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Introdução ao Linux – Augusto C. Campos 1 Introdução ao Linux Augusto César Campos [email protected] www.br-linux.com

Apostila Linux.sxw

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  • Introduo ao Linux Augusto C. Campos 1

    Introduoao

    Linux

    Augusto Csar [email protected]

    www.br-linux.com

  • Introduo ao Linux Augusto C. Campos 2

    Contedo1.Apresentao.....................................................................................................................................32.Nota de Copyright.............................................................................................................................33.Conceitos bsicos..............................................................................................................................44.Uma instalao assistida....................................................................................................................55.Usando o ambiente............................................................................................................................7

    O kicker ou barra de tarefas.............................................................................................................8O menu do sistema...........................................................................................................................9Os cones do sistema........................................................................................................................9

    6.Configurando o idioma....................................................................................................................107.Os aplicativos para usurios............................................................................................................118.Comandos em modo texto na shell..................................................................................................12

    Os comandos bsicos.....................................................................................................................13Virando root...................................................................................................................................14

    9.A rvore de diretrios......................................................................................................................15Os diretrios de binrios................................................................................................................15O diretrio de configurao...........................................................................................................16O diretrio de boot.........................................................................................................................16O diretrio de dispositivos.............................................................................................................16O diretrio de bibliotecas...............................................................................................................16Os pontos de montagem de mdias removveis.............................................................................16Diretrios pessoais.........................................................................................................................16O indicador de status......................................................................................................................16Os diretrios de variveis..............................................................................................................16A segunda hierarquia.....................................................................................................................16Outros diretrios............................................................................................................................17Quem garante?...............................................................................................................................17

    10.A documentao............................................................................................................................1711.Administrao do sistema..............................................................................................................18

    O YaST..........................................................................................................................................20Gerenciamento de usurios e segurana........................................................................................20Acesso a rede.................................................................................................................................21Servios de rede.............................................................................................................................21Hardware........................................................................................................................................23Sistema ..........................................................................................................................................24

    12.Gerenciando impressoras...............................................................................................................2513.Gerenciamento de discos...............................................................................................................27

    Descobrindo o espao livre............................................................................................................27Descobrindo quem est usando o espao.......................................................................................28Localizando arquivos.....................................................................................................................28Restries e permisses de acesso.................................................................................................30

    14.Instalando e gerenciando software................................................................................................3115.Sobrevivendo no modo texto.........................................................................................................3216.Apndice 1: Anlise do SuSE Linux 8.2.......................................................................................3617. Apndice 2: Como obter e gravar seus prprios CDs de Linux...................................................40

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    1. ApresentaoEste documento utilizado como complemento ao bloco A do curso Introduo ao

    Linux, e pretende servir como auxlio ao aprendizado e posterior fonte de consulta para alunos quej tenham slidos conhecimentos na rea de informtica e que queiram ingressar no mundo dosoftware livre.

    nfase dada aos aspectos tecnolgicos e administrativos, sem o enfoque polticoencontrado em outras publicaes desta natureza.

    O curso dividido em dois blocos:

    Bloco A

    Conceitos (Linux, software livre, LSB, distribuies, FHS...) Instalao a partir dos CDs Uso do ambiente Estrutura de diretrios Acesso a dispositivos [CD, disquete...] Como localizar e usar documentao e suporte Introduo a ferramentas de administrao Gerenciamento de usurios Configurao para acesso a rede Acesso a impressoras Gerenciamento de disco Instalao de software adicional Shell (comandos e filtros bsicos)

    Bloco B

    Gerenciamento de processos Como localizar e acompanhar os logs Suporte bsico de rede Introduo ao SSH Samba e NFS Apache Squid (proxy web) Introduo a segurana (filtros de pacotes, apresentao de ferramentas bsicas de

    verificao)

    Como os blocos so extensos e foram planejados para durar uma semana de aula cada um,ao final de vrios captulos so apresentadas referncias adicionais sobre os assuntos, bem comosugestes de exerccios de fixao e para explorao adicional, podendo gerar discusses em sala deaula quando houver interesse dos alunos.

    2. Nota de Copyright

    2003 Augusto Csar Campos.

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    O uso deste documento regido pela licena GNU Free Documentation License, Verso1.1 da Free Software Foundation. Permission is granted to copy, distribute and/or modify thisdocument under the terms of the GNU Free Documentation License, Version 1.1 or any laterversion published by the Free Software Foundation;

    3. Conceitos bsicosAntes de comear a conhecer o Linux, hora de conhecer alguns conceitos e definies

    que se tornam importantes na hora de compreender as demais questes envolvidas. Embora asrevistas de circulao nacional possam achar que software livre e freeware so sinnimos, cabe avoc entender as diferenas de forma a melhor orientar suas escolhas.

    Sistema operacional: o componente de software que faz a interfacebsica entre os programas do usurio e o computador, gerenciando itens como osrecursos e perifricos (e. g. memria, discos, arquivos, usurios, impressoras),segurana, privilgios, comunicao e outros.

    Kernel: o componente central de qualquer sistema operacional,contendo as principais tarefas de gerenciamento.

    Linux: um kernel desenvolvido a partir de 1991 por Linus Torvalds (foto abaixo), unidoa centenas de interessados (voluntrios e empresas como a IBM, a HP e outras), capaz de rodar emmltiplas arquiteturas (do palm ao mainframe) e que, aliado a ferramentas providas por terceiros(e.g. GNU, KDE, Apache, PHP) forma um sistema operacional robusto e flexvel. O sistemaoperacional resultante da unio entre o kernel do Linux e as ferramentas de terceiros pode serchamado de GNU/Linux ou apenas de Linux a variao ocorre por razes ideolgicas.

    Linus Torvalds, autor do Linux

    Licenas: existe uma srie de termos de uso que regulamentam os softwares. Cada autorde software livre para escolher o tipo de licena adotada: licenas comerciais, shareware, etc. Alicena tpica do Linux a GPL (General Public License), que permite livre uso, alterao eredistribuio, desde que as cpias redistribudas adotem a mesma licena do original. Outra licenatpica de sistemas abertos a BSD, que permite livre uso e redistribuio, e d a opo para que osinteressados alterem os termos da licena.

    Distribuio: reunio do kernel do Linux a um conjunto de software selecionado por

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    terceiros, respeitando os termos de licenciamento de cada um dos componentes envolvidos.Qualquer interessado pode criar uma distribuio, mas apenas um pequeno grupo delas tempresena no mercado (o que no desqualifica as demais algumas no tem interesse em sucessomercadolgico). Exemplos de distribuio: Conectiva, Red Hat, Debian, SuSE, Kurumin.

    Logotipo do LSB

    LSB: Linux Standards Base (www.linuxbase.org) . Conjunto de padres (facultativos) aosquais as distribuies e as aplicaes devem aderir de forma a facilitar o desenvolvimento desoftware que no seja especfico de uma dada distribuio, maximizando os treinamentos, adocumentao, etc.

    Exerccios propostos:1. Discutir em sala de aula as diferenas existentes entre domnio pblico, freeware, free

    software/software livre e open source/cdigo aberto.2. Voc acha que a existncia de mltiplas distribuies diferentes de Linux um ponto

    positivo ou negativo deste sistema operacional? (Considere que todas elas obedeam aopadro LSB)

    3. Veja no apndice 2 as instrues sobre como obter via internet e gravar seus prpriosCds de Linux. Voc acha correto revender Cds obtidos desta forma? Por que?

    4. Como sugesto de leitura adicional, um artigo do site Linux.com apresenta vriosconceitos interessantes relacionados ao Linux, em ingls. Veja emhttp://linux.com/article.pl?sid=02/03/09/1727250

    4. Uma instalao assistidaInstalar o Linux pode ser uma experincia muito mais fcil do que a maior parte dos

    usurios imagina. Entretanto, alguns detalhes podem tornar a tarefa mais desafiadora: manter maisde um sistema operacional na mesma mquina sem prejuzos a nenhum dos dois, ou instalar osistema em um hardware cujo fabricante no forneceu driver para o sistema.

    A instalao assistida ser realizada com o sistemaoperacional SuSE Linux 8.2, e no iremos tentar manter outrosistema operacional instalado no computador. H uma sequncia depassos que sero orientados pelo instrutor no incio e no final dainstalao, mas a maior parte do tempo ser ocupada na tarefa deficar trocando os discos durante a instalao - enquanto vocaguarda o contedo dos cds ser transferido para o seu computador,pode ler no final desta apostila a minha anlise do SuSE Linux 8.2, cuja verso condensada foi

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    publicada pela Revista do Linux em sua edio de Junho/2003.Ateno: os procedimentos abaixo instalaro o Linux sem preservar nenhum dado do

    seu disco rgido. Faa backup de todos os dados antes de prosseguir.O primeiro passo verificar na BIOS do computador se ele est preparado para dar boot

    pelo CD, inserir o CD 1 no drive e dar o boot. Note que em poucos segundos dever aparecer ummenu de boot com vrias opes a primeira (selecionada automaticamente aps alguns segundosde inatividade) continua o boot normalmente pelo sistema operacional que estiver instalado no seudisco rgido, e as demais so opes normais de instalao. Use a tecla F2 para selecionar um modode vdeo compatvel com seu equipamento, e em seguida selecione Installation Safe Settings epressione Enter.

    Aps uma inicializao em modo texto que dura cerca de um minuto, comea a instalaoem modo grfico. Ajuste o monitor se necessrio, e inicie sua interao selecionando o idiomaPortugus Brasileiro note que os demais controles da tela mudam automaticamente aps estaseleo. Pressione Aceitar.

    Neste momento, o programa de instalao ir fazer uma verificao do seu sistema, econstruir um conjunto de sugestes de configurao. Voc pode aceit-las ou no, mas nada seralterado em seu computador at que voc pressione o boto Aceitar na tela Configuraes deInicializao. Dica: outras distribuies operam de maneira diferente, e vo fazendo suasalteraes conforme voc as solicita procure sempre se informar sobre o modo de instalao antesde testar uma nova.

    Selecione o modo Instalao nova, o mapa de teclado PortugusBrasil (ou o Portugus Brasil (Acentuao US) se o seu teclado no tiver atecla da cedilha) e o mouse adequado sua configurao.

    Agora a hora do particionamento. Esquea a sugesto do sistema no nosso treinamento, vamos poder remover todas as parties pr-existentes ecriar novas. Acompanhando as instrues dadas pelo instrutor, entre na opo Criar configuraode partio customizada, selecione o disco rgido correto e pressione o boto Use o disco rgidointeiro. O sistema ir criar uma nova sugesto de particionamento, para remover todas as partiespr-existentes e criar duas novas uma para o swap (memria virtual) e outra para os dados.

    Acompanhe com o instrutor a operao de, atravs da opo Particionamento definidopelo usurio, remover a partio / e em seu lugar criar duas outras parties: / e /home, cadauma com metade do espao disponvel, formatados com o sistema de arquivos Reiser. Existemmuitas variveis a considerar no momento de definir o particionamento de uma mquina usada emproduo, mas elas sero vistas mais frente.

    Dica: ao contrrio do que ocorre em outros sistemas operacionais tpicos de PCs, osdiretrios do Linux possuem uma nica raiz, representada por uma barra normal /. Outrosdispositivos aparecem como ramos desta rvore por exemplo, o seu CD-ROM pode ser vistocomo o diretrio /media/cdrom, e no como uma nova raiz (ex: D:\).

    A seleo de softwares definida automaticamente pelo sistema suficiente para otreinamento. Entretanto, acompanhe a apresentao do instrutor sobre o uso do seletor de pacotes(que pode ser usado tambm aps o sistema j estar instalado) e inclua para instalao o softwaremc e os pacotes de configurao do ambiente para o nosso idioma, de acordo com as instruesque sero dadas.

    Agora pressione Aceitar, confirme a operao e aguarde um bom tempo enquanto osistema formata e copia dados dos CDs. uma boa hora para assistir s dicas exibidas durante ainstalao do CD 1, tirar dvidas com o instrutor ou ler os apndices desta apostila, mas fiqueatento aos momentos em que voc precisar trocar as mdias! Note tambpem que entre o CD 1 e oCD 2 ocorre um boot do sistema.

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    Aps a leitura dos pacotes do CD 3 (a seleo default no usa softwares dos Cds 4 e 5) osistema ir fazer algumas perguntas.

    A primeira delas a senha para o administrador do sistema. Em situaes normais vocdeveria levar em conta a poltica de senhas de sua organizao, mas durante o treinamentocertifique-se de escolher uma senha simples, de forma a lembrar dela at o ltimo dia de aula.

    Em seguida surge a tela de configurao de dispositivos configure a rede de acordo comas polticas de sua rede local, conforme as instrues do orientador. No esquea de configurar oservidor de nomes e o gateway padro. Aps confirmar a operao, configure tambm o endereodo seu servidor proxy, tambm de acordo com as polticas de sua rede e segundo as orientaes doinstrutor.

    Quando o sistema perguntar se h necessidade de testar conexo com a internet, respondaque no. Este teste poderia levar ao download de drivers adicionais, fontes TrueType extras eatualizaes, mas demora tempo demais para ser feito durante um curso no deixe de faz-loquando estiver instalando uma mquina de produo!

    Na tela Mtodo de autenticao do usurio, a escolha bvia para um curso MquinaStand-alone, pois queremos ter estaes de trabalho completamente independentes umas dasoutras. Entretanto, observe as demais opes disponveis: as autenticaes via servios NIS, NIS+ eLDAP permitem ter uma base de dados de usurios centralizada na rede da organizao, e osusurios utilizarem um nico login e senha para todos os servios sem complicao.

    Agora crie ao menos um usurio local. Os campos obrigatrios so o nome, o login e asenha. A opo Receber Correio do System, se habilitada, indica que este usurio deve recebercpias de todos os e-mails gerados pela administrao do sistema (geralmente reservados apenas aousurio root). Se fosse necessrio alterar as demais configuraes do usurio (grupos, ID numrico,diretrio pessoal), bastaria clicar no boto Detalhes. O boto Configuraes de senha permiteconfigurar os prazos de expirao da senha do usurio.

    Aps ler as notas de lanamento da verso, o sistema mostra os perifricos reconhecidosautomaticamente, sugere configuraes default e permite alteraes. Todas estas configuraespodem ser alteradas aps a instalao tambm, mas importante garantir que a placa grfica e omonitor estejam configurados corretamente, para evitar problemas aps o boot. Use a funo deteste disponvel nesta tela, para no ter problemas depois. Dica: se o teste falhar, voc pode aceleraro retorno tela de configurao pressionando Control+Alt+Backspace.

    Agora s completar a instalao. Em alguns segundos voc ser levado a uma breveinicializao e tela de login em modo grfico.

    5. Usando o ambiente

    Aps uma instalao normal do Linux, voc ser levado a uma tela de logon em modogrfico, onde dever preencher seu login e senha, alm de opcionalmente escolher qual ser o seuambiente grfico, caso tenha instalado mais de um.

    Aps preencher os campos, voc ser levado ao KDE, um ambiente grfico amigvel ecompleto, dispondo da maior parte das ferramentas comuns a outros ambientes grficoscontemporneos. Note que o ambiente estar configurado em Portugus Europeu logoaprenderemos a selecionar o nosso idioma.

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    A imagem acima mostra uma viso geral do ambiente default do KDE no SuSE Linux 8.2.A rea 1 ocupada por cones de dispositivos e programas, a rea 2 o menu do sistema, e a rea 3 o Kicker, ou barra de tarefas. Vamos analis-los em ordem decrescente.

    O kicker ou barra de tarefasO kicker possui uma srie de recursos para dar fcil acesso a itens usados com freqencia e

    exibir o estado do sistema. Ele altamente configurvel, mas a configurao default um bomexemplo do que ele pode fazer.

    Da esquerda para a direita, temos dois botes que do acesso a menus do sistema, 6 botesde diretrios ou aplicaes (diretrio de documentos, diretrio pessoal, shell, documentao,navegador web e e-mail), o paginador que d acesso s reas de trabalho virtuais, botesidentificando as janelas abertas, uma rea de botes que controlam aplicativos em execuo, orelgio e um boto para encolher o kicker.

    Voc pode redimensionar o kicker arrastando sua borda superior, da mesma forma queusaria para redimensionar qualquer outra janela do sistema. Outras opes (posio, aparncia ecomportamento) podem ser selecionadas clicando com o boto direito do mouse sobre qualquerrea vazia do painel.

    Exerccios propostos:1. altere a altura do seu kicker, observando o efeito sobre os botes.2. Troque alguns botes de posio.3. Crie um novo boto, associado calculadora Kcalc

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    O menu do sistemaO menu do KDE d acesso maioria das aplicaes instaladas juntamente com o SuSE

    Linux. Quando voc remove ou adiciona uma aplicao fornecida pela prpria SuSE, o menu atualizado automaticamente. Parece uma afirmao bvia, mas nem todas as distribuies de Linuxoferecem este servio.

    As aplicaes esto agrupadas conforme seu uso: os grandes grupos so Escritrio,Grficos, Internet, Jogos, Multimdia e Sistema. Cada um deles se divide em subgrupos, conforme anecessidade. Infelizmente, as aplicaes so identificadas apenas pelo seu nome, e no pela suatarefa assim, pode ficar difcil adivinhar que o Kopete um cliente de ICQ, ou que o XMMS umplayer de MP3.

    Opes adicionais, como Favoritos e Navegador, do acesso rpido a vrias partesimportantes do sistema, inclusive os arquivos de configurao da maior parte dos servios maslembre-se de que apenas o usurio root tem permisso para alter-los.

    No topo do menu ficam as opes de acesso aos aplicativos recentemente executados. Nabase, o gerenciamento de sesso, que permite bloquear a tela, iniciar um segundo ambiente grficosimultneo, ou encerrar a sua sesso.

    Exerccios propostos:1. Crie uma segunda sesso do KDE sem encerrar a atual.2. Alterne entre as sesses utilizando as teclas Ctrl+Alt+F7 e Ctrl+Alt+F8.3. Aproveite para conhecer as sesses em modo texto, pressionando Ctrl+Alt+F1 a

    Ctrl+Alt+F6.4. Altere o wallpaper em uma das sesses grficas, e verifique o efeito sobre a outra.5. Encerre a segunda sesso atravs do menu.

    Os cones do sistemaVoc pode criar e remover cones vontade, como faz em qualquer outro sistema

    operacional moderno. Os cones originais do sistema do acesso aos dispositivos de armazenamentoreconhecidos automaticamente pelo sistema (discos rgidos, disquetes, Cds, webcams...), impressora, apresentao do SuSE e ao OpenOffice.

    O cone do OpenOffice merece ateno especial, porque na primeira vez em que utilizado, faz a configurao do aplicativo automaticamente. Quando isto acontecer, e o sistemaexibir a janela Address Data Source AutoPilot, pressione Cancel. Sim, o OpenOffice fornecido em ingls, embora exista uma verso em portugus para download em www.openoffice.org.br.

    Exerccios propostos:1. Crie um documento simples no OpenOffice, e grave-o com o nome de teste.sxw2. Utilizando o cone de sua unidade de CD, veja o contedo do CD 1 do SuSE. Em

    seguida, ejete-o.3. Crie um cone para a calculadora Kcalc. Dica: o executvel dela /opt/kde3/bin/kcalc.

    6. Configurando o idiomaVoc j deve ter notado que o ambiente grfico est todo em portugus europeu, e tarefas

    simples como a visualizao prvia de um documento acabam virando Anteviso em editor detexto avanado embebido. Felizmente a converso para a nossa lngua ptria tarefa simples, eserve tambm como um primeiro contato com o Centro de Controle.

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    No menu do sistema, selecione o Centro de Controlo e aguarde o surgimento da janelaexibida na figura acima. Nela, clique em Regional e Acessibilidade, e depois em Pas/Regio eLingua. Note que o sistema est configurado para Portugal... Como durante a instalao tivemos ocuidado de selecionar os pacotes do nosso idioma, basta trocar o campo Pas para Brasil, e oPortugus Brasileiro surge na tela, conforme a figura abaixo.

    Esta uma das poucas alteraes que exigem o reincio do ambiente grfico (note que no necessrio fazer reboot) para se tornarem efetivas. Encerre sua sesso e faa novamente o logon, evoc dever ver os menus e opes dos programas em um idioma bem mais familiar.

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    7. Os aplicativos para usuriosA inteno deste captulo fazer um rpido tour para demonstrar que a usabilidade dos

    bons aplicativos para usurios do Linux no tem nada de muito diferente em relao aos demaisaplicativos que voc tenha visto recentemente. Vamos passear por algumas das aplicaesinstaladas nos nossos computadores e verificar se elas so mais complexas ou menos funcionais.

    Comecemos pela calculadora, acessvel atravs do menu Escritrio / Calculation / Kcalc.Interaja com ela, faa contas bsicas e avanadas. Simples, no?

    Agora vamos navegar rapidamente pelos diretrios do sistema. Em breve teremos uma aulaespecfica sobre o que significa cada um dos diretrios e arquivos, mas agora preocupe-se apenasem abrir o navegador atravs do cone da Casa no seu kicker, e em navegar atravs dos diretrios doseu sistema. Note como a navegao simples, e a estrutura de diretrios e arquivos em rvore bastante similar ao que voc j conhecia.

    Agora vamos a um editor de textos simples, estilo bloco de notas. Abra o Kate, emEscritrio / Editors / Kate. Escreva algumas linhas, grave seu documento. As funes no estoonde voc esperaria que estivessem? Os aplicativos do Linux no so to complicados como vocouviu falar, afinal... Se voc for programador, v em Ferraments / Modo de destaque e selecione asua linguagem favorita. Agora escreva algumas linhas de cdigo, e veja que o Kate capaz dedemarcar a sintaxe de diversas linguagens corretamente este pequeno editor tem vrios truques namanga!

    Explore os demais menus, guiado pelo instrutor. Conhea o navegador web, o cliente de e-mail, veja o processador de textos e a planilha, e tenha uma boa noo do que est disponvel atrsde cada opo do menu.

    8. Comandos em modo texto na shellTalvez voc j tenha ouvido falar que o uso do Linux exige o domnio de comandos em

  • Introduo ao Linux Augusto C. Campos 12

    modo texto, ou que ele feio, lento e desajeitado. A segunda parte j deixou de ser realidade faztempo, e a primeira vem se tornando cada vez menos real.

    Na administrao de servidores, certamente o domnio do modo texto uma grandenecessidade muitos servidores operam completamente sem modo grfico, para poupar recursos deprocessamento. No desktop, entretanto, a maior parte das tarefas suportadas j pode ser feitacompletamente sem interao em modo terminal, e a shell (similar ao Prompt de comandos nossistemas da Microsoft) mantida mais para convenincia dos usurios experientes (que certamenteconseguem fazer atravs dela operaes completamente inacessveis em modo grfico) do quecomo um recurso para os usurios comuns.

    Entretanto, ao seguir instrues de manuais ou de artigos de revista, muitas vezes sernecessrio recorrer shell como ela varia pouco entre as diversas distribuies de Linux,normalmente a documentao a usa como base em seus exemplos. Eis porque teremos algumainterao com a shell neste curso introdutrio.

    Para abrir seu terminal shell, pressione o cone da concha em frente a um monitor no seuKicker. Ao contrrio do que ocorre nos prompts de comandos de outros sistemas operacionais, ajanela da shell pode ser redimensionada como qualquer outra a sua geometria se adapta aotamanho selecionado.

    A opo Preferncias do menu da shell permite personalizar vrios itens do aspecto dashell. Em Fonte voc pode mudar a codificao e o tamanho dos caracteres. Em Teclado pode-se mudar o protocolo de comunicao oferecido pela shell (Dica: isto pode resolver problemas deacentuao ou de caracteres estranhos aparecendo em programas antigos). Em Esquema muda-seo conjunto de cores e a aparncia geral do terminal. A opo Sesso, no menu principal, permiteabrir vrios prompts adicionais na mesma janela, e a voc pode alternar entre eles atravs dosbotes criados na barra de status.

    Os comandos bsicosNo vamos nos fixar em comandos em modo texto neste curso, mas alguns podem ser

    importantes, principalmente para usurios com conhecimento das interfaces via comando de outrossistemas operacionais. Note que todas as operaes abaixo podem ser efetuadas de maneira intuitivaatravs de uma interface tipo Explorer acessvel atravs do boto em formato de casa no Kicker.

  • Introduo ao Linux Augusto C. Campos 13

    Para exibir a lista de arquivos, o comando o ls. Usado sem nenhum parmetro, ele exibeapenas os nomes dos arquivos do diretrio corrente para ver uma listagem mais abrangente, cominformaes adicionais alm dos nomes, use ls -la. Voc pode acrescentar um parmetro extra paraindicar o nome do diretrio do qual voc deseja ver o contedo: ls -la /etc/init.d ir mostrar ocontedo do diretrio /etc/init.d.

    Para ver o contedo de um arquivo via shell, use o comando less. Exemplo: less/etc/inittab. Uma vez dentro do less, voc pode sair pressionando a tecla q. A tecla / permiteprocurar por palavras, e a navegao ocorre pelas teclas tradicionais setas, page up, etc. A teclah exibe uma referncia dos demais comandos do less.

    Quando precisar digitar o nome de um arquivo, voc pode utilizar a tecla TAB paracomplet-lo. Por exemplo, para se quiser usar o comando less /etc/protocols, voc pode digitarapenas less /etc/prot e ento pressionar TAB e o shell completar a digitao para voc. Paralimpar a tela, use Control+L. Para repetir comandos anteriores, use as teclas de setas e paralocalizar comandos similares, use Page Up.

    Para mudar o diretrio corrente, use o comando cd, como no exemplo: cd /usr/local.Usurios acostumados ao MS-DOS vo notar que o comando CD sem parmetros no faz o queeles esto acostumados ele retorna ao diretrio pessoal do usurio, e no exibe o nome dodiretrio corrente. Para exibir o nome do diretrio corrente, use pwd.

    Para criar um diretrio, use mkdir. Exemplo: mkdir teste123. Para excluir um diretriovazio, use rmdir, como no exemplo: rmdir teste123.

    Para editar arquivos em modo texto, existem vrias opes, desde o tradicional editor vi atalternativas mais simples (e menos poderosas) como o pico. Para editar o arquivo exemplo.txt como pico, digite pico exemplo.txt. Dentro do pico, use as teclas Control+o para gravar, e Control+xpara sair.

    Para renomear ou mover um arquivo, use o comando mv. Por exemplo, para transformarseu arquivo exemplo.txt em exercicio.txt, digite mv exemplo.txt exercicio.txt. Se voc quisessemov-lo para o diretrio teste123, previamente criado, o comando seria similar: mv exemplo.txtteste123.

    Para copiar um arquivo, use o comando cp, com a mesma sintaxe do mv: cp exemplo.txtexercicio.txt, ou cp exemplo.txt teste123

    Para apagar um arquivo, use o comando rm. Exemplo: rm exemplo.txt

    Virando rootEventualmente voc ter necessidade de emitir comandos especficos do administrador do

    sistema (o usurio root). Para tornar-se o usurio root dentro de uma sesso shell, use o comandosu - ou sux -. O segundo especfico da distribuio SuSE, e permite que ousurio root possa inclusive iniciar aplicaes grficas a partir de sua shell.

    Voc pode usar tambm o comando su sem parmetro nenhum, mas aos scripts de inicializao do usurio no sero executados, e voc poder sentirfalta de alguns recursos presentes nele (como a reconfigurao da varivel

  • Introduo ao Linux Augusto C. Campos 14

    PATH, por exemplo).

    Para retornar situao pr-root, use o comando exit ou pressione Control+d.

    Exerccios propostos

    1. Usando sua shell pessoall, tente exibir o contedo do arquivo /etc/shadow com ocomando less /etc/shadow. Em seguida torne-se o root e tente o mesmo comando,comparando os resultados obtidos.

    2. Compare os efeitos do comando su e su - sobre o diretrio corrente (que voc podeaferir atravs do comando pwd). Como voc explicaria a diferena?

    3. Voc acha segura a abordagem de segurana em que o usurio administrador do sistematem acesso irrestrito a todos os recursos? Conhece modelos alternativos? Discuta o temaem sala de aula.

  • Introduo ao Linux Augusto C. Campos 15

    9. A rvore de diretriosO Linux tem uma estrutura de diretrios peculiar, objeto de uma srie de padronizaes e

    similar que pode ser encontrada em verses comerciais de Unix. Alguns dos diretrios bsicos dosistema merecem ser mencionados at mesmo em um curso introdutrio, pois ajudam a entendermelhor como o Linux funciona.

    Acompanhe esta aula atravs do seu gerenciador de arquivos no menu do KDE, selecioneNavegador rpido / Diretrio raiz / Abrir no gerenciador de arquivos. Voc ver uma telasimilar da Figura abaixo, mostrando o nvel inicial da rvore de diretrios de sua mquina. Nestajanela. Use o menu Ver / Modo de Viso para selecionar o tipo de visualizao que voc prefere cones, detalhes, rvore...

    Os diretrios de binriosOs diretrios de binrios contm comandos e programas executveis. A palavra binrios

    no deve ser tomada ao p da letra vrios programas so em linguagens interpretadas (como Perl ebash) e esto gravados em formato textual. Os principais so o /bin e o /sbin, mas existem outrosdentro de reas como o /usr e o /opt, como veremos adiante. A diferena entre o /bin e o /sbin queno ltimo devem ficar todos os comandos e programas necessrios durante o boot da mquina portanto, ele deve sempre residir no mesmo disco ou partio que o diretrio raiz.

  • Introduo ao Linux Augusto C. Campos 16

    O diretrio de configuraoOs arquivos de configurao dos diversos servios instalados na sua mquina devem

    preferencialmente residir no /etc. Ele tambm precisa estar no seu diretrio raiz, por ser necessriodurante o boot.

    O diretrio de bootNo /boot residem os arquivos estticos necessrios ao processo de boot do kernel, inclusive

    o prprio kernel e eventualmente uma imagem de disco virtual contendo drivers para os primeirosestgios da inicializao. De modo geral ocupa menos de 10MB, e pode estar em uma partioseparada algumas BIOS antigas podem exigir que este diretrio esteja gravado no incio do discorgido.

    O diretrio de dispositivosO /dev abriga arquivos que virtualizam todos os dispositivos de entrada e sada terminais,

    teclado, portas seriais e paralelas, teclado e at mesmo os prprios discos.

    O diretrio de bibliotecasAs bibliotecas compartilhadas essenciais (equivalentes s DLLs do mundo Windows) das

    aplicaes e os mdulos do kernel ficam gravadas no /lib.

    Os pontos de montagem de mdias removveisQuando voc acessa um CD, disquete ou mesmo um disco

    compartilhado via rede, ele se torna integrante (diz-se que ele foi montado)do diretrio /mnt ou /media. Seu disquete, aps montado, pode ser visualizadoem /mnt/floppy; o CD pode vir a ser lido em /media/cdrom.

    Diretrios pessoaisO diretrio pessoal do usurio root o /root. Os demais diretrios

    pessoais devem estar sempre dentro do /home.

    O indicador de statusO diretrio /proc virtual ele no ocupa espao fsico real nos seus discos ou na

    memria. Seus arquivos servem como ponto de acesso para uma srie de variveis e recursos dosistema. Por exemplo, se voc acessar o contedo do arquivo (virtual) /proc/cpuinfo verinformaes sobre os processadores da sua mquina.

    Os diretrios de variveisLogs, filas de impresso e de e-mail e outros arquivos mantidos dinamicamente pelo

    sistema so armazenados no /var. J no /tmp so armazenados apenas arquivos temporrios.

    A segunda hierarquiaDentro do diretrio /usr nasce uma segunda hierarquia, idntica anterior. Dentro do

    /usr/bin, por exemplo, pode residir o mesmo tipo de arquivos que residiria no /bin desde que no

  • Introduo ao Linux Augusto C. Campos 17

    sejam necessrios durante o boot. Eventualmente pode haver mais um terceiro nvel, dentro de/usr/local. As razes por trs das hierarquias adicionais so histricas, mas elas permitem manobrasinteressantes, como a gravao em mdias protegidas contra gravao, ou o compartilhamento deum mesmo diretrio /usr por uma srie de computadores ligados em rede. Alguns contedosinteressantes podem ser encontrados por padro dentro da hierarquia do /usr um exemplo adocumentao dos pacotes instalados, que deve residir em /usr/share/docs.

    Outros diretriosOutros diretrios podem existir na sua rvore sem violar o padro. O SuSE Linux usa

    extensivamente o /opt, por exemplo, para instalao de rvores de diretrios adicionais criadas porpacotes especficos, como o KDE e o OpenOffice.

    Quem garante?E quem garante que cada distribuio de Linux v obedecer aos padres existentes?

    Ningum. Mas os usurios esperam isso desrespeitar os padres significa que softwaresdesenvolvidos levando em conta os padres existentes no iro funcionar na sua distribuio.

    O desrespeito aos padres pode levar a problemas srios: uma verso relativamente antigade uma distribuio de Linux bastante usada no Brasil gravava seu arquivo de definio de fusoshorrios dentro do diretrio /usr. Quando algum administrador de sistemas experiente optava porgravar o diretrio /usr em uma partio ou disco separado (respeitando o padro), o arquivo deixavade estar disponvel durante o boot. Resultado? Um erro difcil de identificar, que resultava emproblemas principalmente durante o horrio de vero.

    Assim, as distribuies que desejam participar do mercado corporativo tendem a aderir aospadres, evitando causar problemas desnecessrios aos administradores. Distribuiesdesenvolvidas para objetivos acadmicos ou por hobby podem se dar ao luxo de criar seus prpriospadres.

    Para conhecer melhor os padres, visite:

    www.linuxbase.org

    www.pathname.com/fhs

    www.li18nux.net

    10.A documentaoO Linux fornecido com grande volume de documentao. Bons manuais so o diferencial

    das distribuies mais orientadas ao mercado corporativo, mas tambm esto disponveis junto sdistribuies livres e at mesmo em produes independentes.

    O SuSE Linux 8.2 vem acompanhado de dois manuais impressos, sendo um deles voltadopara a administrao do sistema e o outro voltado ao usurio. Como seria de se esperar em umproduto vindo do software livre, o contedo dos manuais vem gravado nos Cds e instaladojuntamente com o sistema, podendo ser acessado atravs do cone da bia salva-vidas no seu kiosk.

    No mesmo cone voc encontra pontos de acesso a uma srie de outros itens dedocumentao que so instalados junto com o seu sistema: os manuais (man) dos comandos, o guiado usurio do KDE, guias para desenvolvedores, e muito mais.

  • Introduo ao Linux Augusto C. Campos 18

    Boa parte da documentao pode ser acessada tambm atravs do modotexto. Para ler o manual de um comando qualquer, use o comando man. Por exemplo,para ler o manual do comando cp, use man cp. Alguns comandos mais modernosno dispem de manuais no antigo formato man, e para eles usa-se o comando info -exemplo: info less. Outros comandos ainda possuem documentao atravs dosistema help exemplo: help pwd.

    Existe muita documentao disponvel na Internet, tambm. Em portugus pode-se contarcom:

    Os manuais e guias da Conectiva: http://www.conectiva.com.br/cpub/pt/doc

    FAQ: http://www.conectiva.com.br/cpub/pt/suporte/perguntaserespostas.php

    Guia Foca Linux: http://focalinux.cipsga.org.br/

    Tutoriais Linux in Brazil: http://artigos.br-linux.com/

    alm de muitos outros sites. J em ingls, as dicas bsicas so o Linux DocumentationProject (www.tldp.org) e a rea Linux do Google (www.google.com/linux).

    Se voc preferir participar interativamente, perguntando e respondendo, uma sugesto assinar a lista linux-br (instrues em http://linux-br.conectiva.com.br/ - note que apesar da URL,no se trata de uma lista exclusiva sobre o Conectiva Linux) ou participar de fruns online como obr-linux.com ou o www.underlinux.com.br.

    Para informaes especficas sobre a SuSE, o site brasileiro www.suse-brasil.com.br, e ointernacional www.suse.com. Eles tem instrues sobre como assinar as listas de e-mailrelacionadas a seus produtos.

    11.Administrao do sistemaTodo sistema operacional precisa de administrao, em maior ou menor grau. H

    necessidade de manter atualizadas as contas e senhas de usurios, gerenciar a ocupao dos discos,dimensionar a quantidade de tarefas em execuo simultnea, manter a comunicao com osperifricos e com a rede, e muito mais.

    As ferramentas fornecidas para administrao do sistema servem como um dos principaisdiferenciais entre as distribuies algumas oferecem alternativas que de to automatizadaschegam a ser intrusivas, enquanto outras limitam-se ao mnimo necessrio.

    O mnimo necessrio, no caso, pode ser um editor de texto capaz de alterar os arquivosde configurao do Linux seguindo a tradio do mundo Unix, a absoluta maioria dos softwarespara Linux pode ser configurada a partir de arquivos texto. E as ferramentas intrusivas so aquelasque sobrescrevem estes arquivos de configurao sem considerar alteraes eventualmenteinseridas de forma manual pelo administrador do sistema.

    Cada distribuio de Linux oferece a sua prpria ferramenta de administrao, e todas tmsuas vantagens e problemas. Algumas ferramentas de administrao so desenvolvidas de formaindependente de qualquer distribuio, e podem ser instaladas com relativa facilidade em qualquersistema. Um exemplo desta categoria o Webmin, que permite o gerenciamento remoto vianavegador web, com uma interface como a da figura abaixo:

  • Introduo ao Linux Augusto C. Campos 19

    Os mdulos do webmin tm interfaces avanadas e simples de usar. Veja como funciona aincluso de um usurio:

    Este foi apenas um exemplo, mas h uma srie de outras ferramentas disponveis para estamesma funo. Neste curso, entretanto, iremos concentrar nosso foco no YaST, a ferramenta deadministrao que acompanha o SuSE Linux.

  • Introduo ao Linux Augusto C. Campos 20

    O YaSTO YaST uma interface de gerenciamento completamente grfica, mas que tambm

    oferece uma interface em modo texto para facilitar a administrao remota (via ssh ou telnet) e aadministrao de servidores sem modo grfico.

    A tela inicial do YaST exibe esquerda os cones dos grupos de servios gerenciveis peloYaST, e direita os cones do grupo default, que o do gerenciamento de software. Note na figuraa abrangncia dos grupos: Software, Hardware, Rede, Segurana, Usurios, Sistema e Diversos.

    Vamos agora visitar os principais grupos. Como se trata de experincia interativa, aapostila no ir abordar as configuraes individualmente acompanhe as exposies juntamentecom o instrutor.

    Gerenciamento de usurios e seguranaVamos iniciar pelo gerenciamento de usurios, disponvel no grupo Segurana e

    usurios. O cone Editar e criar usurios permite visualizar a listagem dos usurios do seusistema, alter-los, exclu-los e at mesmo incluir novos. Usurios experientes de Linux vo notarque o sistema, por default, exibe apenas a listagem dos usurios locais. Utilizando a opoConfigurar Filtro voc pode exibir tambm os usurios administrativos do sistema, como o root eo nobody mas no os altere a no ser que tenha boa razo para isto! Acompanhe o instrutor nasoperaes de criao, alterao e excluso de usurios, e veja tambm as opes avanadas,inclusive a criptografia utilizada nas senhas (DES, MD5 e Blowfish) e a fonte utilizada naautenticao (arquivos locais, NIS, NIS+ e LDAP).

  • Introduo ao Linux Augusto C. Campos 21

    O cone Configuraes de segurana permite definir o nvel de segurana usado namquina, variando de 1 (estao de trabalho domstica) a 3 (servidor de rede). Pode-se tambmalterar detalhes individualmente, incluindo o tratamento de senhas, das teclas Ctrl+Alt+Del, dapossibilidade de shutdown para usurios comuns, do mtodo utilizado para login, do gerenciamentode arquivos e outros.

    Acesso a redeO grupo Dispositivos de rede permite configurar as suas interfaces, inclusive ADSL,

    modems, placas de rede, Fax, secretria eletrnica e ISDN. A maior parte dos dispositivos de redecomuns so detectados automaticamente, e o uso dos cones deste grupo em geral limita-se aconfiguraes de software detalhes da discagem para provedores Internet, ou a configurao do IPda sua placa de rede.

    Clique no cone da placa de rede para fazer a configurao IP. Caso ela no aparea na listade dispositivos j configurados, pressione o boto Configurar e informe os dados solicitados; casocontrrio, pressione Modificar, selecione Editar e veja uma tela como a da figura abaixo:

    Nela voc pode selecionar a configurao automtica (se sua rede contar com servidorDHCP) ou informar manualmente dados como o endereo IP, a mscara, o endereo do servidorDNS e o Gateway padro.

    Servios de redeEste um grupo que vem crescendo a cada nova edio do SuSE Linux. Ainda no

    possvel configurar os servios de rede mais avanados (como o Apache e o Samba) por aqui, mastudo indica que logo teremos esta comodidade.

    Entre os servios j disponveis neste grupo, temos os diversos autenticadores de rede

  • Introduo ao Linux Augusto C. Campos 22

    (NIS, NIS+, LDAP, Kerberos), configuraes relacionadas a servios de nomes (definies denomes locais e arquivo de hosts, acesso a servidor DNS), compartilhamento de arquivos via NFS,roteamento, acesso a proxy, acesso a e-mail e servios de rede (inetd). Os dois ltimos, por seremmais complexos, sero vistos com mais detalhes.

    Quanto ao servio de e-mail, visto na figura acima, a primeira escolha quanto ao tipo deconexo. Em conexes discadas, o servidor de e-mail acumula as mensagens, e elas s so enviadasquando explicitamente solicitado pelo administrador de sistemas. Neste passo pode-se tambmhabilitar o uso de um antivrus no servidor. Em seguida, pode-se especificar um servidor (relay)de sada, para os casos em que se deseja rotear todo o e-mail atravs de um servidor remoto (comsuporte inclusive a mascaramento e autenticao SMTP), e pode-se tambm habilitar a recepo dee-mail remoto (inclusive atravs de servidores POP e IMAP de outros provedores, e com suporte aapelidos e a domnios virtuais).

  • Introduo ao Linux Augusto C. Campos 23

    J quando se trata dos servios de rede (inetd), a explicao tem que ser um pouco maisdetalhada. O inetd um servio especial, cuja principal tarefa monitorar as interfaces do sistema einiciar automaticamente os demais servidores (exemplo: FTP, IMAP, POP) quando detecta algumarequisio externa.

    Atravs do seu cone no YaST, o administrador pode ativar o inetd (na verdade trata-se deum software chamado de xinetd) e configurar em uma interface como a da figura acima quais osservios que sero providos atravs dele. No caso de servios cujo software correspondente notenha sido instalado, a ativao gera automaticamente uma requisio de instalao do softwarenecessrio, a partir dos Cds do sistema. Por exemplo, se voc deseja que seu computador aceite esuporte conexes via FTP, basta ativar o xinetd e usar o boto Toggle Status para ativar o serviocorrespondente.

    HardwareNo grupo Hardware encontramos as ferramentas de suporte configurao dos diversos

    dispositivos suportados pelo YaST. Note que h dispositivos suportados e reconhecidosautomaticamente pelo SuSE Linux mas que no possuem opo de configurao pelo YaST exemplos disso so as cmeras digitais e webcams.

  • Introduo ao Linux Augusto C. Campos 24

    O cone Informao de Hardware mostra uma lista dos dispositivos reconhecidos pelosistema, mesmo que no tenham sido configurados automaticamente. Veja na figura acima umexemplo, com o primeiro nvel de detalhe sobre a CPU, o disco e a placa de vdeo. O segundo nvelde detalhe, no mostrado na figura, exibe uma quantidade surpreendente de informaes sobre oequipamento.

    O cone Modo IDE DMA permite ligar ou desligar o acesso de alta velocidade aosdispositivos IDE (discos rgidos, unidades de CD). De modo geral, a nica razo para desligar omodo DMA (que garante velocidades bem superiores) na existncia de problemas decompatibilidade com dispositivos antigos.

    O cone da placa de vdeo o monitor permite selecionar a resoluo, profundidade de corese acelerao 3D de seu equipamento ou coloc-lo em modo texto definitivamente. Alm dissopode-se utilizar o suporte a mltiplos monitores simultneos, quando o hardware suportar estaconfigurao. Se em algum teste voc descobrir que seu micro no d mais boot em modo grfico,use o comando SaX2 -l ( um L minsculo, e no o nmero 1) no modo texto para reconfigurar.

    Exerccio proposto:

    1. Usando o cone Informao de Hardware, compare a sua configurao com a dos demaiscolegas de treinamento, identificando diferenas reconhecidas pelo sistema.

    Sistema Esta opo especfica para usurios avanados. Os mdulos permitem a configurao do

    boot do sistema, criar disquete de boot ou de resgate, escolher o idioma bsico utilizado pelo YaSTe pelos aplicativos, fazer e restaurar backups simples, reparticionar e configurar volumes lgicos(LVM) alterar o fuso horrio e o mapa do teclado.

    Algumas opes merecem destaque, embora no sejam objeto deste curso introdutrio. Aprimeira delas o Gerenciador de Perfil, que permite arquivar mltiplas configuraes para umamesma mquina pense em um notebook que pode ser usado em mais de uma rede comconfiguraes completamente diferentes, ou em uma mquina usada em treinamentos que precisaser servidor de manh e estao de trabalho tarde.

    O editor de runlevel permite definir quais servios iro ser executados em sua mquina. Aexplicao sobre os diversos nveis de execuo (runlevels) ser dada mais adiante, mas atravsdeste editor pode-se definir qual o runlevel padro da mquina, e quais os servios (exemplo:servidor web, servidor de correio, login grfico) estaro ativos em cada runlevel.

    O editor do /etc/sysconfig o ltimo recurso do administrador de sistemas que no deseja

  • Introduo ao Linux Augusto C. Campos 25

    editar arquivos texto de configurao diretamente. Atravs dele pode-se localizar at mesmo asopes mais obscuras suportadas pelo YaST, e alter-las em uma interface grfica com ajudaonline.

    12.Gerenciando impressorasManipular impressoras atravs do YaST uma tarefa fcil. Nos exemplos, vamos utilizar

    uma impressora conectada via rede, mas eles podem ser facilmente adaptados para impressorasconectadas localmente.

    Para configurar sua impressora, utilize o cone correspondente no grupo Hardware doYaST. Na primeira execuo ele pode demorar mais do que o esperado, porque ele tentar localizarsua impressora local utilizando todas as portas disponveis. A figura abaixo mostra a tela deconfigurao sem que nenhuma impressora tenha sido reconhecida automaticamente.

    Se voc ligar uma impressora paralela agora, pode apertar o boto Reiniciar deteco eaguardar a configurao automtica, mas para o caso de impressoras de rede a nica possibilidade a configurao manual.

    No nosso exemplo iremos configurar uma impressora Lexmark T520 conectada via redelocal. A operao simples. Clique no boto Modificar, depois em Adicionar, Mostrar maistipos de conexo, Fila de pr-filtro para impressora LPD, preencha o endereo da impressora narede e o nome da fila remota (geralmente lp), selecione o fabricante e modelo, defina um nome,descrio e localizao da sua impressora conforme os padres adotados em sua organizao econfirme a operao. Parece uma seqncia longa, mas uma tpica receita de bolo que funcionapara a maior parte das impressoras conectadas diretamente a redes locais embora haja suportetambm a impressoras paralelas e conectadas a servidores de impresso Unix/Linux, Novell eWindows (veja figura abaixo).

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    Utilizando o mesmo cone pode-se editar a configurao das impressoras, tornando-asinativas, configurando folhas de rosto e vrias outras opes.

    Para imprimir, utiliza-se os recursos dos prprios programas aplicativos. Para imprimir umarquivo texto a partir da shell, pode-se utilizar o comando lpr -Pimpressora arquivo.txt,substituindo o nome da impressora e o nome do arquivo note que no h espao entre o Pmaisculo e o nome da impressora.

    Para exibir a lista dos trabalhos pendentes em uma fila de impresso, utiliza-se o comandolpq -Pimpressora, e para remover um deles o comando lprm -Pimpressora nmero. Oexemplo da figura abaixo no usa o parmetro -P, desnecessrio quando se opera sobre aimpressora default do sistema.

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    13.Gerenciamento de discosEste captulo no ir tratar de questes como o particionamento ou o gerenciamento de

    RAID e volumes lgicos estas so matrias complexas que mereceriam cursos especficos paraelas. Entretanto, todo usurio e administrador de sistema tem a eventual necessidade de gerenciar oespao livre em seus discos, ou de localizar um determinado arquivo cujo nome conhecido masno se sabe onde est. Usaremos preferencialmente ferramentas de modo texto para esta finalidade.

    Descobrindo o espao livreUma das necessidades mais comuns relacionadas ao gerenciamento de discos diz respeito

    ao espao livre. O comando df apresenta o total disponvel em cada partio do computador, comono exemplo abaixo, de um servidor bastante lotado:

    root@jurere /etc> dfFilesystem 1024-blocks Used Available Capacity Mounted on/dev/sda5 396500 356805 19214 95% //dev/sda7 598634 204566 363145 36% /opt/dev/sda12 893986 526005 321796 62% /usr/dev/sda6 598634 418964 148747 74% /var/dev/sdc1 4950048 4591001 102812 98% /users/dev/sda11 5839303 5217784 319097 94% /users2/dev/sdc5 3633411 3212673 232780 93% /users3/dev/sdb1 6921609 6487165 75793 99% /users4/dev/sdb2 5932328 5317990 307095 95% /users5/dev/sdb4 4299860 3741990 335370 92% /users6

    Note que a coluna mais direita indica o nome do diretrio associado a cada uma dasparties, a coluna available indica o espao livre (em Kbytes) e a coluna Capacity indica quanto doespao j est ocupado, em percentual.

    A opo -h exibe os valores em forma mais fcil de ler:

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    root@jurere /etc> df -hFilesystem Size Used Avail Capacity Mounted on/dev/sda5 387M 348M 19M 95% //dev/sda7 585M 200M 355M 36% /opt/dev/sda12 873M 514M 314M 62% /usr/dev/sda6 585M 409M 145M 74% /var

    Dica: o comando kdf pode fornecer a mesma informao, mas em modo grfico.

    Descobrindo quem est usando o espaoPara descobrir os viles responsveis pelo maior consumo do seu espao, use o comando

    du. Entre suas mltiplas opes, o -S (maisculo) separa os subdiretrios e o -x desconsideraarquivos e diretrios que estejam em parties diferentes.

    Adiantando uma matria de um captulo posterior, podemos usar os filtros de texto doLinux para listar os 5 maiores diretrios abaixo de um determinado diretrio, como no exemploabaixo que lista os maiores diretrios abaixo do /f/grupos/inf:

    root@jurere /> du -Sx /f/grupos/inf | sort -nr | head -512817 /f/grupos/inf/gm11035 /f/grupos/inf/eliane9830 /f/grupos/inf/Curso UML4340 /f/grupos/inf4044 /f/grupos/inf/agreg

    O parmetro -h pode ser usado para facilitar a leitura dos nmeros, mas ao mesmo tempoele torna os resultados incompatveis com o filtro de ordenao:

    root@jurere /> du -Sxh ~renato8.9K /users/net/users/renato/Forum2.0M /users/net/users/renato/backup/altguia21.5M /users/net/users/renato/backup3.3M /users/net/users/renato/filiacao/0506339K /users/net/users/renato/filiacao/0805

    A opo Sistema / Filesystem tools / Kdir Stats do seu menu oferece a mesmafuncionalidade, mas em modo grfico.

    Localizando arquivosO comando bsico para localizar arquivos no disco o find, cuja sintaxe praticamente

    uma linguagem, e permite realizar uma srie de operaes complexas. Neste curso introdutrio,vamos ver apenas os itens mais comuns.

    A busca mais simples a baseada em nomes de arquivos. Se voc quiser procurar dentrodo diretrio /users apenas os arquivos com a extenso .xls, pode usar o comando find /users

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    -name '*.xls' como no exemplo abaixo:

    root@jurere /> find /users -name '*.xls'/users/net/temp/Banco_horas.xls/users/_zonas/public/out/multa.xls

    O segundo parmetro a origem da pesquisa, o terceiro o tipo da busca e o quarto oargumento da busca. Para pesquisar arquivos chamados backup no disco inteiro, o comando seriafind / -name backup. Note que a barra utilizada como segundo parmetro indica que a pesquisadeve ocorrer no disco todo.

    Pode-se tambm fazer pesquisas baseadas no tamanho do arquivo. O comando find /users-size +1000000c mostraria todos os arquivos abaixo do diretrio /users e que tenham mais de1.000.000 de caracteres. Pode-se combinar pesquisas, como em find /users -size +1000000c -name'*.zip'.

    O comando find tem uma srie de recursos adicionais digite man find para ver osdetalhes. A boa notcia que o ambiente grfico KDE tem uma interface bastante amigvel para alocalizao de arquivos, permitindo inclusive fazer filtros pelo contedo dos mesmos, data decriao, tamanho e vrias outras opes ela est na opo Encontrar arquivos, no menu dosistema.

    Alm disso, se voc instalar o pacote adicional findutils-locate, poder utilizar o comandolocate para pesquisas super-rpidas baseadas em um ndice de arquivos. Este ndice geradoautomaticamente uma vez por dia, ou toda vez que o administrador da mquina utilizar o comandoupdatedb.

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    Restries e permisses de acessoO sistema de permisso de acesso do Linux protege o sistema de arquivos do acesso

    indevido de pessoas ou programas no autorizados.

    Os direitos de acesso so fornecidos a trs classes distintas de usurios:

    O usurio dono do arquivo, representado pela letra u;

    O grupo dono do arquivo, representado pela letra g;

    Todos os outros usurios, representados pela letra o (de outros).

    Eles tambm se dividem em trs categorias de privilgio:

    Leitura (r, de Read)

    Escrita (w, de Write)

    Execuo (x, de eXecute)

    Todo arquivo do Linux possui um conjunto de privilgios definido para cada uma das trsclasses, e o sistema operacional sempre obedece a estes privilgios, e fora todos os usurios aobedec-los tambm exceto quando se trata do usurio root, que tem acesso a todos os arquivos.A figura abaixo mostra o editor de permisses do gerenciador de arquivos do KDE. Note a matrizformada pelas classes e pelas categorias:

    Aqui, o arquivo pode ser escrito apenas por seu proprietrio, mas pode ser lido e executadopelo proprietrio, pelo grupo e pelos demais usurios ou seja, por todos.

    Geralmente as permisses so descritas como uma sequncia de 10 caracteres, sendo queo primeiro indica se ele um diretrio e os demais formam 3 grupos de 3 caracteres indicando osprivilgios de cada classe de usurio. A seqncia - rwx r-x r-x indica que o usurio proprietriodo arquivo tem direitos de leitura, escrita e execuo, o grupo proprietrio tem leitura e execuo, eos outros usurios tm tambm leitura e execuo a mesma combinao vista na figura acima.Veja como o mesmo arquivo da figura seria exibido pelo comando ls -l:

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    -rwxr-xr-x 1 brain users 482 2000-05-23 22:12 bin/terminal

    Voc pode alterar as permisses dos seus arquivos atravs do editor de propriedadesexibido na figura, ou atravs do comando chmod. O chmod tem muitas opes de sintaxe, mas amais simples a que acrescenta ou retira privilgios de cada uma das classes. Alguns exemplos:

    Dar permisso de execuo para o usurio: chmod u+x arquivo

    Dar permisso de leitura para o usurio e o grupo: chmod ug+r arquivo

    Retirar permisso de escrita dos outros: chmod o-w arquivo

    Os trs exemplos acima acrescentam e retiram apenas as permisses explicitamentecitadas, sem alterar as demais. Existem muitas outras formas de manipular permisses usando ocomando chmod, e existem at mesmo permisses avanadas (SUID, SGID e sticky) que novamos mencionar neste curso introdutrio conte com a documentao do comando chmod paraconhecer os detalhes.

    Dica: Este modelo de permisses, que segue o modelo tradicional do Unix, pode sersubstitudo e complementado de vrias maneiras. Uma delas a instalao de ACLs (como as doHP-UX e do Windows NT) e atributos extendidos no veremos detalhes neste curso, mas vocpode se informar em http://acl.bestbits.at/.

    14.Instalando e gerenciando softwareA instalao de software adicional feita atravs da opo Instalar e Remover Software,

    do grupo Software do YaST. A figura abaixo mostra a interface bsica:

    Note que so 5 painis distintos. Da esquerda para a direita temos:

  • Introduo ao Linux Augusto C. Campos 32

    O seletor de filtros, que permite optar entre ver todos os pacotes disponveis para ainstalao, limitar-se aos recomendados pela SuSE ou fazer buscas especficas;

    A lista de pacotes do grupo definido no seletor de grupos, ou resultante de uma pesquisaefetuada pelo usurio. Cada pacote tem um campo de status (que indica se ele estinstalado, se est em conflito com outro, etc.), o nome e uma breve descrio em ingls;

    Os dados sobre o pacote selecionado, incluindo descrio, dependncias em relao aoutros pacotes, etc.

    Um resumo do espao livre em disco;

    O seletor de grupos, permitindo escolher o escopo da lista de pacotes apresentada.

    Para instalar ou desinstalar um pacote, basta alterar o seu campo status na lista. Se estaoperao quebrar alguma relao de dependncia, o sistema alertar e dar sugestes sobre aspossveis alternativas, incluindo a instalao de pacotes adicionais, se necessrio.

    Fazer uma pesquisa simples: selecione a opo Pesquisa no seletor de filtros, preencha apalavra desejada, e pressione Enter.

    Ao terminar suas alteraes, clique no boto Aceitar, e o sistema ir solicitar a inserodos Cds conforme necessrio.

    possvel tambm instalar e gerenciar pacotes a partir da shell. Alguns comandos teisso:

    Instalar um pacote novo: rpm -ivh nome.rpm

    Fazer upgrade de um pacote: rpm -Uvh nome.rpm

    Remover um pacote: rpm -e nome

    Listar os pacotes instalados: rpm -qa

    Ver informaes sobre um pacote instalado: rpm -qi nome

    Ver a lista de arquivos de um pacote instalado: rpm -ql nome

    Ver informaes sobre um pacote no instalado: rpm -qpi nome.rpm

    Ver a lista de arquivos de um pacote no instalado: rpm -qpl nome.rpm

    possvel tambm fazer a atualizao dos softwares via Internet, usando o coneAtualizao online no YaST. Neste caso, o sistema verifica no servidor de Internet da SuSE ospacotes que foram alterados desde a ltima atualizao do computador e permite o download einstalao automatizada das verses novas.

    15.Sobrevivendo no modo textoNota: este captulo foi extrado do artigo O poder do modo texto, de Aurlio M. Jargas,

    publicado pela Revista do Linux.

    O que para a maioria dos usurios so funcionalidades fantsticas do mundo grfico, paraoutros no passam de futilidades. Alis, no Linux, so muitos os usurios que fazem apologia domodo texto, sem interfaces grficas, sem mouse, em um terminal de fundo preto, basicamentedevido ao poder e flexibilidade obtidos. So os que no adotam o mouse porque consideram osatalhos de teclado muito mais rpidos. Dispensam o ambiente grfico porque o julgam uma

  • Introduo ao Linux Augusto C. Campos 33

    "desespecializao", uma padronizao que nivela o especialista por baixo e pela mdia. Umacamisa-de-fora inaceitvel.

    Mais do que qualquer apologia do modo texto, porm, nada como a demonstrao deconceitos e o detalhamento de exemplos para mostrar suas vantagens. E a realidade que h muitastarefas que no podem ser feitas em aplicaes grficas ou que, se podem, no alcanam toda aflexibilidade do modo texto.

    Vamos a uma anlise rpida. O que temos no mercado, aos milhares, so aplicativosgrficos para sistemas operacionais "grficos", que tentam centralizar diversas tarefas e, assim,monopolizar o uso. Quase sempre, desempenham todas as tarefas aqum do grau ideal para cadauma. Resultado: o usurio acaba tendo um aplicativo muito genrico e pouco especialista, que nofim acaba no sendo timo para nenhuma das tarefas isoladamente. Ganha-se em integrao, masperde-se em flexibilidade. Exemplos so o Lotus Notes, Microsoft Office, etc.

    Tambm existe aquele outro tipo de programa, chamado de front-end, que apenas umainterface "bonitinha" para o usurio, que acessa um programa no-grfico, cheio de opes. Ogrande problema que geralmente essa interface no contm todas as opes do programa,limitando seu uso, como em alguns aplicativos do KDE e do Gnome.

    J o Unix, o Linux e o Java seguem uma filosofia contrria: a modularidade. Pequenosaplicativos, cada um com uma tarefa bem especfica e definida, que desempenham de maneiraeficiente e confivel. Combinando essas pequenas "ferramentas", conseguimos todo o poder,flexibilidade e confiabilidade necessrios a uma tarefa. So essas ferramentas e dicas de uso quevamos comentar.

    Numa aluso simples mas didtica, o modo grfico comparvel a um carrinho deplstico, pronto e imutvel. E o modo texto pode ser comparado a um Lego, com todas as peaspara montar o carrinho da maneira que bem se entenda. Se amanh seu carrinho precisar de maisduas rodas, basta acrescent-las, sem traumas ou esforo.

    Ao contrrio do que possa parecer, "montar" o seu carrinho no complicado. Bastaentender um conceito bsico, como o redirecionamento, e voc j sai criando. Isso no umaexclusividade de administradores de sistema, e voc, como usurio normal, pode se beneficiardessas ferramentas, automatizando tarefas repetitivas e extraindo informaes de maneira rpida eeficiente.

    Primeiro, vamos dar uma olhada nas ferramentas mais usadas:

    cal: mostra o calendrio

    cat: mostra o contedo de um arquivo

    crontab: agenda tarefas de sistema

    cut: "corta" pedaos de uma linha

    date: mostra a data e hora atuais

    du: mostra o uso do disco

    find: "acha" arquivos no sistema

    grep: procura palavras num texto

    more: pagina um fluxo de texto

    sort: "ordena" um texto

  • Introduo ao Linux Augusto C. Campos 34

    tr: "traduz" texto (no sentido de trocar letras)

    uniq: elimina linhas repetidas seguidas num texto

    wc: conta letras, palavras e linhas de um texto

    Antes de partirmos para os exemplos prticos, lembremos o nico conceito fundamental:redirecionamento. Temos um comando para mostrar o contedo de um arquivo, o cat.

    Experimente:

    cat /etc/inittab

    E o comando cat exibir esse arquivo no vdeo. Como voc pdeperceber, o arquivo muito grande, e rola na tela. Ento podemos usar umutilitrio cuja nica funo paginar um fluxo de texto, o more. Vamoscoloc-lo para paginar a sada do comando anterior:

    cat /etc/inittab | more

    Agora, a cada tela cheia, o more espera que voc aperte a barra deespaos para mostrar a prxima tela. Pare um pouco para refletir e entender oque ocorreu aqui. Primeiro, voc tinha um comando que gerou uma sadaqualquer na tela (nesse caso, o contedo do /etc/inittab), e essa sada foiredirecionada (pelo pipe |, um cano de redirecionamento), ao comando more que a paginou.

    Observe que o cat joga a sada para o more, que joga a sada na tela, e esse o nossoconceito base, o redirecionamento. Um comando faz o que tem que fazer, e joga o resultado nasada. Outro comando pega essa sada, que lhe foi passada pelo pipe |, faz o que tem que fazer comela e exibe a sada na tela.

    Dessa mesma maneira, pode-se ir ligando os comandos, um atrs do outro,indefinidamente, at se obter os resultados desejados. Vamos a outro exemplo simples. Comoconseguir uma lista de todos os usurios de sua mquina? Digite:

    cat /etc/passwd

    Novamente estamos vendo o contedo de um arquivo. Este um arquivo especial, comtodos os usurios do sistema e alguns dados sobre eles. A chave de acesso do usurio (o "login")est no comeo de cada linha, seguido de um :. E como obter a lista de todos os usurios?

    cat /etc/passwd | cut -d: -f1

    Aqui usamos o cut, para extrair de cada linha apenas o que nos interessa, a chave dousurio. A maioria dos comandos possui opes que geralmente so identificadas por uma letraprecedida de um hfen (como o -d e o -f do cut acima). Para ver as opes de um comando, use o --help:

    cut --help

    Resumindo, nosso cut usou como delimitador (-d) o :, e pegou o campo (-f, do ingls field)de nmero 1, ou seja, o primeiro campo. Ento para cada linha do /etc/passwd, tiramos a parte quenos interessa, obtendo a lista de usurios. Supondo que desejemos colocar esta lista em ordemalfabtica:

    cat /etc/passwd | cut -d: -f1 | sort

    Usamos o sort para sortear nosso texto. E se precisssemos dessa lista em ordem inversa?

  • Introduo ao Linux Augusto C. Campos 35

    Bem, como podem imaginar, o sort tambm tem suas opes, e uma delas a ordenao reversa (-r). Ento:

    cat /etc/passwd | cut -d: -f1 | sort -r

    Indica-nos a sada requerida. E se tiver muitos usurios e a sada rolar na tela? A podemosusar o more.

    cat /etc/passwd | cut -d: -f1 | sort -r | more

    No esquema cat | cut | sort | more | tela, o cat joga a sada para o cut, que joga a sada parao sort, que joga a sada para o more, que joga a sada na tela.

    Olhe bem para o comando acima. Uma primeira olhada assusta, no? Mas como vimosanteriormente, so pequenas partes que, quando concatenadas, geram um comando poderoso.Lembrando: ferramentas simples que so agrupadas, tipo Lego &:)

    E assim se constrem grandes linhas de comando. Faz-se o comando bsico, analisa-se asada, filtra-se um pouco com outro comando aps o pipe |, analisa-se a sada nova, filtra-senovamente e assim se vai.

    Alguns comandos j so teis por si ss, sem opes, como o date e o cal. Outros ficammais poderosos se usados em conjunto com outros comandos. Outros ainda, por terem vriasopes, sozinhos fazem muita coisa, como o find:

    find / -type f -iname "*.jpg" -o -iname "*.gif" -mtime 3 -ok rm -f {} \;

    Esse "comandinho" apaga (pedindo confirmao) todos os arquivos JPG e GIFmodificados nos ltimos trs dias.

    Agora alguns exemplos de seqncias de comandos teis utilizando as ferramentas bsicasapresentadas neste artigo:

    lista dos maiores arquivos de um diretrio e subdiretrios

    du -b `find /home/aurelio -type f` | sort -nr | more

    contar (wc -l) o nmero de ocorrncias (grep) da palavra set em um arquivo (cat), quersejam maisculas ou minsculas (-i)

    cat /etc/rc.d/rc.sysinit | grep -i set | wc -l

    mostrar o nome em letras maisculas (tr) dos usurios do sistema

    cat /etc/passwd | cut -d: -f1 | tr a-z A-Z

    Nota aos experts: o uso do cat em alguns dos exemplos acima no necessrio, apenasdidtico.

    Ainda nesse tpico de modo texto e linhas de comando teis, poderamos considerarredirecionamentos para arquivos, sada padro e sada de erro, tarefas em segundo plano, subshell,interpretao de variveis, condicionais, laos e outros. Esses so complementos aoredirecionamento para comandos apresentado aqui, e sero abordados em artigos futuros.

    Para finalizar com uma viso geral do assunto, importante lembrar que numa primeiratentativa tudo pode parecer confuso e estranho. Para simplificar basta ver cada parte da linha decomando como algo completo e no relacionado ao resto, fazendo apenas sua funo e nada mais.

  • Introduo ao Linux Augusto C. Campos 36

    Aprendendo aos poucos o funcionamento das "ferramentas" base, voc conseguir junt-las, obtendo resultados bem satisfatrios.

    16.Apndice 1: Anlise do SuSE Linux 8.2

    SuSE 8.2por Augusto Csar Campos(publicado na edio de Junho/2003 da Revista do Linux, e reproduzido aquicom autorizao)

    Para esta anlise do SuSE 8.2 tive a oportunidade de receber os 5 CDs da versoProfessional semanas antes do lanamento oficial no Brasil. Acho importante mencionar que notive acesso caixa distribuda comercialmente, contendo os mesmos 5 CDs, 2 DVDs, 2 manuaisimpressos e um poster com guia de instalao rpida, e portanto minha anlise vai se limitar aosoftware. Um aspecto interessante do SuSE, entretanto, que o texto completo dos manuaisimpressos instalado no seu disco rgido, portanto pude avaliar seu contedo normalmente e elesforam bastante teis para conhecer melhor as novidades desta verso.

    Como de hbito, o SuSE se destaca pela incluso de quase todos os softwares livres quevoc poderia querer usar afinal, so mais de 2000 pacotes de software nos 5 CDs.

    Utilizei um notebook Toshiba Satellite que estava com o Windows XP pr-instalado. Eletinha leitor de DVD, gravador de CD, interface de rede, monitor LCD de 15 polegadas, mouse USBe uma cmera digital Pencam Trio USB tudo detectado e configurado automaticamente pelosistema. Ele j tinha tambm o espao livre para as parties do SuSE, mas durante a instalaotive a agradvel surpresa de descobrir que o SuSE 8.2 capaz de redimensionar parties NTFSpara criar espao, algo impossvel em verses anteriores (que j redimensionavam parties FATsem problemas). Porm necessrio dar boot com o CD de instalao em modo rescue para teracesso a esta opo fica a dica para quem precisar.

    A instalao

    Mesmo sem acesso ao poster que ensina a instalar a distribuio, fiz o bvio: inseri o CDnmero 1 e liguei o computador. Em instantes apareceu uma bela tela dando as boas vindas emdiversos idiomas. Procurei atentamente, mas o portugus no era um deles. Tudo bem -willkommen, SuSE! O menu de boot permite selecionar a resoluo de tela usada na instalao,instalar normalmente, instalar sem uso de ACPI, instalar com configuraes seguras (usando umkernel sem algumas opes avanadas), instalao manual, modo rescue e teste de memria. Aprimeira opo, selecionada automaticamente se o usurio no pressionar teclas em 10 segundos,d boot pelo sistema que j estiver instalado no seu computador o que acaba com o problematpico de reboots interrompidos porque o operador esqueceu um CD de instalao no drive.

    A documentao no menciona, mas o help da instalao indica que pode-se ativar osuporte a rede desde o incio da instalao, e realiz-la atravs de um terminal VNC remoto. Noencontrei referncias a isto no site, nem em nenhum dos manuais, mas resolvi tentar mesmo assim.O programa de instao reconheceu minhas instrues, mas em seguida informou que minha placade rede no foi reconhecida. Eu poderia tentar carregar o driver dela manualmente, mas j estariafora do escopo desta anlise. Se funcionar mesmo, e se a SuSE publicar boa documentao arespeito, vai ser um grande e pioneiro diferencial.

    Selecionei uma instalao normal, e prossegui. O programa de instalao no mudoumuito desde a verso 8.1, mas est muito mais bonito, com o tema Keramic e com fontes muitomais suaves (usando o recurso de anti-aliasing). O SuSE utilizou completamente os 1024x768pixels que a placa de vdeo suportavam, deixando tudo bem amplo e organizado. No canto inferioresquerdo pode-se encontrar o desenho de uma bia salva-vidas e o boto de ajuda, bastante eficaz.

  • Introduo ao Linux Augusto C. Campos 37

    Na primeira tela feita a seleo de idioma, que inclui duas verses de portugus aeuropia e a brasileira. Selecionei a nossa lngua ptria, e (ao contrrio do que ocorria com o 8.1)fui brindado com um programa de instalao muito bem traduzido. H pequenas falhas aqui e ali(por exemplo, na configurao opcional do teclado Repeat rate virou repetir taxa, e no taxade repetio) mas nada que comprometa, inclusive nos textos de orientao e ajuda. Em seguida,na seleo do teclado, h opes para os dois teclados mais comuns no Brasil: ABNT2 e US-acentos (ou americano internacional), mas a SuSE chamou-os por nomes diferentes: Portugus(Brasil) e Portugus (Brasil acentuao US).

    Aps a seleo do idioma, o instalador exibe a tela principal de selees. A aparncia de uma pgina da web, com links que permitem alterar as sugestes de modo de instalao (novaou upgrade), tipo de teclado, mouse, particionamento, conjunto de pacotes a instalar, gerenciadorde boot e fuso horrio.

    O modelo de teclado e o fuso horrio foram sugeridos corretamente a partir da seleodo idioma. O mouse USB foi detectado automaticamente, e o particionamento sugerido foi tpicode estaes de trabalho: 500MB de swap e o restante como partio raiz, alm de informar que apartio do Windows XP pr-existente estaria disponvel como o diretrio /windows/C.

    O conjunto de software sugerido foi amplo: sistema padro, mais compiladores C e C++,ambiente KDE, aplicaes de escritrio, documentao e o sistema grfico base. O gerenciador deboot padro o GRUB (mas pode-se optar facilmente pelo LiLo, ao contrrio do que acontecia naverso 8.1), com boot default do Linux e opes para boot pelo Windows XP, pelo disquete ou umtestador de memria.

    Quando cliquei no link para alterar o particionamento, pude escolher entre modificar asugesto dada pelo instalador, ou descart-la completamente. Escolhi modificar, e fui levado a umparticionador em tudo semelhante ao da verso 8.1 poderoso e simples de usar. Pode-se formataras parties como ext2, ext3, Reiser, JFS, XFS, FAT e swap, e selecionar opes como o acesso aelas em modo somente leitura, a montagem automtica ou a possibilidade de montagem porusurios comuns. Entre as opes avanadas, esto o gerenciamento de LVM e RAID, acriptografia de parties, e a opo de importar um arquivo /etc/fstab de uma partio j existente.

    A seleo dos pacotes a instalar pode ser trabalhosa so mais de 2000 opes! - mas aSuSE simplifica a tarefa oferecendo grupos pr-selecionados. Parte-se de um conjunto de 3 opesiniciais: sistema mnimo (modo texto), sistema grfico mnimo (sem KDE) ou sistema bsico. Apartir da pode-se escolher um grupo inteiro (exemplo: compilador C/C++), ou abri-lo e selecionarentre os pacotes que o compem, que so os mais comuns dentro de suas categorias. Claro quetambm possvel abrir a categoria como um todo, e ver at as opes mais obscuras e incomuns,alm de poder realizar pesquisas pelo nome ou pela descrio dos pacotes. Alis, ao contrrio doque ocorria na verso 8.1, agora as descries dos pacotes (em ingls) aparecem para usurios queestejam instalando em portugus. melhor ver uma descrio em ingls do que no ver nenhuma,certo?

    Na seleo de pacotes me chamou a ateno que o ambiente GNOME no vemescolhido por padro, mas as diversas bibliotecas e pacotes auxiliares que permitem a execuo dosseus aplicativos so instaladas mesmo assim. No satisfeito, e mesmo sendo usurio convicto doKDE, mandei instalar tambm o GNOME.

    A partir da, uma janela verde me informou que se eu confirmasse a operao,comeariam as alteraes no meu computador. Confirmei, e o sistema comeou imediatamente aparticionar, formatar e instalar pacotes no meu sistema.

    Durante a instalao dos pacotes contidos no CD 1, o sistema exibe telas e descritivos dediversos aplicativos, como o navegador Konqueror e o OpenOffice.org. Ao final da instalao doprimeiro CD, o sistema d um reboot e a partir da j estar rodando o Linux do seu disco rgidoenquanto instala os pacotes dos demais CDs. Ao final dos CDs, o sistema me orientou enquanto euinformava uma senha para o usurio root, e configurava a rede (durante a instalao h opes pararede local, cable, DSL, modem e RDSI/ISDN).

    Neste ponto ocorre algo interessante: o sistema verifica se h acesso Internet, e d aopo de fazer atualizao de pacotes via Internet. Como eu estava conectado via rede local, aceiteie vi que a SuSE j oferece diversas atualizaes de pacotes do 8.2. Optei por instal-las, e aindapude usar a mesma interface para instalar o pacote de fontes TrueType bsicas do Windows(incluindo as mais familiares, como a Arial e a Times New Roman) via Internet.

    A partir da, h uma sequncia de passos de configurao final, incluindo a escolha domtodo de autenticao (que pode ser local ou remoto, utilizando um servidor NIS, NIS+ ou

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    LDAP), a criao de pelo menos um usurio para o sistema, a leitura do documento Release Notes(foi a que eu descobri, por exemplo, que o SuSE 8.2 pode redimensionar parties NTFS) e aconfigurao opcional de itens de hardware (placas de vdeo, impressoras, modem, som e placas desintonia de TV). Minhas placas de som e de vdeo foram detectadas e configuradasautomaticamente, e eu no possua nenhum dos demais itens.

    De modo geral, a instalao bastante similar da verso 8.1, com melhoriassubstanciais da traduo. Continuo gostando do enfoque da SuSE de incluir todas as opes bsicasde instalao em uma mesma tela que lembra uma home page, incluindo sugestes comuns paratodos os itens todo usurio sabe lidar com este tipo de interface, e os usurios avanados notero dificuldade em adaptar as sugestes conforme suas necessidades.

    O sistema instalado

    No SuSE Linux, o boot obrigatrio dado aps a leitura do primeiro CD. Ao final dainstalao completa, no necessrio reinicializar, pode-se comear a usar o sistemaimediatamente. Merece meno as novas telas de boot e shutdown completamente grficas, comuma barra de progresso totalmente clean. Claro que basta pressionar uma tecla e voc poder ver astradicionais mensagens da inicializao como de hbito.

    O sistema instalado usou corretamente a resoluo de 1024x768 do meu monitor, emostrou o gerenciador de login grfico KDM em uma configurao bastante agradvel. Cadausurio cadastrado tem o cone de um homem de gravata ao lado do seu nome completo e login. Ocampo Utilizador comeou a me assustar um pouco eu no havia selecionado Portugus doBrasil? Mas fiz meu login mesmo assim, para me deparar com um belo ambiente do KDE emportugus... europeu! Subitamente senti meu monitor se encolher de susto ao ser chamado de cr,os arquivos arrepiados enquanto se transformavam em ficheiros, e o centro de controle do KDE setransformou em Centro de Controlo diante dos meus olhos. E uma visita a ele confirmou o pior: oKDE estava configurado para Portugal no apenas o idioma, mas tambm a moeda, o formato dedata e todas os demais itens associados.

    Fui imediatamente opo do sistema que permite adicionar e remover pacotes econferi: o pacote de internacionalizao do KDE para o nosso idioma (kde3-i18n-pt_BR) estava l.Por que no foi instalado e configurado automaticamente? De qualquer forma, instalei-o (junto coma traduo do Koffice e o dicionrio em portugus para o OpenOffice.org), e mudei o idioma doKDE atravs do Centro de Controlo, que suspirou de alvio ao virar Centro de Controle. Agora aanlise poderia comear de verdade. Por que ser que essa configurao no a default?

    Comecei pelo ambiente de trabalho. Um tema azul, agradvel visualmente, s comcones bsicos: SuSE, Support, OpenOffice, Printer, CD-R, C, Still Camera, Home e Dispositivo dedisquete.

    O C d acesso partio do Windows, Home, CD-R e Dispositivo de Disquete mostramo contedo dos respectivos diretrios, Printer mostra as filas de impresso (apesar de eu no terconfigurado nenhuma), SuSE Support d acesso ao servio de suporte registrado da SuSE (a chavevem em uma folha inclusa no manual), OpenOffice acessa o pacote de automao de escritrio. ESuSE mostra as diversas opes de documentao e apresentao do sistema sugiro a todos osusurios, mesmo os mais experientes, a visitarem o SuSE Tour pelo menos uma vez.

    O cone Still Camera acessou as fotos da memria da minha cmera digital USB comose ela fosse um disco rgido adicional. Fiquei impressionado, porque a cmera no foi nem aomenos mencionada durante a instalao e configurao do sistema.

    Os botes do Kicker tambm so bsicos, incluindo Kmail, pastas de documentos(Home, Pictures, Presentations e Texts), Konsole, Konqueror e Ajuda.

    Os menus do KDE tambm so uma grande evoluo em relao ao 8.1 simples,organizados, orientados a tarefas: Desenvolvimento, Escritrio, Grficos, Internet... Os aplicativosdo GNOME e do KDE esto misturados sem distino, o que timo o usurio de KDE noprecisa saber que o Evolution um cliente de e-mail associado ao GNOME, tudo o que ele quer que funcione. E funciona.

    Testei uma srie de aplicativos com sucesso. As planilhas do Gnumeric so bastanteusveis, assim como os textos do AbiWord, mas com o OpenOffice d de fazer trabalhos bem maiscompletos, incluindo recursos que j fogem ao trivial grficos, formataes complexas... S queos dois primeiros so em Portugus, enquanto o ltimo est s em Ingls.

    Senti a falta de algumas aplicaes que na minha opinio deveriam fazer parte de

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    qualquer sistema bsico. As mais notveis foram o gerenciador de arquivos mc e toda a famlia dosclientes Samba, incluindo a interface grfica LinNeighborhood e o comando smbmount.

    Usei as ferramentas do sistema para ouvir msicas em formato MP3 (lembre-se deinstalar o pacote adicional xmms-plugins!), assistir a filmes MPEG e at para assistir a um DVD.Tudo funcionou bem, mas o DVD Player exigiu interveno manual, pois fazia referncia a umdispositivo /dev/dvd, inexistente. Mudei para /dev/cdrecorder e pude assistir ao meu filme, comlegendas em portugus mas sem udio o sistema informou que faltava um codec. Existem umagrande variedade de outras ferramentas multimdia instaladas, inclusive com editores de vdeo e deudio.

    Acessei a web atravs do Konqueror, funciona bem inclusive para sites em Flash. Ocliente de comunicao pessoal Kopete foi uma grande surpresa, pois ele permite acesso fcil edireto ao ICQ at a lista de usurios armazenada no servidor utilizada sem problemas. E ocliente de irc Kvirc tambm permite comunicao gil, segura (suporta at criptografia e Ipv6) emuma interface bonita e prtica.

    O menu Sistema/ Configuration/ Redimensionar e Rotacionar a Tela d acesso sextenses RandR do XFree. O KDE foi o pioneiro no suporte a esta tecnologia, e foi a primeira vezque a vi em uma distribuio de Linux. Experimentei redimensionar meu desktop para vriosformatos, e funcionou perfeitamente muda no apenas a resoluo da tela, mas tambm a readisponvel no ambiente de trabalho. Muito legal, mas seria ainda melhor se no ficasse toescondido um bom lugar para a sua incluso seria no menu Configurar a rea de trabalho, nomenu de contexto do desktop.

    Quem tem dvidas sobre a versatilidade do SuSE deve consultar o menu Sistema/Tools h opes at mesmo para criar disquetes de boot do FreeDOS!

    Para completar os testes do ambiente, encerrei a sesso do KDE e abri uma do GNOME.Encontrei um belo ambiente de trabalho, bem configurado e light, quase todo em ingls. Belasfontes, belos cones, menus organizados... Os usurios de GNOME no vo se sentir abandonadospela SuSE como no passado.

    Configurao, manuais e servidores

    As observaes acima se referem principalmente s instalaes em ambiente desktop.Entretanto, o SuSE Linux tambm se destaca nas configuraes como servidor. H software parapraticamente todos os servios de rede disponveis no mundo do software livre, com requintescomo a configurao automtica de anti-vrus nos servidores de e-mail. Embora o configuradorYaST2 no tenha opes para configurar os servidores mais comuns (como o Apache, o Squid e oSamba, por exemplo), os pacotes so fornecidos com documentao adequada e configuraesdefault bastante coerentes.

    O manual do administrador do sistema tem captulos especficos e detalhados sobre asopes de diversos servios de rede, incluindo DNS, NIS, NFS, DHCP, Intermezzo, Unisom, CVS,Mailsync, Samba, Netatalk (para interconexo com Macs), Mars/NWE (para interconexo comNovell), Squid, Firewall/Masquerading, Kerberos e ssh.

    Claro que este manual tambm atende os usurios desktop, com tpicos sobre o kernel,distribuio dos arquivos no disco, configurao de rede e acesso a Internet e muito mais.

    O manual do usurio tambm no deixa a desejar: comea com uma seo especficapara usurios migrando de outros sistemas operacionais, que precisam descobrir o que, afinal, montar um disco e acessar uma shell, e onde foi parar o seu C:\. Mas ele til para usuriosexperientes tambm, com sua referncia de instalao, guia de todos os mdulos da ferramenta deadministrao YaST2 e captulos especiais sobre vrias aplicaes, incluindo o OpenOffice.org,Evolution, Cmeras digitais, Scanners e a ergonomia do ambiente de trabalho.

    A ferramenta de configurao YaST2 no mudou muito em relao s versesanteriores, continuando completa, slida e simples de usar. Usurios comuns podem acess-lanormalmente, pois o sistema pede a senha de root antes de dar acesso aos mdulos. Algumas dasferramentas que me chamaram a ateno foram a facilidade na configurao para o uso de umaproxy web e ftp, o poder ainda maior do PowerTweak, o editor das entradas do /etc/sysconfig, oeditor de processos de cada runlevel, as ferramentas de backup, restore, configurao de LVM e oparticionador.

    Concluso

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    A verso 8.2 uma evoluo sem grandes saltos. Os pacotes foram atualizados, surgiramalgumas novas caractersticas, mas nada absolutamente revolucionrio em relao verso 8.1.Para usurios de verses anteriores, o upgrade