.3 - Espécies de imunidade UNIDADE 5 – VIGÊNCIA E APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 5.1 –Vigência 5.2 – Eficácia 5.3 - Aplicação UNIDADE 6 - OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 6.1 - Definição e natureza jurídica 6.2- Obrigação principal 6.3- Obrigação acessória

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6.4 - Fato gerador 6.5 - Tipos de sujeição tributária 6.6 – Capacidade passiva 6.7 - Domicílio tributário 6.8 – Responsabilidade tributária 6.9 – Solidariedade UNIDADE 7 – LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO 7.1 - Definição e natureza jurídica 7.2 - Legislação aplicável 7.3 - Modalidades de lançamento 7.4 - Hipóteses de alteração UNIDADE 8 - CRÉDITO TRIBUTÁRIO 8.1– Definição 8.2 - Natureza Jurídica 8.3 – Autonomia 8.4 - Constituição definitiva 8.5 - Exigibilidade UNIDADE 9 - SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 9.1 – Definição 9.2 – Moratória 9.3 - Depósito do montante integral 9.4 – Parcelamento 9.5 - Concessão de medida liminar ou de tutela antecipada UNIDADE 10 - EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 10.1 – Modalidades 10.2 - Homologação do pagamento antecipado 10.3 - Prazos extintivos do crédito tributário 10.4 – Decadência 10.5 - Prescrição 10.6 - Modalidades indiretas 10.7 – Modalidades de caráter processual UNIDADE 11 - REPETIÇÃO DO INDÉBITO 11.1 - Definição e natureza jurídica 11.2 - Hipóteses de restituição UNIDADE 12 - EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 12.1– Definição 12.2– Isenção 12.3- Anistia

Data: ___/___/______ Data: ___/___/______

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Coordenador do Curso Diretor do Curso

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FACULDADE INTEGRADA DE SANTA MARIA

BIBLIOGRAFIA

IDENTIFICAÇÃO DA DISCIPLINA:

CÓDIGO

NOME

(T – P)

ADM 0301

DIREITO TRIBUTÁRIO

(4 – 0)

BIBLIOGRAFIA:

BIBLIOGRAFIA BÁSICA E COMPLEMENTAR

BIBLIOGRAFIA BÁSICA: BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de direito financeiro e tributário. 9ª ed. São Paulo: Celso Bastos Editor, 2002.

MACHADO, Hugo de Brito. Curso de direito tributário. 29ª. ed. São Paulo: Malheiros, 2008. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR: AMARO, Luciano. Direito tributário brasileiro. 14ª ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

BALLEEIRO, Aliomar. Direito tributário brasileiro. 11ª ed. São Paulo: Forense, 2006.

CAMPOS, Cândido H. Prática de planejamento tributário - Como fazer planejamento tributário. São Paulo: Quartier Latin, 2007.

COELHO, Sacha Calmon Navarro. Curso de direito tributário brasileiro. 9ª ed. São Paulo: Forense, 2008.

FABRETTI, Dilene Ramos; Fabretti, Láudio Camargo. Direito tributário para os cursos de administração e ciências contábeis. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2007.

MARTINS, Ives Grandra da Silva. Curso de direito tributário. 10ª ed. São Paulo: Saraiva, 2008.

MARTINS, Sergio Pinto. Manual de direito tributário. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2008.

MELO, José Eduardo Soares de. Curso de direito tributário. 8ª ed. São Paulo: Dialética, 2008.

GRECO, Marco Aurélio. Planejamento tributário. São Paulo: Dialética, 2004.

SABBAG, Eduardo de Moraes. Direito tributário. 9ª ed. São Paulo: Premier, 2008. Legislação: BRASIL. Código Tributário Nacional – Lei 5.172/66.

BRASIL. Constituição Federal, 1988.

Data: ___/___/______ Data: ___/___/______

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Coordenador do Curso Diretor do Curso

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UNIDADE 1 - CONCEITOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO TRIBUTÁRIO 1.1- Definição 1.2 - Atividade financeira do Estado 1.3 - Fontes do direito tributário 1.4- Legislação tributária

1.1 - DEFINIÇÃO Antes de mais nada, importa dizer que o Direito Tributário é um dos ramos do Direito Público. A divisão entre Direito Público e Direito Privado advém do Direito Romano. Direito Público para o Direito Romano eram as normas relativas aos negócios romanos. Já o Direito Privado tratava das normas referentes aos interesses particulares. Crítica: a dificuldade em se precisar com clareza as situações em que o direito assegurado pela norma jurídica é meramente privado ou exclusivamente público. No nosso sistema jurídico as normas de DIREITO PÚBLICO são caracterizadas por serem comandos cogentes, ou seja, imperativos, não deixando margem de discricionariedade ao particular – ele não pode escolher entre obedecê-las ou não – DEVE SEGUI-LAS OBRIGATORIAMENTE – PREDOMINA O INTERESSE PÚBLICO. Exemplos de ramos do Direito Público: Direito Penal, Direito Administrativo, Direito Tributário, Direito Constitucional, Direito Processual. Já o DIREITO PRIVADO se caracteriza por tratar de normas jurídicas de caráter dispositivo, ou seja, não cogente nem imperativo. Permite aos sujeitos de uma relação jurídica uma maior flexibilidade na observância das suas normas – ISTO É: PREDOMINA A AUTONOMIA DA VONTADE DAS PARTES. Exemplos de ramos do Direito Privado: Direito Comercial e Direito Civil. Historicamente falando, o Direito Tributário se originou da especialização do Estado, ou seja, quando houve o crescimento de suas obrigações para com os cidadãos (prestação de serviços como: saúde, educação, segurança, etc), o que exigiu uma fonte permanente de recursos a serem arrecadados aos cofres públicos. Assim, fez-se necessário um ramo específico da ciência jurídica que estudasse e sistematizasse os princípios e normas atinentes à obtenção de recursos estatais enquadrados no conceito de tributo – surge, então, o Direito Tributário.

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CONCEITO DE DIREITO TRIBUTÁRIO “Ramo do Direito que se ocupa das relações entre o fisco e as pessoas sujeitas a imposições tributárias de qualquer espécie, limitando o poder de tributar e protegendo o cidadão contra abusos desse poder.” (Hugo de Brito Machado) 1.2 - ATIVIDADE FINANCEIRA DO ESTADO O Estado1 tem por finalidade essencial a realização do bem comum. Visando atender às demandas que a sociedade exige o Estado busca dispor de um aparelhamento indispensável para cumprir suas atribuições constitucionais e assim executar suas atividades políticas, administrativas, econômicas, sociais, financeiras, educacionais e exercer o poder de polícia administrativo e jurisdicional. Nesse sentido, para o Estado poder desempenhar todas essas atividades, necessita buscar meios materiais. Essa atribuição de natureza patrimonial denomina-se atividade financeira do Estado. A atividade financeira é essencial para o Estado moderno, pois é por meio da despesa pública que os entes políticos atendem às necessidades básicas do cidadão. O Brasil adotou como forma de Estado o federalismo, sendo formado, conforme disposto na Constituição da República Federativa do Brasil, pela “união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal”. Acredita-se que o poder local, por se encontrar mais próximo dos problemas e por ser mais suscetível ao controle da sociedade, mostra-se mais adequado para atender aos reclamos da população. Desde a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/88), os Municípios estão concentrando cada vez mais atividades nas áreas de saúde, educação, habitação e segurança urbana, que antes eram de responsabilidade dos Estados e da União. Tal situação desequilibrou a relação entre receitas e despesas, tornando aquelas incompatíveis com a carga de compromissos assumidos, já que o aumento das responsabilidades não teve o incremento proporcional dos recursos necessários. Os entes políticos de direito público interno, dentre eles o Município, tem o poder de impor ônus financeiros aos seus administrados visando suprir as necessidades

1 Estado- o termo Estado refere-se à União, ao Estado, ao Distrito Federal e aos Municípios.

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de recursos para atendimento à despesa pública. Ele tem o poder de invadir o patrimônio dos particulares. Nesse sentido que o poder fiscal, como poder de instituir tributos, encontra sua legitimação na soberania do Estado, sendo tal poder algo que não pode ser suprimido por nele se achar a fonte necessária para o atendimento da despesa pública.

Assim os tributos constituem-se, inegavelmente, na principal fonte das receitas públicas.

A relação entre Estado e cidadãos, com o advento das conquistas dos direitos e garantias individuais, tem se mostrado mais equilibrada, apesar de ainda se configurar como uma relação de sobreposição. O tributo não é mais uma imposição exigida arbitrariamente do contribuinte; ele representa um instrumento jurídico do Estado para auferir as receitas necessárias. Sua cobrança só se justifica quando permitida por lei emanada da autoridade competente.

O poder de tributar, apesar de ser uma manifestação soberana do Estado, é limitado ao texto constitucional e legislação infraconstitucional. Para efetuar a cobrança dos tributos é necessário o cumprimento de formalidades e requisitos de certeza e exigibilidade do crédito tributário. Este, por sua vez, é constituído por meio do ato administrativo denominado lançamento.

Por força dos princípios constitucionais que garantem a ampla defesa, a lei deve oferecer ao contribuinte, na esfera administrativa, procedimento adequado que lhe garanta o direito de se opor aos lançamentos efetuados para constituição de créditos tributários. Dessa forma, para o acompanhamento desse direito, os administradores públicos utilizam-se de meios de controle.

O processo administrativo tributário funciona como instrumento de controle dos poderes reconhecidos do Fisco, evitando que sejam infringidos princípios fundamentais do Estado Democrático de Direito. Assim, tem-se no processo administrativo tributário uma forma de controle de que se vale a Administração Pública para, entre outras finalidades, reexaminar seus atos e solucionar controvérsias com os contribuintes. 1.3 - FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

- É a fonte de mais alto grau do nosso sistema político. A CF regula as competências dos entes estatais, os limites da tributação, os direitos e deveres do cidadão perante o fisco e os princípios que fundamentam a atividade tributante. - A CF não cria tributos – apenas prescreve as permissões para a sua instituição. Da mesma forma, as Emendas Constitucionais não criam tributos – apenas definem a competência para tanto, como a CF.

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LEIS COMPLEMENTARES - Não há hierarquia entre lei ordinária e lei complementar. - A lei complementar deve ser editada sempre que a constituição exigir (forma específica). - Processo legislativo – quórum de maioria absoluta – diferenciado – metade mais 1 do total dos membros parlamentares de cada casa do Congresso Nacional. - Cabe à lei complementar : dispor sobre conflito de competência, regular limitações constitucionais ao poder de tributar estabelecer normas gerais de direito tributário (definição de tributo, fato gerador, base de cálculo, contribuinte, obrigação, lançamento crédito, prescrição, decadência e cooperativas) e ainda instituir empréstimo compulsório, imposto de competência residual e fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social. - Não serve para instituir impostos estaduais. LEIS ORDINÁRIAS - Via de regra, é o veículo normativo que determina as hipóteses de incidência tributária – cria tributos. - Quórum de aprovação – maioria simples – metade mais 1 dos membros presentes na sessão no momento da votação. - Todos os entes federativos (União, Estados, DF e Municípios) podem editar leis ordinárias no âmbito de suas competências constitucionais. - Não existe supremacia entre uma lei ordinária federal e uma outra lei ordinária municipal ou estadual – isso porque o modelo de Estado brasileiro adotado é do tipo federativo, que pressupõe a autonomia dos seus entes (União, Estados, DF e Municípios). Todos possuem o mesmo status jurídico. LEIS DELEGADAS - ART. 68 da CF. - Elaboradas pelo Presidente da República que deve solicitar delegação ao Congresso Nacional. - A delegação é restrita – não pode tratar de certas matérias como: os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional, os de competência privativa da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal, a matéria reservada à lei complementar, nem a legislação sobre: organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros; nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais; planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos. A delegação ao Presidente da República terá a forma de resolução do Congresso Nacional, que especificará seu conteúdo e os termos de seu exercício. MEDIDAS PROVISÓRIAS - ART. 62 da CF.

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- Adotadas pelo Presidente da República em caso de relevância e urgência. - Têm força de lei ordinária. - Devem ser submetidas de imediato ao Congresso Nacional. - Prazo para serem convertidas em lei – 60 dias, prorrogáveis por mais 60 dias. - É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria: relativa a nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos e direito eleitoral, direito penal, processual penal e processual civil, organização do Poder Judiciário e do Ministério Público, a carreira e a garantia de seus membros, planos plurianuais, diretrizes orçamentárias, orçamento e créditos adicionais e suplementares, que vise a detenção ou seqüestro de bens, de poupança popular ou qualquer outro ativo financeiro, reservada a lei complementar, já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto do Presidente da República. - Medida provisória que implique instituição ou majoração de impostos, exceto os previstos nos arts. 153, I, II, IV, V, e 154, II, só produzirá efeitos no exercício financeiro seguinte se houver sido convertida em lei até o último dia daquele em que foi editada. TRATADOS INTERNACIONAIS - ART. 84 da CF – compete ao Presidente da República celebrar tratados e convenções internacionais – os mesmos ficarão sujeitos à competência exclusiva do Congresso Nacional para resolver definitivamente sobre eles caso acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional – ART. 49, I da CF. - Artigo 98 CNT – os tratados e as convenções internacionais revogam ou modificam a legislação tributária interna e devem ser observados pela legislação que lhes sobrevier. DECRETOS LEGISLATIVOS - De competência exclusiva do Congresso Nacional. Utilizado para introduzir no ordenamento jurídico nacional o conteúdo dos tratados e convenções internacionais firmados pelo Poder Executivo. - Após discussão e aprovação em ambas as casas do Congresso Nacional os Decretos Legislativos são promulgados pelo Presidente do Senado, sem a participação do Presidente da República. - Uma vez promulgados têm status de Lei Ordinária. 1.4 – LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA – art. 96 do CTN

Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.

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UNIDADE 2 - SISTEMA CONSTITUCIONAL TRIBUTÁRIO 2.1- Competência tributária 2.2 - Capacidade tributária ativa. 2.3 - Limitações constitucionais ao poder de tributar 2.1. Competência Tributária: Segundo a Constituição Federal de 1988, a competência para legislar em matéria tributária é concorrente:

“Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico;”

Segundo Luciano Amaro, numa federação a Constituição preocupa-se em prover de recursos os vários entes políticos (União Federal, Estados, Distrito Federal e Municípios) a fim de que cada qual possa atender aos seus respectivos gastos.

No que respeita as receitas de natureza tributária, optou a Constituição por um Sistema Misto de Partilha do produto de arrecadação.

No 1º mecanismo, o poder de criar tributos é repartido entre vários entes políticos, de modo que cada um tem competência para impor prestações tributárias, dentro da esfera que lhe é assinalada pela Constituição.

Temos assim a COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA, ou seja, a aptidão para criar tributos da UF, Estados, DF e Municípios.

Todos têm, dentro de certos limites, o poder de criar determinados tributos e definir seu alcance, obedecidos os critérios de partilha de competência estabelecidos na Constituição.

COMPETÊNCIA LEGISLATIVA CONCORRENTE:

A competência da União limita-se a estabelecer normas gerais em direito tributário o que não exclui nem a competência suplementar dos Estados e do DF nem a competência dos Municípios para legislar sobre assuntos de interesse local:

“Art. 30. Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de interesse local; II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber;”

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COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA:

É o poder atribuído pela Constituição Federal para a instituição de tributos mediante LEI.

Somente pessoas jurídicas com capacidade de legislar podem ser titulares de competência tributária o que, em nosso país, ocorre com as chamadas PESSOAS POLÍTICAS ou entes federados:

⇒ UNIÃO FEDERAL; ⇒ ESTADOS; ⇒ DISTRITO FEDERAL e ⇒ MUNICÍPIOS.

O Código Tributário Nacional assim dispõe sobre Competência Tributária: “Art. 6º. A atribuição constitucional de competência tributária compreende a competência legislativa plena, ressalvadas as limitações contidas na Constituição Federal, nas Constituições dos Estados e nas Leis Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios, e observado o disposto nesta Lei. Parágrafo único. Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas jurídicas de direito público pertencem à competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos.”

Por se tratar de uma atribuição de Poder, o exercício da competência tributária é facultativa, isto é, o ente federativo não é obrigado a instituir todos os tributos que a Constituição lhes reservou.

Entretanto, o Princípio da Responsabilidade na Gestão Fiscal, impõe o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e por meio da obediência a limites e condições no que tange à renúncia de receita (art. 1º da Lei de Responsabilidade Fiscal – LC Nº 101/2000).

“Art. 1º Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição. § 1º A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar.”

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Mitiga a faculdade de instituir tributos, prevendo até mesmo sanções orçamentárias aos entes federados que descumprem (art. 11 da LC nº 101/2000).

“Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação. Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos.”

2.2. Capacidade Tributária Ativa: A competência tributária não se confunde com a capacidade tributária ativa, que é a capacidade de figurar no PÓLO ATIVO da relação jurídica obrigacional tributária ou o poder de cobrar, exigir e fiscalizar o tributo.

O INSS, por exemplo, é uma autarquia federal com o poder de arrecadar e fiscalizar algumas contribuições sociais, mas isso não significa “competência” relativa a tais tributos, que continua sendo exclusiva da União.

DIFERENÇAS ENTRE COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA E CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA

Competência Tributária

Capacidade Tributária Ativa

Poder de instituir tributos

Poder de cobrar, exigir, fiscalizar e

arrecadar tributos

Atribuição legislativa

Atribuição executiva (administrativa)

Indelegabilidade

Delegabilidade

UF, Estados, DF e Municípios

Qualquer pessoa jurídica de direito

público que receba delegação do ente competente

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Atribuições da Constituição quanto à Competência Tributária:

UNIÃO ESTADOS E DF MUNICÍPIOS E DF II, IE IMPOSTOS IR, IPI IOF, ITR IGF

IMPOSTOS ITCMD ICMS IPVA

IMPOSTOS ITBI IPTU ISS

Empréstimo Compulsório

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----------------------------------

Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico

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------------------------------------

------------------------------------

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Contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública

Contribuição de Melhoria – Taxas – Pedágio e Contribuição para o Custeio de

Previdência e Assistência Social de Servidores Públicos

2.3. Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar: As limitações constitucionais ao poder de tributar fixam os limites dentro dos quais as imposições tributárias podem arrecadar recursos para o Poder Público, balizando a forma, a intensidade e a maneira de atuação dos fiscos.

A CF lhes reserva espaço próprio na “Seção II – Das Limitações do Poder de Tributar” no Capítulo do Sistema Tributário Nacional.

Princípios Constitucionais Tributários previstos na Constituição – arts. 150 à 152 - Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 1. Princípio da Legalidade – art. 150 I;

“I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça;”

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2. Princípio da Isonomia – art. 150, II;

“II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;”

3. Princípio da Irretroatividade – art. 150, III, “a”;

“III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado;”

4. Princípio da Anterioridade – art. 150, III, “b”;

“b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;”

5. Princípio da Anterioridade Nonagenal – art. 150, III, “c”;

“c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b;”

6. Princípio do Não-Confisco – art. 150, V;

“IV - utilizar tributo com efeito de confisco;” 7. Princípio da Não-Limitação ao Tráfego de pessoas e de bens – art. 150, V:

“V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público;”

8. Imunidade Recíproca – art. 150, VI, “a”:

“VI - instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;”

9. Imunidade dos Templos – art. 150, VI, “b”: “b) templos de qualquer culto;”

10. Imunidade dos Partidos Políticos, Sindicatos de Trabalhadores e Instituições de Educação e Assistência Social sem fins lucrativos – art. 150, VI, “d”:

“c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;”

11. Imunidade dos Livros, Jornais, Periódicos e do Papel para sua impressão – art. 150, §5º:

“d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.”

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12. Princípio da Transparência – art. 150, § 6º: “§ 5º. A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.”

13. Exigência de lei específica para a concessão de benefícios fiscais – art. 151, I:

“§ 6º. Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no artigo 155, § 2º, XII, g.”

14. Princípio da Uniformidade Geográfica – art. 151, I:

“Art. 151. É vedado à União: I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;”

15. Princípio da Não-Discriminação em razão da procedência ou do destino – art. 152:

“Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.”

UNIDADE 3 - ESPÉCIES DE TRIBUTOS 3.1- Tributo: definição, elementos do conceito, classificação 3.2- Tipos de tributo 3.3 – Elementos do tributo: fato gerador, base de cálculo, alíquota, adicional e montante do tributo

3.1- TRIBUTO: definição, elementos do conceito, classificação A) Definição:

ART. 3º DO CTN:

“Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.”

B) Elementos do conceito de tributo:

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Prestação Pecuniária: Aquela que pode ser expressa em moeda ou dinheiro. Pecúnia, do latim = dinheiro Não pode haver tributo que exija a prestação de, por exemplo, produtos (in natura) ou in labore (em trabalho). A prestação do serviço militar e do serviço eleitoral não são tributos por não serem expressos em moeda. Compulsória: O contribuinte é obrigado a pagar o tributo em virtude da relação de império que o Estado exerce sobre a sociedade no exercício de sua soberania. Ocorrido o fato gerador do tributo, o sujeito tem o dever de pagar o tributo, independentemente de sua vontade. Por essa razão que os civilmente incapazes também são obrigados a pagar tributos. Não constitui sanção de ato ilícito: Os tributos não são penas aplicadas aos contribuintes. Multas de trânsito e multas administrativas, por exemplo, não são tributos. Instituída por lei: para que o tributo seja exigido legitimamente, torna-se necessário que a lei o exija com antecedência – ou seja, que exista uma lei publicada anteriormente à data da sua entrada em vigor. Obediência aos princípios das anterioridade e da legalidade que veremos a seguir. Atividade vinculada: é aquela exercida pela autoridade administrativa em observância estrita à lei. A autoridade administrativa não possui discricionariedade para decidir sobre a conveniência e a oportunidade da realização do ato – cobrança do tributo. Ela TEM o DEVER de exigir o tributo. C) Classificação dos tributos: 1) TRIBUTO VINCULADO: é aquele cujo fato gerador relaciona-se a alguma contraprestação por parte do Estado. Ex: taxas e contribuição de melhoria. 2) TRIBUTO NÃO VINCULADO: É aquele cujo fato gerador não se vincula a nenhuma contraprestação específica por parte do Estado. Ex: impostos. 3) TRIBUTO DE ARRECADAÇÃO VINCULADA: aquele cuja arrecadação deve necessariamente ser utilizada no fim que justificou a sua arrecadação. Ex: empréstimos compulsórios e contribuições especiais. 4) TRIBUTO DE ARRECADAÇÃO NÃO VINCULADA: aqueles cujas receitas podem ser livremente utilizadas para as despesas gerais da Administração Pública, atendidos os preceitos orçamentários. Ex: Impostos.

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5) TRIBUTO FISCAL: aquele cuja finalidade principal é a de arrecadar recursos para cobrir as despesas públicas. Ex: imposto de renda, IPTU, ICMS, IPVA, ISS, contribuição de melhoria, empréstimo compulsório. 6) TRIBUTO EXTRAFISCAL: aquele cuja finalidade principal não é arrecadar recursos. Poderá ter como objetivo uma finalidade econômica (proteção da indústria nacional, controle da balança comercial, controle do câmbio, da taxa de juros) ou um fim social (desestímulo à manutenção de propriedades improdutivas). Exemplos de tributos que podem ter finalidade econômica: imposto de importação - II, imposto de exportação - IE, imposto sobre operações financeiras - IOF, imposto sobre produtos industrializados - IPI. Exemplos de tributos que podem ter finalidade social: Imposto sobre a propriedade territorial rural - ITR e imposto sobre a propriedade territorial urbana - IPTU. 7) TRIBUTO PARAFISCAL: é aquele cuja arrecadação não é destinada aos entes políticos da Federação (União, Estados, DF e Municípios). Destinam-se à manutenção de órgãos autônomos fiscalizadores de algumas profissões ou do interesse de categorias econômicas específicas. Ex: OAB, CRM, SESI, SESC, etc.

3.2 - TIPOS DE TRIBUTO: Tanto a Constituição Federal de 1988 quanto o Código Tributário Nacional assentam-se na Teoria Tripartida das espécies tributárias: - Impostos; - Taxas; A Teoria Tripartida

- Contribuições de Melhoria. distingue apenas 3 espécies de tributos

CF/88:

“Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I - impostos; II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.”

CTN:

“Art. 5º. Os tributos são impostos, taxas e contribuições de melhoria.”

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A maioria dos autores, no entanto, tende a aceitar várias espécies tributárias, estendendo o conceito também para os empréstimos compulsórios e para as contribuições em sentido amplo, tipos não previstos no CTN, mas arrolados na CF.

FIGURAS TRIBUTÁRIAS DA CONSTITUIÇÃO:

TRIBUTO NORMA 1. Imposto Arts. 153, 154, 155 e 156 2. Taxa Art. 145, II 3. Contribuição de Melhoria Art. 145, III 4. Pedágio Art. 150, V 5. Empréstimo Compulsório Art. 148 6. Contribuição Social Arts. 149, 195, I 239 e 74

do ADCT 7. Contribuição de intervenção no domínio econômico

Art. 149, caput

8. Contribuição para o custeio de previdência e assistência social de servidores públicos

Art. 149, parágrafo 1º

9. Contribuição para custeio do serviço de iluminação pública

Art. 149-A, caput

IMPOSTO:

CTN:

“Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.”

Os impostos são diferentes das taxas e das contribuições de melhoria, pois não se vincula, a qualquer contraprestação por parte da Administração Pública.

Os impostos são tributos de competência privativa, designados e atribuídos discriminadamente pela CF a cada uma das pessoas políticas (União, Estados, DF e Municípios).

A distribuição constitucional de competências para instituir tributos tem a seguinte configuração:

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- Imposto de importação de produtos estrangeiros – II; - Imposto de exportação para o exterior de produtos nacionais ou nacionalizados – IE; - Imposto de renda e proventos de qualquer natureza – IR; - Imposto de produtos industrializados – IPI; - Imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários – IOF; - Imposto sobre propriedade territorial rural – ITR; - Imposto sobre grandes fortunas – IGF; - Impostos residuais e Impostos extraordinários de guerra (art. 154 CF).

- Imposto sobre a transmissão causa mortis e doação de quaisquer bens ou direitos – ITCMD; - Imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação – ICMS; - Imposto sobre a propriedade de veículos automotores – IPVA.

- Imposto sobre propriedade predial e territorial urbana – IPTU; - Imposto sobre a transmissão inter vivos a qq título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza ou acessão física e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como a cessão de direitos e sua aquisição – ITBI; - Imposto sobre serviços de qq natureza – ISS.

TAXA: Os entes políticos podem instituir taxas em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou posto à sua disposição, com a ressalva de não poderem ter base de cálculo própria de impostos – art. 145, II e parágrafo 2º da CF/88. CTN:

“Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.

IMPOSTOS DE

COMPETÊNCIA

DA UNIÃO

IMPOSTOS DE

COMPETÊNCIA

DOS ESTADOS

E DO DF

IMPOSTOS DE

COMPETÊNCIA

DOS

MUNICÍPIOS E

DO DF

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Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspondam a imposto, nem ser calculada em função do capital das empresas.”

Assim, o Município não pode cobrar taxa para a preservação de vias federais ou estaduais, ou a União poderá cobrar taxas para a coleta do lixo urbano, pois tais serviços estão fora das competências dos pretensos sujeitos ativos. PODER DE POLÍCIA: restringe e condiciona o exercício dos direitos individuais com o objetivo de assegurar o bem-estar geral em favor do interesse público.

“Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.”

O Poder de Polícia do Estado é uma das principais manifestações de sua soberania sobre os cidadãos, uma vez que impõe limites ao exercício das liberdades individuais. Podemos fazer tudo aquilo que a lei não nos proíbe. A lei limita a liberdade do indivíduo em nome de atributos que a coletividade dá valor, como a segurança, a higiene, os costumes, etc. Ex: Qualquer cidadão pode querer abrir um açougue, porém essa liberdade encontra limites nas leis que impõem condições mínimas de higiene e conservação da carne que será posta à venda. Para que possa abrir o seu açougue o cidadão deverá requisitar um alvará à Administração Pública responsável pela fiscalização desse tipo de estabelecimento. A expedição de alvará permite que o Estado saiba da existência do açougue visando futuras fiscalizações. Assim, o objetivo da cobrança da taxa será, portanto, cobrir os custos da fiscalização que é o próprio exercício do Poder de Polícia do Estado. IMPORTANTE: a CF/88 não discrimina as taxas passíveis de serem instituídas por cada ente da federação. Porém, somente poderá instituir determinada taxa o ente responsável/competente para a fiscalização da referida atividade.

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Atuação estatal específica do poder de polícia

Ou

Prestação ao contribuinte de um serviço público

Ou

Disposição ao contribuinte do serviço público

FUNÇÃO

DIFERENÇAS ENTRE IMPOSTO E TAXA IMPOSTO TAXA

Tributo não vinculado

Tributo vinculado

Destinados a financiar as atividades gerais do Estado

Destinados a cobrir as despesas com a prestação dos serviços

Fato gerador: fato econômico relativo ao contribuinte que demonstra uma

manifestação de riqueza

Fato gerador: a prestação do serviço público ou a sua disposição ao

contribuinte

Arrecadados de toda a coletividade

Arrecadados somente daqueles contribuintes aos quais o serviço é

disponibilizado ou para aqueles que o utilizam efetivamente

Serviços ou atividades estatais gerais – INDIVISÍVEIS

Serviços ou atividades estatais específicas - DIVISÍVEIS

BASE DE CÁLCULO é a medida que permite quantificar o fato

econômico/manifestação de riqueza do contribuinte

Ex: base de cálculo do IPTU é o valor de venda do imóvel

BASE DE CÁLCULO: deve manter relação com o custo do serviço prestado e não

com a riqueza do contribuinte Ex: base de cálculo da taxa de coleta de

lixo domiciliar é fixa para todas as residências

TAXAS

Cobrir razoavelmente os custos pela manutenção dos serviços a elas vinculados, não podendo se prestar à arrecadação de recursos para outros

FATO GERADOR

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⇒ A principal característica do serviço público que o habilita a ser remunerado por meio da cobrança de TAXA é a sua DIVISIBILIDADE. ⇒ Os serviços INDIVISÍVEIS, prestados à coletividade em geral, devem ser remunerados pelos IMPOSTOS. PERGUNTA: Se o serviço é ESSENCIAL e OBRIGATÓRIO para toda a coletividade, porque remunerá-lo mediante o pagamento de TAXA e não de IMPOSTO? RESPOSTA: Porque apesar de essencial a maioria dos serviços essenciais e obrigatórios não estão disponíveis à 100% da população – seria injusto que os moradores de uma favela, por exemplo, pagassem por serviços a que não têm acesso – não usufruem.

DIFERENÇAS ENTRE TAXA E PREÇO PÚBLICO

TAXA PREÇO PÚBLICO = TARIFA

Sujeição obrigatória – não há autonomia da vontade (quer utilize ou

não o serviço que lhe é disponibilizado, o contribuinte é

obrigado a pagar)

Sujeição alternativa – a autonomia da

vontade está sempre presente (o contribuinte escolhe se vai utilizar o

serviço ou não)

Para incidir a taxa independe da

utilização do serviço

Para incidir a tarifa depende da

utilização do serviço

Remuneração devida pelo uso, potencial ou efetivo, de serviço público prestado pelo Estado

Remuneração devida pelo uso efetivo

de serviço público prestado quase sempre por empresas concessionárias

ou permissionárias

TAXA DE LIMPEZA PÚBLICA ⇒ STF sedimentou o entendimento de que esse tributo não poderia ser cobrado porque não se revestia das características da especificidade e da divisibilidade. Os Municípios, então, modificaram sua legislação criando a TAXA DE COLETA DE LIXO declarada constitucional por recentes decisões do STF.

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TAXA DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA ⇒ Também foi combatida com os mesmos argumentos que a taxa de limpeza pública. O impasse só foi resolvido com a introdução na Constituição Federal, pela Emenda nº 39/2002, da CONTRIBUIÇÃO PARA O CUSTEIO DOS SERVIÇOS DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA. FORNECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTO ⇒ É um serviço considerado ESSENCIAL, posto à disposição da coletividade para o seu bem-estar e proteção à saúde. Em razão disso É OBRIGATÓRIA A LIGAÇÃO DE TODA A CONSTRUÇÃO CONSIDERADA HABITÁVEL À REDE DE CANALIZAÇÃO DE ÁGUA E ESGOTO.

A remuneração dos serviços de água e esgoto normalmente é feita por meio da cobrança de TAXA, em razão da obrigatoriedade da ligação domiciliar à rede pública.

CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA: ART. 81 DO CTN:

“A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.”

⇒ COMPETÊNCIA COMUM da UNIÃO, dos ESTADOS, DF e dos MUNICÍPIOS.

⇒ É obrigação decorrente da valorização de bem imóvel em decorrência de obra pública, decorre do princípio que proíbe o enriquecimento sem causa.

⇒ Sem a cobrança da contribuição de melhoria os proprietários beneficiados por obra pública receberiam um acréscimo em seu patrimônio em detrimento do conjunto da população que arca com os impostos e que não receberia nada.

⇒ O ente tributante deve PROVAR o NEXO DE CAUSALIDADE entre a execução da obra pública e a valorização do imóvel – se a valorização do imóvel ocorreu por um motivo alheio à obra não cabe a cobrança da contribuição de melhoria.

⇒ DECRETO-LEI Nº 195/67 – Prevê que será devida contribuição de melhoria no caso de valorização de imóveis de propriedade privada, em razão de quaisquer das seguintes obras públicas: a) abertura, alargamento, pavimentação, iluminação, arborização, esgotos pluviais e outros melhoramentos de praças e vias públicas; b) construção e ampliação de parques, campos de desportos, pontes túneis e viadutos; c) construção e ampliação de sistemas de trânsito rápido;

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d) serviços e obras de abastecimento de água potável, esgotos, instalação de e) redes elétricas, telefônicas, transportes e comunicações ou em geral ou de suprimentos de gás, instalações de comodidade pública; f) aterros, embelezamento em geral, etc.

⇒ STJ – Entendimento pacificado de que para cada obra deverá ser feita uma lei específica que possibilite a imposição da contribuição de melhoria.

⇒ Vedado ao administrador público lançar de ofício a cobrança de contribuição de melhoria, baseado na mera ocorrência de obra e da verificação de valorização de imóveis particulares.

⇒ Exemplo de cálculo de contribuição de melhoria:

-----------------------------

Exemplo 1 Exemplo 2

Custo da Obra

R$ 50.000,00

R$ 100.000,00

Nº de imóveis beneficiados

10

10

Valorização de cada

imóvel

R$ 6.000,00

R$ 6.000,00

Total de valorização dos

imóveis

R$ 60.000,00

R$ 60.000,00

LIMITE DO VALOR DA CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA A SER

COBRADA

LIMITE GLOBAL: será utilizado como limite o valor total da obra, cujo valor é inferior ao do total de valorização dos

imóveis.

O LIMITE É O CUSTO TOTAL DA OBRA!

Divide-se o valor do custo da obra (R$ 50.000,00) pelo nº de imóveis beneficiados (10) = R$

5.000,00 (valor da contribuição de melhoria a ser

paga por cada imóvel beneficiado)

LIMITE INDIVIDUAL: será utilizado como limite o valor individual de valorização de

cada imóvel obra, cujo valor é inferior ao do custo total da

obra.

O LIMITE É O VALOR DO ACRÉSCIMO DOS IMÓVEIS!

Divide-se o valor total da valorização dos imóveis (R$

60.000,00) pelo nº de imóveis beneficiados (10) = R$

6.000,00 (valor da contribuição de melhoria a ser

paga por cada imóvel beneficiado)

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ESSES SERÃO OS VALORES MÁXIMOS A SEREM COBRADOS DE CADA UM DOS CONTRIBUINTES BENEFICIADOS – MAS A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PODE EXIGIR QUANTIAS

INFERIORES.

EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO: ⇒ ART. 148 DA CF/88:

“A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no artigo 150, III, b. Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.”

⇒ São tributos TEMPORÁRIOS que a União compulsoriamente cobra dos administrados para custear DESPESAS URGENTES, ficando obrigada a DEVOLVÊ-LOS assim que solucionar a causa que justificou a sua instituição. ⇒ A CF não vincula a instituição de empréstimo compulsório a qualquer fato ou situação jurídica relacionada com o contribuinte. Limita-se a prever MOTIVOS que não podem ser definidos como fatos geradores. Vejamos os incisos do art. 148:

“I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;” NÃO PRECISA ATENDER AO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE! Não haveria lógica que o país enfrentando calamidade pública ou guerra, tivesse que aguardar um decurso de prazo legal para poder lançar mão de recursos destinados ao enfrentamento de tragédias sociais. “II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no artigo 150, III, b.”

PRECISA ATENDER AO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE! ⇒ § único do art. 148 – A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será VINCULADA à despesa que fundamentou a sua instituição. ⇒ Caput do art. 148 – A competência para instituir esse tributo é EXCLUSIVA DA UNIÃO – através de LEI COMPLEMENTAR que deverá descrever o motivo do imposto. ⇒ CARACTERÍSTICAS QUE DIFERENCIAM ESTE TRIBUTO DOS DEMAIS:

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RESTITUÍVEL e TEMPORÁRIO.

⇒ PARALELO ENTRE O EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO E O IMPOSTO EXTRAORDINÁRIO DE GUERRA:

Imposto Extraordinário de Guerra – ART. 154, II da CF/88

Empréstimo Compulsório – Art. 148 da CF/88

Instituído por Lei Ordinária

Instituído por Lei Complementar

IRRESTITUÍVEL

RESTITUÍVEL

NÃO-VINCULADO

VINCULADO

CARACTERÍSTICAS COMUNS AOS 2 TRIBUTOS

CONTRIBUIÇÕES: ⇒ A CF/88 submete as contribuições ao regime jurídico dos tributos, impondo-lhes LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS e REGRAS GERAIS dispostas em LEI COMPLEMENTAR – isso denota a sua natureza tributária – mas não nos permite confundi-los com outras espécies tradicionais de tributos, como são os imposto, as taxas e as contribuições de melhoria. ⇒ São tributos que possuem características próprias – uma espécie AUTÔNOMA – distinta das demais – caracterizada pela sua DESTINAÇÃO.

“Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos artigos 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no artigo 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo.” “Art. 195, § 6º. As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as

COMPETÊNCIA EXCLUSIVA DA UNIÃO;

TEMPORARIEDADE; e

NÃO SE SUBMETEM AO PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE.

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houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no artigo 150, III, b.” (o art. 150, III, b, fala do princípio da anterioridade)

⇒ CONTRIBUIÇÕES PREVISTAS NA CF/88: a) Contribuição para o custeio da Seguridade Social – art. 195, 239 e 74 do ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias); b) Contribuições Sociais Residuais – art. 195, § 4º; c) Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico – art. 149; d) Contribuição de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômicas – art. 149; e) Contribuição para o Custeio do Regime Próprio de Previdência dos Servidores Públicos – art. 40 e 149, § 1º; f) Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública – art. 149-A. ⇒ REGRA GERAL – contribuições são tributos privativos da UNIÃO. ⇒ EXCEÇÃO - Contribuição para o Custeio do Serviço de Iluminação Pública

– Competência dos Municípios; - Contribuição para o Custeio do Regime Próprio de Previdência dos Servidores Públicos – Competência comum dos 3 entes federais – UNIÃO, ESTADOS E MUNICÍPIOS.

A) CONTRIBUIÇÃO PARA O CUSTEIO DA SEGURIDADE SOCIAL: ⇒ As receitas arrecadadas destinam-se ao orçamento da Seguridade Social. ⇒ Por imposição constitucional as contribuições se submetem às normas gerais de Direito Tributário e aos princípios da legalidade e da anterioridade (com regras próprias, como a do §6º do art. 195). ⇒ As receitas arrecadadas destinam-se ao orçamento da Seguridade Social – isto é, não são receitas do Tesouro Nacional – Apesar de arrecadadas e fiscalizadas pela União, as receitas das contribuições são repassadas diretamente ao caixa da Previdência Social para que não haja a violação da sua destinação constitucional.

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+ ⇒ Estas contribuições destinam-se ao financiamento dos serviços relacionados à Seguridade Social – Previdência Social, Saúde e Assistência Social e somente a União é competente para instituí-las. ⇒ Não incidem sobre receitas decorrentes de exportação, mas incidem sobre a importação de produtos estrangeiros ou serviços.

B) CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS RESIDUAIS: ⇒ art. 195, § 4º da CF/88. ⇒ Permite que a União institua outras contribuições sociais que não apenas as destinadas ao custeio da Seguridade Social – mas também para manter ou implementar a proteção de DIREITOS SOCIAIS EM SETIDO AMPLO. ⇒ Exemplos de contribuições sociais gerais: Salário-Educação e FGTS.

A CONSTITUIÇÃO FEDERAL

DE 1988 DETERMINA QUE

A SEGURIDADE SEJA

FINANCIADA POR TODA

A SOCIEDADE DE FORMA DIRETA E

INDIRETA

Mediante recursos dos orçamentos da União, dos

Estados, do DF e dos Municípios

Contribuições sociais

especificadas no corpo da CF, a

saber:

ESPÉCIES DE CONTRIBUIÇÃO PARA O CUSTEIO DA SEGURIDADE SOCIAL:

- Contrib. Social do Empregador – art. 195, I;

- Contrib. Social do Trabalhador – art. 195, II;

- Contrib. Social sobre receita de concursos e prognósticos – art. 195, III;

- Contrib. Social sobre Importação de Banes e Serviços – art. 195, IV;

- Contribuição Social para o PIS e para o PASEP – art. 239;

- Contrib. Social Provisória sobre Movimentação Financeira – CPMF – art. 74, ADCT;

- Contrib. Sociais Residuais – art. 195, § 4º.

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⇒ A UNIÃO poderá instituir contribuições para o financiamento da Seguridade Social incidentes sobre outras fontes destinadas a garantir a MANUTENÇÃO ou a EXPANSÃO da Seguridade Social – utilizando a competência prevista no art. 195, § 4º da CF/88 – desde que obedecidos os requisitos do art. 154, I da CF/88:

- Instituição por Lei Complementar; - Não-cumulatividade; - Fato gerador e base de cálculo diversos de outras contribuições sociais.

C) CONTRIBUIÇÃO DE INTERVENÇÃO NO DOMÍNIO ECONÔMICO: ⇒ art. 174, CF/88 – Possibilita a intervenção do Estado na economia como agente normativo e regulador, desde que calcado nas funções de fiscalização, incentivo e planejamento. ⇒ Na maior parte das vezes a intervenção ocorre em forma de incentivo de atividades que visam desenvolver setores específicos da economia:

“ART. 177 § 4º A lei que instituir contribuição de intervenção no domínio econômico relativa às atividades de importação ou comercialização de petróleo e seus derivados, gás natural e seus derivados e álcool combustível deverá atender aos seguintes requisitos: II - os recursos arrecadados serão destinados: a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo; b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; c) ao financiamento de programas de infra-estrutura de transportes.”

⇒ INCIDEM SOBRE A IMPORTAÇÃO DE PRODUTOS EXTRANGEIROS OU SERVIÇOS – mas não incidem sobre as receitas decorrentes de exportação. ⇒ Exemplos de contribuição de intervenção no domínio econômico: CIDE combustíveis, AFRMM – Adicional de Frete para a Renovação da Marinha Mercante, ATP – Adicional de Tarifa Portuária.

D) CONTRIBUIÇÃO DE INTERESSE DAS CATEGORIAS PROFISSIONAIS OU ECONÔMICAS:

⇒ Essas contribuições são vinculadas a entidades representativas de certos segmentos profissionais com o objetivo de custeá-las para que possam fiscalizar e regulamentar o exercício de atividades profissionais ou econômicas.

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Exemplo: Anualidades dos Conselhos Profissionais da OAB, CREA, CRM, CRC, etc. Contribuições para o SESI, SESC e SENAC. ⇒ SÃO DE CARÁTER PARAFISCAL, pois o produto da arrecadação visa financiar órgãos autônomos que não integram a máquina administrativa do Estado, mas que exercem funções de interesse público. ⇒ Sistema “S” = SESI, SESC, SEST – Esse sistema foi preservado expressamente pelo art. 240 da CF/88 que ressalvou as contribuições compulsórias dos empregadores sobre a folha de salários já existentes à época da promulgação da Carta Magna, mantendo o destino dos recursos recolhidos às entidades privadas de serviço social e de formação profissional vinculadas ao sistema sindical, sem repassá-los à seguridade social.

E) CONTRIBUIÇÃO PARA O CUSTEIO DO REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES PÚBLICOS:

⇒ Regime Próprio de Previdência Social CONTRIBUEM O ente público respectivo Os servidores ativos Os servidores inativos Os pensionistas ⇒ BENEFICIÁRIOS servidores titulares da União, dos Estados, do DF, dos Municípios, das Autarquias e das Fundações.

“ART. 40 Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. (...) § 18 Incidirá contribuição sobre os proventos de aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, com o percentual igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos.”

F) CONTRIBUIÇÃO PARA O CUSTEIO DO SERVIÇO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA:

É CONTRIBUTIVO E SOLIDÁRIO

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⇒ Introduzida pela EC nº 39/2002 a fim de contornar o entendimento do STF que considerava a taxa de iluminação pública inconstitucional por se um serviço INDIVISÍVEL e GENÉRICO. ⇒ A opção pela espécie “contribuição” para carrear fundos se deu porque o fundamento da cobrança de contribuição não é a hipótese de incidência e sim a sua finalidade – o interesse público de manter a iluminação das cidades. ⇒ COMPETÊNCIA – do Município – ART. 149-A, CF/88. ⇒ É FACULTADA SUA COBRANÇA NA FATURA DE CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA, MAS PODE VIR EM SEPARADO.

PEDÁGIO: ⇒ art. 150, V, CF/88 - “estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público;” Essa novidade atraiu a análise da doutrina para a natureza jurídica do instituto – se seria de cunho tributário, assemelhando-se a alguma espécie existente (como as taxas) - ou se seria uma espécie nova, “sui generis”. CONCORDÂNCIA DA DOUTRINA – de que é uma NOVA figura tributária, tanto que está no capítulo da Constituição que trata das limitações ao poder de tributar, como exceção a um princípio que cuida da criação de tributos. QUANTO ÀS SUAS CARACTERÍSTICAS: podemos dizer que o pedágio se assemelha a um tipo de taxa de serviço paga pela atividade estatal de conservação de estradas (entendimento do STF), bem como a um preço público, mas o mais correto é dizer que se trata de uma nova espécie tributária.

3.3 – Elementos do tributo: fato gerador, base de cálculo, alíquota, adicional e montante do tributo

* FATO GERADOR

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Denomina-se fato gerador a concretização da hipótese de incidência tributária prevista em abstrato na lei, que gera (faz nascer) a obrigação tributária. Exemplos de fatos geradores: prestar serviços (ISS; fazer circular mercadorias (ICMS); receber renda (IR), etc. O CTN o define nos arts. 114 e 115:

Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência.

Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal.

O fato gerador da obrigação tributária pode ser instantâneo, periódico, complexivo ou persistente. Fato gerador instantâneo: é o que se concretiza em um único ato. Ex: a venda de um imóvel com pagamento à vista é fato gerador do ITBI. Fato gerador periódico: é o que, embora possa ocorrer diariamente a lei determina que o montante do tributo seja apurado em determinado período. Ex: ICMS – apuração mensal; IPI – apuração decendial; PIS COFINS – apuração mensal. Fato gerador complexivo: é o que depende de uma séria de operações para se apurar a base de cálculo e o montante do tributo devido. Ex: o imposto de renda da pessoa física – para se apurar se o indivíduo realizou o fato gerador desse tributo, ou seja, se obteve renda tributável, são necessários cálculos que irão determinar a diferença entre receitas e despesas por ele recebidas durante o período compreendido entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de determinado ano. Fato gerador persistente: é o constante, que não tem um prazo certo para sua conclusão. Ex: fato gerador do imposto sobre a propriedade territorial urbana (ITR). A propriedade é um direito permanente, exercido todos os dias por seu titular. Para esse tipo de fato gerador a lei deve criar um critério artificial, ou seja, fixar uma data em que se considera ocorrido o fato gerador para fins de cálculo do tributo devido. Assim, a lei pode fixar a data de ocorrência do fato gerador em 1º de janeiro de cada exercício financeiro. O mesmo ocorre com o IPTU e o IPVA.

BASE DE CÁLCULO:

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É o valor sobre o qual se aplica a alíquota (percentual) para apurar o valor do tributo a pagar. A base de cálculo deve ser definida em lei complementar (art. 146 da CF/88). Sua alteração está sujeita aos princípios da legalidade, da anterioridade e da irretroatividade. Assim, a lei complementar deve definir com muita clareza os critérios para a determinação da base de cálculo. Como exemplo podemos citar:

a) COFINS – faturamento mensal, arts. 2º e 3º da Lei nº 9.718/98; b) IRPJ – lucro real, art. 247 do RIR (Decreto nº 3000/99).

ALÍQUOTA:

É o percentual definido em lei que, aplicado sobre a base de cálculo, determina o montante do tributo a ser pago. Sua alteração está sujeita aos princípios da legalidade, da irretroatividade e da anterioridade com exceção, quanto a sua anterioridade, dos casos previstos na própria Constituição. As alíquotas subdividem-se nas seguintes espécies: a) Alíquota específica: consiste em um valor expresso em moeda, estabelecido pela lei, aplicável sobre determinada unidade, como, por exemplo: metros cúbicos (m³), Quilos toneladas, etc. A Lei nº 10.336/01, que instituiu a CIDE sobre os combustíveis adotou alíquotas específicas, ou seja determina valor em moeda por unidade de medida adotada por lei. Ex: gasolina – R$ 860,00 por m³; diesel - R$ 390,00 por m³ etc. (arts. 5º e 9º da Lei 10.336/01); b) Alíquota ad valorem: a base de cálculo é expressa em valor monetário, sobre o qual se aplica um percentual fixado em lei para determinar o montante do tributo devido. Ex: IRPJ – 15% sobre o lucro real, presumido ou arbitrado (art. 3º da Lei nº 9.249/95); COFINS cumulativo – 3% sobre o faturamento (art. 8º da Lei nº 9.718/98).

c) Alíquota progressiva: consiste na fixação de percentuais crescentes sobre cada faixa de valor. Ex: IRPF.

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Tabelas Progressivas para o cálculo mensal do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física para o exercício de 2012, ano-calendário de 2011.

a) nos meses de janeiro a março:

Base de cálculo mensal em R$ Alíquota % Parcela a deduzir do imposto em R$ Até 1.499,15 - - De 1.499,16 até 2.246,75 7,5 112,43 De 2.246,76 até 2.995,70 15,0 280,94 De 2.995,71 até 3.743,19 22,5 505,62 Acima de 3.743,19 27,5 692,78

b) nos meses de abril a dezembro:

Base de cálculo mensal em R$ Alíquota % Parcela a deduzir do imposto em R$ Até 1.566,61 - - De 1.566,62 até 2.347,85 7,5 117,49 De 2.347,86 até 3.130,51 15,0 293,58 De 3.130,52 até 3.911,63 22,5 528,37 Acima de 3.911,63 27,5 723,95

As alíquotas incidem sobre cada faixa de rendimento.

Para facilitar o cálculo, aplica-se a alíquota correspondente ao rendimento e, do resultado obtido, se deduz a parcela que ajusta o cálculo total com as faixas anteriores de tributação progressiva.

Exemplo: salário de R$ 3.000,00 x 22,5% = R$ 675,00 – R$ 505,62 = R$ 169,38.

O IRPF a ser retido nesse caso é de R$ 169,38.

ADICIONAL:

A lei pode determinar o pagamento de um imposto adicional, que incide sobre determinado valor que ela fixar. Por exemplo: adicional do IRPJ de 10% do valor do lucro real que exceder a R4 20.000,00 (mensal), §3º, do art. 542, do RIR.

MONTANTE DO TRIBUTO: É o resultado obtido pela aplicação da alíquota sobre a base de cálculo.

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Exemplo: IRPJ sobre o lucro real: IR 15% x lucro real de R$ 100.000,00 = R$ 15.000,00. O montante de IRPJ nesse caso será de R$ 15.000,00. UNIDADE 4 - IMUNIDADE TRIBUTÁRIA 4.1– Definição e abrangência 4.2- Distinção entre imunidade e outros institutos jurídicos 4.3 - Espécies de imunidade 4.1 – Definição: Imunidades são limitações à competência tributária dos entes políticos, firmadas exclusivamente no corpo da CF, que visam proteger situações jurídicas e pessoas da incidência de certos tributos. Imunidades, quando definidas no corpo da CF impedem que as normas tributárias incidam sobre as situações descritas – os termos utilizados da CF é que não observaram a boa técnica jurídica. O correto teria sido dizer “são imunes” e não “isentos”. Abrangência – várias espécies tributárias, além dos impostos - CF/88 menciona imunidades de taxas e de contribuições sociais.

4.2 - Distinção entre imunidade e outros institutos jurídicos:

» Não incidência – é a não submissão de certa situação a uma norma tributária, independentemente de lei que a preveja. Regra geral: a não incidência é definida por exclusão – toda a situação fática que não se enquadra na descrição do fato gerador é uma hipótese de não incidência. Já a previsão de não incidência nos textos legais é uma Exceção: quando ocorre é chamada de “não incidência legalmente qualificada”. Exemplo: uma lei prevê que um tributo incidirá sobre as hipóteses A, B e C, subentende-se, então, que as situações D, E e F não estarão sujeitas à tributação. Contudo, se por uma questão de segurança jurídica, o legislador entender que a situação “x” é bastante semelhante à hipótese A, ele poderá prever expressamente que aquele tributo não incidirá na situação “x” = isso eliminará qualquer possibilidade de interpretação contrária – será então uma hipótese de não incidência legalmente qualificada. » Isenção – Algumas previsões de imunidade feitas na Constituição foram feitas como se fossem ISENÇÕES CONSTITUCIONAIS, mas foi uma impropriedade jurídica do legislador constitucional, consoante o exemplo abaixo:

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Exemplo: art. 184, § 5º CF/88: “São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.” O correto teria sido dizer: “São imunes...” O nome não importa – se a previsão está no texto constitucional é IMUNIDADE e não isenção. Toda previsão de não tributação abaixo da CF será ISENÇÃO.

RESUMINDO:

IMUNIDADE Impede que os tributos incidam sobre as

situações descritas no texto da CF NÃO INCIDÊNCIA É toda situação fática que não se enquadra

na descrição do fato gerador de um tributo

ISENÇÃO É a previsão de que aquela situação ou

pessoa será isenta do pagamento de tributo – ele incide, mas não será cobrado.

4.4 – Espécies de imunidade:

A) Imunidade Recíproca:

“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) VI - instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;”

Essa é a mais antiga das exonerações constitucionais tributárias – foi instituída na 1ª Constituição da fase republicana do Brasil, em 1891. É baseada no pressuposto que afasta a submissão entre as diversas esferas poder político que compõem uma Federação.

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“Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.”

A autonomia político-administrativa do ente federativo impede que ele se submeta à tributação de outro ente, pois não há relação de subordinação jurídica entre eles já que se encontram num patamar de igualdade incompatível com o poder de império que é o que rege a tributação. IMPORTANTE – são imunes o patrimônio, a renda e os serviços dos entes federados – isso não afasta a tributação indireta (IPI, ICMS, ISS, etc) incidente sobre as operações de aquisição de bens e serviços por esses mesmos entes. Exemplo: venda de automóvel para um município – incidem IPI e ICMS, recolhidos pelo vendedor e pelo fabricante.

≠ Exemplo: Aplicação de recursos de uma Prefeitura no mercado financeiro – imunidade do art. 150, VI, CF/88 – à ausência de norma vedando as operações financeiras na espécie, é de se reconhecer estarem elas protegidas pela imunidade prevista pela CF/88 por serem renda produzida por bens patrimoniais do ente público. ATENÇÃO!!! Somente os tributos não-vinculados às ações estatais específicas – COMO OS IMPOSTOS – são abrangidos pela regra das imunidades recíprocas. Os tributos vinculados – taxas, contribuições de melhoria e contribuições sociais – não são abrangidos pela imunidade recíproca, motivo pelo qual os Estados, a União, o DF e os Municípios poderão instituí-los uns sobre os outros.

“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: VI - instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; § 2º. A vedação do inciso VI, a, é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às leis decorrentes. § 3º. As vedações do inciso VI, a, e do parágrafo anterior não se aplicam ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de pagar imposto relativamente ao bem imóvel.”

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RESSALVA – O entendimento do STF é de que mesmo que haja o pagamento de preços ou de tarifas pelo usuário, há que se discernir a prestação de serviço público da exploração econômica tal como os empreendimentos privados. A Empresa Brasileira de Correio e Telégrafos goza de imunidade recíproca, pois é prestadora de serviço público de prestação obrigatória e exclusiva do Estado, motivo pelo qual está abrangida pela imunidade recíproca.

B) IMUNIDADE DOS TEMPLOS: ART. 150, VI, “b”, CF/88:

“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) VI - instituir impostos sobre: (...) b) templos de qualquer culto;”

A palavra “templo” é utilizada como sinônimo de instituição e não alude restritivamente ao prédio em que são celebrados os ritos englobando também casa paroquial cemitérios religiosos, terrenos utilizados para o estacionamento da instituição. A imunidade dos templos visa preservar a religião da influência do Estado (separação entre o Poder Público e qualquer culto religioso.

“Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;”

ALCANCE DA NORMA – não se restringe somente aos impostos sobre o patrimônio, renda e serviços vinculados às atividades essenciais. Engloba também quaisquer imposto que gravar o patrimônio da entidade como, por exemplo, o Imposto Sobre Operações Financeiras – IOF.

C) IMUNIDADE DOS PARTIDOS POLÍTICOS E DE SUAS FUNDAÇÕES, DAS ENTIDADES SINDICAIS DOS TRABALHADORES, DAS ENTIDADES DE EDUCAÇÃO E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL SEM FINS LUCRATIVOS:

“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...)

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VI - instituir impostos sobre: (...) c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;”

Abrangem o patrimônio, a renda e os serviços relacionados com as finalidades essenciais ou delas decorrentes – MAS DE FORMA AMPLA. Súmula 724 do STF: Ainda quando alugado à terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, “c” da Constituição desde que o valor dos alugueis seja aplicado nas atividades essenciais de tais entidades. C.1) IMUNIDADE DOS PARTIDOS POLÍTICOS E DE SUAS FUNDAÇÕES: Os partidos políticos, que só adquirem personalidade jurídica na forma da lei civil, devendo registrar seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral, são tidos como instrumentos essenciais para a preservação do Estado Democrático de Direito e da representação popular. O gozo da imunidade é condicionada aos mandamentos constitucionais e complementares: ART. 17 DA CF/88:

“Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos: I - caráter nacional; II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes; III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei. § 1º. É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento, devendo seus estatutos estabelecer normas de fidelidade e disciplina partidárias. § 2º. Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. § 3º. Os partidos políticos têm direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na forma da lei. § 4º. É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar.”

ART. 14 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL:

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“Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas: I - não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas rendas, a título de lucro ou participação no seu resultado; II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção dos seus objetivos institucionais; III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão. § 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a autoridade competente pode suspender a aplicação do benefício. § 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º são exclusivamente os diretamente relacionados com os objetivos institucionais das entidades de que trata este artigo, previsto nos respectivos estatutos ou atos constitutivos.”

C.2) IMUNIDADE DAS ENTIDADES SINDICAIS DOS TRABALHADORES: Novidade trazida pela CF/88; Atente-se para o fato de que os sindicatos patronais não se aproveitam dessa exoneração. C. 3) IMUNIDADE DAS INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO E DE ASSISTÊNCIA SOCIAL, SEM FINS LUCRATIVOS: Conceito de Assistência Social dado pela CF/88:

“Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: Ver Jurisprudência I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.”

Conceito de Educação da CF/88:

“Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”

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O constituinte subtraiu da tributação essas instituições devido a sua UTILIDADE e o seu INTERESSE SOCIAL. Contudo, para usufruírem da imunidade prevista na Constituição, além dos requisitos gerais já elencados, devem ser estatuídas como instituições sem fins lucrativos.

NÃO TER FINS LUCRATIVOS ≠ NÃO TER LUCROS Não é vedado a essas instituições auferir receitas para o seu funcionamento mediante cobrança pela prestação de seus serviços. O que não pode ocorrer é a distribuição dos lucros auferidos ou a reversão do patrimônio dessas instituições às pessoas que a criaram. Exige-se que a aplicação dos resultados econômicos positivos reverta em benefício da própria instituição. C.4) IMUNIDADE DOS LIVROS, JORNAIS, PERIÓDICOS E PAPEL DE SUA IMPRESSÃO: ART. 150, VI, “d”, CF/88:

“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) VI - instituir impostos sobre: (...) d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.”

Essa previsão consta nas Constituições desde 1946 e visa defender a liberdade de imprensa tão agredida no período ditatorial de Getúlio Vargas, que se utilizava dos ardis fiscais para obrigar os meios de comunicação a apoiá-lo. Manipulava as cotas de importação de papel jornal e os impostos incidentes sobre elas. Os meios de comunicação, os autores, os vendedores e os distribuidores não são alcançados pela exoneração. Objetos abrangidos – livros, jornais, periódicos – englobam também outros meios digitais de disseminação da informação escrita. No conceito de papel destinado à impressão, encontram-se certos insumos como discrimina a Súmula 657 do STF – filmes e papéis fotográficos – necessários à publicação de jornais e periódicos.

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D) IMUNIDADES DE TAXAS E DE CONTRIBUIÇÕES: A imunidade tributária estende-se a outros tributos além dos impostos – abrange as taxas e as contribuições. A imunidade recíproca não alcança as taxas, pois ao definir esse tipo de exoneração o art. 150, VI da CF/88, veda aos entes políticos a instituição de impostos tão somente. A doutrina majoritária reconhece haver normas de imunidade de outros tipos tributários que não os impostos, esparsos no texto constitucional: Imunidades de taxas previstas na CF/88:

“Art. 5º (...) XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;” (...) LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos; (...) LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nascimento; b) a certidão de óbito; LXXVII - são gratuitas as ações de habeas-corpus e habeas-data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.” “Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I - ensino fundamental obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria;” “Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. § 1º. O casamento é civil e gratuita a celebração.” “Art. 230. § 2º. Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.”

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“Art. 149. Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas, observado o disposto nos artigos 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no artigo 195, § 6º, relativamente às contribuições a que alude o dispositivo. (...) § 2º As contribuições sociais e de intervenção no domínio econômico de que trata o caput deste artigo: I – não incidirão sobre as receitas decorrentes de exportação;” “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (...) II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o artigo 201; (...) § 7º. São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei.”

E) IMUNIDADES ESPECÍFICAS DOS IMPOSTOS:

a) Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI - ART. 153, §3º, III, CF/88: o IPI não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior.

“Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: (...) IV - produtos industrializados; (...) § 3º. O imposto previsto no inciso IV: (...) III - não incidirá sobre produtos industrializados destinados ao exterior.”

b) Imposto Territorial Rural – ITR - ART. 153, § 4º, II, CF/88:

“Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre: (...)

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VI - propriedade territorial rural; (...) § 4º. O imposto previsto no inciso VI terá suas alíquotas fixadas de forma a desestimular a manutenção de propriedades improdutivas e não incidirá sobre pequenas glebas rurais, definidas em lei, quando as explore, só ou com sua família, o proprietário que não possua outro imóvel.”

c) Imposto sobre circulação de bens e serviços – ICMS - ART. 155, X, “a”, CF/88:

“X - não incidirá: a) sobre operações que destinem mercadorias para o exterior, nem sobre serviços prestados a destinatários no exterior, assegurada a manutenção e o aproveitamento do montante do imposto cobrado nas operações e prestações anteriores; b) sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica; c) nas prestações de serviço de comunicação nas modalidades de radiodifusão sonora e sons e imagens de recepção livre e gratuita.”

d) Imposto Sobre Serviços – ISS - ART. 156, §3º, II, CF/88:

“Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre: (...) § 3º. Em relação ao imposto previsto no inciso III, cabe à lei complementar: (...) II - excluir da sua incidência exportações de serviços para o exterior.”

e) Imposto Sobre Transmissão Inter Vivos de Bens Imóveis – ITBI - ART. 156, §2º, I, CF/88:

“§ 2º. O imposto previsto no inciso II: I - não incide sobre a transmissão de bens ou direitos incorporados ao patrimônio de pessoa jurídica em realização de capital, nem sobre a transmissão de bens ou direitos decorrente de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for a compra e venda desses bens ou direitos, locação de bens imóveis ou arrendamento mercantil;”

f) Quaisquer Impostos

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- ART. 184, §5º, CF/88: As operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária serão imunes a incidência de qualquer imposto.

“§ 5º. São isentas de impostos federais, estaduais e municipais as operações de transferência de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária.”

UNIDADE 5 – VIGÊNCIA E APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 5.1– Vigência 5.2 – Eficácia 5.3 - Aplicação 5.1 – Vigência: Lei vigente, ou lei em vigor, é aquela suscetível de aplicação desde que presentes os fatos que correspondam à sua hipótese de incidência – Pressupõe que tenha sido validamente editada. Celso Ribeiro Bastos: “A lei vigente é a lei pronta e acabada”. Vigência é, portanto, a validade formal da norma – a qualidade advinda de sua feitura conforme as regras técnico-jurídicas previstas no devido processo legislativo. A lei está em vigor no momento em que se completam os trâmites para a sua formação; em regra, com a sanção do Poder Executivo e a publicação no órgão oficial. A validade formal exige que a norma seja promulgada por autoridade competente. O Poder Judiciário não participa do processo de aprovação da lei, mas quando provocado pode decretar sua invalidade em razão de ter ofendido lei superior hierarquicamente ou descumprido requisito formal para sua elaboração. Enquanto isso não ocorre, a lei goza de presunção de validade. Publicada a lei é preciso identificar o momento em que ela passa a ter vigência e até quando vigorará, bem como o espaço em que irá viger. Isso depende da análise das regras de aplicação da lei no espaço e no tempo. A vigência da lei condiciona sua eficácia, isto é, a produção de seus efeitos. O art. 101 do CTN trata do assunto da seguinte maneira:

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“A vigência, no espaço e no tempo, da legislação tributária rege-se pelas disposições legais aplicáveis às normas jurídicas em geral, ressalvado o previsto neste Capítulo.”

O CTN prevê normas especiais a par das normas gerais aplicáveis a todo o ordenamento que são dispostas na Lei de Introdução ao Código Civil – Lei 4.657/42:

“Art. 1º. Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada. § 1º. Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. § 2º. A vigência das leis, que os Governos Estaduais elaborem por autorização do Governo Federal, depende da aprovação deste e começará no prazo que a legislação estadual fixar. § 3º. Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação. § 4º. As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.” “Art. 2º. Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. § 1º. A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. § 2º. A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior. § 3º. Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência.”

a) VIGÊNCIA ESPACIAL: Regra Geral: A lei tributária só deve vincular os fatos geradores ocorridos no território do ente tributante, respeitando a repartição constitucional de competências tributárias – PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE DAS LEIS – é um princípio universal, seguido tanto no Direito Internacional quanto no Direito Interno. Exceção à regra do Princípio da Territorialidade das Leis Tributárias - ART. 102 DO CTN:

“A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, no País, fora dos respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam extraterritorialidade os convênios de que participem, ou do que disponham esta ou outras leis de normas gerais expedidas pela União.”

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Esse artigo possibilita a extraterritorialidade “interna” da legislação tributária para o caso de Convênios e de Normas Gerais expedidas pela União. b) VIGÊNCIA TEMPORAL: A lei tributária, assim, como outras leis, começa a vigorar 45 dias depois de oficialmente publicada, salvo se houver disposição em contrário. Essa é a regra geral para todas as leis no Brasil, prevista na Lei de Introdução ao Código Civil – art. 1º - válido para todo o território nacional. VACATIO LEGIS – Intervalo entre a data da publicação do texto da lei e a sua entrada em vigor. Ocorre quando o início da vigência é postergada para data futura e certa ou pendente de evento futuro e incerto. Já o CTN prevê as regras especiais destinadas somente às leis tributárias, vejamos: ART. 103 DO CTN:

“Salvo disposição em contrário, entram em vigor: I - os atos administrativos a que se refere o inciso I do artigo 100, na data da sua publicação; II - as decisões a que se refere o inciso II do artigo 100 quanto a seus efeitos normativos, 30 (trinta) dias após a data da sua publicação; III - os convênios a que se refere o inciso IV do artigo 100 na data neles prevista.”

O Código Tributário Nacional previu, ainda, o Princípio da Anterioridade, que deve ser observado no que tange à vigência temporal das leis tributárias:

“Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia do exercício seguinte àquele em que ocorra a sua publicação os dispositivos de lei, referentes a impostos sobre o patrimônio ou a renda: I - que instituem ou majoram tais impostos; II - que definem novas hipóteses de incidência; III - que extinguem ou reduzem isenções, salvo se a lei dispuser de maneira mais favorável ao contribuinte, e observado o disposto no artigo 178.”

Porém, esse rol deve ser compatibilizado com a atual CF/88 que ampliou o alcance do Princípio da Anterioridade para abranger todos os tributos:

“Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: (...) III - cobrar tributos:

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(...) b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou;”

A vedação dirige-se à instituição ou à majoração de tributos – caso a lei não agrave a cobrança – ou seja, se reduzir ou terminar com o tributo, não há que se falar em desrespeito ao Princípio da Anterioridade. A CF/88 abre exceções ao Princípio da Anterioridade, permitindo que alguns tributos possam ser cobrados no mesmo ano da publicação da lei que os institua ou aumente:

TRIBUTOS QUE EXCETUAM O PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE: - Empréstimo Compulsório para despesas extraordinárias por motivo de calamidade pública ou de guerra declarada ou iminente - Imposto de Importação - Imposto de Exportação - Imposto Sobre Produtos Industrializados - Imposto Sobre Operações Financeiras - Impostos Extraordinários de Guerra - ICMS - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico - Contribuição para a Seguridade Social

Princípio da Anterioridade Nonagenal: Emenda Constitucional nº 42/2003 – aperfeiçoou o texto constitucional do art. 150, III, “b”, que trata do Princípio da Anterioridade, exigindo, em regra, que todas as leis tributárias instituidoras ou majoradoras de tributos tenham um período de vacância de pelo menos 90 dias a contar de sua publicação. ART. 150, III, “c”, CF/88: Contudo, a CF/88 abre exceções ao Princípio da Anterioridade Nonagenal, permitindo que alguns tributos possam ser cobrados antes de passados 90 dias da publicação da lei que os institua ou aumente:

TRIBUTOS QUE EXCETUAM O PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE NONAGENAL: - Empréstimo Compulsório para despesas extraordinárias por motivo de calamidade pública ou de guerra declarada ou iminente - Imposto de Importação - Imposto de Exportação - Imposto Sobre Operações Financeiras

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- Impostos Extraordinários de Guerra - Imposto de Renda – IR - Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores – IPVA (base de cálculo) - Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana – IPTU (base de cálculo) Interessante notar que o IPI não se submete à regra da anterioridade “geral”, mas deve obedecer à anterioridade “nonagenal”. 5.2 - Eficácia da lei tributária: Eficiência significa aquilo que produz resultados. Eficácia é, portanto, a aptidão que a norma deve ter para que produza os efeitos que lhe são próprios. A Eficácia sempre depende da Vigência. Não existe eficácia sem vigência, mas pode existir vigência sem eficácia. As normas tributárias, para terem eficácia, devem se compatibilizar com o texto constitucional. Isso exige que superem as chamadas LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR, previstas na Seção II do Capítulo I – Do Sistema Tributário Nacional – arts. 150 à 152 da Constituição Federal de 1988. As agressões legislativas ao texto constitucional atraem a sanção da inconstitucionalidade da norma – via controle concentrado ou difuso. Relacionados com a vigência das normas tributárias estão 2 limitações constitucionais ao Poder de Tributar dos entes políticos, os quais já conhecemos:

Princípio da Anterioridade e Princípio da Anterioridade Nonagenal.

Eles condicionam a EFICÁCIA DAS LEIS TRIBUTÁRIAS ao fator TEMPO.

Isso porque mesmo com a vigência da lei estipulada em seu próprio texto, sua eficácia dependerá da COMPATIBILIDADE entre o seu conteúdo legal e as exigências constitucionais, que poderão postergar as exigibilidades contidas na lei

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para momento futuro, adequado aos Princípios da Anterioridade e da Anterioridade Nonagenal. Pode haver, portanto, determinada lei tributária com vigência mas sem eficácia. Exemplo prático: Certo Município promulga uma lei aumentando a alíquota do ITBI em 01/06/2009, com os tradicionais dizeres “esta lei entra em vigor na data da sua publicação”. No dia seguinte, tal lei estará vigendo. Entretanto, por afrontar o Princípio da Anterioridade, somente terá eficácia para os fatos geradores ocorridos a partir de 01/01/2010. Durante o intervalo de 01/06/2009 à 31/12/2009 a lei vige, mas ainda não é eficaz, pois não supriu o fato tempo exigido pela Constituição Federal. Até a data prevista para que sua eficácia seja plena, continua tendo eficácia a LEI ANTIGA. ESQUEMA: 01/06/2009 – Promulgação da lei municipal que aumenta a alíquota do ITBI Entrada em vigor da lei. 01/01/2010 – Data a partir da qual a lei adquire eficácia 5.3 - Aplicação da lei tributária: É no momento exato da ocorrência do fato gerador que se estabelece o vínculo relacional da obrigação tributária entre Sujeito Ativo (ente tributante) e Sujeito Passivo (contribuinte). Para o CTN:

Art. 144 - O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, anda que posteriormente modificada ou revogada.

Lapso de tempo durante o qual a lei será VIGENTE, mas SEM EFICÁCIA – Permanece tendo eficácia a lei anterior, que apesar de REVOGADA (não mais vigente), continua a regular os fatos tributários ocorridos até o início do exercício financeiro subseqüente.

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É da lei de regência do fato gerador que devem ser extraídas as conseqüências jurídicas e os efeitos normais da relação tributária, tais como:

- Extensão da responsabilidade; - Tipificação tributária; - Bases de cálculo; - Alíquotas aplicáveis.

As regras de aplicação da lei tributária são um desdobramento do Princípio da Irretroatividade das Leis na seara tributária. Ou seja, mesmo que à data do Lançamento a lei vigente à data do fato gerador já esteja revogada, deve-se respeitar a sua ULTRATIVIDADE. Pressupostos Jurídicos para a aplicação da norma tributária:

- Lei vigente; - Lei eficaz; - Ter se realizado concretamente o fato que se enquadra no conceito abstrato da norma – subsunção.

O CTN regula a aplicação da lei tributária de 2 formas:

APLICAÇÃO IMEDIATA E RETROATIVA. Aplicação Imediata: Segundo o CTN:

Art. 105: A legislação tributária aplica-se imediatamente aos fatos geradores futuros e aos pendentes, assim entendidos aqueles cuja ocorrência tenha tido início mas não esteja completa nos termos do art. 116.

FATO GERADOR PENDENTE: aquele em curso, que ainda não se completou. É uma expressão que é merecedora de críticas. Luciano Amaro critica a expressão “fato gerador pendente” dizendo que o texto do art. 105 do CTN merece reparo.

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O autor diz que no passado se pretendeu que as normas do Imposto de Renda, incidentes sobre fato gerador periódico (correspondente ao ano civil), poderiam ser editadas até o final do ano para se aplicar à renda formada do 1º ao último dia do período. O art. 105 do CTN pretendia endossar esse entendimento. Para o autor essa aplicação retrooperante da lei nunca teve respaldo constitucional. Para Luciano Amaro, se o fato dito pendente for gerador de tributo e sua ocorrência já tiver tido início, a lei tributária posterior a essa data que pretender atingi-lo estará sendo retroativa. Mesmo que abstraíssemos o Princípio da Anterioridade, a lei editada após ter tido início o período de formação da renda, se aplicada para gravá-la estaria lançando efeitos sobre o passado. Para o autor, a lei só poderia se estender a fatos futuros – ou seja – obedecendo-se ao Princípio da Irretroatividade. Apesar disso o STF possui uma antiga Súmula sobre o assunto:

Súmula 584: Ao IR calculado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-se a lei vigente no exercício financeiro em que deve ser apresentada a declaração.

Aplicação Retroativa: Um dos princípios sustentáculos do Direito Moderno e das Garantias Fundamentais do Cidadão é a IRRETROATIVIDADE DAS LEIS – amparada na segurança jurídica. REGRA GERAL: A lei só se aplica a fatos ocorridos após o termo inicial de sua vigência e muito excepcionalmente alcança fatos ocorridos no passado, desde que não cause gravame aos limites constitucionais do ato jurídico perfeito, da coisa julgada e do direito adquirido e das limitações constitucionais ao poder de tributar. O CTN admite a aplicação retroativa da lei tributária nas seguintes hipóteses (art. 106 do CTN): 1º) EM QUALQUER CASO:

a) quando seja expressamente interpretativa;

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b) quando excluir a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados;

2º) TRATANDO-SE DE ATO NÃO DEFINITIVAMENTE JULGADO:

a) quando deixe de defini-lo como infração; b) quando deixe de tratá-lo como contrário a qualquer exigência de ação ou

omissão, desde que não tenha sido fraudulento e não tenha implicado falta de pagamento do tributo;

c) quando comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo de sua prática.

A segunda hipótese se trata de influência do Princípio do Direito Penal previsto no art. 5º XL da CF/88, segundo o qual “a lei penal não retroagirá salvo para beneficiar o réu” – os reflexos desse princípio, por se tratar de matéria relacionada a penalidades, se aplica ao Direito Tributário Penal, tendo sido absorvido pelo CTN. UNIDADE 6 - OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 6.1 - Definição e natureza jurídica 6.2- Obrigação principal 6.3- Obrigação acessória 6.4- Fato gerador 6.5 - Tipos de sujeição tributária 6.6 – Capacidade passiva 6.7 - Domicílio tributário 6.8 – Responsabilidade tributária 6.9 – Solidariedade 6.1 - Definição e natureza jurídica: No Direito Tributário a Obrigação e o Crédito não são dois aspectos de uma mesma relação jurídica, como no Direito Privado. O CTN aparta Obrigação e Crédito como momentos distintos da relação jurídico-tributário: Obrigação é a primeira a surgir, com a ocorrência do Fato Gerador tal como descrito em lei; Crédito surge posteriormente, com o Lançamento, que torna a obrigação exigível, transformando-a em crédito tributário.

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OBRIGAÇÃO Direito Privado Direito Tributário

= Crédito ≠ Crédito O Crédito nasce juntamente com a

Obrigação (confundem-se) Nasce primeiro a obrigação, com o

fato gerador, depois o crédito, com o lançamento

As obrigações podem originar-se de diversas fontes:

a) Legais; b) Contratuais – oriundas de atos de vontade; e c) Decorrentes de atos ilícitos.

A obrigação tributária é de natureza pública, calcada no princípio da legalidade tributária, que impõe seja esta originária somente da lei – obligatio ex lege – portanto. Natureza jurídica ex lege: Dizer que uma obrigação é ex lege, isto é, que deriva da lei, não a diferencia juridicamente de outras modalidades obrigacionais, pois mesmo aquelas decorrentes de atos de vontade assentam-se indiretamente nas leis – nas normas do Código Civil, por exemplo. Mas, obrigações há que, além da previsão legal, dependem na manifestação de vontade da pessoa que a ela se vincula. Este não é o caso das obrigações ex lege, que nascem independentemente da vontade ou até do conhecimento daqueles que a esta relação submetem-se. Quem recebe uma herança, por exemplo, pode vir a ser considerados contribuinte do imposto de transmissão causa mortis sem sequer saber da existência desse tributo e, caso tenha ciência dessa subsunçlão, mesmo assim não poderá furtar-se a ser sujeito passiva da relação, baseando-se em sua vontade própria. É que o fato gerador da obrigação tributária não leva em conta a manifestação de vontade para que se complete: esta é abstraída daquele. Exatamente por essa razão, a capacidade civil das pessoas naturais ou a situação regular das pessoas jurídicas são fatores indiferentes para que a lei perfaça a sujeição tributária passiva (CTN art. 126).

Todavia, existem obrigações tributárias que derivam da prática de atos contrários ao direito.

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Nesse caso, que diz respeito a penalidades, o ilícito é elemento essencial na formação da obrigação. Exemplos clássicos:

a) No CTN, art. 208:

“A certidão negativa expedida com dolo ou fraude, que contenha erro contra a Fazenda Pública, responsabiliza pessoalmente o funcionário que a expedir, pelo crédito tributário e juros de mora acrescidos.”

b) Na CF/88: ART. 182, § 4º:

“É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: (...) II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;”

O ART. 113 do CTN classifica as obrigações tributárias em duas categorias:

“Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. § 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente. § 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos. § 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente a penalidade pecuniária.”

TIPO ORIGEM OBJETO

Principal

Lei/Fato Gerador

Pagamento de tributo ou

penalidade pecuniária (obrigação de dar)

Acessória

Legislação Tributária

Prestações positivas ou negativas no interesse da arrecadação ou

da fiscalização dos tributos (obrigações de fazer, não fazer,

tolerar)

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6.2 - Obrigação principal: A atividade do Estado é financiada diretamente pela arrecadação de tributos, dentre outras fontes de recursos. Assim, a relação jurídica tributária por excelência é aquela que vincula o Estado-credor ao cidadão-devedor, fazendo com que este transfira àquele, obrigatoriamente, patrimônio, convertido, quase sempre em espécie, para que o Poder Público realize seus fins. O CTN, contudo, alarga essa definição para alcançar, também, na relação jurídica tributária dita principal, que se refere à obrigação de dar, não só o pagamento de tributos, mas também o pagamento de penalidades. Assim, não é o carrear tributos que atribui o status de PRINCIPAL a esse tipo de obrigação, mas sim o carrear patrimônio para o Estado, seja ele tributo ou penalidade pecuniária. O conteúdo da obrigação tributária principal é sempre patrimonial, seu objeto é o pagamento de tributo ou de penalidade pecuniária. Nisso se diferencia da obrigação tributária acessória, cujo conteúdo, visto adiante, é de FAZER e não de DAR. Sua fonte mediata é a LEI, mas suas fontes imediatas – concretas, são os fatos geradores das respectivas obrigações ou a ocorrência de infrações. Note-se que como ao asseverar que “a obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador”, o CTN, sem seu art. 113, § 1º, consagra que o lançamento tributário tem caráter declaratório da obrigação e constitutivo do crédito, como será aprofundado quando tratarmos do lançamento tributário. 6.3 - Obrigação acessória: É obrigação tributária de cunho não-patrimonial. NATUREZA JURÍDICA – é obrigação de fazer lato sensu, abrange também o NÃO FAZER e o TOLERAR as atividades desenvolvidas pelo Poder Público no interesse da Administração tributária. As obrigações acessórias mais conhecidas são: - as de emissão de notas fiscais; - inscrição em cadastros de contribuintes;

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- prestação de declarações fiscais Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais - DCTF

Guia de Recolhimento do FGTS

Informações à Previdência – GFIP

Declaração de isento do IR

- Prestação de informações requeridas pelo Fisco; - Manutenção de escrita contábil. De acordo com os arts. 175, § único, e 194, § único, ambos do CTN, mesmo os casos de anistia, isenção e imunidade não dispensam o cumprimento das obrigações acessórias nem afastam o alcance da legislação correspondente.

Art. 175. Excluem o crédito tributário: I - a isenção; II - a anistia. Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações acessórias, dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela conseqüente. Art. 194. A legislação tributária, observado o disposto nesta Lei, regulará, em caráter geral, ou especificamente em função da natureza do tributo de que se tratar, a competência e os poderes das autoridades administrativas em matéria de fiscalização da sua aplicação. Parágrafo único. A legislação a que se refere este artigo aplica-se às pessoas naturais ou jurídicas, contribuintes ou não, inclusive às que gozem de imunidade tributária ou de isenção de caráter pessoal.

Isso revela seu CARÁTER AUTÔNOMO, pois mesmo não existindo obrigação principal a ser adimplida, pode haver obrigação acessória a ser cumprida.

O exemplo clássico é o dos isentos de impostos sobre circulação de mercadorias, que, mesmo assim, vêem-se obrigados a emitir notas fiscais das operações correspondentes e a manter a escrituração fiscal em dia. “CONVERSÃO” EM OBRIGAÇÃO PRINCIPAL - Segundo o CTN:

Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória. (...)

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§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecuniária.

Na verdade não se trata de uma “conversão”, que, como escrito, deveria ser automática.

O que ocorre é o fato gerador da penalidade, que concede ao fisco o direito de lançar um crédito tributário contra o infrator: a multa.

Isso só ocorrerá caso haja a verificação posterior da ocorrência do fato, sendo proposta a penalidade cabível, como exige o art. 142, parte final, do CTN:

Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.

O TRIBUTO, como sabido, NÃO SE CONFUNDE COM A PENALIDADE, A SANÇÃO DO ATO ILÍCITO.

Ao estabelecer a conversão em obrigação principal, não quis o CTN misturar esses institutos; quis apenas assegurar ao fisco o mesmo regime jurídico para a cobrança de ambos, que se tornam, indistintivamente, crédito tributário.

6.4 - Fato gerador: É a ocorrência, no mundo dos fatos, da hipótese prevista na lei.

O CTN prevê para cada espécie de obrigação uma definição apropriada de fato gerador:

Obrigação

Fato Gerador

PRINCIPAL

Situação definida em lei como necessária e suficiente à

sua ocorrência

ACESSÓRIA

Qualquer situação que, na forma da legislação

aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal

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MOMENTO DA OCORRÊNCIA DO FATO GERADOR: Segundo o art. 116 do CTN, salvo disposição em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos de acordo com o quadro abaixo:

Situação

Momento da ocorrência do fato gerador

DE FATO

Desde o momento em que se verifiquem as circunstâncias

materiais necessárias à produção dos efeitos que normalmente lhe são próprios

DE DIREITO

Desde o momento em que esteja definitivamente

constituída, nos termos do direito aplicável

Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário, considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os seus efeitos: I - tratando-se de situação de fato, desde o momento em que se verifiquem as circunstâncias materiais necessárias a que produza os efeitos que normalmente lhe são próprios; II - tratando-se da situação jurídica, desde o momento em que esteja definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável.

Exemplo de SITUAÇÃO DE FATO: saída de mercadorias do estabelecimento, para o ICMS, caso em que se mostra irrelevante para a incidência desse imposto, saber se ocorreu ou não alguma situação jurídica que pudesse amparar a pretensão fiscal, como a compra e venda. Mera saída da mercadoria é fato que suporta a tributação. Exemplo de SITUAÇÕES DE DIREITO: impostos sobre a propriedade imobiliária urbana e rural – IPTU e ITR – nesses casos o fisco deve perquirir se há situação que permita a tributação, qual seja: a propriedade, a posse ad usucapionem ou o domínio útil, todas situações jurídicas definidas como fato gerador desses tributos nos arts. 29 e 32 do CTN, respectivamente. Se o vínculo for de outra natureza, como a mera detenção ou a locação do imóvel, não dará ensejo a que o fisco cobre do detentor ou do locatário o tributo devido, pois não se encaixa na situação jurídica descrita na lei.

6.5 - Tipos de sujeição tributária:

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A) Sujeito Ativo: CONCEITO: ART. 119 do CTN O sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da competência para exigir o seu cumprimento, que não deve ser confundido com o ente competente para instituir o próprio tributo – art. 6º CTN. O ente competente para instituir o tributo pode até mesmo editar lei nomeando outra entidade para compor a relação tributária na condição de titular do direito subjetivo, ou seja, transferindo a capacidade tributária ativa. Essa transferência de titularidade, porém, só pode ser feita para pessoa jurídica de direito público interno descrita no art. 41 do Código Civil: Pessoas Jurídicas de Direito União Federal Público Interno Estados, DF e Territórios Municípios Autarquias (incluindo as associações públicas)

Demais entidades de caráter público criadas por lei

Essa restrição do texto legal impede, por exemplo, que a fiscalização de tributos sejas terceirizada para empresas particulares. Um exemplo de sujeito ativo distinto do ente tributante é o do INSS, sujeito ativo de certas contribuições sociais, cujo ente político instituidor é a própria União Federal. Cabe ao sujeito ativo a iniciativa de administrar o tributo, desenvolvendo todas as atividades necessárias a tal mister, como lançar, fiscalizar, arrecadar e cobrar, administrativa e judicialmente os tributos. Quanto à cobrança, vale salientar que o sistema tributário não permite pluralidade de credores de uma mesma obrigação tributária, ou seja, INEXISTE SOLIDARIEDADE ATIVA TRIBUTÁRIA. A solidariedade passiva, contudo, é prevista, como veremos adiante.

B) Sujeito Passivo: CONCEITO: Depende do tipo de obrigação:

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Da obrigação tributária Pessoa obrigada ao

pagamento de Principal tributo ou penalidade

pecuniária Sujeito Passivo - Da obrigação Pessoa obrigada às prestações

Tributária que constituam o seu objeto Acessória

SUJEITO PASSIVO DA OBRIGAÇÃO PRINCIPAL: A estrutura do art. 121 do CTN, § único que define a sujeição passiva referente à obrigação tributária também é dual: CONTRIBUINTE: Sujeição passiva direta – quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador. Contribuinte é o aspecto subjetivo do fato gerador, aquele que, em princípio, praticou a ação descrita como núcleo do fato gerador. Aquele a quem pode ser imputado a autoria do fato imponível. É quem compra, quem aufere renda, exporta mercadoria, enfim, quem realiza concretamente o fato tributável. Em o devedor do tributo – também denominado de sujeito passivo direto ou originário. E, na maioria dos casos, será também o responsável direito pelo cumprimento da exação – o que só mão ocorrerá quando a lei transferir o ônus para um terceiro – o RESPONSÁVEL TRIBUTÁRIO. RESPONSÁVEL: Sujeição passiva indireta – quando sem se revestir da condição de contribuinte, sua obrigação decorre da disposição expressa da lei. Pode ser um sucessor ou um terceiro vinculado ao fato gerador, respondendo solidária ou substitutivamente pelo tributo. Como se trata de uma figura jurídica de suma importância para a regulação tributária, o Cód. Tributário Nacional reserva-lhe texto específico e abrangente – arts. 128 à 138 – que será adiante discutido no ponto “Responsabilidade Tributária”. DA NÃO OPOSIÇÃO DE CONVENÇÕES PARTICULARES CONTRA O FISCO: ART. 123 do CTN

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Não é vedado que alguém contrate com outrem a responsabilidade particular por determinado tributo. Ex: é plenamente válido que num contrato de aluguel, p pagamento do IPTU seja atribuído ao locatário, a despeito da lei tributária indicar como contribuinte o proprietário-locador. O que é vedado é que essa obrigação seja oposta aos interesses fazendários. No exemplo dado, o proprietário não pode, caso o locatário não pague p imposto, alegar que a responsabilidade não é sua, já que o contrato assim dispõe e requerer que o fisco cobre do locatário a exação. Ou seja, o pacto só vale entre as partes, não produzindo efeitos jurídicos que permita, deslocar a sujeição passiva tributária. No caso acima descrito o proprietário deve adimplir (pagar) a obrigação com o fisco e cobrar do locatário, nas vias privadas próprias, o adimplemento do contrato com o ressarcimento de seu “prejuízo”. 6.6 - Capacidade passiva: É a aptidão para ser Sujeito Passiva da obrigação tributária. Uma pessoa será considerada devedora de um tributo com a simples ocorrência do respectivo fato gerador. NÃO SE LEVA EM CONSIDERAÇÃO A ILEGITIMIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO SOB ANÁLISE – tributando-se mesmo as atividades ilícitas. A sujeição tributária passiva (contribuinte – solidário – responsável) NÃO SE CONDICIONA À REGULARIDADE FORMAL DE SEUS INTEGRANTES, NEM DEPENDE DA CAPACIDADE CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS.

A capacidade tributária passiva INDEPENDE:

DA CAPACIDADE CIVIL DAS PESSOAS NATURAIS: O Código Tributário Nacional optou pela independência entre a capacidade civil das pessoas físicas e a sua capacidade tributária – ou seja – optou pelo CARÁTER ECONÔMICO DA CAPACIDADE TRIBUTÁRIA PASSIVA – exatamente porque ela independe da vontade daqueles que realizam o fato gerador.

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A Capacidade Passiva é, portanto, ex lege, ou seja, deriva tão somente da lei, motivo pelo qual os INCAPAZES que auferem renda são tributados pelo IR; os INCAPAZES que circulam mercadorias são tributados pelo ICMS; os INCAPAZES proprietários de imóveis são contribuintes de IPTU e ITR, por exemplo.

SE ACHAR A PESSOA NATURAL SUJEITA A MEDIDAS PRIVATIVAS OU LIMITATIVAS DO EXERCÍCIO DE ATIVIDADES CIVIS, COMERCIAIS OU PROFISSIONAIS:

O médico cujo registro profissional foi cassado pelo conselho de classe e que mesmo assim exerce clandestinamente a profissão, é contribuinte do IR e do ISS. O preso que mantém propriedades não deixa de ser contribuinte dos impostos sobre o patrimônio por estar privado de sua liberdade.

DE ESTAR A PESSOA JURÍDICA REGULARMENTE CONSTITUÍDA, BASTANDO QUE CONFIGURE UMA UNIDADE ECONÔMICA OU PROFISSIONAL:

São passíveis de tributação: - As sociedades não personificadas – que possuem atos constitutivos, mas que não foram inscritos nos registros competentes (art. 986 do Cód. Civil); - As sociedades irregulares – que funcionam transgredindo ou não preenchendo formalidades legais; e - As sociedades de fato – formadas por simples acordo de vontade entre pessoas, sem registro de contrato ou firma. 6.7 - Domicílio tributário: A definição de domicílio tributário é de extrema importância prática para a Administração dos tributos, pois se trata do local onde as comunicações e as auditorias fiscais são realizadas e onde, normalmente, são arquivados os Livros Fiscais e a Escrita Contábil. Antigamente, a definição de domicílio era de muito mais importância para os contribuintes, pois era também considerado o local de pagamento dos tributos, já que as estruturas fazendárias contavam com os chamados “coletores de impostos”. Hoje, com o progresso, cabe ao contribuinte, regra geral, dirigir-se aos bancos credenciados para efetuar o pagamento dos tributos.

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Regra geral do domicílio tributário – é o de eleição pelo sujeito passivo, seja pelo contribuinte ou pelo responsável. Somente na falta de eleição é que o art. 121 do CTN considera como domicílio: I – DAS PESSOAS NATURAIS: a residência habitual ou, se incerta ou desconhecida, o centro habitual de sua atividade: II – DAS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO: o lugar da sede ou, em relação aos atos ou fato que deram origem à obrigação, de cada estabelecimento; III - DAS PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO: qualquer de suas repartições do território da entidade tributante.

NA IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO DESSAS REGRAS OU NA RECUSA DO DOMICÍLIO ELEITO PELO FISCO:

Considera-se domicílio tributário o lugar da situação dos bens ou da ocorrência dos fatos geradores das respectivas obrigações. § 2º do art. 127 do CTN – pode a autoridade administrativa recusar o domicílio eleito quando este impossibilitar ou dificultar a arrecadação ou a fiscalização do tributo, considerando o domicílio tributário o lugar da situação dos bens ou da ocorrência dos fatos geradores das obrigações respectivas – a recusa, como qualquer ato administrativo, deve ser fundamentada. 6.8 - Responsabilidade tributária:

A responsabilidade tributária é o fenômeno segundo o qual um terceiro que não seja contribuinte, ou seja, não tenha relação direta e pessoal com o fato imponível gerador da obrigação principal, está obrigado, em caráter supletivo ou não, em sua totalidade ou parcialmente, ao pagamento ou cumprimento da obrigação.

Note-se, todavia, que a despeito de não ter relação íntima com a conduta descrita na norma tributária impositiva da obrigação principal, para ser responsável é necessária a existência de algum liame entre o sujeito responsável e o fato imponível. Ou seja, a lei não pode eleger qualquer pessoa como responsável tributário, mas somente pessoa que, não tendo relação direta e pessoal, possua

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algum tipo de vínculo com a pessoa do contribuinte ou a situação descrita como fato gerador da obrigação2. Somente assim justifica-se a responsabilidade.

Responsabilidade do sucessor:

A lei determina que é responsável tributário o sucessor pelos tributos devidos pelo contribuinte até a data do respectivo ato que importe em sucessão. Vale salientar que o art. 129 do CTN, inobstante a confusa redação, esclarece ser relevante para a sucessão a data da ocorrência do fato imponível que, ainda que haja lançamento posterior, deverá ter ocorrido antes do ato de sucessão.

Daí advertir-se o CTN quanto aos créditos constituídos ANTES ou APÓS a data sucessória desde que se refiram a Fato Gerador ocorrido até aquele momento que marca a assunção do ônus tributário do antigo devedor do sucessor.

O CTN enumera quem são os responsáveis tributários por sucessão. Assim entendido:

A) ADQUIRENTE DE BEM IMÓVEL: ART. 130 e § único CTN Em caso de aquisição de imóveis os créditos tributários deles oriundos: Regra Geral: Subrogam-se na pessoa do adquirente (Ex: IPTU, ITR, Taxas, Contrib. Melhoria) Exceção: se constar do título a prova da quitação. Não se subrogam se arrematados em hasta pública. O Código utiliza o termo ADQUIRENTE em sentido amplo, referindo-se àqueles que incorporam imóvel em seu patrimônio por variados meios: compra e venda, doação, etc. que exprimem uma relação jurídica entre adquirente e o antigo proprietário, possuidor ou titular útil. Na arrematação em hasta pública realizada pelo Poder Público para saldar dívidas em execução judicial a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço. E mesmo que este seja insuficiente para cobrir o débito tributário, o arrematante não se responsabiliza pelo saldo, que deve ser cobrado do antigo proprietário.

2 Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.

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O arrematante não é responsável tributário e recebe o imóvel livre e desembaraçado de qualquer ônus. Prova da quitação dos tributos – geralmente uma Certidão Negativa de Crédito (CND) p pode conter omissões relativas a crédito que não sejam de seu conhecimento no momento da expedição da CND – o Fisco mantém a possibilidade de cobrá-las, mas só poderá fazê-lo em relação ao antigo proprietário em razão de o adquirente eximir-se dessa responsabilidade. B) ADQUIRENTE OU REMITENTE DE BEM IMÓVEL: ART. 131, I do CTN – Direcionado aos adquirentes e remitentes de bens imóveis. REMITENTE: é aquele que resgata o bem onerado ou em execução conforme regulado pelos art. 787 a 790 do CPC que tratam da remição que é o direito de preferência dado ao cônjuge, ao descendente, ou ao ascendente do devedor para remir bens penhorados ou arrecadados no processo de insolvência, depositando o preço por que foram alienados ou adjudicados. A remição é mais uma garantia dada pelo ordenamento à proteção dos bens familiares, possibilitando aos parentes recuperá-los mesmo se já arrematados, bastando, para tanto, igualar o preço ofertado no prazo de 24 horas. C) SUCESSÃO CAUSA MORTIS: Art. 131, II e III, CTN – Tratam dos tributos devidos pelo de cujus ou pelo espólio. São casos de sucessão causa mortis, pois a assunção do patrimônio assim como do ônus tributário, advém do falecimento, pois é nesse momento que se considera aberta a sucessão, cujo efeito é a transmissão do patrimônio imediata da herança aos herdeiros legítimos e testamentários – art. 1784 do Código Civil. ---------------╽------------------------╽---------------------> De cujus Espólio Sucessores Falecimento Sentença (Abertura da Sucessão) (Partilha ou Adjudicação) O CTN elege o espólio como responsável pelas dívidas cujos fatos geradores tenham ocorrido até a data do falecimento do de cujus. Já na fase do inventário – intervalo entre o falecimento e a partilha – a sujeição passiva do espólio passa a ter a natureza híbrida, dupla, pois este é tido como responsável pelas dívidas deixadas pelo falecido e como contribuinte de suas

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próprias dívidas que são aquelas cujos fatos geradores ocorram após a abertura da sucessão, isto é, após o falecimento do de cujus. ART. 1792, Cód. Civil – Na sucessão causa mortis há a LIMITAÇÃO DA RESPONSABILIDADE porque os encargos assumidos pelos sucessores não podem ultrapassar o montante reservado a cada um, o chamado quinhão hereditário. Assim, a herança pode transferir dívidas, mas não pode transferir somente dívidas. Se os bens e direitos legados forem de valor inferior aos débitos, estes não serão assumidos pelos sucessores. A dívida tributária, nesse caso, deverá ser tida como EXTINTA pela impossibilidade de cumprimento da obrigação que a despeito da ocorrência corriqueira, não é contemplada no CTN. DATA BASE DO NASCIMENTO DA OBRIGAÇÃO PARA EFEITOS DE ATRIBUIÇÃO DA RESPONSABILIDADE: ART. 129, CTN – O Código refere os créditos constituídos antes e depois da data sucessória desde que se refiram a fatos geradores ocorridos até aquele momento que marca a substituição do ônus tributário do antigo devedor pelo sucessor. D) SUCESSÃO EMPRESARIAL: ART. 131, CTN – Trata da extinção da pessoa física ART. 132, CTN – Direcionado às pessoas jurídicas cuja responsabilidade recai sobre seus sucessores no caso de fusão, transformação, incorporação e cisão. Sucessão empresarial no caso de extinção: § único do art. 132, do CTN - Estende a responsabilidade por sucessão aos casos de extinção da pessoa jurídica de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual. Não importa a forma assumida pela entidade que continua a exploração. Art. 126, III, CTN – capacidade tributária independe da pessoa jurídica estar regularmente constituída.

Responsabilidade de terceiros: Funda-se no abuso de confiança e na falta de zelo pelo patrimônio de outrem.

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O CTN subdivide em: - Responsabilidade Subsidiária – art. 134 - Responsabilidade Exclusiva ou Pessoal – art. 135 RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA (ART. 134, CTN): Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este, nos casos em que intervierem ou pelas omissões de que sejam responsáveis:

1º Contribuinte 2º Responsáveis Filhos menores Pais

Tutelados e Curatelados Tutores e Curadores Terceiros Administradores de Bens Espólio Inventariante

Massa Falida Síndico e Comissário Tributos oriundos de atos notariais Notários Liquidação da sociedade de pessoas Sócios

Muito embora o texto fale em responsabilidade SOLIDÁRIA, na verdade quis dizer SUBSIDIÁRIA, pois estabelece uma ordem a ser seguida para a cobrança das obrigações: 1º DO CONTRIBUINTE ORIGINÁRIO; 2º DO RESPONSÁVEL – e somente se for impossível cobrar do contribuinte originário. Impõe-se à Fazenda Pública o ônus de demonstrar a impossibilidade de cobrar do contribuinte, seja porque não há mais patrimônio suficiente, ou porque não mais existe. Mas a mera insolvência não permite a transferência do encargo aos responsáveis – a norma impõe outra condição – que tenha havido a OMISSÃO ou INTERVENÇÃO dos próprios responsáveis nos atos resultante da obrigação. § único do art. 134, CTN RESPONSABILIDADE PESSOAL (ART. 135 CTN): são pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poder ou infração de lei, contrasto social ou estatutos: - as pessoas referidas no art. 134; - mandatários, prepostos e empregados;

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- diretores, gerentes e representantes de pessoas jurídicas de direito privado (além de sócio-gerente). A responsabilidade aqui é EXCLUSIVA. Impede que qualquer pretensão fiscal seja exigida do contribuinte originário. O responsável deve adimplir o total dos créditos havidos de atos por ele praticados. O contribuinte é EXONERADO da relação tributária – daí porque se falar em SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. RESPONSABILIDADE PESSOAL DOS SÓCIOS: há que se perquirir sobre poderes de gerência quando praticados atos com excesso de poder ou infração de lei, contrato social ou estatuto. A dissolução da empresa acarreta a responsabilidade pessoal dos sócios-gerentes pelas dívidas da sociedade, permitindo que seus bens pessoais sejam executados para a quitação dos débitos fiscais da sociedade. A responsabilidade, nesse caso, não se limita à proporção da participação do sócio no capital social.

Responsabilidade por infrações: Art. 136, CTN – REGRA GERAL: A responsabilidade por infrações à lei tributária não depende da vontade do agente ou do responsável, nem da efetividade, da natureza ou da extensão dos efeitos do ato praticado – ou seja – OCORRE COM O MERO DESCUMPRIMENTO DAS NORMAS TRIBUTÁRIAS. Trata-se de RESPONSABILIDADE OBJETIVA, que permite que a penalização seja transmissível à terceiros. Art. 137, CTN – EXCEÇÃO: Responsabilidade pessoal do agente. 6.9 - Solidariedade:

Há solidariedade quando, na mesma obrigação, concorre mais de um credor, ou mais de um devedor cada um com direito ou obrigado, respectivamente à dívida toda – art. 264, Código Civil. Diz-se solidariedade ativa quando mais de um credor pode exigir a prestação integral como se fosse único credor.

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E solidariedade passiva quando havendo vários devedores cada um responde pela dívida inteira, como se fosse único devedor. Pode-se caracterizar as obrigações solidárias como aquelas em que há:

a) Pluralidade de devedores e/ou credores; b) Unicidade da obrigação; c) Co-responsabilidade dos interessados.

O Código Civil regula no âmbito privado os efeitos da solidariedade passiva, definindo-o como “o direito do credor exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum” – arts. 275 a 285. E também os efeitos da solidariedade ativa (art. 267 a 274) quando cada um dos credores solidários tem direito a exigir do devedor o cumprimento da prestação por inteiro. No Direito Tributário, diferentemente, não há espaço para a solidariedade ativa entre entes tributantes, existindo somente a previsão da solidariedade passiva entre os contribuintes ou responsáveis – art. 124 CTN. PESSOAS SOLIDARIAMENTE OBRIGADAS: As que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal, bem como as que são expressamente designadas por lei. a) SOLIDARIEDADE POR INTERESSE COMUM: Aplica-se a norma geral prevista no Código Civil. Nesse caso, haverá solidariedade mesmo que a lei específica não a preveja. A doutrina enxerga nesse inciso apenas a solidariedade entre contribuintes cujo interesse comum tem origem na sua vinculação direita com o fato gerador do tributo. Isso se verifica corriqueiramente nos casos de condomínio ou composse, nas relações jurídicas tributárias originadas da incidência de impostos sobre o patrimônio. Exemplo: No ITR devido por uma fazenda com vários proprietários, presume-se a solidariedade entre eles, competindo ao Fisco o poder de cobrar a dívida inteira de um ou de todos os proprietários, indistintivamente. É somente nesse caso que a solidariedade poderá ser presumida – quando alcance mais de 1 pessoa como sujeito passivo direto, contribuinte da obrigação tributária.

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Nos demais casos, assim como na responsabilidade, A SOLIDARIEDADE NÃO SE PRESUME, resultando expressamente da lei – o que é, aliás, regra geral encartada no Código Civil – art. 265. b) SOLIDARIEDADE DE DIREITO: É aquela expressamente designada por lei, que, para conferir maiores garantias ao crédito tributário, por determinar a solidariedade mesmo entre pessoas que não tenham interesse comum na situação que configura o fato gerador. Entretanto, essa determinação não pode ser arbitrária, alcançando pessoas que não tenham participado ou concorrido, mesmo que indiretamente para a realização do fato previsto na hipótese de incidência, pois a tentativa legal de repassar a carga tributária a terceiro que seja completamente alheio à situação fática revela-se em desacordo com os princípios constitucionais tributários. BENEFÍCIO DE ORDEM: § único do art. 124, CTN A solidariedade tributária não comporta benefício de ordem. Assim, a escolha, pelo credor, de quem será cobrado a dívida, tida por uma e integral, é discricionária, podendo efetuar-se de maneira mais cômoda ao fisco: sobre um, sobre alguns ou todos, ao seu arbítrio. Exemplo: Havendo 2 devedores solidários, um rico, outro pobre, não poderá este alegar situação de menos valia de seu patrimônio se comparado ao do outro devedor, para se eximir da pretensão creditória, requerendo ao fisco que cobre 1º do devedor mais rico – não pode intentar que a Fazenda Pública siga uma ordem na cobrança seja ela qual for – 1º o de maior patrimônio ou 1º o sócio com maior percentagem no capital social, etc.) EFEITOS DA SOLIDARIEDADE Salvo disposição de lei em contrário, são os seguintes os efeitos da solidariedade: ART. 125 CTN: - O pagamento efetuado por um dos obrigados aproveita aos demais; - A isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados, salvo se outorgada pessoalmente a um deles, substituindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais, pelo saldo; - A interrupção da prescrição, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou prejudica aos demais.

Efeitos da Sujeição

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OBJETIVOS: se referem ao trato da dívida em si que se paga, perdoa ou isenta, alcança todos os devedores indistintamente. SUBJETIVOS: referem-se aos benefícios fiscais que podem ser concedidos em caráter pessoal exonerando, no caso, ape4nas o devedor solidário alcançado pela norma graciosa. Exemplo: No caso do IPTU, havendo condomínio indiviso sobre um imóvel com vários proprietários, sendo um deles idoso, caso haja uma lei isentando o pagamento do tributo somente para os idosos (caráter pessoal), os demais co-proprietários não serão alcançados pela norma, subsistindo solidariedade pelo saldo devido. INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO: Código Civil: a interrupção operada contra co-devedor não prejudica aos demais co-obrigados – art. 204, Código Civil. Código Tributário Nacional: a interrupção do prazo prescricional da pretensão tributária, em favor ou contra um dos obrigados, favorece ou prejudica aos demais devedores solidários. UNIDADE 7 – LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO 7.1 - Definição e Características do Lançamento 7.2 - Legislação aplicável 7.3 - Modalidades de lançamento 7.4 - Hipóteses de alteração 7.1 – Definição e Características do Lançamento: O CTN define da seguinte forma o Lançamento:

“Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível. Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.”

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Características do Lançamento: a) Competência privativa da autoridade administrativa: O crédito tributário somente se constitui com a intervenção da Administração Tributária? Isto é, só há possibilidade de cobrança pelo Fisco se um servidor público constituir formalmente o crédito? De fato NÃO – na maioria das relações jurídicas tributárias é o próprio sujeito passivo que faz o lançamento, sem a prévia participação, anuência ou sequer conhecimento dos agentes fazendários. É o que ocorre maciçamente nos tributos ditos homologados – IPI, ICMS ISS. Mas, apesar dessa realidade a doutrina assevera que o CTN firma a necessidade de um lançamento posterior, privativo do Poder Público, quando se dá a HOMOLOGAÇÃO, seja EXPRESSA, com a intervenção efetiva do agente administrativo, seja tácita,quando a lei condiciona sua eficácia ao simples decurso do prazo, considerando homologado, isto é, realizado o lançamento, nos termos do art. 150 do CTN. b) Ato ou procedimento administrativo: Há uma grande discussão doutrinária sobre se o lançamento é ATO ou PROCEDIMENTO. A maioria dos doutrinadores adotam a 1ª corrente – de que o lançamento é um ATO JURÍDICO e não um PROCEDIMENTO, como expressamente consigna o art. 142 do CTN. Muitos lançamentos consistem no resultado de um PROCEDIMENTO, mas com ele não se confundem. O Procedimento não é da essência do lançamento que pode ser um ato isolado, independente de qualquer outro. c) Verificação da ocorrência do fato gerador: A 1ª função do agente administrativo é verificar se há perfeita adequação do fato em análise com a definição legal. Isto é, estabelecer uma correspondência rigorosa entre a ocorrência concreta, localizada no tempo e no espaço, e a descrição hipotética legal. Isso se chama de SUBSUNÇÃO – que é a identidade entre o FATO GERADOR, concreto, e a HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA, normativa, para ter como ocorrido o nascimento da obrigação tributária, que enseja, posteriormente, o ato de lançamento.

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d) Determinação da matéria tributável: É a atitude reflexa e posterior à identificação do fato gerador que, uma vez ocorrido, ainda assim, pode não ser supor fático da tributação, já que exonerações legais podem, por ventura, afastar do caso concreto a pretensão fiscal. Ex: Isenções. e) Cálculo do montante do tributo devido: O cálculo do montante devido nem sempre é necessário uma vez que tributos fixos, como taxas, prescindem da matemática para serem calculados, bastando ao Fisco apontar o valor previsto em lei. Nos demais casos, quando é necessária a determinação da base de cálculo e da alíquota aplicável torna-se premente o cálculo matemático do montante do tributo. f) Identificação do sujeito passivo: É requisito fundamental para completar a relação jurídica que só se aperfeiçoa com seus dois pólos definidos: Ativo – Credor Passivo – Devedor Consiste na indicação do nome da pessoa natural ou jurídica que deve arcar com o ônus tributário a título de contribuinte ou responsável. g) Aplicação da penalidade cabível: O crédito tributário – constituído pelo LANÇAMENTO – diz respeito à OBRIGAÇÃO PRINCIPAL, que envolve tanto o tributo quanto a penalidade pecuniária pelo descumprimento da obrigação. h) Atividade vinculada e obrigatória: Atividade Vinculada – é a que deve respeitar estritamente os pressupostos da legalidade, tanto no que respeita à forma, quanto ao conteúdo do ato administrativo. Obrigatória – pois o dever os agentes fiscais ante a identificação de fatos geradores tributários é proceder ao lançamento obrigatoriamente, sob pena de se submeterem a sanções penais e administrativas de responsabilização funcional. i) Expressão monetária do lançamento: Muitas vezes a base de cálculo do tributo é expressa em moeda estrangeira, como é praxe na importação de mercadorias ou serviços do exterior, cujo preço, normalmente, é ditado em moeda de curso internacional, como o DÓLAR ou o EURO. Nesse caso, há que ser feita a CONVERSÃO CAMBIAL para que o crédito tributário seja lançado.

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“Art. 143. Salvo disposição de lei em contrário, quando o valor tributário esteja expresso em moeda estrangeira, no lançamento far-se-á sua conversão em moeda nacional ao câmbio do dia da ocorrência do fato gerador da obrigação.”

REGRA SUPLETIVA – pois a Lei ordinária pode dispor de forma em contrário – como, por exemplo, que a conversão se dê com a taxa de câmbio do dia do efetivo recolhimento do tributo ou do dia do lançamento. 7.2 - Legislação aplicável: É no momento exato da ocorrência do fato gerador que se estabelece o vínculo relacional da obrigação tributária entre sujeito ativo e sujeito passivo.

“Art. 144. O lançamento reporta-se à data da ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se pela lei então vigente, ainda que posteriormente modificada ou revogada. § 1º Aplica-se ao lançamento a legislação que, posteriormente à ocorrência do fato gerador da obrigação, tenha instituído novos critérios de apuração ou processos de fiscalização, ampliado os poderes de investigação das autoridades administrativas, ou outorgado ao crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros. § 2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido.”

7.3 - Modalidades de lançamento: O CTN prevê 3 modalidades de lançamento tributário: - Por declaração – art. 147; - Ex Officio – art. 149; - Por homologação – art. 150. Vejamos cada um deles ao pormenor: a) Lançamento Ex Officio – art. 149 do CTN: Também chamado de “lançamento direto”. É aquele realizado pelas autoridades administrativas sem a colaboração do sujeito passivo. Exemplos: IPVA, IPTU.

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Em ambos os tributos acima exemplificados os entes políticos mantém cadastros tributários referentes aos veículos e aos imóveis objeto da imposição, com todos os dados necessários ao cálculo da exação – ano, marca do veículo, etc. data da construção do imóvel, metragem, localização etc – que possibilitam calcular a base de cálculo e a alíquota aplicáveis aos fatos geradores. As hipóteses de lançamento ex officio são taxativamente previstas no art. 149 do CTN, que são válidas também para a revisão do próprio lançamento por homologação e por declaração, cujas imperfeições são de correção obrigatória pelo Fisco, correções essas que serão lançadas de officio. O prazo para rever o lançamento é o mesmo que a autoridade tem para lançar o tributo.

“Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I - quando a lei assim o determine; II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória; V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte; VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária; VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior; IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial. Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública.”

Dois institutos do Direito Tributário são também configuradores de lançamento Ex Officio:

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a.1) Arbitramento – art. 148, CTN: É um procedimento de que se pode valer a autoridade administrativa para imputar uma base de cálculo ao tributo sob fiscalização quando houver impossibilidade de se aferir os dados necessários.

Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial.

Não possui caráter punitivo = é uma técnica substitutiva. Seus critérios devem ser tipificados em lei e seguidos à risca = evitando-se arbitrariedades e presunções descabidas. Geralmente, os critérios consistem em aplicar os preços e valores correntes no mercado, observados para estabelecimentos semelhantes do mesmo seguimento econômico do sujeito passivo. Exemplos de situações em que há a necessidade de arbitramento:

1. Quando o sujeito passivo perde sua escrita e documentação fiscal (furto, incêndio, enchente, extravio, etc.)

2. Quando o sujeito tenta burlar a fiscalização mediante artifícios para subfaturar mercadorias e serviços, ocultando fatos geradores.

a.2) Auto de Infração: - Ato de aplicar penalidade pelo descumprimento de obrigação tributária ou dever instrumental; - Ato de aplicar penalidade agregado a outro de exigência de tributo devido e não recolhido em prazo regular. Nos dois casos vem acompanhado da intimação do sujeito passivo, para que recolha, dentro de certo prazo, o valor que a administração entende devido. b) Lançamento por Declaração (ou Lançamento Misto):

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Art. 147 - O lançamento é efetuado com base na declaração do sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da legislação tributária, presta à autoridade administrativa informações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação. § 1º - A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento. § 2º - Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício pela autoridade administrativa a que competir a revisão daquela.

Nele há participação tanto do sujeito passivo quanto do sujeito ativo. Exemplos de impostos que tem o seu lançamento por declaração: II e IE. Antigamente o IR e o ITR operavam-se por essa modalidade – hoje está em franco desuso. IR e ISS – não são mais lançamentos por declaração – são tributos homologados. ITBI – não é mais tributo lançado por declaração – é lançamento por homologação – o contribuinte preenche a guia e recolhe o imposto antes de qualquer medida fiscalizadora. No lançamento por Declaração cabe ao Fisco o trabalho privativo de lançar. Mas como o Fisco não dispõe de dados suficientes para realizar o lançamento, ele conta com o contribuinte que lhe presta informações por meio de declarações. O CTN também regula o tratamento que deve ser dado aos erros encontrados na declaração prestada pelo contribuinte: são os parágrafos 1º e 2º, do art. 147, vejamos:

§ 1º - A retificação da declaração por iniciativa do próprio declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e antes de notificado o lançamento.

Pelo próprio contribuinte – para reduzir o tributo, só é admitida se comprovado o erro antes da notificação do lançamento.

§ 2º - Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame serão retificados de ofício pela autoridade administrativa a que competir a revisão daquela.

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De ofício, pela autoridade administrativa – obrigatoriamente.

O § 1º do art. 147 dá a falsa impressão de que a notificação confirma em definitivo o lançamento, com efeito de preclusão absoluta para o sujeito passivo, mas como o processo tributário se submete ao PRINCÍPIO DA VERDADE REAL, qualquer erro pode ser reclamado DENTRO DO PRAZO PRESCRICIONAL, para a Repetição de Indébito. O que o CTN quis dizer, foi que APÓS a Notificação regular do lançamento descabe a retificação, devendo o sujeito passivo demandar o contencioso administrativo via reclamação ou revisão do lançamento, por petição. Já o §2º do mesmo art. 147, impõe que a autoridade administrativa corrija obrigatoriamente as declarações erradas – caso esses erros importem INDÉBITO – caberá restituição de ofício do valor recolhido em excesso, uma vez que o lançamento ainda não foi finalizado = homologado. b.1) Lançamento por Homologação ≠ Lançamento por Declaração:

Lançamento por Homologação Lançamento por Declaração O contribuinte é obrigado a apurar o valor do tributo e antecipar o pagamento respectivo.

A lei impõe ao contribuinte o dever de prestar informações à Administração Tributária quanto ao fato gerador do tributo.

O contribuinte pode ser ou não obrigado a levar à Administração Tributária informações quanto aos fatos com os quais trabalham nessa apuração.

Mas a exigibilidade do tributo fica a depender de uma providência da autoridade administrativa.

Isso não importa: - Tanto a lei pode atribuir ao contribuinte o dever de levar informações à Administração Tributária, como ocorre com a maioria dos impostos; - Quanto pode deixar a cargo da Autoridade Administrativa a busca de tais elementos perante o contribuinte.

Prestadas as declarações, o contribuinte fica a aguardar o lançamento que a autoridade fará com base nelas. Não tem o dever de pagar antes de ser NOTIFICADO do lançamento.

c) Lançamento por Homologação: Ocorre com relação aos tributos cuja legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem o prévio exame da autoridade administrativa.

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Opera-se pelo ato em que referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa – art. 150, do CTN:

Art. 150 - O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º - O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento. § 2º - Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º - Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. § 4º - Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.

É a modalidade de lançamento mais observada no nosso país. Todas as esferas tributantes adotam essa sistemática para os impostos como: IPI, IS, COFINS, PIS, ITR, ICMS, ISS, etc. É também denominado de AUTOLANÇAMENTO, já que o sujeito passivo arca com toda a incumbência procedimental de verificar a ocorrência do fato gerador, calcular e recolher o montante do tributo devido, restando ao sujeito ativo somente conferir os dados e homologar posteriormente o lançamento, que pode, até mesmo, nem mesmo ser homologado expressamente, como acontece nos casos de lançamento tácito, que se dá pelo decurso do tempo (05 anos contados da ocorrência do fato gerador). IMPORTANTE - §4º, do art. 150, do CTN: - Se a lei não fixar prazo para o lançamento, será ele de 05 anos a contar da ocorrência do fato gerador; - Expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se EXTINTO o crédito, SALVO, se comprovada a ocorrência de DOLO, FRAUDE ou SIMULAÇÃO. - Aplica-se a regra geral do art. 173, I, do CTN:

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Art. 173 - O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado.

7.4 - Hipóteses de alteração: Prevê o CTN, no art. 145, que o lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de:

a) Impugnação do sujeito passivo; b) Recurso de ofício; c) Iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no art.

149. As hipóteses são taxativas e visam proteger a relação jurídica que, fora desses casos, é tida por ato jurídico perfeito, atraindo para si proteções de cunho constitucional que a tornam imutável aos anseios da Administração e do administrado. A 1ª situação diz respeito aos casos em que o sujeito se irresigna contra a pretensão fazendária, impetrando impugnação (reclamação, recurso, revisão, etc) perante o órgão administrativo responsável pelo processo administrativo-tributário no âmbito de cada ente tributante, dando início a uma lide fiscal. A 2ª situação, recurso de ofício, consiste na possibilidade dos entes tributantes recorrerem das decisões que não lhes tiverem sido favoráveis. Normalmente é obrigatório ao fisco recorrer quando sua pretensão não tiver sido julgada procedente, sendo que em algumas administrações mais modernas a obrigatoriedade de recurso vale somente para as exações de valor expressivo, por questões de economia processual. A 3ª a última hipótese de alteração do lançamento engloba todos os motivos que obrigam a Administração Tributária a corrigir os lançamento eivado de erros ou omissões, sejam de quaisquer modalidades, encartados no art. 149:

Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I - quando a lei assim o determine; II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da

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legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória; V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte; VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária; VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior; IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade especial. Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública. Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa. § 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação ao lançamento. § 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. § 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.

UNIDADE 8 - CRÉDITO TRIBUTÁRIO 8.1– Definição 8.2- Natureza Jurídica 8.3 – Autonomia 8.4 - Constituição definitiva 8.5 - Exigibilidade

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8.1 - Definição: O crédito tributário representa o direito que o Poder Público tem de receber valores dos particulares em face da realização do respectivo fato gerador, concretizado com a ocorrência real de todos os aspectos previstos em lei. O crédito tributário é um vínculo jurídico que obriga um contribuinte ou responsável, que cumpre o papel de "sujeito passivo" ao Estado, que cumpre o papel de "sujeito ativo" ao pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária. A relação estabelecida é regida pelos princípios do Direito tributário. Um crédito tributário surge da ocorrência do fato gerador descrito em lei tributária ou norma. Para que o Estado possa exigir o crédito tributário, é necessário que ocorra o fato gerador, e que o Estado individualize e quantifique o valor a ser pago, com o lançamento. O credito tributário não participa do concurso de credores (ex: inventários e outros), ressaltando ainda que ele possui privilégios ( regalias) e preferências. Art. 139 do CTN: “O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta.” 8.2 - Natureza jurídica: O CTN adota a chamada Teoria Dualista, segundo a qual a obrigação nasce ANTES do crédito que ocorre em momento posterior. Para o Código, o lançamento regularmente notificado constitui o crédito tributário, distinto da obrigação tributária que originou. 8.3 – Autonomia: O CTN estabelece a autonomia do crédito tributário em relação à respectiva obrigação tributária:

Art. 140 - As circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou seus efeitos, ou as garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem sua exigibilidade não afetam a obrigação tributária que lhe deu origem.

Assim, uma vez constituído, o crédito tributário passa a ter vida própria, distinta da obrigação tributária. Pode-se dizer que o crédito tributário não se confunde com a obrigação tributária, apesar de terem a mesma natureza.

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O fisco não dispõe de meios- ações, para cobrar obrigações tributárias principais, mas sim de ações de execução para haver créditos tributários, que são líquidos, certos e exigíveis. Caso o lançamento seja fulminado de irregularidade – NULO – ainda assim subsistirá a obrigação tributária – AUTONOMIA DO CRÉDITO COM RELAÇÃO À OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA – art. 140 do CTN. Mas, caso seja extinta a própria obrigação, o crédito dela decorrente também o será.

8.4 - Constituição definitiva: A doutrina se digladia em diversas correntes acerca do assunto “constituição definitiva do crédito tributário”, mas a que entendo ser a mais justa é aquela que considera ocorrida a constituição definitiva do credito tributário no momento que o mesmo se torna exigível do Contribuinte, visto que enquanto não expirar o prazo para impugnação sequer houve oportunidade para o devedor ao menos se manifestar. O mais coerente parece ser a aplicação do princípio da “actio nata”, visto que, enquanto não executável o crédito tributário não há se falar em inicio do prazo de prescrição, isto é, enquanto não nasce o direito de ação, não pode esta prescrever (artigo 189, CC). Assim, o prazo prescricional, mesmo em matéria tributária, somente poderá ser contado a partir do dia em que a ação de exigência do tributo pode ser praticada. Os atos jurídicos podem, concomitantemente, conter quatro atributos: presunção de legitimidade, imperatividade, exigibilidade e executoriedade. A corrente mais justa, nesse particular, é a que reconhece que no direito tributário brasileiro a exigibilidade e a executoriedade nascem ao mesmo tempo, porquanto, para torna-se exigível o crédito tributário requer a constituição definitiva, isto é, quando o Contribuinte além de não pagar, também não impugnou, reconhecendo o débito imputado contra si. A executoriedade por sua vez também se verifica no momento da constituição definitiva, não interessando para o direito se o débito foi inscrito em divida ativa. A inscrição em divida ativa não passa de uma formalidade de ordem processual que o Fisco necessita atender para valer-se dos privilégios da ação de execução fiscal. Mas isto não impede que o fisco utilize-se de outras modalidades de ação judicial, tal como a ação ordinária de cobrança.

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Defender que a executoriedade só nasce com a inscrição em divida ativa, o que implica entre outros efeitos que o direito de ação também só neste momento passa a se efetivar e, por conseqüência também a contagem da prescrição, não passa de um argumento insustentável juridicamente, com intenção de acobertar a ineficiência da maquina administrativa. Neste raciocínio, se o Fisco efetuar o lançamento, mas, se não inscrever em divida ativa por décadas, estaria protegido por esta absurda teoria. Para tornar mais claro, imaginemos no direito civil, se um empresário que entrega determinada mercadoria, emitindo também a Nota fiscal-fatura, onde contém todos os dados para a emissão da Duplicata, inclusive a data de vencimento, mas, por falha do setor de cobrança, só lança no sistema de contas a receber e emite a respectiva Duplicata depois de três anos do vencimento que constava da sua fatura. Seria razoável defender que só corre o prazo prescricional a partir da emissão do titulo de crédito? Evidentemente que não. Por estas razões a corrente mais justa é a que entende que inscrição em divida ativa não acrescenta nada ao crédito tributário, prestando-se apenas como requisito processual para utilizar os privilégios da execução fiscal. Lançamento regularmente notificado: O art. 145 do CTN estabelece regra segundo a qual o lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo é, em princípio, inalterável, exceto nas hipóteses (um tanto extensas) previstas em seus incisos. É o seguinte o teor do artigo em questão:

Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo só pode ser alterado em virtude de: I - impugnação do sujeito passivo; II - recurso de ofício; III - iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos previstos no artigo 149. Art. 149 - O lançamento é efetuado e revisto de ofício pela autoridade administrativa nos seguintes casos: I - quando a lei assim o determine; II - quando a declaração não seja prestada, por quem de direito, no prazo e na forma da legislação tributária; III - quando a pessoa legalmente obrigada, embora tenha prestado declaração nos termos do inciso anterior, deixe de atender, no prazo e na forma da legislação tributária, a pedido de esclarecimento formulado pela autoridade

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administrativa, recuse-se a prestá-lo ou não o preste satisfatoriamente, a juízo daquela autoridade; IV - quando se comprove falsidade, erro ou omissão quanto a qualquer elemento definido na legislação tributária como sendo de declaração obrigatória; V - quando se comprove omissão ou inexatidão, por parte da pessoa legalmente obrigada, no exercício da atividade a que se refere o artigo seguinte; VI - quando se comprove ação ou omissão do sujeito passivo, ou de terceiro legalmente obrigado, que dê lugar à aplicação de penalidade pecuniária; VII - quando se comprove que o sujeito passivo, ou terceiro em benefício daquele, agiu com dolo, fraude ou simulação; VIII - quando deva ser apreciado fato não conhecido ou não provado por ocasião do lançamento anterior; IX - quando se comprove que, no lançamento anterior, ocorreu fraude ou falta funcional da autoridade que o efetuou, ou omissão, pela mesma autoridade, de ato ou formalidade essencial. Parágrafo único. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da Fazenda Pública.

Percebe-se que não há maiores dificuldades para a interpretação do dispositivo. O primeiro inciso refere-se à impugnação do lançamento efetuada pelo sujeito passivo. Significa isso que, discordando total ou parcialmente do lançamento, o sujeito passivo pode, dentro de um determinado prazo contado da notificação (na esfera federal esse prazo é de 30 dias), impugná-lo, apresentando suas razões de discordância, dando início, assim, ao processo administrativo fiscal (PAF) ao término do qual o lançamento poderá ser mantido (não ocorrendo, neste caso, alteração) ou anulado total ou parcialmente. O inciso não menciona, mas não só a impugnação (a qual instaura o processo administrativo fiscal) como também o eventual recurso voluntário do sujeito passivo contra decisão administrativa de primeira instância que lhe haja sido desfavorável pode acarretar a alteração do lançamento. Ruy Barbosa Nogueira: “Considera-se o crédito tributário formalmente constituído na data do ato administrativo de sua notificação ao sujeito passivo. Nesta data é constituído formal e validamente como ato administrativo definitivo, o fato de ser excepcionalmente revisível (art. 149), não lhe retira o caráter de ato administrativo formal e definitivo.” Essa posição afasta a aceitação da existência de um lançamento provisório e de um lançamento definitivo.

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A jurisprudência seguiu essa posição – vejamos a Súmula 153 do antigo Tribunal Federal de Recursos – TFR:

SÚMULA TFR Nº 153: Constituído, no qüinqüênio, através de auto de infração ou notificação de lançamento, o crédito tributário, não há falar em decadência, fluindo, a partir daí, em princípio, o prazo prescricional, que, todavia, fica em suspenso, até que sejam decididos os recursos administrativos.

Julgamento definitivo das objeções que impedem a exigibilidade dos créditos administrativos: A suspensão da exigibilidade do crédito tributário é necessariamente de caráter temporário, nunca definitivo. A suspensão, por si só, não importa na desconstituição do crédito tributário, que continua inalterado, desde sua constituição definitiva procedida pelo ato vinculado do lançamento, com a devida notificação do sujeito passivo. O Código Tributário Nacional elenca, em seu art. 151, os casos de suspensão:

Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I – moratória; II – depósito do seu montante integral; III – as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV – concessão de medida liminar em mandado de segurança; V – concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies.

Em todos esses casos, o contribuinte faz jus à certidão positiva de tributos com efeitos de negativa, ao teor do art. 206 do CTN. Tributaristas como Hugo de Brito Machado, Leandro Paulsen e Sacha Calmon Navarro Coelho, defendem que a data da constituição definitiva do crédito tributário será aquela em que o lançamento tornou-se definitivo – INSUSCETÍVEL DE MODIFICAÇÃO. Ou seja, ao final do contencioso administrativo ou judicial – com suspensão da exigibilidade do crédito – quando a Fazenda intimará o sujeito passivo a respeito da decisão irrecorrível. A jurisprudência é vasta nesse sentido e admite diretamente que o prazo prescricional de 05 anos para cobrança do crédito só se inicia a partir daí.

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Entendimento adotado pelo STF e pelo STJ - Temos 03 fases distintas: 1ª) Com o nascimento da obrigação tributária, que nasce com a ocorrência do fato gerador, a Fazenda possui 05 anos para constituir o crédito tributário pelo lançamento (prazo durante o qual correrá o prazo decadencial de 05 anos); 2ª) Após o lançamento inicia-se um lapso de tempo durante o qual não corre nem prescrição nem decadência, até que se confirme o crédito tributário pelo decurso do prazo para pagamento ou impugnação da cobrança, ou, caso impugnado, até que seja decidido o recurso administrativo, ou ainda, pela revisão ex officio do lançamento. 3ª) Confirmado o crédito tributário, inicia-se o prazo prescricional de 05 anos, durante o qual poderá ser promovida a execução pela Fazenda Pública. Após a constituição definitiva do crédito por meio do lançamento:

a) passado o prazo para pagamento, sem que o contribuinte pague nem recorra = o crédito é executável e se inicia o prazo prescricional de 05 anos para o ingresso da execução contra o sujeito passivo;

b) se o contribuinte paga o tributo = extingue-se o crédito; c) se o contribuinte recorre administrativa ou judicialmente = suspende-se a

exigibilidade do crédito com o depósito do montante integral da dívida. Nesse caso a constituição do crédito dependerá da decisão final do litígio – se a decisão for favorável ao Fisco: constitui o crédito; se o lançamento for anulável: extingue-se o crédito.

8.5 - Exigibilidade: A obrigação tributária não é, por si só, exigível, mas sim o crédito tributário regularmente constituído. Os pré-requisitos para a existência do crédito tributário são: - a previsão do tributo em lei; - a ocorrência do fato gerador; - o lançamento tributário. Mas esse crédito tributário somente se torna exigível após o decurso do prazo para pagamento do tributo que foi lançado. E só se tornará exeqüível após a sua inscrição em Dívida Ativa.

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Momentos do Crédito Tributário: 1) Existência: Lei + Fato Gerador + Lançamento 2) Exigibilidade: Existência + Decurso do Prazo para Pagamento Exeqüibilidade: Exigibilidade + Inscrição em Dívida Ativa UNIDADE 9 - SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 9.1 – Definição 9.2 - Moratória 9.3 - Depósito do montante integral 9.4 – Parcelamento 9.5 - Concessão de medida liminar ou de tutela antecipada 9.1 - Definição: Apesar de definida na lei como “suspensão do crédito tributário”, trata-se de suspensão da exigibilidade do crédito tributário que, a rigor, somente surge com o decurso do prazo legal para pagar o tributo. Esgotado tal prazo, o crédito torna-se exigível. Entretanto, a suspensão da exigibilidade, como já visto antes, pode ocorrer até mesmo antes da própria constituição do crédito tributário, antes do lançamento. Portanto, as causas de suspensão da exigibilidade não pressupõem, necessariamente, créditos tributários constituídos. Daí poder dividir a suspensão da exigibilidade em 02 tipos: - Suspensão Prévia: por ser anterior ao lançamento constitui verdadeiro impedimento à exigibilidade já que a rigor não se pode suspender algo que ainda sequer existe; - Suspensão Posterior: é a suspensão propriamente dita, ocorre após a constituição do crédito, quando este já existe e é exigível.

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Obrigação Prazo de Vencimento

|___________________________________|___________|_______Crédito___________________|

Fato Gerador Lançamento

Suspensão Prévia Suspensão Posterior

Impedimento à Exigibilidade Suspensão da Exigibilidade

Em verdade IMPEDE-SE sua exigibilidade ANTES mesmo de sua constituição ou de findo o seu prazo de vencimento. Art. 151, CTN: Define as modalidades de suspensão da exigibilidade do crédito tributário:

Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I - moratória; II - o depósito do seu montante integral; III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança. V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) VI – o parcelamento. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) Parágrafo único. O disposto neste artigo não dispensa o cumprimento das obrigações assessórios dependentes da obrigação principal cujo crédito seja suspenso, ou dela conseqüentes.

Não há impedimento para o Fisco proceder ao lançamento de tributos formalizando o crédito.

Ocorre, porém que o crédito constituído por este lançamento já

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Tais modalidades podem ser agrupadas pela iniciativa da medida, se ex officio ou por interesse do sujeito passivo: INICIATIVA DO SUJEITO ATIVO INCIATIVA DO SUJEITO PASSIVO O PARCELAMENTO e a CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR OU DE TUTELA ANTECIPADA são suas causas de suspensão inovadoras trazidas ao CTN pela LC nº 104/2001. As modalidades previstas no CTN tem a finalidade precípua de proteger o status jurídico do sujeito passivo perante o Fisco, lhe possibilitando melhores condições para adimplir suas obrigações (Moratória e Parcelamento). Ou para lhe disponibilizar meio para acautelar situações de litígio em face do próprio Fisco (Depósito, Liminares, Reclamações, etc.) O sujeito passivo com dívidas tributárias suspensas tem direito à Certidão Positiva com Efeitos de Negativa - art. 206, CTN:

Art. 206. Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de que conste a existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa.

9.2 - Moratória: É a dilação do prazo de quitação de uma dívida, concedida pelo credor ao devedor para que este possa cumprir a obrigação além do dia do vencimento.

Art. 153. A lei que conceda moratória em caráter geral ou autorize sua concessão em caráter individual especificará, sem prejuízo de outros requisitos: I - o prazo de duração do favor; II - as condições da concessão do favor em caráter individual; III - sendo caso:

- Moratória;

- Parcelamento.

- Depósito do seu montante integral;

- Reclamações e Recursos no processo tributário;

- Concessão de Liminar em Mandado de Segurança;

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a) os tributos a que se aplica; b) o número de prestações e seus vencimentos, dentro do prazo a que se refere o inciso I, podendo atribuir a fixação de uns e de outros à autoridade administrativa, para cada caso de concessão em caráter individual; c) as garantias que devem ser fornecidas pelo beneficiado no caso de concessão em caráter individual.

Pode ocorrer ANTES ou DURANTE o prazo originalmente fixado para o pagamento do crédito, ou se já vencido este, com a concessão de novo prazo. Pode se concedida em caratês geral ou individual e diferente das demais modalidades, com exceção do parcelamento, não pressupõe litígio entre o Fisco e o Sujeito Passivo. Trata-se mais de uma tolerância daquele com este diante de situações especiais reguladas por lei. Na prática é concedida em situações que atingem a capacidade de pagamento de certos seguimentos econômicos: quebra de safras, crises cambiais, crise econômicas, calamidades. Impede que o Sujeito Ativo proceda à cobrança do crédito durante o prazo dilatório adicional concedido ao Sujeito Passivo para adimplir suas obrigações tributárias – o prazo da moratória. - Reserva de Lei (art. 97, VI, do CTN): Somente a lei pode estabelecer as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários ou de dispensa ou redução de penalidades. - Classificação (art. 152 do CTN):

Art. 152. A moratória somente pode ser concedida: I - em caráter geral: a) pela pessoa jurídica de direito público competente para instituir o tributo a que se refira; b) pela União, quanto a tributos de competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios, quando simultaneamente concedida quanto aos tributos de competência federal e às obrigações de direito privado; II - em caráter individual, por despacho da autoridade administrativa, desde que autorizada por lei nas condições do inciso anterior. Parágrafo único. A lei concessiva de moratória pode circunscrever expressamente a sua aplicabilidade à determinada região do território da pessoa jurídica de direito público que a expedir, ou a determinada classe ou categoria de sujeitos passivos.

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Caráter Concessão

GERAL

-Por Pessoa Jurídica de Direito Público competente para instituir o tributo a que se refira; - Pela União Federal quanto a tributos de competência dos Estados, DF e Municípios quando simultaneamente conceda quanto aos tributos de competência federal e às obrigações de Direito Privado.

INDIVIDUAL

- Por despacho da autoridade administrativa, desde que autorizada por lei nas condições previstas para a concessão em caráter geral.

MORATÓRIA EM É concedida em razão de aspectos objetivos descritos CARÁTER GERAL na lei instituidora.

A de caráter individual é subjetiva, levando em conta aspectos particulares de cada sujeito passivo que a requeira.

Exemplo: Moratória de “x” meses para todos os sujeitos passivos de determinada região (geral) que perderam suas casas em função de uma inundação (individual). Art. 152, I, “b”, CTN - Moratória Heterônoma – aceita pela doutrina, mas nunca observada na prática – permite à União conceder a medida para tributos de outros entes federados se simultaneamente conceder para os de sua competência e para as obrigações de Direito Privado. § único do art. 152, do CTN: A medida pode ser restrita a determinada região ou de uma determinada classe ou categoria de Sujeitos Passivos. Necessita de despacho oficial para o seu reconhecimento – art. 152, III, CTN MORATÓRIA EM Normalmente a lei exige o preenchimento de

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CARÁTER INDIVIDUAL formulários de requerimento acompanhados de provas do cumprimento dos requisitos previstos para usufruir do benefício.

A concessão de moratória em caráter individual não gera direito adquirido e pode ser anulada caso se verifique que o beneficiário não satisfez ou deixou de satisfazer as condições ou não cumpriu com os requisitos para a concessão do favor, cobrando-se dele o valor do crédito, acrescidos de juros de mora com a imposição da penalidade cabível (nos casos de DOLO ou SIMULAÇÃO) ou imposição de penalidades nos demais casos – art. 155, CTN.

Art. 155. A concessão da moratória em caráter individual não gera direito adquirido e será revogado de ofício, sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumprira ou deixou de cumprir os requisitos para a concessão do favor, cobrando-se o crédito acrescido de juros de mora: I - com imposição da penalidade cabível, nos casos de dolo ou simulação do beneficiado, ou de terceiro em benefício daquele; II - sem imposição de penalidade, nos demais casos. Parágrafo único. No caso do inciso I deste artigo, o tempo decorrido entre a concessão da moratória e sua revogação não se computa para efeito da prescrição do direito à cobrança do crédito; no caso do inciso II deste artigo, a revogação só pode ocorrer antes de prescrito o referido direito.

REQUISITOS – ART. 153, CTN: A lei que conceder suspensão da exigibilidade do crédito tributário deve conter, no mínimo:

1. O PRAZO de duração da medida; 2. As CONDIÇÕES para a concessão da medida em caráter individual; 3. Os tributos a que se aplica; 4. O número de prestações e o seu vencimento; 5. As garantias fornecidas pelo beneficiado em caráter individual.

Art. 153. A lei que conceda moratória em caráter geral ou autorize sua concessão em caráter individual especificará, sem prejuízo de outros requisitos: I - o prazo de duração do favor; II - as condições da concessão do favor em caráter individual; III - sendo caso: a) os tributos a que se aplica; b) o número de prestações e seus vencimentos, dentro do prazo a que se refere o inciso I, podendo atribuir a fixação de uns e de outros à autoridade administrativa, para cada caso de concessão em caráter individual; c) as garantias que devem ser fornecidas pelo beneficiado no caso de concessão em caráter individual.

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CRÉDITOS ABRANGIDOS – ART. 154, CTN:

Art. 154. Salvo disposição de lei em contrário, a moratória somente abrange os créditos definitivamente constituídos à data da lei ou do despacho que a conceder, ou cujo lançamento já tenha sido iniciado àquela data por ato regularmente notificado ao sujeito passivo. Parágrafo único. A moratória não aproveita aos casos de dolo, fraude ou simulação do sujeito passivo ou do terceiro em benefício daquele.

Se a lei não dispuser diferentemente, só os créditos definitivamente constituídos ou com lançamento iniciado por notificação regular, à data da lei ou do despacho concessor, são atingidos pela medida. VEDAÇÃO À CONCESSÃO DO BENEFÍCIO – ART. 154, § ÚNICO, CTN: - Dolo; - Fraude; Do sujeito passivo ou de 3º em seu benefício - Simulação. 9.3 - Depósito do montante integral: O depósito do montante integral NÃO É PAGAMENTO; é GARANTIA dada pelo devedor ao credor. É voluntário e seu fim é conseguir a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, mas nada impede que o devedor discuta a exação sem proceder ao depósito do montante integral. Nesse caso o devedor cai arcar com o risco de, na demora da solução da lide, ter contra si executado o crédito tributário. Luciano Amaro – entende que o Depósito é diferente de Consignação em Pagamento, pois no 1º o devedor não quer pagar; ele quer discutir o débito. Já na 2ª hipótese, o devedor que pagar, sendo a consignação uma das causas de extinção do crédito – art. 156, VIII, do CTN. O depósito pode ocorrer na esfera judicial ou administrativa, sendo que nesta última é mais raro, apesar de ser exigido em alguns tipos de contenciosos como GARANTIA DE INSTÂNCIA para quem quer recorrer de decisões administrativas de 1º grau. Daí ser chamado comumente de “Depósito Recursal”. Existe uma Súmula do STJ sobre essa matéria, vejamos:

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STJ Súmula nº 112 - 25/10/1994 - DJ 03.11.1994 Depósito - Suspensão do Crédito Tributário O depósito somente suspende a exigibilidade do crédito tributário se for integral e em dinheiro.

9.4 - Parcelamento: LC nº 104/2001 – inseriu novo art. no CTN para inserir o PARCELAMENTO como causa de suspensão do crédito tributário.

Art. 155-A. O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) § 1o Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001) § 2o Aplicam-se, subsidiariamente, ao parcelamento as disposições desta Lei, relativas à moratória. (Incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)

O novo texto visou também diminuir o alcance da DENÚNCIA ESPONTÂNEA (ART. 138 do CTN) que exclui a responsabilidade por infrações – assegurando que o parcelamento só exclui juros e multas SE a lei assim dispuser, impedindo que o interessado escape da multa toda vez que obtenha parcelamento do seu crédito vencido.

Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração. Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.

Agora, a concessão do parcelamento é vinculada ao regramento legal. Os casos mais divulgados dessa modalidade de suspensão são os PROGRAMAS DE RECUPERAÇÃO FISCAL – REFIS do Governo Federal. O art. 155-A, posteriormente foi acrescido de 2 novos parágrafos, pela LC nº 118/2005:

§ 3o Lei específica disporá sobre as condições de parcelamento dos créditos tributários do devedor em recuperação judicial. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005) § 4o A inexistência da lei específica a que se refere o § 3o deste artigo importa na aplicação das leis gerais de parcelamento do ente da Federação ao devedor

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em recuperação judicial, não podendo, neste caso, ser o prazo de parcelamento inferior ao concedido pela lei federal específica. (Incluído pela Lcp nº 118, de 2005)

9.5 - Concessão de medida liminar ou de tutela antecipada:

Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: (...) V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; (Inciso incluído pela Lcp nº 104, de 10.1.2001)

A medida liminar e a antecipação de tutela são instrumentos processuais franqueados ao sujeito passivo para impugnar as pretensões da Fazenda Pública por meio do contraditório e da ampla defesa. São cabíveis em todas as ações judiciais admitidas no direito processual tributário. A tutela antecipada é um provimento judicial que antecipa, total ou parcialmente, os efeitos da sentença. O mandado de segurança é uma ação constitucional de garantia de direito fundamental para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando coatores autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público. UNIDADE 10 - EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 10.1 – Modalidades 10.2 - Homologação do pagamento antecipado 10.3 - Prazos extintivos do crédito tributário 10.4 – Decadência 10.5 - Prescrição 10.6 - Modalidades indiretas 10.7 - Modalidades de caráter processual 10.1 - Modalidades: Art. 156, do CTN:

“Art. 156 - Extinguem o crédito tributário: I - o pagamento; II - a compensação; III - a transação; IV - a remissão;

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V - a prescrição e a decadência; VI - a conversão de depósito em renda; VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no Art. 150 e seus parágrafos § 1 e § 4; VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2 do artigo 164; IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória; X - a decisão judicial passada em julgado. XI - a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei. (acrescentado pela LC-000.104-2001) Parágrafo único. A lei disporá quanto aos efeitos da extinção total ou parcial do crédito sobre a ulterior verificação da irregularidade da sua constituição, observado o disposto nos artigos 144 e 149.”

Para efeitos didáticos, essas modalidades podem ser subdivididas em:

MODALIDADES EXTINTIVAS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO: DIRETAS

(Independem de lei autorizativa)

INDIRETAS (Dependem de lei

autorizativa)

DE CARÁTER PROCESSUAL

- Pagamento; - Homologação do pagamento antecipado; - Decadência; - Prescrição.

- Compensação; - Transação; - Remissão; - Dação em pagamento em bens imóveis;

- Conversão do depósito em renda; - Consignação em pagamento; - Decisão administrativa irreformável; - Decisão judicial passada em julgado.

a) Modalidades Diretas: São aquelas que não dependem de lei autorizadora para ocorrer. A previsão dessas modalidades no CTN é suficiente para regular sua existência. a.1) PAGAMENTO: adimplemento da obrigação pecuniária.

Art. 157 - A imposição de penalidade não ilide o pagamento integral do crédito tributário. Art. 158 - O pagamento de um crédito não importa em presunção de pagamento: I - quando parcial, das prestações em que se decomponha; II - quando total, de outros créditos referentes ao mesmo ou a outros tributos.

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LOCAL E TEMPO DO PAGAMENTO:

Art. 159 - Quando a legislação tributária não dispuser a respeito, o pagamento é efetuado na repartição competente do domicílio do sujeito passivo.

O tempo do pagamento é livremente pactuado na legislação, mas caso seja omissa o vencimento deve ser efetuado 30 dias após a data da notificação do lançamento – art; 160 CTN:

Art. 160 - Quando a legislação tributária não fixar o tempo do Pagamento, o vencimento do crédito ocorre 30 (trinta) dias depois da data em que se considera o sujeito passivo notificado do lançamento. Parágrafo único. A legislação tributária pode conceder desconto pela antecipação do pagamento, nas condições que estabeleça.

DESCONTO: A legislação pode permitir desconto para os pagamentos antecipados - consoante §único do art. 160, do CTN. MORA: A mora (retardamento do credor ou do devedor ou o imperfeito cumprimento da obrigação) é automática e diferentemente do Direito privado, prescinde de interpelação do devedor. O pagamento em atraso acarreta os efeitos previstos no art. 161 do CTN, vejamos:

Art. 161 - O crédito não integralmente pago no vencimento é acrescido de juros de mora, seja qual for o motivo determinante da falta, sem prejuízo da imposição das penalidades cabíveis e da aplicação de quaisquer medidas de garantia previstas nesta Lei ou em lei tributária. § 1º - Se a lei não dispuser de modo diverso, os juros de mora são calculados à taxa de 1% (um por cento) ao mês. § 2º - O disposto neste artigo não se aplica na pendência de consulta formulada pelo devedor dentro do prazo legal para pagamento do crédito.

JUROS EFEITOS DA MORA: PENALIDADES

MEDIDAS DE GARANTIA PREVISTAS EM LEI - Os juros moratórios serão de 1% a.m. (juros simples) se a lei não fixar outro percentual. - Para os tributos federais, por exemplo, os juros são calculados pela taxa Selic.

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- A Multa Moratória nada mais é que um tipo de penalidade pecuniária e pode ser cobrada concomitantemente com os Juros de Mora, pois tem fundamentos diferentes: estes visam evitar a deterioração do crédito pelo decurso do tempo e aquela sancionar o recolhimento em atraso. - Caso o sujeito passivo tenha protocolado consulta tempestiva e eficaz, não será considerado em mora, não se lhe aplicando as penalidades acima descritas. MEIOS DE PAGAMENTO: É VEDADO O PAGAMENTO IN NATURA E O PAGAMENTO IN LABORE. Só poderá ser efetuado por meio de: - Moeda corrente; - Cheque resgatado pelo sacado; - Vale postal; - Estampilha; - Papel selado; Nos casos previstos em lei. - Processo mecânico.

Art. 162 - O Pagamento é efetuado: I - em moeda corrente, cheque ou vale postal; II - nos casos previstos em lei, em estampilha, em papel selado, ou por processo mecânico. § 1º - A legislação tributária pode determinar as garantias exigidas para o pagamento por cheque ou vale postal, desde que não o torne impossível ou mais oneroso que o pagamento em moeda corrente. § 2º - O crédito pago por cheque somente se considera extinto com o resgate deste pelo sacado. § 3º - O crédito pagável em estampilha considera-se extinto com a inutilização regular daquela, ressalvado o disposto no Art. 150. § 4º - A perda ou destruição da estampilha, ou o erro no pagamento por esta modalidade não dão direito à restituição, salvo nos casos expressamente previstos na legislação tributária, ou naqueles em que o erro seja imputável à autoridade administrativa. § 5º - O pagamento em papel selado ou por processo mecânico equipara se ao pagamento em estampilha.

*Cheque resgatado com fundos: Evita que o sujeito passivo force o Fisco a trocar um crédito tributário por um crédito cambial de natureza privada. * Estampilha ou Selo: Há quem considere a aquisição de estampilha ou selo como o momento de extinção do crédito, mas o correto é o momento de sua destruição – uso como aduz o CTN – art. 162, § 3º.

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A destruição, perda ou mau uso das estampilhas ou selos não acarretam o direito de restituição - § 4º do art. 162, do CTN. 10.2 - Homologação do pagamento antecipado – art. 150 do CTN:

Art. 150 - O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da § 1º - O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior homologação do lançamento. § 2º - Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação, praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do crédito. § 3º - Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua graduação. § 4º - Se a lei não fixar prazo à homologação, será ele de 5 (cinco) anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.

Na sistemática do lançamento por homologação o pagamento é feito ANTES do próprio lançamento, ANTECIPADO, portanto. Daí a extinção NÃO se operar no momento do pagamento, mas no momento da homologação, entendida como a participação da autoridade administrativa de duas formas: EXPRESSA – Quando o Fisco, tomando conhecimento da atividade expressamente a homologa no prazo de 05 anos a contar da ocorrência do fato gerador. Ou FICTA – Quando o Fisco não se pronuncia neste prazo, considerando-se tacitamente homologado o lançamento e extinto o crédito, salvo se comprovada a ocorrência de DOLO, FRAUDE ou SIMULAÇÃO. Ressalte-se que quando não houver pagamento de nenhum valor, não há que se falar em homologação tácita, pois só se homologa aquilo que foi pago, ainda que parcialmente. A principal importância de saber o momento exato da extinção do crédito é para determinar o prazo para requerer administrativamente a repetição do indébito –

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art. 168, CTN – que começa a fluir da data da extinção do crédito e não do pagamento do tributo.

Art. 168 - O direito de pleitear a restituição extingue-se com o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contados: I - nas hipóteses dos incisos I e II do artigo 165, da data da extinção do crédito tributário; II - na hipótese do inciso III do artigo 165, da data em que se tornar definitiva a decisão administrativa ou passar em julgado a decisão judicial que tenha reformado, anulado, revogado ou rescindido a decisão condenatória.

PAGAMENTO INDEVIDO E RESTITUIÇÃO:

Art. 165 - O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4 do artigo 162, nos seguintes casos: I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; II - erro na edificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; III - reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória.

Aquele que efetuar pagamento indevido terá direito à restituição total ou parcial independentemente de prévio protesto. O CTN determina que não é necessário que o sujeito passivo reclame ao efetuar o pagamento indevido. Mesmo tendo ciência de que o pagamento é indevido, ele terá direito à restituição. Já no Direito Civil, o pagamento voluntário impede a restituição se não houve erro – art. 877 do Código Civil.

Art. 877. Àquele que voluntariamente pagou o indevido incumbe a prova de tê-lo feito por erro.

EXCEÇÃO – A restituição do pagamento efetuado com estampilha, papel selado ou processo mecânico só será possível quando o erro for imputável à autoridade administrativa – art. 162, §§ 4º e 5º. CASOS DE TRANSFERÊNCIA DO ENCARGO FINANCEIRO – ART. 166 CTN:

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Art. 166 - A restituição de tributos que comportem, por sua natureza, transferência do respectivo encargo financeiro somente será feita a quem prove haver assumido referido encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a terceiro, estar por este expressamente autorizado a recebê-la.

Somente aquele que suportou efetivamente o pagamento poderá pedir a sua restituição. Essa hipótese se refere aos tributos indiretos, onde o encargo é transferido para terceiro ou consumidor final (ICMS e IPI). Embora pago indevidamente, não cabe restituição de tributo indireto, SALVO quando reconhecido por decisão que o contribuinte de direito não recuperou do contribuinte de fato o valor pago – art. 166 do CTN e Súmula 546 do STF:

STF Súmula nº 546 - 03/12/1969 - DJ de 10/12/1969, p. 5935; DJ de 11/12/1969, p. 5951; DJ de 12/12/1969, p. 5999. Cabimento - Restituição do Tributo Pago Indevidamente Cabe a restituição do tributo pago indevidamente, quando reconhecido por decisão, que o contribuinte "de jure" não recuperou do contribuinte "de facto" o "quantum" respectivo.

Devem ser restituídos os juros indevidos e as penalidades pecuniárias, SALVO aquelas referentes ao caráter formal não prejudicados pela causa da restituição. A restituição é acrescida de JUROS desde o trânsito em julgado da decisão que a determinou. O direito de pedir repetição de indébito DECAI em 5 anos contados, via de regra, da data da EXTINÇÃO DO CRÉDITO. A Ação Anulatória da decisão administrativa que negar a restituição PRESCREVE em 2 anos.

Art. 169 - Prescreve em 2 (dois) anos a ação anulatória da decisão administrativa que denegar a restituição. Parágrafo único. O prazo de prescrição é interrompido pelo início da ação judicial, recomeçando o seu curso, por metade, a partir da data da intimação validamente feita ao representante judicial da Fazenda Pública interessada.

10.3 - Prazos extintivos do crédito tributário: No direito tributário brasileiro, o simples decurso do prazo pode fulminar a obrigação tributária e o crédito tributário respectivo, caso já esteja constituído. É o que se dá com os institutos da prescrição e da decadência.

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A decadência – prazo em que deve ser constituído o c redito tributário, ou seja, o prazo para lançá-lo; e a prescrição – prazo em que se deve cobrar o crédito constituído administrativamente ou por meio de uma ação de execução fiscal. Ambos – prescrição e decadência – decorrem da segurança jurídica e da pacificação social. Ao Estado não interessa a perpetuação de direitos abandonados ou não exercidos pelos seus titulares, daí o ordenamento prever prazos para que os direitos, via de regra, sejam exercidos, garantindo-os. O não exercício, pelos titulares desses direitos, faz com que se percam, pelo seu próprio perecimento (decadência), ou pela impossibilidade de sua exigibilidade (prescrição). 10.4 - Decadência: A caducidade é um fenômeno jurídico pelo qual perece algum direito em decorrência do seu NÃO USO por determinado período de tempo estipulado em lei. Para exercitar o seu direito e constituir o seu crédito através do lançamento a Fazenda está sujeita a um prazo extintivo. O ato de lançar o tributo é na verdade mais um dever do que um direito, posto que se trata de uma ato plenamente vinculado e indelegável. Trata-se de um DEVER, de uma OBRIGAÇÃO, muito mais do que um direito.

Art. 173 - O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributário extingue-se após 5 (cinco) anos, contados: I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado; II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado, por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado. Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se definitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento.

No Direito Civil a decadência tem como termo inicial do prazo o momento em que nasce o próprio direito. Mas no Direito Tributário não é sempre assim, pois o termo inicial do prazo decadencial em regra é o 1º dia do exercício financeiro seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado. PRAZO DECADENCIAL – MÁXIMO – 5 ANOS

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TERMO INICIAL DO PRAZO DECADENCIAL * No caso de lançamento direto ou por declaração: – é o 1º dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento poderia ter sido efetuado (art. 173, I, CTN) Ou - a data em que se torna definitiva a decisão que anulou por vício formal o lançamento anterior (art. 173, II, CTN). PORÉM, se antes do 1º dia do exercício seguinte ocorrer a notificação do sujeito passivo de qualquer medida preparatória indispensável ao lançamento (§único do art. 173), o termo inicial será antecipado para a data dessa notificação.

*No caso de lançamento por Homologação: - Se houver recolhimento antecipado – o termo inicial será a data da ocorrência do fato gerador – art. 150, § 4º, CTN; - Se não houve pagamento antecipado, volta a ter aplicação a regra geral e o termo inicial será o 1º dia do exercício seguinte. 10.5 - Prescrição:

O prazo prescricional inicial no fim do prazo para pagamento.

Art. 174 - A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em 5 (cinco) anos, contados da data da sua constituição definitiva. Parágrafo único. A prescrição se interrompe: I - pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; (Alterado pela LC-000.118-2005) II - pelo protesto judicial; III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor.

A citação pessoal, o protesto judicial ou qualquer ato judicial que constitua o devedor em mora, INTERROMPE o prazo prescricional.

ESQUEMA DA DECADÊNCIA E DA PRESCRIÇÃO NO DIREITO TRIBUTÁRIO: |___________________________________|___prazo para pagar___|_________________________|

Notificação 31º dia

PRAZO DE DECADÊNCIA (5 ANOS) para

lançar e notificar para pagamento

O art. 174 do CTN conta o início do prazo de prescrição da data da notificação, mas só é possível contar o início do prazo prescricional após o nascimento do direito de ação que se dá depois de transcorrido o prazo para pagamento do devedor.

PRAZO DE PRESCRIÇÃO (5 ANOS) para propor ação

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Pagamento de créditos caducos e prescritos: Pagamento de crédito decaído – como a decadência extingue o próprio direito material = o pagamento é indevido, ou seja, implica direito à restituição. Pagamento de crédito prescrito: não há direito à restituição, porque mesmo sem o direito de ação sobrevive o direito material ao crédito – art. 882 do CC (Art. 882. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível.) 10.6 - Modalidades Indiretas:

a) COMPENSAÇÃO: É uma das formas de extinção da obrigação recíproca equivalente de débitos entre os contratantes – arts. 368 e seguintes do Código Civil. O CTN prevê que a lei pode autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos – art. 170 do CTN:

Art. 170 - A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda Pública. Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei determinará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante, não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data da compensação e a do vencimento.

O Código Civil somente autoriza a compensação de créditos vencidos, mas o CTN possibilita a compensação de créditos vincendos também. O direito à compensação não é auto-aplicável, depende de lei autorizativa que defina os casos em que o instituto será aplicado. Não havendo permissivo legal, os tributos recolhido em excesso deve ser objeto de restituição – art. 165, CTN. Compensação: – Lei Autorizativa; - Obrigações recíprocas.

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Créditos: - Líquidos e certos; - Vencidos ou vincendos; - Não contestados judicialmente. O CTN prevê que a autoridade administrativa pode ser autorizada pela lei a estipular em cada caso a compensação. Os casos mais corriqueiros são os de compensação com créditos tributários recolhidos a maior (indébitos), com créditos oriundos de precatórios judiciais (art. 100, CF), ou com títulos da dívida pública. Saliente-se que a compensação pode ocorrer também com créditos não-tributários de titularidade do sujeito passivo contra a Fazenda Pública.

b) TRANSAÇÃO = ACORDO Ocorre quando as partes fazem concessões recíprocas para evitar ou terminar um litígio, extinguindo-se uma obrigação. O CTN prevê que a lei pode facultar a transação e indicar a autoridade competente para autorizar o acordo em cada caso.

Art. 171 - A lei pode facultar, nas condições que estabeleça, aos sujeitos ativo e passivo da obrigação tributária celebrar transação que, mediante concessões mútuas, importe em determinação de litígio e conseqüente extinção de crédito tributário. Parágrafo único. A lei indicará a autoridade competente para autorizar a transação em cada caso.

Obs: em vez de “determinação”, leia-se “terminação”, pois se trata de um mero erro de português do Código. Apesar do § único deste art. 171 dizer que cabe à lei indicar a autoridade competente para autorizar a transação, esta escolha não é discricionária, devendo ser conduzida nos estritos limites da lei autorizativa. Na prática, as leis de transação oferecem vantagens em forma de abatimentos sobre os valores cobrados pelo Fisco do Sujeito Passivo que reconheça a pretensão fiscal e desista do prosseguimento de ações judiciais que a discutem. Transação: -Lei Autorizativa; - Concessões mútuas; Litígios: - Créditos tributários;

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- Contestados administrativa e judicialmente.

c) REMISSÃO= PERDÃO É o ato pelo qual o credor dispensa graciosamente o devedor de pagar a sua dívida para com ele.

Art. 172 - A lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder, por despacho fundamentado, remissão total ou parcial do crédito tributário, atendendo: I - à situação econômica do sujeito passivo; II - ao erro ou ignorância escusáveis do sujeito passivo, quanto a matéria de fato; III - à diminuta importância do crédito tributário; IV - a considerações de eqüidade, em relação com as características pessoais ou materiais do caso; V - a condições peculiares a determinada região do território da entidade tributante. Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito adquirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no Art. 155.

No direito privado o remitido (perdoado) não é obrigado a aceitar a remissão. No direito público, contudo, pelo seu caráter vinculativo e isonômico, não se afigura possível tal negativa: a remissão é OBRIGATÓRIA para aqueles a quem a lei concede. O despacho de remissão NÃO GERA DIREITO ADQUIRIDO e pode ser revogado de ofício sempre que se apure que o beneficiado não satisfazia ou deixou de satisfazer as condições ou não cumpria ou deixou de cumprir os requisitos da concessão. Limitações à Remissão: Há limitações expressas à remissão no texto constitucional e na Lei de Responsabilidade Fiscal: Limitação constitucional: qualquer remissão relativa a impostos, taxas ou contribuições só poderá ser concedida POR LEI ESPECÍFICA, que regule exclusivamente a matéria ou correspondente tributo ou contribuição (art. 150, §6º, CF). Esse artigo da Constituição evita que esse tipo de norma “pegue carona” em projetos de lei que não dizem respeito à tributação. Esse tipo de artifício são estratégias políticas que visam caminhos mais fáceis para a aprovação de matérias de interesse de grupos de pressão, governamentais ou privados.

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Limitação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000): Esta lei disciplina a concessão ou a ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária dos quais decorram renúncia de receita (art. 14). Impõe ao ente tributante uma série de medidas restritivas de caráter orçamentário e financeiro para a concessão de tais benefícios. Segundo o § 1º do art. 14 da LRF:

“§ 1º A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado.”

Permite, porém, expressamente, a remissão de débitos cujos montantes sejam inferiores aos dos respectivos custos de cobrança (art. 14, § 3º , II), visando obviamente, proteger os cofres públicos de custos anti-econômicos. Hipóteses de Cabimento: Vencidas as limitações acima referidas, a lei pode autorizar a remissão TOTAL ou PARCIAL do crédito tributário, atendendo ao disposto no art. 172: - Situação econômica do sujeito passivo; - Ignorância/erro escusáveis quanto à matéria de fato; - Diminuta importância do crédito tributário; - Equidade relativa às características pessoais/materiais do caso; - Condições peculiares das regiões do território da entidade tributante.

d) DAÇÃO EM PAGAMENTO EM BENS IMÓVEIS: Também depende de autorização legal. 10.8 - Modalidades de Caráter Processual: a) CONVERSÃO DO DEPÓSITO EM RENDA: O contribuinte pode, tendo se utilizado do depósito do montante integral do tributo para suspensão da exigibilidade do crédito, ou para garantia da execução fiscal ou ainda para litigar contra o Fisco: a) vencer a lide e levantar o $ depositado; b) perder a lide e ver extinto o crédito tributário, por meio da conversão do depósito em renda em favor do Fisco;

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b) CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO: A consignação judicial é um tipo de depósito efetuado por quem quer pagar o tributo.

Art. 164 - A importância do crédito tributário pode ser consignada judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos: I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao Pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória; II - de subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem fundamento legal; III - de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador. § 1º - A consignação só pode versar sobre o crédito que o consignante se propõe pagar. § 2º - Julgada procedente a consignação, o pagamento se reputa efetuado e a importância consignada é convertida em renda; julgada improcedente a consignação no todo ou em parte, cobra-se o crédito acrescido de juros de mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis.

O artigo acima diz respeito às hipóteses de cabimento de ação consignatória em matéria tributária. A ação se inicia pelo depósito da quanto referente ao crédito que se quer pagar. Portanto, durante a ação, o crédito fica SUSPENSO. A extinção do mesmo só se dá quando, ao final, a ação consignatória é julgada procedente. c) DECISÃO ADMINISTRATIVA IRREFORMÁVEL: A definição é dada pelo próprio CTN (art. 156, IX):

IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória;

É aquela proferida no contencioso administrativo – em impugnação ou recurso, por órgãos singulares ou colegiados – favorável à pretensão do sujeito passivo, fulminando total ou parcialmente o crédito tributário. É definitiva, irreformável e desconstitutiva do lançamento, já que dela não cabe mais recurso na seara administrativa.

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Caso tenha havido algum depósito de valores – relativo ao montante integral em discussão ou a título de depósito recursal – o valor objeto da impugnação será levantado pelo sujeito passivo. d) DECISÃO JUDICIAL PASSADA EM JULGADO: É aquela proferida favoravelmente ao sujeito passivo pelo órgãos jurisdicionais, não mais sujeita a recurso e por isso mesmo, imutável e indiscutível pelas partes – sujeito ativo e passivo. Foi referida por mero tecnicismo do Código, pois já que a luz da CF (art. 5, XXXVI), nem mesmo a lei pode prejudicar a coisa julgada. Se a decisão for favorável ao Fisco, não se extingue o crédito tributário, pois, se suspensa anteriormente a exigibilidade pelo depósito do montante integral, será a subseqüente conversão do depósito em renda a causa da extinção; se não suspensa a exigibilidade, cabe ao Fisco prosseguir na ação de cobrança administrativa ou judicial, eventualmente em curso, para haver seus valores.

UNIDADE 11 - REPETIÇÃO DO INDÉBITO 11.1 - Definição e natureza jurídica 11.2 - Hipóteses de restituição 11.1 – Definição e natureza jurídica: A doutrina costuma adotar o termo jurídico “repetir” para indicar a restituição, a devolução de algo. O CTN menciona restituição do pagamento indevido, que é a devolução dos valores recolhidos a título de tributo, sem o ser, seja porque ultrapassam o montante devido, seja porque não dizem respeito a nenhuma relação tributária havida entre Estado (sujeito ativo) e contribuinte (sujeito passivo). É comumente denominada repetição de indébito, ou seja, devolução do indevido. Para a doutrina e a jurisprudência dominantes não há controvérsias quanto a natureza jurídica do indébito regulado pelo CTN: é tributária – indébito tributário – e deve respeitar as normas gerais constantes nessa Lei. Aquele que tem direito à devolução pode optar, obviamente, por compensar o crédito com outros devidos ao fisco, nos moldes dos art.s 170 e 170-A do CTN – ou ainda, mais raro, transferi-lo a terceiros, mortis causa ou inter vivos – já que se trata de direito de crédito regulado pelo Código Civil no art. 964. A transferência de crédito, entretanto, deve ser prevista e permitida pela lei que regula o tributo.

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11.2 – Hipóteses de restituição: O art. 165 do CTN indica os casos em que o sujeito passivo tem direito à repetição do indébito:

Art. 165. O sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, à restituição total ou parcial do tributo, seja qual for a modalidade do seu pagamento, ressalvado o disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes casos: I - cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido em face da legislação tributária aplicável, ou da natureza ou circunstâncias materiais do fato gerador efetivamente ocorrido; II - erro na identificação do sujeito passivo, na determinação da alíquota aplicável, no cálculo do montante do débito ou na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento; III - reforma, anulação, revogação ou rescisão de decisão condenatória.

ESQUEMA:

Cobrança ou pagamento espontâneo de tributo indevido ou maior que o devido;

Erro - na identificação do sujeito passivo; - na determinação da alíquota aplicável; - no cálculo do montante do débito; - na elaboração ou conferência de qualquer documento relativo ao pagamento;

Reforma; Anulação; de decisão condenatória Revogação; Rescisão.

Afora esses casos, existe mais uma hipórese, não prevista em lei, mas, atualmente, bastante verificada na prática, a do tributo declarado inconstitucional pelo STF. Para pleitear a restituição, esse mesmo artigo do Código afasta a necessidade de prévio protesto – ressalva formal do pagador – e assim o faz para não deixar dúvida sobre o regramento eminentemente de direito público da tributação, pois no direito provado, “aquele que voluntariamente pagou indevido incumbe a prova de tê-lo feito em erro” (CC, art. 877). Assim, ainda que o sujeito passivo recolha valores a título de tributo, mesmo sabendo indevidos, tem ele direito à restituição.

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Outra ressalva feita pelo art. 165 é a de que o pagamento efetuado em estampilha, papel selado ou por processo mecânico (CTN, art. 162, II), não pode ser objeto de repetição de indébito. Pode-se dizer que é uma norma caduca, pois, hoje em dia, tais meios não são mais utilizados para recebimento de valores pelo Estado. UNIDADE 12 - EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 12.1– Definição 12.2– Isenção 12.3- Anistia 12.1– Definição:

A exclusão do crédito tributário corresponde à possibilidade deste crédito em favor da Fazenda Pública existir legalmente estar amparado na legislação,mas por uma concessão ou benefício estipulado pela pessoa política competente para legislar sobre o tributo, ter sua incidência excluída do alcance de determinados sujeitos passivos.

Isso equivale a dizer o seguinte: o crédito existe em favor da administração pública, o sujeito passivo pode realizar o fato gerador da obrigação tributária devendo recolher o tributo, porém por meio de um benefício concedido pelo Poder Legislativo da pessoa de direito publico competente para instituir e cobrar o tributo, está excluído do alcance da lei tributária.

As hipóteses em que o sujeito passivo pode estar excluído do alcance da lei tributária estão previstas nos arts. 175 e 182 do CTN.

Excluem o crédito tributário, ou seja, afastam a possibilidade de a Fazenda Pública exigir o tributo do sujeito passivo: a ISENÇÃO e a ANISTIA.

12.2 – Isenção:

Regida pelos arts. 175, I e 176 a 179 do CTN, significa a possibilidade de a hipótese de incidência tributária não alcançar determinadas pessoas físicas ou jurídicas pelo fato de alterar-se parcialmente um ou mais de seus aspectos.

Significa a não-incidência da norma jurídica tributária sobre determinada situação.

O legislador pode dispensar alguns contribuintes do pagamento de determinado tributo excluindo da hipótese de incidência tributária os seguintes aspectos:

a) Espacial: afasta a possibilidade de a lei tributária incidir em determinada região ou território;

b) Temporal: exclui a possibilidade da lei tributária incidir durante certo período de tempo sobre uma região ou grupo de contribuintes, ou todas as regiões ou grupos de contribuintes que anteriormente alcançava;

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c) Pessoal: afasta o alcance da lei de um grupo de pessoas físicas ou jurídicas;

d) Material: diminui o alcance do fato gerador ou reduz a base de cálculo ou a alíquota aplicável ao cálculo do montante do tributo devido. Essa redução pode variar. A isenção total da alíquota é o que se denomina de alíquota zero.

A critério do legislativo, a isenção pode excluir vários aspectos da hipótese de incidência tributária.

Assim, por exemplo, o legislador pode reduzir todos os aspectos: alíquota zero do IPI para operações de importação relativas a remédios (aspecto material) realizadas por hospitais públicos (aspectos pessoal) da região Norte do país (aspecto espacial) por 2 anos (aspecto temporal).

O CTN estabelece a figura da isenção contratual (art. 167). Entretanto, a isenção deve decorrer sempre de lei. O contrato a que a lei se refere é o dever que o contribuinte tem de demonstrar que possui direito ao benefício fiscal.

A lei geral e abstrata é que irá fixar as condições e requisitos necessários à obtenção do incentivo por parte do contribuinte, bem como os tributos a que se aplica e o prazo de sua duração.

O contribuinte, por sua vez, irá demonstrar documentalmente, perante a repartição pública, que preenche as condições legais para a obtenção do benefício.

Por meio de um despacho da autoridade competente, será reconhecido o direito do particular (art. 179).

Quando a isenção concedida nas condições estipuladas for referente aos tributos lançados por certo período de tempo (IPTU, por ex), o contribuinte deverá fazer prova de seus direito a cada novo lançamento do tributo, estando sujeito, assim, a novas conferências por parte da administração pública, o que requer a expedição de novo despacho por parte da autoridade administrativa.

Aplica-se a esse tipo de isenção o mesmo que está disposto em relação à moratória: se o sujeito passivo deixar de cumprir as condições estipuladas por lei, ou agir dolosamente para obter o benefício, será revogada a isenção e lhe serão aplicadas as penalidades previstas na lei, além da cobrança do tributo (art. 179, §2º).

FORMAS DE ISENÇÃO:

a) Condicionada: para a obtenção do benefício por parte do contribuinte, a lei estabelece uma série de exigências a serem atendidas pelo mesmo.

Nessa forma, por exemplo, um município pode conceder isenção de ISS a empresas prestadoras de serviços de auditoria, que possuam em seu quadro de funcionários mais de 5 auditores, que exerçam a atividade por mais de 3 anos

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consecutivos, que tenham mais de 4 anos de funcionamento e que financiem os estudos de um ou mais menores carentes.

Essa é uma isenção que não tem caráter geral e está condicionara, devendo o beneficiado fazer prova de que preenche os requisitos exigidos por lei;

b) Incondicionada: a lei apenas descreve a hipótese de concessão do benefício sem estipular qualquer outra condição.

Exemplo: faixa de rendimentos do cidadão abaixo de R$ 1.058,00. A obtenção do benefício não depende de prévio despacho da autoridade administrativa, a concessão é mais genérica, pode alcançar um número maior de pessoas;

c) Por prazo certo: a lei determina um prazo em que os contribuintes terão direito ao benefício.

Exemplo: Zona Franca de Manaus – 20 anos. Gera direito adquirido para quem obtém o benefício. Pode ser retirada, porém sua revogação não produz efeitos para aqueles que obtiveram o benefício na vigência da lei.

Destarte, se fosse revogada a concessão de isenção da Zona Franca, esta revogação atingiria apenas as empresas que se instalassem naquela região após a revogação da lei. Para as demais (já instaladas) a lei continuará a surtir efeitos até o final do prazo estabelecido por ela;

d) Por prazo indeterminado: como a lei não fixa prazo de concessão do benefício, a isenção poderá ser revogada a qualquer tempo. Entretanto, se relativa aos impostos e contribuições sociais sujeitos ao princípio da anterioridade, sua revogação importará na instituição do tributo, devendo portanto observar o princípio em questão.

A isenção somente pode ser concedida por lei editada pela pessoa política competente para instituir e arrecadar o tributo, estando impedida a União de conceder isenção de tributos que não são de sua competência.

Uma imposição do CTN é a de que se o legislador pretende atribuir isenção de vários tributos ele deve especificá-los, pois o CTN estabelece que a isenção (de impostos) não é extensiva às taxas e contribuições de melhoria arrecadadas pela mesma pessoa política e tampouco alcançará os tributos (taxas, contribuições, impostos, etc) que vierem a ser criados após sua concessão. Portanto, a lei deve ser específica.

A concessão de isenção não importa na dispensa de cumprimento das obrigações acessórias referentes ao tributo.

Somente por disposição expressa em lei o sujeito passivo será dispensado do cumprimento dessas obrigações.

Assim, por exemplo, a legislação relativa às microempresas concede isenção de IRPJ a estas pessoas jurídicas e a lei concessiva do benefício determina de forma

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clara e inequívoca que as microempresas estão dispensadas de manter escrituração contábil, bastando o livro caixa (que são obrigações acessórias).

Não existindo disposição expressa em lei concessiva de isenção de tributo em relação às respectivas obrigações acessórias, entende-se que estas são exigíveis pela administração pública.

ISENÇÃO E IMUNIDADE

Isenção e imunidade não se confundem.

A primeira está a critério do legislador e constitui uma ordem do legislador à administração pública para que esta não cobre o tributo de um determinado grupo de pessoas.

A segunda foi estabelecida pela CF, impedindo assim que o legislador comum venha a alterá-la.

É um mandamento constitucional que não atribui qualquer liberdade ao Poder Legislativo da pessoa política competente para regular o tributo.

12.3- Anistia

Está prevista nos arts. 180 a 182 do CTN.

Corresponde a um benefício, estipulado em lei, que exclui a possibilidade de o contribuinte ter que pagar as penalidades pecuniárias devidas por irregularidades no pagamento de sua obrigação tributária.

Anistia de penalidade tributária:

A anistia significa a dispensa de penalidade sobre a ausência de recolhimento do tributo.

Com a concessão de anistia, o tributo continua sendo devido pelo contribuinte e, portanto, deve ser pago, porém será excluída a aplicação das penalidades aplicáveis à ausência total ou parcial do recolhimento.

Deve ser concedida sempre por lei. Pode ser outorgada (concedida) em caráter geral ou de forma limitada.

A anistia concedida limitadamente abrange somente os seguintes casos:

- infrações correspondentes a determinado tributo;

- infrações que comportem penalidades de caráter pecuniário (nesse caso deve ser especificado o montante da penalidade excluída);

- penalidades pecuniárias (multas) que venham associadas a outras espécies de penalidades;

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- condicionada ao pagamento do tributo devido em prazo fixado por lei que conceder a anistia das penalidades a ele relativas;

- relativa a determinada região da entidade tributante;

A anistia concedida de forma limitada deve ser efetivada por despacho da autoridade administrativa competente para fiscalizar e arrecadar o tributo a que se aplica.

Ou seja, o particular deve comprovar, por meio de documentação hábil (requerimentos e formulários), que preenche os requisitos legais para obter a concessão de anistia fiscal.

Caso seja apurado que o contribuinte deixa de atender às exigências legais ou tenha prestado informações falsas para obter o benefício fiscal, tal benefício será imediatamente revogado sem prejuízo de imposição de outras penalidades.

A anistia concedida em caráter geral, ou seja, aquela cuja lei que a determina não estabelece uma série minuciosa de exigências, não necessita de efetivação por meio de despacho por parte da Fazenda Pública.

Assim, como existe o princípio da reserva de lei para a concessão de isenção, existe o da reserva de lei para a anistia.

Somente a entidade tributante pode conceder por meio de seu próprio legislativo, a anistia referente aos tributos que regula, arrecada e administra (art. 150, § 6º da CF).

Atos definidos como crimes ou contravenções:

A anistia regulada nos arts. 180 a 182 do CTN não abrange os atos qualificados pela legislação tributária como crimes ou contravenções (Lei nº 8.137/90, que define os crimes contra a ordem tributária, econômica e contra as relações de consumo; Lei nº 8.866/97 que estabelece a figura do depositário infiel em matéria tributária; Lei nº 9.983/2000, que define o crime de apropriação indébita previdenciária).

Os atos praticados pelo sujeito passivo contribuinte ou responsável, ou ainda por terceiro que procure beneficiar o sujeito passivo de forma dolosa, seja sob a forma de sonegação, fraude, simulação, contrabando, descaminho, apropriação indébita, conluio, etc. são regulados por lei penais que formam a legislação referente ao Direito Penal Tributário.

O Direito Penal Tributário possui institutos e figuras jurídicas tipificadas em sua extensa legislação e os crimes de contravenções regulados por ele não são objeto da anistia referida nos arts. 180 a 182 do CTN.