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 O presente material é apenas para auxiliar na condução do estudo sobre o direito societário. Torna-se necessária consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material não guarda qualquer responsabilidade da Plínio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societário. 1  APOSTILA DIREITO APOSTILA DIREITO APOSTILA DIREITO APOSTILA DIREITO EMPRESARIAL EMPRESARIAL EMPRESARIAL EMPRESARIAL CENTRO UNIVERSITÁRIO PLÍNIO LEITE CENTRO UNIVERSITÁRIO PLÍNIO LEITE CENTRO UNIVERSITÁRIO PLÍNIO LEITE CENTRO UNIVERSITÁRIO PLÍNIO LEITE CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO DIREITO DIREITO DIREITO DIREITO EMPRESARIAL EMPRESARIAL EMPRESARIAL EMPRESARIAL II II II II DIREITO SOCIETÁRIO DIREITO SOCIETÁRIO DIREITO SOCIETÁRIO DIREITO SOCIETÁRIO- -INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO MATERIAL DE APOIO MATERIAL DE APOIO MATERIAL DE APOIO MATERIAL DE APOIO AUTOR: PROF.ALEXIS JAPIASSU MAIA JUNIOR 1. Sequência histórica

Apostila Empresarial II

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APOSTILA DIREITO EMPRESARIAL

CENTRO UNIVERSITRIO PLNIO LEITE CURSO DE GRADUAO EM DIREITO DIREITO EMPRESARIAL II SOCIETRIODIREITO SOCIETRIO-INTRODUO MATERIAL DE APOIO

AUTOR: PROF.ALEXIS JAPIASSU MAIA JUNIOR

1.

Sequncia histrica1

O presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

1.1

Do Direito Comercial Na antiguidade j existiam institutos pertinentes ao Direito Comercial como o

emprstimo a juros, os contratos de sociedade, de depsito e de comisso no Cdigo de Hamurabi, e de emprstimo risco na Grcia Antiga. Mas o Direito Comercial s surgiu como sistema a partir do sec.XII, atravs das corporaes de ofcio, em que os mercadores criaram e aplicaram um direito prprio, muito mais dinmico que o direito romano-cannico. Podemos observar a evoluo do Direito Comercial em trs grandes fases, as quais so: 1a fase- Compreendida entre os sc.XII e o Sc.XVIII. Caractersticas: Perodo subjetivo-corporativista Direito fechado e classista. Nesta fase, relacionava o comerciante a prtica de atos de aproximao entre produtor e consumidor. Estes atos poderiam ser: o depsito de produtos, o transporte, um crdito, etc. Porm, mesmo com a prtica de tais atos, s seriam comerciantes aqueles que pertencessem a uma corporao. Somente desta forma, inscrito numa corporao, que se poderiam invocar o direito especial que se aplicava naquelas corporaes, como as normas de seu estatuto, a justia comercial e os tribunais de comrcio. 2a fase- Compreendida entre o sc.XIX e sc.XX Caractersticas: Vigora a partir da edio do Cdigo Comercial Francs (1807/1808) Aboliu as corporaes e passa a liberdade do trabalho. Contempla os atos de comrcio. J nesta fase, com a edio do Cdigo Comercial Francs, a orientao da fase anterior muda, o legislador entendeu que existiam determinadas operaes que no eram de circulao de riquezas, mas como eram operaes lucrativas, o legislador determinou que aquelas, operaes fossem reguladas por normas especficas, ou seja, fossem consideradas atos de comrcio.O presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio. 2

A Revoluo Francesa praticamente eliminou o poder que as corporaes tinham, sendo um Estado dentro do Estado. Desta forma, naquele momento, j no so mais as corporaes que esto legislando sobre o Direito Comercial, e sim o Estado constitudo e forte. Este novo Estado tinha o poder central, dizendo o que ele quer e como quer, no ficando mais merc das corporaes. Neste novo sistema poltico, com o Estado exercendo o seu poder, o comerciante no aquele que membro de um corporao ou aquele que circula mercadorias, mas sim aquele que pratica, profissionalmente, atos de comrcio. E quem dizia o que era ato de comercio no era o comerciante e sim o legislador. 3a fase- Entrada do novo Cdigo Civil em 2002. Caractersticas: adotada a Teoria da Empresa (Cdigo Italiano) Esta fase, a qual estamos inseridas, tem a sua fundamentao no empresrio, o qual, muitos autores, assim o define: empresrio o sujeito que exercita a atividade empresarial, ou seja, aquele que desenvolve atividade organizada e tcnica, imprimindo a sua liderana, assegurando a eficincia e o sucesso do funcionamento dos fatores organizados. Podemos citar duas grande caractersticas do empresrio: o risco e a iniciativa. O primeiro explicitado pela vantagens ou desvantagens oriundas da conduo do negcio. Enquanto a segunda, a iniciativa, tambm uma caracterstica pessoal, dizendo qual o ritmo que ele deseja imprimir na sua atividade. 1.2 Das sociedades Na antiguidade, sobretudo entre os romanos, conforme se l na Institutas de Justiniano, as sociedades eram perfeitamente reguladas, embora o fossem no mbito do direito civil j que no havia um direito especial para os comerciantes. So, por outro lado, importantes as sociedades dos banqueiros (argentarii) e as dos publicanos, que contratavam com o Estado a arrecadao dos impostos, servios e obras pblicas, tornando-se cidados influentes, com a denominao de publicani, atividade que nada tinha de desonrosa naO presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio. 3

metrpole, embora fossem odiados nas provncias, como demonstram vrios episdios dos Envangelhos. Nessas sociedades romanas, alguma vezes a administrao se dividia entre os scios, dirigindo cada um determinado setor. Em geral eram indicados gerentes (magistri), que administravam os negcios sociais. No eram somente a comunho de interesses que ditava a associao de servios e bens, mas certas necessidades familiares. Os autores, em sua maioria, explicavam o uso da sociedade em nome coletivo, a cujo tipo se assemelhavam as sociedades romanas e medievais, como necessidade familiar relativa ao prosseguimento do negcio pelos herdeiros do mercador falecido, ou quando se dispunham a explorar em comum os bens herdados. O processo de limitao da responsabilidade, que hoje domina o campo do direito comercial, formou-se lentamente na idade mdia. de notar-se que o princpio ou preocupao de ocultao dos scios parece no Ter surgido somente com o propsito de restrio e limitao da responsabilidade, mas como decorrncia tambm da prtica dos que, impedidos de comerciar, acobertavam-se mediante a organizao de sociedades com outrem. Esse ardil, como acentua o prof.Huvelin, havia sido notado em Roma, onde a nobreza, os senadores e altos magistrados procuravam enriquecer no s em seus cargos e latifndios, como ainda participando indiretamente nas atividades comerciais, seja como membros de sociedades mercantis, seja por meio de prepostos responsveis, comumente libertos. A sociedade com ocultao de scio, entretanto, que deu margem ao aperfeioamento do qual resultou a comandita simples, tomou incremento e difundiu-se na Idade Mdia, aps o sculo XI. Alguns autores atribuem, na verdade, a formao desses tipos de sociedade ao deliberado propsito de burlar aquelas regras ticas e cannicas, proibitivas do comrcio a determinadas classes de cidados. Sociedades particulares a princpio, onde o scio capitalista permanecia oculto, tais foram os abusos que as comanditas ensejavam, sobretudo na liquidao dos patrimnios dos comerciantes insolventes, em que o commendator, de scio que era, se apresentava, conluiado com o tractator, como credor, prestador de capital, que no sculo XV, as corporaes de mercadores italianos passaram a exigir contratos nesse tipo deO presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio. 4

sociedade, para registr-las, transformando-as de sociedades ocultas que eram em sociedades reveladas ao pblico, assumindo o seu papel no quadro jurdico. Assim, por motivos de oportunidade, pelo sculo XV, foi prescrita a publicao do contrato de sociedade, isto , foram indicados nos livros da sociedade os nomes dos comanditrios e a medida de sua contribuio, com a durao do contrato, e estas indicaes foram inscritas em um registro de comrcio disposio do pblico. As comanditas simples se difundiram largamente pelas vantagens que ofereciam sobre as sociedades em nome coletivo. No sculo XVII, devido poltica colonialista e a concomitante formao do capitalismo mercantil, que visavam ao domnio da Amrica, ndia e frica, foi necessria a formao de grandes capitais, com o concurso do Estado e da incipiente iniciativa privada. Formam-se, ento, poderosas sociedade, que delineiam as sociedades por aes. Permaneciam, todavia, as comanditas simples concorrendo com as sociedades em nome coletivo, como um tipo ideal de organizao jurdico-empresarial, para a poca, pois permitia a imobilizao de pequenos capitais sem que todos seus investidores se embaraassem nas teias do comrcio. Somente com o advento das sociedades por cotas de responsabilidade limitada, no final do sculo XIX, que as comanditas simples sofreram um rude golpe na popularidade e preferncia dos empresrios, pois o novo tipo societrio foi concebido de forma a limitar a responsabilidade de todos os scios soma do capital social.

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Conceito de sociedades O art.44 do Cdigo Civil diz que so pessoas jurdicas de direito privado as

associaes, as fundaes e as sociedades. 2.1 Associaes (Art.53 ao 60 do CC) As associaes resultam da unio de pessoas que se organizam para fins no econmicos, conforme preceitua o art.53 do Cdigo Civil. O seu conceito doutrinrio podeO presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio. 5

ser dado pela Profa.Maria Helena Diniz: uma pessoa jurdica de direito privado voltada realizao de finalidades culturais, sociais, pias, religiosas, recreativas etc., cuja existncia legal surge com a inscrio do Estatuto Social, que a disciplina, no registro competente. Exemplos: APAE,UNE, Associao de Pais e Mestres, etc. Com a personificao da associao, para os efeitos jurdicos, ela passar a ter aptido para ser sujeito de direitos e obrigaes. Cada um dos associados constituir um individualidade, e associao uma outra, tendo cada um seus direitos e deveres recprocos. Nas relaes entre associao e associados h deveres e direitos, oriundos do Estatuto Social. H liame obrigacional entre a associao e terceiro em razo de atos negociais, como locao de prdio para sua sede, aquisio de materiais etc. Mas nas relaes entre associados no h direitos e obrigaes pessoais recprocos. E, alm disso, as associaes no advm de contrato sinalagmtico entre os associados, ou, como diz Rena Lotufo, Tal contrato plurissubjetivo unidirecional, porque so vrios os que declaram suas vontades, mas todos no mesmo sentido, vontade comum, pelo que muitos denominam de acordo. A associao constituda por escrito, e o estatuto social, que reger, sob pena de nulidade, nulidade. 2.2 Fundaes (Art.62 ao 69 do CC) A Profa.Maria Helena Diniz tem a seguinte definio: O termo fundao originrio do latim fundatio, ao ou efeito de fundar. um complexo de bens livres (universitatis bonorum) colocado por uma pessoa fsica ou jurdica a servio de um fim lcito e especial com alcance social pretendido pelo seu instituidor, em ateno ao disposto em seu estatuto. As fundaes so constitudas mediante escritura pblica ou testamento, contendo ato de dotao que compreende a reserva de bens livres (propriedades, crditos ou dinheiro) legalmente disponveis, indicao do fim lcito colimado e o modo de administrao. O prprio instituidor poder providenciar a elaborao das normas estatutrias e o registro da fundao (forma direta) ou encarregar outrem para este fim (forma fiduciria). SeO presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio. 6

pode

revestir-se

de

forma

pblica

ou

particular,

devendo

conter,

obrigatoriamente, as clusulas estipuladas pelo Art.54 do Cdigo Civil, sob pena de

porventura na dotao de bens o instituidor vier a lesar a legtima de seus herdeiros necessrios, estes podero pleitear o respeito ao quantum legitimrio. Dever-se- proceder ao registro, mediante interveno do Ministrio Pblico (CPC.arts.1.199 a 1.204), que dever analisar o estatuto elaborado pelo fundador, verificando se houve observncia das bases da fundao, se os bens so suficientes aos fins colimados e se h licitude de seu objeto. Estando tudo em perfeita ordem, o Ministrio Pblico aprovar o estatuto, dentro de quinze dias da autuao do pedido de aprovao (art.1.201 do CPC). Se, porventura, o fundador no elaborar o estatuto nem ordenar algum para faz-lo, ou se o estatuto no for elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, no havendo prazo, em 180 dias, o Ministrio Pblico poder tomar iniciativa (art.65 pargrafo nico). Portanto, para que a fundao tenha personalidade jurdica ser preciso:dotao, elaborao e aprovao dos estatutos e registro. 2.3 Das sociedades comerciais O Cdigo Comercial de 1850 no definiu a sociedade comercial. O antigo Cdigo Civil (1916), mais tarde, todavia, conceituou-a genericamente da seguintes forma: Celebram contrato de sociedade as pessoas que mutuamente se obrigam a combinar seus esforos ou recursos para lograr fins comuns. Diante deste conceito, bastava-lhe dar-lhe um contedo comercial para logramos um conceito mais satisfatrio: Celebram sociedade comercial as pessoas que mutuamente se obrigam a combinar seus esforos ou recursos, para lograr fins comuns de natureza comercial. J a Profa.Maria Helena Diniz deu a seguinte definio: O contrato de sociedade a conveno por via da qual duas ou mais pessoas se obrigam a conjugar esforos seus servios, esforos, bens ou recursos para a consecuo de um fim comum, e a partilhar, conforme estipulado no Estatuto Social, dos resultados entre si, obtidos com o exerccio de atividade econmica contnua, que pode restringir-se realizao de um ou mais negcios determinados. O novo Cdigo Civil, atravs do art.981, definiu legalmente a sociedade comercial:O presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio. 7

Art.981.Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou servios, para o exerccio de atividade econmica e a partilhar, entre si, dos resultados.

3.

Tipos de Sociedades O novo Cdigo Civil classificou genericamente as sociedades em sociedades no

personificadas

e

sociedades

personificadas.

Essa

classificao

leva

em

conta

essencialmente o fato de as sociedades terem ou no os seus atos constitutivos registrados no rgo responsvel. As sociedades no personificadas so a sociedade em comum e a sociedade em conta de participao, e esto previstas nos arts.986 a 996 do Cdigo Civil. J as sociedades personificadas dividem-se em sociedade simples e sociedades empresrias. Sociedades Personificadas Soc.Simples Soc.Simples (Art.997 CC) Soc.Cooperativa (Art.982nico) Soc.Empresria Soc.em Nome Coletivo (art.1.039 CC) Soc.Limitada (Art.1.052 CC) Soc.Comandita Simples (Art.1.045 CC) Soc.Comandita Aes (Art.982nico) Sociedade Annima (Art.982nico) Existem cinco espcies de sociedades empresrias, as quais so: 1. Sociedade em Nome Coletivo;O presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio. 8

Sociedades no personificadas Sociedade em Comum (Art.986 CC) Sociedade em Conta de Participao (Art.991 CC)

2. Sociedade em Comandita Simples; 3. Sociedade Limitada; 4. Sociedade Comandita por Aes; e 5. Sociedade Annima. A sociedade Capital e Indstria foi eliminada pelo novo Cdigo Civil. Dentre as sociedades existentes, apenas so utilizadas nos dias de hoje a Sociedade Simples, a Sociedade Limitada e a Sociedade Annima. As demais so praticamente inexistentes, pois, envolvendo a responsabilidade ilimitada de todos ou de alguns scios, perderam a utilidade no meio empresarial. Mais adiante, voltaremos a detalhar todos os tipos de sociedade. 4. Classificao das sociedades Existem diversos critrios de classificao das sociedades, entretanto vamos adotar o modelo dado pelo Prof.Rubens Requio, o qual dividiu da seguinte forma: quanto responsabilidade do scios, quanto personificao, quanto forma do capital e quanto estrutura econmica. 4.1 Quanto responsabilidade dos scios pelas obrigaes sociais Em razo da personalizao das sociedades empresrias, os scios tem, pelas obrigaes sociais, responsabilidade limitada, ilimitada ou mista. Primeiramente primordial termos o entendimento que a responsabilidade da SOCIEDADE perante a terceiros, ou seja, por suas obrigaes sociais, sempre ILIMITADA. O que estamos tratando a responsabilidade do scios para com estas obrigaes. Ento, as sociedades empresrias onde os scios tem responsabilidade limitada pelas obrigaes sociais so a Sociedade Annima e a Sociedade Limitada.

O presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

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J as sociedades empresrias onde os scios tem responsabilidade ilimitada pelas obrigaes sociais so a Sociedade em Nome Coletivo e a Sociedade em Comum(Soc.irregular ou de fato). E aquelas sociedades onde um grupo de scios podem responder limitadamente e outro grupo responder ilimitadamente, ou seja, responsabilidade mistas, temos as sociedades em Nome Coletivo, Comandita Simples, Comandita por Aes e a sociedade em conta de participao. A responsabilidade ilimitada dos scios para com as obrigaes sociais da sociedade no pressupe que o credor pode executar diretamente o patrimnio dos scios, esquecendo de observar o princpio da responsabilidade subsidiria, isto , enquanto no exaurido o patrimnio social, no se pode cogitar do comprometimento do patrimnio dos scios para a satisfao de dvida da sociedade, conforme previsto no art.1024 CC. Art.1.024.Os bens particulares dos scios no podem ser executados por dvidas as sociedade, seno depois de executados os bens sociais No existe no direito ptrio nenhuma regra geral de solidariedade entre scios e sociedade (simples ou empresria), podendo os primeiros sempre se valerem do benefcio de ordem, ou seja, pela indicao dos bens da sociedade, livres e desembaraados, sobre os quais vo recair a execuo de obrigao societria. Contudo, a relao entre os scios solidria, no podendo um invocar o benefcio de ordem, devendo arcar com o total da dvida perante ao credor e, posteriormente, demandar, via ao regressiva, a outra parte pela quota parte da obrigao. Ou seja, a solidariedade, no direito societrio brasileiro, quando existe, verifica-se entre os scios, pela formao do capital social, e nunca entre scio e sociedade. A nica exceo regra est na sociedade irregular ou de fato, respondendo o scio que atue como representante legal daquela sociedade. Para este caso, a lei prev responsabilizao direta, conforme preceitua o art.990 do CC. Art.990.Todos os scios respondem solidria e ilimitadamente pelas obrigaes sociais, excludo o benefcio de ordem, previsto no art.1.024, aquele que contratou pela sociedade.

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4.2

Quanto personificao As sociedades por este critrio podem ser da seguinte forma: sociedades

personificadas e sociedades no personificadas. As primeiras, sociedades personificadas, so aquelas que possuem seus atos constitutivos escritos e inscritos no registro competente, possuindo, portanto, personalidade jurdica. So elas, as sociedades empresrias: Sociedade em Nome Coletivo, Sociedade Comandita Simples, Sociedade Comandita por Aes, Sociedade Limitada e Sociedade Annima. J as sociedades no personificadas so aquelas que no tem registradas os seus atos constitutivos, no tendo personalidade jurdica e recaindo ao scios a solidariedade e a responsabilizao ilimitada pelas obrigaes sociais. O Cdigo Civil de 2002, atribui o seguinte nome s sociedades no personificadas Sociedade em Comum e Sociedade em Conta de Participao. Assim, enquanto o ato constitutivo da sociedade no for levado ao registro, conforme preceitua o art.985 CC, se ter apenas um contrato de sociedade, o qual se reger pelos arts.986 ao 990 do CC, e no que for compatvel pelas normas das sociedades simples, arts.997 ao 1.038 CC, excetuando-se as sociedades por Aes em organizao (Ex.Sociedade Annima), que se disciplinar por lei especial (art.1.089 CC e Lei 6.404/76). Sobre a sociedade no personificada, nomeada pelo Cdigo Civil de 2002 como Sociedade em Comum, mas tambm chamada de Sociedade de fato ou sociedade irregular, mister lembrar que esta possui scios para o exerccio de atividade produtiva e repartir os resultados obtidos. Porm, e como dito anteriormente, por no terem personalidade jurdica, no podero acionar seus membros e nem a terceiros, mas estes podero responsabiliz-las por todos os seus atos, reconhecendo a sua existncia de fato para esse efeito. Outro ponto polmico sobre as sociedades no personificadas, o qual fao breve comentrio, que alguns autores fazem distino conceitual entre sociedade de fato e sociedade irregular. Para eles a sociedade de fato aquela que funciona sem qualquer cumprimento de solenidades legais, tais como a constituio, registro e publicidade, enquanto a sociedade irregular aquela afetada por vcios que a inquinam de nulidade,O presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 11 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

como por exemplo, uma sociedade formada por dois scios, sendo que um vem a falecer e no h reconstituio do quadro societrio no prazo legal e continua a funcionar como se nada tivesse acontecido, ou seja, tornando-se irregular. Entendo tambm como pertinente esta distino, provocando diversos reflexos. Entretanto, somos obrigados concordar que o Cdigo Civil no tratou desta forma, no fez esta mensurao, apenas nomeou-as como Sociedade em Comum. 4.3 Quanto estrutura econmica Esta classificao leva em considerao o grau de dependncia da sociedade em relao s qualidades subjetivas dos scios. Assim, seguinte este critrio as sociedades podem ser de pessoas ou de capital. A importncia da identificao da sociedade sob esta forma de extrema relevncia no tocante diversos eventos societrios, tais como: alienao da participao societria (quotas ou aes), penhorabilidade por dvida particular do scio, a sucesso de scio por morte, etc. Sobre as sociedade de pessoas podemos defini-las como aquelas em que a realizao do objeto social depende mais dos atributos pessoais dos scios que a contribuio material que eles do. Enquanto as sociedade de capital dada por aquela em que a contribuio material mais importante que as caractersticas subjetivas dos scios. Quantos aos tipos societrios e sua classificao sob a forma de estrutura econmica, as sociedades por aes, e a esto inclusas as Sociedades Annimas e as Sociedades Comanditas por Aes, sero sempre de capital. J as Sociedades em Nome Coletivo e Comanditas Simples sero sempre de pessoas. A Sociedade Limitada, sob este critrio, considerada hbrida, ou seja, tanto pode ser uma sociedade de pessoas como uma sociedade de capital, dependendo diretamente da redao/interpretao das clusulas do seu ato constitutivo, o Contrato Social. Por exemplo, caso haja previso expressa de alienao da cotas sem qualquer anuncia dos scios, esta ser classificada como uma sociedade de capital, agora havendo necessidade de concordncia dos demais scios tida como sociedade de pessoas.O presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 12 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

O prprio Cdigo Civil de 2002 d a este tipo societrio, a Sociedade Limitada, caractersticas de sociedade de pessoas. Este fato por ser visto por diversos artigos que assim a caracteriza, por exemplo o art.1.057 do CC. Art.1.057. Na omisso do contrato, o scio pode ceder sua quota, total ou parcialmente, a quem seja scio, independentemente de audincia dos outros, ou a estranho, se no houver oposio de titulares de mais de um quarto do capital social. Pargrafo nico......... 5. Ato Constitutivo A importncia sobre a interpretao do ato constitutivo nuclear para o mundo jurdico. Tanto que existem diversas teorias, que se controvertem, visando satisfazer esta tarefa. Delas defluem solues diferentes para as diversas lides, como por exemplo, o caso de dissoluo da sociedade. Caso a sociedade seja considerada como decorrente de um contrato bilateral, a morte, a renncia, a excluso de um scio, dissolve todo o vnculo contratual e a sociedade perece, o que no ocorrer se a conceituao for desvinculada desse conceito. A doutrina francesa, a qual adotamos muitos dos seus conceitos, diz que a sociedade se forma pela manifestao da vontade de duas ou mais pessoas que se propem unir seus esforos e cabedais para a consecuo de um fim comum. Contudo deixa entrever o duplo significado da palavra sociedade, pois tanto pode referir-se ao ato constitutivo, que lhe d substncia, como pessoa jurdica, que lhe d condio de sujeito de direito. No incio predominava o aspecto contratual ao ato constitutivo, ao passo que hoje prevalece o da pessoa jurdica que dele surge. A noo da personalidade jurdica, que envolve a sociedade, passou ao primeiro plano. Diante desta noo de formao da sociedade, oportuno acentuar que no mais incontroverso o princpio de que a sociedade comercial deve constituir-se necessariamente no mnimo de duas pessoas. Teorias modernas, disseminadas pelo mundo afora, comeam a admitir a possibilidade de sociedades unipessoais, isto , sociedades constitudas de um scio apenas. No Brasil, por exemplo, lei especiais tem criado sociedades desse tipo, comoO presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 13 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

exemplo a sociedade annima de um scio apenas como o caso da Subsidiria Integral, constituda mediante escritura pblica, conforme prev o artigo 251 da lei 6.404/76. Estas sociedades UNIPESSOAIS, sejam elas temporrias ou definitivas (subsidiria), causam certa incompreenso, tendo em vista que a tradio de que a sociedade se forma apenas pelo contrato, sendo somente possvel sua criao entre duas ou mais pessoas. Sobre as teorias que buscam uma explicao para o ato constitutivo, podemos nome-las: Teoria Anticontratualista; Teoria Contratualista; Teoria da Fundao, Corporao ou Unio;e Teoria da Instituio. Diante de todas estas teorias, as quais possuem forte fundamentao, podemos destacar a Teoria Contratualista, o qual o Cdigo Civil de 2002 adotou, conforme os arts. 981 e 997 do CC, ou seja, h entendimento que o ato constitutivo um contrato. Art.981.Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou servios, para o exerccio de atividade econmica e a partilha, entre si, dos resultados. Com isso, podemos dizer que as sociedades so constitudas por um contrato entre os scios, isto , o vnculo estabelecido entre os membros da sociedade tem natureza contratual, e, em decorrncia, os princpios que norteiam o direito dos contratos explicam parte das relaes entre os scios. Dentre os tipos societrios, so contratuais as sociedades em Nome Coletivo, Comandita Simples e Limitada. Sendo assim, a disciplina jurdica aplicvel o Cdigo Civil e o instrumento disciplinador das relaes sociais entre seus membros o contrato social. 6. Personalidade Jurdica

O presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 14 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

Antes de entrarmos neste assunto, em especial das sociedades, entendo ser importante lermos o comentrio do Prof.Caio Mrio sobre personalidade. Como o homem o sujeito das relaes jurdicas, e a personalidade a faculdade a ele reconhecida, diz-se que todo homem dotado de personalidade. Mas no se diz que somente o homem, individualmente considerado, tem essa aptido. O direito reconhece igualmente personalidade a entes morais, sejam os que se constituem de agrupamentos de indivduos que se associam para a realizao de um finalidade econmica ou social(sociedades e associaes), sejam os que se formam mediante a destinao de um patrimnio para um fim determinado (fundaes), aos uais atribuda com autonomia e independncia relativamente s pessoas fsicas de seus componentes ou dirigentes. As sociedade que arquivam seus atos constitutivos ou contratos no registro competente, adquirem personalidade jurdica, tornando-se sociedades regulares. Aquelas que no o fazem so chamadas de sociedades irregulares, de fato ou Sociedade em Comum, esta ltima nomenclatura foi adotada pelo Cdigo Civil, conforme o art.986. Art.986.Enquanto no inscritos os atos constitutivos, reger-se- a sociedade, exceto por aes em organizao, pelo disposto neste captulo, observadas, subsidiariamente e no que com ele forem compatveis, as normas da sociedade simples. So dois os artigos do Cdigo Civil que tratam da aquisio de personalidade jurdica pelas sociedades. Primeiramente o art.45 trata da aquisio de personalidade jurdica, de forma genrica, pelas pessoas jurdicas de direito privado, dizendo que a sua existncia legal comea com a inscrio de seu ato constitutivo do respectivo registro. Quando necessrio, deve ser obtida autorizao do Poder Executivo. Em continuidade, o art.985 do mesmo Cdigo trata especificamente da aquisio de personalidade jurdica pelas sociedades, e diz que a sociedade adquire personalidade jurdica com a inscrio do seus atos constitutivos no registro prprio e na forma da lei. Com isso, desde a constituio da sociedade ocorrem a separao e a independncia do patrimnio da pessoa jurdica em relao ao patrimnio dos scios. o princpio da autonomia patrimonial, que um dos elementos fundamentais do direito societrio. Segundo este princpio, os scios no respondem, em regra, pelas obrigaes da sociedade.O presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 15 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

A personalidade jurdica das sociedades termina com o procedimento dissolutrio, que pode ser judicial ou extrajudicial. Esse procedimento compreende trs fases: a dissoluo, a liquidao e a partilha. 6.1 Efeitos da Personalizao Podemos vislumbrar diversos efeitos para a sociedade com a aquisio da personalidade jurdica. Contudo, vamos tratar, de forma resumida, de apenas trs grandes efeitos, quais so: titularidade obrigacional; titularidade processual e a responsabilidade patrimonial. 6.1.1 Titularidade Obrigacional So os vnculos de obrigao jurdica, contratuais ou extracontrutuais, originadas da explorao da atividade econmica que aproximam terceiros (fornecedor, fisco, empregados, etc) e a pessoa jurdica. 6.1.2 Titularidade Processual a definio de sua legitimidade para demandar e ser demandada em juzo. 6.1.3 Responsabilidade Patrimonial Quando da personalizao da sociedade segue-se a separao do patrimnio desta e de seus scios. Como dito anteriormente, este princpio (autonomia patrimonial) um dos elementos fundamentais do direito societrio, tendo em vista que este, via de regra (h exceo), diz que os scios no respondem pelas obrigaes da sociedade. Diante deste princpio bom lembrar que no existe comunho ou condomnio dos scios sobre os bens sociais (bens da sociedade), no exercendo nenhum direito, seja ele de propriedade ou de qualquer natureza.O presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 16 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

7. 7.1

Desconsiderao da Personalidade Jurdica Conceito A sociedade, em razo de sua natureza de pessoa jurdica, ou seja, de sujeito de

direito autnomo em relao aos seus membros, pode ser utilizada como instrumento na realizao de fraude ou abuso de direito. No entanto, a soluo para evitar certas manipulaes no abolir a autonomia da pessoa jurdica. O objetivo da teoria da desconsiderao da personalidade jurdica exatamente possibilitar a coibio de fraude, sem comprometer o prprio instituto da pessoa jurdica, isto , sem questionar a regra da separao de sua personalidade e patrimnio em relao aos de seus membros. No procura negar a existncia da pessoa jurdica, mas sim desconsider-la em casos especficos, para impedir a fraude e o abuso de direito. A doutrina tem se utilizado de diversos nomes para o tema da desconsiderao, tais como: Teoria da Penetrao, Teoria da Superao, Teoria da Desestimao e Teoria do Levantamento do Vu Corporativo. A origem dessa teoria remonta justia inglesa, no caso Salomon v.Salomon & Co.Ltd. Em 1887, o empresrio Aaron Salomon havia constitudo uma company, em conjunto com outros seis integrantes de sua famlia (a lei exigia sete scios para a formao da sociedade) e cedido seu fundo de comrcio sociedade que fundara, recebendo em consequncia vinte mil aes representativas de sua contribuio, enquanto para cada um dos outros membros coube apenas uma ao para a integrao do valor da incorporao do fundo de comrcio na nova sociedade. Salomon recebeu obrigaes garantidas no valor de dez mil libras esterlinas. Posteriormente, a sociedade logo se mostrou insolvente, sendo seu ativo insuficiente para satisfazer as todas as obrigaes contradas, somente as garantidas, enquanto os credores quirografrios no receberam quaisquer valores. Ento, o liquidante, no interesse dos credores quirografrios, sustentou que a atividade da company era atividade de Salomon, que usou artifcio para limitar a sua responsabilidade e, em consequncia, Salomon deveria ser condenado dos dbitos da company. O juzo de primeira instncia e depois a Corte acolheram esta pretenso.O presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 17 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

Na legislao brasileira, a aplicao desta teoria j vinha sendo positivada de modo esparso em dispositivos legais de carter especial, como por exemplo: 1. Cdigo de Defesa do Consumidor- Lei 8.078 de 11.09.1990- Determina em seu art.28 que o juiz poder desconsiderar a personalidade jurdica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infrao da lei, fato ou ato ilcito ou violao dos estatutos ou contrato social. Determina tambm que a desconsiderao ser efetiva quando houver falncia, estado de insolvncia, encerramento ou inatividade da pessoa jurdica provocados por m administrao. Declara, da mesma forma, no pargrafo 5o do referido diploma, que poder ser desconsiderada a pessoa jurdica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstculo ao ressarcimento de prejuzos causados aos consumidores. 2. A Lei 8.884 de 11 de junho de 1994- Dispe sobre a preveno e a represso s infraes contra a ordem econmica- Determina em seu art.18 que a personalidade jurdica do responsvel pela infrao da ordem econmica poder ser desconsiderada quando houver, da parte deste, abuso de direito, excesso de poder, infrao da lei, fato ou ato ilcito ou violao dos estatutos ou contrato social. A desconsiderao tambm ser efetivada quando houver falncia, estado de insolvncia, encerramento ou inatividade da pessoa jurdica provocados por m administrao. 3. A CLT- Consolidao da Leis do Trabalho. Determina, em seu art.2o pargrafo 2o que sempre que uma ou mais sociedades, ainda que tenham personalidade jurdicas prprias, estiverem sob direo, controle ou administrao de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econmica, sero, para efeitos da relao de emprego, solidariamente responsveis empresa principal e a cada uma das subordinadas. Trata-se, no entanto, de normas de aplicao especfica a determinadas matrias, e que, por isso, no serviram como clusula geral de aplicao da teoria da desconsiderao para todo o direito brasileiro. Finalmente, em 2002, o Cdigo Civil consolidou o entendimento por meio de seu artigo 50, ao prescrever que:O presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 18 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

Art.50. Em caso de abuso da personalidade jurdica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confuso patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministrio Pblico quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relaes de obrigaes sejam estendidos aos bens particulares doa administradores ou scios da pessoa jurdica. A insero da teoria da desconsiderao da personalidade jurdica no novo Cdigo Civil significou grande avano, posto se tratar da lei que regra a constituio, a formao e o encerramento da personalidade jurdica. Ao interpretar a funcionalidade do instituto nos ensina o professor Fbio Konder Comparato: Toda pessoa jurdica criada para o desempenho de funes determinadas, gerais e especiais. A funo geral da personalizao de coletividades consiste na criao de um centro de interesses autnomos, relativamente s vicissitudes que afetam a existncia das pessoas fsicas que lhe deram origem, ou que atuam em sua rea: fundadores, scios, administradores. Em outros termos, a teoria tem intuito de preservar a pessoa jurdica e a sua autonomia com instrumentos jurdicos indispensveis organizao da atividade econmica, sem deixar, no entanto, que as vtimas de fraude fiquem sem proteo alguma. 7.2 Tipos de Desconsiderao Os tipos de desconsiderao da personalidade jurdica vo verificar em qual o patrimnio se vai penetrar, se no patrimnio da Sociedade ou dos Scios. Porm, em ambos, os pressupostos so os mesmos. Os tipos so a Comum ou Direta e a Inversa ou Invertida. 7.2.1 Desconsiderao Comum ou Direta quando se quer afastar momentaneamente a personalidade jurdica da sociedade para ingressar no patrimnio dos scios. Ou seja, desconsidera para alcanar o bem da scio por obrigao da sociedade. Esta forma a mais usada.O presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 19 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

7.2.2

Desconsiderao Inversa ou Invertida ao contrrio da Comum, quer se afastar momentaneamente a personalidade

jurdica para ingressar no patrimnio da Sociedade. A relao jurdica com o scio e se quer ingressar no patrimnio da sociedade. Ou seja, desconsidera a personalidade jurdica da sociedade para alcanar o bem da sociedade por obrigao do scio. Sobre este tipo, doutrina Fbio Ulhoa: a fraude que a desconsiderao cobe , basicamente, o desvio de bens. O devedor transfere seus bens para a pessoa jurdica sobre a qual detm absoluto controle. Desse modo, continua a usufru-los, apesar de no serem de sua propriedade, mas de pessoa jurdica controlada. Os seus credores, em princpio, no podem responsabiliz-lo executando tais bens. 7.3 Pressupostos para aplicar a desconsiderao No h qualquer dvida quanto existncia de pressupostos que devero ser observados para solicitar a desconsiderao da personalidade jurdica de uma sociedade para satisfazer suas obrigaes. Eis alguns pressupostos: 1. Existncia de sociedade regular. Assim, haver obstculo ao ressarcimento pelo princpio da Autonomia Patrimonial. No h o que se falar em desconsiderao de um sociedade irregular (Em Comum- CC/2002). 2. Deve ser uma Sociedade Limita. Pois, por questes bvias, no h o porqu de pedir a desconsiderao da personalidade jurdica para que o scio se responsabilize numa sociedade de responsabilidade Ilimitada, ou seja, nesta o scio j responde ilimitadamente com o seu patrimnio pessoal pelas obrigaes sociais. 3. Abuso de direito. H necessidade de caracterizar o ato abusivo do scio contra algum normativo, seja ele lei ou contrato social. Ex. art.28 do CDC. 8. Empresrio

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Segundo o art. 966 do Cdigo Civil Brasileiro, considera-se empresrio todas as pessoas, naturais e jurdicas, que exercem profissionalmente atividade econmica organizada para a produo ou circulao de bens ou de servios para o mercado. O empresrio organiza e dirige a empresa, reunindo e coordenando os seus fatores de produo. Com base no art.966, pargrafo nico do Cdigo Civil, no empresrio quem exerce profisso intelectual, de natureza cientfica, literria ou artstica, salvo se o exerccio da profisso constituir elemento de empresa. O agricultor ser empresrio somente na hiptese de se registrar no Registro Pblico de Empresas Mercantis. No o ser se no se registrar, conforme preceitua o art.971 do CC. 9. Contrato de Sociedade Empresria Como vimos anteriormente, a legislao brasileira adotou a Teoria Contratualista, ou seja, diz que uma sociedade se constitui por um contrato, embora de natureza plurilateral. Este contrato possui elementos classificados da seguinte forma: 9.1 Elementos Comuns- So aqueles existentes em todos os contratos. Elementos Especficos- So aqueles tpicos de contrato de sociedade empresria. Elementos Comuns Os elementos comuns para a formao de um contrato so: 1. Consenso 2. Objeto lcito 3. Forma prescrita e no defesa em Lei. 9.1.1 Consenso O contrato fruto da vontade. A pessoa para se obrigar precisa manifestar-se livremente. Alm disso, deve ser capaz para tal ato.O presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 21 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

9.1.2.

Objeto lcito O objeto social da sociedade deve ser lcito. Todas as atividades que no violam a

lei e os bons costumes pode ser objeto da sociedade. Caso algum venha contrair este princpio as juntas comerciais no arquivam seus contratos, conforme prev o art.35, inciso I da Lei 8934 de 1994. 9.1.3. Forma prescrita em Lei O direito comercial brasileiro no exige forma especial para a constituio da sociedade. Ela pode ser provada por qualquer meio, conforme diz o art.987 e art.212 do Cdigo Civil. 9.2 Elementos Especficos Alm dos elementos que formam o contratos em geral, para os contratos de sociedade, faz-se necessrio a presena dos seguintes elementos especficos: 1. Pluralidades de scios, 2. Constituio do Capital, 3. Affectio Societatis 4. Participao nos lucros e nas perdas 9.2.1 Pluralidades de scios Como dito, sabemos que o contrato uma relao na qual so envolvidas duas ou mais pessoas. Seguindo esta premissa a pluralidade de partes constitui um elemento essencial nos contratos societrios. O artigo 997 do CC, entre os elementos contratuais, exige a presena de scios, ou seja, no plural. Indo contra este princpio, e tratando-se como exceo, existem as chamadas sociedades unipessoais.O presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 22 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

Para exemplificarmos a possibilidade da existncia de sociedade unipessoal, podemos citar a permisso que d o art.251 da Lei 6.404/76, das Sociedades por Aes, para a constituio de Subsidiria Integral. Outra situao idntica est prevista no art.1033 do Cdigo Civil, o qual diz que a reconstituio do quadro societrio deve ocorrer no prazo mximo de 180 dias, sob pena da sociedade ser dissolvida. 9.2.2 Constituio do Capital Social O capital social soma representativa da contribuies dos scios, podendo ser em dinheiro ou em bens. A contribuio em bens s permitida nas sociedades Annimas, sendo necessrio aprovao assemblar. J no caso de sociedades de pessoas a incorporao de bens depende de conveno entre os scios. Com o fim de evitar abusos na aferio destes bens, confere a lei, mas precisamente o art.1.055, pargrafo 2, do Cdigo Civil, a responsabilidade aos scios, de forma solidria, pela exata estimao dos bens, que no sejam pecnia. No sendo respeitada a lei, causando prejuzos sociedade ou a terceiros, os scios respondero por culpa. Vemos a proteo que se d ao capital social, uma vez que se trata de garantia jurdica para terceiros, credores e sociedade. Faz necessrio uma observao de que o capital social no se confunde com o Patrimnio Social. Pode-se dizer que o capital constitui o patrimnio inicial da sociedade empresria. Aps o incio das atividades, o capital permanece nominal, expresso na soma declarada no contrato, ao passo que o Patrimnio Social tende a crescer, se a sociedade for obtendo lucro, e a decrescer, se a sociedade for obtendo prejuzos. 9.2.2.1 Natureza Jurdica do Capital Social A identificao da natureza jurdica da contribuio dos scios um dos mistrios sendo enfrentados pelo Direito Comercial. Contudo, a corrente mais aceita pela DoutrinaO presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 23 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

entende que a posio jurdica dos scios se desdobra em duas partes. A primeira est relacionada ao direito patrimonial e a Segunda ao direito pessoal. Ento vejamos. A possibilidade de refletir um Direito Patrimonial diz respeito ao quinho de lucros a receber durante a existncia da sociedade, bem como o saldo verificado depois da liquidao. Neste ltimo caso, importante atentar que o scio no concorre com o credor da sociedade, s havendo direito de crdito quando honrado todos os compromissos com os credores, isto , este crdito por ser igual a zero ou at negativo, dependendo da situao patrimonial da sociedade. J quanto ao Direito Pessoal dado que a cota social sustenta o status de scio, conferindo-lhe direito como participar da administrao da sociedade e outros. Isto , todos os atos e direitos que as leis asseguram. 9.2.2.2 Intangibilidade do Capital Social Como dito anteriormente, o Capital Social no se confunde com o Patrimnio Social. A sua funo precpua constituir o fundo inicial, o patrimnio originrio com o qual a sociedade se tornar vivel no incio de suas atividades. O Professor portugus Ferrer Correia diz o seguinte sobre a funo do Capital Social: O Capital Social representa em certos termos uma segurana para os credores da sociedade, mas precisamente na medida em que a lei no permite a distribuio pelos scios de quantias e valores necessrios para manter intato esse fundo. O Capital Social intangvel. Visando atender ao princpio da Intangibilidade do Capital Social, o qual as legislaes anteriores j atendiam, o atual Cdigo Civil, em seu art.1.059, estabelece que os scios sero obrigados a reposio dos lucros e das quantias retiradas, a qualquer ttulo, ainda que autorizada pelo Contrato ou Estatuto, quando tais valores forem distribudos com prejuzo do Capital Social. importante frisar, na anlise daquele artigo, que a palavra scio est no plural, ou seja, designando que h responsabilidade solidria e ilimitada quando h conhecimento destes, conforme preceitua o art.1.080 do mesmo diploma.O presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 24 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

Art.1.080.As deliberaes infringentes do contrato ou da lei tornam ilimitada a responsabilidade dos que expressamente as aprovaram. Mesmo sabendo que o Princpio da Intangibilidade do Capital uma realidade a ser observada e respeitada, no podemos deixar de mostrar um outro lado que a possibilidade da sociedade fazer alteraes naquele Capital, seja ela para aument-lo ou diminu-lo. A primeira hiptese no guarda preocupaes, contudo a segunda situao, diminuio, que cercada de alguns cuidados, o qu no poderia ser diferente, afinal, estar-se- diminuindo a garantia dos credores. Assim, tratando-se da diminuio do Capital Social, podemos ver, por exemplo, a cautela adotada pelo legislador. O artigo 1.084, pargrafo 1o, estatui a regra pelo qual o credor quirografrio da sociedade limitada, por ttulo anterior, no prazo de noventa dias contados da data da publicao da assemblia que aprovar a reduo do Capital, poder opor-se ao deliberado, o que implicar a suspenso da deliberao de reduzir o capital. A reduo do Capital Social s ser eficaz se no houver impugnao naquele prazo, ou se, havendo impugnao, for provado o pagamento da dvida ou depsito judicial do seu valor. 9.2.3 Affectio Societatis Este requisito tambm dito como animus societrio. o intento de se associar, a vontade de constituir sociedade. Refere-se disposio de ingressar em uma sociedade comercial, de correr risco inerente atividade empresarial. Quem contrata a criao de um sociedade empresria quer ser scio. O nimo societrio requisito ftico, de ndole subjetiva, da existncia da sociedade, poste que, a sua ausncia, descaracterizada estar a prpria natureza constitutiva desta. Este elemento mais que impulsionador, um dever dos scios, envolvendo a lealdade, a conduta coerente, etc, com o propsito declarado e a implementao contnua do intento societrio. Enfim, como diz o Professor Lagarde, a affectio societatis caracterizada por uma vontade de unio e aceitao das leas comuns.O presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 25 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

Esse elemento caracterstico do contrato societrio altamente til na prtica da vida comercial, para distinguir a sociedade de outros tipos de contrato, que tendem a se confundir, aparentemente, com a sociedade de fato ou presumida. O conceito subjetivo, o elemento intencional, e se deve perquirir dos reflexos aparentes e exteriores, se a inteno do agente foi de unir seus esforos para obter resultados comuns, que isoladamente no seriam to plenamente conseguidos. 9.2.4 Co-participao nos lucros e nas perdas O Cdigo Comercial de 1850, em seu art.288 dizia: nula a sociedade ou Companhia em que se estipular que a totalidade dos lucros pertena a um s dos associados, ou em que algum seja excludo, e a que desonerar de toda a contribuio nas perdas as somas ou efeitos entrados por um mais scios para o fundo social. Este tipo de sociedade era chamada de Sociedade Leonina. O atual Cdigo Civil, em seu art.1.008, tem determinao semelhante, porm, no declara nula a sociedade, mas a estipulao contratual que exclua qualquer scio de participar dos lucros e das perdas. Art.1.008. nula a estipulao contratual que exclua qualquer scio de participar dos lucros e das perdas. Assim, nula a clusula, segue a sociedade, com tratamento igualitrio dos scios no tocante distribuio dos lucros e das perdas. claro que a distribuio dos lucros e das perdas pode ser feita no igualitariamente, obedecendo, por exemplo, a proporo das contribuio dos scios para a formao do Capital Social ou outra qualquer. O que no se permite a sociedade leonina, onde os lucros e as perdas corram favor ou cargo de um scio apenas, pois, a, inexiste sociedade. 10. Das espcies societrias Como mencionado em tpico anterior, vamos ao detalhamento dos tipos societrios tratados no Cdigo Civil de 2002, estando certo que concentraremos nossosO presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 26 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

estudos nas espcies mais demandas, tais como a Sociedade Simples, Sociedade Limitada e Sociedade Annima. Antes, porm, vamos fazer uma breve distino conceitual entre as sociedade empresrias e as sociedade simples. 10.1 Distino conceitual entre sociedades simples e empresria. De acordo com a nova classificao, as sociedades podem ser diferenciadas segundo o modo de organizao de suas atividades sociais e o modo de atuao de seus scios. A distino entre sociedade simples e sociedade empresria, como alertou o Miguel Reale, em artigo publicado no Jornal Estado de So Paulo em 15 de fevereiro de 2004, onde ele diz que no reside no objeto social, mas na forma como este exercido. Ou seja, se a sociedade contar com uma organizao empresarial para a consecuo do seu objeto, dever ser classificada como empresria. Por outro lado, se no o fizer, dever ter tida como simples. No mesmo sentido pronuncia a Profa.Mnica Gusmo: Tanto as sociedades simples quanto as sociedades empresrias exercem atividade econmica, ou seja, objetivam o lucro. O que as difere que, nas sociedades empresrias, a atividade econmica exercida organizada, h o elemento empresa, diferentemente das sociedades simples, em que a atividade econmica exercida pelos prprios scios, ou por profissionais ligados a esses. Assim, com intuito de elucidar o conceito de organizao da atividade econmica, convm invocar, por conseguinte, elemento estrutural da teoria da empresa, qual seja, o elemento organizacional da empresa. Alguns doutrinadores entendem a empresa como atividade organizada, no sentido de que nela se encontram articulados pelo empresrio os fatores de produo, os quais, para Fbio Ulhoa, so os seguintes: capital, mo-de-obra, insumos e tecnologia. Em outras palavras, para os partidrios desse entendimento, a sociedade tem natureza empresria quando a atividade econmica exercida de maneira e reunir e coordenar os fatores de produo.O presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 27 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

O mestre Waldrio Bulgarelli, por sua vez, entende que: O que caracteriza, em termos pragmticos, a empresa, no a prpria organizao em si, mas a forma de produzir organizadamente, o que no mesmo que organizao da atividade de produo. Em termos histricos, por exemplo, incontestvel que a perspectiva pela qual se deve ver a empresa justamente a da evoluo das tcnicas de produo, portanto, forma de produzir que de rudimentar familiar ou artesanal, passou a ser mecanizada ou maquinizada, com mo-de-obra alheia e com maior grau de organizao, j que esta ltima sempre existiu em qualquer tipo de trabalho. Outro aspecto da organizao da atividade econmica que no deixa de estar inserido nesse conceito a questo da pessoalidade e modo de atuao dos scios. O empresrio e as sociedades empresrias operam por meio da organizao, na medida em que esta se sobreleva ao labor pessoal dos scios. Estes podero atuar como dirigentes, mas no sero, de forma predominante, os operadores diretos da atividade-fim exercida. Nesse diapaso, Tavares Borba claro ao estabelecer que: A empresa existe quando as pessoas coordenadas ou os bens materiais utilizados, no concernente produo ou prestao de servios operados pela sociedade, suplantam a atuao pessoal dos scios. (...)Se os prprios scios, ou principalmente os scios, operam diretamente o objeto social, exercendo eles prprios a produo de bens, ou a sua circulao, ou a prestao de servios, o que se tem uma sociedade simples. J a sociedade simples tem do trabalho pessoal dos scios o ncleo de sua atividade social. Ainda que tenha empregados, estes apenas colaboram, exteriorizando-se, prevalecentemente, o trabalho dos prprios scios. Nesse sentido, a sociedade simples, mesmo revestindo-se da abstrao terica de pessoa jurdica, ostenta um certo carter pessoal, em virtude do forte elo de ligao entre a figura dos scios e a atividade desenvolvida pela sociedade. Assim, a sociedade simples deve realizar seus objetivos sociais com a direta participao ou superviso dos seus scios, no ocorrendo, portanto, uma integral desconfigurao ou despersonalizao da figura destes. A respeito da viso pessoal que caracteriza a sociedade simples, o Juiz corregedor da 1a Vara de Registros Pblicos da cidade de So Paulo, assim pronunciou ...a sociedadeO presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 28 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

simples deve estar amarrada umbilicalmente especialidade dos scios, ao conhecimento prtico ou tcnico que estes ostentam, ou simplesmente atuao direta destes.1 Constata-se, porm, com relao sociedade empresria, uma maior impessoalidade, tornando-se mais latente aquele conceito abstrato de pessoa jurdica, como um ente que adquire vida prpria e distinta da seus scios. Por isso mesmo, o Cdigo Civil, de forma coerente, manteve apartadas as sociedades por aes, classificando-as necessariamente como sociedades empresrias. No poderia ser de forma diversa, na media em que da essncia dessas sociedades a ausncia do liame entre os scios annimos e seu objeto social. Com relao sociedade simples, importante trazer ao estudo as trs diferentes funes cumpridas na sistemtica do atual regime jurdico das sociedades: 1. Tipo societrio- A sociedade simples um dos vrios tipos societrios que a lei pe disposio dos que pretendem explorar atividade econmica conjuntamente. o tipo societrio adequado, por exemplo, aos pequenos negcios, comrcios ou prestadores de servios no-empresrios, aos profissionais liberais (excetuando-se os Advogados, cfe.prev a lei 8.906/94), aos artesos, artistas, etc; 2. Direito SupletivoA sociedade simples serve de modelo genrico para os demais tipos societrios contratuais. As normas da sociedade simples (arts.997 a 1.038 do CC) aplicam-se supletivamente sociedade em nome coletivo(art.1.040 CC), e comandita simples( art.1040 e 1.046 do CC), sociedade (art.1.096 do CC) e, em regra, sociedade limitada (art.1.053, caput do CC); e 3. Natureza de jurdica (ou categoria de sociedades)- Trata-se da funo aqui vista. Assim, as sociedades se consideram simples, segundo o art.982, se no tiverem por objeto o exerccio de atividade prpria de empresrio sujeito a registro. As sociedade dessa categoria podem adotar, como autoriza o art.983 do CC, qualquer um dos tipos das sociedades empresariais (exceto as Sociedades por Aes)e, se no o fizerem, subordinar-se-o s regras que lhes so prprias. J as sociedade empresrias, representando apenas uma categoria de sociedade, conforme j exposto, podero adotar os seguintes tipos de sociedade:1

Artigo disponvel no website do Registro Civil de Pessoas Jurdicas do Rio de Janeiro. O presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 29 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

1. Sociedade em Nome Coletivo; 2. Sociedade Comandita Simples; 3. Sociedade Limitada; 4. Sociedade Annima;e 5. Sociedade Comandita por Aes. Entretanto, estamos vendo que as sociedades empresrias esto assumindo, somente, os tipos de Sociedade Simples, Sociedade Limitada e Sociedade Annima. Resumindo, fazer-se- a identificao da sociedade como empresria observando duas situaes: a) exerccio de atividade prpria de empresrio, que atividade econmica organizada;e b) no incidncia das excees expressas, que so as relativas ao trabalho intelectual, sociedade cooperativa, e por opo, atividade rural e condio de pequeno empresrio. Caso haja enquadramento na situao, salvo algumas excees, no haver grandes problemas a enfrentar. A dvida surgir, no entanto, com relao ao enquadramento das sociedades que exeram atividade econmica organizada. No obstante as caractersticas que lhe atribuam a doutrina, o conceito de organizao da atividade econmica, ausente definio legal, encontra-se ainda obscuro e incipiente. certo que a nova lei veio inspirada na viso societria Italiana. Contudo, no o fez de modo completo, pois uma parte, de suma importncia dessa sistemtica, no foi assumida pela legislao brasileira. A ttulo de exemplo da importncia desta parte rejeitada, e que o Direito brasileiro encontra srios obstculos, podemos citar a discriminao feita pelo Direito Italiano sobre as atividades exercidas pelo empresrio, conforme a seguir: a) Atividade industrial direta para a produo de bens ou de servios; b) Atividade intermediria na circulao de bens; c) Atividade de transporte terrestre, aquavirio ou areo; d) Atividade bancria ou assecuratria; e e) Outras atividades auxiliares das precedentes.O presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 30 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

As atividades apresentadas anteriormente, so caracterizadas, no direito italiano, como prprias de empresrio. Assim, para os idealizadores da Teoria da Empresa, a sociedade que exerce quaisquer das atividades acima, sero sempre empresrias, e devero estar formatadas obedecendo a um dos tipos societrios que o prprio direito brasileiro adotou. Por outro lado, caso a sociedade no exera quaisquer das atividades ali mencionadas, estas sero reguladas pelas normas aplicadas s sociedades simples, a menos que os scios queiram optar por adotar um dos tipos societrios disponveis sociedade empresria. Caso o Direito ptrio (brasileiro) viesse importar os mesmos conceitos adotados pelo Direito italiano, em especial a definio clara e objetiva das atividades que so tpicas de empresrio, a nossa interpretao seria deveras mais tranqilo. 10.1.1. Efeitos prticos da distino entre a sociedade simples e empresria Com a unificao do Direito Privado, tornaram-se bastante similares o regime jurdico aplicvel a sociedade empresrias e sociedade simples, ressalvadas algumas excees. As principais diferenas, que trazem implicaes prticas entre as sociedades simples e empresrias, resumem-se s seguintes questes: a) Processo de execuo coletiva; b) Sistema de escriturao contbil;e c) Sistema de registro. 10.1.1.1Processo de execuo coletiva Por fora do disposto no art.2.037 do Cdigo Civil, o processo de execuo coletiva aplicvel s sociedades empresrias observa a Lei de Falncias e Concordatas. Em se tratando de sociedade simples, incide o processo de insolvncia civil;O presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 31 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

A falncia e a insolvncia civil so processos com idntica finalidade: a execuo coletiva do devedor insolvente. A falncia envolve procedimentos mais complexos e regrais mais gravosas para o devedor, e pode configurar crimes falimentares, os quais no se estendem insolvncia civil. A concordata um instituto restrito aos empresrio, visando preservao da sociedade. Mas o no-empresrio, de forma anloga, poder acordar com os seus credores uma forma de pagamento, que ser submetida homologao judicial. Trata-se de um concordata contratual(...) que se estabelece por acordo entre o devedor e os credores concorrentes. 10.1.1.2. Sistema de escriturao contbil As normas de escriturao contbil a serem observadas, compulsoriamente, por empresrios e sociedades empresrias, encontram-se estabelecidas pelo Cdigo Civil, nos arts.1.179 e seguintes. Tais normas no se dirigem ao no-empresrio ou sociedade simples, os quais se sujeitariam apenas aos preceitos de escriturao decorrentes da legislao fiscal e queles que, de acordo com os princpios gerais da contabilidade, fossem necessrios para demonstrar a regularidade e os resultados dos seus negcios, de acordo com as normas anteriormente existentes. 10.1.1.3.Sistema de Registro O Cdigo Civil adotou um sistema de registro baseado em duas organizaes preexistentes, o Registro Pblico de Empresas Mercantis e o Registro Civil da Pessoas Jurdicas, atribuindo primeira a inscrio dos empresrios individuais e das sociedades empresrias, e ao segundo a inscrio das sociedades simples (Art.1.150) Hoje, com a convergncia de regimes, essa diversidade de registros condiciona efeitos bastantes limitados, que se resumem a diferena nos procedimentos burocrticos de cada rgo. At mesmo porque ao art.1.150 do CC determina que, quando a sociedade simples adotar um dos tipos societrios de sociedadeO presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 32 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

empresria, o Registro Civil de Pessoas Jurdicas dever obedecer s normas fixadas para o Registro Pblico de Empresas Mercantis. Como demonstrado ao longo do presente, a definio da natureza jurdica da sociedade poder dirigir-se para uma zona cinzenta de difcil preciso; nesses casos, as prprias sociedades ou seus scios, segundo a avaliao, indicaro a sua opo, inscrevendo a sociedade no Registro Civil ou no Registro de Empresas. Justamente em funo da impreciso e subjetividade dos conceitos envolvidos, discute-se em doutrina quais as consequncias jurdicas do registro de uma sociedade por rgo incompetente. Alguns j manifestaram entendimento no sentido de que a irregularidade estaria to somente na falta de inscrio, no na inscrio inadequada, uma vez que a finalidade do registro, que a publicidade e a fiscalizao do cumprimento dos preceitos legais aplicveis, estaria, de qualquer sorte, assegurada. Ademais, o Cdigo Civil, ao disciplinar a sociedade em comum (sociedade irregular ou sociedade de fato), assim considera aquela que no se inscreveu (Art.986). Outros, por sua vez, consideram que a sociedade registrada em rgo incompetente encontra-se na mesma situao de um sociedade sem registro. Tratase-ia, portanto, portanto, de sociedade em comum. Ainda h quem entenda que a irregularidade se configuraria apenas quando a inadequao do registro fosse manifesta, ou quando houvesse evidente intuito de fraudar a lei. Nesses casos, o registro poderia ser desconstitudo, ou ter os seus efeitos afastados, por deciso judicial. Desse modo, o Registro Civil e a Junta Comercial, afora as hipteses de enquadramento evidente, devero aceitar, nas situaes imprevistas, as declaraes dos prprios scios e a manifestao de vontade dos requerentes. Por fim, vale lembrar que, no momento da constituio da sociedade, a estrutura que se lhe pretende conferir nem sempre estar claramente evidenciada. Por outro lado, essa estrutura poder compor-se, progressivamente, com o passar do tempo, quando a sociedade deveria se converter em sociedade empresria, mediante o registro na junta Comercial e a consequente baixa no Registro Civil-tudo precedido, quando necessrio, da competente transformao(ajuste do tipo). AO presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 33 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

hiptese inversa tambm poder acontecer, com a converso da sociedade empresria em sociedade simples.

10.2

Sociedade em Nome Coletivo A Sociedade em Nome Coletivo regida pelo Cdigo Civil entre os seus artigos

1.039 a 1.044, e no que for omisso, aplicar-se-lhe-, no que couber, a regulamentao pertinente s Sociedade Simples, compreendida nos arts.997 a 1.038 do Cdigo Civil. Sob a vigncia do Cdigo Comercial este tipo societrio permitia pessoa jurdica como scio, o que na era do novo Cdigo Civil isto no mais permitido, conforme preceitua o art.1.039. Art.1.039.Somente pessoas fsicas podem tomar parte na sociedade em nome coletivo, respondendo todos os scios, solidria e ilimitadamente, pelas obrigaes sociais. Como mencionado acima, neste tipo de sociedade todos os scios, pessoas fsicas, respondem ilimitadamente e solidariamente pelas obrigaes sociais. Cabe ressaltar que apesar de a responsabilidade ser ilimitada, os scios sempre respondem de forma subsidiria, ou seja, primeiro necessrio exaurir o patrimnio da sociedade, para posteriormente, havendo necessidade de complementao de fundos, adentrar no patrimnio pessoal dos scios. Assim, quanto possibilidade dos scios responderem com seu patrimnio pessoal obrigaes sociais, o pargrafo nico do art.1.039 CC, institui a possibilidade deles, no ato constitutivo ou em deliberaes posteriores, limitar entre si a responsabilidade de cada um, limitando-a de alguma forma. Art.1.039.... Pargrafo nico.Sem prejuzo da responsabilidade perante terceiros, podem os scios, no ato constitutivo, ou por unnime conveno posterior, limitar entre si a responsabilidade de cada um.

O presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 34 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

importante salientar que est limitao, seja no ato constitutivo ou em deliberaes posteriores no ser oponvel a terceiros, pois so solidrios. Isto pacto interno, afetando apenas as relaes os scios entre si. Sobre a administrao da sociedade, diferentemente das demais, esta caber, exclusivamente, aos scios, conforme estipula o art.1.042 do CC. Art.1.042.A Administrao da sociedade compete exclusivamente a scios, sendo o uso da firma, nos limites do contrato, privativos dos que tenham os necessrios poderes. Este administrador ser designado por contrato, que lhe conferir os respectivos poderes. Porm, no havendo no contrato social a indicao do scio administrador, presumir-se- que todos detm os mesmos poderes, isto dito pelo art.1.013 c/c 1.040 do CC. Art.1.013 . A administrao da sociedade, nada dispondo o contrato social, compete separadamente a cada um dos scios. 1O Se a administrao da sociedade competir separadamente a vrios administradores, cada um pode impugnar operao pretendida por outro, cabendo a deciso aos scios, por maioria de votos. 2o Responde por perdas e danos perante a sociedade o administrador que realizar operaes, sabendo ou devendo saber que estava agindo em desacordo com a maioria. A dissoluo da sociedade em nome coletivo dar-se- de pleno direito por qualquer das causas enumeradas no art.1.033 (c/c 1.040) do Cdigo Civil, ou, se empresria pela falncia. Art.1.033. Dissolve-se a sociedade quando ocorrer: IO vencimento do prazo de durao, salvo se, vencido este e sem oposio de scio, no entrar a sociedade em liquidao, caso em que se prorrogar por tempo indeterminado; IIIIIO consenso unnime dos scios; A deliberao dos scios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado;O presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 35 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

IVV10.3

A falta de pluralidade de scios, no reconstituda no prazo de cento e oitenta dias; A extino, na forma da lei, de autorizao para funcionar.

Sociedade em Comandita Simples. Segundo Fbio Ulhoa, a expresso comandita tem relao mediata com a idia

de confiana. Segundo relata Ripert, a sociedade em comandita nasceu do contrato de encomenda, praticado na Idade Mdia, principalmente nas cidades italianas e no comrcio martimo, denominado contrat de command. Command deriva da palavra latina commendare, que significa confiar. Uma pessoa( o comanditrio, aquele que confiava) entregava mercadorias ou soma de dinheiro a um comerciante ou ao capito ( o comanditado, aquele que era depositado a confiana) mediante partes dos lucros da expedio. Este tipo sociedade regida pelos artigos 1.045 ao 1.051 do Cdigo Civil, sendo aplicada a este tipo de sociedade, de forma subsidiria, as normas pertinentes as sociedades em Nome Coletivo, cfe.art.1.046 CC. A sua existncia se d quando duas ou mais pessoas se associam para fins comerciais, obrigando-se uns como scios solidrios e outros como simples prestadores de capital, sendo este ltimo com responsabilidade limitada s suas contribuies de capital. Os scios solidrios so chamados de comanditados e os scios prestadores de capital recebem a nomenclatura de comanditrios. Os primeiros so aqueles que entram com capital e trabalho, assumindo a direo da empresa e s podem ser pessoas fsicas. J o segundo, comanditrio, so aqueles que prestam somente o capital e no tem qualquer ingerncia na sociedade, conforme art.1.047 CC. Caso este scio venha infringir esta regra estar ele sujeito s responsabilidades de scio comanditado, principalmente aquela referente a responsabilidade ilimitada 10.4. 10.4.1 Sociedade Cooperativa Conceito

O presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 36 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

O cooperativismo teve origem no sculo XIX, primeiro na Inglaterra depois na Sua, Alemanha e Frana, a partir da idias do ingls Robert Owen (1771-1858), a quem a doutrina autorizava credita a primazia as idealizao do movimento e a criao do seus princpios fundamentais. O princpio fundamental do cooperativismo ajuda mtua e o trabalho solidrio, sem intuito de lucro. Owen acreditava que o homem um produto do meio social. Combateu o lucro e a concorrncia, despertando nos trabalhos o interesse pelo trabalho compartilhado e o uso comum da riquezas naturais. No Brasil, estas sociedades foram disciplinadas no 2o art.174 da Constituio Federal de 1988, na Lei 5.764 de 1971(Leis das Cooperativas), pela Lei 8.949, que alterou o art.442 da CLT, e pelos artigos 1.093 ao 1.096 do Cdigo Civil. Art.174.... 2o A lei apoiar e estimular o cooperativismo e outras formas de associativismo. Dentre as conceituaes existentes na doutrina ptria, prefiro a dada pela Profa. Maria Helena Diniz: uma associao sob forma de sociedade simples, com nmero aberto de membros, que tem por escopo estimular a poupana, a aquisio de bens e a economia de seus scios, mediante atividade econmica comum. Podemos tambm apresentar o conceito estabelecido pelo o art.3 da Lei 5.764 de 1971: Art.3. Celebram contrato de sociedade cooperativa as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir com bens ou servios para o exerccio de uma atividade econmica, de proveito comum, sem objetivo de lucro. 10.4.2. Natureza Jurdica Conforme preceitua o nico do art.982 do Cdigo Civil, as sociedades cooperativas, independente do seu objeto, sero sempre sociedade simples. Art.982... Pargrafo nico. Independentemente de seu objeto, considera-se empresria a sociedade por aes; e, simples, a cooperativa.O presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 37 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

Por ser uma sociedade de natureza simples, ou seja, no enquadrada como sociedade empresria, esta sociedade est submetida ao regime de dissoluo voluntria ou judicial, bem como ao instituto de insolvncia civil, e no de falncia. Para ratificar este entendimento, o art.4 da Lei 5.764/71 Art.4.As cooperativas so sociedades de pessoas, com forma e natureza jurdica prprias, de natureza civil, no sujeitas falncia, constitudas para prestar servios aos associados, distinguindo-se das demais sociedades pelas seguintes caractersticas: IIIadeso voluntria, como nmero ilimitado de associados, salvo a impossibilidade tcnica de prestao de servios; ......

Sobre a possibilidade de haver interpretao sobre a caracterstica de capital da sociedade, o mesmo artigo acima, esclarece que a sociedade cooperativa um sociedade de pessoas, porm, no intuitu personae, pois assegura o livre ingresso e a sada de pessoas que exeram as mesmas atividades aglutinadas pela cooperativa. Outra questo marcante nesta espcie societria, distinguindo-a das demais sociedades, diz respeito ao intuito lucrativo, trao genrico das sociedades empresrias. Na Cooperativa substitudo pelo proveito comum resultante do esforo solidrio dos cooperados. Para entender o que foi dito acima, vamos ao seguinte exemplo: Imaginemos que somos um cooperativa de consumo, ou seja, um mercado, voltado somente para seus associados. Ento, esta cooperativa compra do fornecedor um litro de leite ao preo de R$1,00 e revende ao associado por R$1,30. Esta diferena de R$0,30 no lucro, mas sim despesas com a luz, mo-de-obra, aluguel, impostos, etc. Caso fosse um sociedade empresria mercado, este produto estaria, por exemplo, a R$ 1,40, sendo R$ 0,30 centavos para cobrir as despesas administrativas/impostos e R$0,10 o lucro do empresrio.

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importante frisar que nada obsta que a sociedade cooperativa venha obter lucro em suas operaes, como no exemplo acima, porm este lucro ser revertido a todos os associados daquela sociedade, ou seja, o bem comum. 10.4.2 Caractersticas A lei 5.764/71, em seu art.4o, enumerava as caractersticas das sociedades cooperativas. Contudo, o art.1.094 do Cdigo Civil reordenou-as, inclusive alterando alguns elementos jurdicos. De qualquer modo, os novos traos trazidos pelo Cdigo Civil tambm permitem distingui-la dos demais tipos sociais. Art.1.094. So caractersticas da sociedade cooperativa. IIIIIIIVVVIVIIvariabilidade ou dispensa do capital social; concurso de scios em nmero mnimo necessrio para compor a administrao da sociedade, sem limitao do nmero mximo; limitao do valor da soma de quotas do capital social que cada scio poder tomar; intransferibilidade das quotas do capital a terceiros sociedade, ainda que por herana; quorum, para assemblia geral funcionar e deliberar, fundado no nmero de scios presentes reunio, e no no capital social representado; direito de cada scio a um s voto nas deliberaes, tenha ou no capital a sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participao; distribuio dos resultados, proporcionalmente ao valor das operaes efetuadas pelo scio com a sociedade, podendo ser atribudo juro fixo ao capital realizado; VIIIindivisibilidade do fundo de reserva entre os scios, ainda que em caso de dissoluo da sociedade. Como menciona o Professor Rubens Requio, as diferenas entre as caractersticas estabelecidas no Cdigo Civil e as da Lei 5.764/71 so vrias, cumprindo no momento comentar as mais importantes:O presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 39 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

a) b)

ao capital, que pode existir ou no, pelo Cdigo Civil e era necessrio na lei especial, embora pudesse variar; aos scios, em nmero mnimo necessrio para organizar os rgos sociais, segundo o Cdigo Civil, e de vinte, no mnimo, pela Lei 5.764/71;

c)

ao nmero ilimitado de scios, segundo o Cdigo Civil, e limitado capacidade de prestao de servios, de reunio, controle e operaes, pela lei 5.764/71.

Entende-se tambm que o Cdigo Civil no faz referncia ao principal elemento caracterstico da cooperativa, que a prestao de assistncia aos associados, o que acentuado em vrias passagens da Lei 5.764/71. Isto se d no momento que a cooperativa se forja no esforo comum solidrio, objetivando a explorao de uma atividade fundada na ajuda mtua, visando melhoria das condies de vida dos associados. 10.4.4. Do ato constitutivo A sociedade cooperativa se constitui por deliberao dos fundadores, reunidos em Assemblia Geral, da qual se lavrar a ata, ou por declarao de vontade contida em instrumento pblico. Este ato constitutivo, para ser eficaz, deve conter: IIIIIIIVVdenominao, sede e objeto social; identificao e qualificao completa dos fundadores, incluindo domiclio e idade; o nmero e o valor das quotas-partes assumidas pelo fundador; a declarao de aprovao do Estatuto da entidade; eleio dos membros do rgos de administrao, fiscalizao e outros.

Um ponto controverso diz respeito ao registro do ato constitutivo de uma sociedade cooperativa. Enquanto a lei 5.764/71 diz que dever ser registrado no Registro Pblico de Empresas Mercantis, operado pela Juntas Comerciais, o Cdigo Civil, atravsO presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 40 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

do seu art.1.150, diz que dever ser registrado no Registro Civil de Pessoas Jurdicas, tendo em vista a sua classificao como sociedade simples. Art.1.150. O empresrio e a sociedade empresria vinculam-se ao Registro Pblico de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e as sociedades simples ao Registro Civil das Pessoas Jurdicas, o qual dever obedecer s normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresria. Art.982... Pargrafo nico. Independente do seu objeto, considera-se empresria a sociedade por aes; e, simples, a cooperativa. Sobre este tema, os Professor Rubens Requio tem a seguinte opinio: O Cdigo Civil tendo classificado a cooperativa como sociedade simples, atribui competncia ao Registro Civil de Pessoas Jurdicas para o lanamento dos atos relativos a tais entidades, temos que o registro peculiar passa a ser este ltimo. O professor Fbio Ulhoa segue o mesmo raciocnio empregado por Rubens Requio. A posio contrria a este entendimento, v que o art. 1.093 do Cdigo Civil atribui competncia lei 5.764/71 para dispor sobre o assunto. Art.1.093. A sociedade cooperativa reger-se- pelo disposto no presente captulo, ressalvada a legislao especial. Ento, segundo esta parte da doutrina, o artigo acima remete competncia ao art.18 da Lei 5.764/71, o qual determina o arquivamento de seu ato constitutivo na Junta Comercial. Art.18....verificada, no prazo mximo de 60(sessenta dias), a contar da data de entrada em seu protocolo, pelo respectivo rgo executivo federal de controle ou rgo local para isso credenciado, a existncia de condies de funcionamento da cooperativa em constituio, bem como a regularidade da documentao apresentada, o rgo controlador devolver, devidamente autenticada, 2(duas) vias cooperativa, acompanhadas de documento dirigido Junta Comercial do Estado, onde a entidade estiver sediada, comunicando a aprovao do ato constitutivo da requerente.O presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 41 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

10.4.5

Classificao As sociedades cooperativas esto classificadas da seguinte forma: ISociedades Cooperativas Singulares- So aquelas formadas por pessoas fsicas, preferencialmente. Esto voltadas para a prestao de servios aos associados; IICooperativas Centrais ou Federaes de Cooperativas- So aquelas formadas por, no mnimo, trs cooperativas singulares, admitidos por exceo associados individuais. Tem o objetivo de organizar os servios econmicos e assistenciais de interesse das filiadas, orientando suas atividades, facilitando a utilizao recproca de servios; IIIConfederaes de Cooperativas- So aquelas constitudas por, pelo menos, trs federaes de cooperativas ou cooperativas centrais. Tem por objetivo coordenar a atividade das filiadas nos casos em que o vulto dos empreendimentos ultrapassar o mbito e a capacidade ou convenincia de atuao das centrais e federaes.

10.4.6

Dos Scios

10.4.6.1 Aspectos gerais Nas cooperativas singulares, os scios sero pessoas naturais, com plena capacidade civil, devendo ter atividade no ramo de atuao da cooperativa. Ser excepcional a admisso de pessoas jurdicas, ainda assim apenas daquelas que tenham por objeto as mesmas ou correlatas atividades econmicas desenvolvidas pelo outros associados, pessoas naturais. A prpria lei 5.764/71 identifica as excees em favor das pessoas jurdicas que exeram as mesmas atividades das pessoas fsicas associadas( caso das empresas de pesca, de produo rural ou extrativista). Os scios cooperados sero titulares de quotas-partes do capital, ou, nas cooperativas que no tiverem capital, aqueles que preencherem as condies de associao e lhes for deferido o ingresso, o que lhes assegurar o status prprio, caracterizado peloO presente material apenas para auxiliar na conduo do estudo sobre o direito societrio. Torna-se 42 necessria consulta a doutrinas para um estudo mais detalhado. Este material no guarda qualquer responsabilidade da Plnio Leite, sendo ele apenas um compilado de diversos autores relacionados ao Direito Societrio.

direito de interveno na administrao por meio do voto e da fiscalizao, alm do direito patrimonial de participar do retorno de sobras lquidas do exerccio e de usufruir dos servios que forem prestados pela cooperativa. Caracterstica do status de scio da cooperativa a de, alm de ser participante do organismo como associado, poder usufruir dos servios que ela preste. scio e usurio dos servios da cooperativa, ao mesmo tempo. Isto na verdade reflete o objetivo de colaborao recproca entre os seus membros, bem como afastar a idia do lucro como objetivo da cooperativa. Nos demais tipos de sociedade, o usufruto de bens e servios da sociedade pelo scio objeto de srias restries. No pode ingressar no quadro de scios da cooperativa o empresrio que opere no mesmo ramo da cooperativa. 10.4.6.2. Relao com a cooperativa A relao dos cooperados com a sua cooperativa tem caracterstica especial, no podendo ser confundida com relao de emprego, mesmo no caso de cooperativa de servios. Os atos praticados pe