DIREITO DAS OBRIGAÇÕES (1)

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Direito das ObrigaesUNIVERSIDADE LUSFONA

Direito das ObrigaesAulas Tericas2009 / 2010

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8/1 9h 5/1 9h 1/1 9h

Direito das Obrigaes

. Revises de Teoria Geral do Direito CivilA (vendedor) celebra com B (comprador) um contrato de compra e venda de um automvel no dia 1/1 s 9h. Dois motivos podem estar na origem da no entrega do automvel no momento da celebrao do contrato:

1. O vendedor precisava do automvel at ao final da tarde. 2. O comprador s realizava o pagamento tarde no momento da entrega do automvel.Pergunta-se:

1. 2. 3. 4.

Qual a forma deste contrato? Qual a relevncia da entrega do preo em simultneo? Em que momento que o comprador de torna dono do automvel? O que um documento?

Resposta: 1. Nos termos do Art.205, n 2 do CC s coisas mveis sujeitas a registo pblico aplicvel o regime das coisas mveis em tudo o que no seja especialmente regulado. Quanto forma do contrato de compra e venda, o Art.875 do CC prev, apenas para os bens imveis, a escritura pblica ou documento particular autenticado. Deste modo e por fora do Art.875 do CC conjugado como o Art.219 do CC a validade da declarao negocial no depende da observncia de forma especial. Na hiptese em anlise as partes podiam ter optado ou por documento particular, o qual poderia revestir a forma escrita nos termos dos Art.362 e 363 n 1, ou simples celebrao verbal. O Art.220 do CC estabelece que caso a declarao negocial carea de forma legalmente prescrita a no observncia da mesma implica a sua nulidade. 2. O Art.874 do CC estabelece que a compra e venda o contrato pelo qual se transmite a propriedade de uma coisa, ou outro direito, mediante um preo. Estamos na presena de um efeito real que se consubstancia na transferncia da titularidade de um direito, decorrendo trs efeitos essenciais de acordo com o Art.879 do CC: alnea a) a transmisso da propriedade da coisa ou da titularidade do direito; alnea b) a obrigao de entregar a coisa; alnea c) a obrigao de pagar o preo. No caso prtico em anlise importa aferir a importncia da tradio da coisa em simultneo com o pagamento do preo na perspectiva de ambas as partes, considerando para o efeito os seguintes cenrios:

a) Entrega a coisa em momento posterior celebrao do contrato e pagamento do preoNeste cenrio est o vendedor obrigado a entregar a coisa no estado em que se encontrava ao tempo da venda nos termos do n 1 do Art.882 do CC, sob pena de no cumprimento das obrigaes de acordo com o Art.790 do CC. O vendedor neste cenrio responsvel pelo prejuzo que causar ao comprador de acordo com o Art.798 do CC. Caso se torne impossvel a tradio da coisa por causa imputvel ao vendedor, este responsvel como se faltasse culposamente ao cumprimento da obrigao nos termos do n 1 do Art.801 do CC (Impossibilidade culposa) estatuindo o n 2 que tendo a obrigao por fonte um contrato bilateral do qual decorre um nexo de reciprocidade e interdependncia das partes, pode o comprador, independentemente do direito indemnizao, resolver o contrato bem como exigir a restituio da prestao.

b) Entrega da coisa em momento posterior celebrao do contrato mas anterior aopagamento do preo

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Direito das ObrigaesConsiderando que a propriedade da coisa, i.., a constituio ou transferncia de direitos reais produz efeitos por mero efeito do contrato de acordo com o disposto no n 1 do Art.408 do CC, o vendedor, caso o comprador no entregue o preo no momento da tradio da coisa o vendedor no pode, salvo conveno em contrrio, resolver o contrato por falta de pagamento do preo (art.886). 3. A constituio ou transferncia de direitos reais produz efeitos por mero efeito do contrato de acordo com o disposto no n 1 do Art.408 do CC 4.De acordo com o Art.362 do CC documento qualquer objecto elaborado pelo homem com o fim de reproduzir ou representar uma pessoa, coisa ou facto. Os documentos podem escritos ou no escritos. Os documentos escritos podem ser autnticos Art.369 a 372 do CC e documentos particulares Art.373 a 379 do CC. Os documentos autenticados so considerados, uma sub categoria dos documentos particulares. / Declaraes Negociais Expressas e Tcitas Diferena entre Documentos Autnticos e Documentos Autenticados Documento Particular - O contrato de promessa de compra e venda, cujas assinaturas tenham sido reconhecidas pelo Notrio, so, meros documentos particulares - O contrato de promessa de compra e venda cujas assinaturas e contedo tenham sido autenticadas pelo Notrio conforme o original so documentos particulares autenticados. Um documento particular simples pode deste modo ser convertido num documento particular autenticado. Instituto da representao - Legal - Voluntria Art.262 e segs. - A procurao revestir a forma exigida para o negcio que o procurador deva realizar Art.262 n 2 / A (vendedor) celebra com B (comprador) um contrato de compra e venda de um automvel no dia 1/1 s 9h tendo ficado acordado a entrega da coisa s 13 horas. s 12 horas cai um meteorito. Deve o comprador pagar o preo? Art.796 CC Risco N. 1: perfilha a tese de que o risco fica a cargo do adquirente logo que lhe transmitida a propriedade e esta de acordo com o disposto no Art.408 efeito do contrato de alienao e no da entrega da coisa. N.2: prev a excepo ao n. 1, i., se o prazo do vencimento expira sem o alienante ter feito a entrega da coisa, o risco fica a cargo do alienante, devedor da entrega, salvo o caso de mora do adquirente, credor na mesma entrega. Ver disposies especiais relativas ao risco dos Arts.1228 (empreitada), 1032 (locao), 1136 (comodato), 1139 (mtuo) e 1462 a 1465 (usufruto).

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Direito das Obrigaes

Das Obrigaes em Geral Captulo II Elementos essenciais da relao obrigacional 11. Modalidades das obrigaes quanto ao sujeito Obrigaes Conjuntas uma obrigao plural (em que, do lado passivo ou do lado activo ou de ambos, h mais do que um titular) em que a prestao dividida entre os vrios titulares, de tal forma que cada um deles s pode exigir, ou s tem de realizar, uma parte dela (jantar de amigos quanto conta).Se A, B e C deverem 300 a D, a quem tomaram de arrendamento um couto de caa, e a obrigao for conjunta, cada um deles est obrigado a entregar 100 ao credor comum, e este apenas pode exigir 100 de cada um dos obrigados. comum a sua origem e global a determinao da prestao.

Obrigaes Solidrias Art.512 CC a obrigao solidria, quando cada um dos devedores responde pela prestao integral (solidariedade activa), ou quando cada um dos credores tem a faculdade de exigir, por si s, a prestao integral de qualquer dos devedores (solidariedade passiva).Regime da Conjuno Quando uma obrigao tem vrios credores e/ou vrios devedores e a cada um deles cabe apenas uma parte do direito ou do dever comum. A regra no direito civil justamente esta de as obrigaes, sendo plurais, serem conjuntas, s vigorando a solidariedade quando a lei especial o determinar ou as partes assim convencionarem Art.513 CC. - Contrato de Mtuo Art.1142 CC o contrato pelo qual uma das partes empresta outra dinheiro ou outra coisa fungvel, ficando a segunda obrigada a restituir outro tanto do mesmo gnero. - Contrato de Comodato Art.1129 CC contrato gratuito pelo qual uma das partes entrega outra certa coisa, mvel ou imvel, para que se sirva dela, com a obrigao de a restituir.

12. .Modalidades das obrigaes quanto ao objecto Obrigaes Fungveis Quando o interesse do credor satisfeito, seja o devedor a cumprir ou outra pessoa qualquer. Se eu contratar um pintor para pintar uma parede e se por algum motivo ele no puder, poderPgina |

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Direito das Obrigaesenviar outro pintor; o que interessa que a prestao se realize. O que releva a realizao da prestao. Regra geral as prestaes so fungveis Art.767 n 1

Obrigaes Infungveis Quando no pode ser realizada por pessoa diversa do devedor. Pode ser uma infungibilidade convencional ou resultante da prpria natureza da prestao (as qualidades pessoais do devedor contam para o credor, exemplo de um artista plstico).Art.767 n 2

Obrigaes Alternativas So aquelas em que o credor faculta ao devedor duas ou mais prestaes, dependendo de escolha posterior aquela que vir a ser efectuada Art.543 Obrigaes Genricas A obrigao diz-se genrica quando o seu objecto definido apenas quanto ao seu gnero e quantidade (compra de 50 ovos ou 50 litros de azeite). A escolha da prestao pertence ao devedor, a menos que coisa diversa tenha sido estabelecida.Universalidade de facto: conjunto de vrias coisa mveis que pertencem a uma mesma pessoa e tm uma finalidade econmica unitria (rebanho de ovelhas). O CC chama s universalidades de facto coisas compostas, estabelecendo o n. 2 do Art.206, que as coisas singulares que constituem a universalidade podem ser objecto de relaes jurdicas prprias.

Obrigaes Genricas Concentrao Obrigaes Especficas A concentrao de uma obrigao genrica consiste na individualizao da respectiva prestao, operao que transforma a obrigao de genrica em especfica, Art.541.Exemplo: Credor celebra por telefone um contrato de compra e venda de uma vaca de 5 anos com 500kg cabendo ao devedor a escolha da mesma para cumprimento da obrigao.

Especfica da obrigao

Obrigao Genrica

Obrigao Concentrao

Contrato de c/v por telefone - Art.879 CC: produz imediata/os efeitos do contrato, excepto a transmisso da propriedade da coisa (dto.real). A vaca atingida por um raio e morre, assumindo o vendedor/devedor o risco: Art.796 CC

Obrigaes Especficas

aquela cujo objecto se encontra individualizado.

Captulo IV - Modalidades das obrigaes quanto ao vnculo. As

obrigaes naturais17. As obrigaes civis e as obrigaes naturais Obrigaes NaturaisPgina |

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Direito das ObrigaesO Art.402 CC diz que a obrigao natural se consubstancia num mero dever de ordem moral ou social, cujo cumprimento no judicialmente exigvel, mas corresponde a um dever de justia. Assim, a prestao que, espontaneamente (equiparado ao cumprimento da prestao), foi feita para cumprimento de uma obrigao natural no pode ser repetida, sendo considerado cumprimento a sua realizao. . Requisito Positivo: mero dever de ordem moral ou social, correspondendo a um dever de justia . Requisito Negativo: o seu comportamento no judicialmente exigido. . Cumprimento ou reconhecimento voluntrio, capacidade, liberdade e espontaneidade . espontneo quando livre de coaco, erro e dolo Art.254 . Princpio da Equiparao - Sujeito ao regime das obrigaes civis - No se relaciona com a realizao coactiva da prestao O Art.403 CC estabelece que no pode ser repetido o que for prestado espontaneamente em cumprimento de obrigao natural No repetio do indevido Exemplos de obrigaes naturais: Divida prescrita por decurso do prazo: diz o n. 2 do Art.304 CC que no pode ser repetida a prestao realizada espontaneamente e em cumprimento de uma obrigao prescrita, ainda quando feita com ignorncia da prestao. Ver acrdo do STJ 2008 sobre a chave do jazigo em que decidiu de acordo com a pretenso de no haver obrigao civil de entregar a chave. Art.402 CC a prestao que, espontaneamente, foi feita para cumprimento de uma obrigao natural no pode ser repetida, sendo considerado cumprimento a sua realizao. A ttulo de exemplo temos as obrigaes que os pais tm de compensar os filhos do trabalho por eles realizado ou de lhes dar parte nos bens produzidos (Art.1895 n2 CC).

Obrigaes Civis - contedo da obrigao Noo de Obrigao Art.397 CC: Obrigao o vinculo jurdico por virtude do qual uma pessoa fica adstrita para com outra realizao de uma prestao. a) Vnculo jurdico e realizao de uma prestaoA obrigao consubstancia um vnculo que une duas pessoas concretizado na PRESTAO (contedo da prestao Art.398 CC) sendo esta a consagrao da obrigao. Sobre a realizao coactiva da prestao estabelece o Art.817 CC que no sendo a obrigao voluntariamente cumprida, tem o credor o direito de exigir judicialmente o seu cumprimento e de executar o patrimnio do devedor (ver execuo especfica). As prestaes podem ser: FACERE: um conceito negativo, aquela que no se consubstancia na prestao de uma coisa, exemplo do contrato de prestao de servios DARE: entregar a coisa e pagar o preo; prestaes de coisas NON FACERE: traduz-se numa absteno, omisso ou mera tolerncia (PATTI) de fazer algo, exemplo das servides legais de passagem, dos pactos de no concorrncia.

Captulo V Fontes das Obrigaes

Seco I Contratos26. Princpios fundamentais do regime dos contratos 27. Princpio da liberdade contratual Art.405 CC1. Liberdade de celebrao dos contratos Consiste na faculdade que as partes tm, dentro dos limites da lei, de fixar, de acordo com a sua vontade, o contedo dos contratos que realizem, celebrar contratos diferentes dos previstos no cdigo ou incluir outras clusulas.

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Direito das ObrigaesVigora aqui o princpio da liberdade de escolha do tipo (nome) contratual uma vez que no direito das obrigaes no vigora o princpio da tipicidade, podendo ser criadas relaes jurdicas independentemente das fontes que esto elencadas na lei. Podemos escolher o tipo e no seguir o regime geral na sua totalidade. 2. Liberdade de fixao do contedo dos contratos . Liberdade de estipulao: a proposta de contrato tem de ser precisa e clara fornecendo todos os elementos para que a outra parte possa dizer sim. 3. A autonomia da vontade e algumas, modernas espcies contratuais . Vontade sria e firme de contratar: declarao de aceitao com um sim incondicional. Caso no seja j no considerada uma aceitao mas uma contra-proposta. Nos contratos para os quais a lei exige uma forma s h proposta e aceitao no momento em que se adopta essa forma. Sem a forma quando exigida por lei no h proposta, no h contrato e no h aceitao. 3.1. Clusulas ou condies contratuais gerais e contrato de adeso. Extenso do seu regime a contratos individualizados Discute-se se existe ou no liberdade de estipulao; o contrato est pr-determinado, prclausulado pela parte mais forte. Pode haver liberdade de celebrao mas a liberdade de estipulao no existe, verificando-se assim uma excepo liberdade contratual (gua, luz, gs). 3.2. Contrato normativo, contrato colectivo e contrato - tipo

28. Princpio do consensualsmo - Basta o acordo das partes, de vontades, para a perfeio do contrato - Liberdade declarativa ou de forma Art.217Este princpio no vigora na sua plenitude, por exemplo no Direito da Famlia: no casamento no h liberdade de forma tal como liberdade de estipulao uma vez que estamos na presena de normas imperativas. Quando prometo vender um imvel por x a pronto pagamento o contrato s vlido com a forma escrita. No h consensualidade sem a forma. Os contratos cuja celebrao obedece ao Princpio da Liberdade de Forma so consensuais quanto: - forma - Eficcia Generalidades. Contratos consensuais e contratos solenes ou formais (imperativos) - Consensuais: quando se celebram por simples acordo de vontades sem exigncia de qualquer formalismo especial - Solenes ou formais: aos quais a lei imponha, no s o consenso de vontades, mas ainda o preenchimento de formalidade determinada. 2. Contratos com eficcia real. A clusula de reserva da propriedade Os contratos com eficcia real tm como efeito a constituio, modificao, extino ou transferncia de um direito real (c/v) que opera por mero efeito do contrato Art.408 n.1. As partes podem estipular que a constituio ou transferncia se opere em momento posterior ao do contrato: na venda com reserva de propriedade, estipula-se que o comprador s adquire a propriedade em dado momento posterior celebrao do contrato, por exemplo quando tiver pago a totalidade do preo, sendo este pago a prestaes Art.409 CC. . Eficcia Relativa: direito de crdito ou relao jurdica obrigacional pura entre duas ou mais pessoas os efeitos apenas vinculam aquelas partes. S produz efeitos e tem eficcia entre as partes. . Eficcia Absoluta: os direitos reais gozam de eficcia Erga Omenes porque o titular de um direito real tem o direito de exigir o respeito desse seu direito Direito de Sequela. 1.

29. Princpio da Boa F. A responsabilidade pr-contratualPgina |

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Direito das ObrigaesNa celebrao de negcios jurdicos as partes devem actuar de acordo com os princpios da boa f, tanto nos preliminares como na formao do contrato, de modo a acautelar os interesses jurdicos das partes. O princpio da boa f est consagrado nos Art.227 quanto sua formao, Art.239 quanto sua integrao e Art.762 n. 2 quanto respectiva execuo, i.., o exerccio dos direitos e o cumprimento das obrigaes que dele derivam 762 n. 2 do CC.

30. Princpio da fora vinculativa Uma vez celebrado, o contrato plenamente vlido e eficaz constitui lei imperativa entre as partes Art.406 n.1O Art.406 consagra o Princpio da Fora Vinculativa que por seu turno consagra: - Princpio da Pontualidade n.1 - Princpio da Estabilidade n. 1 - Princpio da Eficcia Relativa n. 2 - Princpio da Prioridade Temporal da Constituio ou do Registo Art.407 1. Desvios ao princpio da estabilidade dos contratos O contrato, que nasce do livre consenso das partes, somente por acordo das mesmas em sentido contrrio deve ser alterado, conforme decorre do Art.406 n.1 sendo um desvio regra clssica do pacta sunt servanda. 1.1. Resoluo, revogao e denncia ao vnculo contratual . Resoluo ou Resciso Art.432: Enquanto, que a revogao livre, a resoluo no ; a resoluo ou est prevista na lei ou em conveno. Fora destes casos a resoluo no admitida. Ou h fundamento e h resoluo ou no h fundamento e no h resoluo. A resoluo tem efeitos retroactivos Art.434 - com a excepo prevista no n. 2. Nos casos de execuo permanente a resoluo no tem efeitos retroactivos. . Revogao Art.406: uma forma de extino do contrato que resulta da vontade das partes sendo uma emanao do princpio da liberdade contratual. A revogao uma faculdade discricionria das partes, no precisa de ser justificada, s produzindo efeitos para o futuro (Art.1157 contrato de mandato). .Denncia: uma forma de extino do contrato que se aplica a contratos de durao indefinida. Possui elementos comuns revogao. A denncia no necessita de acordo das partes, unilateral. 1.2. Resoluo ou modificao dos contratos por alterao das circunstncias Art.437 CC se as circunstncias em que as partes fundaram a deciso de contratar tiverem sofrido uma alterao anormal, tem a parte lesada direito resoluo do contrato, ou modificao dele segundo juzos de equidade, desde que a exigncia das obrigaes por ela assumidas afecte gravemente os princpios da boa f e no esteja coberta pelos riscos prprios do contrato. 2. Desvios ao princpio da relatividade dos contratos 2.1. Contrato a favor de terceiro Ocorre quando dois contraentes estabelecem entre si um contrato e o beneficirio da prestao, o que beneficia do contrato um terceiro. A doador do bem x a B. Estamos perante um contrato gratuito, mas existe uma clusula acessria (modo ou encargo) que recai sobre a pessoa que recebe a liberalidade, que o donatrio. B donatrio, promete ao A pagar x mensalmente aos pais de A contrato a favor de 3 a promessa consiste na prestao a favor de C que no parte no contrato. Contrato de seguro de vida: existe o segurado e a companhia de seguros; o beneficirio do contrato adquire direito prestao. Art.444 - o 3 a favor de quem for convencionada a promessa adquire direito prestao mesmo que no a tenha aceite, no preciso aceitar o beneficio. O benefcio entra na esfera jurdica do beneficirio mesmo sem a aceitao. sempre licito recusar o benefcio Art.444 n. 1 conjugado com o Art.447 n. 1 o 3 pode rejeitar a promessa ou aderir a ela.Pgina |

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Direito das ObrigaesEnquanto, que a rejeio tem que ser feita apenas ao promitente, a adeso tem de ser feita a ambos 2.2. Contrato para pessoa a nomear Art.452 - A faz um contrato com B reservando este no contrato a faculdade de poder nomear outra pessoa para se lhe substituir. Se o B exercer esta faculdade, juridicamente como se ele nunca tivesse contrato e desde o incio o nico contraente ser o C (a nomeao do C tem efeitos retroactivos data da celebrao do contrato). 3. Eficcia ulterior dos contratos. A responsabilidade ps-contratual

31. Contratos unilaterais ou no sinalagmticos e bilaterais ou sinalagmticos.Contratos gratuitos e onerosos. Contratos comutativos e aleatrios 31.1. Contratos unilaterais ou no sinalagmticos e bilaterais ou sinalagmticos . Contratos unilaterais ou no sinalagmticos: quando do contrato nascem obrigaes apenas para um dos lados, exemplo do pacto de preferncia, promessa unilateral de compra. . Contratos e bilaterais ou sinalagmticos: quando do mesmo contrato nascem obrigaes para ambas as partes. 31.2. Contratos gratuitos e onerosos . Contratos gratuitos: a vantagem est para um dos lados e o sacrifcio est para o outro lado, exemplo da doao. . Contratos onerosos: estamos perante uma reciprocidade de vantagens e sacrifcios patrimoniais. As vantagens econmicas de uma das partes correspondem aos sacrifcios que a outra tem; ambas as partes ganham com o contrato. 31.3. Contratos comutativos e aleatrios 32. Contratos mistos. Unio ou coligao de contratos 32.1. Contratos mistos Art.405 n. 2 quando no mesmo contrato se incluem clusulas de vrios tipos de contratos diferentes. Num contrato de arrendamento podemos incluir clusulas de um contrato de prestao de servios: arrendo o imvel x a B e na minha ausncia, B dever regar o meu jardim. 32.2. Unio ou coligao de contratos . Unio de contratos simples: contrato de arrendamento e contrato de prestao de servios, colados mas no dependentes. . Unio de contratos com dependncia: extino ou prorrogao podem estar dependentes. 33. Contrato Promessa A) Noo Conveno pela qual se assume a obrigao de celebrar, no futuro, um contrato, o contrato prometido; Art.410 CC instrumental relativamente ao contrato definitivo. Constitui-se sempre como contrato promessa de qualquer outro contrato. Pode ser celebrado a propsito de qualquer contrato oneroso.

B) Disciplina jurdica Entre o contrato promessa e o contrato prometido a prpria lei determina que existe o princpio da equiparao. Caso uma das partes no cumpra e verificados determinados requisitos pode a outra parte recorrer ao tribunal e pedir o cumprimento coactivo da prestao.Art.410 n. 1 Principio da Equiparao entre o contrato promessa e o contrato prometido. Excepes, in fine (), exceptuadas as relativas forma e as que pela sua razo de ser, no se devam considerar extensivas Os efeitos: a forma do contrato promessa no sege ipsis verbis a forma do contrato prometido. Os efeitos do contrato promessa no so os efeitos do contrato prometido. NATUREZA MERAMENTE OBRIGACIONAL QUE CONSISTE EM CELEBRAR O CONTRATO PROMETIDOPgina |

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Direito das ObrigaesArt.879 - Efeitos da compra e venda no so transponveis para o contrato promessa. No contrato promessa apenas promete celebrar o contrato definitivo/prometido. O contrato promessa em regra bilateral mas nada impede que se assumam promessas unilaterais.

C) Disposies respeitantes forma e substncia i. Forma do contrato-promessaO regime do contrato promessa est em cadeia. Regra geral: contrato consensual obedece ao princpio da liberdade de forma plasmado no Art.219. Exemplo do contrato promessa de bem mvel contrato consensual. O registo um requisito de publicidade. Excepo: Art.410 n. 2 o contrato promessa deve constar de documento Particular assinado pelas partes. O n. 2 para determinados casos funciona. Para outros alm do n. 2 necessitamos de acrescentar o n. 3.

ii. Aplicao dos preceitos do contrato prometido Art.410 n.3 + Art. 202 + Art. 203 - Coisas imveisCoisas imveis Art.204 n. 1 alnea a) - Rsticos Art.204 n. 2 - Urbanos prdios mistos R e U em conjunto, aplica-se-lhes o regime dos prdios urbanos. O n. 3 aplica-se apenas a mistos e urbanos conjugando-se o n. 2 + n. 3 N. 2 documento particular N. 3 requisitos Bens mveis consensual Bens imveis Rsticos n. 2 - Mistos e Urbanos n. 2 e n. 3 Se as partes no observarem o n. 2 (doc.Particular) o contrato nulo de acordo com o Art.220 + 286 + 289 Se as partes no observarem o n 3 a doutrina fala em anulabilidade atpica????????????????

D) Efeitos da promessa. Atribuio de eficcia real Se eu quiser reforar o meu direito de crdito e refora-lo, por forma, a que esse direito seja oponvel a terceiros vou celebr-lo de acordo com o Art.413 Efeito Real e no Art.410 Efeito Obrigacional.Art.413 - Reforado com o Direito Real de Aquisio - Para poder atribuir eficcia real eu tenho de estar perante um bem mvel sujeito a registo ou um bem imvel requisito / pressuposto / condio prvia / pressuposto prvio.

Pressuposto prvio Art.413 - Atribuio de eficcia real Eficcia real: requisitos cumulativos 1. Requisito de forma: escritura pblica ou documento particular autenticado 2. Requisito de substncia: s clusulas normais do contrato promessa tem de se atribuiruma clusula expressa de atribuio de eficcia real. 3. Requisito de registo: publicidade registo competente Vamos registar o direito que nasce da insero daquela clusula com eficcia real DIREITO REAL DE AQUISIO NOTA: SEM OS REQUISITOS COMULATIVOS O CONTRATO FICA COM EFICCIA MERAMENTE OBRIGACIONAL PELA ATRIBUIO DA EFICCIA REAL NO SE TRANSFERE O DIREITO DE PROPRIEDADE, APENAS NASCE O DIREITO REAL DE AQUISIO Resoluo de hiptesesPgina |

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Direito das ObrigaesLivro Automvel Pinhal Moradia Monte Alentejano Bem mvel Bem mvel sujeito a registo Bem imvel Prdio Rstico Bem imvel Prdio Urbano Bem imvel (casa + terra) Prdio Rstico (Prdio Urbano absorve sempre a parte rstica)

Coisa

Livro

Forma Contrat o Prometi do Consens ual, liberdad e de forma Consens ual, liberdad e de forma

Forma Contrato Promessa Art.410 CC Consensual, liberdade de forma

Eficcia Real Art.413 CC

No pode ser atribuda eficcia real porque estamos na presena de um bem mvel no sujeito a registo Pode ser atribuda eficcia real porque estamos na presena de um bem mvel sujeito a registo; 1 Requisito: documento particular autenticado; 2 Requisito: clusula expressa de atribuio de eficcia real; 3 Requisito: Publicidade: conservatria do registo automvel registar o Direito Real de Aquisio que nasce do facto; Pode ser atribuda eficcia real porque estamos na presena de um bem imvel sujeito a registo Prdio Rstico; 1 Requisito: documento particular autenticado; 2 Requisito: clusula expressa de atribuio de eficcia real; 3 Requisito: Publicidade: conservatria do registo automvel registar o Direito Real de Aquisio que nasce do facto; No cabe no n. 3 do Art.410 Pode ser atribuda eficcia real porque estamos na presena de um bem imvel sujeito a registo Prdio Urbano; 1 Requisito: documento particular autenticado; 2 Requisito: clusula expressa de atribuio de eficcia real; 3 Requisito: Publicidade - Registo na conservatria do registo predial o Direito Real de Aquisio que nasce do facto; Cabe no n. 2 e 3 do Art.410

Autom vel

Consensual, liberdade de forma

Pinhal

Escritura Pblica

Documento particular autenticado

Moradi a Monte Alentej ano Escritura Pblica Documento particular autenticado

Art.410 A (PV) --------------------------------------- B (PC) Livro

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Direito das ObrigaesA prometeu vender a B o qual entregou o sinal. Entretanto vendeu a C C (3 PC) Caso o contrato tenha eficcia meramente obrigacional o B PC apenas pode fazer funcionar a execuo do sinal. B no pode recorrer aos tribunais para exigir o cumprimento coactivo da prestao porque o bem j saiu da esfera jurdica do A. Caso tenha sido atribuda eficcia e cumpridos os trs requisitos cumulativos, o B pode optar por pedir uma indemnizao ao A ou exigir o cumprimento coactivo da prestao: direito de sequela. Uma vez que tem eficcia erga omnes pode atingir terceiros. Quais os efeitos da inobservncia das formalidades previstas no Art.410 n. 3?

E) Regime do incumprimento do contrato-promessa. Art.442 Sinal - Em bom rigor j est tratado o regime do incumprimento do contrato-promessa sempre que ocorra a sua violao. - Bilateral: qualquer uma das partes o pode violar no celebrando o contrato prometido. - Impossibilidade com culpa.Culpa responsabilidade contratual Art.798 e seguintes Sem culpa regime da impossibilidade no culposa Art.790 e seguintes Incumprimento: - Definitivo: Paradigma PV ou PC mudaram de ideias, j no querem, ou no podem celebrar o contrato definitivo, ou ento ultrapassaram o prazo para a celebrao da escritura, i.., o contrato definitivo. - Temporrio ou Mora - Do promitente - comprador - Do promitente vendedor - Sem sinal Art.498 Tradio / Traditio Art.442 Na data da celebrao do contrato-promessa A (PV) entrega a chave a B (PC) e autoriza-o a ir para l morar, conferindo-lhe direitos adicionais. Elemento material - Pode ser simblico. S pode transferir o legtimo dono da coisa. Estou a ceder o meu direito ao uso gozo da coisa Elemento psicolgico - Este acto para ser a tradio para efeitos do Art.442 tem que ser acompanhado pelo elemento psicolgico, criando a vontade, a convico que a pessoa v para l morar. comum a quem entrega a coisa e a quem a recebe.

i. Incumprimento temporrio do promitente-vendedor a) Resolver o contrato por incumprimento do promitente devedor e pedir o sinalem dobro

b) Tendo havido tradio da coisa pode em alternativa pedir uma indemnizao:A prometeu vender a B por 300 mas vendeu a C por 400 B entregou um sinal de 100 Clculo da indemnizao (400-300)+100=200 S se pode recorrer ao At.442 quando o contrato foi validamente celebrado. Quando nulo, por no cumprimento do Art 410 n. 2 no se pode recorrer ao Art.442 n. 2; Neste caso aplicarse-ia o regime geral da nulidade sendo a restituio do sinal em singelo (Art.289) O Art.442. aplicvel aos contratos meramente anulveis

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Direito das Obrigaesc) Cumprimento coactivo do contrato Art.442. n. 3 Execuo especficaArt.830 c.1) S possvel recorrer ao cumprimento coactivo do contrato numa situao de incumprimento temporrio c.2) uma aco a que qualquer um dos promitentes pode recorrer c.3) Intentada a aco de execuo especifica interposta por um dos promitentes contra o outro. O que que o tribunal vai fazer: - O tribunal vai substituir a declarao negocial do faltoso; emite uma sentena e vai dar razo ao promitente fiel. Todavia no substitui a declarao negocial do faltoso, vai mais longe, vai ultrapassar a prpria celebrao do contrato emitindo uma sentena que substitui a prpria escritura e que permite registar o direito de propriedade efeito translativo e constitutivo. - Face ao atraso do promitente-comprador o promitente vendedor pode pedir o cumprimento coactivo da prestao, emitindo o tribunal uma sentena no mesmo sentido. Excepo: H um nico caso em que apesar de estarmos na presuno de um incumprimento definitivo por parte do promitente vendedor, ainda assim, o promitente-comprador pode recorrer execuo especfica, se o seu direito tiver eficcia real. Caso o promitente-vendedor venda a um 3 o tribunal no declara nulo o contrato celebrado entre ambos, antes substitui a posio ocupada pelo 3 pelo B porque o seu direito tem eficcia real. c.4) Conveno em contrrio Art.830 n. 2 presuno ildivel, admite prova em contrrio, incluindo-se no contratopromessa uma clusula: No obstante ter sido constitudo sinal as partes no querem afastar a execuo especfica. H um contrato promessa que tem um regime especial: contrato-promessa relativo compra e venda de prdios urbanos porque o Art.830 n. 3 remete para o Art.410 n. 3. Prdios urbanos: a execuo especfica sempre possvel, mesmo sem a clusula e com sinal. 34. Pacto de Preferncia A) Noo Art.414 CC consiste na conveno pela qual algum assume a obrigao de dar preferncia a outrem na venda de determinada coisa; No h obrigao, no se assume a obrigao de contratar. Assume-se a obrigao de dar preferncia verificando-se duas condies: - Se decidir vender - Quando decidir vender Se nunca vender, nunca se viola o pacto de preferncia. Se nunca vender, nunca se viola o pacto de preferncia. Direitos de Preferncia que nascem da celebrao de pactos. No so meramente convencionais.

B) Requisitos de forma e substncia. Transmisso do direito e da obrigao depreferncia Quanto sua natureza podem ser: - Celebrao de um pacto de preferncia - convencionais Art.414 CC - Lei (direito de preferncia do arrendatrio face a uma eventual venda do senhorio) - Direito de Preferncia entre os comproprietrios; cada um dono de parte da coisa, sendo necessria notificao aos demais comproprietrios dando-lhes preferncia em igualdade de circunstncias. Pacto convencionais (relativamente a todos os contratos) Direitos de Preferncia Lei - Legais Lei legaisPgina |

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Direito das ObrigaesO cdigo regula o Pacto de Preferncia no paradigma eferente venda de determinada coisa. O Pacto de Preferncia um negcio jurdico unilateral, s uma das partes que est obrigada a dar preferncia, podendo a outra parte exercer ou no, no tem nenhuma obrigao, s tem o direito de preferncia. - Quanto forma: - Consensual semelhana do contrato promessa Art.415 Ao tratar da forma remete para o Art.410 n. 2 (ponto final). No h que fazer qualquer distino quanto a prdios rsticos ou urbanos. No h essa necessidade ao contrrio dos contratos promessa. O Pacto de Preferncia quando respeitar a venda futura de bem imvel tem que ser por documento particular, assinado por aquele que se vincula (unilateral).

C) Exerccio do direito de preferncia D) Preferncia legal. Eficcia real do pacto de prefernciaArt.421 - Eficcia real: conjugado com o Art.413 obriga a uma distino fundamental: - Eficcia meramente obrigacional: da sua violao resulta apenas o direito indemnizao nos termos do Art.798 (responsabilidade contratual) Pacto de Preferncia Direitos - Eficcia real: mesmos efeitos do contrato promessa; direito real de aquisio + direito de sequela

E) Regime do Incumprimento. Violao da preferncia i. PACTO DE PREFERNCIA- Quando violado h que determinar a natureza do Direito, porque o regime aplicvel depende de saber se estamos perante: a) Pactos de preferncia meramente obrigacionais b) Pactos de preferncia Legais - possuem automaticamente eficcia real c) Pactos de preferncia convencionais com eficcia real b) e C) o titular do direito de preferncia legal ou com eficcia real pode: 1. Indemnizao nos termos gerais do Art.798 2. Intentar uma aco nos termos do Art.421 + 1410 (aco de preferncia) Art.1410 - Aco de Preferncia Quem que intenta a aco: Professor Almeida Costa: - Deve ser intentada contra o 3 a quem o obrigado a dar preferncia vendeu a coisa e pedido de indemnizao contra A. Maioria da Doutrina: - Entende que a aco deve ser intentada contra A e C A Promitente Vendedor - obrigado a dar preferncia a B Vende aC

B Promitente-comprador - Meramente Obrigacional Art.798 - Direito Legal ou PF com eficcia real Art.798 ou 421+1410.

C 3

A venda efectuada por A perfeitamente vlida porque o A pode escolher a quem quer vender, com toda a legitimidade. O C vai registar na CRP o bem. Ao atribuirmos eficcia real a um direito temos que ter forma, substncia e publicidade. Registo: B direito real de aquisio (A aco de preferncia tem que obedecer aos requisitos do Art.1410)Pgina |

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Direito das ObrigaesC direito de propriedade Regime da sub-rogao: . Quando o tribunal decide, cumpridos os requisitos previstos no Art.1410, e entrega o dinheiro a C que havia sido depositado pelo B, e transfere o bem da esfera jurdica do C para o B. Por seu turno o C depois vai atrs do A de acordo com o Art.798. O valor a depositar o valor da escritura. O problema que desde logo se levanta o da simulao. Paralelamente, pode o B intentar uma aco conta o A com o intuito de provar que o valor escriturado superior com o intuito de desincentivar o B. A Promitente Vendedor - obrigado a dar preferncia a B Vende aC

B Promitente-comprador C 3 . HIERARQUIA DOS DIREITOS DE PREFERNCIA 1. Direito legal de preferncia 2. Direito de preferncia ao qual foi atribuda eficcia real 3. Direito de preferncia com eficcia meramente obrigacional No caso de ter sido celebrado um ou mais pactos de preferncia sobre a mesma coisa, prevalece aquele cujo direito real foi registado em 1 lugar.

Seco II Negcios unilaterais35. Noo e sua admissibilidade como fonte das obrigaes S existe uma parte, s h uma declarao de vontade negocial. Algum declara-se vinculado a uma determinada obrigao, esta vontade chega para fazer nascer uma obrigao. Art.457 - o negcio unilateral s fonte de obrigaes quando a lei expressamente permite. Nos negcios jurdicos unilaterais inter-vivos funciona a regra da tipicidade. 36. Modalidades 36.1. Promessa de cumprimento e reconhecimento de dvida Art.458 Criam a presuno da existncia de uma relao negocial ou extra-negocial, sendo esta a verdadeira fonte da obrigao 36.2. Promessa pblica Art.459 Exemplo das alvssaras que se publicam no jornal o autor do anncio fica obrigado promessa feita, e mesmo que o credor desconhea completamente o anncio e no reclame as alvssaras por desconhecimento, ele tem todo o direito de as vir exigir. Mesmo que o facto esteja praticado ele est vinculado promessa. O Art.460 estabelece o prazo de validade da promessa pblica, o qual se mantm enquanto no for revogado excepto se o mesmo for previamente fixado. Se a promessa no tem prazo de validade feito pelo promitente ela revogvel a todo o tempo e enquanto no for revogada ela mantm-se. Se a promessa for pblica a revogao tem que ser pblica tambm, se ele fez a promessa no jornal ele ter de publicar a revogao nesse mesmo jornal Art.461 Se a entrega foi feita antes da revogao da promessa, ele tem direito a exigir o pagamento da promessa. Art.462 - dividida equitativamente (no significa em partes iguais), quer dizer em funo do contributo que cada um deu para o resultado. 36.2. Concursos pblicos Art.463 uma promessa pblica no concurso pblico. Duas decises: - Eliminar partida, concorrentes que no respeitaram as condies exigidas no concurso; - A deciso sobre a admisso do promitente, ou das pessoas designadas no anncio, o jri.Pgina |

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Direito das ObrigaesPertence exclusivamente significa que a deciso inapelvel, no possvel propor uma aco em tribunal contra a deciso proferida.

Seco III Gesto de Negcios37. Noo e explicao do instituto Art.464 - se algum se ocupa de um assunto alheio sem o intuito de ser til ao titular respectivo, h que considerar duas situaes: - Pode proceder na convico errnea que se trata de assunto seu; - Ou pode proceder conscientemente gerindo negcio alheio no interesse prprio, ou seja, na inteno de afectar para o seu patrimnio os proveitos da intromisso na esfera jurdica de outrem. Assim: No 1 caso, apesar de no se tratar de gesto de negcios propriamente dita aplicam-se as suas regras se o dono do negcio aprovar a actuao do interveniente. No havendo aprovao da gesto por parte do dono do negcio aplicam-se as regras do enriquecimento sem causa. Se o agente agiu com culpa fica sujeito s regras definidoras da responsabilidade civil. 38. Requisito Para que haja gesto de negcios so necessrios os seguintes requisitos: a) Direco de negcio alheio A actuao do gestor tanto pode concretizar-se na realizao de negcios jurdicos em sentido estrito, como na prtica de actos jurdicos no negociais ou at de simples factos materiais. Os actos jurdicos sero em regra, actos de mera administrao, mas nada obsta, em princpio, a que se estenda a actos de verdadeira disposio. b) Que o gestor actue no interesse e por conta do negcio alheio Que a sua interveno decorra intencionalmente em proveito alheio e no em exclusivo proveito prprio. Se o gestor agir no seu exclusivo interesse, falta um requisito essencial ao esprito do instituto, que o de estimular a interveno til nos negcios alheios carenciados de direco. No basta que a actividade do agente se destine a satisfazer um interesse alheio, preenchendo uma necessidade de outra pessoa; preciso ainda que ele aja por conta de outrem, ou seja, na inteno de transferir para a esfera jurdica de outrem os proveitos e encargos da sua interveno, imputando-lhe os meios de que se serviu ou, pelo menos, os resultados obtidos. c) Falta de autorizao A inexistncia de qualquer relao jurdica entre o dono e o agente, que confira a este o direito ou lhe imponha o dever legal de se intrometer nos negcios daquele. Supe, portanto, a falta de mandato, bem como a falta de poderes voluntrios ou legais de representao ou administrao Os elementos os pressupostos da gesto de negcios so: 1) Assuno ou conduo dum negcio alheio por algum, ou seja, alienidade do negcio, carcter alheio do negcio que gerido, dirigido ou conduzido pelo sujeito; 2) Conduo do negcio no interesse do dono do negcio; 3) Direco do negcio por conta do dono do negcio: - Dirigir um negcio no interesse de outrem, corresponde a conduzir a gesto daquele assunto correspondentemente ao interesse do titular do assunto; - Faz-lo por conta de outrem, significa faz-lo com a inteno de afectar os efeitos da gesto, totalmente, ao dono do negcio, isto , de transmitir para o dono do negcio todos os efeitos negativos e positivos da gesto levada a cabo; 4) Ausncia de autorizao.Pgina |

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Direito das ObrigaesA gesto de negcios supe a falta de autorizao. S se pode falar em gesto de negcios se aquele que age no interesse e por conta de outrem no est autorizado a faz-lo. No h gesto de negcios nos casos em que algum se ocupa de um assunto alheio com base numa prvia relao que lhe conferiu o poder de intervir. 39. A gesto de negcios e outros institutos afins Art.1157 tambm o mandato pode ser: - Mandato com representao Art.1178 - Mandato sem representao Art.1180 A gesto de negcios assemelha-se muito ao mandato sem representao, da o Art.475. Uma coisa actuar sem poderes uma pessoa que representa outrem, mas no tem poderes de representao. No mandato ele representa outrem mas tem poderes prprios. Art.471 - a gesto de negcios pode ser: - Representativa / sem poderes Art.268: o gestor quando se relaciona com 3 na celebrao de um negcio jurdico, apresenta-se na qualidade de gestor. Diz que est a agir na qualidade de gestor, mas que os efeitos daquele contrato so para se repercutir na esfera jurdica do Dominus. - No representativa / mandato sem representao Art.1180: se nada disser, se no se apresentar na qualidade de gestor, dando a conhecer ao 3 que no tem poderes, est no mbito da gesto no representativa, produzindo-se os efeitos na sua esfera jurdica. 40. Relaes entre o gestor e o dono do negcio A) Obrigaes do gestor. Sua responsabilidade O papel do gestor de negcios mais ingrato do que o do representante, e do que o do mandatrio. O mandatrio conforma-se com os poderes que lhe esto confiados e age dentro deles. Na gesto de negcios isso no assim: Art.466 - o gestor responde tanto pelos danos que causar por culpa sua, no exerccio da gesto como por aqueles que causar com a injustificada interveno dela. So as obrigaes do gestor em face do dono do negcio (art. 465 CC): a)Continuao da gesto Uma vez iniciada, ao agente j no inteiramente livre de interromp-la, quer pelas compreensveis expectativas que a sua actuao capaz de ter criado, quer pelo obstculo que ela pode ter constitudo para a interveno de outras pessoas, dispostas a levar a gesto a bom termo. A lei no impe ao gestor, de modo directo, o dever de prosseguir a gesto iniciada, mas responsabiliza-o pelos danos que resultarem da injustificada interrupo dela (art. 466/1 CC). b) Dever de fidelidade ao interesse e vontade (real ou presumvel) do dono do negcio O gestor responde ainda, pelos danos que causar, por culpa sua, no exerccio da gesto, e a sua actuao considera-se culposa, sempre que agir em desconformidade com o interesses ou a sua vontade, real ou presumvel, do dono do negcio (art. 466 CC). a consagrao prtica, indirecta do principal dever que pe a cargo do gestor (art. 465-a CC). O dever de obedincia simultnea ao interesse e vontade do dono tanto vale para os termos em que a gesto deve ser iniciada ou tem cabimento legal, como para a forma por que deve ser exercida. A actuao do gestor ser regular (isenta de culpa), se ele pratica um acto contrrio vontade (real ou presumvel) do dono do negcio, mas conforme ao interesse deste, desde que a conduta (omisso), desejada pelo dominus seja contrria lei ou ordem pblica, ou ofensiva dos bons costumes. A conduta do gestor ser igualmente regular, se ele omitir o acto ilcito que o dono praticaria e optar pelo acto lcito que mais favorece os seus interesses. O gestor deve abster-se de todos os actos que saiba ou presuma serem contrrio vontade real ou presumvel do dono, por mais favorvel que fundadamente os julgue s convenincias do interessado. Como deve igualmente renunciar aos actos que o dono no deixaria de praticar, se tiver razes para considerar lesivos dos interesses em causa. c) Entrega dos valores detidos e prestao de contas (art. 465-e CC)Pgina |

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Direito das ObrigaesAs contas devem ser prestadas, logo que a gesto finda ou interrompida, ou quando o dono as exigir, podendo a prestao ser feita coactiva ou espontaneamente. d) Aviso e informao do dono do negcio Ao gestor impe-se o dever de avisar o dono do negcio logo que tenha possibilidade de faz-lo, de que assumiu a gesto, para que ele possa prover como melhor entender; e ainda a obrigao de lhe prestar todas as informaes relativas gesto, para que o interessado possa acompanhar a evoluo desta e tomar oportunamente as providncias que o caso requeira. B) Obrigaes do dono do negcio. Gratuitidade da gesto Art.468: se a gesto tiver sido exercida em conformidade com o interesse e a vontade, real ou presumvel, do dono do negcio, este, obrigado a: - Reembolsar o gestor das despesas que ele tenha considerado indispensveis - Indemniz-lo do prejuzo que haja sofrido. Desde que a gesto seja regular, isto , no tenha havido infraco das obrigaes impedientes sobre o gestor designadamente da obrigao de actuao conforme ao interesse e vontade do dominus. Neste caso de regularidade da gesto, o dono do negcio obrigado (art. 468/1 CC) a reembolsar o gestor de todas as despesas que ele, fundadamente, tenha considerado indispensveis, com os juros legais, contratados do momento em que as despesas foram feitas e at ao momento em que o reembolso se verifica. Obrigao de reembolso de despesas: so todas e apenas aquelas despesas que ele tenha considerado indispensveis com fundamento, desde que a situao objectivamente justificasse o juzo de indisponibilidade. A essas despesas acresce a obrigao de pagamento dos juros legais, correspondentes ao montante de tais despesas. A obrigao de indemnizao: a obrigao de reembolso s existe quando houve despesas feitas pelo gestor s existe, se ele tiver sofrido prejuzos com a gesto: prejuzos que podem ser de natureza patrimonial ou de natureza no patrimonial. Obrigao de remunerao do gestor: esta depende de a actividade desenvolvida pelo gestor corresponder sua actividade profissional. Uma vez que o dono do negcio tenha conhecimento da actividade gestria ele pode, em relao a essa actividade, tomar uma de trs atitudes: 1 Pode aprovar a gesto; 2 Pode nada dizer; 3 Pode desaprovar a gesto. C) Apreciao da culpa do gestor. nus da prova Considera-se actuao culposa do gestor quando ele age em desconformidade com o interesse, ou com a vontade real ou presumvel do dono do negcio. Mas, saber aquilo que ele julga ser vontade real do dono do negcio difcil. As obrigaes do gestor de negcios so muito mais especificas Art.465, do que na representao porque na gesto de negcios no existe representao. Desde que a gesto seja regular, isto , no tenha havido infraco das obrigaes impedientes sobre o gestor designadamente da obrigao de actuao conforme ao interesse e vontade do dominus. Neste caso de regularidade da gesto, o dono do negcio obrigado (art. 468/1 CC) a reembolsar o gestor de todas as despesas que ele, fundadamente, tenha considerado indispensveis, com os juros legais, contratados do momento em que as despesas foram feitas e at ao momento em que o reembolso se verifica. Obrigao de reembolso de despesas: so todas e apenas aquelas despesas que ele tenha considerado indispensveis com fundamento, desde que a situao objectivamente justificasse o juzo de indisponibilidade. A essas despesas acresce a obrigao de pagamento dos juros legais, correspondentes ao montante de tais despesas.

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Direito das ObrigaesA obrigao de indemnizao: a obrigao de reembolso s existe quando houve despesas feitas pelo gestor s existe, se ele tiver sofrido prejuzos com a gesto: prejuzos que podem ser de natureza patrimonial ou de natureza no patrimonial. Obrigao de remunerao do gestor: esta depende de a actividade desenvolvida pelo gestor corresponder sua actividade profissional. Uma vez que o dono do negcio tenha conhecimento da actividade gestora ele pode, em relao a essa actividade, tomar uma de trs atitudes: 1 Pode aprovar a gesto; 2 Pode nada dizer; 3 Pode desaprovar a gesto. 41. Aprovao e ratificao da gesto. Relaes entre o dono do negcio e terceiros Aprovao Art.469: um mero acto material, no um acto jurdico a concordncia ou no com um acto, no tem efeitos jurdicos. Opera entre o gestor de negcios e o Dominus. Renncia ao direito de indemnizao pelos danos devido a culpa do gestor. Ratificao: chamar a si os efeitos do negcio jurdico, entre o Dominus e o 3 com quem o gestor celebrou o negcio jurdico. A no ratificao implica a nulidade do negcio jurdico, imperfeito uma vez que no pode subsistir com uma parte. possvel aprovar e no ratificar: exemplo da casa o B que vem de fora aprova a compra do amigo, mas no ratifica porque, por exemplo entretanto a pessoa morre. possvel ratificar e no aprovar: exemplo do amigo que regressa e no aprova a compra (ou porque foi muito cara, ou porque no gostou da casa) mas ratifica para que o amigo no fique prejudicado. uma declarao negocial dirigida pelo dominus ao gestor, declarao que no tem de ser expressa, pode ser tcita, cujo contedo um juzo de concordncia global com a actividade genrica. Tem como efeitos jurdicos (art. 469 CC): - A renncia por parte do dominus a qualquer direito indemnizatrio que ele tivesse, ou pudesse ter, contra o gestor, por incumprimento culposo e danoso das obrigaes do gestor; - Reconhecimento, por parte do dominus, ao gestor dos direitos de reembolso de despesas, juros legais e direito de indemnizao pelos danos causados (art. 468/1, 1 parte CC). Se a gesto no for regular, se houver incumprimento de alguma obrigao por parte do gestor, designadamente a obrigao de se pautar pelo interesse e pela vontade do dominus, ento o gestor apenas tem direito a ser restitudo daquilo com que tenha empobrecido, por parte do dominus, nos termos do enriquecimento sem causa (art. 468/2 CC). Diversamente da aprovao, pode o dominus ratificar os actos jurdicos praticados pelo gestor no exerccio da gesto, se ele, gestor os praticou representativamente. Se o gestor agiu em seu prprio nome, isto , no comunicou ao terceiro com quem celebrou os negcios, que estes no eram dele, no eram para ele e tudo se passou como se ele fosse titular do interesse que o negcio visava satisfazer, ento tem-se uma gesto no representativa, ele actuou em nome prprio. Mas o gestor pode ter comunicado ao terceiro que estava a actuar em nome e por conta de outrem e a tem-se uma gesto representativa. A representao, a situao em que algum actua, realizando actos ou negcios jurdicos, em nome de outrem. O representante pode ter ou no ter poderes. A ratificao, um negcio jurdico unilateral, pelo qual o representado por outrem que no tinha poderes de representao, lhos atribui, posteriori, com eficcia retroactiva.

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Direito das ObrigaesSe a gesto se consubstanciou em actos jurdicos e foi exercida em seu prprio nome, ento o regime aplicvel s relaes com terceiros o regime de mandato sem representao (art. 471 CC). Exemplo O gestor praticou o acto e pagou. O Dominus ratifica e no aprova. O gestor tem que provar em tribunal a regularidade da gesto. O Dominus vai ser obrigado a indemnizar ao abrigo do enriquecimento sem causa. Hipotese A vizinho de B que est de frias e verifica que a porta da casa do vizinho foi arrombada. Telefona a C, serralheiro, para arranjar a porta. Quid Iuris quanto gesto de negcios representativa e no representativa? A sabe que a sua amiga B queria um determinado top e compra-lho. Quid Iuris quanto gesto de negcios representativa e no representativa?

Seco IV Enriquecimento sem causa42. Noo e pressupostos D-se enriquecimento sem causa quando o patrimnio de certa pessoa se valoriza, ou deixa valorizar custa de outra pessoa sem que para isso exista uma causa justificativa. Quando nos oferecem uma coisa, que habitualmente compramos, estamos a enriquecer, a poupar, h uma causa justificativa, logo no h enriquecimento sem causa. Particularidade se gera uma obrigao, gera a obrigao de restituir aquilo com que se tenha enriquecido. O enriquecimento sem causa fonte das obrigaes porque o enriquecido fica obrigado a restituir o valor do benefcio alcanado. Se um indivduo pratica um negcio jurdico nulo h obrigao de restituir Art.289. Mas se h enriquecimento sem causa o empobrecido intenta uma aco em tribunal com a obrigao de restituir. S se pode intentar uma aco com fundamento em enriquecimento sem causa se j estiverem esgotados todos os meios que possam permitir repor a situao adequada por isso subsidiria. A) Requisitos positivos Algum enriquece: d-se enriquecimento a favor de uma pessoa quando o seu patrimnio se valoriza ou deixa de se desvalorizar. Traduz-se na diferena positiva entre o valor que o patrimnio apresenta e o que apresentaria se no ocorresse determinado facto. Apanho a fruta do pomar do vizinho sem conscincia do acto ilcito uma vez que estava convicto que aquela fileira era minha. A valorizao pode consistir no aumento do activo ou diminuio do passivo. B) Requisitos negativos O enriquecimento pode no ter causa justificativa. Muitas vezes a lei no pode evitar que o enriquecimento se d, mas porque o condena quando injustificado obriga a restabelecer o equilbrio patrimonial. Se algum paga a outrem o que no lhe deve, este alcana uma vantagem que a lei no deseja que perdura, constituindo dever de restituir. Outras vezes, a lei poderia evitar o enriquecimento mas no o faz porque da adviria um prejuzo econmico. C) O problema da capacidade do enriquecimento e do que suporta o enriquecimento custa do empobrecimento de outrem Artigo 479 - Objecto da obrigao de restituir - Doutrinas

Teoria do Duplo Limite - H o limite mximo o que mais enriqueceu - H o limite mnimo medida do empobrecimento - Tudo se passa dentro da baliza do empobrecido e enriquecidoPgina |

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Direito das ObrigaesArt.479 n.1 tudo o quer se tenha obtido limite mximo sem causa justificativa n.2 vem dizer-nos que se enriquecer 100 no pode restituir 120 Ao enriquecimento de um dos sujeitos corresponde o empobrecimento de outro. Enquanto um patrimnio aumenta, ou deixa de diminuir, h outro em que se d o inverso diminui ou deixa de aumentar a uma vantagem patrimonial corresponde um sacrifcio patrimonial. A x Por erro B y

A apanha a fruta do B sem conscincia do acto ilcito uma vez que est convicto que aquela fileira era sua. Vendeu os 10kg que apanhou na praa a 10 o kg e ganhou 100, efectivamente enriqueceu 100. A Teoria do Limite Mnimo no se aplica no referido exemplo uma vez que o valor do enriquecimento e empobrecimento e exactamente igual. O problema coloca-se quando os valores so diferentes. Passo a admitir que vendi a fruta acima do valor de mercado: vendi a 10 kg = 100, e o seu valor de mercado era de 5 kg = 50. Embolsei 100 mas eles no valem mais de 50. Quanto muito B empobreceu 50. O que que se faz quando h 2 valores diferentes: temos que conjugar as 2 teorias: Duplo Limite + Limite Mnimo (valor + baixo). Assim, em sede de enriquecimento sem causa o A s tem que restituir 50. Como que se resolve o problema dos outros 50? J so dano entrando na responsabilidade civil. O valor de 100 intentado em aco de responsabilidade civil no havendo assim lugar ao enriquecimento sem causa.

Teoria do contedo do direito de propriedade (uso e no uso) ou da destinao dos bens

Algum enriquece custa de 3 objectivamente, mas o outro no empobrece objectivamente. Vamos supor que, A empresta a B uma cabana (sem gua, luz, gs) para passar a 1 quinzena de Agosto de frias. B costumava arrendar um apartamento pelo mesmo perodo e na mesma altura pagando cerca de 3.000. Neste exemplo A no empobrece, causa legtima para o regime do empobrecimento sem causa, e, B poupa objectivamente 3.000. B resolve prolongar a estadia depois de terminado o contrato de comodato e ficar a 2 quinzena de Agosto. O valor do empobrecimento de A, objectivamente zero. O B no tinha que restituir nada porque o valor mais baixo zero. Outro exemplo o da montra de uma loja abandonada na Avenida da Repblica onde algum coloca uma publicidade. O proprietrio no empobreceu mas quem l colocou a publicidade enriqueceu uma vez que deixou de pagar o preo dessa publicidade. A partir deste momento inicia-se o enriquecimento sem causa uma vez que no h uma causa que justifique a sua estadia, em ambos os casos existe a conscincia que se est a abusar, conscincia da ilicitude. A Doutrina concluiu que esta situao no podia ser, tendo criado o conceito de: Empobrecimento em abstracto - Enriquecimento real. - Empobrecimento zero. - Ficciona-se qual o valor daquela casa, do mesmo espao para publicidade naquele local, durante aquele perodo. Exemplo: A vai de frias para o Algarve e reserva um hotel por um ms, pelo que ter de pagar a quantia de 600. Entretanto encontra B, seu amigo, que sabendo das suas frias se oferece para lhe emprestar a sua casa que est fechada muitos anos e precisa de ser arejada. Deste modo A poupa os 600 de estadia no hotel. Art.473 (consagra a teoria do duplo limite) - no se compreende neste artigo a situao em que no houve empobrecimento, mas em que h um enriquecimento do outro lado, ou seja, existePgina |

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Direito das Obrigaesenriquecimento sem ser custa do empobrecimento. Isto vem provar que h enriquecimento sem causa fora das situaes previstas neste artigo, mas para existir o pressuposto do enriquecimento sem causa no necessrio que exista o requisito do empobrecimento e assim aceita-se a teoria do triplo limite. 43. Hipteses especiais por virtude de uma causa que deixou de existir 43.1 Repetio do indevido 43.2 Enriquecimento por virtude de uma causa que deixou de existir 43.3 Enriquecimento por falta do resultado previsto 44. Obrigao derivada do enriquecimento sem causa 45. Prescrio A obrigao do enriquecimento sem causa, semelhana da indemnizao da responsabilidade civil em geral (nos termos do Art.498), prescreve ao fim de 3 anos Art.482

Seco V Responsabilidade Civil46. Noo

Responsabilidade por factos ilcitos Art.483 - Princpio geral (norma base) Cinco Pressupostos Cumulativos. 1.O agente tem de ter praticado um acto voluntrio (no tem nada a haver com dolo ou mera culpa); no tem a haver, com a vontade psquica. Acto voluntrio o acto controlvel pela vontade humana. Dolo ou mera culpa (negligncia). Se eu for descuidado e por isso causar dano, sou obrigado a indemnizar. Conscincia do agente da desconformidade do seu comportamento com a ordem jurdica. Dolo - Directo: o agente actuou, querendo o fim ilcito - Necessrio: o agente actuou para alcanar um resultado lcito, mas sendo que o resultado ilcito seria consequncia necessria da sua actuao. - Eventual: o agente actuou, prosseguindo um fim lcito, mas sabia que o resultado ilcito era possvel, o que no o determinou a evitar a conduta. Ilicitude nos termos do Art.483 pode ser uma de duas formas: - Violao do direito integridade fsica - Todos os direitos absolutos e da personalidade - Violao de um direito subjectivo - Violao de uma norma destinada a proteger interesses alheios Trs casos de ilicitude especialmente previstos na lei (normas especiais face ao Art.483): - Art.484 - ofensa ao bom nome: s pode ser aplicado depois de verificados os requisitos do Art.483 - Art.485 - conselhos, recomendaes ou informaes - Art.486 - aco ou omisses

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Dano: a alma e razo de ser da indemnizao - Patrimoniais - No patrimoniais - Emergentes, presentes, reais - Lucros cessantes ou futuros Art.563 e 564 Nexo causal entre o facto e o dano Art.483 + Art.563 - Teoria da Causalidade Adequada: obriga-nos a fazer dois tipos de anlise em que o resultado o mesmo e ambos so positivos. - Anlise em concreto: aquele facto deu origem aquele dano de acordo com a teoria da condio sine qua non - Anlise em abstracto: juiz vai ter de imaginar com base nos dados normais da experincia que aquele facto tem qualidades bastantes para produzir aquele dano. Responsabilidade Contratual . Emerge da violao de um contrato Art.798 Responsabilidade Extra Contratual . Art.483Pgina |

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Direito das ObrigaesAmbas cruzam com a classificao de: Responsabilidade Objectiva Responsabilidade Subjectiva . Pelo risco . Assente na culpa

Em regra uma pessoa s obrigada a indemnizar quando tiver culpa: dolo ou mera culpa. Se causar danos e no tiver culpa s sou obrigado a indemnizar se aquela estiver prevista na lei Art.483 n.2 Analiso e subsumo o comportamento do agente s regras da responsabilidade civil subjectiva. Se no conseguir responsabilizar subjectivamente tenho que ir ao Art.483 n.2 e ver se encaixa na responsabilidade civil objectiva. Atropelamento Art.483 analisar sempre e em primeiro lugar a responsabilidade subjectiva. S depois de esgotada que vamos para a responsabilidade objectiva Art.503 51. Responsabilidade por factos ilcitos 51.1 Facto. Aces e omisses Art.486 - Omisses - Descurar a obrigao de vigiar uma pessoa, funo para a qual estava obrigado. - Estabelecer um nexo entre a omisso e um dano - Importante no tratamento de casos que se relaciona, com o problema do dever de vigilncia. - Pais Filhos - Baby siters crianas - Empregadas do colgio - Quando as crianas praticam um acto cai logo no Art.483 + Art.486, sobretudo quando a criana causar danos a 3s. Art.491 + Art.486 - Omisses - Presuno de culpa: () So responsveis pelos danos. - Como que o presumvel culpado pode elidir a presuno: salvo se mostrar que cumpriu o seu dever de vigilncia. Art.487 n.1 segunda parte: quanto presuno Art.488 - incapacidade natural: imputabilidade Uma baby siter est a tomar conta de uma criana de 4 anos. Descuida-se e a criana cai e aleija-se. Alm de se magoar atira uma pedra cabea de uma pessoa. - Danos da criana/prprios: regra geral. Os pais da criana vo provar a culpa da baby siter pelo Art.483 + 486 + 487 n.1 1parte + 491 - Danos causados pela criana a 3s: regra especial Art.491 s se aplica nesta situao Art.483 + 486 e 487 n.1 2 parte, cabendo baby siter provar que no teve culpa. 51.2 Ilicitude Exemplo de ilicitude a ofensa ao bom-nome: i. Enquadrar o comportamento do agente dentro dos requisitos do Art.483 ii. Devemos tambm referir a norma que prev a ofensa ao bom-nome em especial Art.484 Art.484 Divergncia doutrinria i. S se pode lanar mo deste artigo quando os factos invocados so falsos. A diz em Lisboa que B caloteiro. O B honesto. ii. Outros autores defendem que quer o facto seja verdadeiro ou falso tem direito ao bomnome, ainda que seja efectivamente caloteiro. Art.485 - truque de interpretao N.1 regra geral N.2 regra especial luz do n.1 suponhamos que eu estava porta da faculdade e algum pergunta qual o caminho para o aeroporto.

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Direito das ObrigaesDesde que haja conscincia do resultado, sabendo que o estou a enganar, sou obrigado a indemnizar. Os simples conselhos no responsabilizam; negligncia: estava distrado, no h obrigao de indemnizar. Interpretao , contrrio; Dolo: sou obrigado a indemnizar. Vou jantar a um restaurante que fica num bairro duvidoso. Achas que posso deixar os sacos vista dentro do carro? - Maldoso n.1 - Negligente n. 1 - vontade, minha responsabilidade cai no n.2 (polcia). 51.2.1. Formas de ilicitude 51.2.2. Excluso da ilicitude. Causas justificativas ao facto danoso H situaes em que as pessoas, primeira vista praticam um acto voluntrio, ilcito, danoso, culposo, encaixando desde logo no Art.483. Porm, podemos deparar-nos com um problema: cuidado der verificar se eventualmente h uma clusula de excluso da ilicitude ou culpa. A) Exerccio de um direito ou cumprimento de um dever B) Aco directa - Art.336 C) Legtima defesa - Art.337 Art.338 Erro acerca dos pressupostos da aco directa ou da legtima defesa - Um grupo de amigos num bar em que um deles comea a bater noutro. O dono do bar manieta o que estava exaltado. Nesse momento entre um amigo do outro e pensando que o seu amigo estava a ser agredido, agride o dono do bar. No cai no regime do Art.483; a conduta do amigo que agride o dono do bar ocorre no erro de pressuposto da legtima defesa. D) Estado de necessidade -Art.339 Este erro frequente entre os alunos: A agride B e d um murro para se defender: - S podemos excluir a ilicitude e a culpa Art.483 - e depois que vamos tirar a prova dos nove. - S podemos excluir depois de dizer que existe - Na culpa passa-se o mesmo primeiro dizemos que h culpa, estado de necessidade subjectivo Art.339 n. 2 Estado de necessidade objectivo: clusula de excluso da ilicitude Estado de necessidade subjectivo: clusula de excluso da culpa (entre dois males o agente escolhe o mal menor (atropelar uma pessoa ou bater noutro carro). Se a pessoa agiu e a ilicitude justificada no vai ser obrigado a indemnizar pelo Art.483, podendo ficar sujeito ao Art.339 n.2. E) Consentimento do lesado Art.340 51.3 Imputao do facto ao agente. A culpa Para saber se o agente agiu em erro e vai ser obrigado a indemnizar ou no a questo est em saber se o erro desculpvel ou no. Como que sabemos se o erro desculpvel ou no? Art.487 Culpa: N.1 primeira parte: PRINCIPIO GERAL - prova da culpa compete ao lesado (extra-contratual) fazer prova do dano, prova dos danos emergentes e lucros cessantes e ainda provar a culpa do autor da leso N. 1 segunda parte: salvo havendo presuno de culpa, de acordo com o previsto nos Art.491, 492, 493 e 503 n.3. Quais os casos excepcionais em que h presuno legal de culpa. o agente que tem de provar que no teve culpa (presuno de culpa). O legislador presume que a pessoa culpada. O agente tem de elidir a presuno de culpa. Se o lesado, apesar, das evidncias no conseguir provar a culpa do autor da leso fica sem efeito, o mesmo acontecendo com a ilao da presuno do lesante. Art.487 n. 2 - A culpa analisada em abstracto. Temos aqui o critrio de apreciao da culpa (face ao critrio da prova da culpa do n.1). com base neste n.2 que o juiz tem de apreciar a culpa do agente.

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Direito das Obrigaes- Como que o juiz aprecia a culpa do agente: critrio de apreciao da culpa em abstracto atravs de um juzo de prognose pstuma. Vai comparar o comportamento daquele agente em concreto com o comportamento do homem mdio (bnus pater famlias). - Homem mdio: medianamente inteligente, diligente, cauteloso (qual a sua profisso? A mesma do agente). 51.3.1. Imputabilidade. Mera culpa e dolo 51.3.2. Prova e presunes de culpa O legislador expressamente consagrou a presuno de culpa: Art.491 Responsabilidade de pessoas obrigadas vigilncia de outrem () So responsveis pelos danos presuno de culpa. Art.492 n. 1 Danos causados por edifcios ou outras obras () Responde pelos danos causados presuno de culpa. Art.493 n. 1 Danos causados por coisas, animais ou actividades (excludos os acidentes de automvel por assento de 78) () Responde pelos danos presuno de culpa Porm, a partir do vocbulo OU temos a: Relevncia Negativa da Causa Virtual - Serve para afastar a obrigao de indemnizar destruindo o nexo causal - No tem nada a haver, com o problema da culpa ou presuno de culpa, mas antes com o nexo causal. Portanto, no podemos usar a Relevncia Negativa da Causa Virtual para ilidir a presuno de culpa porque no est relacionado. Art.491 Responsabilidade de pessoas obrigadas vigilncia de outrem () Ou que os danos se teriam produzido ainda que o tivessem cumprido. Art.492 n. 1 Danos causados por edifcios ou outras obras () Ou que, mesmo com a diligncia devida, se no teriam evitado os danos. Art.493 n. 1 Danos causados por coisas, animais ou actividades () Ou que os danos se teriam igualmente produzido ainda que no houvesse culpa sua. 51.3.3. Pluralidade de responsveis No que respeita culpa, no caso de serem vrios ou autores, instigadores ou auxiliares do acto ilcito, todos eles respondem pelos danos que hajam causado, artigo 490 CC, sendo a sua responsabilidade solidria artigo 4987 CC. A lei no pressupe uma aco concertada ou cooperao dos diversos agentes, havendo responsabilidade mesmo que actuem isoladamente. 51.4. Dano Requisito da responsabilidade civil que se verifique um dano ou prejuzo, numa finalidade reparadora ou reintegrativa. Assim, o facto ilcito s determina responsabilidade desde que cause uma dano a terceiro: artigo 483 CC: obrigado a indemnizar o lesado pelos danos resultantes da violao. 51.4.1. Noo e espcies de dano luz da responsabilidade civil, dano ou preluzo toda a ofensa de bens ou interesses alheios protegidos pela ordem jurdica.

Danos patrimoniais ou no patrimoniais Consoante sejam ou no susceptveis de avaliao pecuniria. Os 1 reflectem-se sobre o patrimnio do lesado (estragos numa coisa, privao de uso, incapacitao para o trabalho resultado de ofensas corporais) eqto os 2 sobre valores de ordem espiritual, ideal ou mora (sofrimento causado pela morte de uma pessoa). Da difamao podem resultar ambos os danos, exemplo dos danos morais e tb perdas econmicas, devido por ex diminuio de clientela. Danos pessoais e no pessoais Os 1 produzidos em relao s pessoas e os 2 em relao s coisas, podendo ambos apresentar-se como danos patrimoniais ou no patrimoniais.Pgina |

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Direito das Obrigaes Dano real e dano de clculo O 1 consiste no prejuzo que o lesado sofreu em sentido naturalstico, traduzindo-se nas mais variadas formas de ofensa de interesses ou bens alheios juridicamente protegidos, de ordem patrimonial ou no patrimonial. O 2 consiste na expresso pecuniria de tal prejuzo, cabendo uma avaliao abstracta (ponderao objectiva do prejuzo sofrido, por exemplo o preo corrente da coisa destruda) ou uma avaliao concreta (ponderao subjectiva desse mesmo prejuzo, apurando-se a diferena para menos no patrimnio do lesado).Teoria da diferena: utilizada na avaliao concreta do dano de clculo, mediante confrontao entre a situao em que foi colocado o patrimnio do credor da indemnizao pela consulta lesiva (situao real) com a situao em que se encontraria se a conduta no houvesse ocorrido (situao hipottica), referindo-se ambos os valores ao momento actual, em que se apura a diferena artigo 566 n. 2. Dano emergente e lucro cessante O 1 compreende a perda ou diminuio de valores j existentes no patrimnio do lesado. O 2 respeita aos benefcios que de deixou de ganhar resultado da leso artigo 564.

Danos presentes e futuros artigo 564 n. 2 Consoante se tenham j verificado ou no no momento que se considera, nomeadamente no momento da fixao da indemnizao. Os danos futuros so indemnizveis desde que previsveis, podendo ser certos e eventuais. Danos directos e indirectos Os 1 resultam imediatamente do acto ilcito e os 2 os restantes. A agride B que hospitalizado. A leso corporal constitui dano directo, e o perodo de hospitalizao que se repercute na sua vida profissional o dano indirecto. Dano positivo ou de cumprimento e dano negativo ou de confiana O 1 destina-se a colocar o lesado na situao em que se encontraria se o contrato fosse cumprido (exemplo do no cumprimento ou cumprimento tardio do contrato). O 2 visa repor o lesado na situao em que se encontraria se no houvesse celebrado o contrato.

51.4.2 Ressarcibilidade dos danos no patrimoniais Apesar de insusceptveis de avaliao pecuniria, entende a doutrina que devem ser compensados ou danos no patrimoniais. O artigo 496 n. 1 admite a indemnizao dos danos no patrimoniais, que pela sua gravidade, meream a tutela do direito, cabendo ao tribunal a sua apreciao face sua gravidade e relevncia jurdica, luz da extenso dos danos e grau de culpa do agente, tendo por base uma soluo equitativa. 51.5. Nexo de causalidade entre o facto e o dano necessrio que o facto constitua causa do dano, estabelecendo o artigo 483 n. 1 que fica o agente obrigado a indemnizar pelos danos resultantes da violao, atendendo apenas aos danos que resultem directamente do facto ilcito (art.563). Assim, o nexo de causalidade entre o facto e o dano assume a funo de pressuposto da responsabilidade civil e de medida da obrigao de indemnizar. 51.6. Sujeitos da relao de indemnizao Art.497 n. 1 sendo vrios os responsveis (autores, instigadores ou auxiliares) pelos prejuzos, respondem solidariamente; Art.491 - a pessoa obrigada vigilncia Art.500 - o comitente Art.501 - o estado Estabelece o art. 497 n. 2 o direito de regresso entre os responsveis na medida das respectivas culpas, partindo da presuno de igualdade de culpas. O direito de reparao pertence ao titular do direito violado. Por exemplo se A se contrata com B a celebrao de um concerto e agredido por C, ficando impossibilitado de cumprir o contrato, fica este obrigado a indemnizar apenas o A. Excepo a esta situao vem prevista no art.495 no caso de morte ou leses corporais.Pgina |

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Direito das ObrigaesEm caso de morte, a reparao dos danos no patrimoniais, respeita a linha de sucesso legtima art.496 n. 2 + 2133. 51.7. Prescrio A lei estabelece no art. 498 n. 1 dois prazos prescricionais para o direito de indemnizao: 1. 3 anos, a contar da data em que o lesado tenha conhecimento do seu direito (verificao dos pressupostos de que este depende), embora com desconhecimento da pessoa do responsvel e da extenso integral dos danos; 2. O prazo ordinrio de 20 anos a contar do facto danoso art.309 52. Responsabilidade pelo risco Pese embora predomine o princpio da responsabilidade subjectiva ou baseada na culpa, so tambm sancionadas situaes de responsabilidade objectiva ou pelo risco, independentes de dolo ou de simples culpa do sujeito obrigado reparao. A responsabilidade pelo risco assume o papel mais importante dentro da responsabilidade objectiva, no dependendo de ilicitude e de culpa (art. 508, 510, 500 n.3, 501, 507 n.2). 52.2. Casos de responsabilidade pelo risco O art.499 alarga a extenso das actividades perigosas que constituem fontes de responsabilidade, na medida em que se declaram extensivas aos casos de responsabilidade pelo risco, na parte aplicvel e na falta de preceitos legais em contrrio, as disposies que regulam as responsabilidades por factos ilcitos. 52.2.1. Responsabilidade do comitente Art.500 n.1 aquele que encarrega outrem de qualquer comisso responde, independentemente de culpa, pelos danos que o comissrio causar, desde que sobre este recai-a tambm a obrigao de indemnizar. Pressupe um vnculo de subordinao do comissrio relativamente ao comitente caracterstica do contrato de trabalho, excluindo-se assim o contrato de prestao de servios. Para existir responsabilidade objectiva do comitente tm que se verificar 3 requisitos cumulativos: i. Existncia de uma relao de comisso (vnculo de autoridade e subordinao) ii. O acto praticado pelo comissrio lesivo de direitos de 3s tenha sido praticado no exerccio da funo que lhe foi confiada. O acto tem que estar dentro do exerccio da sua funo e no por ocasio dela. iii. Sobre o comissrio recai-a a obrigao de indemnizar. O comitente funciona como garante. H 3 situaes em que o comitente pode ter culpa: i. Culpa in eligendo: o comitente escolheu mal o comissrio ii. Culpa in vigilando: o comitente tinha o dever de acompanhamento do comissrio (estagirio) iii. Culpa in instruendo: quando na funo que o comissrio vai desempenhar o comitente d instrues erradas (laboratrio) Art.500 n.3 Direito de regresso: o comitente que satisfaa tem o direito de exigir do comissrio o reembolso de tudo quanto haja pago, excepto se houver tambm culpa da sua parte, sendo aplicvel o art. 497 n. 2. O comitente, enquanto sujeito a mera responsabilidade objectiva, o garante da indemnizao que o comissrio culposo deva satisfazer ao lesado. Caso se verifique culpa do comissrio e do comitente, respondem ambos solidariamente perante o lesado, repartindo-se nas relaes internas na medida das respectivas culpas. Art.500 n. 3 presume-se a culpa do motorista profissional. Compete-lhe provar que no teve culpa caso contrrio obrigado a indemnizar subjectivamente ao abrigo do art.483. B no exerccio das suas funes atropela o C. Se no elidir a presuno de culpa por fora do art. 483 aplica-se o art.500 e obrigado a indemnizar. 52.2.2. Responsabilidade do Estado e de outras pessoas colectivas pblicasPgina |

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Direito das ObrigaesO estado e demais pessoas colectivas no exerccio da sua actividade, pelos danos causados a 3s respondem civilmente nos termos em que os comitentes respondem pelos danos causados pelos seus comissrios (Art.501 e 500). 52.2.3. Responsabilidade do Estado e de outras pessoas colectivas pblicas O art.502 sanciona a responsabilidade objectiva dos que utilizam quaisquer animais no seu prprio interesse, relativamente aos danos que estes causem, desde que os danos resultem de perigo especial, ou seja, aquilo que caracterstico ou tpico dos animais utilizados. Tem que se verificar uma adequada correlao entre o dano e o perigo especfico do animal, afastando-se a responsabilidade objectiva, quando o dano seja consequncia da fora fsica que move o corpo do animal (determinando a sua queda), ou se o este segue apenas a vontade da pessoa que o conduz, ou se causou o dano como o produziria uma coisa inanimada. Aquele que experimenta um animal responde nos termos do art.493 n. 1 que estabelece uma presuno de culpa a quem tenha assumido o encargo de vigilncia de quaisquer animais. 52.2.4. Acidentes causados por veculos de circulao terrestre art. 503 a 508 Quanto s pessoas responsveis art.503 a) Responde pelos danos que o veculo ocasione quem tenha poder de facto sobre ele, com ou sem legitimao jurdica utilizando-o em proveito prprio, mesmo atravs de comissrio, sendo indiferente se o veculo se encontre ou no em circulao, art.503 n. 1. Devero ocorrer dois requisitos cumulativos que fundamentem a responsabilidade objectiva pelo risco especial da utilizao do veculo: i. Direco efectiva do veculo ii. Interesse prprio na utilizao deste (a titularidade do direito sobre o veculo no elemento decisivo).

I.

b)

Aos inimputveis aplica-se o regime do art.489 (art.503 n. 2). c) Aquele conduz o veculo por conta de outrem, s responde pelos danos que culposamente causar. Ocorre uma presuno de culpa, sendo o condutor responsvel sempre que no a consiga elidir (art.503 n. 3 1 parte). Apenas existe responsabilidade objectiva do condutor quando dirija o veculo fora das suas funes de comissrio, respondendo nos termos do detentor (art.503 n. 3 2 parte). Quando haja responsabilidade do detentor e do condutor, respondem solidariamente

II. Beneficirios da responsabilidade art.504 a)A respeito dos terceiros afectados nas suas pessoas ou bens pelo acidente (art.504 n. 1) Por terceiros, entenda-se no apenas os que se encontravam fora do veculo, mas tambm as pessoas ocupadas na actividade do veculo (motorista, maquinista) sempre que o acidente se relacione com os riscos que so prprios daquele.

b) Relativamente s pessoas transportadas em virtude de contrato (art.504. n. 2); trata-se decontrato de transporte oneroso enquanto contrapartida ou remunerao dos servios prestados. Nos termos da lei, as pessoas transportadas em virtude de contrato, a responsabilidade objectiva apenas abrange os danos causados nas prprias pessoas ou as coisas por ela transportadas, excluindo-se da responsabilidade objectiva as pessoas enumeradas nos n.s 2 e 3 do art.495 e no n. 2 do art.496.

c) Quanto ao transporte gratuito de natureza contratual ou por mera cortesia (art.504 n. 3), aresponsabilidade cobre apenas os danos sofridos pelo transportado.

d) So nulas as clusulas que excluam ou limitem a responsabilidade referente s pessoastransportadas (art.504 n. 4).

III. Causas de excluso da responsabilidadeEstabelece o art. 505 que, sem prejuzo do disposto no art.570, a responsabilidade fixada pelo n. 1 do art.503 s excluda quando o acidente for imputvel ao prprio lesado ou a terceiro, ou quando resulte de causa de fora maior estranha ao funcionamento do veculo. Infere-se deste art. As seguintes causas de excluso da responsabilidade objectiva:

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Direito das Obrigaesa) Resultar o acidente de facto do prprio lesado, culposo ou no (ex: o peo que atravessadesatento e fora do local apropriado). b) Resultar o acidente a facto de terceiro, com ou sem culpa sua (ex: condutor que atropela um peo, no passeio, devido ao encadeamento de luzes provocado pela imprudncia de outro condutor). Existindo concorrncia de culpa entre o condutor e o terceiro, a responsabilidade repartida (art.497). Havendo culpa do lesado e do terceiro, aplica-se o disposto no art.570.

c) Ser o acidente provocado por causa de fora maior estranha ao funcionamento do veculo,distinguindo-se entre os acidentes que resultem de caso fortuito (qualquer risco inerente ao funcionamento da coisa, ex. do pneu que rebenta, doena sbita do condutor), e os derivados de caso de fora maior (fora da natureza estranha ao funcionamento da coisa, ex. do ciclone, fasca).

IV. Coliso de veculos art.506 n. 1 A responsabilidade repartida na proporo em que o risco de cada um dos veculos houver contribudo. a) O art.506 n. 1 consagra a ausncia de culpa dos condutores. A responsabilidade aferidaem funo da medida de culpa de cada um dos agentes. Em caso de dvida quanto medida da contribuio de cada um, considera-se que os produziram por igual (art.506 n. 2). Exemplo: OS veculos X e Z colidiram, tendo sofrido danos respectivamente de 500 e 1.600, tendo o tribunal apurado que o X contribuiu com 2/3 e o Z com 1/3, sem qualquer culpa dos condutores. Pelo disposto no art.506 n. 1 somam-se os danos derivados da coliso, repartindo-se o montante global da responsabilidade assim obtido, proporcionalmente participao dos veculos (2/3 2.100 = 1.400 e 1/3 2.100 = 700). Assim, X suporta o seu prejuzo de 500 e satisfaz 900 ao Z. Outro problema levanta-se quanto aos danos provocados na referida coliso s pessoas transportadas gratuitamente, uma vez que o transportador s respondia em relao ao passageiro quanto aos danos produzidos com culpa (art.504 n. 2)?

b)

Existindo culpa de um dos condutores ou de ambos, haver responsabilidade pelos danos causados. Em caso de dvida, reparte-se a culpa entre ambos (art.506 n. 2).

V. Danos indemnizveis O art. 503 n. 1 consagra os danos provenientes dos riscos prprios do veculo, mesmo que este no se encontre em circulao, por exemplo quando o veculo est estacionado e se parte o travo de mo. Tambm o perigo de doena sbita de quem dirige uma viatura cabe nos riscos prprios do veculo. Todos os riscos estranhos no relacionados com o veculo ficam fora da responsabilidade objectiva aqui consagrada. VI. Limites da responsabilidade O legislador atravs do art.508 estabelece limites mximos para a indemnizao proveniente de veculos em caso de responsabilidade pelo risco. VII. Pluralidade de responsveis O art.503 n. 1 e 3 prev a concorrncia de responsabilidade do dono de veculo e do condutor, dos diversos proprietrios do mesmo veculo ou dos detentores de dois veculos quando da coliso resultem danos para terceiro (art.506). face a terceiros ou em relao s pessoas transportadas os responsveis respondem solidariamente (art.507).52.2.5. Danos causados por instalaes de energia elctrica ou gs art. 509 e 510 A responsabilidade de indemnizar os danos provocados pelas referidas instalaes incumbe a quem tenha a direco efectiva dessas fontes de energia e as utilize no interesse prprio (proprietrios e concessionrios). A responsabilidade da empresa ocorre pelos danos que provenham de culpa dos seus rgo, agentes, representantes ou comissrios, mas tambm os que se relacionem a deficincias do sistema em si. Porm, exclui-se a responsabilidade se ao tempo do acidente a instalao correspondia s normas tcnicas vigentes e se encontrava em perfeito estado de conservao (art.509 n. 1), o que por exemplo no sucede no mbito dos acidentes ocasionados por veculos (art.503 n. 1).Pgina |

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Direito das ObrigaesExcluem-se tambm os danos provocados por causa de fora maior (poste de alta teno que cai com o ciclone art.509 n. 2). O art. 509 n. 3 afasta a responsabilidade objectiva dos danos motivados por utenslios de uso da energia (TV). 53. Responsabilidade por factos lcitos A obrigao de indemnizar tambm pode resultar da prtica de factos lcitos, nomeadamente os que so praticados em estado de necessidade (art.339 n. 2).

Caso prticoO Antnio vai a conduzir o seu veculo numa estrada de provncia, cumprindo as regras do CE, quando, depois de uma curva lhe aparece uma vaca no meio da estrada. a) Imagine que o Antnio no conseguiu travar a tempo, atropela a vaca, despista-se e o seu veculo fica totalmente destrudo. Vem provar-se que a vaca pertencia a Gertrudes, que por descuido deixou o porto aberto. Quem que vai ser responsvel pelo pagamento dos danos. b) Antnio em excesso de velocidade atropela a vaca. A responsabilidade subjectiva a regra. S se verifica responsabilidade objectiva nos casos excepcionalmente previstos na lei. Analisar sempre se o comportamento do condutor subsumvel ao art.483. S vamos para o art. 503 (acidente de automvel sem culpa do condutor), subsidiariamente para o caso da prova de culpa falhar. Se o lesado conseguir provar a culpa do autor da leso indemnizado nos termos do art.483 + 487. 1. Subsumir o comportamento do A ao art.483. Atropelar a vaca um acto ilcito, h dano porque a vaca morreu e h nexo de causalidade uma vez que sem o atropelamento a vaca no teria morrido. O segundo dano a destruio do veculo de A. Se o A subjectivamente responsvel afasta-se o art.483 porque falta a culpa. No mbito da responsabilidade subjectiva temos que aferir a norma que refere quem o responsvel pela morte da vaca. De acordo com o art.483 a responsabilidade parece caber a G, uma vez que devia ter vigiado. O art.493 n.1 1 parte, expressamente consagra a presuno legal de culpa, salvo se conseguir elidir a presuno de culpa. Se G conseguir elidir a presuno de culpa no vai ser obrigada a indemnizar invocando para o efeito a relevncia negativa da causa virtual. Agora analisemos a conduta do A nos termos do art.503 (acidentes causados por veculos). Assim, A podia ser obrigado a indemnizar mesmo no tendo, culpa. O art.505 afastando o art.503, afasta a obrigao de indemnizar. Sendo o acidente imputvel exclusivamente a 3s nem pelo art.505 o A obrigado a indemnizar. No que respeita indemnizao dos danos de A, G tem que indemnizar nos termos do art.493 n.1 1 parte que expressamente consagra a presuno legal de culpa, salvo se conseguir elidir a presuno de culpa.

2.

Captulo VI Sujeitos das Obrigaes54. Modalidades das obrigaes quanto aos sujeitos As obrigaes dizem-se de sujeito determinado ou de sujeito indeterminado, resultado da identificao, desde logo, do credor e do devedor. As obrigaes quanto ao nmero de sujeitos podem ser singulares ou plurais e dentro destas temos a obrigaes conjuntas e solidrias. 55. Obrigaes de sujeito indeterminado Art.511 prev a no determinao do credor no momento da constituio da obrigao. Pode estar dependente de facto futuro e incerto (promessa de alvssaras a quem entregue um objecto perdido). 56. Obrigaes conjuntas a) Noo e modalidades Aquelas em que a cada um dos credores ou devedores compete apenas, nas relaes externas, uma fraco do crdito/dbito.

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Direito das ObrigaesA e B emprestam a C 20.000. Podem os credores exigir ao devedor comum o pagamento de 10.000 C empresta a A e B 20.000. A cada um dos devedores s pode ser exigida pelo credor comum a importncia de 10.000 A e B emprestam a C e D 20.000. Uma vez que estamos na presena de uma obrigao conjunta, cada um dos credores apenas pode exigir dos devedores 10.000 pelo parcial de 5.000 a cada um. Nas obrigaes conjuntas verifica-se a divisibilidade da prestao. b) Regime jurdico Princpio da parcialidade ou da conjuno que constitui o regime regra das obrigaes civis art. 513; o credor s pode exigir dos devedores a parte que lhes compete. uma obrigao plural (em que, do lado passivo ou do lado activo ou de ambos, h mais do que um titular) em que a prestao dividida entre os vrios titulares, de tal forma que cada um deles s pode exigir, ou s tem de realizar, uma parte dela (jantar de amigos quanto conta). Se A, B e C deverem 300 a D, a quem tomaram de arrendamento um couto de caa, e a obrigao for conjunta, cada um deles est obrigado a entregar 100 ao credor comum, e este apenas pode exigir 100 de cada um dos obrigados. comum a sua origem e global a determinao da prestao.

Regime da Conjuno Quando uma obrigao tem vrios credores e/ou vrios devedores e a cada um deles cabe apenas uma parte do direito ou do dever comum.A regra no direito civil justamente esta de as obrigaes, sendo plurais, serem conjuntas, s vigorando a solidariedade quando a lei especial o determinar ou as partes assim convencionarem Art.513 CC. - Contrato de Mtuo Art.1142 CC o contrato pelo qual uma das partes empresta outra dinheiro ou outra coisa fungvel, ficando a segunda obrigada a restituir outro tanto do mesmo gnero. - Contrato de Comodato Art.1129 CC contrato gratuito pelo qual uma das partes entreg