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PROF. ANTÔNIO JOSÉ RESENDE DIREITO CIVIL DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

Apostila Direito Das Obrigações

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Direito das Obrigações

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PROF. ANTNIO JOS RESENDE

DIREITO CIVILDIREITO DAS OBRIGAES

2013/1DIREITO CIVIL:DIREITO DAS OBRIGAES

I INTRODUO AO DIREITO DAS OBRIGAES

1.Consideraes iniciais

2.Conceito de obrigao

O direito das obrigaes o conjunto de normas que disciplinam as relaes jurdicas, de natureza patrimonial, estabelecidas entre pessoas para a satisfao de interesses.Obrigao o vnculo jurdico que confere ao credor (sujeito ou sujeitos ativos) o direito de exigir do devedor (sujeito ou sujeitos passivos) o cumprimento de determinada prestao. o patrimnio do devedor que responde por suas obrigaes.Para Washington de Barros Monteiro, obrigao a relao jurdica de carter transitrio, estabelecida entre devedor e credor, e cujo objeto consiste numa prestao pessoal econmica positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento atravs de seu patrimnio.Nelson Rosenvald (2010: 10) observa que o conceito moderno de obrigao no sofreu significativas alteraes.Pablo EstolzeGagliano e Rodolfo Pamplona Filho prelecionam que o direito das obrigaes consiste no conjunto de normas e princpios jurdicos reguladores das relaes patrimoniais entre um credor (sujeito ativo) e um devedor (sujeito passivo) a quem incumbe o dever de cumprir, espontnea ou coativamente, uma prestao de dar, fazer ou no fazer (2012: 41-42).3. Importncia do direito das obrigaes

Rege todas as relaes jurdicas de natureza econmica, vinculando os bens das pessoas (garantia), como devedores, como garantia comum dos seus credores.Quanto aos bens: pessoa fsica = insolvente; pessoa jurdica = falncia.

4. Diferenas entre Direitos Reais e Direitos Obrigacionais

DIREITOS REAISDIREITOS OBRIGACIONAIS

a) Quanto ao sujeitoH somente sujeito ativo (proprietrio). Sujeito passivo toda a comunidade. Oponibilidade erga omnes.Sujeito determinado ou determinvel.Sujeito ativo = credor.Sujeito passivo = devedor (solvens).

b) Quanto ao objetoIncidem sobre uma coisa (res). Objeto de propriedade. Objeto: material e intelectual, por ex., autoria, marca etc. H direito de sequela, ex. art. 1.228, CC.Exigem o cumprimento de determinada prestao.Uma obrigao de dar, fazer ou no fazer.

c) Quanto duraoSo perptuos, no se extinguem pelo no uso, exceto os casos previstos em lei. Ex.: desapropriao, usucapio etc.Propriedade: plena e exclusiva (art. 1.231, CC/2002).So transitrios e se extinguem pelo cumprimento ou por outros meios, ex. morte.

d) Quanto formaoS podem ser criados pela lei, sendo seu nmero limitado e regulado por esta (numerusclausus), vide art. 1. 225, CC/2002.Resultam da vontade das partes, sendo ilimitado o nmero de contratos inonimados (numerusapertus). Pode resultar tambm da lei.

e) Quanto ao exerccioSo exercidos diretamente sobre a coisa, sem necessidade de existncia de um sujeito passivo.Exige uma figura intermediria, que o devedor.

f) Quanto aoPode ser exercida contra quem quer que detenha a coisa.A ao pessoal dirigida somente contra quem figura na relao jurdica como sujeito passivo.Oponibilidade intra partes.

5. Figuras hbridas entre Direitos Pessoais e Reais (tambm denominadas obrigaes ambulatrias ou de cunho real)

Obrigao propterrem: a que recai sobre uma pessoa, por fora de determinado direito real. S existe em razo da situao jurdica do obrigado, de titular do domnio ou de detentor de determinada coisa (Vide art. 1.277, CC/2002). Exemplos: 1) obrigao imposta aos proprietrios e inquilinos de um prdio de no prejudicarem a segurana, o sossego e a sade dos vizinhos (CC, art. 1.277); 2) pagamento de condomnio (cota condominial); 3) a obrigao de o proprietrio de um imvel de indenizar o terceiro que, de boa-f, realizou benfeitorias sobre o mesmo; 4) IPTU, IPVA etc.

Ttulo de crdito ao portador: o crdito adere ao ttulo passando a ser exigvel por quem o porte. Ento o portador tem a determinao inicial do credor. O credor ser aquele que, portando o ttulo no momento oportuno, exige aquele crdito. Por isso, diz-se que h ambulatoriedade excepcional.

6. Elementos constitutivos das obrigaesA obrigao compe-se de trs elementos essenciais. Quais sejam: o subjetivo, o vnculo jurdico e o objetivo. Eis, a seguir, uma breve explanao sobre estes elementos.

6.1. Subjetivo ou Elemento pessoal: o elemento subjetivo, ou seja, so os sujeitos da obrigao. Ser sempre determinado ou determinvel. Pode ser:a) Sujeito ativo (credor) (accipiens): ele que detm o direito de ao;b) Sujeito passivo (devedor) (solvens). Este s sujeito na ao de consignao em pagamento (Vide arts. 334 a 345, CC/2002; arts. 890 a 900, CPC). Os sujeitos da obrigao, tanto o ativo como o passivo, podem ser pessoa natural como jurdica, de qualquer natureza, bem como as sociedades de fato. Devem ser determinados ou, ao menos, determinveis. No contrato de doao, por exemplo, o donatrio, s vezes, indeterminado, mas determinvel no momento do seu cumprimento, pelos dados nele constantes. Ex. o vencedor de um concurso, o melhor aluno de uma classe etc. Se no forem capazes sero representados ou assistidos por seus representantes legais (art. 1.634, do Cdigo Civil de 2002), dependendo ainda, em alguns casos, de autorizao judicial.

6.2. Vnculo Jurdico ou Elemento material: o vnculo jurdico (obrigatio) (coercibilidade e juridicidade) existente entre eles. o emprego da fora exercido pelo Estado, atravs da lei ou de ao (judicirio).

O vnculo jurdico resulta de diversas fontes e sujeita o devedor a uma determinada prestao em favor do credor. Divide-se em dbito e responsabilidade. O primeiro, tambm denominado vnculo espiritual ou pessoal, une o devedor ao credor e exige que aquele cumpra pontualmente a obrigao. O segundo, o vnculo material, confere ao credor no satisfeito o direito de exigir judicialmente o cumprimento da obrigao, submetendo quele os bens do devedor. H desta forma, de um lado o dever da pessoa obrigada (debitum), e de outro a responsabilidade, em caso de inadimplemento. A responsabilidade , portanto, o dever de indenizar ou ressarcir danos causados pelo descumprimento da obrigao. a exigibilidade jurdica, isto , o momento em que o credor pode exigir em juzo o pagamento da dvida. Efetuar a execuo para obter o pagamento da dvida, contra o devedor inadimplente. O sujeito passivo deve e tambm responde, de forma coativa, pelo cumprimento da obrigao. Pode existir, tambm, o desmembramento desses elementos, como no caso da fiana, ou ainda dbito sem responsabilidade, como ocorre na obrigao natural.

Ex. de obrigao sem responsabilidade: o caso das dvidas prescritas, as do jogo etc. Obs. O devedor, nestes casos, no pode ser condenado a cumprir a prestao, isto , ser responsabilizado, embora continue devedor. Ex. de responsabilidade sem obrigao: o caso do fiador, que responsvel pelo pagamento do dbito somente na hiptese de inadimplemento da obrigao por parte do afianado, este sim originariamente obrigado ao pagamento, por ex., dos aluguis.

6.3. Elemento Objetivo: o objeto, sempre de valor econmico. Pode ser determinado ou determinvel (art. 104, II, CC/2002).

Objeto imediato. sempre uma conduta humana, por ex., dar, fazer ou no fazer. Denomina-se prestao ou objeto imediato. Objeto mediato. O objeto da prestao, ou seja, o objeto mediato da obrigao. Descobre-se este atravs da pregunta: dar, fazer ou no fazer o qu? Tal objeto tem que ser lcito, possvel, determinado ou determinvel (CC, art. 104, II) e suscetvel de apreciao econmica.

Lembre-se: Objeto lcito o que no contraria a lei, a moral e os bons costumes. Nula ser a obrigao se o objeto for ilcito, impossvel ou indeterminvel (art. 166, II, CC/2002). A impossibilidade pode ser fsica ou jurdica. Impossibilidade fsica: H impossibilidade fsica sempre que a prestao avenada ultrapassar as foras humanas; Impossibilidade jurdica: Sempre que a estipulao disser respeito a prestao proibida por lei, como nos exemplos: a alienao de herana de pessoa viva ou de bens pblicos no dominicais (CC, arts. 100 e 426).

7. Diferenasentre os institutos da obrigao e o da responsabilidade:A obrigao uma relao jurdica originria (devedor prestao credor). Surge da vontade, do acordo das partes.A responsabilidade uma relao jurdica derivada (Poder judicirio ao sobre os bens do devedor). Surge como consequncia da obrigao no cumprida.Observaes:- Obrigao sem responsabilidade: Existe o dbito, mas no h como cobrar. Ex. dbito prescrito, dvida de jogo etc.- Responsabilidade sem obrigao. Ex. Fiana (tem a responsabilidade, mas ainda no tem a obrigao de pagar).

8. Fonte das obrigaes:

As obrigaes e suas fontes correspondentes compem a estrutura bsica do direito contratual.A obrigao resulta:a) Da vontade do Estado, por intermdio da lei;b) Da vontade humana, ou vontade individual, manifestada no: contrato, pois surge de um acordo (manifestao de vontades); na declarao unilateral; ou na prtica de um ato ilcito.

EXEMPLOS: Exemplos de obrigaes impostas pela lei: prestar alimentos aos parentes (art. 1.694, CC/2002); o empregador indenizar os danos causados por seu empregado (art. 932, CC/2002); a obrigaopropterrem imposta aos vizinhos (art. 1.277, CC/2002) etc. Exemplos de declarao unilateral: O Ttulo VII, do Livro das Obrigaes, prev quatro espcies de atos unilaterais: promessa de recompensa, gesto de negcios, pagamento indevido e enriquecimento sem causa (arts. 854 a 886, do CC/2002). Tambm o Ttulo ao portador, previsto no Cap. II, do Ttulo VIII, arts. 904 a 909, CC/2002.

Pode ser:

Lcita quando a manifestao da vontade obedece lei; Ilcitaquando advm de desvio de conduta. Ex. Uma coliso de carro etc.No primeiro caso, a lei a fonte imediata da obrigao; no segundo, a mediata. Porque estsempre presente, mediata ou imediatamente, alguns a consideram a nica fonte das obrigaes.

9.Classificao das obrigaes no Direito Civil brasileiro

As modalidades de obrigaes so tratadas nos artigos 233 a 285 do Cdigo Civil de 2002, no Ttulo I, do Livro I, da Parte Especial. Abrange as obrigaes de dar (Captulo I); obrigaes de fazer (Captulo II); obrigaes de no fazer (Captulo III); Obrigaes alternativas (Captulo IV); Obrigaes Divisveis e Indivisveis (Captulo V) e as Obrigaes Solidrias (Captulo VI). Para fins didticos, considera-se a classificao das obrigaes da seguinte forma: Quanto natureza de seu objeto: dar, fazer e no fazer; Quanto ao modo de execuo ou de seus elementos: simples e composta (a composta divide-se em: cumulativa, alternativa e facultativa); Quanto ao contedo: obrigao de meio e obrigao de resultado. Para ROSENVALD & FARIAS, 2010: 152, diz-se: quanto ao fim: obrigao de meio, de resultado e de garantia; Quanto exigibilidade: obrigaes civis e obrigaes naturais; Quanto aos elementos adicionais ou acidentais: puras e simples, condicionais (art. 121, CC), a termo (art. 131, CC) e modais (onerosas ou com encargo) (art. 136, CC); Quanto ao tempo do adimplemento ou momento em que devem ser cumpridas: obrigaes de execuo instantnea, de execuo diferida e de execuo continuada ou de trato sucessivo; Quanto liquidez do objeto: lquida e ilquida; Obrigaes reciprocamente consideradas: principais e acessrias; Obrigaes com clusula penal.

A classificao das obrigaes no Direito Civil brasileiro dispe-se do seguinte modo:

9.1 Quanto ao objeto:

Positivas:a) obrigaes de dar (consiste em restituir e entregar). Podem ser de: dar coisa certa e dar coisa incerta.b) obrigao de fazer (prestao de servios).

Negativas: c) obrigao de no fazer. Ex. contrato com um vizinho de no fazer um muro alto.

9.2 Espcies de obrigaes quanto aos seus elementos:

a) Simples: composta de um credor (sujeito ativo), um devedor (sujeito passivo) e um nico objeto.

b) Compostas ou complexas, com multiplicidade de:Objetos: Cumulativas ou conjuntivas (objetos ligados pela conjuno e): todos os objetos.Ex. a obrigao de entregar uma cela e um animal.

Alternativas (objetos ligados pela disjuntiva ou): apenas um dos objetos.Ex. A obrigao de entregar um veculo ou um animal; A pagar a dvida perante B, mediante a entrega de R$200.000,00 ou de um apartamento nesse valor.

Facultativas: com faculdade de substituio do objeto, conferida ao devedor, ou seja, consiste a obrigao facultativa na possibilidade conferida ao devedor de substituir o objeto inicialmente prestado por outro, de carter subsidirio, mas j especificado na relao obrigacional.Ex.A convenciona o pagamento a B da quantia de R$ 3.500,00 em setembro, com a obrigao facultativa de transferir uma moto. Consequentemente, facilita-se o pagamento pelo devedor, passando ele a contar com uma opo a mais para exonerar-se da obrigao, sem para tanto depender da aquiescncia do credor.

Sujeitos: Divisveis. Nas obrigaes divisveis cada credor s tem direito sua parte, podendo reclam-la independentemente do outro. E cada devedor responde exclusivamente pela sua cota. Ex. Jos e Geraldo obrigaram-se a entregar a Joo duas sacas de caf, sendo que cada um deles dever entregar uma das sacas de caf para Joo. Assim, o referido credor somente pode exigir de um dos devedores a entrega de uma delas. Se quiser as duas, deve exigi-las dos dois devedores (CC, art. 257).

Indivisveis. Nas obrigaes indivisveis, cada devedor s deve, tambm, a sua quota-parte. Mas, em razo da indivisibilidade fsica do objeto (um veculo ou um animal, por exemplo), a prestao deve ser cumprida por inteiro. Se dois so os credores, um s pode exigir a entrega do animal, mas somente por ser indivisvel, devendo prestar contas ao outro credor (CC, art. 259 a 261).

Solidrias (mesmo que o objeto seja divisvel cada um responsvel pelo todo. S existe se expressa no contrato). Esta modalidade de obrigao independe da divisibilidade ou indivisibilidade do objeto da prestao, porque resulta da vontade das partes ou da lei. Pode ser tambm, ativa ou passiva. Se existirem vrios devedores solidrios passivos, cada um deles responde pela dvida inteira. Havendo clusula contratual dispondo que a obrigao assumida por dois devedores, de entregar duas sacas de arroz, solidria, o credor pode exigi-las de apenas um deles. O devedor que cumprir sozinho a prestao pode cobrar, regressivamente, a quota-parte de cada um dos codevedores (CC, art. 283).

9.3 Quanto ao contedo:

a) Obrigao de meio: O devedor promete empregar todos os meios ao seu alcance para a obteno de determinado resultado, sem, no entanto, responsabilizar-se por ele.Em outros termos, aquela que no objetiva diretamente um fim e, em havendo negligencia na realizao, cabe indenizao.Exemplos: servios prestados por advogados, mdicos etc.

b) Obrigao de resultado: O devedor dela se exonera somente quando o fim prometido alcanado. a obrigao que se prope a um determinado fim e, no o alcanando, tem que indenizar.Exemplos: obrigao do transportador (contrato de transporte); empresa de prestao de servios de mudana que extravia ou danifica um bem; obrigao do mdico cirurgio plstico, que realiza trabalho de natureza esttica etc.

9.4 Quanto exigibilidade ou quanto ao seu vnculo:

a) Obrigaes civis:Obrigaes civis so as que encontram respaldo no direito positivo (lei), podendo seu cumprimento ser exigido pelo credor, por meio de ao.A obrigao onde h vnculo jurdico imediato (obrigao) e remoto (responsabilidade). H exigibilidade jurdica (cumprimento forado da obrigao).Exemplos: Penso alimentcia etc.

b) Obrigaes naturais:So aquelas no exigveis judicialmente. O credor no tem o direito de exigir a prestao, e o devedor no est obrigado a pagar. a obrigao desprovida de exigibilidade jurdica, ou seja, uma obrigao sem responsabilidade no obstante exista um dbito.Exemplos: dvidas prescritas (art. 882, CC); dvidas de jogo (art. 814, CC) etc.9.5Quanto aos elementos adicionais ou acidentais:a) puras e simples: no sujeitas condio, termo ou encargo.b) condicionais (art. 121, CC). So aquelas cujo efeito est subordinado a um evento futuro e incerto (CC, art. 121 a 130).c) a termo (art. 131, CC). Nas obrigaes a termo, a eficcia est subordinada a um evento futuro e certo, a determinada data. O termo pode ser inicial (dies a quo) ou final (dies ad quem). d) modais,onerosas ou com encargo (art. 136, CC). Obrigaes modais ou com encargo so as oneradas com algum gravame. O encargo ou modo, ao contrrio da condio, no suspende a aquisio nem o exerccio do direito, salvo quando expressamente imposto no negcio jurdico, pelo disponente, como condio suspensiva (CC, art. 136).Exemplo: Em regra, imposto nas doaes ou em testamentos. Mas pode ocorrer tambm nas declaraes unilaterais da vontade, tais como na promessa de recompensa, ou nos contratos onerosos, por ex., na compra e venda de um imvel, com o nus de franquear a passagem ou a utilizao por terceiros.

9.6 Quanto ao momento em que devem ser cumpridas:a) Obrigaes de execuo instantnea: que se consumam imediatamente, num s ato. Ex.: compra e venda, com pagamento vista.b) Obrigaes de execuo diferida: que se consumam num s ato, mas em momento futuro. Ex.: estabelecer uma data posterior para entrega do objeto alienado.c) Obrigaes de execuo continuada ou de trato sucessivo: que se cumpre por meio de atos reiterados. Ex.: prestao de servios; na compra e venda a prazo ou em prestaes peridicas etc.

9.7 Obrigaes quanto liquidez: a) Lquida: certa quanto sua existncia, e determinada quanto ao seu objeto.c) Ilquida: a que depende de apurao de seu valor para ser exigida.

9.8 Obrigaes reciprocamente consideradas:a) Principais: subsistem por si.b) Acessrias: dependem da existncia da obrigao principal e lhe seguem o destino.9.9 Obrigaes com clusula penal: so aquelas em que h a cominao de uma multa ou pena para o caso de inadimplemento ou de retardamento do cumprimento da avena.II MODALIDADES DE OBRIGAES

1. Obrigao de dar coisa certa (determinada) (obligatiodandi)

a obrigao de entregar a coisa ou de restituir (em caso de emprstimo).Base legal: arts. 233 a 242, do Cdigo Civil de 2002.

Conceito: aquela em que o seu objeto determinado, individualizado no ato do negcio jurdico, isto , no momento em que a obrigao contrada. a obrigao em que o devedor se obriga a dar coisa individualizada, que se distingue por caractersticas prprias, seja bem mvel ou imvel. Confere ao credor simples direito pessoal.Em outros termos, a obrigao de dar coisa certa aquela em virtude da qual o devedor fica constrangido a promover, em benefcio do credor, a tradio da coisa (mvel ou imvel), com o fim de outorgar um novo direito (compra e venda), ou com o de restituir devidamente a coisa ao seu dono (emprstimo).Tal obrigao abrange os acessrios da coisa, salvo conveno em contrrio (art. 233, CC/2002).A prestao consiste na entrega ou restituio de uma coisa determinada que, at a tradio, pertence ao devedor (art. 237, CC).

Subdivises: entregar = a coisa ser entregue pela primeira vez ao credor; restituir = o devedor devolve ao credor a coisa que dele recebera.

Princpio da Identidade:O credor no obrigado a aceitar coisa diversa da que lhe devida, ainda que mais valiosa, nem o devedor obrigado a dar coisa diferente da ajustada. Como depreende da leitura do art. 313, do Cdigo Civil, e da sua interpretao a contrario sensu:O credor no obrigado a receber prestao diversa da que lhe devida, ainda que mais valiosa.

1.1. Transferncia do domnio

a denominada tradio ou entrega da coisa, sendo que, antes da entrega a coisa pertence ao devedor, conforme determina o art. 237, do Cdigo Civil, in verbis: Art. 237. At a tradio pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poder exigir aumento no preo; se o credor no anuir, poder o devedor resolver a obrigao.

Desta forma, cumpre-se a obrigao de dar coisa certa mediante entrega (por ex. no contrato de compra e venda) ou restituio (por ex. no comodato).Esses dois atos podem ser representados com o termo tradio. Conforme j assinalamos, enquanto esta no ocorrer, a coisa continuar pertencendo ao devedor, com os seus melhoramentos e acrescidos (art. 237, CC).

a) Bens mveis:A simples entrega encerra a obrigao. Conforme determina o art. 1.267, do Cdigo Civil:

Art. 1.267. A propriedade das coisas no se transfere pelos negcios jurdicos antes da tradio.Pargrafo nico: Subentende-se a tradio quando o transmitente continua a possuir pelo constituto possessrio; quando cede ao adquirente o direito restituio da coisa, que se encontra em poder de terceiro; ou quando o adquirente j est na posse da coisa, por ocasio do negcio jurdico.

b) Bens imveis:

A tradio solene. Tem que haver registro formal. Vide art. 108 e art. 1.245, do Cdigo Civil:

Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do ttulo translativo no Registro de Imveis. 1 Enquanto no se registrar o ttulo translativo, o alienante continua a ser havido como dono do Imvel. 2 Enquanto no se promover, por meio de ao prpria, a decretao de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imvel.

1.2. Perecimento e deteriorao do objetoConsequncias da perda ou deteriorao da coisa. Previso legal nos arts. 234 a 236, do Cdigo Civil. Tradio. Sem culpa: para o devido, mas no perdas e danos. Com culpa: paga o equivalente obrigao mais perdas e danos. Antes da tradio: os riscos so de quem vende. Aps a tradio: os riscos so do comprador. O nus da prova incumbe a quem alega o fato. Inverso do nus da prova.

a) Perecimento da coisa antes da tradio (perda total): Sem culpa do devedor resolve-se a obrigao, com restituio do preo e correo monetria. Quando no h culpa, perde o dono (res perit domino). Ver art. 234, 1 parte na obrigao de dar; e art. 238, na obrigao de restituir, ambos do Cdigo Civil. Com culpa do devedor perdas e danos. Ver: art. 234, 2 parte na obrigao de dar; e art. 239, na obrigao de restituir, ambos do Cdigo Civil.

b) Deteriorao da coisa antes da tradio (perda parcial): Sem culpa do devedor resolve-se a obrigao, com restituio do preo e correo monetria ou abatimento proporcional do preo. Com culpa do devedor perdas e danos; recebimento da coisa no estado em que se encontra; abatimento proporcional no preo.

1.3. Acessrios do objetoTrata-se dos melhoramentos e acrscimos. Com relao aos acessrios:a) Na obrigao de dar, ou seja, de entregar: Pertencem ao devedor benfeitorias e os frutos percebidos. Pertencem ao credor os frutos pendentes. Ver art. 237, CC/2002.b) Na obrigao de restituir. Neste caso, se o devedor tiver gastos, ser restitudo. Se no, o credor fica com a vantagem. Ver arts. 241 e 242, do CC/2002. Pertencem ao credor os que no tiverem sobrevindo a coisa por despesa ou trabalho do devedor. Situao do devedor de boa f: Benfeitorias necessrias e teis direito indenizao e direito de reteno. Benfeitorias volupturias se autorizadas, geram direito indenizao. Se no, podem ser retiradas. Faz jus aos frutos percebidos, devendo os colhidos por antecipao e os pendentes ser entregues ao credor. Situao do devedor de m f: Benfeitorias necessrias direito indenizao. Benfeitorias teis e volupturias nenhum direito. Frutos deve ressarcir os percebidos e os que, por culpa sua, deixou de perceber.

2. Obrigao de dar coisa incerta (determinvel)A coisa tem que ser determinvel e dever ser indicado pelo menos o gnero e a quantidade. A previso legal encontra-se nos arts. 243 a 246, do CC/2002.A prestao consiste em entregar um bem determinado pelo gnero, qualidade e quantidade, mas que no foi individuado.O direito de escolha cabe ao devedor, mas pode constar no contrato outra modalidade. O devedor no pode alegar perda antes da escolha.

Escolha: Utiliza-se tambm o termo concentraocomo sinnimo deescolha. Individualizao da coisa. Transforma a obrigao de dar coisa incerta em obrigao de dar coisa certa. No ato da escolha a coisa tem que se tornar certa, isto , determinada. Na falta de ajuste, caber ao devedor, que no poder entregar coisa pior, mas no ser obrigado a dar coisa melhor.

Execuo judicial: De obrigao de dar constante em ttulo executivo extrajudicial:A) coisa certa (arts. 621 a 628, do CPC); Procedimentos:1) citao para entregar ou depositar em 10 dias;2) possibilidade de fixao de multa, pelo juiz, por dia de atraso;3) embargos execuo, no prazo de 10 dias, a contar do depsito;Observao: parte da doutrina e da jurisprudncia, com base na leitura do art. 738 do CPC, entende que o prazo de 15 dias.4) se no entregar, nem depositar imisso ou busca e apreenso;5) o credor tem direito ao recebimento do valor da coisa, alm de perdas e danos, se a coisa no lhe for entregue.B) coisa certa (arts. 629 a 631, do CPC): Procede-se escolha, que poder ser impugnada no prazo de 48 horas. Aps, a execuo passa a ser para entrega de coisa certa.

Da obrigao de dar constante em ttulo executivo judicial:A) no haver execuo, mas efetivao no prprio processo de conhecimento (arts. 461-A c/c 461, do CPC);

B) concesso de tutela especifica e fixao de prazo para cumprimento da obrigao.3. Obrigaes de fazer (obligatio faciendi)

3.1.Conceito, objeto e base legal:

As obrigaes de fazer esto previstas nos arts. 247 a 249, do CC/2002.Donizette&Quintella,afirmam que as obrigaes de fazer so aquelas obrigaes cuja prestao se consubstancia em um fazer a ser realizado pelo devedor (2012: 295).Em outros termos, o compromisso do devedor junto ao credor de prestar ato ou fato seu ou de terceiro (contratos de prestao de servio).A conduta objeto da obrigao de fazer pode ser a prestao de servios ou a prtica de ato ou negcio jurdico. Prestao de servio: o sujeito passivo obriga-se a disponibilizar uma utilidade ou comodidade ao ativo.Exemplos: a) as obrigaes assumidas pelos profissionais liberais, tais como, advogado, mdico, dentista, arquiteto, engenheiro etc.b) pelas empresas prestadoras de servio, por exemplo, hospital, seguradoras, bancos, hotel, empresrios do entretenimento etc.c) por alguns trabalhadores autnomos: empreiteiro, pintor, eletricista, encanador, tcnico em eletrodomsticos etc.

Nas obrigaes de fazer mediante a prtica de ato ou negcio jurdico, a conduta a que se obriga o sujeito , em geral, concentrada, exaure-se numa ao somente e produz resultado imediato.Exemplos:a) o ato de declarar uma vontade, como no caso do acionista que se compromete a votar numa determinada pessoa para presidente da companhia; b) o comparecer a um local e agir duma certa maneira, no caso do cantor que se obriga a realizar um espetculo; c) e o executar de uma obra nica, tais como, o pintor que se obriga a retratar o contratante.

3.2. Diferenas entre as obrigaes de dar e de fazerAs obrigaes de fazer diferem das obrigaes de dar, porquanto a prestao um fato comissivo qualquer diverso de entrega ou atividade, e o objeto desse fato a prpria atividade.Nas obrigaes de fazer interessa ao credor a prpria atividade do devedor. Neste caso, o objeto da prestao caracteriza-se por um comportamento do sujeito passivo, e no por uma coisa.Observe-se que as obrigaes de fazer tambm se diferenciam das obrigaes no negociais. So obrigaes no negociais, por exemplo, a responsabilidade civil, prestao de alimentos, obrigaes tributrias etc.Quanto caracterizao da obrigao de fazer, a nfase repousa sobre a conduta do sujeito passivo, enquanto a obrigao de dar recai sobre a prpria coisa.H obrigaes cuja caracterizao sempre difcil de ser definida, se so obrigaes de fazer ou de dar, por exemplo: a) as atividades do estacionamento;b) do transportador de carga;c) do vendedor. Define a lei que ele obrigado a transferir o domnio da coisa vendida ao comprador (CC,art. 481). Esta obrigao pode ser descrita tanto pelo ngulo das obrigaes de dar como pelo das de fazer. Veja-se o que diz Fbio Ulhoa Coelho:Quando a coisa objeto de compra e venda um imvel, a transferncia do domnio se faz, em regra, mediante a outorga de escritura pblica, que o ttulo hbil ao registro da alterao da propriedade no Cartrio de Imveis. Esta outorga uma declarao de vontade do vendedor expressa perante o Tabelio. Ir ao cartrio e assinar a escritura so aes do sujeito passivo e podem, por isso, ser referidas como obrigao da fazer. Por outro lado, por essas aes que o vendedor d ao comprador a coisa objeto do contrato. Mesmo se o objeto da compra e venda bem mvel, a ao do vendedor de entreg-la ao comprador pode ser descrita tanto como uma obrigao de fazer como de dar (2012,p. 75).Ressalta Coelho (2012,p. 77), que algumas obrigaes de fazer so interdependentes com algumas de dar, por exemplo, na cirurgia de implantao de marca-passo, no h como dissociar uma obrigao da outra.

3.3. Espcies de obrigaes de fazerAs obrigaes de fazer se subdividem em dois tipos de prestaes, quais sejam:

a) Obrigaes de fazer personalssimas, infungveisou intuitu personaeOcorre nos contratos intuitu personae. No pode ser realizada seno pelo devedor. So as obrigaes de fazer que apenas o devedor est em condies de prestar. Pode-se dizer que o fazer espiritual, que leva em conta as aptides do devedor e retrata, portanto, imaterialidade. Neste caso, o sujeito passivo insubstituvel.

b) Obrigaes de fazer material, fungvel ouimpessoal realizada nos contratos em que possvel a execuo por pessoa diversa da do devedor. Significa o fazer fsico, que pode ser materializado. o fazer alguma coisa que pode ser feito por outra pessoa diversa da do prprio devedor.Em outros termos, aquela em que a prestao pode ser cumprida por terceiro, uma vez que a sua execuo no depende de qualidades pessoais do devedor. Tais obrigaes divergem, portanto, das personalssimas, que exigem para o seu cumprimento que sejam realizadas pelo prprio devedor, pois a sua execuo depende de qualidades prprias do devedor.

c) Consistente em emitir declarao de vontade (pacto de contrahendo), como, p. ex., endossar certificado de propriedade do veculo alienado (CPC, art. 466-B).

3.4. Inadimplemento das obrigaes da fazer

A no realizao de uma obrigao de fazer pelo devedor, que se torna, portanto inadimplente, importar nas seguintes hipteses:

a) Devido impossibilidade da prestao, isto , por impossibilidade superveniente:

Sem culpa do devedor resolve-se a obrigao e restitui-se o preo (art. 248, 1 parte, CC/2002). Com culpa do devedor restituio do preo e responde este por perdas e danos (art. 248, 2 parte, CC/2002).

b) Devido recusa do devedor, isto , recusa de cumprimento da obrigao:

Na obrigao de fazer personalssima, ou infungvel: No sendo possvel a execuo judicial do dbito, a obrigao se resolve em perdas e danos.A previso legal para estes casos est definida nos arts. 247 e 248, do CC/2002.

Na obrigao de fazer material, ou fungvel:Ser livre ao credor mandar executar o fato (prestao) por terceiro, custa do devedor, sendo, ainda, cabvel a indenizao pelos prejuzos (art. 249, CC/2002).

Observao:Sobre a execuo da obrigao de fazer, ver arts. 632 e segs., do CPC.

4. Obrigao de no fazer (obligatio non faciendi) (arts. 250 e 251, CC/2002)

4.1. Conceito Donizetti&Quintella, prelecionam que as obrigaes de no fazer so aquelas obrigaes cuja prestao se consubstancia em um fato omissivo do devedor, ou seja, uma absteno. So sempre contnuas (2012,p. 296).Sendo negativa, no passa de uma absteno. Trata-se de obrigao que impe ao devedor um dever de absteno, isto , o de no praticar o ato que poderia livremente fazer, se no se houvesse obrigado.Aquele que se obriga, por ato de vontade, a no fazer, deve omitir-se nesse sentido, sob pena de inadimplemento obrigacional.

4.2. Inadimplemento da obrigao de no fazer:

a) Com culpa do devedor: Art. 251, pargrafo nico, CC. Desfazimento do ato s custas do devedor e pagamento de perdas e danos.

b) Ante a impossibilidade de absteno. Sem culpa do devedor, ou seja, por impossibilidade superveniente, volta ao status quo anterior. Resoluo da obrigao (art. 250, CC).

5. Obrigaes alternativas (arts. 252 a 256, CC/2002)

As obrigaes alternativas so tambm denominadas obrigaes compostas, complexas ou com multiplicidade de objetos.Trata-se de obrigaes compostas devido multiplicidade de objetos. Isto significa que nestas obrigaeso contedo formado por duas ou mais prestaes, das quais uma somente ser escolhida para pagamento ao credor e liberao do devedor.

5.1. Conceito

Pablo EstolzeGagliano define que as obrigaes alternativas ou disjuntivas so aquelas que tm por objeto duas ou mais prestaes, sendo que o devedor se exonera cumprindo apenas uma delas (2012: 120).As obrigaes alternativas se caracterizam pela multiplicidade de objetos. H, neste caso, o direito de escolha, que indivisvel e irrevogvel. O ou, referente escolha de uma prestao ou outra para a execuo, que caracteriza as obrigaes alternativas.Dizem Farias &Rosenvald, que enfim, o devedor exonera-se do dbito, quando oferece umas das prestaes (2012: 237).As obrigaes alternativas podem ser negociais ou no negociais:a) Negociais: so originadas da vontade das partes, comumente ocorre nos contratos. Exemplo: A pagar a dvida perante B, mediante a entrega de R$ 180.000,00 ou de um terreno nesse valor.b) No negociais: quando decorrem exclusivamente da lei. Exemplos: art. 402, do CC (o comprador de coisa viciada pode exigir a resciso do contrato comutativo ou o abatimento proporcional do preo); art. 1.273, do CC (o dono de coisa fraudulentamente misturada de outros tem o direito de adquirir a propriedade do todo, pagando pelo que no era seu com desconto da indenizao, ou renunciar ao que lhe pertence mediante completa indenizao); art. 1.701, do CC (a pessoa obrigada a prestar alimentos pode optar entre pagar a penso mensal ou hospedar e sustentar o alimentando) etc.

5.2. Direito de escolha

O direito de escolha, ou tambm denominado concentrao, segundo Coelho, o processo de determinao da prestao a ser entregue ao sujeito ativo na execuo da obrigao (2012: 88). irrevogvel e indivisvel e, conforme previso do Cdigo Civil cabe:a) ao devedor: como regra geral, se outra coisa no se estipulou, ou seja, se de outra forma no estiver estipulado no contrato (art. 252, CC);b) ao credor, ao terceiro (art. 252, in fini, CC), isto , de comum acordo;c) ao juiz: se no houver acordo entre as partes (art. 252, 4, CC).

5.3. Decadncia do direito de escolhaSe ocorrer a decadncia perde o devedor o direito de escolha, ou seja, se por alguma razo, o titular no o exercer a opo passar ao credor, conforme previso do art. 571, do CPC.5.4. Impossibilidade de cumprimento das obrigaes alternativas

A obrigao alternativa complexa por se referir a duas ou mais prestaes no cumulativas.Para a sua execuo, necessrio afastar a complexidade, transform-la numa obrigao objetivamente simples.Isto decorrer da escolha feita por um sujeito de direito (concentrao) ou da impossibilidade ou inexequibilidade de todas menos uma das prestaes alternativas (imprevisibilidade). A impossibilidade ou imprestabilidade pode ser material ou jurdica.

5.4.1. Impossibilidade Parcial (de uma das prestaes alternativas):

a) sem culpa do devedor concentrao do dbito na prestao subsistente (art. 253 do CC);b) com culpa do devedor se a escolha cabe ao prprio devedor: concentrao do dbito na prestao subsistente (art. 253 do CC); se a escolha cabe ao prprio credor: poder exigir a prestao remanescente ou valor da que se impossibilitou, mais as perdas e danos (art. 255, primeira parte, do CC).

5.4.2. Impossibilidade Total (de todas as prestaes alternativas):

a) sem culpa do devedor extingue-se a obrigao (art. 256 do CC);b) com culpa do devedor se a escolha cabe ao prprio devedor: dever pagar o valor da prestao que se impossibilitou por ltimo, mais as perdas e danos (art. 254, CC); se a escolha cabe ao credor: poder exigir o valor de qualquer das prestaes, mais perdas e danos (art. 255, segunda parte, CC).

Observam Rosenvald& Farias, que se desde o tempo da concentrao houver impossibilidade material ou jurdica de uma das prestaes, a alternatividade das obrigaes meramente aparente, no se aplicando as normas em comento. Trata-se certamente de caso de nulidade do negcio jurdico a teor do art. 166, II, do Cdigo Civil (2012: 241).

6. Obrigaes divisveis e indivisveis (arts. 257 a 263, CC/2002)

6.1. Conceito

Obrigaes divisveis so aquelas cujo objeto pode ser dividido entre os sujeitos, ou seja, as que admitem o cumprimento fracionado ou parcial da prestao.As indivisveis so as obrigaes que s podem ser cumpridas por inteiro (art. 258, CC).Exemplo: A e B devem a C 20 sacos de caf. Cada um pode pagar dez. Porm, se A e B devem a C um caminho, ento coisa indivisvel. As causas de indivisibilidade de acordo com o art. 258, do Cdigo Civil, so:i) natureza da prestao;ii) motivo de ordem econmica;iii) razo determinante do negcio.

Vale lembrar que o art. 88 do Cdigo Civil estabelece que a indivisibilidade, quanto aos bens, decorre:i) da natureza das coisas (material) quando decorre da prpria natureza da prestao. Exemplo: a entrega de um animal reprodutor;ii) de determinao legal (jurdica) quando decorre de norma legal. Exemplo: a pequena propriedade agrcola (Mdulo rural); as servides prediais, nos termos dos art. 1.386, do CC;iii) por vontade das partes (convencional) quando estipulado em contrato.

6.2. Divisibilidade e indivisibilidade nas obrigaes de dar, fazer e no fazer:

A obrigao de dar e fazer, dependendo da possibilidade de fracionamento do objeto de sua prestao, tanto pode ser divisvel quanto indivisvel. A obrigao de no fazer, em princpio, indivisvel, pois no tem como dividir uma absteno. Mesmo que tal absteno seja parcial, implicar em descumprimento obrigacional.

6.3. Efeitos da divisibilidade e da indivisibilidade

Divisibilidade:

a) Um credor e um devedor: Mesmo o objeto sendo divisvel, quando h apenas um credor e um devedor a obrigao indivisvel (art. 314, CC).

b) Pluralidade de devedores ou credores: Divide-se a obrigao por partes. Concursu partes fiunt (As partes se satisfazem pelo rateio) (art. 257, CC).

H presuno, no caso da obrigao divisvel, de que est repartida em tantas obrigaes, iguais e distintas, quantos os credores ou devedores.

Indivisibilidade:

a) Pluralidade de devedores (concurso passivo): Cada um obrigado pela dvida toda e aquele que paga fica com o direito de cobrar dos demais (art. 259, CC).

b) Pluralidade de credores (concurso ativo): Cada credor pode exigir a dvida por inteiro, mas o devedor se desobrigar do total, ou pagando a todos ou a um dos credores, que dar cauo de ratificao (quitao de um com o reconhecimento dos direitos dos demais, registrada no Cartrio de Notas).Art. 260, do Cdigo Civil de 2002:

Art. 260. Se a pluralidade for dos credores, poder cada um destes exigir a dvida inteira; mas o devedor ou devedores se desobrigaro, pagando:I a todos conjuntamente;II a um, dando este cauo de ratificao dos outros credores.

6.4. Remisso da dvida por um dos credores

Se um dos credores perdoar sua parte na dvida, continua valendo para os demais credores, descontando o valor daquele que perdoou. Se o bem no for divisvel, os demais credores pagaro a diferena da cota daquele que perdoou. Se no tiver como, vende o bem e resolve a obrigao (art. 262, CC).

6.5. Perecimento da obrigao por culpa do devedor

Em caso de culpa do devedor, resolve-se a obrigao mais perdas e danos. Pagam-se as perdas e danos apenas o culpado, ou divide-se entre os culpados.Por isso, perde a qualidade de indivisvel a obrigao que se resolver em perdas e danos, em caso de perecimento com culpa do devedor (art. 263, CC).

7. Obrigaes solidrias (arts. 264 a 285, do CC/2002)

7.1 . ConceitoO conceito de obrigao solidria est explicitado no art. 264 do Cdigo Civil e afirma que existe solidariedade quando na mesma relao jurdica obrigacional, concorre mais de um credor (solidariedade ativa), ou mais de devedor (solidariedade passiva), sendo cada um, com direito, ou obrigado, dvida toda.Desta forma, a obrigao solidria quando h vrios devedores e cada um responde pela dvida inteira, como se fosse o nico devedor.Se a pluralidade for de credores, pela exegese do art. 264, CC, pode qualquer deles exigir a prestao integral, como se fosse o nico credor.Lembre-se:A solidariedade no se presume. Pode a obrigao solidria resultar da lei ou da vontade das partes (contrato) (art. 265, CC/2002).Na solidariedade de relao jurdica obrigacional, seja ela prevista no contrato ou em lei, excepciona-se o princpio da divisibilidade das obrigaes estipulado pelo art. 257, do Cdigo Civil de 2002.Exemplos de obrigaes solidrias previstas em lei:1. Solidariedade entre representante e representado (art. 149, CC/2002);2. Cedente e cessionrio (art. 1.146, CC/2002);3. Entre mandantes (art. 680, CC/2002);4. Fiadores (art. 829, CC/2002);5. Gestores (art. 867, pargrafo nico, CC/2002);6. Autores da ofensa (art. 942, CC/2002);7. Scios (arts. 990, 993, 1.039, 1.045 seg., CC/2002);8. Administradores de sociedade (arts. 1.009, 1.012, 1.016 seg., CC/2002);9. Cnjuges (art. 1.644, CC/2002);10. Testamenteiros (art. 1.986, CC/2002) etc.

7.2. Caractersticas das obrigaes solidriasa) Pluralidade de credores, de devedores ou de uns e de outros;b) Integralidade da prestao;c) Corresponsabilidade dos interessados.

7.3. Espcies de obrigaes solidriasa) Obrigao solidria ativa: se existe mais de um credor;b) Obrigao solidria passiva, quando h pluralidade de devedores.

7.4. Diferenas entre solidariedade e indivisibilidadea) Na obrigao solidria, a indivisibilidade do objeto condio se sua prpria existncia, seja ou no, naturalmente divisvel esse objeto.Na obrigao indivisvel (indivisibilidade) a coisa no pode ser dividida, ou porque apresenta natureza insusceptvel de diviso, ou porque a vontade das partes a torna indivisvel, ou porque a lei cria a indivisibilidade em face do objeto.b) Perde a qualidade de indivisvel a obrigao que se resolver em perdas e danos (art. 263, CC). Na solidariedade, isto no ocorre, pois cada devedor continuar responsvel pelo pagamento integral do equivalente em dinheiro do objeto perecido. Vale dizer, na obrigao solidria, convertendo-se a obrigao em perdas e danos, subsiste a solidariedade continuando indivisvel o objeto (arts. 271 e 279, CC/2002).c) A solidariedade origina-se de uma relao jurdica subjetiva, com base na nas pessoas, nos sujeitos dessa mesma relao credores e devedores.

A indivisibilidade surge de uma relao objetiva, relacionando-se com a unidade do objeto, que integra a prestao.

7.5. Solidariedade ativaConceito: Solidariedade ativa a relao jurdica por meio da qual concorrem dois ou mais credores, podendo qualquer deles receber integralmente a prestao devida (art. 267, CC/2002).Preleciona Fbio Ulhoa Coelho, que nesta espcie de solidariedade o polo credor da relao obrigacional ocupado por vrios sujeitos, sendo que cada um deles tem o direito de exigir do devedor o cumprimento da obrigao por inteiro (CC, art. 267) (2012: 105).

Efeitos:a) O devedor libera-se pagando a qualquer dos credores, que, por sua vez, pagar aos demais a quota de cada um.b) Enquanto algum dos credores solidrios no demandar o devedor comum, a qualquer deles poder este pagar (art. 268, CC). Cessa esse direito, porm, se um deles j ingressou em juzo com ao de cobrana, pois s a ele o pagamento pode ser efetuado.c) O pagamento feito a um dos credores solidrios extingue a dvida at o montante do que foi pago (art. 269, CC).d) Convertendo-se a prestao em perdas e danos, subsiste, para todos os efeitos, a solidariedade (art. 271, CC).e) O credor que tiver remitido a dvida, ou recebido o pagamento, responder aos outros pela parte que lhes caiba (art. 272, CC), podendo ser convencido em ao regressiva por estes movida.

7.6. Solidariedade passivaConceito: A solidariedade passiva ocorre quando h dois ou mais devedores, na mesma relao jurdica, cada um com dever de prestar a dvida toda, ou seja, todo o objeto da prestao. Os devedores so solidrios. Dois ou mais devedores so obrigados pela inteira prestao, isto , por toda a dvida, ainda que seja ela divisvel.O art. 275, do Cdigo Civil, estabelece que, na solidariedade passiva, o credor tem o direito de exigir e receber de um, de alguns ou de todos os devedores, parcial ou totalmente, a dvida comum.A solidariedade passiva no se presume, ela tem que estar expressa, ou pela vontade das partes ou pela lei (art. 275, CC).Efeitos:a) Alterao posterior de contrato Qualquer alterao posterior do contrato, estipulada entre um dos devedores solidrios e o credor, que venha a agravar a situao dos demais, s ter validade se for efetivada com a concordncia destes (art. 278, CC).b) Impossibilidade da prestao no caso de a prestao se tornar impossvel por culpa de um dos devedores solidrios, o credor ter direito ao equivalente mais perdas e danos, como em qualquer obrigao. Pelo equivalente, respondero todos os devedores solidrios, mas pelas perdas e danos, apenas o devedor culpado pela perda da prestao (art. 279, CC). Se for sem culpa resolve-se a obrigao.Exemplo: Sebastio e Maria Helena venderam a Geraldo o ltimo frasco de smen disponvel de um famoso touro reprodutor j falecido e obrigaram-se solidariamente pela entrega. O preo foi totalmente pago de forma antecipada. Porm, a coisa se perdeu antes da execuo da obrigao por culpa exclusiva de Sebastio. Neste caso, Geraldo poder cobrar o valor da prestao perdida (valor pago pelo smen) de qualquer um dos devedores solidrios, mas s poder cobrar a indenizao de Sebastio. Ainda, vale lembrar, que se Sebastio pagar a Geraldo, poder, em regresso, cobrar a metade do valor da prestao de Maria Helena, mas nada do que tiver pago a ttulo de perdas e danos.Observao: se a prestao no restou impossvel, mas houve mora na entrega ao credor, todos so responsveis pela prestao, mas somente o responsvel pelo atraso responde pelos juros de mora (art. 280, CC).c) Falecimento de um dos devedores solidrios o esplio responsvel pela parte do devedor falecido, sendo que a obrigao passa a ser divisvel pelos herdeiros (credores do esplio) (art. 276, CC).d) Defesas do devedor solidrio em caso de demanda (ao judicial), o devedor s pode utilizar para se defender matria relativa a ele ou a todos, no podendo utilizar-se de defesa de outro (art. 281, CC).e) Extino da solidariedade pela renncia permitido ao credor, sem abrir mo de seu crdito, renunciar solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores (art. 282, CC).f) Quota do insolvente O devedor que satisfaz a dvida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos codevedores a sua quota, dividindo-se igualmente por todos a do insolvente, se houver, presumindo-se iguais, no dbito, as partes de todos os codevedores (art. 283, CC). Vide art. 284, CC.Em outros termos, o devedor que cumpre (voluntria ou foradamente) a obrigao tem direito de cobrar, em regresso, dos demais devedores solidrios.Exemplo: Se A, B e C so devedores solidrios de R$ 300,00 a D, aquele que pagar o credor pode regressivamente cobrar R$ 100,00 de cada um dos outros (codevedores). Desta forma, perante o credor os devedores respondem sempre pela totalidade da dvida, em razo da solidariedade, mas, entre eles, d-se o rateio (relao interna da solidariedade).g) Dvida solidria interessar exclusivamente a um dos devedores Se a dvida solidria interessar exclusivamente a um dos devedores, ou seja, ao emitente de nota promissria, por ex., responder este por toda ela para com aquele que pagar (art. 285, CC).Em outros termos, quando a dvida solidria interessa exclusivamente a um dos devedores, no se procede ao rateio proporcional na relao interna da solidariedade. Sobre isto, preleciona Coelho, no exemplo a seguir, in verbis:Neste caso, o devedor solidrio a quem interessa, com exclusividade, a dvida responde pela integralidade de seu valor (CC, art. 285). o caso, entre outros, da fiana nos contratos de locao de imvel. Na maioria das vezes, prev o instrumento contratual que o fiador devedor solidrio com o afianado (locatrio) pelo pagamento dos aluguis. Neste caso, porm, a dvida do interesse exclusivo de quem alugou o imvel. O fiador, uma vez pagando o locador, tem direito de regresso contra o afianado pelo valor total dos aluguis que tiver pago, e no apenas pela quota-parte proporcional. Por sua vez, o afianado no pode reclamar do fiador, em regresso, a metade do que tiver pago ao locador, devendo suportar a obrigao inteira (2012: 105).A fiana diferente da solidariedade, pois contrato acessrio (vide arts. 818 a 839, CC).

III TRANSMISSO DAS OBRIGAES

A transmisso das obrigaes est disciplinada nos arts. 286 a 303, do Cdigo Civil de 2002.

1. Noo

A transmisso da obrigao a mudana de sujeito (ativo ou passivo) da obrigao; o fenmeno da sucesso singular ou entrevivos, no direito das obrigaes.Partes constitutivas: cedente, cessionrio e cedido. O credor (cedente) transfere a outrem (cessionrio) o crdito perante o devedor (cedido).

2. Espcies de transmisso

Podem as obrigaes ser transmitidas em dois casos: (1) cesso de crdito, quando o credor transfere a algum seu crdito;e (2) assuno de dvida ou cesso de dbito, quando terceiro se reveste da qualidade de devedor.

2.1 Cesso de Crdito:

A) Noes Gerais:Previso legal: arts. 286 a 298, CC/2002.Cesso de Crdito a espcie de transmisso da obrigao em que o credor transfere a sua posio ativa na relao obrigacional a um terceiro.Gagliano e Pamplona Filho prelecionam que a cesso de crdito consiste em um negcio jurdico por meio do qual o credor (cedente) transmite total ou parcialmente o seu crdito a um terceiro (cessionrio), mantendo-se a relao obrigacional primitiva com o mesmo devedor (cedido) (2012: 288. Grifos dos autores).Para Farias e Rosenvald, a cesso de crdito o negcio jurdico bilateral pelo qual o credor transfere a terceiro a sua posio patrimonial na relao obrigacional, sem que com isto se crie uma nova situao jurdica (2012: 290).Frise-se que a cesso de crdito realiza-se por negcio jurdico celebrado entre o credor originrio, chamado de cedente, que transfere o crdito, e o novo credor, chamado de cessionrio, que o recebe.O ato pode ser gratuito ou oneroso. Em geral, negocio jurdico oneroso, embora nada obste a transmisso gratuita do crdito.A cesso de crdito tambm denominada mobilizao de crdito.

Exemplos: (1) A empresta R$ 10.000,00 para B, por um prazo de 12 meses. Faltando 6 meses para o adimplemento do emprstimo, o mutuante A cede o seu crdito em prol de C por um valor de R$ 9.000,00. C dever esperar at o vencimento do contrato para exigir a prestao que lhe foi transferida, com base na confiana que teve na solvabilidade do devedor cedido B.(2) Jos Aronildo credor de Genivaldo Ferreira, no valor de R$ 7.000,00, por obrigao a vencer no prazo de 2 meses, ele pode negociar o seu crdito com Elvis Carlos. Recebe, hoje, o valor da obrigao que Elvis Carlos ir cobrar de Genivaldo Ferreira no vencimento. Se o negcio jurdico for oneroso, Jos Aronildo (cedente) ceder o seu crdito a Elvis Carlos por um valor um pouco inferior ao da obrigao. Com isto, Elvis Carlos (cessionrio) obter lucro quando receber de Genivaldo Ferreira (cedido), o valor constante da obrigao.

B) Objeto:Todos os crditos, em regra, podem ser objetos de cesso, constem de ttulo ou no, vencidos ou por vencer, salvo se a isso se opuser a natureza da obrigao, a lei, ou a conveno com o devedor (art. 286, CC/2002).

C) Formas: A cesso de crdito no exige forma especial, para valer entre as partes, salvo se tiver por objeto direitos em que a escritura pblica seja da substncia do ato. Para valer contra terceiros o art. 288 do CC exige instrumento pblico, ou particular revestido das solenidades do 1 do art. 654, tambm do Cdigo Civil. A cesso de ttulos de crdito feita mediante endosso.

D) Espcies de cesso de crdito:

1) Os de sub-rogao legal, especificados no art. 346 do Cdigo Civil, pois o sub-rogado adquire os direitos do credor primitivo.Exemplos de sub-rogao pessoal, prevista no inciso III, do dispositivo acima mencionado, em favor do terceiro interessado, que paga a dvida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte, ocorrem nos seguintes casos:(a) O caso do devedor de obrigao solidria que satisfaz a dvida por inteiro, sub-rogando-se no crdito (CC, art. 283);(b) O do fiador que pagou integralmente a dvida, ficando sub-rogado nos direitos do credor (CC, art. 831);(c) O do mandante, em favor de quem so transferidos os crditos adquiridos pelo mandatrio (CC, art. 668).2) O de cesso ao depositante, pelo depositrio, das aes que tiver contra o terceiro a que se refere o art. 636 do Cdigo Civil.3) O de sub-rogao legal, no contrato de seguro, em favor da companhia seguradora, que paga a indenizao do dano decorrente de ato ilcito causado por terceiro (CC, art. 786).

E) Notificao do devedor:

A cesso de crdito no tem eficcia em relao ao devedor, seno quando a este notificada; Mas por notificado se tem o devedor que, em escrito pblico ou particular, se declarou ciente da cesso feita (art. 290, CC); O devedor ficar desobrigado se, antes de ter conhecimento da cesso, pagar ao credor primitivo (art. 292, CC). Mas no se desobrigar se a este pagar depois de cientificado da cesso de crdito.

F) Responsabilidade do cedente pela solvncia do devedor: A responsabilidade imposta ao cedente pelo art. 295, CC, diz respeito somente existncia do crdito ao tempo da cesso. No se refere, portanto, solvncia do devedor. Por esta, o cedente no responde, salvo estipulao em contrrio (art. 296, CC). Se ficar convencionado que o cedente responde pela solvncia do devedor, sua responsabilidade limitar-se- ao que recebeu do cessionrio, com os respectivos juros, mais as despesas da cesso e as efetuadas com a cobrana (art. 297, CC).

G) Eficcia com relao a terceiros:Com relao a terceiros, a cesso de crdito somente eficaz se o negcio jurdico por meio do qual se realizou se houver celebrado por instrumento pblico ou, se por instrumento particular, contiver a indicao do lugar em que se celebrou, da qualificao do cedente e do cessionrio, da data e do objetivo do ato (art. 288, combinado com o art. 654, 1, ambos do Cdigo Civil).

H) Crdito penhorado: No pode ser transferido pelo credor o crdito que tiver sido penhorado, contanto que o credor seja intimado da penhora (art. 288, primeira parte, CC). O devedor que no tomar cincia da penhora e pagar o crdito ao credor fica exonerado, subsistindo os direitos do exequente contra o credor (art. 288, segunda parte, CC).

I) Mltiplas cesses: O art. 291, do Cdigo Civil, prev na hiptese de serem efetuadas vrias cesses do mesmo crdito, pelo mesmo cedente, prevalece a que se completar com a tradio do ttulo do crdito cedido. H direito de indenizao do cessionrio prejudicado.

2.2 Assuno de dvida ou cesso de dbito:

A) Noes Gerais:Previso legal: arts. 299 a 303, CC/2002.A assuno de dvida ou cesso de dbito o ato pelo qual terceiro assume a responsabilidade da dvida contrada pelo devedor originrio (cedente) (art. 299, CC/2002).Em outros termos, a transmisso de obrigao em que terceiro (assuntor) substitui o primitivo sujeito passivo na relao obrigacional.Na dico de Farias e Rosenvald, A assuno de dvida um negcio jurdico de transmisso singular de um dbito, no to frequente quanto a cesso de crdito pelo lado ativo da obrigao, mas nem por isso de menor relevncia no comrcio jurdico (2012: 301).Antunes Varela, apud Farias e Rosenvald, define que a assuno de dvida a operao pela qual um terceiro (assuntor) se obriga perante o credor a efectuar a prestao devida por outrem (2012: 301).A assuno de dvida uma novidade introduzida no ordenamento jurdico brasileiro pelo Cdigo Civil de 2002, pois no havia previso deste instituto no Cdigo Civil de 1916. Embora a ausncia de regulamentao no Cdigo de 1916, a assuno de dvida era considerada passvel de celebrao, pela doutrina e jurisprudncia, com base nos princpios da autonomia da vontade e da liberdade contratual, desde que houvesse aceitao do credor.

B) Caractersticas e pressupostos:A assuno de dvida tem como principais caractersticas o fato de uma pessoa, fsica ou jurdica, se obrigar perante o credor a efetuar a prestao devida por outra. Gonalves explica que a pessoa chama a si a obrigao de outra, ou seja, a posio de sujeito passivo que o devedor tinha em determinada obrigao (2012: 229. Grifos do autor).O Enunciado 16, aprovado pelo Conselho da Justia Federal na I Jornada de Direito Civil, esclarece que: O art. 299 do Cdigo Civil no exclui a possibilidade da assuno cumulativa da dvida quando dois ou mais devedores se tornam responsveis pelo dbito com a concordncia do credor.

C) Espcies de assuno de dvida:So duas as espcies de assuno de dvida: 1) Por delegao: mediante acordo entre terceiro e o devedor, com a concordncia do credor;2) Por expromisso: mediante contrato entre o terceiro e o credor, sem a participao ou anuncia do devedor. Tais modalidades de assuno de dvida so aceitas comumente, embora no dispostas pela previso do art. 299, do Cdigo Civil, que parece revelar a inteno do legislador de disciplinar somente a delegao, na qual o consentimento expresso do credor constitui requisito de eficcia do ato (Gonalves, 2012: 234. Grifo do autor).

D) Efeitos da assuno de dvida:

1) Realizada a assuno da dvida com o consentimento do credor, o devedor primitivo libera-se da obrigao por completo, ou seja, produz o efeito de exonerar o devedor primitivo, salvo se o assuntor (o terceiro) era insolvente e o credor o ignorava (art. 299, CC).2) Requer anuncia expressa do credor, mas qualquer das partes pode assinar-lhe prazo para que consinta, interpretando-se o seu silncio como recusa (art. 299, pargrafo nico, CC). Ao contrrio da cesso de crdito, em que o sujeito do polo oposto da relao obrigacional (no caso, o devedor cedido) no participa do ato, a assuno de dvida depende do envolvimento deste, isto , do credor assuntivo. Pois, sem a expressa concordncia do credor, no pode ser feita a transmisso da dvida. Qualquer um dos participantes da assuno, alienante ou adquirente da dvida, pode assinalar prazo para que o credor manifeste sua concordncia ou discordncia com a transmisso da obrigao. O prazo de livre estipulao pela parte que propor ao credor, mas o silncio deste equivale recusa do assentimento. A concordncia tem que ser expressa (art. 299, primeira parte e pargrafo nico, CC).3) Exceo regra acima apresentada no item 2: o adquirente de imvel hipotecado pode assumir a dvida garantida pela hipoteca e notificar o credor para que manifeste sua concordncia. Se decorrer o prazo de 30 dias sem qualquer manifestao, o silncio neste caso qualificado pela lei como assentimento (art. 303, CC).4) O novo devedor no pode opor ao credor as excees pessoais que competiam ao devedor primitivo (art. 302, CC).Exemplo citado por Coelho, sobre a previso do art. 302, CC: Se Germano devedor de Irene pelo valor de R$ 500 (a vencer) e dela credor por R$ 200 (tambm a vencer), pode ocorrer a compensao quando as duas obrigaes se tornarem exigveis. Neste caso, ambas se cumprem simultaneamente mediante o pagamento, por Germano a Irene, da diferena de R$ 300. Se antes do vencimento delas, porm, Germano transmite sua obrigao passiva a Hebe, com anuncia de Irene, evidente que o direito compensao no a acompanha. Hebe no pode opor contra Germano o direito compensao de que era titular Irene porque se trata de uma exceo pessoal, e, como visto, o adquirente do dbito no pode opor defesa desse tipo ao credor (2012: 116. Grifos do autor).Ressalte-se que um dos requisitos da assuno de dvida, alm da anuncia do credor, a prpria validade do negcio jurdico transmissivo da obrigao (vide arts. 166 a 171, do Cdigo Civil).Importante destacar a previso do art. 301, CC, ao mencionar que, se a substituio do devedor for anulada, restaurar-se- a situao jurdica inicial com todas as garantias, com exonerao do assuntor.Conclui-se que, para ser considerada vlida, alm dos pressupostos gerais do negcio jurdico, a cesso de dbito dever observar os seguintes requisitos:a) a presena de uma relao jurdica obrigacional juridicamente vlida (o que pressupe a existncia, nos planos do negcio jurdico);b) a substituio do devedor, mantendo-se a relao jurdica originria;c) a anuncia expressa do credor.

IV ADIMPLEMENTO E EXTINO DAS OBRIGAES

1. Noo de pagamentoTrata-se da execuo das obrigaes. Execuo em direito civil sinnimo de pagamento.O pagamento a execuo voluntria, por parte do devedor, no tempo, forma e lugar convencionados. Tempo = quando? (tempo determinado) Forma = como? Lugar = onde? (convencionados ou definidos legalmente).Em outros termos, pagamento significa cumprimento ou adimplemento de qualquer espcie de obrigao.O pagamento pode ser realizado por modos de extino direto ou indireto (mediante consignao, p. ex.).Constitui o meio normal de extino da obrigao. A obrigao tambm pode ser extinta por meios considerados anormais, ou sem pagamento, como, por exemplo, nos casos de nulidade ou anulao.

2. Natureza jurdica majoritria a concepo de que o pagamento tem natureza contratual. Resulta de um acordo de vontades, estando sujeito a todas as suas normas previstas positivamente.

3. Requisitos de validadea) a existncia de um vnculo obrigacional;b) a inteno de solv-lo (animus solvendi);c) o cumprimento da obrigao;d) a pessoa que efetua o pagamento (solvens);e) a pessoa que o recebe (accipiens).

4. Elementos do pagamento Obrigao: nas obrigaes em geral, o sujeito passivo o devedor e o sujeito ativo o credor. Pagamento: aqui h uma inverso. O credor o sujeito passivo, ou seja, ele tem que dar a quitao.

5.Normas genricas sobre o pagamento Pacta sunt servanda: Princpio que significa que as partes so obrigadas ao pactuado. Se o terceiro no cumprir, aquele que contratou o responsvel (art. 439, CC/2002). Ex. Empresrio de artistas. Quando se faz um contrato, nesse caso, o empresrio que ser responsvel pelo no comparecimento do artista.

6. Quem deve pagar?a) O devedor, como principal interessado.b) Qualquerinteressado na extino da dvida (art. 304, CC). S se considera interessado quem tem interesse jurdico, ou seja, quem pode ter seu patrimnio afetado caso no ocorra o pagamento, como, por exemplo, o avalista e o fiador. Estes podem at consignar o pagamento, se necessrio.c)Terceiros no interessados (que tambm podem consignar), desde que o faam em nome e por conta do devedor, agindo assim como seu representante ou gestor de negcios (hiptese de legitimao extraordinria, prevista na parte final do art. 6 do CPC). No podem consignar em seu prprio nome, por falta de interesse. Se pagarem a dvida em seu prprio nome (no podendo, neste caso, consignar), tm direito a reembolsar-se do que pagarem; mas no se sub-rogam nos direitos do credor (art. 305, CC). S o terceiro interessado se sub-roga nesses direitos (art. 346, III, CC). Se pagarem a dvida em nome e por conta do devedor (neste caso podem at consignar), entende-se que quiseram fazer uma liberalidade, sem qualquer direito a reembolso.

7. A quem se deve pagar?Ao credor, primeiramente,ou a seu substituto capaz (sndico, curador etc.). O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, ou ainda aos sucessores daquele, sob pena de no extinguir a obrigao (art. 308, CC).Mesmo efetuado de forma incorreta, o pagamento ser considerado vlido, se for ratificado pelo credor ou se reverter em seu proveito (art. 308, 2 parte, CC). Credor relativamente incapaz: aquele pagamento que s tem validade se efetuado mediante assistncia ou revertendo a importncia devida para o incapaz (art. 310, CC). O pagamento h de ser efetuado a pessoa capaz de fornecer a devida quitao, sob pena de no valer se o devedor no provar que em benefcio dele efetivamente reverteu (art. 310, CC).O art. 311, CC, considera portador de mandato tcito quem se apresenta ao devedor portando quitao assinada pelo credor, salvo se as circunstancias contrariarem a presuno da resultante. Credor putativo:Ser vlido, tambm, o pagamento feito de boa-f ao credor putativo, isto , quele que se apresenta aos olhos de todos como o verdadeiro credor (art. 309, CC).H trs espcies de representantes do credor:a) Legal;b) Judicial; e c) Convencional.

8. Objeto do pagamentoO objeto do pagamento a prestao. O credor no obrigado a receber outra, diversa da que lhe devida, ainda que mais valiosa (art. 313, CC).As dvidas em dinheiro devero ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subsequentes (art. 315, CC), que preveem a possibilidade de corrigi-lo monetariamente. Observao: O legislador adotou, previsto no Cdigo Civil, o principio do nominalismo, pelo qual se considera como valor da moeda o valor nominal que lhe atribui o Estado, no ato da emisso ou cunhagem.Na dvida em dinheiro, o objeto da prestao o prprio dinheiro, como ocorre no contrato de mtuo. Quando o dinheiro no constitui o objeto da prestao, mas apenas representa seu valor, diz-se que a dvida de valor.

9. Prova do pagamento Pagamento no se presume; prova-se pela regular quitao fornecida pelo credor. O devedor tem o direito de exigi-la, podendo reter o pagamento e consign-lo, se no lhe for dada (arts. 319 e 335, I, CC).O Cdigo Civil estabelece trs presunes, que facilitam a prova do pagamento, dispensando a quitao:a) quando a dvida representada por ttulo de crdito, que se encontra na posse do devedor;b) quando o pagamento feito em quotas sucessivas, existindo quitao da ltima;c) quando h quitao do capital, sem reserva dos juros, que se presumem pagos (arts. 322, 323 e 324, CC).10. Lugar do pagamentoA regra geral prevista no art. 327, CC. O local do cumprimento da obrigao pode ser livremente escolhido pelas partes e constar expressamente do contrato. Se no o escolherem, nem a lei o fixar, ou se o contrrio no dispuserem as circunstncias, efetuar-se- o pagamento no domiclio do devedor.As espcies de dvidas previstas so:a) Dvida quesvel (qurable): quando efetuado no domiclio do devedor, como explicitada acima. Neste caso, o credor deve buscar o pagamento no domiclio do devedor (arts. 327 e 328, CC).b) Dvida portvel (portable): Quando se estipula como local do cumprimento da obrigao o domicilio do credor. Desta forma, o devedor deve levar e oferecer o pagamento no domicilio do credor (arts. 327, 329 e 330, CC).Observao: A regra a de que as dvidas so quesveis (no domicilio do devedor). Para serem portteis, necessrio que o contrato expressamente consigne o domicilio do credor como o local do pagamento.11. Tempo do pagamentoRegra: art. 331, CC.Excees: art. 331, 2 parte e art. 332, CC. As obrigaes puras, com estipulao de data para o pagamento, devem ser resolvidas nessa ocasio, sob pena de inadimplemento e constituio do devedor em mora de pleno direito (art. 397, CC), salvo se houver antecipao do pagamento por convenincia do devedor (art. 133, CC) ou em virtude de lei (art. 333, I a III, CC). Se no se ajustou poca para o pagamento, o credor pode exigi-lo imediatamente (art. 331, CC), salvo disposio especial do Cdigo Civil. Nos contratos, o prazo se presume estabelecido em favor do devedor (art. 133, CC).V OUTROS MEIOS DE EXTINO DAS OBRIGAES

O pagamento pode ser direito ou indireto, como vimos no item anterior, para adimplir as obrigaes. Define-se como direito o pagamento quando o devedor entrega a prestao ao credor em conformidade com a extenso, tempo e lugar convencionados, ou seja, de acordo com o convencionado entre as partes no momento da constituio da obrigao.Denomina-se pagamento indireto, ou modalidades especiais de pagamento,quando a entrega da prestao ao credor feita sem a devida observncia dos elementos subjetivos e objetivos originariamente caracterizados da obrigao.As hipteses de pagamentos indiretos ou especiais so as expostas a seguir.

1. Pagamento em Consignao (arts. 334 a 345, CC/2002)1.1Conceito:O pagamento em consignao consiste no depsito judicial ou em estabelecimento bancrio, pelo devedor, da coisa devida, com o objetivo de liberar-se da obrigao (art. 334, CC).Esta forma de pagamento um instituto jurdico colocado disposio do devedor para que ele, ante o obstculo ao recebimento criado pelo credor ou por quaisquer outras circunstncias alheias vontade do devedor, possa se valer do pagamento em consignao, para libertar-se do vnculo obrigacional.O art. 890 do CPC prev a forma judicial e a extrajudicial. O devedor poder fazer o depsito em estabelecimento bancrio. Caso no queira utilizar-se do procedimento extrajudicial do depsito, poder o devedor imediatamente recorrer via judicial., portanto, forma de extino do vnculo obrigacional que consiste numa medida judicial (Ao de consignao em pagamento, prevista no CPC, arts. 890 a 900) em que a prestao depositada em juzo. Em havendo o depsito, se for julgada procedente, tal medida ter os mesmos efeitos do pagamento direto, o que libera o devedor do vnculo obrigacional originariamente contrado.

1.2Natureza jurdica:A consignao possui natureza hbrida, pois consiste em instituto de direito material, cujos fatos autorizativos da sua aplicao so previstos no Cdigo Civil (arts. 334 a 345) e de direito processual, que prev os procedimentos de faz-lo no Cdigo de Processo Civil (arts. 890 a 900).

1.3Fatos que autorizam a consignao:O art. 335, do Cdigo Civil de 2002, apresenta um rol dos casos que autorizam a consignao. Este considerado no taxativo.O art. 895 e art. 898, do CPC, tratam de tais hipteses.Outros casos so mencionados, por ex., nos arts. 341 e 342, do CC. Tambm h casos previstos em leis esparsas (Dec.-Lei n. 58/37, art. 17, pargrafo nico; Lei n. 492/37, arts. 19 e 21, III, etc.).So cinco as hipteses do pagamento em consignao previstas no art. 335 do CC/2002. Rosenvald& Farias (2012: 379) prelecionam que tais situaes podem ser divididas em dois grupos, quais sejam: aquele em que o depsito oriundo da mora do credor em receber (art. 335, incisos I e II) e aquele em que o devedor no consegue a sua liberao por outros motivos, mas sempre relacionados pessoa do credor (III, IV e V).Conforme previso do art. 335, do CC, o pagamento em consignao aplica-se nas seguintes situaes:I se o credor no puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar quitao na devida forma. Refere-se, portanto, mora do credor, que pode ocorrer nas seguintes hipteses:a) O credor est impossibilitado de receber o pagamento ou dar a quitao. Neste caso, podem ocorrer: (i) impossibilidade fsica ou material de recebimento do pagamento, por ex., encontra-se preso e incomunicvel, acidente, doena etc; (ii) impossibilidade jurdica, como insolvncia ou falncia;b) O credor recusa injustificadamente o pagamento. Por ex., conflito quanto extenso do pagamento. O devedor se considera obrigado a pagar menos do que o credor entende ser o seu direito. Lembre-se: Se, na consignao, o juiz reputar injusta a recusa do credor, o devedor estar liberado da obrigao desde o depsito da prestao; se a tomar como justa, porm, o devedor estar em mora desde o vencimento (art. 335, I, CC).c) O credor aceitar o pagamento, mas injustificadamente recusar-se a fornecer a quitao (art. 320, CC).II se o credor no for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condio devidos. O credor no vai receber o pagamento (art. 335, II, CC). Trata-se de dvidas quesveis (art. 327, CC). III se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difcil (art. 335, III, CC). Ou seja: incapacidade, desconhecimento, ausncia ou inacessibilidade do credor. Ver: devida representao (incapacidade absoluta) e assistncia (incapacidade relativa) para dar quitao. IV se ocorrer dvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento (art. 335, IV, CC). o caso da dvida sobre quem o credor. Por ex., no caso de morte do credor e, em havendo dvida quanto legitimidade dos possveis pretendentes ao recebimento. Procedimentos processuais, para este caso vide arts. 895 a 898, CPC.V se pender litgio sobre o objeto do pagamento. Objeto litigioso. A prestao pode ser litgio entre dois sujeitos que se pretendem credores da obrigao. Risco do pagamento, ver arts. 344 e 345, CC. Por ex., em casos de insolvncia do credor, crdito penhorado por credores do credor etc.

1.4Requisitos de validade: Em relao s pessoas, deve ser feito pelo devedor e ao verdadeiro credor, sob pena de no valer, salvo se ratificado por este ou se reverter em seu proveito (arts. 336, 304 e 308, CC). Quanto ao objeto, exige-se a integralidade do depsito, porque o credor no obrigado a aceitar pagamento parcial. O modo ser o convencionado, no se admitindo, por ex., pagamento em prestaes quando estipulado que deve ser vista. Quanto ao tempo, deve ser, tambm, o fixado no contrato, no podendo efetuar-se antes de vencida a dvida, se assim no foi convencionado.

1.5Regulamentao: O depsito requer-se no lugar do pagamento (art. 337, CC). Sendo quesvel a dvida, o pagamento efetua-se no domiclio do devedor; sendo portvel, no do credor (art. 327, CC), podendo haver, ainda, foro de eleio. Se a coisa devida for imvel ou corpo certo que deva ser entregue no mesmo lugar onde est, poder o devedor citar o credor para vir ou mandar receb-la, sob pena de ser depositada (art. 341, CC). O art. 339 trata da impossibilidade de levantamento do objeto depositado, depois de julgado procedente o depsito, mesmo havendo anuncia do credor, quando existirem outros devedores e fiadores. O art. 892 do CPC permite, quando se trata de prestaes peridicas, a continuao dos depsitos no mesmo processo, depois de efetuado o da primeira, desde que se realizem at cinco dias da data do vencimento.

2. Pagamento com sub-rogao (arts. 346 a 351, CC)

2.1 Conceito:Sub-rogao pessoal a substituio do credor que pago por aquele que pagou a dvida alheia ou forneceu quantia para o pagamento.No pagamento com sub-rogao, o sujeito ativo recebe a prestao no do passivo, mas de terceiro, e este passa a titularizar o crdito, com todas as suas garantias e privilgios.Por ex., quando A no paga, ento executa um dos avalistas. Neste caso, o avalista (C) que pagou assume o lugar de B, que, ento, executar A para receber.H sub-rogao pessoal e sub-rogao real, que a de coisa.

2.2 Modalidades:

a) Sub-rogao legal prevista no art. 346, CC, a que opera de pleno direito.So hipteses de sub-rogao legal:I pagamento pelo credor de dvida do devedor comum (art. 346, I, CC). O credor pode considerar a satisfao de seu crdito ameaada em razo de outra dvida que o devedor tem com terceiros. Neste caso, pode parecer-lhe interessante a soluo daquela outra dvida, como medida de proteo do seu direito. A hiptese rara, mas pode ocorrer principalmente se a obrigao sub-rogada tem valor significativamente inferior ao da titularizada pelo sub-rogado (Coelho, 2012: 148).II Quanto ao imvel hipotecado, h duas possibilidades de sub-rogao: adquirente de imvel hipotecado que paga ao credor hipotecrio (art. 346, II, primeira parte, CC); terceiro que paga para no ser privado de direito sobre o imvel hipotecado (art. 346, II, segunda parte, CC). O credor sub-rogado pode ter direito sobre o imvel hipotecado e considerar que a execuo da hipoteca ameaaria o seu exerccio. Para preservar seu direito, ele paga o credor hipotecrio e sub-roga no crdito contra o devedor, passando a titularizar a garantia da hipoteca. Exemplo: Promitente comprador que est pagando as prestaes do preo do imvel hipotecado em favor de terceiros. Se o promitente vendedor no honrar a dvida garantida, o imvel objeto da promessa de compra e venda pode ser penhorado e alienado judicialmente, pondo em risco os interesses do promitente comprador. Em lhe interessando a operao, poder pagar o credor hipotecrio com o objetivo de preservar seus direitos de vir a adquirir o imvel no futuro. Tornar-se-, pela sub-rogao, credor hipotecrio do vendedor (Coelho, 2012: 150).III Terceiro interessado que paga a dvida pela qual podia ser obrigado (art. 346, III, CC). Quando o solvens no o devedor, mas terceiro patrimonialmente interessado na soluo da obrigao, tem ele direito de pag-la e sub-rogar-se nas garantias e privilgios do credor. Exemplos: fiador, avalista, pai de filho menor, codevedor solidrio, codevedor de obrigao indivisvel, scio com responsabilidade ilimitada etc.

b) Sub-rogao convencional prevista no art. 347, CC. Quando estabelecida ou convencionada entre as partes. H duas hipteses: Acordo entre o credor e terceiro estranho relao obrigacional (terceiro no interessado). Quando o credor recebe o pagamento de terceiro e expressamente lhe transfere todos os seus direitos. Acordo entre devedor e terceiro (no interessado). Quando terceira pessoa empresta ao devedor quantia precisa para solver a dvida, sob a condio expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito.

2.3 Efeitos:

a) A sub-rogao transfere ao novo credor todos os direitos, aes, privilgios e garantias do primitivo, em relao dvida, contra o devedor principal e os fiadores (art. 349, CC).b) Na sub-rogao legal, o sub-rogado no pode reclamar do devedor a totalidade da dvida, mas s aquilo que houver desembolsado (art. 350, CC).c) O credor originrio, s em parte reembolsado, ter preferencia ao sub-rogado, na cobrana da dvida restante, se os bens do devedor no chegarem para saldar inteiramente o que a um e outro dever (art. 351, CC).

3. Imputao do pagamento (arts. 352 a 355, CC)3.1 Conceito:A imputao do pagamento consiste na indicao ou determinao da dvida a ser quitada, quando uma pessoa se encontra obrigada, por dois ou mais dbitos da mesma natureza, a um s credor, e efetua pagamento no suficiente para saldar todas elas.Em outros termos, imputao do pagamento a indicao feita pelo devedor de vrios dbitos, ao seu credor, a qual deles pretende extinguir com o pagamento.Exemplo: Roberto Carlos deve a Ronaldo uma nota promissria de R$ 45.000,00 e uma duplicata tambm de R$ 45.000,00, e, vencidos os ttulos, faz a entrega de apenas R$ 45.000,00 em dinheiro, precisa ser determinada a obrigao que o pagamento extinguiu. Neste caso, regra geral, Roberto, que o devedor, tem o direito de imputar (indicar/escolher) qual dvida ser quitada em primeiro lugar, conforme previso do art. 352, CC.

3.2 Espcies:a) Imputao feita pelo devedor (art. 352, CC). Limitaes: arts. 133, 314 e 354, CC.b) Imputao feita pelo credor (art. 353, CC): quando o devedor no declara qual das dvidas quer pagar.c) Imputao por determinao legal (art. 353, CC): se o devedor no fizer a indicao do art. 352, e a quitao for omissa quanto imputao.

4. Dao em pagamento (arts. 356 a 359, CC)4.1 Conceito:A dao em pagamento o acordo pelo qual o credor e devedor, por ocasio do pagamento consentem na substituio do objeto da prestao primitiva. Ou seja, ocorre quando o credor concorda em receber do devedor, para exoner-lo da dvida, prestao diversa da que lhe devida (art. 356, CC).

4.2 Natureza jurdica:Consiste em forma de pagamento indireto. No constitui novao objetiva, nem se situa entre os contratos. Determinado o preo da coisa dada em pagamento, as relaes entre as partes regular-se-o pelas normas do contrato de compra e venda (art. 357, CC).

4.3 Requisitos:a) Existncia de um dbito vencido.b) Animus solvendi.c) Diversidade do objeto oferecido, em relao ao devido.d) Consentimento do credor na substituio.

5. Novao (arts. 360 a 367, CC)5.1 Conceito:Novao a criao de obrigao nova, para extinguir uma anterior. a substituio de uma dvida por outra, extinguindo-se a primeira.Coelho preleciona que a novao a extino extraordinria da obrigao (novada) que decorre de sua substituio por outra (nova) (2012: 159).

5.2 Requisitos:a) Existncia de obrigao jurdica anterior.b) Constituio de nova obrigao.c) Inteno de novar (animus novandi). No h novao derivada diretamente da lei. Depende de manifestao das partes. No se presume a novao, devendo ela derivar de inequvoca inteno das partes.

5.3 Espcies:a) Novao objetiva (art. 360, I, CC): quando nova dvida substitui a anterior, permanecendo as mesmas partes.Obs.: No confundir a novao objetiva com a dao em pagamento.

b) Novao subjetiva. Subdivide-se em: Passiva (art. 360, II, CC): com substituio do devedor. Pode ocorrer por: expromisso sem o consentimento do devedor; delegao com o consentimento do devedor. Ativa (art. 360, III, CC): com substituio do credor.

c) Novao mista: admitida por alguns doutrinadores. Decorre da fuso das duas primeiras.

Observaes:Pode-se classificar a novao da seguinte forma:1. Novao objetiva.Exemplo: Geraldo, agricultor e pecuarista, deve entregar 10 toneladas de soja a Francisco Ferreira, comerciante. Antes ou depois do vencimento da obrigao, eles concordaram em substituir a prestao a ser quitada por gado. A quantidade de cabeas de gado foi decidida entre ambos e deveriam ser entregues no termo previsto em contrato.2. Novao subjetiva passiva por expromisso (art. 362, CC).Exemplo: Imagine que o pai fique sabendo que o seu filho deu-se mal em alguns negcios e est devendo na praa. Se esse pai procura os diversos credores com o objetivo de pagar o devido pelo filho num prazo a ser negociado, a novao que ele busca uma expromisso. Extinguem-se as obrigaes contradas pelo filho e constituem-se, para substitu-las, as obrigaes contradas pelo pai (Coelho, 2012: 161).3. Novao subjetiva passiva por delegao(decorre de acordo entre os trs: credor, devedor e substituto. H uma operao triangular envolvendo: delegante [antigo devedor], delegado [novo devedor] e delegatrio [credor4. Novao subjetiva ativa.No se confunde com a cesso de crdito, porque, nesta, a mesma obrigao transferida de um credor para outro, enquanto, na novao, o segundo credor titular de obrigao nova, diferente da que titularizava o primeiro. Na cesso de crdito, no h extino da obrigao cedida; pelo contrrio, ela permanece ntegra. Na novao subjetiva ativa, extingue-se a obrigao de que derivava o direito do primeiro credor. A relevncia da distino clara: se a inteno inequvoca das partes era a de novar, e no a de transferir a obrigao, eventuais garantias, privilgios e vcios da primeira relao obrigacional no se repetem na segunda (salvo se expressamente renovadas); mas se era a de ceder o crdito, o novo credor o assume com todas as suas garantias, privilgios ou vcios (Coelho, 2012: 163).Exemplo: A deve a B R$ 1.000,00; B deve a C R$ 1.000,00; A pagar diretamente a C; pois B retira-se da relao jurdica.Obs.: Na cesso de crdito os direitos do credor so transmitidos a outrem no todo da mesma relao obrigacional. Veja-se: o credor pode ceder o seu crdito... (art. 286, CC). Enquanto na sub-rogao convencional, o pagamento propicia a liberao do credor originrio, mas remanesce o mesmo dbito, que passa para o novo credor (art. 347, I, CC).

5. Novao mista.

5.3 Efeitos:a) O principal efeito consiste na extino da primitiva obrigao, substituda por outra.b) A novao extingue os acessrios e garantias da dvida, sempre que no houver estipulao em contrrio (art. 364, CC).c) No aproveitar, contudo, ao credor ressalvar o penhor, a hipoteca ou a anticrese, se os bens dados em garantia pertencerem a terceiro que no foi parte na novao (art. 364, 2 parte, CC).d) A nova obrigao no tem nenhuma vinculao com a anterior, seno a de uma fora extintiva.

6. Compensao (arts. 368 a 380, CC)6.1 Conceito:Compensao o meio de extino de obrigaes entre pessoas que so, ao mesmo tempo, credor e devedor uma da outra. Acarreta a extino de duas obrigaes cujos credores so, simultaneamente, devedores um do outro (art. 368, CC).

6.2 Espcies: Total: quando as duas dvidas tm o mesmo valor. Parcial: quando os valores so diversos. Legal. Convencional. Judicial.

6.3 Compensao legal:Conceito: a que decorre da lei. Opera-se automaticamente, de pleno direito.Requisitos:a) Reciprocidade das obrigaes. Abre-se exceo em favor do fiador (art. 371, 2 parte, CC).b) Liquidez e exigibilidade das dvidas (art. 369, CC).c) Fungibilidade das prestaes (dvidas da mesma natureza).

6.4 Compensao convencional:Conceito: a que resulta de um acordo de vontades, incidindo em hipteses que no se enquadram na compensao legal. As partes passam a aceit-la, dispensando alguns de seus requisitos.6.5 Compensao judicial: a determinada pelo juiz, nos casos em que se acham presentes os pressupostos legais. Por exemplo, a prevista no art. 21, CPC.6.6 Diversidade de causa: Em regra, a diversidade de causa no impede a compensao das dvidas. Excees: a) se provier de esbulho, furto ou roubo (origem ilcita); b) se uma se originar de comodato, depsito ou alimentos; c) se uma for de coisa no suscetvel de penhora (art. 373, CC).

7. Confuso (arts. 381 a 384, CC)7.1 Conceito:Na confuso, renem-se numa s pessoa as duas qualidades, de credor e devedor, ocasionando a extino da obrigao (art. 381, CC).Exemplos: (i) o herdeiro, por ex., se A credor de B de R$6.000,00 e A falece, deixando B na qualidade de seu herdeiro testamentrio, pois, neste caso, a mesma pessoa conjugar a titularidade ativa e passiva da obrigao; (ii) sociedades empresrias em que uma delas se incorpora a outra, isto , absorve o patrimnio da outra numa operao societria (art. 1.116, CC).

7.2 Espcies:a) Confuso total ou prpria: se se verificar a respeito de toda a dvida.b) Confuso parcial ou imprpria: se se efetivar apenas em relao a uma parte do dbito ou crdito. Exemplo: se um dos devedores solidrios se confunde com o credor, opera-se a extino de parte da obrigao (art. 383, CC).

7.3 Efeitos: A confuso extingue no s a obrigao principal como tambm os acessrios, como, por exemplo, a fiana. Mas a recproca no verdadeira. Cessado, porm, a confuso, para logo se estabelece, com todos os acessrios, a obrigao anterior (art. 384, CC).

8. Remisso de dvida (arts. 385 a 388, CC)8.1 Conceito:Remisso a liberdade efetuada pelo credor, consistente em exonerar o devedor do cumprimento da obrigao. o perdo da dvida (art. 385, CC).

8.2 Natureza jurdica: Embora seja espcie do gnero renncia, que unilateral, a remisso se reveste de carter convencional, porque depende de aceitao. O remitido pode recusar o perdo e consignar o pagamento. , portanto, negcio jurdico bilateral.

8.3 Espcies:a) Total ou parcial (art. 388, CC); b) Expressa ou tcita (art. 386, CC).

VI INADIMPLEMENTO DAS OBRIGAES

1. Noes gerais

Na realizao do negcio jurdico ou nas relaes obrigacionais, de modo geral, sabe-se que o credor espera que a obrigao se cumpra espontaneamente no vencimento e demais condies consentidas entre as partes. Em outros termos, aguarda o credor que a prestao lhe seja entregue pelo devedor no tempo e lugar devidos.O inadimplemento ou inexecuo significa o no cumprimento da obrigao no modo, tempo e lugar devidos.Quando o inadimplemento no culposo, ou seja, ocorre sem culpa do devedor, regra geral, acarreta a resoluo da obrigao. As partes retornam situao em que se encontravam antes da constituio do vnculo obrigacional. O sujeito passivo, neste caso, no pode ser mais forado a entregar a prestao, mas deve restituir ao sujeito ativo eventuais pagamentos que tenha recebido.No inadimplemento culposo impe-se ao sujeito culpado pelo no cumprimento da obrigao o dever de indenizar os prejuzos que sua conduta ocasiona. A indenizao representada pelo pagamento do valor das perdas e danos, juros, correo monetria, honorrios de advogados e multa estabelecida em clusula penal.Obrigatoriedade dos contratos:De acordo com o clssico princpio da obrigatoriedade dos contratos (pacta sunt servanda), estes devem ser cumpridos. O no cumprimento acarreta a responsabilidade por perdas e danos (art. 389, CC/2002).A responsabilidade civil patrimonial: pelo inadimplemento das obrigaes respondem todos os bens do devedor (art. 391, CC).A redao do art. 389, CC, pressupe o no cumprimento voluntrio da obrigao, ou seja, culpa. Em princpio, pois, todo inadimplemento presume-se culposo. Incumbe ao inadimplente elidir tal presuno, demonstrando a ocorrncia do caso fortuito e da fora maior (art. 393, CC).

Contratos benficos e onerosos:Contratos benficos so aqueles em que apenas um dos contratantes aufere benefcio ou vantagem. Nesses contratos, responde por simples culpa o contratante, a quem o contrato aproveite, e por dolo aquele a quem no favorea.Como a culpa grave ao dolo se equipara, pode-se afirmar que responde apenas por dolo ou culpa grave aquele a quem o contrato no favorece.Nos contratos onerosos, respondem os contratantes tanto por dolo como por culpa, em igualdade de condies, salvo as excees previstas em lei (art. 392, 2 parte, CC).

Requisitos para a sua configurao:a) O fato deve ser necessrio, no determinado por culpa do devedor.b) O fato deve ser superveniente e inevitvel.c) O fato deve ser irresistvel, fora do alcance do poder humano.

2. Espcies de inadimplemento

2.1. Inadimplemento involuntrio

Conceito: Ocorre quando o descumprimento resulta de evento estranho vontade do devedor, ou seja, quando causado por fato necessrio de efeitos inevitveis.Hipteses: ato de terceiro, caso fortuito, fora maior e fato do prncipe ou impedimento legal superveniente.O caso fortuito e a fora maior constituem excludentes da responsabilidade civil, pois rompem o nexo de causalidade (art. 393, CC).A lei no faz distino. Em geral, porm, a expresso caso fortuito empregada para designar fato ou ato alheio vontade das partes, como greve, motim, guerra etc. E fora maior, para os fenmenos naturais, como raio, tempestade etc.O trao caracterstico das referidas excludentes a inevitabilidade, estar o fato acima das foras humanas (art. 393, pargrafo nico, CC). Para