Apostila_Cristologia

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    Teologia Sistemtica: Cristologia Rev. Mrio Sergio Batista - 2009

    Introduo

    E o Verbo se fez carne e habitou entre ns,cheio de graa e de verdade, e vimos a suaglria, glria como do unignito do Pai (Jo1.14).

    De certa forma, todos j ouviram falar alguma coisa a respeito da

    pessoa e obra de Jesus Cristo, como por exemplo, o lugar do seu

    nascimento ou algo sobre seu ministrio terreno. Entretanto, dada a

    escassez de tempo no ser possvel tratar de todos os temas referentes

    pessoa do nosso Redentor, nesse curso. Todavia, bom reconhecermos,

    com alegria, aquilo que j temos armazenado em nossas mentes comoconhecimento adquirido e solidificado, e nos regozijarmos com a real

    possibilidade de, pela graa de Deus, compartilharmos aquilo que

    bondosamente temos aprendido a respeito da Pessoa do nosso Senhor e

    Salvador Jesus Cristo.

    Uma compreenso errada ou uma viso distorcida tanto da Obra

    quanto da Pessoa de Jesus Cristo nos levar a laborarmos em erros e,

    conseqentemente, a nossa teologia se distanciar da verdade que est emJesus Cristo, o Filho de Deus. A teologia reformada busca fundamentar a

    sua interpretao e compreenso a respeito do Cordeiro de Deus nas

    Escrituras Sagradas sob a orientao e direo do Santo Esprito.

    Com o objetivo de provocar uma reflexo a respeito da compreenso

    deformada que algumas pessoas tm sobre as duas naturezas do nosso

    Redentor, transcrevo parte do desabafo que certa vez ouvi de um amigo

    sobre sua experincia numa dessas reunies conciliares para avaliar oconhecimento teolgico de candidatos ao Santo e Sagrado ministrio.

    - Quantas naturezas tm Cristo Jesus? Perguntou o ministro com a

    inteno de facilitar as coisas para o candidato.

    - Muitas! Respondeu o rapaz, secamente.

    - Muitas quantas? Retrucou o irmo.

    O candidato disse: posso pensar.

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    Deixando transparecer o seu inconformismo diante daquela situao,

    o pastor respondeu:

    - Sim. Claro. Pode.

    O candidato, ento, olhando para o alto e antes de responder fez

    gesto e ar de intelectual, colocando a mo direita entre o queixo e os lbios,

    confiantemente afirmou:

    - Umas seis.

    Cremos que esse episdio evidencia a falta de conhecimento de

    algumas pessoas a respeito das naturezas de Cristo Jesus. Por isso, no

    temos dvidas que esse assunto requer dobrada ateno em nossos dias,pois desde o incio da histria da Igreja Crist houve confuso a respeito

    das duas naturezas do nosso Redentor, a ponto de existir aqueles que ora

    negavam ou a sua divindade ou a sua humanidade.

    I Unio hiposttica

    A Bblia afirma que em Jesus Cristo coexistiu a natureza divina e a

    humana. De fato, Ele possua tanto uma natureza humana limitada comouma natureza divina ilimitada. O Filho de Deus nasceu de uma mulher,

    cresceu em estatura e conhecimento (Lc 2.22), sentiu fome, sede, cansao

    e sono, foi tocado, teve momentos de alegria e tristeza, chorou,

    demonstrando assim a limitao da sua natureza humana. O apstolo Joo,

    no incio do seu evangelho, pretende deixar claro para a sua comunidade

    que Aquele que habitou entre eles era Deus, por isso declara: No princpio

    era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus (Jo 1.1). E

    mais adiante registrou a seguinte afirmao de Jesus Cristo: Quem cr em

    mim cr, no em mim, mas naquele que me enviou. E quem me v a mim

    v aquele que me enviou (Jo 12.44-45). Ou seja, Cristo declara que

    Deus.

    A unio de ambas as naturezas chamada de unio hiposttica,

    tambm conhecida como unio mstica. Do grego hipstasis, que significa

    pessoa. Portanto, a unio uma unio pessoal. No se trata da mera

    habitao da divindade em um corpo humano; mas, sim, uma unio na qual

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    Jesus Cristo se torna uma s pessoa. Uma natureza no sufoca ou se

    sobrepe a outra, ambas coexistem sem que se anulem. Diante disso,

    podemos dizer: Jesus Cristo finito e infinito, homem e Deus, existe desde

    a eternidade e nasceu no tempo (Gl 4.4).

    Apolinrio de Laodicia (c. 310 c. 390) foi o primeiro a usar o termo

    hiposttico, na tentativa de compreender a encarnao. Ele descreveu a

    unio do divino e humano em Jesus Cristo como sendo de uma nica

    natureza e tendo uma nica essncia ou substncia. Propunha que Jesus

    Cristo tinha um corpo humano e uma mente divina. Esse conceito foi

    rejeitado e considerado heresia no Primeiro Conclio de Constantinopla, em

    381.

    Teodoro de Mopsustia (c. 350 428) tambm conhecido como

    Teodoro de Antioquia, por causa do lugar de seu nascimento e presbiterato

    foi outra direo, argumentando que em Jesus Cristo havia duas

    naturezas (humana e divina) e duas substncias, no sentido de "essncia"

    ou "pessoa", que coexistiam ao mesmo tempo.

    O Conclio de Calcednia, em 4511, concordou com Teodoro de

    Mopsustia a respeito da encarnao, entretanto insistiu que a definiono seria da natureza, mas deveria ser na pessoa. Assim, o Conclio

    declarou que em Cristo Jesus devem ser reconhecidas as duas naturezas,

    sem confuso, imutvel, indivisvel; sendo que a distino das naturezas de

    modo algum eliminada pela unio, antes a propriedade de cada uma

    preservada e ambas concorrem numa nica pessoa, numa subsistncia no

    partida ou dividida em duas pessoas. Aqueles que rejeitam o Credo do

    Conclio de Calcednia so conhecidos como monofisista porque s aceitam

    como definio uma nica natureza em Jesus Cristo: a divina. Os demais

    so conhecidos como diofisistas (duas naturezas) porque aceitam a unio

    hiposttica de Cristo.

    II A natureza humana de Cristo2

    1 Mais detalhes q.v Berkhof. Teologia Sistemtica, p. 295.

    2 Adotamos alguns pontos oferecidos por Grudem em sua Teologia Sistemtica, p.435, por entendermos que Eles contemplam a proposta desse curso.

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    Como uma correta ordenao nos requerque creiamos nos mistrio da f cristantes de termos o atrevimento desubmet-las discusso pela razo, assimtambm me parece uma negligncialamentvel que, depois de ns estarmosconfirmados na f, no procurarmos

    entender o que cremos. Por essa razo,desde que eu, assim, considere a mimmesmo firme na f de nossa redenopela graa proveniente de Deus, e aindaque no possa compreend-la pela razo,e que no haja nada que possa arrancar-me dela, eu peo que me aclares o que,como ns sabemos, muitos, alm de mimmesmo, perguntam: por qual necessidadee causa Deus, que onipotente, assumiua vil e dbil natureza humana pararestaur-la (Boso in: Anselmo de Canturia).

    Essa indagao feita pelo discpulo Boso ao seu mestre Anselmo nosmostra como difcil para a mente humana entender que a presena de

    Cristo Jesus na terra o resultado daquilo que o prprio Deus decretou na

    eternidade (Ap 13.8). Na humilhao da sua encarnao Jesus Cristo

    experimentou a pobreza da vida terrena, a indiferena das pessoas, a

    crueldade e a malcia dos homens e finalmente o abandono do prprio Pai

    na hora em que Ele mais precisou quando caminhava em direo ao

    Calvrio.

    Tratando, ainda, sobre a necessidade de Jesus Cristo ter se

    encarnado, apresentamos a seguinte resposta:

    Era necessrio que o Mediador fosse homem para poderlevantar a nossa natureza e obedecer lei, sofrer einterceder por ns em nossa natureza, e simpatizar com asnossas enfermidades; para que recebssemos a adoo defilhos, e tivssemos conforto e acesso com confiana aotrono da graa (Rm 5.19; 8.34; 2Pe 1.4; Mt. 5.17; Gl. 4.4-5; Hb. 2.4; 7.24-25, 4:15-163.

    Sendo assim, bom desde j esclarecer que ao comearmos o estudo

    a respeito da pessoa de Jesus Cristo, tratando primeiro da sua humanidade

    no pretendemos dizer que um homem se fez Deus, pois sabemos que tal

    afirmao uma tremenda heresia4. Entretanto, ressaltamos que a Bblia

    apresenta uma Cristologia que teve seu incio na eternidade, e que a Igreja

    3 Qual a necessidade de o Mediador ser homem? Pergunta 39, do Catecismo Maior da

    Igreja Presbiteriana.4Trataremos desse assunto com mais vagar no ponto VII.

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    Primitiva, de certa forma, omitiu, ou melhor, deu menos importncia

    humanidade de Cristo, concentrando as suas expectativas na sua divindade.

    O Novo Testamento quase unanimemente, apresenta-nos uma Cristologia

    vinda de cima. Ele comea do aspecto de sua divindade, no de sua

    humanidade (MACLEOD, 2007, p. 22).

    Com isso no queremos dizer que os apstolos no tinham a plena

    convico da humanidade do Filho de Deus, ao contrrio, pois Jesus Cristo

    apresentado pelo apstolo Joo como o lo/gojque se fez carne (Jo 1.14). O

    Filho de Deus teve uma vida genuinamente igual a nossa, Ele se encarnou e

    habitou entre ns, teve forma e substncia humana, assim exatamente com

    qualquer pessoa. Por isso, no podemos dizer coisa alguma a respeito da

    pessoa de Cristo Jesus que no possa ser dita a respeito do homem

    (MACLEOD, 2007, p. 22). A encarnao do Filho de Deus deve ser vista

    como a materializao da vontade do Pai em salvar o pecador.

    Owen (1989, p. 30), ao tratar da humanidade de Cristo, faz a

    seguinte afirmao:

    Quando Ele [Cristo] tomou sobre Si a forma de um servo emnossa natureza. Ele Se tornou aquilo que nunca havia sidoantes, mas no deixou de ser aquilo que sempre tinha sidoem Sua natureza divina. Ele, que Deus, no pode deixarde ser Deus. A glria da Sua natureza divina estava velada,de forma que aqueles que O viram no acreditaram que Eleera Deus.

    Portanto, a glria da encarnao do Filho de Deus no destri, no

    anula a sua natureza humana, mas confirma a obra salvadora do nosso

    Redentor. Diante do exposto, entendemos que ao se pretender falar a

    respeito de Jesus Cristo, no que se refere a sua natureza humana,

    imperioso comearmos pelo seu nascimento.

    2.1 O nascimento virginal

    importante que se diga que h mistrios, mistrios esses quepertencem a Deus, os quais a nossa capacidade de entendimento no pode

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    alcanar, devido a nossa prpria condio pecaminosa; entretanto, aquilo

    que est revelado nas Sagradas Escrituras, isso podemos e devemos

    estudar e conhecer (Dt 29.29).

    As Escrituras afirmam, de modo inequvoco, que Jesus Cristo foiconcebido no ventre de sua me Maria, por obra miraculosa e poder do

    Esprito Santo, todavia Cristo no teve um pai humano. Ora, o nascimento

    de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, sua me, desposada com Jos,

    sem que tivesse antes coabitado, achou-se grvida pelo Esprito Santo (Mt

    1.18).

    Doutrinariamente o nascimento virginal de Jesus Cristo pode ser

    visto, pelo menos, de trs maneiras:

    1. Mostra que a salvao da humanidade, em ltima anlise, deve vir

    do Senhor Deus. A promessa feita aos nossos pais no den (Gn 3.15) se

    cumpriu;

    2. O nascimento virginal possibilitou a plena unio da divindade com

    a humanidade em uma s pessoa. Esse foi o meio empregado por Deus

    para enviar seu Filho Jesus Cristo para morrer em nosso lugar e nos salvar

    de todas as nossas aflies e pecados. (Jo 3.16; Gl 4.4);

    3. O nascimento virginal tornou possvel a verdadeira humanidade de

    Jesus Cristo sem a herana do pecado. O fato de Jesus Cristo no ter um

    pai humano significa que a linha de descendncia de Ado parcialmente

    interrompida. Isso nos ajuda a entender porque a culpa legal e a corrupo

    moral que pertencem a todos os seres humanos no pertencem a Ele.

    2.2 Fraquezas e limitaes humanas de Jesus Cristo

    O fato de Jesus Cristo possuir um corpo exatamente como o nosso

    relatado em vrias passagens das Escrituras Sagradas. Ele nasceu assim

    como nascem todos os seres humanos (Lc 2.7). Cresceu e se desenvolveu

    como qualquer pessoa (Lc 2.40). Sentiu cansao (Jo 4.6). Sentiu sede (Jo

    19.28). Teve sono (Mt 8.24). Ficou indignado (Mc 3.5; 10.14). Sentiu

    necessidade de orar (Mt 14.23; Lc 6.12; Hb. 5.7). Sentiu alegria (Jo 15.11).

    Foi tentado (Mt 4.1; Hb 2.18; 4.15). Demonstrou cuidado com os seus

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    discpulos (Jo 14.1). Amou incondicionalmente (Mc 10.21; Jo 11.3; 13.23;

    15.9,10,12). Entretanto, o auge da limitao humana de Jesus Cristo se d

    quando Ele morre pendurado numa cruz diante dos olhos dos seus

    discpulos e algozes. (Lc 23.46).

    2.3 Jesus Cristo possua uma mente humana

    O fato de Cristo Jesus ter crescido em sabedoria (Lc 2.52) significa

    que Ele passou por um processo de aprendizagem, assim como acontece

    com todas as crianas. Ele aprendeu a comer, falar, ler, escrever e ser

    obediente aos seus pais (Hb 5.8). Esse processo normal de aprendizado

    fazia parte da genuna humanidade Cristo Jesus.

    2.4 Jesus Cristo possua alma e emoes humanas

    Antes da sua crucificao, Ele disse: Agora, est angustiada a minha

    alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com este

    propsito vim para esta hora (Jo 12.27), e mais adiante o apstolo Joo

    escreveu: angustiou-se Jesus em esprito (Jo 13.21). Nessas duas

    passagens a palavra angstia remete a idia de pessoas ansiosas ou que

    so surpreendidas de repente por algum perigo.

    Jesus Cristo experimentou uma sucesso de emoes humanas:

    admirou-se da f de um centurio (Mt 8.10); chorou de tristeza pela

    morte de Lzaro (Jo 11.35); foi tentado em todas as coisas (Hb 4.15). O

    fato de Ele ter enfrentado tentaes significa que possua natureza

    genuinamente humana. s vezes se levanta esta questo: Cristo poderia ter

    pecado? Alguns defendem a impecabilidade de Cristo, entendendo por

    impecabilidade no sujeito a pecar. Outros objetam que se Ele no fossecapaz de pecar, suas tentaes no teriam sido reais, pois como uma

    tentao seria real, se a pessoa que estivesse sendo tentada no fosse

    mesmo capaz de pecar?

    As Escrituras afirmam categoricamente que Jesus Cristo jamais pecou

    (Hb 4.15), no podemos ter nenhuma dvida em nossa mente em relao a

    isso. As Escrituras tambm afirmam que as tentaes de Jesus Cristo foram

    reais (Lc 4.2). Se crermos na Bblia, precisamos insistir com veemncia que

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    Ele foi tentado em todas as coisas, nossa semelhana, mas sem pecado

    (Hb 4.15).

    A unio da natureza humana com a divina em uma s pessoa

    impedia Jesus Cristo de pecar. O exemplo da tentao em transformarpedras em pes (Mt 4) til para a nossa afirmao. Por causa da sua

    natureza divina Jesus Cristo tinha o poder e a capacidade de realizar aquele

    milagre, entretanto Ele se recusou a recorrer sua natureza divina para

    realizar o milagre e, obviamente, tambm para no obedecer a Satans.

    III A natureza divina de Cristo

    Fazemos melhor quando adoramos os

    mistrios da divindade do que quando osinvestigamos (Melanchton).

    A Bblia fala a respeito da natureza divina de Jesus Cristo. O termo

    empregado para mostrar a realidade desse fato a encarnao.

    Entendemos que a encarnao foi o ato pelo qual o Deus Filho assumiu a

    natureza humana no princpio era o verbo, e o verbo estava com Deus e o

    verbo era Deus (Jo 1.1). Nesse versculo temos trs ensinamentos

    fundamentais sobre o nosso Redentor: 1) a Sua eternidade, no princpioera o verbo; 2) a Sua personalidade, e o verbo estava com Deus; 3) a

    Sua divindade, e o verbo era Deus.

    Jesus Cristo o Filho de Deus que habitou entre ns. Ele

    verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus. Na sua encarnao no

    houve nenhum acrscimo sua natureza divina, mas adquiriu uma natureza

    humana que no possua antes, e isso para resgatar o homem perdido.

    3.1 A divindade de Jesus Cristo procede de Deus, o Pai

    Antes de assumir a natureza humana, Cristo Jesus j existia. Ele j

    era o Filho de Deus, o que significa dizer que a sua natureza divina precede

    humana. Nos escritos do apstolo Joo encontramos a seguinte

    afirmao: e ador-la-o todos os que habitam sobre a terra, aqueles

    cujos nomes no foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto

    antes da fundao do mundo (Ap 13.8). A paternidade de Jesus Cristoprocede de Deus, pois Ele chamado de Filho de Deus. Vindo, porm, a

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    plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob

    a lei (Gl 4.4).

    3.2 A glria de Cristo em sua humilhao

    Jesus Cristo no deixou de ser igual a Deus, mesmo quando se

    tornou homem, pois subsistindo em forma de Deus, no julgou como

    usurpao o ser igual a Deus (Fp 2.6). No h palavras para explicar o

    amor de Deus para conosco manifestado na humilhao da encarnao do

    seu Filho Jesus Cristo. um mistrio, porque Deus tremendo e seus

    caminhos esto muito acima do nosso entendimento. Ele diz: [...] os meus

    pensamentos no so os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos so

    os meus caminhos (Is 55.8).

    O Senhor Jesus Cristo esvaziou-se e humilhou-se em nosso favor, e

    nem por isso perdeu, absolutamente, nada do seu poder como Deus eterno

    que . Ele nos salvou de todas as nossas angstias e aflies, convidando-

    nos a Ele vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e

    eu vos aliviarei (Mt 11.28). Jesus Cristo , ento, o nosso lugar de

    descanso. O que significam as coisas deste mundo se comparadas com a

    glria do nosso Redentor e o amor que Ele tem por ns? Nada.

    O apstolo Paulo declara: Quem nos separar do amor de Cristo?

    Ser tribulao, ou angstia, ou perseguio, ou fome, ou nudez, ou perigo,

    ou espada (Rm 8.35). Isto , nada nos separar do eterno amor que Jesus

    Cristo tem por ns. Absolutamente nada, nem ns mesmos.

    3.3 Algumas passagens que atestam divindade de Cristo

    Crer na divindade de Jesus Cristo condio sine qua non para a f

    crist reformada; entretanto, alguns telogos liberais afirmam que Ele foi

    apenas um grande homem, e no querem v-lo como Deus-homem.

    Portanto, como um dos princpios de interpretao bblica a Bblia por ela

    mesma, vejamos o que ela nos diz a respeito da divindade do nosso Senhor

    e Salvador.

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    O Antigo Testamento revela a conscincia de alguns escritores quanto

    divindade de Cristo Jesus. Apresentamos apenas trs textos para

    fundamentar a nossa argumentao:

    1. Salmo 110.1 Disse o Senhor ao meu senhor: assenta-te minha direita, at que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus ps.

    Este um Salmo messinico, reconhecido pelo evangelista Lucas (At 2.34-

    35).

    2. Isaas 9.6 Porque um menino nos nasceu, um filho se nos

    deu; o governo est sobre os seus ombros; e o seu nome ser: Maravilhoso

    Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Prncipe da Paz.

    3. Miquias 5.2 E tu, Belm Efrata, pequena demais para

    figurar como grupo de milhares de Jud, de ti me sair o que h de reinar

    em Israel, e cujas origens so desde os tempos antigos, desde os dias da

    eternidade.

    O atributo da eternidade dado ao Messias nos leva a pensar em sua

    divindade, pois Ele j existia desde a eternidade. Cremos que a eternidade

    atributo exclusivo da divindade.

    O Novo Testamento tambm trata da divindade de Jesus Cristo. Eis

    algumas passagens:

    1. Mateus 1.23 Eis que a virgem conceber e dar luz um

    filho, e Ele ser chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer Deus

    conosco).

    2. Mateus 14.33 E os que estavam no barco O adoraram,dizendo: Verdadeiramente s Filho de Deus.

    3. Mateus 16.17 Bem-aventurado s, Simo Barjonas, porque

    no foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que estas nos

    cus.

    4. Joo 1.1,18 No princpio era o Verbo, e o Verbo estava com

    Deus, e o Verbo era Deus. [...] Ningum jamais viu a Deus; o Deus

    unignito, que est no seio do Pai, quem o revelou.

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    5. 1 Joo 5.20 Tambm sabemos que o Filho de Deus vindo e

    nos tem dado entendimento para reconhecermos o verdadeiro; e estamos

    no verdadeiro, em seu Filho Jesus Cristo. Este o verdadeiro Deus e a vida

    eterna.

    Podemos resumir da seguinte maneira o ensino bblico acerca da

    pessoa do nosso Redentor: Jesus Cristo foi plenamente Deus e plenamente

    homem em uma s pessoa e assim ser para sempre (GRUDEM, 1999, p.

    435).

    IV Os estados de Jesus Cristo (humilhao e exaltao)

    A doutrina dos estados de Cristo desenvolveu-se no sculo 17,

    embora houvesse traos dela nos Pais da Igreja e nos reformadores do

    sculo 16. Esta doutrina estabelece que Cristo esteve sob dois estados:

    humilhao e exaltao. Estes dois estados compreendem, como que fases

    no desempenho da misso do nosso Redentor. Assim, o estado de

    humilhao configura-se por meio de fases de sua misso bem como o de

    exaltao. O estado de humilhao consiste em Jesus Cristo ter posto de

    lado a majestade divina que era sua, e ter assumido a natureza humana na

    forma de servo. Os dois estados so claramente indicados nos seguintestextos (2Co 8.9; Gl 4.4-5; Fp 2.6-11; Hb 2.9).

    4.1 O estado de humilhao: Encarnao e Nascimento

    Na encarnao Jesus Cristo toma uma natureza humana completa.

    Ele se torna verdadeira e completamente homem. Isso se deve ao seu

    nascimento, onde, por meio de Maria, num nascimento virginal, deriva dela

    sua substncia humana (Jo 1.14; Rm 8.3; 1Tm 3.16; 1Jo 4.2). Foisomente pela sobrenatural concepo de Cristo que Ele pde nascer de uma

    virgem. A doutrina do nascimento virginal baseia-se nas seguintes

    passagens da Escritura: Is 7.14; Mt 1.18,20; Lc 1.34-35 (BERKHOF, 2001,

    p.308).

    4.1.2 Os sofrimentos do nosso Salvador

    Ao contrrio do que se imaginam os sofrimentos de Cristo no se

    referem somente aos acontecimentos da Paixo. Jesus Cristo sofreu durante

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    toda a sua vida. No seu caminho de obedincia enfrentou tentaes,

    decepes, perseguies, incredulidades, angstias (Mt 4.1-11; Hb 2.18; Is

    53).

    4.1.3 A morte de Cristo

    Sua morte sob a forma mais cruel e maldita constitui outro estgio

    em sua humilhao (Dt 21.23 ; Gl 3.13).

    1. Seu sepultamento. Isto indica a volta do homem ao p, parte do

    castigo pelo pecado Gn 3.19. Tambm configura que sua permanncia na

    sepultura pode ser vista como humilhante (Sl 16.10, At 2.27,31).

    2. A descida ao Hades. Muitas so as interpretaes dessaexpresso: 1) Catlico Romana entende que aps a morte Jesus Cristo foi

    para o Limbus Patrun (Limbos dos pais) onde os santos do Antigo

    Testamento estavam aguardando a revelao e aplicao da sua obra

    redentora, pregou-lhes o Evangelho e os levou para o cu. 2) Luterana.

    Consideram a descida de Jesus ao Hades como o primeiro estgio da sua

    exaltao. Cristo foi ao mundo inferior para revelar e consumar a Sua

    vitria sobre Satans e sobre os poderes das trevas, e para pronunciar a

    sentena de condenao deles. 3) Igrejas Reformadas. Calvino interpreta a

    frase metaforicamente, entendendo que se refere aos sofrimentos penais de

    Cristo na cruz, onde Ele realmente sofreu as angstias do inferno (Sl 6:8-

    10; Ef 4.9; 1Pe 3.18,19).

    A Escritura, certamente, no ensina uma descida literal de Jesus

    Cristo ao inferno. Alm disso h srias objees a esse conceito. Ele no

    pode ter descido ao inferno quanto ao corpo, pois este se achava na

    sepultura. Se Ele realmente desceu ao inferno, s pode ter sido quanto Sua alma, o que significaria que somente a metade da Sua natureza

    humana teve participao nesse estgio da Sua humilhao ou exaltao.

    Mas na hora da Sua morte Cristo Jesus entregou a Sua alma ao Pai (Lc

    23.46), isto parece indicar que Jesus esteve passivo e no ativo na hora da

    sua morte at quando saiu do sepulcro.

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    Destacaremos apenas trs significados da ressurreio de Jesus

    Cristo: o teolgio, o soteriolgico e o escatolgico para a nossa

    compreenso nesse estudo.

    4.2.3.1 O significado teolgico

    A ressurreio de Jesus Cristo no que diz respeito as questes

    teolgicas apontam para algumas verdades e podem ser assim divididas:

    1. Apontam para o poder do Pai, o Senhor. A ressurreio do

    Filho de Deus incontestavelmente a manifestao do poder de Deus para

    o mundo pecador (2Co 13.4; Ef 1.19,20; Cl 2.12; Fp 3.10);

    2. Apontam para a veracidade das Escrituras.Inquestionavelmente afirmamos que Deus o autor das Sagradas

    Escrituras, e essa verdade nos garante que Ele cumprir todos os designios

    e promessas eficazmente para o louvor da Sua glria (Sl 16.10; Is 26.19;

    Lc 24.44-46; At 2. 23-33);

    3. Apontam para a satisfao de Deus. A obra de Jesus Cristo

    satisfez plenamente a Deus. O cumprimento cabal de seu ministrio terreno

    (Lc 24.44-46; Hb 9 23.-28; 1Pe 3.18) significou a aprovao do Pai e

    conseqentemente sua obra foi definitiva e redentiva.

    4.2.3.2 O significado soteriolgico

    A ressurreio de Jesus Cristo no que diz respeito as questes

    soteriolgicas podem ser assim compreendida:

    1. a base da nossa regenerao. Consiste na implantao do

    princpio da nova vida espiritual em ns, proporcionando uma mundanaradical na disposio dominante da alma que sob a influncia do Esprito

    Santo d nascimento a uma nova vida que se move em direo a Deus.

    Essa mudana afeta o homem por completo: 1) o intelecto (1Co 2.14-15;

    2Co 4.6; Ef 1.18; Cl 3.10); 2) a vontade (Sl 110.3; Fp 2.13; 2Ts 3.5; Hb

    13.21); e 3) os sentimentos ou emoes (Sl 42.1,2; Mt 5.4; 1Pe 1.8).

    2. para a nossa justificao. Com certeza a ressurreio de Jesus

    Cristo assegura a nossa justificao (Rm 4.25; 8.33-34; 1Co 15.17). E se

    estamos justificados diante de Deus pelo sacrifcio vicrio de Jesus Cristo na

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    cruz, siginifica dizer que tambm estamos perdoados dos nossos pecados.

    De onde se conclui que a morte e a ressurreio de Jesus Cristo se

    completam num ato salvador para o homem pecador. A sua morte no teria

    valor remidor se Ele no ressuscitasse. E se Ele no ressuscitasse a sua

    morte indicaria apenas a sua condenao. Ento vem a pergunta: Como

    poderia algum que foi condenado morte maldita na cruz justificar

    algum?

    4.2.3.3 O significado escatolgico

    Nas palavras do apstolo Paulo a ressurreio de Cristo Jesus o

    fundamento da esperana futura da nossa ressurreio (1Co 15.19). Isto

    implica em dizer que se Jesus Cristo ressuscitou, certamente ns tambm

    ressuscitaremos. Recorremos outra vez aos ensinamentos do apstolo Paulo

    para afirmar que, infelizmente, houve pessoas na Igreja que no

    entenderam o milagre da ressurreio e por mais paradoxal que possa

    parecer alguns deles negavam a prpria ressurreio de Jesus Cristo (1Co

    15.12-19).

    4.3 A Asceno de Jesus Cristo

    Logicamente que a asceno de Jesus Cristo se d aps a sua

    ressurreio, embora no haja muitos relatos dela os que tm so

    suficientes e relevantes para a f crist.

    Nas palavras do telogo Berkhof (2001, p. 321-322), encontramos a

    seguinte explicao em relao a ausncia de relatos sobre a asceno de

    Jesus Cristo:

    A asceno no aparece nas pginas da Escritura demaneira to patente como se d com a ressurreio. Deve-se isto provavelmente ao fato de que a ressurreio foi overdadeiro ponto decisivo da vida de Jesus, e no aasceno.

    Sabemos, pelos relatos bblicos, que Jesus Cristo apareceu aos Seus

    discpulos em ocasies diferentes no perodo de quarenta dias (At 1.3; 1Co

    15.3-7). A veracidade dessa informao nos assegura a vitria sobre a

    morte bem como a certeza de que Ele nos levar para junto Dele com o Pai,

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    pois em vida Jesus Cristo afirmou: na casa de meu Pai h muitas moradas

    [...] e eu vou preparar-vos lugar (Jo 14.2).

    4.3.1 A natureza da Asceno

    Pode-se descrever a asceno como a subida vsivel da pessoa do

    Mediador da terra ao cu, segundo Sua natureza humana. Foi a transio

    local de um lugar para o outro (BERKHOF, 2001, p, 322). O ingresso do

    nosso Salvador ao cus relatado em termos de subida. Os discpulos veem

    Jesus Cristo ascendendo at que uma nuvem O intercepta e O oculta da

    viso deles (At 1.9-11). Somos convidados pelo apstolo Paulo a olharmos

    e pensarmos nas coisas l do alto onde Cristo vive (Cl 3.1).

    4.3.2 O significado da Asceno

    Pode-se dizer que asceno tem trplice significao:

    1) A asceno encarnou claramente a declarao de que o

    sacrifcio de Cristo foi um sacrifcio oferecido a Deus e, como tal, tinha que

    ser apresentado a Ele no santurio mais recndito; de que o Pai considerou

    suficiente a obra mediatria de Cristo e, por conseguinte, admitiu-o naglria celestial; e de que o reino do Mediador no era um reino dos judeus,

    mas um reino universal;

    2) A asceno tambm foi exemplar, no sentido de que foi uma

    profecia da asceno de todos os crentes que esto com Cristo nos lugares

    celestiais (Ef 2.6), e esto destinados a permanecer com Ele para sempre

    (Jo 17.24); e tambm no sentido de que revelou o restabelecimento da

    realeza original do homem (Hb 2.7,9);

    3) A asceno tambm serviu de instrumento para a necessidade

    de ir Ele para o Pai, a fim de preparar lugar para os seus discpulos (Jo 14.

    2,3).

    4.3.3 A entronizao de Cristo mo direita de Deus

    Quando Jesus Cristo estava diante do sumo sacerdote, predisse que

    se assentaria direita de Deus (Mt 26.64). O apstolo Pedro fez meno

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    disto em seus sermes (At 2.33-36; 5.31). Alm dessas passagens, h

    vrias outras que falam de Jesus Cristo como o Rei a execer o seu governo

    real (Rm 14.9; 1Co 15.24-28). Ver tambm Ap 3.21; 22.1.

    Naturalmente, a expresso direita de Deus antropomrfica eno pode ser entendida literalmente. A expresso, como empregada neste

    contexto, derivada do Salmo 110.1. Estar assentado destra do rei podia

    ser apenas um sinal de honra (1Rs 2.19), mas tambm podia denotar

    participao no governo e, consequentemente, na honra e na glria.

    Para Joo Calvino a declarao de que Cristo Jesus assentou-se a

    direita de Deus equivale a dizer:

    Que Ele [Jesus] foi instalado no governo dos cus e terra, efoi formalmente admitido na posse da administrao a Eleconfiada, e no somente admitido por uma vez, mas paracontinuar at quando Ele descer para o juzo (Institutas, II,

    XVI, 15).

    Todavia, um erro pensar que o nosso Redentor ascendeu ao cu e

    est em repouso. Ele continua trabalhando (Ap 2.1). Vejamos como a

    Palavra de Deus apresenta essa verdade, em termos de ofcios de Jesus

    Cristo:

    1) Ele exerce as funes de Rei. Cristo Jesus governa e proteje a

    Sua Igreja por Seu Santo Esprito, e tambm a governa por meio dos Seus

    oficiais, por Ele designados. Cristo Jesus exerce autoridade sobre as foras

    da natureza e sobre todos os poderes hostis ao reino de Deus, castigando

    os que no conhecem a Deus nem obedecem ao Evangelho; e assim

    continuar a reinar, at sujeitar o ltimo inimigo;

    2) Jesus Cristo sacerdote para sempre segundo a ordem

    Melquesedeque. Quando Ele bradou na cruz: est consumado, no quis

    dizer que terminara a Sua obra sacerdotal, mas somente que tinha chegado

    ao fim o Seu sofrimento ativo. A Bblia relaciona a obra sacerdotal com o

    assentar de Jesus Cristo mo direita de Deus (Zc 6.13; Hb 4.14; 7.24-25;

    8.1-6; 9.11-15,24-26; 10.19-22; 1Jo 2.2). Jesus Cristo apresenta

    continuamente Seu sacrifcio consumado ao Pai como a base suficiente para

    a concesso da graa perdoadora de Deus. Cristo Jesus aplica

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    constantemente a Sua obra sacrificial, fazendo-a eficaz na justificao e

    santificao dos pecados. A Epstola aos Hebreus mostra de forma

    detalhada a superioridade do sacerdcio de Cristo em relao ao aranico

    (Hb 10.19-21). Na verdade, os sacrifcios oferecidos no Antigo Testamento

    prefiguravam o sacrifcio perfeito que haveria de ser oferecido por Jesus

    Cristo e aceito pelo Pai. Jesus Cristo representou uma aliana superior (Hb

    8.8; 9.11), cumprindo cabalmente o que Deus lhe havia proposto,

    satisfazendo assim a justia divina ao oferecer-se a si mesmo em sacrifcio,

    sem mcula a Deus, para fazer a reconciliao pelos pecados do seu povo e

    fazendo contnua intercesso por ele6.

    3) Cristo continua a exercer Sua obra proftica por meio do

    Esprto Santo, revelando a vontade de Deus em todas as coisas

    concernentes sua edificao e salvao7. Antes de se separar dos Seus

    discpulos, Ele lhes prometeu o Esprito Santo, que iria ajudar suas

    recordaes, ensinar-lhes novas verdades (Jo 14.26; 16.7-15). Cremos que

    essa promessa foi cumprida no dia do Pentecostes. Cristo Jesus age como o

    nosso profeta de diversas maneiras: na inspirao das Escrituras; na

    pregao dos apstolos e dos ministros da Palavra; na direo da Igreja,

    fazendo dela a coluna e baluarte da verdade; e dando eficcia a verdade

    nos coraes e nas vidas dos crentes.

    4.3.4 A volta fsica de Cristo

    Estgio mais elevado da exaltao configura-se na volta de Jesus

    Cristo como juiz, a qual marca a vitria completa do nosso Redentor (Mt

    19.28; 25.31-34; Tg 5.9; Ap 1.7).

    Diversos termos so empregados para designar a futura vinda de

    Jesus Cristo. O termo parousia o mais comum deles. Em primeiro lugar

    significa simplesmente presena, mas tambm serve para designar uma

    vinda precedendo uma presena. Esse o sentido comum do termo quando

    empregado em relao volta de Jesus Cristo (Mt 24.3; 1Co 15.23; 1Ts

    2.19; 3.13; 4.15; 5.23; 2Ts 2.1; Tg 5.7,8; 2Pe 3.4).

    6

    Parte da resposta da Pergunta 44, do Catecismo Maior da Igreja Presbiteriana, p. 757 Parte da resposta da Pergunta 43, do Catecismo Maior da Igreja Presbiteriana, p. 75

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    Outro termo usado apocalipsis que acentua o fato de que a volta de

    Cristo Jesus ser um ato revelador dele. Indica desvendar algo que

    anteriormente estava oculto, neste caso, o desvendar da oculta glria e

    majestade de Jesus Cristo (2Ts 1.7; 1Pe 1.7, 13; 4.13). H, ainda, o termo

    epiphaneia, o glorioso aparecimento do Senhor Sua gloriosa

    manifestao. Est implcito que aquilo que posto a descoberta algo

    glorioso (2Ts 2.8; 1Tm 6.14; 2Tm 4.1-8; Tt 2.13).

    Somos instrudos a esperar ansiosamente pela vinda de Jesus Cristo

    (1Co 1.7; 4.5; 11.26; Fp 3.20; Cl 3.4; 2Ts 1.7-10; Ap 1.7). O propsito da

    segunda vinda de Cristo julgar o mundo e aperfeioar a salvao do Seu

    povo. Anjos e homens, vivos e mortos, comparecero perante Jesus Cristo

    para serem julgados segundo o registro que deles ter sido guardado (Mt

    24.30-31; 25.31-32). Ser uma vinda com terrveis sentenas sobre os

    mpios, mas tambm com bnos de eterna glria para os santos (Mt

    25.33-46). Se por um lado Jesus Cristo sentenciar os mpios ao castigo

    eterno por outro justificar publicamente os Seus e os conduzir ao perfeito

    gozo do Seu reino eterno.

    V - Algumas heresias

    8

    a respeito da pessoa de Cristo Jesus

    A glria de duas naturezas de Cristo numanica pessoa to grande que o mundoincrdulo no pode ver a luz e a belezaque irradiam dela (John Owen).

    Por no se entender que Cristo Jesus era plenamente homem e

    plenamente Deus, nos primeiros sculos da Era Crist, muitas heresias

    acabaram surgindo. Umas negam a sua divindade; distinguem o Cristo

    'homem', do Cristo, 'Filho de Deus'. Jesus, para Eles, um mestre, um

    profeta, mas no Deus encarnado. Outras negam a humanidade de Cristo;

    afirmando que Ele Deus, mas no tinha a natureza humana. Veremos de

    maneira compendiada algumas dessas heresias:

    5.1 O Ebionismo

    8

    Heresia a defesa sistemtica de tese ou doutrina errnea em face da doutrinadogmtica da Igreja. A defesa, portanto, de doutrina contrria aos dogmas da Igreja,ou seja, verdades imutveis, eternas, de crena obrigatria para todos os fiis.

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    Temos em Atos 21.20 o relato que havia na Terra de Israel dezenas

    de milhares de judeus que criam em Jesus e eram zelosos observadores da

    Lei. Houve um confronto entre Eles e o apstolo Paulo, pois tinham sido

    informados que o apstolo pregava a desobedincia aos mandamentos de

    Deus. Outro confronto aparece em Glatas 2.11-21. Os apstolos Pedro e

    Tiago, entendiam que os gentios cristos deveriam receber o sinal da

    circunciso, e como no poderia deixar de ser o apstolo Paulo no

    compartilhava com essa idia.

    Surgem ento os ebionitas, nome derivado da lngua hebraica cujo

    significado primrio pobre. A respeito de Jesus Cristo ensinavam que era

    apenas um homem simples e comum, justificado medida em que

    progredia em seu carter, e nascido de um homem e de Maria (CESARIA,

    2005, p. 101). Teria se tornado Filho de Deus quando de seu batismo,

    todavia foi abandonado pelo Esprito Santo no Calvrio; sendo, porm

    descendente de Davi, tornar-se-ia rei de Israel e seu ltimo grande profeta

    e mestre.

    Os ebionitas pregavam que Jesus Cristo no teria vindo abolir a Lei

    mosaica, por isso acreditavam que era necessrio a todo custo rechaar as

    Cartas do Apstolo Paulo, a quem chamavam apstata da lei, enquanto

    usavam exclusivamente o chamado Evangelho dos hebreus (CESARIA,

    2005, p. 101), todavia eram receptivos aos ensinos de Pedro e Tiago.

    Judeus e gentios deveriam obedecer a Lei de Deus exatamente nos termos

    que Moiss a escreveu, conseqentemente gentios cristos tinham que

    fazer a circunciso.

    Assim a primeira dificuldade doutrinria que a igreja primitiva

    enfrentou estava relacionada, por mais estranho que possa parecer, a

    natureza de Cristo Jesus e com as questes legais do Judasmo. A

    indagao que se fazia era se o cristo deveria ou no seguir a Lei do

    Antigo Testamento.

    5.2 O Gnosticismo9

    9

    O gnosticismo era oposto doutrina crist tradicional da criao porque via nomundo material, no a obra do Deus eterno, mas o resultado de um erro cometidopor um ser inferior, mal ou ignorante (Cf. GONZALEZ, 2004, Vol. I, p. 127).

    20

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    Veio do Oriente, provavelmente da Prsia, e rapidamente se infiltrou

    na Igreja, gerando uma terrvel heresia que foi severamente combatida

    pelos Apstolos Paulo, Pedro e Joo em suas cartas. Este movimento

    reivindicava a posse de conhecimentos secretos (gnw=sij) que os tornava

    diferentes dos cristos alheios a este conhecimento. Combinava alguns

    elementos da Astrologia e mistrios das religies gregas, com as doutrinas

    do Cristianismo, tendo como caracterstica principal o sincretismo. Para eles

    h dois deuses; um bom e outro mau.

    O mundo teria sido criado pelo deus mau, que eles chamam de

    demiurgo; este seria o Deus da Bblia, da todas as tragdias contadas nela.

    Para esta crena, as almas dos homens j existiam em um universo de luz e

    paz (Plenoma); mas houve uma tragdia algo como uma revolta e

    assim essas almas foram castigadas, aprisionadas em corpos humanos pelo

    deus demiurgo.

    A salvao dessas almas aconteceria mediante a libertao da cadeia

    que o corpo e isso seria possvel pelo conhecimento ou gnw=sij, da o

    nome gnosticismo. Por isso no acreditam na salvao por meio da morte e

    ressurreio de Jesus Cristo; no acreditam no pecado, nos anjos, nos

    demnios, e nem no pecado original. Para eles tudo que material foi

    criado pelo deus mal e deve ser desprezado, por exemplo, o casamento

    tido como mau porque o homem se multiplica.

    O apstolo Paulo combateu isto em 1Tm 4. 1-5. Segundo o

    gnosticismo cristo, o Deus bom, Supremo, teria enviado ao mundo o seu

    mensageiro, Jesus Cristo, como redentor (um eon), um Avatar (descido do

    cu, designao genrica das encarnaes divinas) portador da gnw=sij, a

    palavra revelada a alguns escolhidos e que leva salvao (libertao do

    corpo). Jesus Cristo no teria tido um corpo de verdade, mas apenas um

    corpo aparente (docetismo); doke/w em grego quer dizer aparente. Jesus

    teria ento um corpo ilusrio que no teria sido crucificado. O apstolo Joo

    refuta esse ensino em sua carta (1Jo 2.18-23). Em seu sentido mais

    abrangente gnosticismo significa: a crena na salvao pelo conhecimento.

    5.3 O Marcionismo

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    Marcio (? c. 165) afirmava a existncia de dois deuses diferentes,

    um do Antigo Testamento e outro do Novo Testamento. Ele foi um dos mais

    perigosos rivais do ensino bblico primitivo, negava a ao de Deus na

    histria de Israel, tentando com isso anular o Antigo Testamento com seu

    negativismo e seu docetismo. Quanto a esse perigo para o Cristianismo,

    Gonzalez (2004, 135) diz: Ele fundou uma igreja para rivalizar com aquela

    que j existia, e rapidamente congregou tantos membros que por algum

    tempo o resultado final do conflito permaneceu dbio.

    A sua teologia dualista. Nesse mundo material, reinam a lei e a

    justia. Em oposio a isto, a graa o centro do evangelho cristo, o

    evangelho do Deus cujo amor perdoa at mesmo o pior dos pecadores.

    Portanto, o Evangelho a palavra de um deus que pode ser mais bem

    descrito como o outro ou o deus distante que radicalmente diferente

    do deus que governa este mundo. Assim, o contraste que se estabelece no

    tanto aquele que existe entre o bem e o mal, mas entre o amor e a

    justia.

    5.4 O Monarquianismo

    Monarquismo como algumas vezes chamado, uma srie de

    crenas que enfatizam a Unidade Absoluta de Deus. O Pai, Filho e Esprito

    Santo so simplesmente trs aspectos ou manifestaes da existncia de

    uma s pessoa: Deus. O nome derivado de duas palavras gregas: mo/nos

    e a)rxh/, um princpio. O termo Monarquianismo foi inicialmente usado por

    Tertuliano quando os defensores de Deus (o Monarca) foram contra a

    unidade Trina (Pai, Filho e Espirito Santo).

    Eles aclamavam: temos monarquia. A crena conflita com a doutrina

    da Trindade, que v em Deus uma unidade composta pelo Pai, Filho e

    Esprito Santo. Os modelos propostos pelo monarquianismo foram

    rejeitados como herticos pela Igreja Catlica. O Monarquianismo por si

    mesmo no uma doutrina completa, mas um gnero do qual decorrem

    algumas espcies doutrinrias teolgicas. H basicamente dois modelos,

    contraditrios:

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    1) O Modalismo ou Sabelianismo considera que Deus seja uma pessoa,

    manifestando-se e operando em diferentes "modos", como Pai, Filho

    e Esprito Santo. O proponente desta viso foi Sablio. A crena foi

    rotulada Patripassianismo por seus oponentes, por subentender que

    Deus, o Pai, teria sofrido na cruz.

    2) O Adocionismo entende que Deus um ser, superior a tudo e

    completamente indivisvel defendendo a idia de que o Filho no foi

    co-eterno com o Pai, mas que foi revestido de Deus (adotado) para

    os seus planos. Diferentes verses do Adocionismo divergem quanto

    hora da adoo por Deus, como a hora do seu batismo, ou de sua

    ascenso. Um antigo expoente desta crena foi Teossio de Bizncio.

    Outro defensor do Monarquianismo foi Paulo de Samosata, que

    todavia no se fixou entre nenhum dos dois modelos. Ensinava que Jesus

    era meramente humano e que foi elevado a uma posio supeior por

    ocasio do batismo. A derivao mais conhecida do monarquianismo

    dinmico foi o adocionismo10 onde Jesus teria sido adotado por Deus quando

    o Esprito de Deus desceu sobre Ele em forma de uma pomba do cu, no

    batismo de Joo. Nesse momento teria se tornado o Cristo e fora revestidode poder (du/namij) para exercer o seu ministrio, mas no era ainda

    inteiramente Deus, passando a ser com a ressurreio. Era uma tentativa

    de explicar as naturezas divina e humana de Jesus Cristo e sua relao

    entre si.

    5.5 O Arianismo

    rio (c. 250-336) foi aluno de Luciano de Antioquia, um celebrado

    professor do cristianismo e um mrtir da sua f. Apesar do carcter de rio

    ter sido severamente assaltado pelos seus opositores, parece ter sido um

    homem de um carcter asctico, de moral pura, e de convices. Em 318

    houve uma discusso entre o Bispo Alexrande de Alexandria e rio, porque

    este ltimo acusava Alexandre de Sabelianismo. Num Conclio que

    Alexandre convocou em seguida, rio foi condenado. rio tinha no entanto

    grande apoio e a disputa espalhou-se desde Alexandria por todo o Oriente.

    10 Esse ensino teolgico foi condenado no Snodo de Antioquia em 268 (CESARIA,2005, p. 260).

    23

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    Ao mesmo tempo, rio encontrou refgio e o apoio de Eusbio de

    Nicomdia.

    Para restabelecer a unio entre os cristos, o Imperador Constantino

    I convocou o Primeiro Conclio de Nicia em 325, onde a doutrina de rio foicondenada como hertica. rio foi expulso, tendo no entanto a sua banio

    sido anulada pela influncia do Bispo Eusbio de Nicomdia em 328, o

    mesmo ano em que Atansio tornou-se Bispo de Alexandria.

    Em 335 rio seria supostamente reabilitado. Declarou-se de acordo

    em subscrever a doutrina de Nicia, a qual ele tinha recusado

    anteriormente, todavia antes de poder receber a comunho em

    Constantinopla, morreu subitamente. Alguns povos seguiram a sua doutrinaat ao sculo 7, e a problemtica da Trindade permanece em aberto at

    hoje. Em resumo o arianismo defendia a seguinte doutrina da Cristologia:

    1) Que o Logos e o Pai no eram da mesma essncia; 2) Que o Filho era

    uma criao do Pai; 3) Que houve um tempo em que o Filho ainda no

    existia.

    5.6 O Apolinarismo

    Apolinrio de Laodicia (310-390) tentou criar um modo de explicar

    as naturezas de Jesus Cristo, sua humanidade e divindade. Cristo no era

    possuidor de um corpo humano. Era mais Deus que homem, no possua

    alma; o Verbo consubstancial ao Pai. Ele ensinava que o homem era

    composto de corpo, alma e esprito, e que, em Jesus Cristo, o esprito do

    homem fora substitudo pelo lo/goj ou pela segunda pessoa da Trindade.

    Pensando assim, Apolinrio negava a humanidade de Jesus Cristo, pois este

    estaria num corpo, de certa forma, emprestado. Nessa viso, Cristo Jesus

    no era totalmente humano, mas um esprito que se incorporava nos

    homens. A idia de que Jesus era apenas uma parte do todo sempre esteve

    presente na mente da Igreja.

    Mesmo hoje, vemos com freqncia uma espiritualizao exagerada

    da pessoa de Jesus Cristo, como se Ele no tivesse um corpo, ou como se

    Ele, sendo Deus, fez e suportou tudo o que passou por ser Deus. Isso no

    verdade. Jesus Cristo era um homem completo como ns somos, e como

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    homem completo que era (ver carta Aos Hebreus) passou por tudo e fez

    tudo conforme as Escrituras em obedincia ao Pai. Se Jesus foi diferente do

    homem comum em alguma coisa, isso foi em sua relao com o Pai, a sua

    inteira entrega e comunho com Deus.

    5.7 O Nestorianismo11

    Heresia defendida no sculo 5, por Nestor (380-451) feito patriarca

    de Constantinopla em 428 (GONZALEZ, 1981, p. 93). A tese negava a

    maternidade divina de Maria. Nestor distinguia em Cristo as duas naturezas,

    a divina e a humana, sem admitir a deificao da humanidade (a unio

    ocorria apenas na vontade). Dividia a pessoa do Cristo em: Cristo-homem e

    Cristo-Deus. Ele combatia a expresso popular Maria de Qeoto/koj (me deDeus, ou seja, tambm do lo/goj divino), para ele a expresso correta seria

    Xristoto/koj (me de Cristo Jesus, humano e mortal) ou Qeodo/xoj (que

    recebe a Deus). Sustentava que cada uma das naturezas tinha a sua

    prpria substncia e personalidade, ou seja, duas pessoas e duas

    naturezas. A unio entre elas no era ontolgica, mas moral e afetiva. Seus

    ensinos foram condenados e considerados hereges pelos Conclios de feso,

    em 431 e Calcednia em 451.

    5.8 O Eutiquianismo

    Heresia nascida em Alexandria, no sculo 5, defendida pelo monge

    utico (c. 378-454). Ele defendia que a encarnao de Jesus Cristo foi o

    resultado da fuso do divino com o humano, todavia a natureza humana

    seria tomada pela divina. Assim o seu pensamento era: uma pessoa e uma

    natureza. utico acabou sendo o fundador do monofisismo, ou seja, admitia

    em Cristo apenas uma nica natureza, a divina. Opunha-se doutrina do

    Conclio de Calcednia (451) sobre as duas naturezas de Cristo. Sua

    doutrina foi refutada pelo Segundo Concilio de Constantinopla 448 bem

    como pelo Conclio de Calcednia em 451, porm encontrou apoio nas

    igrejas da Sria, Armnia e Egito.

    11 Mais detalhes em Justo L. Gonzalez Uma histria do pensamento Cristo, Vol. I, p.341-354.

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