8
1

Apostila Taxidermia de Aves.pdf

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Apostila Taxidermia de Aves.pdf

1

Page 2: Apostila Taxidermia de Aves.pdf

2

I. PROCEDIMENTOS DO IBAMA-SP PARA AUTORIZAÇÃO DE

UTILIZAÇÃO DE ANIMAIS MORTOS PARA TAXIDERMIA

1.) Os animais a serem taxidermizados devem ter origem legal devidamente comprovada

(zoológicos, criadouros, etc.) e documentada;

2.) Os animais taxidermizados devem ser destinados apenas às instituições científicas

e/ou educacionais (pessoa jurídica) ou respectivos museus, instituições reconhecidas

pelo IBAMA ou, mediante projetos aprovados por este órgão;

3.) O animal taxidermizado deverá ficar disponível para todas as consultas públicas com

finalidade de pesquisa científica;

4.) A taxidermia deverá ser realizada por um profissional devidamente qualificado;

5.) O animal taxidermizado deverá ser identificado com etiquetas anexas à peça para o

controle de sua origem. Se o animal possuir marcação, esta deve ser mantida;

6.) As solicitações devem ser devidamente documentadas, informando a origem e o uso

pretendido dos animais, anexando os respectivos laudos de necrópsia;

7.) A solicitação deve ser protocolada, sendo que o protocolo não gerará direitos e o

interessado deverá aguardar manifestação do IBAMA, que poderá se pronunciar pelo

indeferimento, a seu critério;

8.) Na exposição do animal taxidermizado não poderá haver representação que desvincule

cunho educativo;

9.) O transporte necessita de Guia de Transporte do IBAMA que deverá ser solicitada

através de documentação devidamente protocolada informando sobre a finalidade,

origem e destino do material. No caso de transporte interestadual há necessidade

também de GTA (solicitada pelo Ministério da Agricultura);

10) A autorização para a exposição pública das coleções em museus e a respectiva

expedição de guia de transporte, se for o caso, será emitida pelo IBAMA;

II. LEGISLAÇÃO

Lei n.º 6.638 , de 08 de Maio de 1979.

Estabelece normas para a prática Didático-Científico da vivissecção de animais e

determinam outras providencias.

ART. 1º - Fica permitida, em todo o território nacional, a vivissecção de animais, nos termos

desta Lei.

Page 3: Apostila Taxidermia de Aves.pdf

3

ART. 2º - Os biotérios e os centros de experiências e demonstrações com animais vivos

deverão ser registrados em Órgão competente e por ele autorizados a funcionar.

ART. 3º - A vivissecção não será permitida:

1. Sem o emprego de anestesia;

2. Em centros de pesquisas e estudos não registrados em órgão competente;

3. Sem a supervisão de técnico especializado;

4. Com animais que não tenham permanecido mais de quinze dias em biotérios

legalmente autorizados;

5. Em estabelecimento de ensino de primeiro e segundo graus e em quaisquer locais

freqüentados por menores de idade.

ART. 4º - O animal só poderá ser submetido às intervenções recomendadas nos protocolos

das experiências que constituem a pesquisa ou os programas de aprendizado cirúrgico quando,

durante ou após a vivissecção, receber cuidados especiais.

1. Quando houver indicação, o animal poderá ser sacrificado sob estrita obediência às

prescrições científicas.

2. Caso não sejam sacrificados, os animais utilizados em experiência ou

demonstrações somente poderão sair do biotério trinta dias após a intervenção, desde

que destinados a pessoas ou entidades idôneas que por eles queiram responsabilizar-

se.

ART. 5º - Os infratores estão sujeitos:

1. Às penalidades cominadas no artigo 64, caput, do Decreto Lei nº 3.688 de 03.10.1941,

no caso de ser a primeira infração;

2. À interdição e cancelamento do registro do biotério ou do centro de pesquisa, no caso

de reincidência.

3. ART. 6º - O poder Executivo, no prazo de noventa dias, regulamentará a presente Lei,

especificando:

1. O órgão competente para o registro e a expedição de autorização dos biotérios e

centros de experiências e demonstração com animais vivos;

2. As condições gerais exigíveis para o registro e o funcionamento dos biotérios; III -

Órgão e autoridades competentes para a fiscalização dos biotérios e centros

mencionados no inciso I.

ART. 7º - Esta Lei entrará em vigor na data publicada.

ART. 8º - Revogam-se as disposições em contrário.

VI. PRINCÍPIOS ÉTICOS NA EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL

Artigo I - É primordial manter posturas de respeito ao animal, como ser vivo e pela

contribuição científica que ele proporciona.

Artigo II - Ter consciência de que a sensibilidade do animal é similar à humana no que se

refere a dor, memória, angústia, instinto de sobrevivência, apenas lhe sendo impostas

limitações para se salvaguardar das manobras experimentais e da dor que possam causar.

Page 4: Apostila Taxidermia de Aves.pdf

4

Artigo III - É de responsabilidade moral do experimentador a escolha de métodos e ações de

experimentação animal

Artigo IV - É relevante considerar a importância dos estudos realizados através de

experimentação animal quanto a sua contribuição para a saúde humana em animal, o

desenvolvimento do conhecimento e o bem da sociedade.

Artigo V - Utilizar apenas animais em bom estado de saúde.

Artigo VI - Considerar a possibilidade de desenvolvimento de métodos alternativos, como

modelos matemáticos, simulações computadorizadas, sistemas biológicos "in vitro",

utilizando-se o menor número possível de espécimes animais, se caracterizada como única

alternativa plausível.

Artigo VII - Utilizar animais através de métodos que previnam desconforto, angústia e dor,

considerando que determinariam os mesmos quadros em seres humanos, salvo se

demonstrados cientificamente, resultados contrários.

Artigo VIII - Desenvolver procedimentos com animais, assegurando-lhes sedação, analgesia

ou anestesia quando se confirmar o desencadeamento de dor ou angústia, rejeitando, sob

qualquer argumento ou justificativa, o uso de agentes químicos e/ou físicos paralisantes e não

anestésicos.

Artigo IX - Se os procedimentos experimentais determinarem dor ou angústia nos animais,

após o uso da pesquisa desenvolvida, aplicar método indolor para sacrifício imediato.

Artigo X - Dispor de alojamentos que propiciem condições adequadas de saúde e conforto,

conforme as necessidades das espécies animais mantidas para experimentação ou docência.

Artigo XI - Oferecer assistência de profissional qualificado para orientar e desenvolver

atividades de transportes, acomodação, alimentação e atendimento de animais destinados a

fins biomédicos.

Artigo XII - Desenvolver trabalhos de capacitação específica de pesquisadores e funcionários

envolvidos nos procedimentos com animais de experimentação, salientando aspectos de trato

e uso humanitário com animais de laboratório.

Page 5: Apostila Taxidermia de Aves.pdf

5

III. TAXIDERMIA EM GERAL

A taxidermia consiste na preparação da pele de um animal para estudo científico ou

exibição. Qualquer que seja o animal, o método ou a finalidade da taxidermização, os

princípios seguintes são válidos.

Todas as partes moles devem ser retiradas, ou seja, a pele deve ser completamente isolada,

só se admitindo a que fica aderida diretamente ao osso. A esta operação chamamos de

escalpelação.

Durante a escalpelação se deve evitar que a pele seja manchada com sangue, excrementos

e excreções. Para isso tomam-se as seguintes precauções:

Não se inicia a taxidermia antes de decorridas 2 horas da morte do animal, afim de que o

sangue coagule;

Os orifícios naturais são tapados com algodão;

Evita-se abrir a cavidade abdominal, respeitando cuidadosamente o peritônio;

Quando necessário, durante o preparo, seca-se periodicamente o animal com fubá de

milho ou serragem, que absorvem os líquidos e depois são removidos facilmente.

Podemos resumir o que foi exposto acima, dizendo que a escalpação do animal deve ser

completa e minuciosa, evitando-se deixar restos dos músculos ou gordura aderentes à face

interna da pele, bem como quaisquer sujeiras no exterior.

A pele deve ser tratada com uma substância tanante que lhe dê consistência e impeça

definitivamente a putrefação. Os tanantes usuais são os alúmens (sulfatos duplos de alumínio

e de um metal alcalino) e, entre eles, o de potássio é o alúmen do comércio.

A pele também deve ser tratada (“envenenada”) com uma substância que proteja

indefinidamente do ataque de insetos e fungos. Os insetos que mais comumente atacam os

couros são as “polias”, larvas de besouros da família Dermestidae. Estas estão por toda parte e

são destruidoras implacáveis. Deve-se tomar todo o cuidado para a sua prevenção. A

substância mais usada para envenenar peles é o arsênico do comércio, ou seja, o óxido

arsenioso. Esta substância é extremamente venenosa e oferece perigo para o homem e animais

domésticos, de maneira que todo o cuidado é pouco no seu manuseio.

Além do problema de toxidez, o contato prolongado com arsênico produz ulcerações nos

cantos das unhas e irritações na dobras da pele onde a sudação é mais intensa (axilas e

virilhas).É muito importante, por isso deve-se lavar muito bem as mãos depois de cada sessão

de taxidermia, usando uma escovinha nas unhas. É aconselhável o banho nessa ocasião. Para

as axilas ou virilhas, deve-se usar talco ou dermatol.

A pessoa que está trabalhando com o arsênico deve evitar o formol. A literatura diz que o

arsênico pode ser substituído pelo bórax (tetraborato de sódio), que é menos tóxico.

Costuma-se misturar as substâncias usadas para tanar e envenenar a pele. Usa-se a mistura

de arsênico e alúmen em partes iguais por peso.

Esta mistura é colocada em uma caixa rasa. Peles pequenas são imersas nela e depois

espalhadas com um pincel. Nas peles grandes derruba-se um pouco de mistura e espalha-se

com o pincel.

Page 6: Apostila Taxidermia de Aves.pdf

6

IV. MATERIAIS UTILIZADOS PARA A PRÁTICA DE TAXIDERMIA

Paquímetro, metro ou régua – utilizado para tirar as medidas do animal, antes de começar

a realizar a taxidermia para que o animal taxidermizado tenha as mesmas medidas do

animal vivo;

Luvas descartáveis – para cada animal se recomenda um par de luvas, não precisa ser

estéril, caso a luva fure ou rasgue é necessário trocá-la;

Avental – para evitar que sangue ou outras substâncias manchem sua roupa;

Bisturi e lâmina – para incisar a pele do animal e ajudar na escalpelação;

Tesoura – para cortar a pele quando necessário e cortar a linha quando estiver dando os

pontos para fechar o animal;

Seringa, agulha e formol 10% - para injetar nas articulações, crânio e cauda dos animais;

Serrote – para serrar articulações do corpo, tarso, vértebras coccígeas e crânio;

Arame – Para dar sustentação e formato aos animais, o arame deve ser de vários calibres.

Alicate – para cortar o arame e ajudar a dar molde;

Bórax – aplicar com a pele do animal invertida para conservação da mesma;

Pó de serra, estopa, algodão, jornal ou pano – para fazer o enchimento do animal;

Linha de pesca, linha de algodão (podendo variar de acordo com o animal) e agulhas -

para sutura do animal com nó simples separado ou fenestrado.

Page 7: Apostila Taxidermia de Aves.pdf

7

V. TAXIDERMIA DE AVES

A ave morta deve ser apanhada pela perna (tarso-metatarso) ou pelo bico, nunca pelo

corpo ou pela cauda para não danificar a plumagem. A seguir, introduz-se na garganta um

chumaço de algodão para impedir a saída dos líquidos e matérias do tubo digestório.

Tomados os cuidados de limpeza logo após a coleta (ver legislação específica), faz-se um

cartucho de papel afunilado e fechado. Ajeitam-se com cuidado as asas, dispondo-as na sua

condição natural, fechadas.

Uma série de anotações devem ser feitas na caderneta de campo, assim que a ave esteja

morta. Estas anotações devem descrever a ave viva em seu ambiente natural, tais como

características de coloração, pois estas desaparecem ao fim de algumas horas após a morte

(cor do bico, do tarso, das partes nuas do corpo e da íris). O método de captura e os dados

sobre o local, formação vegetal (mata, capoeira, cerrado) e altura aproximada, também devem

ser considerados.

A taxidermia inicia-se com uma inspeção rigorosa do exterior da ave:

1. Verifique a presença de ectoparasitas (piolhos ou larvas de moscas). Sangue coagulado

deve ser removido com água oxigenada (20 volumes) e seco aplicando-se fécula de

batata ou fubá.

2. Substitua o chumaço de algodão, colocados na garganta e cloaca, por outros limpos.

3. Afaste as penas que cobrem o meio do corpo, fazendo-se a inserção no lado ventral. A

incisão deve ser iniciada um pouco acima da ponta do esterno, estendendo-se até à

cloaca.

4. Procure cortar apenas a pele delgada, pois a abertura do abdome resulta em

afloramento da massa intestinal.

5. Com o auxílio de pinças e dos dedos, descole a pele separando-a do músculo. Vire a

perna pelo avesso, e puxando-a pelo osso. Destaque a musculatura, deixando o

esqueleto bem limpo. A mesma operação deve ser feita com a outra perna.

6. Prossiga descolando a pele com cuidado até atingir a base da cauda. Através de um

corte separe o corpo da pele, um pouco antes da cloaca, aproveitando para retirar a

glândula uropigiana.

7. Vire a pele pelo avesso, continuando a destacar a pele ao redor, até chegar a

articulação das asas, descobrindo os músculos. Neste ponto, separe o rádio da ulna

(ossos das asas), removendo-se o primeiro com o auxílio de uma tesoura. Permanece a

ulna, osso mais desenvolvido, onde inserem-se algumas penas da asa (rêmiges

secundárias).

8. Continue descolando a pele, expondo o pescoço até atingir a cabeça. Retire o chumaço

de algodão e corte depois a parte posterior do crânio, de cima para baixo. Retire toda a

matéria existente no interior do crânio. Em algumas aves, é necessário fazer uma

incisão na região cervical para tal procedimento.

9. Envenene a pele e o interior do crânio com bórax. Substitua os olhos por chumaços de

algodão limpo. Prenda as asas com linha à altura do cotovelo. O espaço entre os dois

ossos depende do tamanho da ave.

Terminada esta fase, tem-se apenas a plumagem de uma ave cujos músculos e os

órgãos internos foram retirados.

10. Arrume com cuidado a plumagem do corpo e das asas, abrindo e individualizando

todas as penas. Com a pinça dê relevo ao enchimento dos olhos, afofando o algodão já

deixado nas cavidades orbitárias.

Page 8: Apostila Taxidermia de Aves.pdf

8

11. Os tendões das aves grandes são retirados através de uma incisão no calcanhar, que

deve receber bórax ou formol a 10%. Nas aves pequenas não há necessidade de se

retirar os tendões.

Terminada todas estas operações, passe à fase final ou acabamento.

12. Faça uma armação de arame que substituirá a coluna vertebral, fazendo um anel nas

regiões de união entre os braços e pernas. Corte dois pedaços de arame que servirão

para sustentar o animal em pé. Passe cada pedaço de arame pelos pés do animal.

Preencha com algodão as pernas do animal, procurando imitar em forma e volume a

musculatura retirada;

13. Passe o arame pelo crânio do animal, transpassando-o. Prenda bem as duas pontas ao

anel do arame que substitui a coluna com os arames das pernas. O arame deverá estar

bem fixo;

14. Comece a encher o animal com algodão até chegar à região da sutura. Com agulha e

linha fecha-se a incisão ventral, da frente para trás. Quando estiver faltando apenas um

pedaço para fechar, termine de encher com o algodão, lembrando que se deve procurar

imitar em forma e volume a musculatura retira.

15. O bico deve ser fechado e amarrado com linha passada com a agulha, de narina a

narina. Terminada a taxidermia, ajeite as penas, e envolva a peça em uma camada fina

de algodão ou jornal úmido e deixe secar por alguns dias (5 a 10 dias). A secagem

deve ser feita à sombra, mas em lugar fresco e ventilado, pois peles expostas ao sol,

além de descorarem, amolecem e enxugam gordura que mancha e favorece a

decomposição.

16. Na carcaça, verifique o sexo, praticando uma incisão do lado esquerdo do abdome,

levantado as vísceras com o auxílio da pinça. Este movimento descobre os órgãos

sexuais internos, dispostos na linha mediana, acima dos rins, que estão colados na

parede posterior da cavidade abdominal. Se o exemplar é macho, vêem-se,

simetricamente dispostos os dois testículos quase redondos. Seu tamanho varia muito,

sendo muito pequenos na época de repouso sexual e crescendo durante o período

reprodutivo. A fêmea tem apenas um ovário, o esquerdo, que se apresenta como um

corpo irregular, formado de pequenos glóbulos de tamanho variável, que são futuros

ovos.

VI. BIBLIOGRAFIA

AURICCHIO, P.; SALOMÃO, M.G. Técnicas de coleta e preparação de vertebrados.

Instituto Pau Brasil de História Natural, São Paulo: Arujá – 358pp. 2002

VANZOLINI, P.E.; PAPAVERO, N. Manual de coleta e preparação de animais terrestres

e de água doce. Departamento de Zoologia, Secretária da Agricultuira do Estado de São

Paulo. 1967.

[on line]:http://www.ibama.gov.br

[on line]: http://www.cobea.org.br