APOSTILA PROC CIVIL SALOMÃO VIANA

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MATERIAL DE APOIO DIREITO PROCESSUAL CIVIL TEORIA GERAL DOS RECURSOS CVEIS Prof. Salomo Viana

1. PRINCPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIO. 1.1. ausncia de previso constitucional expressa. 1.2. crticas da doutrina sua aplicao: a) dificultao de acesso justia, com o prolongamento do processo e dos seus custos; b) desprestgio da primeira instncia, ante a possibilidade de o julgamento no prevalecer; c) quebra da unidade do Poder Judicirio; d) tendncia ao afastamento da verdade real, vista do distanciamento da produo provas, mormente as orais. 2. MEIOS DE IMPUGNAO DE DECISES JUDICIAIS. 2.1 recursos: so meios de impugnao dentro do mesmo processo em que a deciso foi proferida.Exs: a) - apelao (CPC, arts. 513 a 521); b) - agravo (CPC, arts. 522 a 529); c) - embargos infringentes (CPC, arts. 530 a 534); d) - embargos de declarao (CPC, arts. 535 a 538); e) - recurso ordinrio constitucional (arts. 539 e 540); f) - recurso especial (CPC, arts. 541 a 543-B); g) - recurso extraordinrio (CPC, arts. 541 a 543-C); h) - embargos de divergncia em recurso especial ou em recurso extraordinrio (CPC, art. 546); i) - recurso inominado (semelhante ao agravo de que trata o art. 522 do CPC) nos casos de tutela de urgncia no mbito dos JEFs (arts. 4 e 5 da Lei n. 10.259/2001); j) - recurso inominado (semelhante apelao de que trata o art. 513 do CPC), contra sentena terminativa ou definitiva, excetuados os casos de homologao de conciliao ou de laudo arbitral, proferida no mbito dos juizados estaduais (Lei n. 9.099/95, art. 41); k) - recurso inominado (semelhante apelao de que trata o art. 513 do CPC), contra sentena definitiva proferida no mbito dos JEFs, excetuados os casos de homologao de conciliao ou de laudo arbitral (arts. 1 e 5 da Lei n. 10.259/2001 c/c o art. 41 da Lei n. 9.099/95); l) - embargos infringentes de alada (art. 34 da Lei n. 6.830/80).

2.2 aes autnomas de impugnao: do origem a um novo processo, cujo objetivo impugnar uma deciso judicial.

Exs.:a) - ao rescisria; b) querela nullitatis, para vcios transrescisrios; c) - embargos de terceiro; d) - mandado de segurana contra ato judicial (interpretao a contrario sensu da norma contida no art. 5, II, da Lei n. 12.016/09); e) habeas corpus contra ato judicial; f) - reclamao constitucional para o STF, para a preservao da sua competncia e garantia da autoridade das suas decises (art. 102, I, l, da CF, arts. 13 a 18 da Lei n. 8.038/90 e, na forma do art. 13 da Lei n. 9.882/99, o RISTF); g) - reclamao constitucional para o STJ , para a preservao da sua competncia e garantia da autoridade das suas decises (art. 105, I, f, da CF e arts. 13 a 18 da Lei n. 8.038/90); h) - arguio de descumprimento de preceito fundamental (art. 102, 1, da CF e art. 5, 3, da Lei n. 9.882/99).

2.3 sucedneos recursais: no so recursos, nem aes autnomas de impugnao.Exs.: a) - remessa necessria (CPC, art. 475); b) - pedido de suspenso de segurana (art. 15 da Lei n. 12.016/09 e art. 25 da Lei n. 8.038/90); c) pedido de suspenso dos efeitos de medida liminar concedida em ao cautelar, ao popular ou ao civil pblica (art. 4, 1, da Lei n. 8.437/92); d) - pedido de suspenso dos efeitos de medida antecipatria dos efeitos da tutela (art. 1 da Lei n. 9.494/97 c/c o art. 4 da Lei n. 8.437/92); e) - correio parcial; f) - impugnao a execuo fundada em ttulo judicial com base no art. 475-L, I, do CPC (que uma espcie de exceptio nullitatis); g) - pedido de reconsiderao (CPC, art. 527, parg. n.).

H quem chame de sucedneo recursal todo meio de impugnao de deciso judicial que no for recurso, incluindo, a, as aes autnomas de impugnao.

3. CONCEITO DE RECURSO. o meio que a lei pe disposio das partes, do Ministrio Pblico ou de terceiros para viabilizar, voluntariamente, dentro da mesma relao jurdica processual, a invalidao, a reforma, a integrao ou o aclaramento de uma deciso judicial.

4. NATUREZA JURDICA DO RECURSO. 4.1 ao autnoma de impugnao de contedo constitutivo negativo ( posio minoritria, defendida por Gilles, na Alemanha; Betti, Provinciali e Mortara, na Itlia; e Guasp, na Espanha); 4.2 continuao do exerccio do direito de ao, bem como do direito de exceo, em fase do procedimento (Nelson Nery Jnior, no Brasil; Rocco, na Itlia); 4.3 continuao do exerccio do direito de ao, bem como do exerccio do direito de defesa, mediante a deflagrao de um novo procedimento [que secundrio, podendo ser incidental (ex.: agravo) ou sucessivo (ex.: apelao) e homogneo (ex.: recurso em procedimento de conhecimento) ou heterogneo (ex.: recurso em procedimento de execuo ou cautelar)]. 5. ATOS SUJEITOS A RECURSO: SOMENTE OS DECISRIOS. 6. CLASSIFICAO DOS RECURSOS. 6.1. quanto fonte legal: 6.1.1. recursos ordinrios: a fonte legal a legislao infraconstitucional; 6.1.2. recursos extraordinrios: a fonte legal a CF.Esta classificao traz como defeito evidente o fato de existir o recurso ordinrio constitucional, cuja fonte legal a prpria CF (arts. 102, II, a, e 105, II, b e c). Destarte, malgrado rotulado de ordinrio pelo prprio legislador constituinte, de acordo com a classificao proposta tal recurso seria um recurso extraordinrio. importante, todavia, lembrar que h doutrinadores que aludem aos recursos especial e extraordinrio como espcies do gnero recurso extraordinrio.

6.2. quanto extenso da matria: 6.2.1. recursos parciais: o recorrente, voluntariamente, no se insurge contra a ntegra do contedo que poderia ser por ele impugnado na deciso. 6.2.1.1. no impugnao de captulos acessrios da deciso: a impugnao do captulo principal inclui a dos acessrios. Ex.: se recorrente impugna a condenao a pagar quantia em dinheiro, reputa-se impugnada a parte relativa incidncia de juros e correo monetria; 6.2.1.2. efeito relativamente aos captulos principais no impugnados: precluso;Observe-se que se restar irrecorrido captulo principal de uma deciso de mrito calcada em cognio exauriente, da precluso resultar a coisa julgada material, o que implicar que o captulo principal irrecorrido ficar imune at mesmo ao efeito translativo dos recursos.

6.2.2. recursos totais: o recorrente se insurge contra a ntegra do contedo da deciso que poderia ser por ele impugnado. 6.3. quanto vinculao da fundamentao: 6.3.1. recursos de fundamentao livre: a admissibilidade no est atrelada a qualquer tipo de

exigncia quanto fundamentao. Exs: apelao, agravo, embargos infringentes e recurso ordinrio constitucional; 6.3.2. recursos de fundamentao vinculada: a admissibilidade est atrelada a exigncias legais quanto ao tipo de fundamentao. Exs: embargos declarao, RE, REsp e embargos de divergncia em RE e em REsp. 6.4. quanto s relaes dos recursos entre si: 6.4.1. recursos independentes ou autnomos: a admissibilidade independe da existncia ou da admissibilidade de outro recurso interposto pela parte contrria. Todos os recursos podem ser interpostos autonomamente; 6.4.2. recursos dependentes ou subordinados: a admissibilidade depende da existncia e da admissibilidade de outro recurso interposto pela parte contrria. Exs: apelao, embargos infringentes, RE e REsp quando interpostos na forma adesiva. 6.5. quanto ao fim colimado pelo recorrente: 6.5.1. recursos de reforma: fundamenta-se em error in judicando; 6.5.2. recursos de invalidao: fundamenta-se em error in procedendo; 6.5.3. recursos de integrao ou aclaramento: fundamenta-se em omisso, contradio ou obscuridade. 6.6. quanto ao rgo julgador recursal: 6.6.1. recursos devolutivos: o juzo do mrito recursal exclusivo de rgo julgador distinto do rgo prolator da deciso recorrida;So dotados de efeito devolutivo, sem efeito regressivo. Exs.: apelao (excetuados os casos dos arts. 296, caput, e 285-A, 1, do CPC), RE e REsp.

6.6.2 recursos regressivos: o juzo do mrito recursal exclusivo do rgo prolator da deciso recorrida;So dotados de efeito regressivo, sem efeito devolutivo. Exs.: embargos de declarao e embargos infringentes de alada (art. 34 da Lei n. 6.830/80);

6.6.3 recursos mistos: o juzo do mrito recursal pode ser objeto de apreciao pelo rgo prolator da deciso recorrida, que, se no reformar o decisum, abre oportunidade para que o juzo do mrito seja feito por rgo julgador distinto.So dotados tanto de efeito devolutivo como de efeito regressivo. Nestes casos, a doutrina alude a um efeito devolutivo diferido, visto como o efeito tipicamente devolutivo somente acontecer se o rgo prolator da deciso recorrida no reformar o decisum da sua lavra. Exs.: apelao nos casos dos arts. 296, caput, e 285-A, 1, do CPC e agravos retido e de instrumento para tribunal inferior (CPC, arts. 523, 2, e 529).

7. DESISTNCIA DO RECURSO. 7.1 oportunidade: desde a interposio at o incio do julgamento. 7.2 contedo: parcial ou total. 7.3 impossibilidade de submisso a condio ou termo. 7.4 eficcia: 7.4.1 independe de anuncia do recorrido para produzir efeitos (CPC, arts. 501 e 158, caput); 7.4.2 independe de homologao judicial para produzir efeitos (CPC, art. 158 e seu parg. n.); 7.4.3 em caso de litisconsrcio unitrio, depende da desistncia dos demais litisconsortes. 7.4.4 fato impeditivo do exerccio do direito de interpor idntico recurso contra a mesma deciso, mesmo que ainda exista prazo para tanto.Para desistir de recurso interposto, o advogado no necessita de poderes especiais do seu cliente, visto como o ato de desistncia de recurso se inclui dentre aqueles que podem ser praticados com base na clusula de poderes gerais para o foro. A aluso a desistncia, contida no caput art. 38 do CPC, refere-se desistncia do exerccio do direito de ao, e no desistncia de um recurso. s lembrar que a interposio de recurso ato comum do procedimento e, assim sendo, a prevalecer a tese da necessidade de poderes especiais, tambm seriam necessrios poderes especiais para no recorrer, haja vista que os efeitos produzidos pela desistncia do recurso so absolutamente os mesmos decorrentes da no interposio dele.

8. RENNCIA AO DIREITO DE RECORRER. 8.1. oportunidade: desde o proferimento da deciso at o momento que antecederia a interposio. 8.2. contedo: 8.2.1. quanto extenso: parcial ou total. 8.2.2. quanto ao objeto: pode-se renunciar ao direito de recorrer independentemente, preservandose o direito de recorrer adesivamente. 8.3 impossibilidade de submisso a condio ou termo. 8.4 eficcia: 8.4.1 independe de anuncia do recorrido para produzir efeitos (CPC, arts. 502 e 158, caput); 8.4.2 independe de homologao judicial para produzir efeitos (CPC, art. 158 e seu parg. n.); 8.4.3 em caso de litisconsrcio unitrio, depende da renncia dos demais litisconsortes. 8.4.4 extingue o direito de interpor o recurso.

Para renunciar ao direito de interpor recurso, o advogado no necessita de poderes especiais do seu cliente, visto como o ato de renncia se inclui dentre aqueles que podem ser praticados com base na clusula de poderes gerais para o foro. A aluso a renncia, contida no caput art. 38 do CPC, refere-se, expressamente, renncia ao direito sobre que se funda a ao, e no renncia ao direito de recorrer. s lembrar que a interposio de recurso ato comum do procedimento e, assim sendo, a prevalecer a tese da necessidade de poderes especiais para renunciar ao direito de recorrer, tambm seriam necessrios poderes especiais para no recorrer, haja vista que os efeitos produzidos pela renncia ao direito de recorrer so absolutamente os mesmos decorrentes da no interposio do recurso.

9. JUZO DE ADMISSIBILIDADE DOS RECURSOS. 9.1 distino do juzo de mrito.O juzo de admissibilidade formado sobre a validade do ato jurdico recursal. Por isso, sempre prvio em relao ao juzo do mrito do recurso. Guarda com o juzo de mrito, uma relao de preliminaridade: se o juzo de admissibilidade for negativo o juzo de mrito no ocorrer. Assim, o juzo de admissibilidade recursal tem por objeto a verificao das exigncias que o sistema jurdico impe para que o ato de interposio do recurso seja vlido. J o juzo de mrito formado sobre o cotejo entre o que foi postulado pelo recorrente (a tutela recursal) e os motivos existentes para que a postulao seja acolhida, acolhida em parte ou rejeitada. A tutela recursal, recorde-se, ser de invalidao, de reforma, de integrao ou de aclaramento. No importa que o pleito formulado e os motivos para que seja ele acolhido, acolhido em parte ou rejeitado versem sobre direito processual ou direito material. Por isso, nem sempre o mrito do recurso corresponde ao mrito da demanda .

9.2 competncia. 9.2.1 regra geral: tanto do rgo julgador a quo, prolator da deciso recorrida, que processa o recurso, como do rgo julgador ad quem, que julga o recurso.Lembrar que, em regra, os recursos so interpostos junto ao prprio rgo prolator da deciso recorrida, que incumbido de process-lo e envi-lo para o rgo julgador ad quem, j processado. A exceo a esta regra o agravo de instrumento de que tratam os arts. 524 a 527 do CPC.

9.2.2 - exceo: somente do rgo julgador do recurso. 9.2.2.1- nos recursos dotados de efeito regressivo, sem efeito devolutivo, o rgo julgador do recurso o prprio rgo prolator da deciso recorrida. Exs.: embargos de declarao e embargos infringentes de alada (art. 34 da Lei n. 6.830/80); 9.2.2.2- nos agravos em geral, nos quais vedada a formao de juzo de admissibilidade pelo rgo prolator da deciso agravada.

Ao formar o seu juzo de admissibilidade recursal, o rgo julgador a quo , prolator da deciso recorrida, que , em regra, incumbido de processar o recurso, conclui se o recurso deve ser, ou no, recebido. J o rgo julgador do recurso define, como fruto do seu juzo de admissibilidade, se o recurso deve ser, ou no, conhecido.

9.3- possibilidade de conhecer das matrias objeto de juzo de admissibilidade. 9.3.1 - regra geral: de ofcio, pelo rgo julgador competente para formar o juzo de admissibilidade. 9.3.2 - exceo: por provocao do recorrido, no caso previsto no parg. n. do art. 526 do CPC. 9.4-objeto: os pressupostos e os requisitos de admissibilidade dos recursos. 9.5-natureza jurdica. 9.5.1 -juzo de admissibilidade positivo: natureza declaratria. 9.5.2 -juzo de admissibilidade negativo: controvrsia doutrinria. 9.5.2.1 -corrente majoritria: natureza declaratria negativa (Jos Carlos Barbosa Moreira). 9.5.2.2 - corrente minoritria: natureza constitutiva negativa (Fredie Didier e Leonardo Carneiro da Cunha). 10 Requisitos para a admissibilidade dos recursos. 10.1 intrnsecos: so relativos ao prprio direito de recorrer. 10.1.1- cabimento.A anlise do cabimento de um recurso fruto das concluses a respeito da recorribilidade do ato decisrio, da escolha de um dos recursos previstos na lei e da adequao do recurso escolhido.

10.1.1.1 - recorribilidade do ato decisrio: para que o recurso interposto seja cabvel, preciso, primeiro, que o ato decisrio seja recorrvel. Este o requisito a que a doutrina costuma se referir simplesmente como recorribilidade.Vale lembrar que h decises irrecorrveis, como a deciso que releva a aplicao da pena de desero (CPC, art. 519, parg. n.), a deciso do relator que converte o agravo de instrumento em agravo retido (CPC, art. 527, II, e seu parg. n.) e a deciso do relator que atribui efeito suspensivo ao agravo de instrumento ou que antecipa, no todo ou em parte, os efeitos da tutela recursal (CPC, art. 527, III, e seu parg. n.).

10.1.1.2 - escolha de um dos recursos previstos em lei: somente cabvel um dos recursos que conste do elenco legal. Tais exigncias so conseqncias dos princpios da unirrecorribilidade (ou da singularidade ou da unicidade) e da taxatividade, que regem a teoria geral do recursos. Este requisito comumente referido na doutrina como taxatividade.

Quanto unirrecorribilidade (ou singularidade ou unicidade) a regra a de que no possvel a interposio simultnea de mais de um recurso contra a mesma deciso. A multiplicidade de interposies implicar a inadmissibilidade do(s) recurso(s) cuja(s) pea(s) foi(ram) protocolizada(s) depois da apresentao da primeira pea recursal. A exceo a possibilidade legal de interposio do RE e do RESP no caso de deciso que desafie ambos os recursos simultaneamente .

Tocantemente taxatividade, a previso de recurso est submetida ao princpio da reserva legal. Os recursos existentes so, apenas, aqueles expressamente previstos na lei.

10.1.1.3 - adequao do recurso escolhido: o recurso escolhido deve ser o adequado para impugnar a deciso. Trata-se de requisito comumente rotulado de adequao.O equvoco do recorrente na escolha do recurso determina, em regra a inadmissibilidade. O princpio da instrumentalidade das formas dos atos processuais (CPC, arts. 244, 248 e 250, parg. n.), todavia, estende os seus efeitos tambm para os recursos, sob a forma do princpio da fungibilidade, que tinha previso expressa no CPC de 1939. Assim, possvel que o recurso equivocadamente escolhido pelo recorrente seja recebido, pelo rgo julgador, como se o recurso correto fosse, operando-se, com isto, a converso de um recurso em outro. Para tanto, porm, necessrio que no tenha havido erro grosseiro na escolha (o erro ser escusvel se houver equivocidade do texto legal ou divergncias doutrinria ou jurisprudencial a respeito do recurso adequado) e que o recurso equivocadamente interposto tenha sido apresentado em prazo compatvel com o prazo do recurso adequado.

10.1.2 - legitimidade.Em regra, a legitimidade recursal das partes. Em situaes especficas, tambm podem ser legitimados para recorrer o Ministrio Pblico (quando atua como custos legis) e o terceiro prejudicado (CPC, art. 499). Ver, a respeito, o enunciado n. 99 da smula da jurisprudncia dominante do STJ.

10.1.2.1 - legitimidade das partes.

Inclui-se no conceito de parte, para fins recursais, todas as pessoas que, de algum modo, atuarem, no processo ou em algum incidente processual, com parcialidade. Assim, o terceiro que j houver se incorporado relao jurdica processual, a exemplo do assistente, , para fins recursais, parte. Doutrina autorizada tambm inclui como parte, para finalidade recursal, o juiz (na exceo de suspeio ou de impedimento) e aquele que vier a ser apenado, nos termos do parg. n. do art. 14 do CPC, como responsvel pela prtica de ato atentatrio ao exerccio da jurisdio (Fredie Didier Jr. e Leonardo Carneiro da Cunha).

10.1.2.2 - legitimidade do Ministrio Pblico na qualidade de custos legis.Tem legitimidade independente e concorrente com a das partes. Tal legitimidade, porm, somente exsurge nos feitos em que a sua atuao for necessria como fiscal da lei (CPC, art. 82). Ver, a respeito, o enunciado n. 99 da smula da jurisprudncia dominante do STJ.

10.1.2.3 - legitimidade do terceiro prejudicado.Inclui-se no conceito de terceiro, para fins recursais, apenas as pessoas que, at o momento da prolao da deciso, ainda no se incorporaram relao jurdica processual. Cumpre ao terceiro, ao recorrer, demonstrar o nexo de interdependncia entre o seu interesse jurdico de recorrer e a relao jurdica submetida apreciao judicial (CPC, art. 499, 1).

10.1.3 - interesse.Tal como se d com o interesse de agir, o interesse recursal est atrelado idia de utilidade. Haver interesse se a interposio do recurso for til para o recorrente. Tal utilidade, realce-se, pode estar no apenas na reverso de um quadro de sucumbncia, mas na possibilidade de o recorrente obter uma melhora da sua situao jurdica por meio do recurso. E tambm tal como se d com o interesse de agir, a utilidade se revelar em duas vertentes: o interesse-necessidade e o interesse-adequao. Sucede que, no que se refere aos recursos, o interesse-adequao foi melhor acomodado pela doutrina no bojo do estudo do cabimento do recurso. Resta, pois, aferir o interesse recursal sob a tica da necessidade, apenas. Assim, haver interesse se, para obter uma situao mais vantajosa do que aquela resultante da deciso, a interposio do recurso for necessria. Destarte, no h interesse se no for possvel a obteno de uma situao objetivamente mais vantajosa para quem pretende recorrer, bem como se, para a obteno de tal situao mais vantajosa, existir um outro caminho, que no o recursal. por isso que no admissvel recurso do pronunciamento judicial que ordena a citao: malgrado a ordem citatria pressuponha, implicitamente, uma deciso positiva quanto ao juzo de admissibilidade do exerccio do direito de ao, as questes relativas a tal regularidade podem ser levantadas em sede de contestao. O mesmo raciocnio aplicvel em relao ao pronunciamento judicial que ordena a expedio do mandado monitrio.

10.1.3.1 - decises com duplo fundamento: no h interesse recursal se o recorrente ataca apenas

um fundamento e o outro, por si s, suficiente para sustentar a deciso. Ver, a respeito, o enunciado n. 283 da smula da jurisprudncia dominante do STF e o enunciado n. 126 da do STJ. 10.1.3.2 - recurso para discutir apenas o fundamento da deciso, manifestando, porm, concordncia com a concluso: somente haver interesse recursal se a mudana da fundamentao implicar vantagem prtica para o recorrente.Ex.: na ao popular (art. 18 da Lei n. 4.717/65) e nas aes coletivas que versem sobre direitos difusos ou coletivos em sentido estrito (CDC, art. 103, I e II) a coisa julgada material se forma secundum eventum probationis. Assim, se o pedido for rejeitado por insuficincia de prova, o ru - que venceu a causa pode recorrer para que o rgo julgador ad quem, mantendo a concluso da sentena, reforme o seu fundamento, de modo a reconhecer que houve esgotamento das provas, nica maneira de ficar ele, ru, protegido pela coisa julgada material.

Sobre a possibilidade de interposio de RE ou de REsp adesivo com o fito de atacar apenas o fundamento da deciso recorrida, ver comentrio sobre recurso especial/extraordinrio adesivo cruzado (item 14.3).

10.1.4 - inexistncia de fato extintivo ou impeditivo do direito de recorrer.Trata-se de pressuposto negativo. Para que o recurso seja admissvel h certos fatos que, por gerarem a extino do direito de recorrer ou o impedimento do exerccio do direito de recorrer, no podem ter acontecido.

10.1.4.1 - fatos extintivos do direito de recorrer;Exs.: a) - a renncia ao direito de recorrer (CPC, art. 502); b) - a aceitao, expressa ou tcita, da sentena ou da deciso (CPC, art. 503 e seu parg. n.);

10.1.4.2 - fatos impeditivos do direito de recorrer.

Exs.: a) - desistncia expressa do recurso (CPC, art. 501); b) - desistncia tcita do recurso interposto por meio de fac-smile (art. 2 da Lei n. 9.800/99) c) - desistncia tcita do agravo retido, se houver ausncia de requerimento expresso, nas razes ou na resposta da apelao, de sua apreciao (CPC, art. 523, 1); d) - desistncia tcita de RE ou de REsp retidos, se houver ausncia de reiterao da sua apreciao (CPC, art. 542, 3); e) - desistncia da ao, se o recurso impugnar, por error in judicando, a sentena que a homologa; f) - renncia ao direito sobre que se funda a ao, se o recurso impugnar, por error in judicando, a sentena que a homologa; g) - reconhecimento da procedncia do pedido, se o recurso impugnar, por error in judicando, a sentena que o homologa; h) - depsito da multa de que cuida o art. 557, 2, do CPC.

10.2 - extrnsecos: relativos forma de exercitar o direito de recorrer. 10.2.1 - tempestividade. O recurso deve ser interposto dentro do prazo legal. 10.2.1.1 - natureza do prazo recursal: peremptrio. 10.2.1.2 - termo a quo: momento da intimao (CPC, art. 506). 10.2.1.3 - normas de regncia: a) regra geral : as mesmas dos prazos em geral. b) excees: I) o falecimento da parte ou do seu advogado que causa de suspenso dos prazos em geral (CPC, art. 180 c/c o art. 265, I), causa de interrupo do prazo recursal (CPC, art. 507); II) o motivo de fora maior, que suspende o curso do procedimento (CPC, art. 265, V), no se reflete, necessariamente, nos prazos processuais em geral (CPC, art. 180), podendo ser motivo de assinao de novo prazo pelo juiz (CPC, art. 183, 1 e 2), mas causa de interrupo do prazo recursal (CPC, art. 507). 10.2.1.4 - aplicao da norma contida no art. 188 do CPC: somente para interposio do recurso (mesmo que na qualidade de terceiro ou por meio do incidente de adeso), e no para apresentao de contra-razes.Lembrar que, nos feitos em curso pelos Juizados Especiais Federais, no h prazo diferenciado para a prtica de qualquer ato processual pelas pessoas jurdicas de direito pblico, inclusive para a interposio de recurso (art. 9 da Lei n. 10.259, de 12 de julho de 2001).

10.2.1.5 - recurso prematuro (interposto antes de o recorrente ser intimado da deciso): divergncia jurisprudencial (o STF somente considerava tempestivo se houvesse prova do conhecimento anterior das razes de decidir, enquanto no STJ no admitia. Mais recentemente ambas as cortes tendem a admitir, desde que haja expressa ratificao no prazo normal do recurso.

Ver, a respeito, o enunciado n. 418 da smula do STJ). 10.2.1.6 - aplicao da norma contida no art. 191 do CPC: somente no se aplica se o interesse recursal for de apenas um dos litisconsortes (enunciado n. 641 da smula do STF). 10.2.2 - regularidade formal.O ato de interposio do recurso deve atender aos requisitos formais previstos na lei.

Exs.: a) - os recursos devem ser interpostos, em regra, por petio escrita (CPC, arts. 506, parg. n., 514, 524, 525, 536, 541, 542; art. 34, 2, da Lei. 6.830/80; art. 42 da Lei n. 9.099/95), sem possibilidade de interposio por simples cota nos autos; b) - o agravo retido das decises proferidas na audincia de instruo e julgamento deve ser oral (CPC, art. 523, 3); c) - os embargos de declarao nos feitos dos Juizados Especiais Cveis podem ser interpostos por escrito ou oralmente (art. 49 da Lei n. 9.099/95); d) - a petio de interposio deve conter a indicao do rgo julgador ao qual dirigida (CPC, arts. 514, 524, 531, 536 e 541); e) no recurso extraordinrio o recorrente dever demonstrar, em preliminar do recurso, a existncia de repercusso geral (CPC, art. 543-A, 2); f) - outros requisitos formais: CPC, arts. 514, I a III; 524, I a III; 525, I e II; 536; e 541, I a III, e seu parg. n.

10.2.3 - preparo.O recorrente deve efetuar o adiantamento das despesas relativas interposio do recurso, que envolve a taxa judiciria e as despesas de remessa e de retorno dos autos.

10.2.3.1 - necessidade: se a lei o exigir. H recursos para os quais a lei no exige o preparo, ora por motivos de ordem objetiva (exs.: CPC, art. 522, parg. n.; CPC, art. 544, 2; e Lei n. 6.830/80, art. 34), ora por motivos de ordem subjetiva (ex.: os casos de gratuidade da justia e os previstos no art. 511, 1, do CPC, a que se acrescem as situaes do Distrito Federal e das fundaes pblicas); 10.2.3.2 - oportunidade: a) regra geral: a comprovao se d no momento da interposio (CPC, art. 511). b) excees: I) nos Juizados Especiais Cveis o preparo pode ser feito at 48 horas aps a interposio do recurso contra a sentena (art. 42, 1, da Lei n. 9.099/95); II)-na Justia Federal o preparo da apelao pode ser feito at cinco dias aps a interposio recurso (art. 14, II, da Lei n. 9.289/96). 10.2.3.3 - desero: decorrente da ausncia de preparo (CPC, art. 511, caput) ou da falta de complementao, no prazo de 5 dias, do preparo insuficiente (CPC, art. 511, 2). 10.2.3.4 - relevao da desero (CPC, art. 519, parg. n.): norma para a apelao, mas que se

aplica a todos os recursos, como conseqncia das normas contidas no art. 183 e seus do CPC. 11 JUZO DE MRITO DOS RECURSOS. 11.1 distino do juzo de admissibilidade (ver item 9.1). 11.2 competncia. 11.2.1 regra geral: apenas do rgo julgador ad quem, que julga o recurso. 11.2.2 excees: 11.2.2.1 nos recursos dotados de efeito regressivo, sem efeito devolutivo, o rgo julgador do recurso o prprio rgo prolator da deciso recorrida. Exs.: embargos de declarao e embargos infringentes de alada (art. 34 da Lei n. 6.830/80); 11.2.2.2 nos recursos dotados dos efeitos regressivo e devolutivo, o mrito pode ser examinado tanto pelo rgo julgador a quo como pelo rgo julgador ad quem (CPC, art. 285-A, 1, e art. 296 e seu parg. n.).Por ocasio da formao do juzo de mrito, o rgo julgador recursal define se o recurso deve ser, ou no, provido.

11.3 - objeto: verificao quanto a se o fato jurdico alegado autoriza a invalidao, a reforma, a integrao ou o aclaramento da deciso recorrida. 11.3.1 invalidao: constatao de que, ao decidir, o juzo prolator da deciso recorrida incorreu em error in procedendo.H error in procedendo quando a deciso no formalmente perfeita, por lhe faltar um requisito essencial (a fundamentao, por exemplo) ou por ser fruto de um procedimento defeituoso (por exemplo, esteou-se em documento apresentado por uma das partes, qual a outra no teve acesso). Havendo error in procedendo o rgo julgador do recurso - que de tal situao pode tomar conhecimento de ofcio - no chega, em regra, a examinar se a deciso aplicou corretamente o direito. A questo relativa ocorrncia, ou no, de error in procedendo, guarda, pois, com a questo alusiva ocorrncia de error in judicando a ela vinculada, uma relao de preliminaridade.

11.3.2 - reforma: constatao de que, ao decidir, o juzo prolator da deciso recorrida incorreu em error in judicando.H error in judicando quando ocorre m aplicao do direito. A deciso formalmente perfeita, mas houve m aplicao da norma jurdica ao caso concreto, sem importar se o tema da deciso foi de direito processual ou de direito material.

11.3.3 - integrao: constatao de que, ao decidir, o juzo prolator da deciso incorreu em omisso.

H omisso quando, na deciso, no h pronunciamento sobre pedido, sobre argumentos relevantes lanados pelas partes ou sobre questo de ordem pblica.

11.3.4 -aclaramento: constatao de que, ao decidir, o juzo prolator da deciso recorrida incorreu em obscuridade ou em contradio.H obscuridade quando da deciso no se consegue extrair o seu exato sentido. H contradio quando a deciso contm proposies inconciliveis entre si.

12- PRINCPIO DA PROIBIO DA REFORMATIO IN PEJUS.Consiste na impossibilidade de o rgo julgador do recurso proferir deciso em prejuzo do prprio recorrente. Por outras palavras, no pode o rgo julgador recursal proferir deciso que piore a situao do recorrente em relao matria que o recorrente colocou sob apreciao por meio do recurso. princpio que guarda profunda ligao com o princpio dispositivo e fruto da aplicao do princpio da congruncia.

12.1- reflexo no efeito translativo: nenhum.O princpio da proibio da reformatio in pejus est atrelado ao princpio dispositivo e fruto da aplicao do princpio da congruncia. Diferentemente, quando, por fora do efeito translativo, o rgo julgador recursal aprecia matria de ordem pblica, ele o faz por aplicao do princpio inquisitivo.

12.2 - remessa necessria: aplica-se o princpio da proibio da reformatio in pejus (enunciado n. 45 da smula da jurisprudncia dominante do STJ).Vale lembrar que a remessa necessria (CPC, art. 475) no recurso, mas um sucedneo recursal (ver item 2.3). Observe-se que, a depender do ponto a partir do qual se examine, ela pode ser vista como mero requisito para que, nos casos previstos em lei, a coisa julgada se forme, como tambm pode ser considerada uma condio para que a sentena proferida naquelas situaes possa produzir os seus efeitos.

13 - EFEITOS DOS RECURSOS.

So as conseqncias jurdicas da recorribilidade, da interposio e do julgamento dos recursos. Nas lies de Jos Carlos Barbosa Moreira, que perfilha a linha de entendimento segundo a qual o juzo de admissibilidade dos recursos, seja ele positivo, seja ele negativo, tem natureza apenas declaratria, somente os recursos admissveis podem produzir efeitos. O tema, todavia, polmico, ante mesmo a possibilidade de repercutir, fortemente, na identificao do dies a quo do prazo para propositura de demanda rescisria.

13.1 efeito obstativo.Decorre da recorribilidade e da interposio. Consiste no impedimento precluso. comum a todos os recursos.

o efeito que mais est vinculado polmica relativa identificao do dies a quo para a propositura da demanda rescisria (ver item sobre juzo de admissibilidade dos recursos).

13.2 efeito suspensivo.Decorre da recorribilidade e da interposio. Consiste no impedimento produo imediata dos efeitos da deciso. Depende de previso legal. A regra a de que, a menos que exista norma expressa a respeito, os recursos tm efeito suspensivo (CPC, art. 497).

13.3 efeito devolutivo.Decorre da interposio. Consiste na transferncia da matria impugnada ao rgo julgador ad quem, necessariamente distinto do rgo prolator da deciso recorrida (Jos Carlos Barbosa Moreira e Bernardo Pimentel Souza). Somente no est presente nos recursos que tenham apenas efeito regressivo. Est intimamente ligado ao princpio dispositivo (tantum devolutum quantum appellatum). No particular, as normas aplicveis apelao so tambm aplicveis aos demais recursos. Fala-se, tambm, na dimenso vertical do efeito devolutivo, que no se confunde com o efeito translativo, pois, sem incluir as matrias de ordem pblica, seria fruto da aplicao das normas contidas nos arts. 515, 1 e 2, e 516 do CPC.

13.4 efeito regressivo ou de retratao.Decorre da interposio. Consiste no retorno da matria impugnada ao prprio rgo prolator da deciso.

Exs.: a) - embargos de declarao; b) - embargos infringentes de alada (art. 34 da Lei n. 6.830/80); c) - apelao contra a sentena de improcedncia prima facie de que trata o art. 285-A, 1 e 2, do CPC, caso em que esto presentes os efeitos regressivo e devolutivo (o chamado efeito devolutivo diferido); d) - apelao contra a sentena que indefere a petio inicial (CPC, art. 296), caso em que esto presentes os efeitos regressivo e devolutivo (o chamado efeito devolutivo diferido); e) - agravo retido (CPC, art. 523, 2), caso em que esto presentes os efeitos regressivo e devolutivo;

Nos casos em que o recurso possui os efeitos regressivo e devolutivo, de modo a que o efeito devolutivo somente possa se operar aps o efeito regressivo, comum falar-se que em efeito devolutivo diferido (ver item 6.6.3). Neste passo, observe-se, apenas por curiosidade, que esta situao ocorre com o agravo retido (CPC, art. 523, 2), mas no acontece com o agravo de instrumento a que se referem os arts. 522, caput, e 524 a 529.

13.5 efeito translativo.Decorre da interposio. Consiste na transferncia, para o rgo julgador ad quem, do conhecimento das matrias de ordem pblica, independentemente de impugnao especfica pelo recorrente (Nelson Nery Jnior e Bernardo Pimentel Souza). Doutrina autorizada cuida do efeito translativo como mero aspecto da dimenso vertical do efeito devolutivo (Jos Carlos Barbosa Moreira e Fredie Didier).

13.6 efeito substitutivo.Decorre do julgamento do recurso. Consiste na substituio da deciso impugnada, na parte em que houve impugnao, pela deciso proferida pelo rgo ad quem, salvo nos casos de inadmissibilidade recursal e de constatao de ocorrncia de error in procedendo do qual resulte invalidao que no possa ser corrigida pelo prprio rgo julgador recursal (CPC, art. 515, 4).

13.7 efeito extensivo ou expansivo.Decorre do julgamento do recurso. A deciso proferida pelo rgo julgador recursal pode expandir os seus efeitos para outro captulo da prpria deciso recorrida, para alm da prpria deciso recorrida ou, ainda, para alm da pessoa do recorrente.

13.7.1 efeito extensivo ou expansivo objetivo.

A deciso proferida por ocasio do julgamento do recurso expande seus efeitos para outro captulo da prpria deciso recorrida ou para alm da prpria deciso recorrida.

13.7.1..1 efeito extensivo ou expansivo objetivo interno.A deciso proferida por ocasio do julgamento do recurso expande seus efeitos para outro captulo da prpria deciso recorrida. Por exemplo, ao apreciar uma apelao interposta contra sentena de mrito que rechaou uma preliminar de litispendncia, o tribunal d provimento ao recurso para acolher a alegao de litispendncia feita pelo recorrente. Pelo efeito expansivo objetivo interno, outra aspecto da mesma deciso recorrida foi atingido: o julgamento do mrito da causa.

13.7.1.2 efeito extensivo ou expansivo objetivo externo.A deciso proferida por ocasio do julgamento do recurso expande seus efeitos alm da prpria deciso recorrida. Por exemplo, ao julgar um recurso de agravo de instrumento o tribunal invalida ou reforma uma deciso que foi seguida, no processo, de outra deciso, dependente da primeira. Pelo efeito expansivo objetivo externo a outra deciso, que distinta da deciso recorrida, foi atingida.

13.7.2 - efeito expansivo ou extensivo subjetivo.A deciso proferida por ocasio do julgamento do recurso expande seus efeitos para alm da pessoa do recorrente.

13.7.2.1 - efeito expansivo ou extensivo subjetivo interno.A deciso proferida por ocasio do julgamento do recurso expande seus efeitos para alm da pessoa do recorrente, atingindo quem j integra a relao jurdica processual. Por exemplo, num caso de litisconsrcio unitrio, apenas um dos litisconsortes recorre e logra xito no recurso interposto (CPC, art. 509). Pelo efeito expansivo subjetivo interno, o outro litisconsorte restou atingido pelo julgamento do recurso.

13.7.2.2 - efeito expansivo ou extensivo subjetivo externo.A deciso proferida por ocasio do julgamento do recurso expande seus efeitos para alm da pessoa do recorrente, atingindo quem no integra a relao jurdica processual. Por exemplo, alegando a invalidade da sentena em razo da necessidade de formao de um litisconsrcio que no foi formado, o recorrente obtm xito no recurso interposto. Pelo efeito expansivo subjetivo externo, a pessoa que deveria integrar e ainda no integra a relao jurdica processual restou atingida.

14 INCIDENTE DE ADESO.

Consiste na interposio de apelao, embargos infringentes, RE ou REsp, pela parte que, malgrado titular de interesse recursal, se dispunha a no recorrer e que somente recorre porque a outra parte recorreu. O recurso interposto por meio do incidente de adeso diz-se dependente, subordinado, contraposto ou adesivo ao outro recurso, que dito independente, autnomo ou principal.

14.1 natureza: procedimento recursal secundrio. uma mera forma de interposio de recurso. 14.2 pressupostos de admissibilidade. 14.2.1 pressupostos gerais de todos os recursos. 14.2.1.1 cabimento (CPC, art. 500, II): a)- apelao (neste ponto deve tambm ser includo o ordinrio constitucional para o STJ, previsto na CF, art. 105, II, c, c/c o art. 109, II, ambos em cotejo com o art. 539, II, b, do CPC, e que tambm rotulado de apelao pelo art. 36, I, da Lei n. 8.038/90); b)- embargos infringentes; c)- RE; d)- RESP.O recurso adesivo deve ser sempre da mesma espcie recursal do recurso principal. A tal respeito, ver, abaixo, como exceo a esta regra, comentrio sobre o recurso especial/extraordinrio adesivo cruzado (item 14.3).

No se admite recurso adesivo do recurso inominado previsto no art. 41 da Lei n. 9.099/95, j que tal recurso no se confunde com o recurso de apelao. Tambm no se admite recurso adesivo de remessa necessria, pois esta no tem natureza recursal.

14.2.1.2 legitimidade: somente das partes (no tm legitimidade o Ministrio Pblico, quando atua como custos legis, nem o terceiro prejudicado). 14.2.1.3 interesse: sem peculiaridades.Em regra, no existe interesse recursal para discutir apenas o fundamento da deciso, manifestando, porm, concordncia com a concluso. Ver, a respeito, porm, os itens 10.1.3.2 e 14.3

14.2.1.4 - inexistncia de fato extintivo ou impeditivo do direito de recorrera interposio de recurso por meio de incidente de adeso pressupe silncio do recorrente por ocasio do prazo para interposio do recurso independente. 14.2.1.5 - tempestividade: o prazo o mesmo para o oferecimento de contra-razes ao recurso independente, aplicando-se, todavia, a norma contida no art. 188 do CPC.No h necessidade de apresentao simultnea da pea de contra-razes do recurso principal e da pea de recurso adesivo.

14.2.1.6 - regularidade formal: sem peculiaridades. admissvel - malgrado no atenda melhor tcnica - que o recurso adesivo integre a mesma pea de contra-razes do recurso principal.

14.2.1.7 - preparo: sem peculiaridades. 14.2.2 - pressupostos especficos. 14.2.2.1 - interposio de recurso independente pela parte contrria (art. 500, caput). 14.2.2.2 - juzo de admissibilidade positivo para o recurso independente (CPC, art. 500, III).A doutrina admite caso de recurso adesivo condicionado no apenas a um juzo de admissibilidade positivo para o recurso independente, mas tambm ao exame do prprio mrito do recurso independente. Ver, abaixo, comentrio sobre o recurso especial/extraordinrio adesivo cruzado (item 14.3).

14.3 - recurso especial/extraordinrio adesivo cruzado.Criao doutrinria voltada para proteger os interesses da parte que no teria, num primeiro momento, interesse recursal para RE ou para RESP, mas que pode passar a ter tal interesse se a outra parte lograr xito no RE ou no RESP que interps. Explica-se: um tribunal inferior d provimento a uma apelao fundamentada em questo constitucional e em questo infraconstitucional, mas rejeita um dos dois fundamentos, acolhendo o outro. O apelante no tem, pois, interesse recursal para RE ou para RESP, pois foi integralmente vencedor. Todavia, a outra parte recorre, por meio de RE ou de RESP (a depender de qual foi o fundamento acolhido pelo tribunal inferior). Se a parte sucumbente no tribunal inferior vier a lograr xito no seu RE ou no seu RESP a parte que era vencedora ver-se- na difcil situao de no mais poder se utilizar de recurso algum para impugnar a deciso do tribunal inferior, na parte em que houve rejeio a um dos seus fundamentos. Neste caso, entende parte da doutrina que cabvel o recurso especial/extraordinrio adesivo cruzado. Note-se que, nesta hiptese, no s o recurso adesivo no da mesma espcie do recurso independente, como a sua admissibilidade estar vinculada no apenas admissibilidade do recurso principal, mas ao prprio julgamento positivo do mrito do recurso principal. o que se chama, tambm, de recurso adesivo condicionado.