IMORTAL ENQUANTO DURE ANIMAIS, TAXIDERMIA E …anpap.org.br/anais/2016/simposios/s1/marize_malta.pdf · Simpósio 1 – A crítica e seus espaços: trânsitos, ... de dominação/domesticação

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  • 2159 IMORTAL ENQUANTO DURE... ANIMAIS, TAXIDERMIA E OBJETOS DO MAL NA ARTE Marize Malta / UFRJ Simpsio 1 A crtica e seus espaos: trnsitos, narrativas e regimes de visibilidade na Amrica Latina

    IMORTAL ENQUANTO DURE... ANIMAIS, TAXIDERMIA E OBJETOS DO MAL NA ARTE

    Marize Malta / UFRJ RESUMO O sculo XIX foi prdigo em colees de animais enclausurados em redomas, preservados graas tcnica da taxidermia. Consideradas peas de mau gosto, criaes hediondas, artefatos execrados pelas crticas e histrias da arte modernistas, elas esto de volta e podem nos ajudar a pensar nos limites dos campos disciplinares da arte e da cincia natural, da dicotomia forma-contedo, natureza-cultura, daquilo que tem nima e inanimado, da mmeses e da realidade, e a explorar essas fronteiras, permitindo-nos repens-las, como as questes do bem e do mal na arte. PALAVRAS-CHAVE objetos do mal; taxidermia; animais empalhados; colees de arte. ABSTRACT The nineteenth century was lavish in collections of animals enclosed in domes, preserved due to the technique of taxidermy. Considered as distasteful objects, hideous creations, execrated artifacts by criticism and modernists histories of art, they came back and can help us to think about the limits of the disciplines of art and natural science, the dichotomy form-content, nature and culture, in what has anima and is inanimate, the mimesis and reality, and to explore these boundaries, allowing us to rethink them, as the questions of good and evil in art. KEYWORDS evil things; taxidermy; stuffed animals; art collections.

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    Natureza empalhada

    O sculo XIX foi prdigo em colees de animais enclausurados em redomas,

    aqurios, dioramas, preservados graas tcnica da taxidermia, seja em museus de

    histria natural, seja no ambiente domstico, trazendo uma nota extica

    decorao, ou ainda em composies artsticas de amadores que se compraziam

    em montar cenas de gnero com vrios animaizinhos mortos, como o ingls Walter

    Potter.

    Consideradas peas de mau gosto, criaes hediondas, artefatos execrados pelas

    crticas e histrias da arte modernistas, durante boa parte do sculo XX, esses

    bibels de animais empalhados foram encerrados em pores durante dcadas,

    escondidos de modo a no envergonhar seus herdeiros involuntrios. Com a

    perspectiva do ecologicamente correto e dos movimentos de proteo aos animais,

    os bichos empalhados para a decorao ou instalaes artsticas se tornaram ainda

    mais condenveis socialmente, verdadeiros objetos do mal.

    Recentemente, em feiras de antiguidades (March aux Puces), expostos em museus

    (Coleo Geyer, Quinta da Macieirinha, Museu Deyrolle), em propostas artsticas

    (Nelson Leirner, Alex Fleming) ou em colees atuais (Damien Hirst), assistimos

    volta dos mortos-vivos. Com um mercado que favorece a emergncia dos incautos

    animais empalhados, colees antigas emergem, peas em reserva tcnica

    reaparecem e o debate sobre os animais em relao superioridade humana volta

    tona, bem como a atribuio de objetos de arte malditos passa por uma reviso.

    Animais-acervos

    Os museus de histria natural desenvolvidos no sculo XIX compunham verdadeiras

    catedrais da natureza, morada de um reino sacralizado de animais e demais

    exemplares da Terra, onde se podia ter acesso a uma cultura cientfica ritualizada a

    partir da redeno da morte das espcimes que abrigavam.Como prtica expositiva,

    muitos animais de locais longnquos foram postos em dioramas, simulando os

    cenrios em que viviam e criando a sensao de que estavam nos lugares certos.

    Os dioramas reafirmavam a importncia da ambientao para compreender

    conformaes e comportamentos, interpretando a total comunho entre espcie e

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    meio, situao que dilua a incongruncia estapafrdia de se encontrar bichos

    selvagens e silvestres enclausurados em edifcios, chamados museus. Mais do que

    exemplos da natureza, tais acervos so importantes para compreender as formas

    como foram dados a ver, misteriosamente reais e esteticamente compostos ao

    olhar dos visitantes, procurando dissimular o processo que levou a estarem naquele

    lugar e daquela maneira. Os dioramas so sintomas da prpria histria da

    humanidade e se apresentam como um altar lateral, um palco, um jardim intocado

    na natureza, um lar para casa e famlia (HARAWAY, 198485, p. 24), para alm da

    oportunidade de ter experincias pedaggicas com animais.

    A eternizao de animais como peas de museu transforma a condio natural em

    artificial, a situao de mortos em pea viva (objeto falante) e, com o passar das

    geraes (muitos museus j chegaram aos seus cem anos), assumem o papel de

    relquia cultural, enfraquecendo sua potncia como exemplo da natureza ou seu

    poder mimtico (muitos j esto desbotados e desengonados), pois, afinal, o que

    est em exibio no tanto a natureza mas viso e manipulao da natureza de

    uma poca passada.

    A recolha de exemplares exticos, h sculos atrs, tambm diz da cumplicidade

    com o projeto colonial, com suas colees tomadas como arquivos imperiais,

    travestidos em ddivas universais da Terra. Ao se acessar as reservas tcnicas dos

    grandes museus de histria natural surpreendente percebermos a quantidade

    colossal de arquivos de bichos empalhados e dissecados, mantidos em vidros,

    gavetas, armrios, todos reunidos em grupos de similaridade, cuja situao permite

    verificar as pequenas diferenas entre os iguais, compartimentados em estritas

    classificaes, que buscavam esclarecer todas as mincias da natureza e delimitar

    seus lugares no universo. Normalmente, eram os pases ditos perifricos que

    forneciam o principal manancial de exemplares para prover os museus europeus (e

    depois americanos) de fontes de conhecimento, que eram devolvidos a eles como

    formas corretas de serem olhados e compreendidos.

    O desejo pelo conhecimento cientfico em uma escala domstica promoveu milhares

    de colecionadores de besouros e borboletas no sculo XIX que, para serem

    admirados ao bel prazer, sob a gide da conquista do saber, eram preservados

    espetados em pranchas que jaziam em gavetas, vitrines ou quadros emoldurados,

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    como minimuseus de histria natural. Os insetos demandavam habilidades menos

    especializadas para serem preservados e guardados, alm de sua dimenso se

    adequar facilmente em mveis, bem acomodados nos cmodos de uma residncia.

    Depois dos insetos, os pssaros foram os animais preferidos para passarem pelo

    empalhamento e acmulo colecionista em casa.

    No Brasil, Casa dos Pssaros foi o nome adotado pela populao da cidade do Rio

    de JaneiroCasa de Histria Natural por causa de uns poucos exemplares

    ornintolgicos empalhados que encerrava (OLIVEIRA, 2005, p. 267), que

    funcionava tambm como uma espcie de entreposto colonial para envio de

    produtos metrpole (LOPES, 1997, p. 38) e que ficou a cargo de Xavier dos

    Pssaros (Francisco Xavier Cardoso Caldeira)(falecido em 1810), artista catarinense

    especializado em trabalhos com penas e conchas (MACOWIECKY; DIDON, 2015,

    p. 75). Os pssaros brasileiros eram atrativos no mercado europeu, sedento por

    novidade e pelo interesse nas cincias naturais como passatempo. Antes da

    comercializao de pssaros, o interesse por penas j vinha de longa data,

    remontando aos primrdios da colonizao, quando ndios Tupinambsmantinham

    negcios com franceses, holandeses e portugueses, que empregavam as vistosas

    penas em abanos, flores e artefatos para uso nos gabinetes de curiosidades (VOLPI,

    2016, p. 130131).

    Xavier dos Pssaros foi provavelmente um dos primeiros no Brasil a desenvolver a

    taxidermia para criar um acervo de estudode cincia natural e talvez tenha se

    dedicado tambm confeco de objetos com pssaros empalhados,visando a

    exportao para Europa, como j vinha se praticando no Brasil. Foi somente a partir

    do desenvolvimento da tcnica da taxidermia quando se tornou possvel estancar o

    tempo da degradao sobre os animais, aps a morte. Assim, milhares de pssaros

    puderam atravessar os oceanos e manterem sua aparncia quando em vida e serem

    cuidadosamente observados ao vivo.

    Os tons cintilantes dos pequeninos colibris eram altamente cobiados na Europa,

    promovendo, por consequncia, grandes matanas por toda Amrica Central e do

    Sul. H notcia de que um comerciante ingls tenha levado, em uma nica carga,

    cerca de 32 mil beija-flores, alm de outros pssaros (JOHNSTON; KITE;

    PERSSON, 2009, p. 108). Tamanha quantidade no servia apenas para compor os

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    acervos dos nascentes museus de histria natural ou das colees de amadores.

    Muitos se transformaram em objetos decorativos, em adornos vestimentares, em

    enfeites de abanos de plumas. Junto com os beija-flores, outros passarinhos de

    cores atraentes viraram bibels.

    Animais-bibels

    Durante o sculo XIX, as gaiolas com pssaros costumavam ambientar os jardins de

    inverno, ptios ou varandas, lugarespreferidos do convvio familiar dirio nas

    grandes casas da elite, geralmente cercadas de muita vegetao, fontes de gua,

    mveis e objetos exticos como a natureza que se enclausurava naquele lugar,

    construindo a sensao de se estar em um paraso particular. Para o poeta Walt

    Whitman, o gorjeio alegre de seu canrio enchia o ar, o quarto solitrio, a longa

    manh1, como um ser vivo que animava aquele recinto, repleto de coisas inertes e

    inanimadas.

    A companhia de pssaros exticos vinha de longa data. Podemos encontrar em

    inmeras pinturas de retratos de Corte na Europa, do sculo XVI ao XVIII, com

    destaque para crianas e jovens, a presena de periquitos, papagaios, maritacas,

    pintassilgos, animais de outros continentes, modalidades de brinquedinhos de

    exceo de prncipes e princesas. Foi a partir do sculo XVII que a moda de manter

    pssaros em gaiolas impregnou a sociedade de corte na Frana e na Inglaterra,

    promovendo a sofisticao dos modelos, finamente ornamentados e fabricados com

    materiais nobres. Retratos ou mesmo cenas de gnero com pssaros no

    arrefeceram no sculo XIX, encontrando-se, inclusive, artistas com especial

    interesse em pintar pssaros, como o ingls Henry Stacy Marks.

    A companhia de bichinhos de estimao exticos e raros implicava distino social e

    de dominao/domesticao sobre o selvagem, e demarca uma prtica de longa

    durao, incrementando um comrcio de trfico de animais que alimentou o

    imaginrio europeu e ampliou consideravelmente no sculo XIX por um gosto

    burgus alargado, o de possuir gaiolas com pssaros vivos ou empalhados em casa.

    Na Casa Geyer (figura 1), no Rio de Janeiro, na Quinta da Macieirinha (figura 2), na

    cidade do Porto, no Museu do Romantismo (figura 3), em Madri, h o mesmo

    modelo de gaiola dourada com pssaros empalhados no seu interior. Impedidos de

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    cantar, eles encenam a condio de animais cantantes por meio de caixas de

    msica que se encontram na base da gaiola. Possuir pequeninos pssaros

    cantantes permitia gozar da experincia visual aliada sonora, pois se desejava

    uma unio harmnica entre a beleza do artefato que aprisionava o animal, a

    exuberncia das penas e a melodia agradvel do canto, dificilmente fornecido em

    equilbrio in natura.

    As gaiolas com pssaros autmatos foram fabricadas desde o sculo XVIII,

    especialmente em Genebra e Paris, como a gaiola da Casa Geyer, que carrega a

    marca made in France. Elas costumavam ser em bronze dourado a fogo e

    anunciavam a qualidade do trabalho empreendido, tendo os nomes de Jaquet-Droz,

    Leschot, Flojoulot, irmos Rochat como sinnimo de qualidade inconteste. A

    taxidermia era acoplada ao processo de automao dos pssaros para que muitos

    deles se mexessem quando o mecanismo de corda fosse acionado, dando a

    sensao de que estavam ainda a viver. A caixa de msica, incorporada base,

    guardava um delicado e complexo mecanismo de foles que procurava reproduzir os

    trinados dos pssaros2.

    Fig. 1 Gaiola com caixa de msica e pssaros empalhados / Casa Geyer, Rio de Janeiro, 2015 Fig. 2 Gaiola com caixa de msica e pssaros empalhados / Quinta da Macieirinha, Porto, 2014 Fig. 3 Gaiola com caixa de msica e pssaro empalhado / Museu do Romantismo, Madri, 2011

    no mnimo curioso que os pssaros exticos, provenientes de pases no

    europeus, tenham retornado aos seus lugares de origem como itens de decorao,

    caso da gaiola musical, de fabricao francesa, hoje em um acervo brasileiro, na

    coleo Geyer. Aqueles bichos empalhados, que poderiam ter sido taxidermizados

  • 2165 IMORTAL ENQUANTO DURE... ANIMAIS, TAXIDERMIA E OBJETOS DO MAL NA ARTE Marize Malta / UFRJ Simpsio 1 A crtica e seus espaos: trnsitos, narrativas e regimes de visibilidade na Amrica Latina

    no Brasil, voltaram enquadrados para serem visualizados e ouvidos por filtros

    europeus, ratificando uma forma controlada e civilizada de olhar e de ouvir.

    A unio entre o natural e o tecnolgico no campo artstico manteve-se como questo na

    contemporaneidade. Agrupando coisas impensadas, a artista neozelandesa Lisa Black

    acomoda dispositivos mecnicos em partes dos corpos de bichos taxidermizados,

    deixando-os visveis. Relgios, engrenagens e movimentos foram inseridos naquilo cuja

    vida como bicho estancou, mas que como objeto permaneceu vivo. Os ponteiros

    continuam a se mexer, medindo o percurso no tempo da coisa-bicho. Em vez de

    gorjeios, urros e miados, o tic-tac soa e os crculos denteados rangem, anunciando sons

    de outra natureza que envolvem outras percepes, nada triviais.

    Voltando para o sculo XIX, alm da composio de bichos com engrenagens e

    sons, foram tambm muito frequentes as composies em redomas de vidro (figuras

    4, 5 e 6). Protegidos da poeira, borboletas multicoloridas ou pssaros com suas

    penugens atraentes,j taxidermizados,tinham estancada a ao da degradao do

    tempo, dando condies aos animais de serem preservados por longos anos a partir

    de vontade e ao humana de controle e poder. No retrato de 1823 de Maria

    Francisca de Bragana (figura 4), filha de D. Joo VI e Carlota Joaquina, casada

    com Carlos de Bourbon, irmo do rei espanhol Fernando II, a retratada exibe uma

    rica indumentria e um exuberante toucado de cabea. Como um luxuoso

    complemento, apresenta-se, esquerda da tela, um grupo de pssaros encerrados

    em redoma de vidro, dentre eles um papagaio, acompanhado por outros pssaros

    exticos, possivelmente presente do seu irmo, imperador do Brasil.Sua posio

    inspirava superioridade quela natureza, simbolicamente to rica quanto sua

    roupagem, e lembrava do projeto de dominao da civilizao sobre a selvageria,

    destino reservado ao seu irmo Pedro I, que deveria domar aquelas terras, cheias

    de natureza, que se tornara independente h bem pouco tempo.

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    Fig. 4 Retrato da Infanta Maria Francisca de Portugal, 1823 / Vicente Lpez Portaa Fig. 5 Arranjo de pssaros em redoma de vidro / MarchauxPuces, Paris, 2012

    Fig. 6 Arranjo de pssaros em redoma de vidro / Museu Gustave Moreau, Paris, 2012

    Nas redomas, a cultura triunfava sobre a natureza, ordenada e preservada em

    minidioramas ou peas fantasiosas, reunindo uma babel de origens geogrficas,

    cujas vizinhanas jamais seriam encontradas na natureza. Ao fcil acesso dos olhos,

    ao seguro alcance das mos, os animais naquela situao decorativa ofertavam

    mais um atrativo esttico domstico, subjugados outra natureza, a natureza dos

    bibels. As peas ganhavam posio de destaque na decorao de interiores e

    permitiam outras experincias visuais a cada visada, quando novos detalhes eram

    percebidos.

    Ao entrarem para dentro das casas, frente ao processo de domesticao, os bichos

    preservados assumiam lugar de trofus, confirmando a superioridade do homem

    moderno e civilizado, eliminando a selvageria.Sua morte no aniquilava sua forma,

    mas destrua suas entranhas, estabelecendo uma tenso entre a ideia de vivo e

    morto, tempo corrido e tempo estancado. E a criao do bibel implicava pseudo-

    manuteno do animal as borboletas poderiam ser eternas... Elas, com suas asas

    de fabulosas cores auxiliavam a trazer uma atmosfera alegre e vibrante aos

    interiores domsticos. O mesmo efeito se conseguia com os pssaros tropicais, to

    coloridos e variados, sendo os animais preferidos para constituir bibels.

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    Animais-colees

    Para alm dos acervos de animais empalhados to comuns nos museus de histria

    naturale em pequenina escala em alguns museus casas que remetem ao sculo

    XIX, existem pequenos museus que publicizam colees particulares, em que se

    evidencia a paixo pela taxidermia como distrao ou o prazer da companhia da

    fauna selvagem em casa.

    O Museu Deyrolle, em Paris, rene o acervo da loja de taxidermia e de cincias

    naturais fundada em 1831 por Jean-Baptiste Deyrolle, que abastecia o mercado com

    insetos e materiais de caa e para os colecionadores de histria natural. Em 2008,

    aps alguns anos de ostracismo e ter passado por um incndio, foi comprada pelo

    prncipeLouis Albert de Broglie que, junto sua paixo por jardinagem, reacendeu o

    negcio e o interesse sobre a coleo, atraindo novo pblico, interessado por

    exposies temporrias de arte contempornea e fazendo associaes com artistas

    que, valendo-se dos artigos da Maison Deyrolle, criavam peas que ultrapassavam

    seu interesse cientfico. Foi o caso de Damien Hirst, que assinou vrios animais

    taxidermizados e ovos de avestruz desenhados como esculturas artsticaspara

    serem vendidas em leilo para benefcio de organizaes dos prprios Hirst e

    Broglie em prol de causassobre biodiversidade.

    O museu, situado na rue de Bac, no muito longe do museu dOrsay, fica na

    sobreloja e est instalado em uma antiga residncia do sculo XVIII, com alguns

    cmodos compostos por boiseries apaineladas de verde e molduras douradas. L,

    os animais de maior porte agrupados em saletas parecem compor um cenrio

    surreal, diferente das disposies tradicionais dos museus de histria natural,

    passando a ideia de que o zoolgico resolveu mudar de endereo. Tigre, urso,

    zebra, avestruz, antlopeparecem estar aguardando a nossa visita. Podemos chegar

    perto, olhar nos seus olhos, passar a mo e, se nos afeioarmos muito, lev-los para

    casa. Esto venda junto com centenas de pssaros, rpteis, insetos e conchas e

    apetrechos necessrios para acomodar uma coleo domstica. A natureza-morta,

    morta de fato, encontra-se venda e para usos no necessariamente cientficos.

    DamienHirst, celebridade do mundo da arte contempornea, um apaixonado

    colecionador de histria natural e tambm entusiasta dataxidermia, quando

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    inevitvel lembrarmos da obra do tubaro imerso em formol, intitulada The Physical

    Impossibility of Death in the Mind of Somebody Living (A impossibilidade fsica da

    morte na mente de algum vivo), de 1991, que declara a obsesso do artista tanto

    em estancar o tempo, criando um corpo imortal, quanto de explorar a decadncia

    fsica (NAESSENS, 2015, p. 89).Na sua coleo, afora crnios de pessoas e bichos,

    Hirst possui vrios animais taxidermizados, como corujas e pssaros tropicais, alm

    de bichos bizarros criados por Walter Potter, como o carneiro de sete pernas. Seu

    acervo, denominado de Murderme collection, rene mais de 2 mil peas e

    provavelmente deve ser no mundo a mais representativa coleo de arte

    contempornea que tem a morte como tema. A seu ver, os animais mortos

    preservados, uma verdadeira mania da era vitoriana, seria uma tentativa de replicar

    a vida na morte (HIRST, 2015, p. 92).

    Walter Potter (18351918), natural de Bramber, Sussex, na Inglaterra, levou a

    paixo pela taxidermia, iniciada na adolescncia, a tal ponto que foi preciso criar um

    museu o Bramber Museum(18611972) para abrigar toda sua coleo com

    peas feitas por ele prprio. Contudo, diferente de criar pranchas ou gavetas ou

    dioramas como nos museus de histria natural, Potter os empregava para montar

    cenas de gnero ou instalaes fora do comum com os bichos. Potter se tornou

    referncia na Inglaterra e era procurado para empalhar animais de estimao ou

    outros bichos mortos das fazendas locais.

    Uma das peas surpreendentes The Death & Burial of Cock Robin (Morte e enterro

    do pssaro Robin), baseada em um poema annimo popular entre as crianas

    vitorianas, que tomou sete anos sendo meticulosamente elaborada e finalizada em

    1861. A caixa de vidro tem quase 2 metros de largura. Ao fundo, uma paisagem

    pintada representando uma pequena igreja em meio vegetao de uma vila rural,

    cenrio do poema. H cerca de 100 pssaros britnicos, alguns j extintos, que

    assistem ou compem a marcha fnebre, ritual usual no sculo XIX, reforado pelas

    faixas pretas usadas presas ao corpo dos assistentes. Os olhos se perdem em

    tantos pormenores, nas diversas solues e mltiplas posies que os animais

    assumem. Alguns deles representam uma determinada estrofe do poema-histria,

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    fazendo da composio uma verdadeira obra de fico, uma instalao que

    materializa uma lenda, um conto, uma saga.

    Como em fbulas, em que os animais assumem atitudes humanas, atuando como

    alertas morais, a fico das cenas com bichos em cenas de sociabilidade coloca em

    destaque situaes caricatas, como um meio aceitvel de ridicularizar pessoas e

    grupos sociais, e as que aproximam algumas atitudes e perfis morais a certos

    animais (a raposa esperta, a coruja sbia, o jumento teimoso). Tambm assumem o

    lugar de bonecos em maquetes de cmodos de uma casa, servindo de personagens

    em um cenrio que reproduz o prazer do conforto mundano alcanado pelos

    burgueses em suas casas.

    Mesmo que o museu abrigasse vitrines com um animal ou pequenos grupos, a

    marca de Potter foi a criao de cenas com vrios animais reunidos. Casamentos,

    salas de aula, banquetes, jogo de cartas, ambientados realisticamente e

    personificados por gatinhos, esquilos, coelhinhos, porquinhos-da-ndia. O

    magnetismo visual inevitvel, produzido por uma reunio particular de tecnologia

    com relaes sociais, compondo cenas reproduzidas com exatido de escala,

    taxidermia impecvel, cenrio atmosfrico, expresses corporais teatrais. Animais

    alimentam a fantasia.

    O que desconcertante o fato dos taxidermistas replicarem animais autnticos,

    como se ainda estivessem vivos, o que conseguem com a importante ajuda dos

    olhos de vidro.Esses objetos-animalizados dificultam classificaes e borram os

    limites entre o que sujeito e objeto, aquilo que anima e animado. Funcionam

    como quimeras, coisas fantasiosas que misturam instncias naturais para inventar

    coisas imaginrias. Os animais-coisas excedem a sua mera materialidade e

    resistem em serem totalmente redutveis linguagem.

    Animais-obras

    Os animais tambm foram usados de outras formas, de modo a esclarecer posturas

    de ultrapassagem de uma arte alicerada fundamentalmente em qualidades

    plsticas. Foi o caso de O porco empalhado (e seu pernil perdido), de Nelson

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    Leirner, apresentado no Quarto Salo de Arte Moderna de Braslia, quando se

    indignou com o aceite de sua obra e fez com que muitos do jri, composto por Mario

    Pedrosa, Walter Zanini, Frederico de Moraes, Mario Barata e Clarival do Prado

    Valadares se posicionassem quanto ao que era ou no arte (PEDROSA, 1975, p.

    235).A emblemtica atitude de Leirner colocava em cheque o processo de

    naturalizao da natureza, utilizando-se dela prpria mas para tratar de algo para

    alm da materialidade natural, uma ideia de arte, um meio de criticar as instituies

    artsticas que aceitavam e reificavam um porco empalhado como obra de arte.3

    Aquilo que seria a nima, conferia a vida ao animal, tornou-se palha, ou seja, o seu

    interior biolgico capaz de lhe dar a energia esvaziara-se de vida. A pele e o

    invlucro, que carregavam a nima, passaram a ser a permanncia da memria da

    vida, assumindo o seu lugar como representao, ultrapassando a condio de

    vtima. Os olhos de vidro disfaravam a morte, mas sua persuaso de olhar de volta

    para ns como se fora no animal vivo permanece, talvez como um alerta para nos

    lembrar que somos todos animais, que as quimeras podem ser mais reais do que

    supomos, mesmo que imprevisveis, e que a taxidermia pode ser um mtodo.

    Em todos esses exemplares de animais mortos-vivos h uma tenso frente

    tradio da verossimilhana, pois tecnicamente ela no ocorre porque as peles so

    reais. Por outro lado, eles no so mais bichos e sim objetos, anlogos na forma e

    na postura de quando possuam vida. Mortos, ainda so reais e podem se eternizar

    como arte.

    Lidar com a taxidermia tratar com a morte e especialmente com os acontecimentos

    ps-morte. Tratar os restos mortais de um animal, diferente do que se faz com os de

    um humano, para us-lo em um trabalho artstico consider-lo ser inferior, o que

    denota certa perversidade. Muitos artistas, no entanto, afirmam que aguardam

    doaes de bichos que morreram de causas naturais e no encomendam morte de

    nenhum deles. O artista David Shrigley tem uma srie de animais sem cabea, como

    o avestruz que foi incorporado coleo do British Council. A ausncia das cabeas,

    apresentada de forma que parea que nunca existiram, refora a ideia de que os

    bichos no precisam de seus crebros e, naquela condio, tambm nunca mais

  • 2171 IMORTAL ENQUANTO DURE... ANIMAIS, TAXIDERMIA E OBJETOS DO MAL NA ARTE Marize Malta / UFRJ Simpsio 1 A crtica e seus espaos: trnsitos, narrativas e regimes de visibilidade na Amrica Latina

    precisaro deles. Outra srie do mesmo artista tratou de animais domsticos

    taxidermizados em posio vertical, sobre duas pernas e segurando uma placa,

    dizendo Im dead (Estou morto). Segundo Shrigley, seu trabalho no sobre a

    relao com os animais, mas sobre nossa relao com vida e morte e o modo como

    lidamos com essas coisas. Suas obras pem a questo sobre o que significa estar

    vivo ou morto (SHRIGEL, 2015, p. 32).

    Da vida de animal, passa-se a uma nova forma de vida, uma vida de arte. o

    destino dos bichos de Alex Flemming, cujas cores berrantes e distantes do natural

    ressaltam que os ex-bichos pertencem agora a outro reino, o reino das naturezas-

    mortas, obras que se tornam um poderoso comentrio sobre a capacidade de

    redeno da vida e sobre a relao tnue que se estabelece entre vida e morte,

    entre profano e sagrado (CANTOM, 2002). Vazios de vida, os bichos, pela tica de

    Flemming, so sinais de solido, de uma alma sem graa, considerada uma outra

    forma de morte, que aflige tantas pessoas nas grandes cidades (MORENO, 2002).

    Na exposio A Casa, no MAC-USP, em cartaz em janeiro de 2016, Flemming

    expe um bode pintado de azul (Cordeiro de Deus, 1991), fincado por vrias

    escumadeiras de alumnio. A feio do animal no expressa incmodo ou dor e a

    escala dos objetos est longe de ser domstica, afastando sua possibilidade de virar

    um bibel. Em colees, dentro de casas ou mesmo em museus particulares, os

    animais taxidermizados transcendem tempo, espao e lugar. Ao nos aproximarmos

    das relaes travadas de homens com animais, pode-se perceber as fragilidades

    dos sentidos de humanidade e que o objeto do mal pode vir a ser o sujeito-homem e

    no o objeto-bicho.

    Em anos recentes, observa-se a expanso de novas abordagens como Estudos

    Animais, Zoopoticas, Ps-humanismo, Ecocrtica e Teoria da Coisa, pondo em reviso

    a questo do antropocentrismo e anunciando uma espcie de animal turn na rea das

    humanidades.4 Os limites entre o que humano e o que no , o que prprio do

    bestial contra o racional, o homem-eu e o animal-outro passam por revises, desafiando

    as dicotomias e a prpria unicidade dos humanos. Pensar nos animais em arte seria

    acessar casos limites para as teorias da diferena, alteridade e poder.

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    A relao homem-animal est em voga. H sites e blogs que publicizam as paixes

    pela taxidermia5 e inmeros artistas reacenderam a prtica, que parecia estar no

    ostracismo. A artista Kate Klark se destaca por acoplar feies humanas s caras

    dos animais taxidermizados, pondo em cheque os limites que separam o humano do

    animal e como seria se ver submetido ao ser bicho, ns que tambm o somos,

    fazendo-nos perceber que muitas referncias sobre certos entendimentos do mundo

    passam pelo modo como vemos os bichos ou como veramos o mundo se o

    fssemos. Engaiolados, presos em redoma de vidro, espetados em pranchas ou

    conservados em formol, esses objetos do mal incomodam, arrepiam, causam

    alguma repulsa, talvez porque diante de sua imortalidade enquanto coisa dependeu

    sua morte e depende a sobrevivncia de nossa prpria humanidade.

    Notas 1MY CANARY BIRD.Did we count great, O soul, to penetrate the themes of mighty books, / Absorbing deep and full from thoughts, plays, speculations? / But now from thee to me, caged bird, to feel thy joyous warble, / Filling the air, the lonesome room, the long forenoon, / Is it not just as great, O soul? Walt Whitman, 1888 (WHITMAN, 1891-92: 386). 2 Na Esccia h uma casa de venda e restaurao de objetos autmatos, The HouseofAutomata - Field of Dreams, Findhorn, Scotland. No site da empresa, h vrios modelos de objetos, inclusive os das gaiolas com pssaros, onde possvel assistir um pequeno vdeo que permite ouvir a caixa de msica em ao, imitando os trinados dos passarinhos. O endereo do youtube https://youtu.be/pzDrm2oza88. (THE HOUSE OF AUTOMATA). 3 Dcadas depois, os porcos continuam em voga. O artista belga WinDelvoye tambm se valeu de porcos, mais precisamente de sete, empregando-os empalhados e tatuados para a exposio apresentada em 2010 no Museu de Arte Moderna e Contempornea de Nice, na Frana. 4 Entre 7 e 9 de fevereiro de 2017 ser realizada a conferncia da CEFRES, em Praga, cujo tema ser The Human-Animal Line. Interdisciplinary Approaches. 5 Um dos sites que rene produes artsticas que se utilizam da taxidermia pode ser acessado pelo endereo http://www.ravishingbeasts.com/. Como o nome sugere, as bestas podem ser encantadoras... Referncias

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    https://youtu.be/pzDrm2oza88http://www.ravishingbeasts.com/

  • 2173 IMORTAL ENQUANTO DURE... ANIMAIS, TAXIDERMIA E OBJETOS DO MAL NA ARTE Marize Malta / UFRJ Simpsio 1 A crtica e seus espaos: trnsitos, narrativas e regimes de visibilidade na Amrica Latina

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    Marize Malta Professora de histria da arte / artes decorativas / espaos interiores na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Graduada em Arquitetura (USU), mestre em Histria da Arte (EBAUFRJ) e doutora em Histria (UFF). Seu domnio de investigao em histria e teoria das ambincias, artes decorativas, arte domstica, objetos do mal, colees e modos de exibio.

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