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Apostila - Estilos de Vida Sustentáveis

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Apostila do curso sobre Estilos de vida sustentavel, da ANA.

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  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    Copyright - 2013 Ministrio do Meio Ambiente.

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    danos financeiros, administrativos ou comerciais, resultantes do uso incorreto das

    informaes contidas nesta publicao.

  • Sumrio

    1. INTRODUO ....................................................................................................................................... 5

    1.1. Introduo ao tema ..................................................................................................................................... 5

    1.2. Glossrio ..................................................................................................................................................... 7

    2. CONSUMO ............................................................................................................................................ 10

    2.1. Introduo ................................................................................................................................................ 10

    2.2. Conceitos de consumo ............................................................................................................................... 16

    2.3. Impactos socioambientais do consumo ...................................................................................................... 22

    2.4. Responsabilidades do cidado-consumidor ................................................................................................ 24

    2.5. Proposta de mudana de padro de consumo ............................................................................................ 30

    2.6. Certificao e rotulagem ambientais .......................................................................................................... 36

    2.7. Maquiagem verde (Greenwashing) ............................................................................................................ 42

    2.8. Dicas prticas para um consumo sustentvel ............................................................................................. 47

    3. GUA E ENERGIA .............................................................................................................................. 54

    3.1. Introduo: Universo da gua .................................................................................................................... 54

    3.2. Usos da gua ............................................................................................................................................. 60

    3.3. Dicas prticas para economia de gua ....................................................................................................... 67

    3.4. Tcnicas de reaproveitamento e armazenamento da gua ......................................................................... 74

    3.5. Introduo: energia tudo ........................................................................................................................ 76

    3.6. Fontes de energia ...................................................................................................................................... 81

    3.7. Dicas prticas para economia de energia ................................................................................................... 85

    4. RESDUOS SLIDOS DOMSTICOS .............................................................................................. 92

    4.1. Introduo ................................................................................................................................................ 92

    4.2. Resduos slidos no Brasil .......................................................................................................................... 97

    4.3. Resduos perigosos .................................................................................................................................. 105

    4.4. Impactos dos resduos ............................................................................................................................. 115

    4.5. E o que o consumo tem a ver com isso? ................................................................................................... 119

    4.6. Repensar, reduzir, recusar, reutilizar e reciclar (5Rs) ................................................................................ 123

    4.7. Dicas prticas .......................................................................................................................................... 128

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

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    5. HABITAES SUSTENTVEIS ..................................................................................................... 137

    5.1. Introduo .............................................................................................................................................. 137

    5.2. Impactos da construo ........................................................................................................................... 140

    5.3. Ecovilas, permacultura e bioconstruo ................................................................................................... 142

    5.4. Sustentabilidade na sua construo ......................................................................................................... 153

    5.5. Gesto de resduos de construo ........................................................................................................... 169

    5.6. Cuidados ao adquirir um imvel .............................................................................................................. 173

    5.7. Materiais de limpeza ............................................................................................................................... 174

    6. TRANSPORTE E MOBILIDADE URBANA ................................................................................. 175

    6.1. Introduo .............................................................................................................................................. 175

    6.2. Transporte sustentvel ............................................................................................................................ 182

    6.3. Meios de transporte no motorizados ..................................................................................................... 188

    6.4. Casos bem-sucedidos .............................................................................................................................. 189

    6.5. O que voc pode fazer ............................................................................................................................. 194

    7. OUTROS TEMAS PARA REFLEXO ............................................................................................ 196

    7.1. Sade ...................................................................................................................................................... 197

    7.2. Alimentao ............................................................................................................................................ 200

    7.3. Lazer ....................................................................................................................................................... 204

    7.4. Ecoturismo .............................................................................................................................................. 207

    7.5. Pegada Sustentvel ................................................................................................................................. 211

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

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    1. INTRODUO

    Este material contm os assuntos tratados no curso Estilos de vida

    sustentveis e pode ser utilizado como material de consulta e complemento.

    Objetivo:

    Incentivar a reflexo, discusso e ao interativas com informaes e conceitos

    sobre mudana em favor de estilos de vida sustentveis.

    Objetivos especficos:

    Apresentar alternativas que possam substituir os atuais padres de consumo

    insustentvel.

    Apresentar os impactos negativos causados pelo atual padro de consumo e

    produo de bens.

    Indicar que possvel que voc tenha outras prticas mais sustentveis em

    seu cotidiano.

    Promover o debate acerca do atual padro de consumo e produo de bens.

    Pblico-alvo:

    Cidados-consumidores de ambos os sexos com faixa etria acima de 16 anos.

    1.1. INTROD U O A O TEMA

    Sustentabilidade tornou-se um princpio essencial a partir do crescimento da

    populao mundial e de uma economia fundamentada no sobre-consumo dos recursos

    naturais. Uma vez que a vida de cada um depende da utilizao desses recursos,

    hora de reunir prticas verdes, dicas ecolgicas e modo de vida sustentvel como

    ferramentas que podem auxiliar na reduo da pegada de carbono.

    Segundo a ONU, at 2027, aproximadamente 85% da populao mundial

    habitaro as grandes cidades. a demanda por produtos e servios voltados a quem

    vive nas cidades que resulta na devastao do meio ambiente, na poluio em todos

    os nveis e na escassez de recursos naturais.

    Adaptar as regras de sustentabilidade mais gerais a escolhas de estilo de vida

    pessoal um pequeno, mas importante passo na expanso de uma sociedade que

    vive harmonicamente com a Terra.

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

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    Existem muitos fatores que contribuem para o comportamento humano e as

    escolhas que cada um de ns fazemos ao determinar como vivemos. Nosso estilo de

    vida reflete como vemos o mundo, ns mesmos e nossos valores.

    O estilo de vida representa o conjunto de aes cotidianas que reflete as atitudes

    e valores das pessoas. Estes hbitos e aes conscientes esto associados

    percepo de qualidade de vida que o indivduo traz consigo. Os componentes do

    estilo de vida podem mudar ao longo dos anos, mas isso s acontece se a pessoa

    conscientemente enxergar algum valor em algum comportamento que deva incluir ou

    excluir, alm de perceber-se como capaz de realizar as mudanas pretendidas.

    (Fonte: http://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/RBAFS/article/viewFile/1002/1156)

    Os estilos de vida nos ajudam a satisfazer nossas necessidades e aspiraes e

    funcionam como dilogos sociais atravs dos quais comunicamos para os outros

    nossa posio na sociedade e as coisas que gostamos.

    Entretanto, eles tm um enorme impacto no fluxo de bens e servios na

    sociedade e esto intimamente ligados produo, aos padres de consumo e

    extrao de recursos em nossa sociedade.

    (Fonte: Sustainable lifestyles: Todays facts & tomorrows trends. Disponvel em: http://www.sustainable-

    lifestyles.eu/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/FinalDownload/DownloadId-

    4C6D3F6A3D763C3FFE6067B6E70965EB/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-

    20EC98DDA95E/fileadmin/images/content/D1.1_Baseline_Report.pdf. Traduo: Ktia Cortez)

    Os atuais estilos de vida e padres de consumo so insustentveis. Os nveis de

    consumo tm crescido 6 vezes mais desde os anos 60. A populao global dobrou,

    enquanto as despesas por pessoa com consumo quase triplicou. Alimentao,

    habitao, transporte e turismo so responsveis por grande parte das presses e

    impactos causados pelo consumo na Europa, por exemplo.

    O Estilo ou Modo de Vida Sustentvel a reunio de diversas escolhas de vida

    que visam adaptar os modelos globais de sustentabilidade escala da comunidade e

    da famlia. um estilo de vida que atenta para o uso individual e coletivo de recursos

    naturais, para a reduo da pegada de carbono, e busca uma melhor qualidade de

    vida ao mesmo que tempo que contribui com a recuperao e preservao do meio

    ambiente. Alm de permitir s pessoas suprirem suas necessidades pessoais e

    aspiraes, sem privar as atuais e futuras geraes de fazerem o mesmo.

    (Fonte: Estilo de vida sustentvel (Fernanda Capdeville))

    Suprir nossas necessidades individuais e desejos dentro dos limites dos recursos

    disponveis o nosso desafio coletivo!

    http://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/RBAFS/article/viewFile/1002/1156http://www.sustainable-lifestyles.eu/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/FinalDownload/DownloadId-4C6D3F6A3D763C3FFE6067B6E70965EB/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/fileadmin/images/content/D1.1_Baseline_Report.pdfhttp://www.sustainable-lifestyles.eu/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/FinalDownload/DownloadId-4C6D3F6A3D763C3FFE6067B6E70965EB/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/fileadmin/images/content/D1.1_Baseline_Report.pdfhttp://www.sustainable-lifestyles.eu/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/FinalDownload/DownloadId-4C6D3F6A3D763C3FFE6067B6E70965EB/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/fileadmin/images/content/D1.1_Baseline_Report.pdfhttp://www.sustainable-lifestyles.eu/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/FinalDownload/DownloadId-4C6D3F6A3D763C3FFE6067B6E70965EB/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/fileadmin/images/content/D1.1_Baseline_Report.pdf

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

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    O estilo de vida sustentvel est diretamente ligado com o desenvolvimento

    sustentvel, que contempla cinco pilares para a sustentabilidade:

    Social: fundamental por motivos tanto intrnsecos quanto instrumentais, por

    causa da perspectiva de rompimento social que paira de forma ameaadora

    sobre muitos lugares problemticos do nosso planeta.

    Ambiental: com as suas duas dimenses (os sistemas de sustentao da vida

    como provedores de recursos e como recipientes para a disposio de

    resduos).

    Territorial: relacionado distribuio espacial dos recursos, das populaes e

    das atividades.

    Econmico: sendo a viabilidade econmica uma condio para que as coisas

    aconteam.

    Poltico: a governana democrtica um valor fundador e um instrumento

    necessrio para fazer as coisas acontecerem; a liberdade faz toda a diferena.

    Apesar de alguns verem o modo de vida sustentvel como um passo para trs

    tecnologicamente, a verdade que muitos dos que praticam esse estilo de vida o

    fazem por meio das mais avanadas tecnologias. Os estilos de vida sustentveis

    requerem uma grande mudana no comportamento individual e na colaborao entre

    pessoas e comunidades. E, alm disso, implicam na necessidade do desenvolvimento

    de infraestruturas alternativas e solues viveis que respeitem as distintas realidades

    socioculturais.

    Na qualidade de cidado, em casa e no trabalho, muitas das escolhas tomadas

    em conformidade com o estilo de vida, relativas habitao, alimentao, ao

    vesturio, higiene, ao uso de energia, de gua, ao transporte e ao tratamento de

    resduos, tm papel fundamental na mudana climtica, na perda da diversidade e nas

    desigualdades no mundo. Portanto, uma melhor compreenso dos estilos de vida

    sustentveis, bem como uma maior inovao no desenvolvimento de solues

    sustentveis em diferentes partes do mundo so cruciais para se alcanar a

    sustentabilidade.

    (Fonte: Estilo de vida sustentvel (Fernanda Capdeville))

    1.2. GLOS S RIO

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    8

    Neste material existem alguns termos tcnicos bastante especficos aos temas

    tratados. Pensando nisso, apresentamos um breve glossrio contendo esses

    conceitos. Em caso de dvidas, retorne ao glossrio e consulte o termo desconhecido:

    gua cinzenta: se refere a qualquer gua proveniente de processos

    domsticos como lavar loua, roupa e tomar banho.

    gua negra: provinda dos vasos sanitrios.

    gua pluvial: aquela que vem da chuva.

    gua virtual: aquela utilizada para produzir qualquer produto ou servio, mas

    que no calculada formalmente nos custos e despesas de um processo

    produtivo, e de compra e venda.

    Alimentos transgnicos: alimentos geneticamente modificados com o objetivo

    de melhorar a qualidade e aumentar a produo e a resistncia s pragas,

    visando ao lucro.

    Aterro controlado: rea de disposio final de resduos slidos que consiste

    em uma fase intermediria entre o lixo e o aterro sanitrio. Normalmente

    uma clula adjacente ao lixo que foi remediado, ou seja, recebeu cobertura de

    argila, e grama e captao de chorume e gs.

    Aterro sanitrio: rea disposio final de resduos slidos que teve o terreno

    preparado previamente com o nivelamento de terra sua impermeabilizao.

    Desta forma, os lenis freticos no sero contaminados pelo chorume.

    Coleta seletiva: termo utilizado para o recolhimento dos materiais que so

    possveis de serem reciclados, previamente separados na fonte geradora.

    Combustveis fsseis: so substncias de origem mineral, formadas pelos

    compostos de carbono e originadas pela decomposio de resduos orgnicos.

    Compostagem: o conjunto de tcnicas aplicadas para controlar a

    decomposio de materiais orgnicos, com a finalidade de obter, no menor

    tempo possvel, um material estvel, rico em hmus e nutrientes minerais, o

    qual usado como adubo.

    Consumo tico/responsvel/consciente: aquele em que os consumidores

    devem ter compromisso tico, conscincia e responsabilidade quanto aos

    impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem

    causar em ecossistemas e outros grupos sociais.

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

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    Consumo sustentvel: essa proposta enfatiza tanto as inovaes tecnolgicas

    e as mudanas nas escolhas individuais de consumo quanto as aes coletivas

    e as mudanas polticas, econmicas e institucionais.

    Consumo verde: aquele e que o consumidor, alm de buscar melhor qualidade

    e preo, inclui em seu poder de escolha a varivel ambiental, dando preferncia

    a produtos e servios que no agridam o meio ambiente.

    Ecossaneamento: fundamenta-se na separao das diferentes formas de

    guas residurias nas suas origens e, atravs da reciclagem de gua e de

    nutrientes, promove a reduo no consumo de gua e energia em atividades de

    saneamento.

    Energia elica: energia produzida a partir da fora dos eventos.

    Energia hidrulica: energia obtida a partir da energia potencial de uma massa

    de gua.

    Energia nuclear: energia liberada numa reao nuclear, ou seja, em processos

    de transformao de ncleos atmicos.

    Energia termeltrica: obtida a partir da energia liberada por qualquer produto

    que possa gerar calor.

    Estilo de vida sustentvel: Reunio de diversas escolhas de vida que visam

    adaptar os modelos globais de sustentabilidade escala da comunidade e da

    famlia.

    Estilo de vida: conjunto de aes cotidianas que reflete as atitudes e valores

    das pessoas.

    Habitao sustentvel: aquela em que a adequao ambiental, a viabilidade

    econmica e a justia social so incorporadas em todas as etapas do seu ciclo

    de vida, ou seja, desde a fase de concepo, construo, uso a manuteno;

    at em um processo de demolio.

    Hidrovias interiores: tambm chamadas de vias navegveis interiores, se

    referem aos rios, lagos ou lagoas nas quais a navegao pode ocorrer.

    Logstica reversa: retorno de produtos, embalagens ou materiais ao seu centro

    produtivo.

    Maquiagem verde (Greenwashing): prtica realizada por algumas empresas,

    que consiste em aparentar uma atitude socioambiental, mas sem realizar, de

    fato, aes efetivamente teis ao meio ambiente.

    Obsolescncia programada: quando produtos so concebidos pela indstria

    para se tornarem inutilizveis num curto prazo de tempo.

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    10

    Obsolescncia: condio que ocorre a um produto ou servios que deixa de

    ser til.

    Pegada ecolgica: metodologia que busca examinar como a forma de vida das

    pessoas deixa rastro e marcas no meio ambiente, estando diretamente ligada,

    portanto, aos padres de consumo dos indivduos.

    Pegada hdrica: indicador do uso da gua que analisa seu uso de forma direta

    e indireta, tanto do consumidor quanto do produtor.

    Placas fotovoltaicas: dispositivos utilizados para converter a energia da luz do

    Sol em energia eltrica.

    Responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos: conjunto

    de atribuies que faz com que fabricantes, importadores, distribuidores,

    comerciantes e consumidores atuem tanto na reduo da gerao de resduos

    slidos, do desperdcio de materiais, da poluio e dos danos ambientais

    quanto no estmulo ao desenvolvimento de mercados, produo e consumo de

    produtos derivados de materiais reciclados e reciclveis.

    Sociedade de consumo: expresso utilizada para se referir sociedade

    contempornea.

    Sustentabilidade: capacidade de o ser humano suprir suas atuais

    necessidades sem comprometer o futuro das prximas geraes.

    2. CONSUMO

    2.1. INTROD U O

    O sistema industrial produz muitos e muitos bens de consumo, o que acaba

    sendo considerado por muitas pessoas como um smbolo de sucesso das economias

    modernas baseadas no capital, como a nossa.

    Entretanto, essa enorme quantidade de bens de consumo comeou a ser

    criticada por aqueles que consideram o consumismo (valorizao do ter ao invs do

    ser) um dos principais problemas da nossa sociedade.

    (Fonte: Manual de educao e consumo sustentvel. Disponvel em:

    http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

    Os questionamentos acerca do consumo exigem que primeiro se saiba a

    diferena entre o consumo e o consumismo:

    http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    11

    Consumo: atividade exercida pelo consumidor que consiste em consumir o

    bsico, de maneira consciente.

    Consumismo: atividade exercida pelo consumista que consiste em consumir de

    forma desenfreada ou desnecessria.

    O problema no consumo - visto que essa uma atividade natural de ser

    humano e indispensvel na nossa sociedade , mas sim o consumo em excesso,

    desenfreado, sem conscincia e dispensvel para a nossa qualidade de vida.

    Segundo relatrio produzido pelo Worldwatch Institute em 2010, na ltima

    dcada, a humanidade aumentou seu consumo de bens e servios em 28%. Somente

    em 2008, foram vendidos no mundo 68 milhes de veculos, 85 milhes de

    refrigeradores, 297 milhes de computadores e 1,2 bilho de telefones celulares.

    Alm de excessivo, o consumo desigual. Em 2006, os 65 pases com maior

    renda, que somam 16% da populao mundial, foram responsveis por 78% dos

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    12

    gastos em bens e servios. Somente os americanos, representantes de apenas 5% da

    populao mundial, abocanharam uma fatia de 32% do consumo global.

    Entretanto, a pior notcia que nem mesmo um padro de consumo mdio,

    equivalente ao de pases como Tailndia ou Jordnia, seria suficiente para atender

    igualmente todos os habitantes do planeta. A concluso do relatrio no deixa dvidas:

    sem uma mudana cultural que valorize a sustentabilidade e no o consumismo, no

    haver esforos governamentais ou avanos tecnolgicos capazes de salvar a

    humanidade dos riscos ambientais e sociais.

    (Fonte: http://www.agrosoft.org.br/agropag/214852.htm)

    No que concerne forma com que os brasileiros consomem, a revista Exame fez

    uma previso de como ser o consumo no Brasil em 2020. Tal previso foi realizada

    com base numa pesquisa exclusiva da consultoria americana McKinsey,

    complementada por dados da empresa de geomarketing Escopo. Vejamos seus

    principais resultados.

    O estudo indica que no intervalo de uma dcada, o mercado consumidor

    brasileiro ir quase dobrar de tamanho: de 2,2 trilhes para 3,5 trilhes de reais, sendo

    que esse valor abarca todos os gastos das famlias, que vo de moradia e escola ao

    carrinho do supermercado.

    Desse total, a McKinsey analisou o comportamento das 45 principais categorias

    de produtos consumidos no pas, que incluem cosmticos, comida congelada e

    vesturio, os quais devero movimentar 1,3 trilhes de reais no fim da dcada. J a

    Escopo projetou o consumo de itens como carros, eletrodomsticos e passagens

    areas. Somadas, as 55 categorias representaro um mercado de quase 1,8 trilhes

    de reais em 2020, ante 800 bilhes de hoje.

    http://www.agrosoft.org.br/agropag/214852.htm

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    13

    Algumas projees do a noo do salto frente: at o fim desta dcada, os

    brasileiros devero consumir tanto macarro quanto os italianos; devemos ter o

    terceiro maior mercado de carros do mundo; o consumo de cerveja, que era metade

    do alemo em 2005, dever ser trs vezes maior; o valor das vendas de produtos para

    cabelo, apenas na cidade de So Paulo, vai crescer o dobro do que na Frana. Assim,

    o consumo no pas dever ganhar outra dimenso, chegando a 65% de um PIB de 5

    trilhes de reais.

    Hoje o pas o oitavo maior mercado consumidor do mundo. A previso

    realizada pela Exame indica que, at 2020, o Brasil dever ultrapassar Frana,

    Inglaterra e Itlia e chegar ao quinto posto.

    (Fonte: http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1022/noticias/o-novo-mapa-do-consumo)

    No por acaso, etimologicamente a palavra consumir significa esgotar.

    Enquanto os mais ricos exageram no consumo, os mais pobres sofrem de perto as

    consequncias do desequilbrio ambiental. Nos ltimos 30 anos, o consumo mundial

    de bens cresceu numa mdia anual de 2,3%; em alguns pases do leste asitico essa

    taxa supera o patamar de 6%.

    De um lado, cresce exageradamente o consumo e a dilapidao de todo

    patrimnio natural (diminuio das florestas e de toda a biodiversidade; a

    disponibilidade da gua potvel que era de 17000 metros cbicos per capita em 1950

    hoje atinge 7000 metros cbicos) do outro, disparam os ndices de desigualdade

    social, tornando mais crnicos o modo de viver da populao mais pobre.

    Nessa camada populacional:

    Mais de 50% no dispem de infraestrutura higinica;

    1/3 no tem gua potvel;

    1/4 no mora num local em condies decentes;

    1/5 desconhece qualquer tipo de acesso aos servios mdicos e

    sanitrios.

    82% da populao da ndia, 65% da populao da Indonsia, 55% da chinesa e

    17% da brasileira ganham menos de US$2/dia, segundo dados do estudo Sustainable

    Consumption: A Global Status Report, produzido pela United Nations Environment

    Programme (2002).

    http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/1022/noticias/o-novo-mapa-do-consumo

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    14

    Para exemplificar, de acordo com o mesmo estudo, os cinco pases mais ricos -

    pelo tradicional indicador PIB (Produto Interno Bruto) (EUA, China, Japo, Alemanha

    e Frana) consomem:

    45% das protenas disponveis;

    58% da energia;

    84% do papel;

    14% das linhas telefnicas.

    Enquanto os cinco pases mais pobres (Zimbbue, Chade, Burundi, Libria e

    Guin-Bissau) consomem:

    5% das protenas;

    4% da energia;

    1,1% do papel;

    1,5% das linhas telefnicas.

    (Fonte: http://www.coreconpr.org.br/wp-content/uploads/2013/05/26-QUANDO-O-CONSUMO-

    EXCESSIVO-DEGRADA-O-MEIO-AMBIENTE-Marcus-Eduardo-de-Oliveira.pdf)

    No Brasil, a situao no muito diferente, j que a desigualdade entre ricos e

    pobres, no que se refere ao consumo, permanece de maneira muito acentuada.

    Uma pesquisa produzida pela Federao do Comrcio do Estado de SP

    (Fecomrcio SP) constatou, por exemplo, que a classe A brasileira, composta por 6,9

    milhes de pessoas, gasta com artigos como joias, bijuterias, sabonetes, brinquedos e

    jogos R$ 91 milhes por ms.

    http://www.coreconpr.org.br/wp-content/uploads/2013/05/26-QUANDO-O-CONSUMO-EXCESSIVO-DEGRADA-O-MEIO-AMBIENTE-Marcus-Eduardo-de-Oliveira.pdfhttp://www.coreconpr.org.br/wp-content/uploads/2013/05/26-QUANDO-O-CONSUMO-EXCESSIVO-DEGRADA-O-MEIO-AMBIENTE-Marcus-Eduardo-de-Oliveira.pdf

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    15

    A pesquisa da Fecomrcio SP, batizada como ProConsumo, abrange 5.560 municpios dos 27

    Estados do pas. Para produzi-la, os economistas usaram dados oficiais das pesquisas do Instituto

    Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) como o Censo, Pesquisa de Oramentos Familiares (POF)

    e Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclios (Pnad).

    Esse valor 18,5% maior do que as despesas da classe E (54 milhes de

    pessoas) com carne bovina. Tambm superior ao consumo de arroz e de produtos

    como mveis, artigos para o lar e eletrodomsticos entre os brasileiros mais pobres.

    Entre os achados, os economistas mostram que a despesa total das famlias

    paulistanas com renda superior a 30 salrios mnimos mensais (ou o equivalente a R$

    3,5 bilhes) maior do que todo o gasto da Regio Norte do Pas mais o Estado de

    Alagoas (ou R$ 3,4 bilhes).

    (Fonte: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=31159)

    A problemtica do consumo atualmente to grande que alguns estudiosos

    esto se referindo a nossa sociedade como sociedade de consumo. Voc j ouviu

    falar nesse assunto? Vejamos um pouco mais sobre ele:

    Sociedade de consumo uma expresso utilizada para se referir sociedade

    contempornea. Consumir, seja para a satisfao de "necessidades bsicas" e/ou

    "suprfluas", uma atividade presente em toda e qualquer sociedade humana.

    Nesse momento, voc deve estar se perguntando: Mas se consumir uma

    atividade presente em todas as sociedades, por que s a sociedade atual recebeu

    essa denominao?.

    Bom, alguns autores defendem que alm do consumo exacerbado, a sociedade

    de consumo englobaria outras caractersticas, como a forte presena da moda e o

    sentimento permanente de insaciabilidade (consumir cada vez mais, sem nunca estar

    satisfeito).

    Observe as diferenas:

    Sociedades tradicionais Sociedade contempornea

    Unidade de produo e consumo era a famlia. Unidade de consumo o indivduo.

    Sociedade composta por grupos de status

    definidos pelas roupas, atividades de lazer,

    padres alimentares etc.

    Cada um faz as suas prprias escolhas segundo

    seu senso esttico e conforto.

    Consumo de ptina, que corresponde a um Consumo da moda, que expressa temporalidade

    http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=31159

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    16

    ciclo de vida mais longo do objeto. O valor

    estava na tradio dos bens: quanto mais velho,

    mais valioso.

    de curta durao, pela valorizao do novo e do

    individual.

    Dessa forma, notamos a mudana nos padres de consumo. E embora, alguns

    defendam a autonomia e a soberania do consumidor nessa nova sociedade,

    importante ter em mente o quanto ela materialista, pecuniria e na qual o valor das

    pessoas aferido pelo o que elas tm e no pelo que so.

    (Fonte: http://jus.com.br/revista/texto/14028/sociedade-e-consumo-analise-de-propagandas-que-

    influenciam-o-consumismo-infantil#ixzz2X8vH3Wap)

    Com a mudana nos padres de consumo, houve tambm, nas ltimas dcadas,

    um aumento significativo dessa atividade em todo o mundo. Algumas causas podem

    ser apontadas:

    Crescimento populacional.

    Acumulao de capital das empresas que puderam se expandir e oferecer

    os mais variados produtos.

    Anncios publicitrios que propem consumo a todo o momento.

    No Brasil, especificamente, aumento do poder de compra da classe mdia,

    e da populao como um todo.

    Consumir em excesso no o nico problema. Devemos buscar escolhas mais

    conscientes, e no campo do consumo inclui pensar na procedncia do produto

    (recursos humanos e naturais), impactos do ciclo de vida do produto e destinao dos

    resduos, por exemplo, como veremos no decorrer desta apostila.

    2.2. CON CEI TOS DE CON SU MO

    CONSUMO VERDE

    Consumo verde aquele em que o consumidor, alm de buscar melhor

    qualidade e preo, inclui em seu poder de escolha, a varivel ambiental, dando

    preferncia a produtos e servios que no agridam o meio ambiente, tanto na

    produo, quanto na distribuio, no consumo e no descarte final.

    Essa estratgia tem alguns benefcios importantes, como o fato de os cidados

    comuns perceberem, na prtica, que podem ajudar a reduzir os problemas ambientais.

    Alm disso, os consumidores verdes sentem-se parte de um grupo crescente de

    pessoas preocupadas com o impacto ambiental de suas escolhas.

    http://jus.com.br/revista/texto/14028/sociedade-e-consumo-analise-de-propagandas-que-influenciam-o-consumismo-infantil#ixzz2X8vH3Waphttp://jus.com.br/revista/texto/14028/sociedade-e-consumo-analise-de-propagandas-que-influenciam-o-consumismo-infantil#ixzz2X8vH3Wap

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    17

    (Fonte: Manual de educao e consumo sustentvel. Disponvel em:

    http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

    Mas a estratgia de consumo verde tem algumas limitaes. Os consumidores

    so estimulados a trocar uma marca X por uma marca Y, para que os produtores

    percebam que suas escolhas mudaram. A possibilidade de escolha, portanto, acabou

    se resumindo a diferentes marcas e no entre consumismo e no consumismo.

    Portanto, bem interessante que voc se preocupe com os produtos que est

    consumindo e opte por opes que agridem menos o meio ambiente. Entretanto, esse

    apenas um passo para uma sociedade mais sustentvel, visto que so necessrias

    outras medidas como: consumir menos, gerar menos resduos e descart-los

    corretamente.

    CONSUMO TICO, CONSUMO RESPONSVEL E CONSUMO CONSCIENTE

    http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    18

    Fonte: http://casinhabrancabyvaniasiguel.blogspot.com.br/2010/09/consumo-consciente-divulgar-

    sempre.html

    Essas expresses surgiram como forma de incluir a preocupao com aspectos

    sociais, e no s ecolgicos, nas atividades de consumo. Nestas propostas, os

    consumidores devem ter compromisso tico, conscincia e responsabilidade quanto

    aos impactos sociais e ambientais que suas escolhas e comportamentos podem

    causar em ecossistemas e outros grupos sociais, na maior parte das vezes geogrfica

    e temporalmente distantes.

    (Fonte: Manual de educao e consumo sustentvel. Disponvel em:

    http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

    O consumo consciente um movimento social crescente. Cada vez mais

    pessoas baseiam suas decises de compras no efeito ou impacto do produto no meio

    ambiente, na sade e na sociedade. Por esse impacto, devemos entender todo o ciclo

    de vida dos produtos, desde a extrao, a gerao de resduos em sua fabricao e

    processamento, as relaes ticas de trabalho, at o descarte e reciclagem.

    CONSUMO SUSTENTVEL

    http://casinhabrancabyvaniasiguel.blogspot.com.br/2010/09/consumo-consciente-divulgar-sempre.htmlhttp://casinhabrancabyvaniasiguel.blogspot.com.br/2010/09/consumo-consciente-divulgar-sempre.htmlhttp://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    19

    Essa proposta se apresenta de forma mais ampla que as anteriores, pois alm

    das inovaes tecnolgicas e das mudanas nas escolhas individuais de consumo,

    enfatiza aes coletivas e mudanas polticas, econmicas e institucionais para fazer

    com que os padres e os nveis de consumo se tornem mais sustentveis.

    Alm disso, a preocupao se desloca da tecnologia dos produtos e servios e

    do comportamento individual para os desiguais nveis de consumo. Afinal, meio

    ambiente no est relacionado apenas a uma questo de como usamos os recursos

    (os padres), mas tambm uma preocupao com o quanto usamos (os nveis),

    tornando-se uma questo de acesso, distribuio e justia social e ambiental.

    (Fonte: Manual de educao e consumo sustentvel. Disponvel em:

    http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

    Utilizando como exemplo a rea de transportes, na estratgia de consumo verde

    haveria mudanas tecnolgicas, para que os carros se tornassem mais eficientes

    (gastando menos combustvel) e menos poluentes, e mudanas comportamentais dos

    consumidores, que considerariam essas informaes na hora da compra de um

    automvel.

    http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    20

    Na estratgia do consumo sustentvel, haveria tambm investimentos em

    polticas pblicas visando melhoria dos transportes coletivos, o incentivo aos

    consumidores para que utilizem esses transportes e o desestmulo para que no

    utilizem o transporte individual (como por exemplo, a proibio da circulao de carros

    em certos locais e horrios).

    (Fonte: Manual de educao e consumo sustentvel. Disponvel em:

    http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

    A ideia de um consumo sustentvel, portanto, no se limita a mudanas

    comportamentais de consumidores individuais ou, ainda, a mudanas tecnolgicas de

    http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    21

    produtos e servios para atender a este novo nicho de mercado. Apesar disso, no

    deixa de enfatizar o papel dos consumidores, porm priorizando suas aes,

    individuais ou coletivas, enquanto prticas polticas. Neste sentido, necessrio

    envolver o processo de formulao e implantao de polticas pblicas e o

    fortalecimento dos movimentos sociais.

    Por essa razo, o que importa no somente o impacto ambiental do consumo,

    mas tambm o impacto social e ambiental da distribuio desigual do acesso aos

    recursos naturais, uma vez que tanto o superconsumo quanto o subconsumo

    causam degradao social e ambiental.

    (Fonte: Manual de educao e consumo sustentvel. Disponvel em:

    http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

    http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    22

    Fonte: Manual de educao e consumo sustentvel. Disponvel em:

    http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf

    2.3. IMPA CT OS S OCI OA MBIE NTAIS D O C ONS UMO

    Chamamos de impacto ambiental as alteraes nas propriedades fsicas,

    qumicas e biolgicas do meio.

    A partir do crescimento do movimento ambientalista, surgem novos argumentos

    contra os hbitos ostensivos, perdulrios e consumistas, deixando evidente que o

    padro de consumo das sociedades ocidentais modernas, alm de ser socialmente

    injusto e moralmente indefensvel, ambientalmente insustentvel.

    A crise ambiental mostrou que no possvel a incorporao de todos com os

    atuais padres de consumo ocidental em funo da finitude dos recursos naturais. O

    ambiente natural est sofrendo uma explorao excessiva que ameaa a estabilidade

    dos seus sistemas de sustentao (exausto de recursos naturais renovveis e no

    renovveis, desfigurao do solo, perda de florestas, poluio da gua e do ar, perda

    de biodiversidade, mudanas climticas etc.).

    Por outro lado, o resultado dessa explorao excessiva no repartido

    equitativamente e apenas uma minoria da populao planetria se beneficia desta

    riqueza. Assim, se o consumo ostensivo j indicava uma desigualdade dentro de uma

    mesma gerao (intrageracional), o ambientalismo veio mostrar que o consumismo

    indica tambm uma desigualdade intergeracional, j que este estilo de vida

    http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    23

    ostentatrio e desigual pode dificultar a garantia de servios ambientais equivalentes

    para as futuras geraes.

    Estas duas dimenses, a explorao excessiva dos recursos naturais e a

    desigualdade inter e intrageracional na distribuio dos benefcios oriundos dessa

    explorao, conduziram reflexo sobre a insustentabilidade ambiental e social dos

    atuais padres de consumo e seus pressupostos ticos. Torna-se necessrio associar

    o reconhecimento das limitaes fsicas da Terra ao reconhecimento do princpio

    universal de equidade na distribuio e acesso aos recursos indispensveis vida

    humana, associando a insustentabilidade ambiental aos conflitos distributivos e

    sociais.

    Para exemplificar:

    No Par, regio Norte do Brasil, encontra-se um grande complexo industrial de

    produo de alumnio. Esse complexo est situado no municpio de Barcarena, a

    regio brasileira mais rica em bauxita.

    Complexo industrial Alunorte, situado em Vila do Conde, municpio de Barcarena.

    L j ocorreram diversos acidentes decorrentes da produo do alumnio. Alguns

    geraram TACs (Termo de Ajuste de Conduta) e outros so negados pelas empresas,

    mas confirmados pelas comunidades e noticiados pela imprensa. Os maiores

    ocorreram em 2003 e 2005, com vazamento de rejeito da indstria (lama vermelha)

    para os rios e igaraps da regio.

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    24

    As declaraes e os relatos de pessoas das diversas comunidades locais em

    Barcarena foram bastante contundentes em afirmar que os rios e igaraps estavam

    mortos devido aos constantes vazamentos de resduos da produo de alumnio.

    Essas populaes de baixa renda no podem usar a gua do subsolo,

    irremediavelmente contaminada pelas indstrias que operam na regio, sendo

    obrigadas, em muitos casos, a comprar gua mineral engarrafada e outras bebidas

    para garantir o consumo dirio de lquidos. Alm disso, as diversas lideranas so

    enfticas em afirmar que, devido contaminao e aos problemas fundirios na

    regio, no possvel mais manter nossas pequenas plantaes, coletar plantas e

    frutos (contaminados e deformados) e pescar nos rios e igaraps.

    Outro impacto social causado pelo complexo de alumnio, que ele atraiu um

    grande nmero de pessoas para regio, sob falsas promessas de desenvolvimento,

    progresso e emprego hoje essas pessoas esto desempregadas e em ocupaes

    sem condies mnimas.

    (Fonte: http://www.ecodebate.com.br/2009/06/05/o-consumo-nosso-de-cada-dia-e-os-impactos-sociais-

    e-ambientais-artigo-de-ciro-torres/)

    O consumo em excesso tambm exige que os Recursos Naturais sejam

    extrados de forma devastadora e a Produo de bens de consumo seja feita em um

    escala monstruosa, o que gera outro problema muito grave: muitas pessoas que antes

    viviam longe dos centros urbanos, acabaram sendo obrigadas a migrar para as

    cidades e a trabalhar em grandes indstrias, no s pela oferta de empregos ser maior

    nesses grandes centros, mas tambm pela prpria devastao dos recursos naturais

    em suas comunidades ou zonas rurais.

    Na maioria dos casos, esses trabalhadores so expostos a condies

    desumanas de trabalho, exercendo suas atividades sem segurana alguma e ainda

    muito mal remunerados.

    (Fonte: Revista Terceiro Setor: Consumo Excessivo e o modelo de economia de materiais. Disponvel

    em: http://revistas.ung.br/index.php/3setor/article/viewFile/519/614)

    2.4. RESP ON SABIL ID ADES DO C IDAD O -CONS UMID OR

    Quando selecionamos e adquirimos bens de consumo, seguimos uma definio

    cultural do que consideramos importante para nossa integrao e diferenciao

    sociais. Assim, consumo e cidadania podem ser pensados de forma conjunta e

    inseparvel, j que ambos so processos culturais e prticas sociais que criam este

    sentido de pertencimento e identidade.

    http://www.ecodebate.com.br/2009/06/05/o-consumo-nosso-de-cada-dia-e-os-impactos-sociais-e-ambientais-artigo-de-ciro-torres/http://www.ecodebate.com.br/2009/06/05/o-consumo-nosso-de-cada-dia-e-os-impactos-sociais-e-ambientais-artigo-de-ciro-torres/http://revistas.ung.br/index.php/3setor/article/viewFile/519/614

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    25

    A educao para o consumo, na sociedade atual, se impe como elemento

    sociocultural imprescindvel do cidado consciente. Esta realidade exige que o

    indivduo tenha conhecimento de seus direitos e deveres como consumidor.

    De acordo com Grada Hellman Tuitert, a educao para o consumo o processo

    atravs do qual os consumidores:

    1. Desenvolvem tcnicas para tomar decises sobre a compra de bens e servios

    considerando seus valores pessoais e questes ecolgicas e econmicas.

    2. Adquirem conhecimentos sobre as leis, direitos e mtodos para participar

    efetivamente e com segurana do mercado e empreender a necessria ao de

    seus desagravos.

    3. Desenvolvem a percepo do novo papel do cidado-consumidor na economia,

    no sistema social e no governo e tentam influenciar esses sistemas a se

    tornarem sensveis s suas necessidades.

    Espera-se dos cidados-consumidores, neste processo, o desempenho de suas

    responsabilidades que so:

    Ter conscincia crtica, distinguir necessidade e desejo, exigir qualidade,

    comparar preos.

    Ter responsabilidade social, agir de forma consciente e equilibrada,

    lembrando as consequncias das aes junto a outros grupos sociais,

    particularmente os menos favorecidos.

    Ter responsabilidade ecolgica, conscincia do efeito que suas aes podem

    causar no meio ambiente e no desgaste dos recursos naturais.

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    26

    Ter solidariedade, promover aes conjuntas de grupos de cidados. Pois

    da fora, credibilidade e influncia do consumidor que vem a considerao

    dos seus interesses nas polticas que o afetam.

    (Fonte: THOMAZELLI, Maria Ceclia. Educao para o consumo: guia para o professor. 1.ed., So

    Paulo: Fundao Procon, 1998).

    A esfera do consumo tambm pode gerar decepo e insatisfao. Diante disso,

    o consumidor tem, basicamente, duas formas de reao. Se pensar que no teve sorte

    e que recebeu um produto defeituoso, provvel que ele o devolva ou pea um

    desconto; esta , portanto, uma reao individual a um problema individual.

    (Fonte: Manual de educao e consumo sustentvel. Disponvel em:

    http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

    Mas se, por outro lado, o consumidor descobrir que o produto adquirido, ou o

    servio contratado, no seguro ou traz prejuzos sociais e ambientais, e que isso

    uma das suas caractersticas, o interesse pblico que estar em jogo, tornando mais

    provvel um engajamento numa manifestao pblica.

    http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    27

    Consumidores fazem protesto contra alto preo dos combustveis no DF

    (Fonte: http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2011/05/consumidores-fazem-protesto-contra-o-alto-

    preco-dos-combustiveis-no-df.html)

    Manifestantes protestam contra o aumento das passagens das Barcas S/A, em Niteri (RJ)

    (Fonte: http://tarifazero.org/2012/04/04/rio-de-janeiro-rj-apos-derrota-na-justica-usuarios-de-barcas-no-

    rio-preparam-novas-manifestacoes-contra-aumento-de-tarifa/#more-4290)

    http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2011/05/consumidores-fazem-protesto-contra-o-alto-preco-dos-combustiveis-no-df.htmlhttp://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2011/05/consumidores-fazem-protesto-contra-o-alto-preco-dos-combustiveis-no-df.htmlhttp://tarifazero.org/2012/04/04/rio-de-janeiro-rj-apos-derrota-na-justica-usuarios-de-barcas-no-rio-preparam-novas-manifestacoes-contra-aumento-de-tarifa/#more-4290http://tarifazero.org/2012/04/04/rio-de-janeiro-rj-apos-derrota-na-justica-usuarios-de-barcas-no-rio-preparam-novas-manifestacoes-contra-aumento-de-tarifa/#more-4290

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    28

    Protesto rene centenas em Dublin

    (Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/brasileiros-protestam-em-ny-dublin-berlim-montreal-8706727)

    Desta forma, surge a possibilidade de que um conjunto de pessoas busque criar

    espaos alternativos de atuao, enfrentamento e busca de solues coletivas para os

    problemas que parecem ser individuais. Trata-se de sujeitos coletivos que buscam

    juntos contribuir para uma sociedade mais justa e feliz.

    Nesse sentido:

    O consumidor deve cobrar permanentemente uma postura tica e responsvel

    de empresas, governos e de outros consumidores. Deve, ainda, buscar informaes

    sobre os impactos dos seus hbitos de consumo e agir como cidado consciente de

    sua responsabilidade em relao s outras pessoas e aos seres do planeta. Alm

    disso, o consumidor precisa saber que seu consumo individual tem impactos no

    coletivo, sendo assim importante que ele repense constantemente seus hbitos de

    consumo.

    http://oglobo.globo.com/pais/brasileiros-protestam-em-ny-dublin-berlim-montreal-8706727

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    29

    As empresas devem agir de forma social e ambientalmente responsvel em

    todas as suas atividades produtivas. Nesse sentido, responsabilidade socioambiental e

    empresarial significa adotar princpios e assumir prticas que vo alm da legislao,

    contribuindo realmente para a construo de sociedades sustentveis.

    Os governos devem garantir os direitos civis, sociais e polticos de todos os

    cidados; elaborar e fazer cumprir a Agenda 21 que pode ser definida como um

    instrumento de planejamento para a construo de sociedades sustentveis, em

    diferentes bases geogrficas, que concilia mtodos de proteo ambiental, justia

    social e eficincia econmica - por meio de polticas pblicas, de programas de

    educao ambiental e de incentivo ao consumo sustentvel. Alm disso, devem

    incentivar a pesquisa cientfica voltada para a mudana dos nveis e padres de

    produo e consumo e fiscalizar o cumprimento das leis ambientais.

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    30

    A Sociedade Civil: O IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) um

    excelente exemplo de instituto que trabalha pela defesa do consumidor e tambm com

    o consumo sustentvel. Por meio de seu site, publica notcias e demais informaes

    para que os consumidores se previnam ou solucionem problemas relacionados ao

    consumo utilizando o Cdigo de Defesa do Consumidor.

    Para saber mais acesse: http://www.idec.org.br/o-idec/o-que-faz

    2.5. PR OPOS TA DE MUDA NA D E PA DR O D E C ONS UMO

    Atualmente, os 500 milhes de pessoas mais ricas do mundo, cerca de 7% da

    populao, so responsveis por 50% das emisses de gases de efeito estufa,

    enquanto 3 bilhes de pessoas mais pobres emitem apenas 6%.

    http://www.idec.org.br/o-idec/o-que-faz

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    31

    Em 2006, a humanidade consumiu algo em torno de US$30 trilhes em

    mercadorias e servios (cerca de 28% a mais do que se consumiu h dez anos), o que

    levou a um aumento considervel da extrao de recursos naturais para atender a

    essa demanda.

    Os norte-americanos, por exemplo, consomem aproximadamente 88 kg de

    recursos por dia. Se todos vivessem dessa forma, a Terra s poderia sustentar um

    quinto da populao mundial, ou seja, 1,4 bilho de pessoas.

    (Fonte: Cadernos de educao ambiental: Consumo sustentvel. Disponvel em:

    http://www.ambiente.sp.gov.br/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-

    20EC98DDA95E/FinalDownload/DownloadId-83D2C82440F3E67EA1EFA6AC8DCC7683/DCAA2A49-

    666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/wp-content/uploads/publicacoes/sma/10-ConsumoSustentavel.pdf)

    Diante desses dados, possvel constatar que, sem uma mudana cultural que

    coloque valores sustentveis acima do consumismo, nenhuma revoluo tecnolgica

    http://www.ambiente.sp.gov.br/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/FinalDownload/DownloadId-83D2C82440F3E67EA1EFA6AC8DCC7683/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/wp-content/uploads/publicacoes/sma/10-ConsumoSustentavel.pdfhttp://www.ambiente.sp.gov.br/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/FinalDownload/DownloadId-83D2C82440F3E67EA1EFA6AC8DCC7683/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/wp-content/uploads/publicacoes/sma/10-ConsumoSustentavel.pdfhttp://www.ambiente.sp.gov.br/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/FinalDownload/DownloadId-83D2C82440F3E67EA1EFA6AC8DCC7683/DCAA2A49-666A-43AB-A73C-20EC98DDA95E/wp-content/uploads/publicacoes/sma/10-ConsumoSustentavel.pdf

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    32

    ou poltica pblica sero capazes de resgatar a humanidade de problemas graves

    climticos, sociais e ambientais.

    No se pode desconsiderar o fato positivo de que o aumento progressivo da

    conscincia da populao em relao necessidade de adotar padres mais

    responsveis de utilizao dos recursos naturais ter consequncias virtuosas,

    principalmente a mdio e longo prazo, com a modificao de comportamentos e

    hbitos de consumo.

    A partir da Rio92 o tema do impacto ambiental do consumo surgiu como uma

    questo de poltica ambiental relacionada s propostas de sustentabilidade. Ficou

    cada vez mais claro que estilos de vida diferentes contribuem de formas diferentes

    para a degradao ambiental. Os estilos de vida de uso intensivo de recursos naturais,

    principalmente das elites dos pases de hemisfrio norte, so um dos maiores

    responsveis pela crise ambiental.

    Conhecida mundialmente como Rio92, trata-se da II Conferncia das Naes Unidas sobre Meio

    Ambiente e Desenvolvimento Humano, realizada em 1992 no Rio de Janeiro, que teve como principal

    tema a discusso sobre o desenvolvimento sustentvel e sobre como reverter o atual processo de

    degradao ambiental.

    Diversas organizaes ambientalistas comearam a considerar o impacto das

    nossas tarefas cotidianas para a crise ambiental. Atravs de estmulos e exigncias

    para que mudem seus padres de consumo, comearam a cobrar sua

    corresponsabilidade. Assim, atividades simples e cotidianas como ir s compras, seja

    de bens considerados de necessidade bsicas, seja de itens considerados luxuosos,

    comearam a ser percebidas como comportamentos e escolhas que afetam a

    qualidade do meio ambiente.

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    33

    Dessa forma, muitos cidados se tornaram mais conscientes e interessados em

    reduzir sua contribuio pessoal para a degradao ambiental, participando de aes

    em prol do meio ambiente na hora das compras.

    No entanto, esta nfase na mudana dos padres de consumo no deve nos

    levar a entender que os problemas ambientais decorrentes da produo industrial

    capitalista j tenham sido solucionados com sucesso. Ao contrrio, as lutas por

    melhorias e transformaes na esfera da produo esto relacionadas e tm

    continuidade nas lutas por melhorias e transformaes na esfera do consumo, uma

    vez que os dois processos so interdependentes.

    Poderamos identificar seis caractersticas essenciais que devem fazer parte de

    qualquer estratgia de consumo sustentvel:

    Deve ser parte de um estilo de vida sustentvel em uma sociedade sustentvel;

    Deve contribuir para nossa capacidade de aprimoramento, enquanto indivduo e

    sociedade;

    Requer justia no acesso ao capital natural, econmico e social para as

    presentes e futuras geraes;

    O consumo material deve ser tornar cada vez menos importante em relao a

    outros componentes da felicidade e da qualidade de vida;

    Deve ser consistente com a conservao e melhoria do ambiente natural;

    Deve acarretar um processo de aprendizagem, criatividade e adaptao.

    Por isso, uma das primeiras questes que devemos fazer se no estaria

    havendo uma espcie de transferncia da responsabilidade, do Estado e do mercado

    para os consumidores. Muitas vezes, governos e empresas buscam aliviar sua

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    34

    responsabilidade, transferindo-a para o consumidor, que passou a ser considerado o

    principal responsvel pela busca de solues. Mas os consumidores no podem

    assumir sozinhos toda a responsabilidade. Ela deve ser compartilhada por todos, em

    cada esfera de ao.

    (Fonte: Manual de educao e consumo sustentvel. Disponvel em:

    http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

    Assim, a soluo para a sustentabilidade exigir a participao de diversos

    agentes sociais, envolvendo organizaes multilaterais, governos, corporaes e

    organizaes da sociedade civil.

    Fica clara, ento, a necessidade de uma referncia concreta quanto a alguns

    caminhos a seguir para que a produo e o consumo se tornem mais sustentveis. Da

    nasceu o declogo abaixo realizado pelo Instituto Akatu -, que prope um consumo

    que valorize:

    1. Os produtos durveis mais do que os descartveis ou os de obsolescncia

    acelerada: como j acontece com a substituio das sacolas plsticas

    descartveis por sacolas retornveis e durveis;

    2. A produo e o desenvolvimento local mais do que a produo global: como as

    organizaes comunitrias na produo e comercializao de produtos tpicos

    regionais;

    3. O uso compartilhado de produtos mais do que a posse e o uso individual: como

    as bicicletas compartilhadas em diversas grandes cidades, inclusive So Paulo,

    que ficam disponveis para retirada e devoluo em pontos estratgicos;

    http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    35

    4. A produo, os produtos e os servios social e ambientalmente mais

    sustentveis: como hoje j ocorre com o selo Procel, que ser trabalhado mais

    adiante;

    5. As opes virtuais mais do que as opes materiais: como livros, discos e filmes

    baixados em aparelhos MP3 em vez da verso material;

    6. O no desperdcio dos alimentos e produtos, promovendo o seu aproveitamento

    integral e o prolongamento da sua vida til: como acontece nos brechs de

    roupas usadas;

    7. A satisfao pelo uso dos produtos e no pela compra em excesso: como fazem

    aqueles que mantm seus celulares por anos e no os trocam a cada novo

    lanamento;

    8. Os produtos e as escolhas mais saudveis: como os alimentos orgnicos

    disponveis em feiras e supermercados;

    9. As emoes, as ideias e as experincias mais do que os produtos materiais:

    como as viagens propostas por agncias que oferecem vivncias por meio de

    visitas participativas e educativas;

    10. A cooperao mais do que a competio: como ocorre com empresas do setor

    varejista que praticam uma logstica colaborativa para melhorar o nvel dos

    servios e reduzir custos e emisses de CO2.

    Diante de tantos problemas causados pelo consumo exagerado, outro tema

    interessante de ser discutido a simplicidade voluntria, um novo estilo de vida vem

    ganhando representatividade atualmente:

    Vida simples ou simplicidade voluntria um estilo de vida no qual os indivduos

    conscientemente escolhem minimizar a preocupao com o "quanto mais, melhor", em

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    36

    termos de riqueza e consumo. Seus adeptos escolhem uma vida simples por

    diferentes razes, que podem estar ligadas a espiritualidade, sade, qualidade de vida

    e do tempo passado com a famlia e amigos,-- reduo do stress, preservao do meio

    ambiente, justia social, anticonsumismo etc.

    Algumas pessoas que praticam a simplicidade voluntria agem conscientemente

    para reduzir as suas necessidades de comprar servios e bens, e por extenso,

    reduzir tambm a necessidade de vender o seu tempo por dinheiro. Alguns usam suas

    horas extras, para ajudar os seus familiares ou a sociedade, se voluntariando para

    alguma atividade. Alguns outros podem tambm utilizar o tempo para melhorar a

    prpria qualidade de vida, fazendo atividades criativas como arte ou artesanato.

    Outra abordagem procurar a verdadeira razo de toda a problemtica do

    porque ns compramos e consumimos tantos recursos para ter certa qualidade de

    vida.

    Uma das preocupaes de quem escolhe o estilo de vida simples, o meio

    ambiente. O estilo de vida consumista impacta o mundo, por isso, preciso estar

    atento, rever e refletir sobre a real necessidade das nossas compras e da quantidade

    de recursos que so utilizados para mant-las. Opte por bens "amigos da natureza", e

    sempre que possvel, procure compartilhar bens pouco usados, com vizinhos e

    amigos.

    2.6. CERTIF I CA O E ROTUL A GE M A MBIENTA I S

    A rotulagem ambiental consiste, basicamente, na atribuio de um selo ou rtulo

    a um produto ou servio para informar a respeito dos seus aspectos. Tais produtos ou

    servios devem apresentar menor impacto ambiental em relao a outros produtos ou

    servios comparveis e disponveis no mercado.

    Desta forma, os consumidores podem obter mais informaes para fazer suas

    escolhas de compra com maior compromisso e responsabilidade social e ambiental. A

    rotulagem ambiental pode ser considerada tambm uma forma de fortalecer as redes

    de relacionamento entre produtores, comerciantes e consumidores.

    (Fonte: Manual de educao e consumo sustentvel. Disponvel em:

    http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf)

    Outras formas de se referir rotulagem ambiental so: Selo verde, selo

    ecolgico, declarao ambiental, rtulo ecolgico, ecorrtulo, ecosselo, etiqueta

    ecolgica.

    http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/publicacao8.pdf

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    37

    Convm salientar a diferena entre rotulagem ambiental (eco-labeling) e

    certificao ambiental (eco-certification):

    A rotulagem ambiental relaciona-se s caractersticas do Produto ou servio e

    destina-se aos consumidores finais.

    A certificao ambiental relaciona-se aos mtodos e processos de produo e

    destina-se s indstrias utilizadoras de recursos, objetivando atestar um ou

    mais atributos do processo de produo.

    Lembrando que existem programas de certificao que tambm emitem um selo

    ou rtulo nos produtos oriundos da matria-prima certificada. Nesse caso, o programa

    atinge tanto as indstrias como os consumidores finais.

    A seguir vamos conhecer os principais selos utilizados no Brasil:

    FSC (Forest Stewardship Council)

    Este selo atribudo a produtos florestais, como toras de madeira, mveis, lenha,

    papel, nozes e sementes. Ele atesta que o produto vem de um processo produtivo

    ecologicamente adequado, socialmente justo e economicamente vivel. Dez princpios

    devem ser atendidos, entre eles a obedincia s leis ambientais, o respeito aos

    direitos dos povos indgenas e a regularizao fundiria.

    Se voc quiser saber mais, acesse o site do FSC: www.fsc.org.br

    LEED (Liderana em Energia e Design Ambiental)

    http://www.fsc.org.br/

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    38

    Este selo concedido a edificaes que minimizam impactos ambientais, tanto

    na fase de construo quanto na de uso. Materiais renovveis, implantao de

    sistemas que economizem energia eltrica, gua e gs e controle da poluio durante

    a construo so alguns dos critrios. Um exemplo de edificao que possui esse selo

    uma grande rede do varejo, localizada na cidade de Indaiatuba (SP), que incorporou

    em suas instalaes diversos recursos para contribuir com a minimizao dos

    impactos ambientais.

    Para saber mais sobre essa iniciativa, acesse:

    http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/conteudo_282198.shtml.

    Rainforest Alliance Certified

    Este selo atribudo a produtos agrcolas, como frutas, caf, cacau e chs e

    comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais

    envolvidos no processo. Com grande aceitao na Europa e nos EUA, auditado no

    Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificao Florestal e Agrcola (Imaflora).

    Saiba mais em: www.imaflora.org

    Ecocert

    Este selo concedido a alimentos orgnicos e cosmticos naturais ou orgnicos.

    Para receb-lo os produtos devem conter um mnimo de 95% de ingredientes

    orgnicos. O selo Ecocert um s (demonstrado na figura), mas, por contrato com a

    http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/conteudo_282198.shtmlhttp://www.imaflora.org/

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    39

    certificadora, o fabricante obrigado a identificar no rtulo se o produto orgnico ou

    natural.

    Se quiser mais informaes sobre esse selo, acesse: www.ecocert.com.br

    IBD (Instituto Biodinmico)

    Este selo concedido a alimentos, cosmticos e algodo orgnicos. Alm de

    cumprir os requisitos bsicos para a produo orgnica (como fazer rotao de

    culturas e no usar agrotxicos), o rtulo garante que a fabricao daquele produto

    obedece ao Cdigo Florestal Brasileiro e s leis trabalhistas.

    Saiba mais em: www.ibd.com.br

    PBQP-H (Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat)

    um instrumento do Governo Federal para cumprimento dos compromissos

    firmados pelo Brasil quando da assinatura da Carta de Istambul (Conferncia do

    Habitat II/1996). A sua meta organizar o setor da construo civil em torno de duas

    questes principais: a melhoria da qualidade do habitat e a modernizao produtiva.

    Dessa forma, espera-se o aumento da competitividade no setor, a melhoria da

    qualidade de produtos e servios, a reduo de custos e a otimizao do uso dos

    recursos pblicos.

    Saiba mais em: www.cidades.gov.br/pbqp-h/pbqp_apresentacao.php

    http://www.ecocert.com.br/http://www.ibd.com.br/http://www.cidades.gov.br/pbqp-h/pbqp_apresentacao.php

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    40

    Selo Casa Azul Caixa

    uma classificao socioambiental de empreendimentos residenciais. Com 53

    critrios de avaliao, o selo reconhece os empreendimentos residenciais que

    otimizam o uso dos recursos naturais, como gua e luz eltrica, e que reduzem custos

    de manuteno.

    So 6 categorias:

    Qualidade Urbana

    Projeto e Conforto

    Eficincia Energtica

    Gesto da gua

    Conservao de Recursos Materiais

    Alm de promover a conscientizao ambiental e promover o uso racional dos

    recursos naturais, o Selo Casa Azul a garantia da CAIXA de que preservao do

    meio ambiente tambm o melhor negcio.

    Para saber mais, acesse:

    http://www1.caixa.gov.br/popup/generico/700x450_1.asp.

    PROCEL (Programa Nacional de Conservao de Energia Eltrica)

    http://www1.caixa.gov.br/popup/generico/700x450_1.asp

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    41

    Este talvez o selo mais conhecido aqui no Brasil, ele atribudo a

    equipamentos eletrnicos e eletrodomsticos e indica os produtos que apresentam os

    melhores nveis de eficincia energtica dentro de cada categoria. Para receberem

    esse rtulo, os equipamentos passam por rigorosos testes feitos em laboratrios

    credenciados no programa.

    Se quiser obter mais informaes sobre o selo Procel, acesse:

    www.eletrobras.gov.br/PROCEL

    Temos, tambm, a certificao ambiental ISO 14001, que certifica o sistema de

    gesto ambiental de empresas e empreendimentos de qualquer setor. Em sua

    operao, a empresa deve levar em conta o uso racional de recursos naturais, a

    proteo das florestas e a preservao da biodiversidade, entre outros quesitos. No

    Brasil, quem confere essa certificao a Associao Brasileira de Normas tcnicas

    (ABNT).

    Lembre-se: por se tratar de uma certificao, e no de uma rotulagem, no h um

    selo visvel nos produtos produzidos pelas empresas certificadas. Para saber se uma

    http://www.eletrobras.gov.br/PROCEL

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    42

    empresa tem a ISO 14001, deve-se consultar seu site ou centro de atendimento ao

    cliente.

    Se quiser saber sobre a ISO 14001, acesse: www.abnt.org

    Alm de todos os selos apresentados, temos ainda, no Brasil, o Inmetro,

    importante rgo de fiscalizao e verificao do produto, que tem como uma de suas

    funes a realizao do acompanhamento dos produtos certificados e

    regulamentados. Esse acompanhamento objetiva verificar se esses produtos esto de

    acordo com as Normas e os Regulamentos Tcnicos vigentes, pois a sua

    conformidade a garantia da sade e da segurana dos cidados que os consomem.

    Os tipos de selo apresentados so muito importantes, pois alm de informarem o

    consumidor, tambm incentivam os fabricantes a produzirem de uma forma que cause

    menos impactos ao meio ambiente. Entretanto, para que essa estratgia d certo,

    necessrio que voc, consumidor, d preferncia s mercadorias que possuem os

    selos ambientais no momento da compra.

    2.7. MAQUIA GE M VER DE (GRE ENWAS H ING )

    J est virando moda as empresas associarem seus produtos a aes sociais e

    de defesa do meio ambiente, com o objetivo de sensibilizar os consumidores e

    construir uma imagem de empresa responsvel. Mas ser que tais empresas

    desenvolvem realmente aes importantes para o meio ambiente? Ou esto usando a

    questo ambiental como campanha de marketing?

    O termo maquiagem verde aplica-se a empresas que no realizam, de fato,

    aes efetivamente teis ao meio ambiente, mas aparentam uma atitude

    socioambiental. Basta observar as propagandas que tais empresas divulgam.

    http://www.abnt.org/

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    43

    H as que afirmam estarem investindo no jovem (em educao pblica, por

    exemplo), pois este investimento gera retorno em sustentabilidade, o que muito

    interessante. Mas, na prtica, no h uma ao ou projeto ambiental da empresa que

    traga benefcios ou resultados para o meio ambiente. No entanto, a empresa transmite

    a imagem de que investe em sustentabilidade.

    H, tambm, os bancos que investem em preservao de reas florestais para

    compensar o CO emitido pelos veculos e casas de seus clientes de seguros. Ao

    proteger seu automvel ou casa, o segurado passar a preservar, por meio do banco,

    uma determinada rea de mata nativa, que ir reter o equivalente ao que foi emitido na

    residncia ou pelo veculo.

    No seria mais apropriado que tais bancos criassem incentivos para induzir o

    cliente a mudar seus hbitos e reduzir suas prprias emisses. No uma maravilha?

    Eu posso emitir CO vontade, pois estou pagando. Cmodo, no ?!

    (Fonte: http://drang.com.br/blog/2008/02/25/marketing-verde/)

    Esta nova tendncia "verde" do mercado estimula empresas a aproveitar o

    momento para associar seus produtos a atributos eco-amigveis duvidosos e

    oportunistas, sem critrios claros que respaldem suas pretenses ambientalistas, ou,

    ainda, atravs da apresentao de smbolos e apelos visuais que podem induzir o

    consumidor a concluses erradas sobre o produto ou servio que deseja comprar.

    Nessa "corrida maluca pelo verde" fica cada vez mais difcil para o consumidor, e

    muitas vezes para a prpria imprensa e formadores de opinio, identificar o que um

    produto genuinamente sustentvel e outro encoberto por uma "maquiagem verde".

    Ao mesmo tempo em que temos os consumidores brasileiros preocupados com

    as consequncias das mudanas climticas, abertos a identificar produtos que possam

    contribuir para um mundo melhor, acontece uma corrida de publicitrios e

    marqueteiros buscando atender essa demanda. Nesse esforo, muitas vezes podem

    ser ultrapassados os limites da tcnica e da tica.

    A publicidade enganosa ("Maquiagem Verde" ou Greenwashing") provoca uma

    distoro na capacidade decisria do consumidor, que se estivesse mais bem

    informado, no adquiriria o que foi anunciado.

    Com o objetivo de descrever, entender e quantificar o crescimento do

    Greenwashing no mercado, a consultora de marketing ambiental canadense

    TerraChoice desenvolveu uma metodologia de pesquisa, em que, atravs dos padres

    observados, classificou tais apelos falsos ou duvidosos em sete categorias, chamadas

    de Os sete pecados da rotulagem ambiental (The seven sins of greenwashing).

    http://drang.com.br/blog/2008/02/25/marketing-verde/

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    44

    (Fonte: Greenwashing no Brasil: um estudo sobre os apelos ambientais nos rtulos dos produtos.

    Disponvel em: http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf)

    O desafio e a inteno dos Sete pecados da rotulagem ambiental

    desencorajar as empresas a utilizarem o greenwashing atravs do fornecimento de

    ferramentas prticas aos consumidores para que estes possam ficar mais alertas na

    hora da escolha de produtos e servios, e tambm encorajar o esforo pr-

    sustentabilidade exposto de forma clara e verdadeira (TerraChoice Enviromental

    Marketing Inc. www.sinsofgreenwashing.org).

    .

    1. Pecado do custo ambiental camuflado

    uma declarao de que um produto verde baseado apenas em um atributo

    ou em um conjunto restrito de atributos ambientalmente corretos sem ateno a outras

    importantes questes ambientais, talvez at mais importante que o prprio atributo

    destacado (como o consumo de energia, o aquecimento global etc.).

    Exemplo: o papel no necessariamente ambientalmente prefervel apenas pelo

    fato de vir de uma floresta plantada sustentavelmente. Outras importantes questes no

    processo de produo do papel, tais como a emisso de gases de efeito estufa ou a

    utilizao de cloro no branqueamento do papel podem ser igualmente importantes.

    (Fonte: Greenwashing no Brasil: um estudo sobre os apelos ambientais nos rtulos dos produtos.

    Disponvel em: http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf)

    2. Pecado da falta de prova

    uma declarao de que o produto ambientalmente correto, porm no se

    encontra facilmente informaes que possam suportar e comprar tais declaraes

    ambientais, ou seja, faltam informaes de suporte facilmente acessveis ou uma

    certificao confivel de terceira parte que prove o aspecto ambientalmente correto

    declarado.

    http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdfhttp://www.sinsofgreenwashing.org/http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    45

    Exemplo: produtos como guardanapos ou papel toalha que declaram vrias

    porcentagens de contedo reciclvel ps-consumo sem fornecer evidncias. Ou ainda

    produtos que dizem no ser testados em animais, mas no comprovam tal afirmao;

    eletrodomsticos que promovem sua eficincia energtica sem certificao de

    terceiros etc.

    (Fonte: Greenwashing no Brasil: um estudo sobre os apelos ambientais nos rtulos dos produtos.

    Disponvel em: http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf)

    3. Pecado da incerteza

    cometido quando uma declarao to pobre ou abrangente que seu real

    significado pode no ser compreendido pelo consumidor.

    Exemplos:

    No txico Tudo txico em dosagens suficientes. gua, oxignio, sal etc.

    so todos potencialmente perigosos.

    Natural Arsnio, urnio, mercrio, formaldedo etc. so todos naturais, mas

    venenosos.

    Verde, Amigo do Meio Ambiente, Ecologicamente Correto (e mais outras

    variaes de terminologia) so algumas caractersticas sem significado se no

    conterem alguma explicao.

    (Fonte: Greenwashing no Brasil: um estudo sobre os apelos ambientais nos rtulos dos produtos.

    Disponvel em: http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf)

    4. Pecado do culto a falsos rtulos

    cometido quando um produto, atravs de palavras ou imagem, d a impresso

    de endosso da terceira parte quando, na verdade, este endosso no existe, em outras

    palavras: falsos rtulos.

    Exemplo: algumas marcas de desodorantes e outros produtos spray/aerossol do

    a impresso de uma certificao do apelo No contm CFC Inofensivo Camada

    de Oznio. Na verdade trata-se apenas de uma imagem, no uma certificao de

    terceiros.

    (Fonte: Greenwashing no Brasil: um estudo sobre os apelos ambientais nos rtulos dos produtos.

    Disponvel em: http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf)

    5. Pecado da irrelevncia

    cometido quando uma declarao ambiental, que pode ser verdadeira, no

    importante ou intil para os consumidores que buscam produtos ecologicamente

    http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdfhttp://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdfhttp://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    46

    preferveis. Pelo fato de ser irrelevante, distrai o consumidor na busca por opes mais

    verdes.

    Exemplo: O exemplo mais frequente de apelo irrelevante est relacionado ao

    Clorofluorcarboneto (CFC) principal contribuinte para a destruio da camada de

    oznio. Tal substncia j est banida por lei h 30 anos, mesmo assim muitos

    produtos ainda apresentam o apelo No contm CFC como sendo uma aparente

    vantagem ambiental.

    (Fonte: Greenwashing no Brasil: um estudo sobre os apelos ambientais nos rtulos dos produtos.

    Disponvel em: http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf)

    6. Pecado do menos pior

    Corresponde a declaraes ambientais que podem ser verdadeiras na categoria

    do produto, mas que podem distrair o consumidor do maior impacto ambiental da

    categoria do produto como um todo.

    Exemplos: Cigarros orgnicos podem ser uma escolha mais responsvel para

    fumantes, mas no deveramos desencorajar os consumidores de fumar? Assim como

    veculos que tm como combustvel o etanol; inseticidas e pesticidas que se

    apresentam como ecologicamente mais corretos, etc.

    (Fonte: Greenwashing no Brasil: um estudo sobre os apelos ambientais nos rtulos dos produtos.

    Disponvel em: http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf)

    7. Pecado da mentira

    cometido atravs de declaraes ambientais que so simplesmente falsas.

    Exemplos: produtos falsamente declarados como sendo certificados ou

    registrados por sua eficincia energtica, mas tal certificado no foi encontrado

    quando verificado sua veracidade.

    (Fonte: Greenwashing no Brasil: um estudo sobre os apelos ambientais nos rtulos dos produtos.

    Disponvel em: http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf)

    Para no serem rotuladas de greenwashing, as empresas devem ficar atentas ao

    contedo de suas campanhas publicitrias, investirem, de fato, em sustentabilidade e

    tomar alguns cuidados:

    Conhecer profundamente os princpios e aes para que se alcance o

    desenvolvimento sustentvel;

    Fazer uma profunda e sincera avaliao dos impactos socioambientais da sua

    empresa, produtos ou servios;

    http://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdfhttp://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdfhttp://www.marketanalysis.com.br/biblioteca/Relatorio_Greenwashing_FINAL.pdf

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    47

    Garantir a real sustentabilidade em todos os aspectos, como os impactos

    causados na produo, distribuio e disposio dos produtos;

    Fiscalizar constantemente as aes de sustentabilidade que sua empresa

    promete.

    (Fonte: http://empresaverde.blogspot.com.br/2011/05/voce-sabe-o-que-e-greenwashing.html)

    2.8. D ICAS P RTICA S PARA U M C ON S UMO SU STENT VEL

    Obs. Essa lio foi elaborada com base na cartilha Pequeno guia de consumo

    em mundo pequeno. Disponvel em:

    http://d3nehc6yl9qzo4.cloudfront.net/downloads/pequeno_guia_consumo_em_um_mu

    ndo_pequeno.pdf

    Entrando em casa

    Cancelar o envio de correspondncia que no lhe interessa, pode ser uma

    tima opo para reduzir o consumo de papel.

    Na sala

    http://empresaverde.blogspot.com.br/2011/05/voce-sabe-o-que-e-greenwashing.htmlhttp://d3nehc6yl9qzo4.cloudfront.net/downloads/pequeno_guia_consumo_em_um_mundo_pequeno.pdfhttp://d3nehc6yl9qzo4.cloudfront.net/downloads/pequeno_guia_consumo_em_um_mundo_pequeno.pdf

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    48

    Que tal s trocar de celular quando parar de funcionar? Ser que voc precisa

    comprar outro s porque tem mais recursos que voc nem vai usar?!

    Se preferir ler texto impresso, faa assinatura comunitria de jornais e revistas

    com amigos e vizinhos. Alis, quantos produtos poderiam ser compartilhados?

    Em festas e reunies, possvel usar menos descartveis. possvel contratar

    utenslios, e at decorao reutilizveis.

    Brinquedos com pilhas brincam sozinhos. Crianas adoram companhia. Bons

    brinquedos so aqueles que instigam o raciocnio, a curiosidade e permitem a

    interao. O melhor brinquedo para seus filhos? Voc.

    No guarda-roupa

    Quando suspeitar de uso de mo-de-obra infantil ou escrava na confeco do

    produto, no compre. Um sapato feito em sofrimento no bom para caminhar

    em paz. Sustentabilidade pressupe generosidade. Fique de olho nas etiquetas

    e busque informaes sobre formas de trabalho nos pases de origem. Prefira

    sempre o feito aqui por perto.

    Que tal comprar em brechs, reformar e customizar roupas, sapatos e

    acessrios? Quando no for usar mais, doar uma excelente opo.

    Muitas cidades j tm feiras de trocas. tambm uma excelente forma de

    mudar o guarda-roupa. Que tal voc organizar uma feira em seu bairro?

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

    49

    1. Rena ao menos dez participantes que possam levar bens e/ou servios para trocar. Valem de

    alimentos caseiros, roupas, livros e objetos usados aula de violo, corte de cabelo e coisas fora do

    mercado formal, como cuidar do gato ou fazer as compras.

    2. Defina a data, a periodicidade e o local, que pode ser o clube, o salo de festas do condomnio

    ou um galpo alugado, por exemplo. L, os participantes vo expor suas mercadorias como quiserem:

    numa barraquinha de feira, numa mesa, toalha no cho e por a vai.

    3. Crie uma moeda social, uma nota com nome e identidade visual prprios, que no tem valor

    fora da feira como o dinheiro do jogo Banco Imobilirio, lembra? Imprima cerca de 50 unidades por

    pessoa (veja como cada participante consegue a moeda no item 4). O papel da moeda permitir as

    trocas indiretas, do contrrio, voc poderia querer uma caneca, mas o dono dela no gostou de nada

    que voc tem a oferecer e a, como ficaria?

    4. Organize um banco, que compra com a moeda social uma cota dos produtos ou servios

    durante a feira. Essa a forma de colocar as moedas em circulao para a feira comear. Por isso, as

    pessoas devem se dirigir ao banco logo na chegada (os produtos ou servios adquiridos pelo banco, por

    sua vez, podem ser revendidos na prpria feira ou vendidos fora dela, e os recursos obtidos, usados na

    organizao do prprio evento).

    5. Defina o valor dos produtos ou servios levados para trocar. Cada feira cria seu prprio

    parmetro de valores. Por exemplo: um eletrodomstico em bom estado pode valer de 10 a 20 moedas

    sociais; uma massagem, de 5 a 10; e uma camisa nova, 8..

    6. Leve tambm materiais reciclveis para vender ou doar ao banco. No primeiro caso, o banco

    vende os resduos indstria da reciclagem. No segundo, ele os doa para cooperativas de catadores.

    7. Guarde no banco as moedas sociais que sobrarem. Voc ir receb-las de volta na edio

    seguinte da feira.

    No escritrio

    Se for montar ou reequipar sua casa, prefira mveis usados, caso no possa

    restaurar os que j tm. E s compre madeira certificada, de manejos que

    respeitem a vida da floresta.

    Seja qual fora a sua profisso, fique antenado nas questes de

    sustentabilidade. Cada vez mais, faro parte do seu dia a dia no trabalho.

    No banheiro

    Os cosmticos feitos com produtos orgnicos so uma alternativa aos

    convencionais.

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

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    Na cozinha

    Voc no precisa de tanta carne, cuja produo tem grande impacto ambiental.

    S de gua, por exemplo, um quilo de carne bovina, at chegar sua mesa,

    exigiu pelo menos 15000 litros.

    Estoques de peixes e frutos do mar esto ameaados pela sobrepesca e

    poluio. Varie o cardpio: evite atum (albacora), lagostas e badejo, e prefira

    sardinhas e anchovas.

    Armazenar alimentos em potes com tampas uma tima opo para evitar

    embrulhos descartveis.

    Prefira alimentos cultivados em sua regio, pois seu transporte consomem

    muita energia e geral considervel poluio.

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

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    Sirva-se s do que for comer. O desperdcio de alguns a falta de alimentos

    para muitos outros.

    Facilite (e torne menos custoso) o tratamento de esgotos no despejando leo

    na pia. Ao descer pelo ralo, o leo vai para a rede de esgoto e pode entupir as

    tubulaes e contaminar a gua. Cada litro de leo despejado no esgoto tem

    capacidade para poluir cerca de um milho de litros de gua. Veja duas opes

    de como lidar com a sobra de leo em sua casa:

    o Armazene e leve a um posto de coleta: Coloque a sobre da fritura em

    uma garrafa PET limpa e entregue em um posto de coleta para que seja

    reciclado corretamente. Pesquise e conhea os locais prximos da sua

    casa.

    o Transforme-o em sabo caseiro: Voc mesmo pode dar um novo destino

    ao leo de cozinha. A receita simples e pode ser feita em casa:

    Materiais: 5 litros de leo de cozinha usado, 2 litros de gua, 200 mililitros

    de amaciante, 1 quilo de soda custica em escama. Preparo: Coloque

    cuidadosamente a soda em escamas no fundo de um balde e acrescente

    a gua fervendo. Mexa at diluir todas as escamas da soda e depois

    adicione o leo e mexa. Em seguida, adicione o amaciante e mexa

    novamente. Jogue a mistura numa frma e espera secar. Corte o sabo

    em barras.

  • ESTILOS DE VIDA SUSTENTVEIS

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    Na varanda/terrao

    Reserve um cantinho verde na varanda (na cozinha ou na rea de servio) para

    um tempo seu com a terra. Utilize aquele p de caf com adubo.

    No deixar gua nos p