APOSTILA_DIREITO_ADMINISTRATIVO_006

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  • 7/31/2019 APOSTILA_DIREITO_ADMINISTRATIVO_006

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    APOSTILA DE DIREITO ADMINISTRATIVOPARA CONCURSOS

    Encon t r e o m a te r ia l de estu do pa ra seu concu rso p r e fe r ido em

    w w w .o re id asa p o st i l a s.co m .b r

    Contedo:

    1. Organizao administrativa: noes gerais, princpios;

    2. Administrao direta e indireta, centralizada e descentralizada;

    3. Ato administrativo: conceito, requisitos, atributos, classificao e espcies;

    4. Agentes pblicos: espcies e classificao; cargo, emprego e funo pblicos;

    5. Poderes administrativos: poder hierrquico; poder disciplinar; poder regulamentar; poder de polcia;uso e abuso do poder;

    6. Licitao: princpios, dispensa e inexigibilidade; modalidades;

    7. Controle e responsabilizao da administrao: controle administrativo; controle judicial; controlelegislativo; responsabilidade civil do Estado.

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    ORGANIZAO ADMINISTRATIVA

    Organizao do Estado e da Administrao

    A Administrao o instrumental do qual dispe o Estado para pr em prtica asescolhas polticas do Pas; o conjunto de rgos institudos para consecuo dos objetivos dogoverno, isto tomando-se a definio de governo como conjunto de Poderes e rgosconstitucionais.

    Comparativamente, podemos dizer que governo a atividade poltica discricionria eadministrao a atividade neutra, normalmente vinculada conduta hierarquizada.

    O Governo e a Administrao, como criaes abstratas da Constituio e das leis, atuampor intermdio de suas entidades (pessoas jurdicas), de seus rgos (centros de deciso) e deseus agentes (pessoas fsicas investidas em cargos e funes).

    Entidades polticas e administrativas

    Entidade pessoa jurdica, pblica ou privada; rgo elemento despersonalizado incumbido darealizao das atividades da entidade a que pertence, atravs de seus agentes. Na organizaopoltica e administrativa brasileira as entidades classificam-se em estatais, autrquicas, fundacionais,empresariais e paraestatais:

    Entidades Estataisso as pessoas jurdicas de direito pblico que integram a estrutura constitucionaldo Estado e tem poderes polticos e administrativos. So a Unio, os estados, o Distrito Federal e osmunicpios. Destas, a nica soberana a Unio e as demais tem apenas autonomia poltica,administrativa e financeira.

    Entidades Autrquicas so pessoas jurdicas de Direito Pblico, de natureza meramenteadministrativa, criadas por lei especfica, para a realizao de atividades, obras ou serviosdescentralizados da entidade estatal que os criou. Funcionam e operam na forma estabelecida na leiinstituidora e nos termos de seu regulamento. Podem desempenhar atividades econmicas,educacionais, previdencirias e quaisquer outras outorgadas pela entidade estatal-matriz, mas sem asubordinao hierrquica, sujeitas apenas ao controle finalstico de sua administrao e da conduta deseus dirigentes; autarquia o prprio brao do Estado; tem personalidade jurdica mas pertence administrao indireta.

    Entidades Fundacionais so pessoas jurdicas de Direito Pblico, de natureza meramenteadministrativa, criadas por lei especfica, para a realizao de atividades, obras ou serviosdescentralizados da entidade estatal que a criou. Funcionam e operam na forma estabelecida na leiinstituidora e nos termos de seu regulamento. As autarquias podem desempenhar atividadeseconmicas, educacionais, previdencirias e quaisquer outras outorgadas pela entidade estatal-matriz,mas sem subordinao hierrquica, sujeitas apenas ao controle finalstico de sua administrao e daconduta de seus dirigentes.

    Entidades Paraestatais so pessoas jurdicas de Direito Privado que, por lei, so autorizadas aprestar servios ou realizar atividades de interesse coletivo ou pblico, mas no exclusivos do Estado; quando o Estado, por necessidade, resolve ingressar em algum setor do mercado ex.: paradesenvolver a industria petroqumica o Estado criou a PETROBRAS, para atender s necessidades dapopulao criou a SAB, a CAESB, etc. As entidades paraestatais so autnomas, administrativa efinanceira, tm patrimnio e operam em regime da iniciativa particular, na forma de seus estatutos,ficando sujeitas apenas superviso do rgo da entidade estatal a que se encontrem vinculadas, parao controle de desempenho estaturio. So os denominados entes de cooperaocom o Estado.

    Entidades Empresariais so pessoas jurdicas de Direito Privado, institudas sob a forma desociedade de economia mista ou empresa pblica, com a finalidade de prestar servio pblicoque possa ser explorado no modelo empresarial, ou de exercer atividade econmica de relevanteinteresse coletivo. Sua criao deve ser autorizada por lei especfica, cabendo ao PoderExecutivo as providncias complementares para sua instituio.

    Obs.:Note que todas as entidades tem personalidade jurdica.

    Existem dois tipos de Administrao:

    DIRETA

    : Composta pelas entidades estatais: Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios.INDIRETA: Composta pelas entidades autrquicas, fundacionais, empresas governamentais e entidadesparaestatais (sociedades de economia mista, empresas pblicas).

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    Sociedade de economia mista - controlado pelo Estado e tem o particular como acionista. Ex.:Eletrobrs, Banco do Brasil, PETROBRAS,

    Empresa pbica O controle acionrio integralmente do Estado, mas tem personalidadejurdica de Direito Privado. Ex.: ECT, BNDES, SAB

    Obs.:O servio social autnomo, apesar de ser da entidade autrquica, no pertence administrao

    indireta. Ex.: SENAI, SESI, SESC.

    O poder pblico pode se dar de duas formas:

    ! Centralizadamente A Administrao direta composta pelos rgos integrantes da Presidncia daRepblica e pelos Ministrios

    ! Descentralizadamente

    ADMINISTRAO PBLICA INDIRETA (DESCENTRALIZAO) ESPCIES E TRIBUTOS

    As pessoas jurdicas que integram a administrao indireta da Unio - autarquias, fundaespblicas, empresas pblicas e sociedades de economia mista - apresentam trs pontos em comum:autonomia, personalidade jurdica e patrimnio prprio. A autarquia, pessoa jurdica de Direito Pblico,realiza um servio destacado da administrao direta, exercendo, assim, atividades tpicas daAdministrao Pblica; a fundao pblica, tambm pessoa jurdica de Direito Pblico, realizaatividades apenas de interesse pblico; a empresa pblica, pessoa jurdica de Direito Privado,revestindo qualquer das formas admitidas em Direito, com capital exclusivo da Unio, tem porfinalidade a explorao de atividade econmica por fora de contingncia ou de conveninciaadministrativa; a sociedade de economia mista, pessoa jurdica de Direito Privado, constituda sobaforma de sociedade annima e sob o controle majoritrio da Unio ou de outra entidade daadministrao indireta, tem tambm por objetivo a explorao de atividade econmica,independentemente das circunstncias que justificam a criao de empresa pblica.

    A vinculao das entidades da administrao indireta aos Ministrios traduz-se pela supervisoministerial, que tem por objetivos principais a verificao dos resultados, a harmonizao de suasatividades com a poltica e a programao do Governo, a eficincia de sua gesto e a manuteno desua autonomia administrativa, operacional e financeira, atravs dos meios de controle.

    A Constituio da Repblica deu s fundaes pblicas um tratamento muito assemelhado aodas autarquias, o que nos leva a admiti-Ias, agora, como entes de Direito Pblico, integrantes daAdministrao Pblica indireta. Assim, toda fundao instituda, mantida ou subvencionada pelo PoderPblico fundao pblica.

    Integram, ainda, a Administrao Pblica os servios sociais autnomos, institudos por lei,com personalidade de Direito Privado, para prestar assistncia ou ministrar ensino a certas categoriassociais ou grupos profissionais, sem fins lucrativos, sendo mantidos por dotaes oramentrias ou porcontribuies parafiscais. So exemplos desses servios o SESI, o SENAI, o SESC, etc., que denomi-namos, genericamente, entes de cooperao.

    Administrao indireta

    E composta por entidades que possuem personalidade jurdica prpria, e so responsveis pelaexecuo de atividades de Governo que necessitam ser desenvolvidas de forma descentralizada.

    As entidades da Administrao indireta vinculam-se ao Ministrio em cuja rea de competnciaenquadra-se sua principal atividade e classificam-se em Autarquias, Fundaes Pblicas, EmpresasPblicas e Sociedades de Economia Mista.

    Atravs de administrao indireta (autarquias, fundaes e entesparaestatais)

    Atravs de entes de cooperao (servios sociais autnomos,

    concessionrios, permissionrios e autorizatrios)

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    a) Autarquias

    Servio autnomo, criado por lei especfica, com personalidade jurdica, patrimnio e receitasprprios, para executar atividades tpicas da Administrao Pblica, que requeiram, para seu melhorfuncionamento, gesto administrativa e financeira descentralizada.

    Ex.: INSS - Instituto Nacional do Seguro Social.

    BACEN - Banco Central do Brasil.

    b) Fundao pblica

    Entidade dotada de personalidade jurdica de direito pblico, sem fins lucrativos, criada emvirtude de autorizao legislativa ou lei e registro em rgo competente, para o desenvolvimento deatividades que no exijam execuo por rgos ou entidades de direito pblico, com autonomiaadministrativa, patrimnio prprio gerido pelos respectivos rgos de direo, e funcionamentocusteado por recursos da Unio e de outras fontes.

    Exs.: IPEA - Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada.

    ENAP - Fundao Escola Nacional de Administrao Pblica.

    c) Empresa pblicaEntidade dotada de personalidade jurdica de direito privado, com patrimnio prprio e capital

    exclusivo da Unio, criada para explorao de atividade econmica que o Governo seja levado aexercer por fora de contingncia ou convenincia administrativa, podendo revestir-se de qualquer dasformas admitidas em direito.

    Exs.: ECT - Empresa Brasileira de Correios e Telgrafos.

    EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuria.

    d) Sociedade de economia mista

    Entidade dotada de personalidade jurdica de direito privado, institudo mediante autorizaolegislativa e registro em rgo prprio para explorao de atividade econmica, sob a forma desociedade annima, cujas aes com direito a voto pertenam, em sua maioria, Unio ou a entidadeda Administrao indireta.

    Exs.: PETROBRS - Petrleo Brasileiro S.A.

    BB - Banco do Brasil S.A.

    Caractersticas comuns s entidades do Administrao indireta:

    I) so pessoas administrativas;

    II) possuem autonomia administrativa e financeira;

    III) possuem patrimnio e personalidade prprios;

    IV) sujeitam-se licitao (Lei n. 8.666/93);V) vinculadas aos rgos da administrao direta;

    VI) produzem atos de administrao;

    VII) a elas se aplica a vedao constitucional para acumulao de cargos pblicos (art. 37. XVII,da Constituio Federal);

    VIII) o ingresso em seus quadros dar-se- por concurso pblico (art. 37, II da ConstituioFederal);

    IX) seus atos gozam de presuno de veracidade, auto-executoriedade e imperatividade.

    Caractersticas ou atributos comuns s autarquias e fundaes:

    I) possuem personalidade jurdica de Direito Pblico;

    II) so do gnero paraestatal (lado a lado do Estado);

    III) criadas sem fins lucrativos;

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    IV) seu pessoal servidor pblico regido pela Lei n. 8.112/90;

    V) gozam de imunidade de impostos e outros privilgios como impenhorabilidade de seus bens;

    VI) tm suas causas julgadas pela Justia Federal, exceto as de acidente de trabalho e assujeitas Justia Eleitoral e Justia do Trabalho. (Vide arts. 109 e 144 da CF).

    Exs.:

    EMBRATURUSP especiais

    AUTARQUIAS BACENCNENCVMINSS

    FNSIBGE

    FUNDAES IPEAFUNAI

    FIOCRUZ

    A principal diferena entre as autarquias e fundaes est na finalidade. Enquanto as autarquiasrealizam atividades tpicas de estado (administrativas), as fundaes desempenham atividades atpicasde estado: assistncia scio-recreativo-educativa (carter social), pesquisa e estudos tcnicos (IBGE,IPEA, etc.).

    Caractersticos ou atributos comuns s empresas pblicas e s sociedades de economia mista:

    I) possuem personalidade jurdica de Direito Privado;

    II) so entidades paraestatais;

    III) podem ter lucro (supervit);

    IV) podem explorar atividades de natureza econmica e at industrial;

    V) seu pessoal empregado pblico, regido pela CLT;

    VI) suas causas trabalhistas so julgadas pela justia do trabalho.

    A principal diferena entre elas est na formao do capital social. Enquanto nas sociedadesde economia mista a maioria, no mnimo, do capital (50% + uma ao ordinria) pertence ao PoderPblico; nas empresas pblicas de 100% a participao do Estado na formao do capital.

    Obs.:As sociedades de economia mista so criadas sob a forma de S.A., regidas por Estatuto Social,sendo que as no-federais no se sujeitam falncia e sim liquidao extrajudicial, podendo seusbens ser penhorados e executados e a Controladora responder subsidiariamente pela Controlada.

    Exs.:

    ECTCEF

    EMPRESAS EMBRAPAPBLICAS CASA DA MOEDA DO BRASIL

    SERPRORADIOBRS

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    SOCIEDADES DE BANCO DO BRASILECONOMIA MISTA BANCOS ESTADUAIS

    PETROBRS

    PRINCPIOS BSICOS DA ADMINISTRAO

    Legalidade

    Significa que o administrador pblico est, em toda a sua atividade funcional, sujeito aosmandamentos da lei e s exigncias do bem comum, e deles no se pode afastar ou desviar, sob penade praticar ato invlido e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso.

    Na Administrao Pblica, no h liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na administraoparticular lcito fazer tudo que a lei no probe, na Administrao Pblica s permitido fazer o que alei autoriza. A lei para o particular significa "pode fazer assim"; para o administrador pblico, significa"deve fazer assim".

    Moralidade

    O agente administrativo, como ser humano dotado da capacidade de atuar, deve,necessariamente, distinguir o bem do mal, o honesto do desonesto. E, ao atuar, no poder desprezaro elemento tico de sua conduta. Assim, no ter que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo eo injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas tambm entre o honesto e odesonesto.

    A moral administrativa imposta ao agente pblico para sua conduta interna, segundo asexigncias da instituio a que serve e a finalidade de sua ao: o bem comum.

    A moralidade administrativa est intimamente ligada ao conceito do "bom administrador" que "aquele que, usando de sua competncia legal, se determina no s pelos preceitos vigentes, mastambm pela moral comum". H que conhecer, assim, as fronteiras do lcito e do ilcito, do justo e do

    injusto nos seus efeitos.

    Impessoalidade

    Nada mais que o clssico princpio da finalidade, o qual impe ao administrador pblico que spratique o ato para o seu fim legal. E o fim legal unicamente aquele que a norma de Direito indica,expressa ou virtualmente, como objetivo do ato, de forma impessoal.

    E a finalidade ter sempre um objetivo certo e inafastvel de qualquer ato administrativo: ointeresse pblico. Todo ato que se apartar desse objetivo sujeitar-se- invalidao por desvio definalidade, que a nossa lei da ao popular conceituou como o "fm diverso daquele previsto, explcitaou implicitamente, na regra de competncia" do agente.

    Desde que o princpio da finalidade exige que o ato seja praticado sempre com finalidadepblica, o administrador fica impedido de buscar outro objetivo ou de pratic-lo no interesse prprio oude terceiros.

    Publicidade

    a divulgao oficial do ato para conhecimento pblico e incio de seus efeitos externos. Da porque as leis, atos e contratos administrativos, que produzem conseqncias jurdicas fora dos rgosque os emitem, exigem publicidade para adquirirem validade universal, isto , perante as partes eterceiros.

    A publicidade no elemento formativo do ato; requisito de eficcia e moralidade. Por issomesmo, os atos irregulares no se convalidam com a publicao, nem os regulares a dispensara parasua exeqibilidade, quando a lei ou o regulamento a exige.

    Em princpio, todo ato administrativo deve ser publicado, porque pblica a Administrao que orealiza, s se admitindo sigilo nos casos de segurana nacional, investigaes policiais ou interessesuperior da Administrao a ser preservado em processo previamente declarado sigiloso.

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    Eficincia

    o mais moderno princpio de Administrao Pblica que j no se contenta em que os seusagentes desempenhem suas atividades apenas com legalidade e moralidade (tica); exigindoresultados positivos para o Servio Pblico e satisfatrio atendimento das necessidades dacomunidade, de seus membros.

    Eficincia consiste em realizar as atribuies de uma funo pblica com competncia, presteza,perfeio e rendimento funcional, buscando, com isso, superar as expectativas do cidado-cliente.

    A Reforma Administrativa Federal (Emenda Constitucional n. 19/98), ao consagrar o princpio daeficincia administrativa, recomenda a demisso ou dispensa do servidor comprovadamente ineficientee desidioso no exerccio da funo pblica.

    PRINCPIOS FUNDAMENTAIS DA ADMINISTRAO PBLICA FEDERAL

    A Reforma Administrativa de 1967 (Decreto-Lei n. 200) estabeleceu os princpios fundamentais,com a preocupao maior de diminuir o tamanho da mquina estatal, simplificar os procedimentosadmi-nistrativos e, conseqentemente, reduzir as despesas causadoras do dficit pblico.

    So princpios fundamentais da Administrao Pblica Federal: planejamento, coordenao,descentralizao, delegao de competncia e controle.

    Planejamento

    A finalidade precpua da Administrao a promoo do bem-estar social, que a Constituiotraduz na elaborao e execuo de "planos nacionais e regionais de ordenao do territrio e dedesenvolvimento econmico e social".

    Bem-estar social o bem comum da coletividade, expresso na satisfao de suas necessidadesfundamentais.

    Desenvolvimento prosperidade. Prosperidade econmica e social; prosperidade material eespiritual; prosperidade individual e coletiva; prosperidade do Estado e de seus membros; prosperidadeglobal, enfim. Diante dessa realidade, podemos conceituar o desenvolvimento nacional como opermanente aprimoramento dos meios essenciais sobrevivncia dos indivduos e do Estado, visando

    ao bem-estar de todos e ao conforto de cada um na comunidade em que vivemos. Assim, odesenvolvimento nacional obtido pelo aperfeioamento ininterrupto da ordem social, econmica ejurdica; pela melhoria da educao; pelo aumento da riqueza pblica e particular; pela preservaodos direitos e garantias individuais; pelo aprimoramento das instituies; pela manuteno da ordeminterna e pela afirmao da soberania nacional. Todavia, esses objetivos no podem ser deixados aoacaso e, para sua consecuo, necessitam da tranqilidade que advm da segurana interna eexterna.

    Planejamento o estudo e o estabelecimento das diretrizes e metas que devero orientar a aogovernamental, atravs de um plano geral de governo, de programas globais, setoriais e regionais dedurao plurianual, do oramento-programa anual e da programao financeira de desembolso, queso seus instrumentos bsicos. Na elaborao do plano geral, bem como na coordenao, reviso econsolidao dos programas setoriais e regionais, de competncia dos Ministros de Estado nasrespectivas reas de atuao, o Presidente da Repblica assessorado pelo Conselho de Governo.

    Toda a atividade da Administrao federal deve ajustar-se programao aprovada pelo Presidente daRepblica e ao oramento-programa, vedando-se a assuno de compromissos financeiros emdiscordncia com a programao de desembolso.

    Segurana nacional, atualmente denominada defesa nacional pela Constituio de 1988 (art. 21,III) a situao de garantia individual, social e institucional que o Estado assegura a toda a Nao paraa perene tranqilidade de seu povo, pleno exerccio dos direitos e realizao dos objetivos nacionais,dentro da ordem jurdica vigente.

    Os assuntos relacionados com a defesa nacional competem aos Conselhos da Repblica e deDefesa Nacional (Constituio Federal, arts. 89 a 91).

    Coordenao

    O princpio da coordenao visa a entrosar as atividades da Administrao, de modo a evitar aduplicidade de atuao, a disperso de recursos, a divergncia de solues e outros malescaractersticos da burocracia. Coordenar , portanto, harmonizar todas as atividades da Administrao,

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    submetendo-se ao que foi planejado e poupando-a de desperdcios, em qualquer de suasmodalidades.

    Da aplicao permanente, a coordenao impe-se a todos os nveis da Administrao, atravsdas chefias individuais, de reunies de que participem as chefias subordinadas e de comisses decoordenao em cada nvel administrativo. Na Administrao superior a coordenao , agora, dacompetncia da Secretaria-Geral da Presidncia da Repblica, nos termos do art. 3, II do Decreto n.99.180, de 15/3/90.

    Como corolrio do princpio da coordenao, nenhum assunto poder ser submetido decisopresidencial ou de qualquer outra autoridade administrativa competente sem ter sido previamentecoordenado, isto , sem ter passado pelo crivo de todos os setores nele interessados, atravs deconsultas e entendimentos que propiciem solues integrais e em sincronia com a poltica geral esetorial do Governo.

    A fim de evitar a duplicao de esforos e de investimentos na mesma rea geogrfica, admite-se a coordenao at mesmo com rgos das Administraes estadual e municipal que exeramatividades idnticas s dos federais, desde que seja invivel a delegao de atribuies quelesrgos. Com isso, alm de economizar recursos materiais e humanos, faculta-se aos Estados eMunicpios a integrao nos planos governamentais, deles haurindo benefcios de interesse local.

    Em outras disposies do Estatuto da Reforma, prevem-se medidas especiais de coordenaonos campos da Cincia e da Tecnologia, da Poltica Nacional de Sade, do Abastecimento Nacional,

    dos Transportes e das Comunicaes, abrangendo as atividades de todos os interessados nessessetores, inclusive particulares.

    Descentralizao

    Descentralizar, em sentido comum, afastar do centro; descentralizar, em sentido jurdico-admi-nistrativo, atribuir a outrem poderes da Administrao. O detentor dos poderes da Administrao oEstado, pessoa nica, embora constituda dos vrios rgos que integram sua estrutura.Despersonalizados, esses rgos no agem em nome prprio, mas no do Estado, de que soinstrumentos indispensveis ao exerccio de suas funes e atividades tpicas. A descentralizaoadministrativa pressupe, portanto, a existncia de uma pessoa, distinta da do Estado, a qual, investidados necessrios poderes de administrao, exercita atividade pblica ou de utilidade pblica. O entedescentralizado age por outorga do servio ou atividade, ou por delegao de sua execuo, mas sem-pre em nome prprio.

    Diversa da descentralizao a desconcentrao administrativa, que significa repartiode funes entre os vrios rgos (despersonalizados) de uma mesma Administrao, semquebra de hierarquia. Na descentralizao a execuo de atividades ou a prestao de servios peloEstado indireta e mediata; na desconcentrao direta e imediata.

    Ao lado da descentralizao e da desconcentrao ocorrem tambm, como tcnicas dedescongestionamento administrativo, a delegao (de execuo de servio ou de competncia) e aexecuo indireta, as quais, conforme suas caractersticas, ora se aproximam da descentralizao, orada desconcentrao. Todavia, delas diferem principalmente porque so efetivadas atravs de atosadministrativos, mediante previso legal, enquanto a descentralizao e a desconcentrao realizam-se, normalmente, por lei.

    Feitas essas consideraes, verifica-se que o legislador da Reforma Administrativa, apsenquadrar na Administrao indireta alguns entes descentralizados, deixando de lado, porm, osconcessionrios de servios pblicos e as entidades paraestatais conhecidas por fundaesgovernamentais e servios sociais autnomos, prope, sob o nome genrico de descentralizao,tomado o termo na sua acepo vulgar, um amplo descongestionamento da Administrao federal,atravs da desconcentrao administrativa, da delegao de execuo de servio e da execuoindireta.

    A desconcentrao administrativa opera desde logo pela distino entre os nveis de direo eexecuo. No nvel de direo, situam-se os servios que, em cada rgo da Administrao, integramsua estrutura central de direo, competindo-lhe primordialmente as atividades relacionadas com oplanejamento, a superviso, a coordenao e o controle, bem como o estabelecimento de normas,critrios, programas e princpios a serem observados pelos rgos enquadrados no nvel de execuo.A esses ltimos cabem as tarefas de mera rotina, inclusive as de formalizao de atos administrativose, em regra, de deciso de casos individuais, principalmente quando localizados na periferia da Admi-nistrao e em maior contato com os fatos e com os administrados. Como bem observa NazarTeixeira Dias, a desconcentrao administrativa traduz "a orientao geral da Reforma no sentido deprestigiar a ao dos rgos de periferia, facilitar seu funcionamento e repor a estrutura central de

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    direo superior no plano que lhe cabe, liberando-a da massa de papis, impeditiva de sua atividadede cpula".

    A delegao da prestao de servio pblico ou de utilidade pblica pode ser feita a particular -pessoa fsica ou jurdica - que tenha condies para bem realiz-lo, sempre atravs de licitao, sobregime de concesso ou permisso. Esses servios tambm podem ser executados por pessoaadministrativa, mediante convnio ou consrcio. Os signatrios dos convnios ficam sujeitos ao podernormativo, fiscalizador e controlador dos rgos federais competentes, dependendo a liberao dos

    recursos do fiel cumprimento dos programas e das clusulas do ajuste.A execuo indireta das obras e servios da Administrao, mediante contratos com particulares,

    pessoas fsicas ou jurdicas, tem por finalidade alivi-la das tarefas executivas, garantindo, assim, amelhor realizao das suas atividades especficas (planejamento, coordenao, superviso e controle),bem como evitar o desmesurado crescimento da mquina administrativa. estimulada e aconselhadasempre que, na rea de atuao do rgo interessado, a iniciativa privada esteja suficientementedesenvolvida e capacitada para executar o objeto do contrato, precedido de licitao, salvo nos casosde dispensa previstos em lei ou inexigibilidade por impossibilidade de competio entre contratantes.

    Delegao de Competncia

    A delegao de competncia, princpio autnomo, forma de aplicao do "princpio da

    descentralizao", tambm simples tcnica de descongestionamento da Administrao, como se viuacima.

    Pela delegao de competncia, o Presidente da Repblica, os Ministros de Estado e, em geral,as autoridades da Administrao transferem atribuies decisrias a seus subordinados, mediante atoprprio que indique com a necessria clareza e conveniente preciso a autoridade delegante, adelegada e o objeto da delegao. O princpio visa a assegurar maior rapidez e objetividade asdecises, situando-as na proximidade dos fatos, pessoas ou problemas a atender.

    Considerando que os agentes pblicos devem exercer pessoalmente suas atribuies, adelegao de competncia depende de norma que a autorize, expressa ou implicitamente. Asatribuies constitucionais do Presidente da Repblica, por exemplo, s podem ser delegadas noscasos expressamente previstos na Constituio.

    A delegao de competncia tem carter facultativo e transitrio, apoiando-se em razes de

    oportunidade e convenincia e na capacidade de o delegado exercer a contento as atribuiesconferidas, de modo que o delegante pode sempre retomar a competncia e atribu-la a outrem ouexerce-la pessoalmente.

    Observamos, finalmente, que s delegvel a competncia para a prtica de atos e decisesadministrativas, no o sendo para o exerccio de atos de natureza poltica como so a propostaoramentria, a sano e o veto. Tambm no se transfere por delegao o poder de tributar.

    Controle

    O controle das atividades administrativas no mbito interno da Administrao , ao lado docomando, da coordenao e da correo, um dos meios pelos quais se exercita o poder hierrquico.Assim, o rgo superior controla o inferior, fiscalizando o cumprimento da lei e das instrues e a

    execuo de suas atribuies, bem como os atos e o rendimento de cada servidor. Todavia, o princpiodo controle estabelecido na Lei da Reforma Administrativa tem significado mais amplo, uma vez que seconstitui num dos trs instrumentos da superviso ministerial, a que esto sujeitos todos os rgos daAdministrao federal, inclusive os entes descentralizados, normalmente no submetidos ao poderhierrquico das autoridades da Administrao direta. Esse controle, que, quanto s entidades daAdministrao indireta, visa, em especial, consecuo de seus objetivos e eficincia de sua gesto, exercido de vrios modos, como adiante se ver podendo chegar at a interveno, ou seja, aocontrole total.

    No mbito da Administrao direta, prevem-se, especialmente, os controles de execuo eobservncia de normas especficas, de observncia de normas genricas e de aplicao dos dinheirospblicos e guarda de bens da Unio.

    Em cada rgo, o controle da execuo dos programas que lhe concernem e o da observncia

    das normas que disciplinam suas atividades especficas so feitos pela chefia competente. J, ocontrole do atendimento das normas gerais reguladoras do exerccio das atividades auxiliares,organizadas sob a forma de sistemas (pessoal, oramento, estatstica, administrao financeira,contabilidade e auditoria e servios gerais, alm de outros, comuns a todos os rgos daAdministrao, que, a juzo do Poder Executivo, necessitem de coordenao central), realizado pelos

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    rgos prprios de cada sistema. Finalmente, o controle da aplicao dos dinheiros pblicos e daguarda dos bens da Unio compete ao rgo prprio do sistema de contabilidade e auditoria, que, emcada Ministrio, a respectiva Secretaria de Controle Interno.

    Estabelecidas as formas de controle das atividades administrativas, devem ser suprimidos todosos controles meramente formais, como determina, acertadamente, o Decreto-Lei n. 200/67, que prevtambm a supresso daqueles cujo custo seja evidentemente superior ao risco decorrente dainexistncia de controle especfico.

    A Administrao federal constituda na forma de uma pirmide, cujos componentes somantidos no devido lugar pelo poder hierrquico e em cujo pice coloca-se o Presidente da Repblica;ficando logo abaixo os Ministros de Estado, seus auxiliares diretos.

    Assim, o Presidente da Repblica o chefe supremo, exercendo o poder hierrquico em todasua plenitude, por isso que o Estatuto da Reforma lhe confere expressamente o poder de, por motivode relevante interesse pblico, avocar e decidir qualquer assunto na esfera da Administrao federal, oque faz, dele o controlador mximo das atividades administrativas.

    Os Ministros de Estado detm o poder-dever de superviso sobre todos os rgos daAdministrao direta ou indireta enquadrados cm suas respectivas reas de competncia, ressalvadosaqueles sob a superviso direta e imediata do Presidente da Repblica:

    a) o Conselho de Governo;

    b) o Advogado-Geral da Unio;c) o Alto Comando das Foras Armadas;

    d) o Estado-Maior das Foras Armadas.

    Junto Presidncia da Repblica funcionaro, como rgos de consulta do Presidente daRepblica:

    a) o Conselho da Repblica;

    b) o Conselho de Defesa Nacional.

    rgos

    Os rgos integram a estrutura do Estado e das demais pessoas jurdicas como partesdesses corpos vivos, dotados de vontade e capazes de exercer direitos e contrair obrigaespara a consecuo de seus fins institucionais. Por isso mesmo, os rgos no tem personalidadejurdica nem vontade prpria, que so atributos do corpo e no das partes, mas na rea de suasatribuies e nos limites de sua competncia funcional expressam a vontade da entidade a quepertencem e a vinculam por seus atos, manifestados atravs dos agentes (pessoas fsicas); someros instrumentos de ao das entidades a que pertencem.

    Classificam-se os rgo Pblicos:

    Quanto escala governamental ou administrativa:

    Independentes So os rgos originrios da Constituio, e representativo dos poderes doEstado (Executivo, Legislativo e Judicirio). Ex.: Congresso Nacional, Cmara dos Deputados,Presidncia da Repblica, etc.

    Autnomos So os localizados na cpula da administrao, e tem autonomia administrativa,financeira e tcnica. Caracterizam-se como rgos diretivos, com funes precpuas deplanejamento, superviso, coordenao e controle das atividades que constituem sua rea decompetncia. Ex.: Ministrios, Secretarias de Estado, Advocacia Geral da Unio, etc.

    Superiores So os que detm poder de direo, controle, deciso e comando deassuntos de sua competncia especifica, mas sempre sujeitos subordinao e ao controlehierrquico de uma chefia mais alta. No gozam de autonomia administrativa nemfinanceira. Ex.: Gabinetes, secretarias-gerais, coordenadorias, departamentos, etc.

    Subalternos Detm deduzido poder decisrio, pois destinam-se basicamente realizao de servios de rotina e tem predominantemente atribuies de execuo. Ex.:

    portarias e sees de expediente.

    Obs.: No h poder hierrquico nem no Legislativo nem no Judicirio, porque, sem sendo funoessencial, ningum pode ser superior a ningum.

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    Obs.:Na administrao pblica s permito fazer aquilo que a lei permitir, j na administrao privada permitido tudo o que a lei no censurar.

    Quanto estrutura

    Simples Constitudos por um s centro de competncia. Ex.: portaria.

    Compostos Aqueles que renem, na sua estrutura, outros rgos menores, com funo principal

    idntica ou com funes auxiliares diversificadas. Ex.: secretaria de educao (escolas rgosmenores).

    Quanto atuao fundacional

    Singulares Aqueles que atuam e decide atravs de um nico agente que seu chefe erepresentante. Pode Ter vrios auxiliares mas s um representante. Ex.: Presidncia da Repblica(presidente), governadorias, prefeituras, etc.

    Colegiados So todos aqueles que atuam e decidem pela manifestao conjunta e majoritria davontade de seus membros. Ex.: tribunal.

    Quanto esfera de aoCentrais Chefia do Executivo Federal

    Locais Comando de um exrcito.

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    ATOS ADMINISTRATIVOSSegundo Hely Lopes Meirelles: "Ato administrativo toda manifestao unilateral de vontade

    da Administrao Pblica que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar,transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigaes aos administrados ou a siprpria".

    J. Cretella Junior apresenta uma definio partindo do conceito de ato jurdico. Segundo ele,ato administrativo "a manifestao de vontade do Estado, por seus representantes, no exerccioregular de suas funes, ou por qualquer pessoa que detenha, nas mos, frao de poder reconhecidopelo Estado, que tem por finalidade imediata criar, reconhecer, modificar, resguardar ou extinguirsituaes jurdicas subjetivas, em matria administrativa".

    Para Celso Antonio Bandeira de Mello a "declarao do Estado (ou de quem lhe faa asvezes - como, por exemplo, um concessionrio de servio pblico) no exerccio de prerrogativaspblicas, manifestada mediante providncias jurdicas complementares da lei, a ttulo de lhe darcumprimento, e sujeitos a controle de legitimidade por rgo jurisdicional".

    Tal conceito abrange os atos gerais e abstratos, como os regulamentos e instrues, e atosconvencionais, como os contratos administrativos.

    Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, ato administrativo "a declarao do Estado ou dequem o represente, que produz efeitos jurdicos imediatos, com observncia da lei, sob regime jurdico

    de direito pblico e sujeita a controle pelo Poder Judicirio".A distino deste ltimo conceito dos demais que nele s se incluem os atos que produzem

    efeitos imediatos, excluindo do conceito o regulamento, que, quanto ao contedo, se aproxima mais dalei, afastando, tambm, os atos no produtores de efeitos jurdicos diretos, como os atos materiais e osenunciativos.

    Traos Caractersticos do Ato Administrativo:

    I - posio de supremacia da Administrao;

    II - sua finalidade pblica (bem comum);

    III - vontade unilateral da Administrao.

    REQUISITOS (ELEMENTOS OU PRESSUPOSTOS) DE VALIDADE

    Na doutrina de Hely Lopes Meirelles, so cinco os requisitos necessrios validade dos atosadministrativos, 3 vinculados (Competncia, Finalidade e Forma) e 2 discricionrios (Motivo e Objeto).

    Competncia

    Nada mais do que a delimitao das atribuies cometidas ao agente que pratica o ato. Eintransfervel, no se prorroga, podendo, entretanto, ser avocada ou delegada, se existir autorizaolegal.

    Em relao competncia, aplicam-se, pois, as seguintes regras:

    I - decorre sempre da lei;II - inderrogvel, seja pela vontade da Administrao, seja por acordo com terceiros;

    III - pode ser objeto de delegao de avocao, desde que no se trate de competncia exclusivaconferida por lei. Agente competente diferente de agente capaz, aquele pressupe a existncia deste- todavia, capacidade no quer dizer competncia, j que este "no para quem quer, mas, sim, paraquem pode".

    O ato praticado por agente incompetente invlido por lhe faltar um elemento bsico de suaperfeio, qual seja o poder jurdico para manifestar a vontade da Administrao.

    Finalidade

    o resultado que a Administrao pretende atingir com a prtica do ato e efeito mediato,enquanto o objeto imediato. No se confunde com o motivo porque este antecede a prtica do ato,enquanto a finalidade sucede a sua prtica,j que algo que a Administrao quer alcanar com suaedio.

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    H duas concepes de finalidade: uma, em sentido amplo, que corresponde consecuo deum resultado de interesse pblico (bem comum) outra, em sentido estrito, o resultado especfico quecada ato deve produzir, conforme definido em lei.

    o legislador que define a finalidade do ato, no existindo liberdade de opo para oadministrador.

    Infringida a finalidade do ato ou a finalidade pblica, o ato ser ilegal, por desvio de poder (ex.:desapropriao para perseguir inimigo poltico).

    Forma Legal ou Forma Prpria

    No Direito Administrativo, o aspecto formal do ato tem muito mais relevncia que no DireitoPrivado, j que a observncia forma e ao procedimento constitui garantia jurdica para oadministrador e para a Administrao. pela forma que se torna possvel o controle do atoadministrativo.

    Apenas a ttulo de esclarecimento, advirta-se que, na concepo restrita da forma, considera-se cada ato isoladamente e, na concepo ampla, considera-se o ato dentro de um procedimento(sucesso de atos administrativos da deciso final).

    A observncia forma no significa, entretanto, que a Administrao esteja sujeita a formasrgidas e sacramentais. O que se exige que a forma seja adotada como regra, para que tudo sejapassvel de verificao. Normalmente, as formas so mais rigorosas quando esto em jogo direito dosadministrados (ex.: concursos pblicos, licitaes e processos disciplinares).

    At mesmo o silncio significa forma de manifestao de vontade, quando a lei o prev.

    Forma o elemento exteriorizador do ato administrativo, o modo pelo qual o mesmo seapresenta.

    Motivo ou Causa

    a situao ftica ou jurdica cuja ocorrncia autoriza ou determina a prtica do ato. No deveser confundido com motivao do ato que a exposio dos motivos, isto , a demonstrao de que ospressupostos de fato realmente existiram.

    Segundo a Teoria dos Motivos Determinantes, o administrador fica vinculado aos motivosdeclinados para a prtica do ato, sujeitando-se demonstrao de sua ocorrncia, mesmo que noestivesse obrigado a explicit-los.

    Quando o motivo no for exigido para a perfeio do ato, fica o agente com a faculdadediscricionria de pratic-lo sem motivao, mas se o tiver, vincula-se aos motivos expostos passando avaler o ato se todos os motivos alegados forem verdadeiros.

    Teoria dos Motivos Determinantes

    Tal teoria relaciona-se com o motivo do ato administrativo.

    Segundo tal teoria, a validade do ato se vincula aos motivos indicados como seu fundamento,de tal modo que, se inexistentes ou falsos, implicam em sua nulidade.

    Por outras palavras, quando a Administrao motiva o ato, mesmo que a lei no exija amotivao, ficar ela vinculada ao motivo declinado e o ato s ser vlido se os motivos foremverdadeiros.

    Ex.: exonerao ad nutumsob alegao de falta de verba. Se, logo aps a exonerao, nomear-seoutro funcionrio para o mesmo cargo, o ato ser nulo por vcio quanto ao motivo.

    Objeto ou Contedo

    o efeito imediato que ato administrativo produz, enuncia, prescreve ou dispe.

    Assim como o ato jurdico, requer objeto lcito, possvel, certo e moral.

    Visa a criar, a modificar ou a comprovar situaes jurdicas concernentes a pessoas, coisas ouatividades sujeitas ao do Poder Pblico. Por ele a Administrao manifesta seu poder e suavontade, ou atesta simplesmente situaes preexistentes.

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    ATRIBUTOS (OU CARACTERSTICAS)

    Os atos administrativos, como manifestao do Poder Pblico, possuem atributos que osdiferenciam dos atos privados e lhes conferem caractersticas peculiares.

    So atributos do ato administrativo: presuno de legitimidade, imperatividade e auto-executoriedade.

    Presuno de LegitimidadeEsta caracterstica do ato administrativo decorre do princpio da legalidade que informa toda

    atividade da Administrao Pblica.

    Alm disso, as exigncias de celeridade e segurana das atividades administrativas justificam apresuno da legitimidade, com vistas a dar atuao da Administrao todas as con dies de tornaro ato operante e exeqvel, livre de contestaes por parte das pessoas a eles sujeitas.

    A presuno de legitimidade autoriza a imediata execuo ou operatividade do atoadministrativo, cabendo ao interessado, que o impugnar, a prova de tal assertiva, no tendo ela,porm, o condo de suspender a eficcia que do ato deriva.

    Somente atravs do procedimento judicial ou na hiptese de reviso no mbito daAdministrao, poder o ato administrativo deixar de gerar seus efeitos.

    Alis, os efeitos decorrentes do ato nascem com a sua formao, ao cabo de todo o iterestabelecido nas normas regulamentares, depois de cumpridas as formalidades intrnsecas eextrnsecas.

    Ao final do procedimento estabelecido em lei, o ato adquire a eficcia, podendo, no entanto,no ser ainda exeqvel, em virtude da existncia de condio suspensiva, como a homologao, ovisto, a aprovao.

    Somente aps cumprida a condio, adquirir o ato a exeqibilidade, tornando-se operante evlido.

    A eficcia , to-somente, a aptido para atuar, ao passo que a exeqibilidade adisponibilidade do ato para produzir imediatamente os seus efeitos finais.

    A perfeio do ato se subordina coexistncia da eficcia e exeqibilidade, requisitos

    obrigatrios.Perfeio = Eficcia + Exeqibilidade

    Imperatividade

    A imperatividade um atributo prprio dos atos administrativos normativos, ordinatrios,punitivos que impe a coercibilidade para o seu cumprimento ou execuo.

    O descumprimento do ato sujeita o particular fora impositiva prpria do Poder Pblico, ouseja, execuo forada pela Administrao ou pelo Judicirio.

    A imperatividade independe de o seu destinatrio reputar vlido ou invlido o ato, posto quesomente aps obter o pronunciamento da Administrao ou do Judicirio que poder furtar-se

    obedincia da determinao administrativa.

    Auto-Executoriedade

    Consiste na possibilidade de a prpria Administrao executar seus prprios atos, impondo aosparticulares, de forma coativa, o fiel cumprimento das determinaes neles consubstanciadas.

    Este atributo mais especfico, prprio, se exterioriza com maior freqncia nos atosdecorrentes do poder de polcia, em que se determina a interdio de atividades, demolio de prdios,apreenso e destruio de produtos deteriorados.

    Tais atos, evidentemente, reclamam uma atuao eficaz e pronta da Administrao, nopodendo, por isso, a sua execuo ficar merc da manifestao ou da autorizao de outro poder oude outros rgos.

    A auto-executoriedade, no entanto, sofre limitaes, eis que no se aplica s penalidades denatureza pecuniria, como as multas decorrentes de infraes a obrigaes tributrias.

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    Tambm a utilizao deste atributo administrativo fica a depender de a deciso que sepretenda executar ter sido precedida de notificao, acompanhada do respectivo auto circunstan ciado,atravs dos quais se comprove a legalidade de atuao do Poder Pblico.

    O administrado, porm, no poder se opor execuo do ato, alegando violao de normasou procedimentos indispensveis validade da atuao administrativa. Eventual irresignao deverser endereada ao Poder Judicirio, atravs de procedimentos prprios e, obtida a liminar, ficar o atocom sua execuo sobrestada at final julgamento da lide.

    CIASSIFICA0

    Os atos administrativos so classificados, quanto aos seus destinatrios, em atos gerais eindividuais; quanto ao seu alcance, em atos internos e externos; quanto ao seu objeto, em atos deimprio e de gesto e de expediente; quanto ao seu regramento, em atos vinculados e discricionrios.

    Quanto aos Destinatrios

    Atos Gerais

    So os que possuem carter geral, abstratos, impessoais, com finalidade normativaalcanando a todos quantos se encontrem na situao de fato abrangida por seus preceitos.

    Tais atos se assemelham s leis, revogveis a qualquer tempo, no ensejando a possibilidadede ser invalidados por mandado de segurana, atravs do Poder Judicirio, salvo se de suas normashouver ato de execuo violador de direito lquido e certo.

    Os atos gerais se sobrepem aos individuais, ainda que emanados da mesma autoridade.

    Os efeitos externos de tais atos s se materializam com a sua publicao no rgo dedivulgao da pessoa jurdica que os editou, salvo nas prefeituras que no os possua, hiptese em quea publicidade ser alcanada com a sua afixao em local acessvel ao pblico.

    Atos Individuais

    So os que se dirigem a destinatrios certos e determinados, criando uma situao jurdica

    particular.Tais atos podem alcanar diversas pessoas, sendo que normalmente criam direitos subjetivos,circunstncia que impede a administrao de revog-los, conforme resulta extreme de dvida doverbete n 473, da Smula do STF.

    Entretanto, a Administrao pode anular atos individuais quando verificada a ocorrncia deilegalidade na sua formao, uma vez que o ato nulo no gera direitos.

    Quando de efeitos externos, tais atos entram em vigor a partir de sua publicao, podendo apublicidade limitar-se ao mbito da Administrao, quando se tratar de atos de efeitos internos ourestrito a seus destinatrios.

    Exemplos de atos individuais: decreto de desapropriao, decreto de nomeao.

    Quanto ao Alcance Atos Internos

    O ato administrativo interno aquele cuja eficcia se limita e se restringe ao recesso dasrepaities administrativas e, por isso mesmo, incide, normalmente, sobre rgos e agentes daAdministrao.

    O ato interno pode ser geral ou especial, normativo, ordinatrio, punitivo e de outras espcies,conforme as exigncias do servio pblico.

    Sua publicidade fica restrita repartio, prescindindo, desta forma, de publicao em rgooficial, bastando a cientificao direta dos interessados.

    Normalmente, no geram direitos subjetivos, por isso que, via de regra, so insuscetveis decorreio atravs de mandado de segurana.

    Atos Externos

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    So todos aqueles que atingem administrados, contratantes, e, em casos especiais, osprprios servidores pblicos.

    A caracterstica de tais atos que a publicidade se constitui em elementos essenciais eindispensveis sua validade, por isso que s produzem efeitos aps a publicao no rgo oficial.

    Quanto ao Objeto

    Atos de ImprioSo aqueles em que a Administrao se vale de sua supremacia para impor aos administrados

    e aos destinatrios, cm geral, o seu cumprimento obrigatrio.

    Tais atos podem ser gerais ou especiais, internos ou externos, mas sempre unilaterais,expressando a vontade onipotente do Estado e o seu poder de coero.

    Exemplos de atos de imprio: a desapropriao e a interdio de atividades.

    Atos de Gesto

    So os que a Administrao pratica sem valer-se da supremacia do Poder Pblico.

    Tais atos, em regra, so de natureza privada, em que as partes - administrao e

    administrados - se posicionam em um mesmo patamar, de forma que inexiste superioridade entre eles.Exemplo: contrato de locao; aquisio de imvel.

    Eventual procedimento administrativo que anteceda a prtica do ato no lhe retira estacaracterstica, posto que na sua executoriedade a Administrao exterioriza sua vontade obedecendoaos ditames do Direito Privado.

    Atos de Expediente

    So os atos que se destinam a impulsionar os processos administrativos, com vistas decisoda autoridade superior, da qual emana a vontade da Administrao.

    A prtica de tais atos est deferida a servidores subalternos, sem poder decisrio, os quaisapenas fazem tramitar os papis no mbito da repartio, sem serem vinculantes ou possurem formaespecial.

    Quanto ao Regramento

    Atos Discricionrios e Vinculados (Discricionariedade e Vinculao)

    No desempenho de suas funes, a Administrao dispe de certos poderes que lheasseguram a supremacia sobre o particular, para que possa perseguir seus fins.

    O principal postulado de toda atividade administrativa, como veremos mais adiante, oprincpio da legalidade, que limita os poderes do Estado, de forma a impedir os abusos e arbitrarieda-des. So os chamados poderes regrados ou vinculados.

    Atos Vinculados ou Regrados

    So aqueles nos quais a Administrao age nos estritos limites da lei, simplesmente porque alei no deixou opes. Ela estabeleceu os requisitos da prtica do ato, sem dar ao administrador aliberdade de optar por outra forma de agir. Por isto que se diz que, diante do poder vinculado, surgepara o administrador um direito subjetivo de exigir da autoridade a edio do ato.

    Em outros casos, bastante freqentes, o regrarnento no atinge (nem pode atingir) todas assituaes que a atuao administrativa pretende. Nestes casos, a lei deixa certa margem de liberdadede deciso diante do caso concreto, podendo o administrador optar por vrias solues possveis,perfeitamente vlidas e lcitas. o chamado poder discricionrio.

    Atos discricionrios so aqueles em que o poder de atuao administrativa, conferido pela lei,permite ao administrador optar por uma ou outra soluo, segundo critrios de oportunidade,

    convenincia, justia e eqidade. Mesmo nestes casos, a atuao do administrador no livre, porqueele se vincula, obrigatoriamente, competncia, finalidade e forma (elementos vinculados).

    Da porque discricionariedade no deve ser confundida com arbitrariedade (esta ultrapassa oslimites da lei).

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    Sob o ponto de vista prtico, a discricionariedade justificase, quer para evitar o automatismo,quer para suprir a impossibilidade de o legislador prever todas as situaes possveis que oadministrador ter de enfrentar. A dinmica do interesse pblico exige a maleabilidade de atuao.

    A discricionariedade previamente legitimada pelo legislador.

    Segundo a professora Di Pietro, normalmente, a discricionariedade existe:

    a) quando a lei expressamente a confere Administrao, como ocorre no caso de remoo exofficio

    do servidor;b) quando a lei omissa, j que no pode prever todas as situaes supervenientes promulgao,autorizando autoridade agir com certa liberdade;

    c) quando a lei prev determinada competncia, mas no estabelece a conduta a ser anotada (ex.:poder de polcia).

    Se a lei nada estabelece a respeito, a Administrao escolhe o momento que lhe parea maisadequado para atingir a consecuo de determinado fim.

    Em relao aos elementos do ato administrativo, advirta-se:

    - o sujeito sempre vinculado; s pode praticar o ato aquele que tiver competncia;

    - no que diz respeito finalidade, tambm prevalece a vinculao e no-discricionariedade. Ressalvaseja feita no caso da finalidade em sentido amplo, correspondente ao interesse pblico. Neste caso,

    pode-se dizer que a finalidade discricionria, pois ela se refere a conceitos vagos e imprecisos. Nosentido estrito, a finalidade sempre vinculada;

    - no que tange forma, os atos so geralmente vinculados porque a lei previamente a define.Eventualmente, a lei prev mais de uma forma possvel para praticar o mesmo ato;

    - no motivo e no contedo do ato que localiza, comumente, a discricionariedade.

    O motivo ser vinculado quando a lei, ao descrev-lo, usar expresses precisas, que no domargem a qualquer tipo de interpretao. Ex.: aposentadoria do servidor com 35 anos de contribuioou 70 anos de idade.

    Ser discricionrio o motivo quando a lei no o definir, deixando-o a critrio da Administrao(ex.: exonerao do servidor nomeado para cargo em comisso); ou quando a lei define o motivo,porm, com noes vagas, imprecisas, deixando a apreciao a critrio da convenincia e

    oportunidade do Administrador (ex.: punio do servidor por falta grave ou procedimento irregular).O mesmo se diga em relao ao contedo.

    Costuma-se dizer que o ato vinculado analisado apenas sob o aspecto da legalidade e que oato discricionrio deve ser analisado sob o aspecto da legalidade e do mrito administrativo, que dizrespeito convenincia diante do interesse pblico. Segundo Seabra Fagundes, "o mrito se relacionaintrnseco, sua valorizao sob critrios comparativos". Em suma, o aspecto relativo conveninciae oportunidade.

    Quanto Formao

    Atos Simples

    So aqueles que decorrem da declarao de vontade de um nico rgo, seja ele singular oucolegiado. Ex.: licena de habilitao para dirigir automveis ou a deliberao de um conselho.

    Atos Complexos

    So os que resultam da manifestao de dois ou mais rgos (independentes), cuja vontade sefunde para formar um ato nico. As vontades so homogneas e se unem para formar um s ato. Ex.:a nomeao de um ministro do STF.

    Ato Composto

    Por seu turno, resulta da manifestao da vontade de dois ou mais rgos, sendo a vontade deum instrumental em relao de outro, que edita o ato principal. Se no ato complexo, fundem-sevontades num s ato, no ato composto, h dois atos, um principal e outro acessrio.

    Atos que dependem de autorizao, aprovao, proposta, parecer, laudo tcnico,homologao, etc., so, geralmente, compostos. Ex.: uma autorizao que dependa do visto de umaautoridade superior.

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    Quanto ao Contedo

    Constitutivo

    o que cria uma situao jurdica individual para seus destinatrios, em relao Administrao. Ex: nomeao de funcionrio.

    Ato Extintivo

    Pe termo a situaes jurdicas individuais. Exs.: cassao de autorizao, encampao deservio de utilidade pblica.

    Ato Declaratrio

    Visa a preservar direitos, reconhecer situaes preexistentes, ou mesmo possibilitar seuexerccio. Exs.: expedio de certido, apostila de ttulo de nomeao.

    Ato Alienativo

    o que opera a transferncia de bens ou direitos de um titular a outro. Em geral reclamaautorizao legislativa. Ex.: venda de imvel da Administrao a particular.

    Ato Modificativo

    o que tem por fim alterar situaes preexistentes, sem suprimir direitos ou obrigaes. Ex.:mudana de horrio, de percurso ou de local de reunio.

    Ato Abdicativo

    aquele cujo titular abre mo de um direito. irretratvel e incondicional. Ex.: a renncia.

    Quanto Eficcia Ato Vlido

    aquele que provm de autoridade competente para pratic-lo e contm todos os requisitosnecessrios sua eficcia.

    Ato Nulo

    o que nasce afetado de vicio insanvel por ausncia ou defeito substancial em seuselementos constitutivos ou no procedimento formativo.

    A nulidade pode ser explcita - alei comina expressamente, indicando os vcios que lhe doorigem - e virtual, que decorre da infringncia de princpios especficos de direito pblico, reconhecidos

    por interpretao das normas concernentes ao ato.A nulidade tem efeito ex tunc, ou seja, alcana o ato desde o seu nascimento, ressalvados,

    entretanto, direitos de terceiros de boa-f.

    O ato anulvel (aquele com vcio sanvel e que no causou prejuzos a terceiros ou ao errio)admite a convalidao.

    Ato Inexistente

    o que possui, apenas, a aparncia de ato administrativo, mas no o . Normalmente praticado com usurpao de funo pblica ou assiste no campo do impossvel jurdico, na esfera doscomportamentos que o Direito normalmente inadmite, isto , dos crimes.

    Ex.: instruo baixada por autoridade policial para que subordinados torturem presos.

    ESPCIES

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    Quanto espcie, os atos administrativos se dividem em: normativos, ordinatrios, negociais,enunciativos e punitivos.

    Atos Normativos

    So os decretos, regimentos, resolues, deliberaes e regulamentos. Contm um comandogeral do Executivo, visando completa aplicao da lei. Seu objeto explicar a lei.

    Decreto: ato administrativo de competncia exclusiva dos Chefes do Poder Executivo, destinados a

    prover situaes gerais e individuais, abstratamente previstas de modo expresso, explcito ou implcitopela Administrao.

    Decreto regulamentar ou de execuo o que explica a lei, facilitando sua execuo,aclarando seus mandatos e orientando sua aplicao.

    Regulamento: ato administrativo posto em vigncia por decreto, para explicar os mandamentos da lei.

    Regimento: ato administrativo de atuao interna, dado que se destina a reger o funcionamento dergos colegiados ou de corporaes legislativas.

    Resoluo: ato administrativo normativo expedido pelas altas autoridades do Executivo (no pode serexpedida pelo Chefe do Executivo, que s pode expedir decretos) ou pelos presidentes dos Tribunais,rgos legislativos e colegiados administrativos para disciplinar matria de sua competncia especfica.

    So inferiores aos regulamentos e regimentos. Existe resoluo individual.

    Atos Ordinatrios

    Visam a disciplinar o funcionamento da Administrao e a conduta funcional de seus agentes.

    Exs.: instrues, circulares, portarias, ordens de servios, oficios, despachos, etc.

    Atos Negociais

    So aqueles que contm uma manifestao de vontade do Poder Pblico coincidente com apretenso do particular. Exs.: licenas, autorizaes, aprovaes, admisses, homologaes, vistos,etc.

    Atos Enunciativos

    So aqueles atos em que a Administrao se limita a certificar ou atestar um fato ou emitiropinio sobre determinado assunto.

    Exs.: certides, atestados e pareceres.

    Atos Punitivos

    Contm uma sano imposta pela Administrao queles agentes que infringem disposiesdisciplinares dos servios pblicos.

    Exs.: multas, interdies, embargos de obras, interdies de atividades, suspenso, etc.

    INVALIDAO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS (OU MODOS DE DESFAZIMENTO)

    Revogao

    Segundo Di Pietro, " o ato administrativo pelo qual a Administrao extingue um ato vlido,por razes de oportunidade e convenincia".

    A revogao no retroage, j que o ato foi editado em conformidade com a lei, seus efeitos seproduzem a partir da prpria revogao - so ex nunc. Isso significa que a revogao respeita osefeitos j produzidos pelo ato, porque o ato vlido. Enquanto a anulao pode ser feita pelo Judicirioou pela prpria Administrao, a revogao privativa da Administrao, no sendo lcito ao ,Judicirioconhecer da oportunidade e convenincia. Isso no significa que a revogao deva ser feita fora doslimites da lei.

    - No podem ser revogados os atos vinculados, porque nesses casos no h oportunidade econvenincia a apreciar.

    - No podem ser revogados os atos que exauriram seus efeitos. Ex.: se a Administrao concedeuafastamento, por dois meses, funcionria, a revogao ser impossvel.

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    - A revogao no pode atingir meros atos administrativos, como certides, atestados, votos, cujosefeitos decorrem da lei.

    - Tambm no podem ser revogados os atos que geram direitos adquiridos, conforme est expresso naSmula n 473, do STF.

    - Tambm no so passveis de revogao atos que integram um procedimento, pois, a cada novo atoocorre a precluso com relao ao anterior.

    Anulao

    o "desfazimento do ato administrativo por razes de ilegalidade" (Di Pietro).

    Como a desconformidade com a lei atinge o ato em suas origens, a anulao produz efeitosretroativos data em que foi emitido (efeito ex nunc).

    Pode a anulao ser feita pela prpria Administrao Pblica, com base no seu poder deautotutela sobre os prprios atos. Nesse sentido, vejam as seguintes Smulas do STF:

    "346. A Administrao Pblica pode declarar a nulidade de seus prprios atos."

    "473. A Administrao pode anular seus prprios atos, quando eivados de vcios que os tornem ilegais,porque deles no se originam direitos, ou revog-las, por motivo de convenincia ou oportunidade,respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciao judicial."

    Tambm o Judicirio pode anular o ato, mediante provocao do interessado, que podeutilizar-se quer de aes ordinrias, quer de remdios constitucionais de controle judicial daAdministrao Pblica (mandado de segurana, haheas (data, mandado de injuno, ao popular).

    A anulao, feita pela prpria Administrao, indcpende da provocao do interessado, j queela tem o poder-dever de iclar pela inobservncia do princpio da legalidade.

    Discute-se, na doutrina, se a Administrao est obrigada a anular o ato ou apenas a faculdadede faz-lo.

    A Administrao tem, em regra, o dever de anular os atos ilegais, mas pode deixar de faz-lo,em determinadas circunstncias, quando o prejuizo resultante da anulao puder ser maior do que odecorrente da manuteno do ato ilegal. O interesse pblico que nortear a deciso.

    Convalidao

    A convalidao - ou aperfeioamento ou sanatria - o processo de que se vale aAdministrao para aproveitar atos administrativos com vcios superveis, de forma a confirm-los notodo ou em parte. admissvel o instituto da convalidao dos atos administrativos anulveis, aquelesque apresentam defeitos sanveis e no qual se evidencie e no acarreta em leso ao interesse pbliconem prejuzos a terceiros.*

    O instituto da convalidao tem a mesma premissa pela qual se demarca a diferena entrevcios sanveis e insanveis, existente no direito privado. A grande vantagem em sua aceitao noDireito Administrativo a de poder aproveitar-se atos administrativos que tenham vcios sanveis, oque freqentemente produz efeitos prticos no exerccio da funo administrativa. Por essa razo, oato que convalida tem efeitos ex tunc, uma vez que retroage, em seus efeitos, ao momento em que foi

    praticado o ato originrio.No se convalidam atos:

    1 - nulos, aqueles com vcios insanveis;

    2 - que causaram prejuzos ao errio ou a terceiros;

    3 - com vcios de finalidade;

    4 - com vcios de matria (competncia exclusiva).

    A convalidao ser feita pela prpria Administrao. Requer motivao e produz efeitos exnunc.

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    AGENTES PBLICOSSo todas as pessoas fsicas incumbidas, definitiva ou transitoriamente, do exerccio de alguma

    funo estatal. Os agentes normalmente desempenham funes do rgo, distribudas entre os cargosde que so titulares, mas, excepcionalmente, podem exercer funes sem cargo.

    a) Os cargos so os lugares criados no rgo para serem providos por agentes que exercero assuas funes na forma legal. O cargo lotado no rgo e o agente investido no cargo. Por a se v queo cargo integra o rgo, ao passo que o agente, como ser humano, unicamente titulariza o cargo para

    servir ao rgo.b) As funes so os encargos atribudos aos rgos, cargos e agentes. Toda funo atribuda e

    delimitada por norma legal. Essa atribuio e delimitao funcionais configuram a competncia do rgo,do cargo e do agente, ou seja, a natureza da funo e o limite de poder para o seu desempenho. Da porque, quando o agente ultrapassa esse limite, atua com abuso ou excesso de poder.

    Categorias ou Espcies

    Agentes Polticos

    So os componentes do governo nos seus primeiros escales, investidos em cargos, funes,mandatos ou comisses; por nomeao; eleio, designao ou delegao, para o exerccio deatribuies constitucionais. Esses agentes atuam com plena liberdade funcional, desempenhando suas

    atribuies com prerrogativas e responsabilidades prprias, estabelecidas na Constituio e em leisespeciais. No so servidores pblicos, nem se sujeitam ao regime jurdico nico estabelecido pelaConstituio de 1988. Tm normas especficas para sua escolha, investidura, conduta e processo porcrimes funcionais e de responsabilidades, que lhes so privativos.

    Nessa categoria, encontram-se os Chefes de Executivo (Presidente da Repblica, Governadores ePrefeitos) e seus auxiliares imediatos (Ministros e Secretrios de Estado e de Municpio); os membrosdas Corporaes Legislativas (Senadores, Deputados e Vereadores); os membros do Poder Judicirio(Magistrados em geral); os membros do Ministrio Pblico (Procuradores da Repblica e da Justia,Promotores e Curadores Pblicos); os membros dos Tribunais de Contas (Ministros e Conselheiros); osrepresentantes diplomticos e demais autoridades que atuem com independncia funcional nodesempenho de atribuies governamentais, judiciais ou quase judiciais, estranhas ao quadro doservidor pblico.

    Agentes Administrativos

    So todos aqueles que se vinculam ao Estado ou s suas entidades autrquicas e fundacionaispor relaes profissionais, sujeitos hierarquia funcional e ao regime jurdico nico da entidade a queservem. So investidos a ttulo de emprego e com retribuio pecuniria, em regra por nomeao e,excepcionalmente, por contrato de trabalho ou designao. Nessa categoria incluem-se, tambm, osdirigentes de entidades paraestatais (no os seus empregados), como representantes da Administraoindireta do Estado, os quais, nomeados ou eleitos, passam a ter vinculao funcional com rgospblicos da administrao direta, controladores da entidade.

    Esses agentes administrativos ficam em tudo e por tudo sujeitos ao regime da entidade a queservem e s normas especficas do rgo em que trabalham, e, para efeitos criminais, so considerados

    funcionrios pblicos, nos expressos termos do art. 327 do Cdigo Penal.So agentes administrativos:

    a) servidores concursados (estatutrios), (art. 37, II, CF);

    b) servidores pblicos exercentes de cargos em comisso e de funo de confiana, semconcurso, estes escolhidos, exclusivamente, entre "servidores ocupantes de cargo de carreira tcnica ouprofissional", (art. 37, IV, CF);

    c) servidores temporrios, contratados "por tempo determinado para atender necessidadetemporria de excepcional interesse pblico", (art. 37, lX, CF).

    No so agentes administrativos os empregados pblicos (os celetistas) das empresas pblicas edas sociedades de economia mista.

    Agentes Honorficos

    So cidados convocados, designados ou nomeados para prestar, transitoriamente, determinadosservios ao Estado, em razo de sua condio cvica, de sua honorabilidade ou de sua notria

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    capacidade profissional, mas sem qualquer vnculo empregatcio ou estatutrio e, normalmente, semremunerao. Tais servios constituem o chamado mnus pblico, ou servios pblicos relevantes, deque so exemplos a funo de jurado, de mesrio eleitoral, de comissrio de menores, de presidente oumembro de comisso de estudo ou de julgamento e outros dessa natureza.

    Os agentes honorficos no so servidores pblicos, mas, momentaneamente, exercem umafuno pblica e, enquanto a desempenham, sujeitam-se hierarquia e disciplina do rgo a que estoservindo, podendo perceber um pro labore e contar o perodo de trabalho como de servio pblico.Sobre esses agentes eventuais do Poder Pblico no incidem as proibies constitucionais deacumulao de cargos, funes ou empregos (art. 37, XVI e XVII), porque sua vinculao com o Estado sempre transitria e a ttulo de colaborao cvica, sem carter empregatcio. Somente para fins penais que esses agentes so equiparados a funcionrios pblicos quanto aos crimes relacionados com oexerccio da funo, nos expressos termos do art. 327 do Cdigo Penal.

    Agentes Delegados

    So particulares que recebem a incumbncia da execuo de determinada atividade, obra ouservio pblico e o realizam em nome prprio, por sua conta e risco, mas segundo as normas do Estadoe sob a permanente fiscalizao do delegante. Esses agentes no so servidores pblicos, nemhonorficos, nem representantes do Estado; todavia, constituem uma categoria parte de colaboradoresdo Poder Pblico. Nessa categoria, encontram-se os concessionrios e permissionrios de obras e

    servios pblicos, os serventurios de ofcios ou cartrios no-estatizados, os leiloeiros, os tradutores eintrpretes pblicos, as demais pessoas que recebem delegao para a prtica de alguma atividadeestatal ou servio de interesse coletivo.

    Agentes Credenciados

    So os que recebem a incumbncia da Administrao para represent-la em determinado ato oupraticar certa atividade especfica, mediante remunerao do Poder Pblico credenciante.

    A Administrao Pblica Federal compreende a Administrao direta e a Administrao indireta.

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    PODERES ADMINISTRATIVOSOs Poderes Administrativos so inerentes Administrao Pblica e possuem carter

    instrumental, ou seja, so instrumentos de trabalho essenciais para que a Administrao possadesempenhar as suas funes atendendo o interesse pblico. Os poderes so verdadeirospoderes-deveres, pois a Administrao no apenas pode como tem a obrigao de exerc-los.

    ! CLASSIFICAO DOS PODERES Poder Vinculado

    Poder Discricionrio

    Poder Hierrquico

    Poder Disciplinar

    Poder Regulamentar

    Poder de Polcia

    ! PODER VINCULADO

    o Poder que tem a Administrao Pblica de praticar certos atos "sem qualquer margem deliberdade".A lei encarrega-se de prescrever, com detalhes, se, quando e como a Administrao deveagir, determinando os elementos e requisitos necessrios.

    Ex : A prtica de ato (portaria) de aposentadoria de servidor pblico.

    ! PODER DISCRICIONRIO

    aquele pelo qual a Administrao Pblica de modo explcito ou implcito, pratica atosadministrativos com liberdade de escolha de sua convenincia, oportunidade e contedo.

    A discricionariedade a liberdade de escolha dentro de limites permitidos em lei, no seconfunde com arbitrariedade que ao contrria ou excedente da lei.

    Ex : Autorizao para porte de arma; Exonerao de um ocupante de cargo em comisso.

    ! PODER HIERRQUICO

    aquele pelo qual a Administrao distribui e escalona as funes de seus rgos, ordena erever a atuao de seus agentes, estabelece a relao de subordinao entre os servidorespblicos de seu quadro de pessoal. No seu exerccio do-se ordens, fiscaliza-se, delega-se e avoca-se.

    ! PODER DISCIPLINAR

    aquele atravs do qual a lei permite a Administrao Pblica aplicar penalidades sinfraes funcionais de seus servidores e demais pessoas ligadas disciplina dos rgos eservios da Administrao. A aplicao da punio por parte do superior hierrquico um poder-dever,se no o fizer incorrer em crime contra Administrao Pblica (Cdigo Penal, art. 320).

    Ex : Aplicao de pena de suspenso ao servidor pblico.

    Poder disciplinar no se confunde com Poder Hierrquico. No Poder hierrquico aadministrao pblica distribui e escalona as funes de seus rgos e de seus servidores. No Poderdisciplinar ela responsabiliza os seus servidores pelas faltas cometidas.

    ! PODER REGULAMENTAR

    aquele inerente aos Chefes dos Poderes Executivos (Presidente, Governadores ePrefeitos) para expedir decretos e regulamentos para complementar, explicitar(detalhar) a lei visandosua fiel execuo. A CF/88 dispe que :

    Art. 84 - Compete privativamente ao Presidente da Repblica:

    IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentospara sua fiel execuo;

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    O direito brasileiro no admite os chamados "decretos autnomos", ou seja aqueles quetrazem matria reservada lei.

    ! PODER DE POLCIA

    Considera-se poder de polcia a atividade da administrao pblica que, limitando odisciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prtica de ato ou absteno de fato, em razo de

    interesse pblico... (Cdigo Tributrio Nacional, art. 78, primeira parte)Em resumo:atravs do qual a Administrao Pblica tem a faculdade de condicionar e restringir

    o uso e gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefcio do interesse pblico.

    Extenso do Poder de Polcia - A extenso bastante ampla, porque o interesse pblico amplo. Segundo o CTN Interesse pblico aqueleconcernente segurana, higiene, ordem,aos costumes, disciplina da produo e do mercado, ao exerccio de atividades econmicasdependentes de concesso ou autorizao do Poder Pblico, a tranqilidade pblica ou ao respeito propriedade e aos direitos individuais (Cdigo Tributrio Nacional, art. 78 segunda parte).

    LIMITES DO PODER DE POLCIA

    Necessidade a medida de polcia s deve ser adotada para evitar ameaas reais ouprovveis de perturbaes ao interesse pblico;

    Proporcionalidade/razoabilidade a relao entre alimitaoao direito individual eo prejuzoa ser evitado;

    Eficcia a medida deve ser adequada para impedir o dano a interesse pblico. Para sereficaz a Administrao no precisa recorrer ao Poder Judicirio para executar as sua decises, o que se chama de auto-executoriedade.

    ABUSO DO PODER: EXCESSO DE PODER E DESVIO DE FINALIDADE (LEI N. 4.898, DE 9 DEDEZEMBRO DE 1965)

    Uso e Abuso do Poder

    Nos Estados de Direito como o nosso, a Administrao Pblica deve obedincia lei em todasas suas manifestaes. At mesmo nas chamadas atividades discricionrias o administrador pblicofica sujeito s prescries legais quanto competncia, finalidade e forma, s se movendo comliberdade na estreita faixa da convenincia e oportunidade administrativas.

    O poder administrativo concedido autoridade pblica tem limites certos e forma legal deutilizao. No carta branca para arbtrios, violncias, perseguies ou favoritismos governamentais.Qualquer ato de autoridade, para ser irrepreensvel, deve conformar-se com a lei, com a moral dainstituio e com o interesse pblico. Sem esses requisitos, o ato administrativo expe-se nulidade.

    Uso do Poder

    O uso do poder prerrogativa da autoridade. Mas o poder h que ser usado normalmente, semabuso. Usar normalmente o poder empreg-lo segundo as normas legais, a moral da instituio, afinalidade do ato e as exigncias do interesse pblico. Abusar do poder empreg-lo fora da lei, semutilidade pblica.

    O poder confiado ao administrador pblico para ser usado em benefcio da coletividadeadministrada, mas usado nos justos limites que o bem-estar social exigir. A utilizao desproporcionaldo poder, o emprego arbitrrio da fora, a violncia contra o administrado constituem formas abusivasdo uso do poder estatal, no toleradas pelo Direito e nulificadoras dos atos que as encerram.

    O uso do poder lcito: o abuso, sempre ilcito. Da por que todo ato abusivo nulo, por excesso

    ou desvio de poder.

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    Abuso do Poder

    O abuso do poder ocorre quando a autoridade, embora competente para praticar o ato,ultrapassa os limites de suas atribuies ou se desvia das finalidades administrativas.

    O abuso do poder, como todo ilcito, reveste as formas mais diversas. Ora se apresenta

    ostensivo como a truculncia, s vezes dissimulado como o estelionato, e, no raro, encoberto naaparncia ilusria dos atos legais. Em qualquer desses aspectos - flagrante ou disfarado - o abuso dopoder sempre uma ilegalidade invalidadora do ato que o contm.

    A teoria do abuso do poder foi inteiramente inspirada na moral e a sua penetrao no domniojurdico obedeceu a propsito determinado. Trata-se, com efeito, de desarmar o pretenso titular de umdireito subjetivo e, por conseguinte, de encarar de modo diverso direitos objetivamente iguais,pronunciando uma espcie de juzo de caducidade contra o direito que tiver sido imoralmente exercido.O problema no , pois, de responsabilidade civil, mas de moralidade no exerccio dos direitos.Transplantando-se esses conceitos para o campo do Direito Administrativo, se o poder foi conferido aoadministrador pblico para realizar determinado fim, por determinados motivos e por determinadosmeios, toda ao que se apartar dessa conduta, contrariando ou ladeando o desejo da lei, padece dovcio de desvio de poder ou de finalidade e, como todo ato abusivo ou arbitrrio, ilegtima.

    O ato administrativo-vinculado ou discricionrio - h que ser praticado com observncia formal eideolgica da lei. Exato na forma e inexato no contedo, nos motivos ou nos fins, sempre invlido. Odiscricionarismo da Administrao no vai ao ponto de encobrir arbitrariedade, capricho, m-f ouimoralidade administrativa. Da ajusta advertncia de Hauriou de que "a Administrao deve agirsempre de boa-f, porque isto faz parte da sua moralidade".

    O abuso do poder tanto pode revestir a forma comissiva como a omissiva, porque ambas socapazes de afrontar a lei e causar leso a direito individual do administrado. "A inrcia da autoridadeadministrativa - observou Caio Tcito-deixando de executar determinada prestao de servios a quepor lei est obrigada, lesa o patrimnio jurdico individual. forma omissiva de abuso do poder, quer oato seja doloso ou culposo".

    Entre ns, o abuso do poder tem merecido sistemtico repdio da doutrina e da jurisprudncia,e, para seu combate, o constituinte armou-nos com o remdio herico do mandado de segurana,

    cabvel contra ato de qualquer autoridade (CF, art. 5, LXIX, e Lei n. 1.533/51), e assegurou a todapessoa o direito de representao contra abusos de autoridades (art. 5, XXXIV, a), complementandoesse sistema de proteo contra os excessos de poder com a Lei n. 4.898, de 9/12/65, que punecriminalmente esses mesmos abusos de autoridade.

    O gnero abuso do poder ou abuso de autoridade reparte-se em duas espcies bemcaracterizadas: o excesso de poder e o desvio de finalidade.

    a) Excesso de poder

    O excesso de poder ocorre quando a autoridade, embora competente para praticar o ato, vaialm do permitido e exorbita no uso de suas faculdades administrativas.

    Excede, portanto, sua competncia legal e, com isso, invalida o ato, porque ningum pode agirem nome da Administrao fora do que a lei lhe permite. O excesso de poder torna o ato arbitrrio,ilcito e nulo. E uma forma de abuso de poder que retira a legitimidade da conduta do administradorpblico, colocando-o na ilegalidade e at mesmo no crime de abuso de autoridade quando incide nasprevises penais da Lei n. 4.898, de 9/12/65, que visa a melhor preservar as liberdades individuais jasseguradas na Constituio (art. 5).

    Essa conduta abusiva, atravs do excesso de poder, tanto se caracteriza pelo descumprimentofrontal da lei, quando a autoridade age claramente alm de sua competncia, como, tambm, quandoela contorna dissimuladamente as limitaes da lei, para arrogar-se poderes que no lhe so atribudoslegalmente. Em qualquer dos casos h excesso de poder, exercido com culpa ou dolo, mas sempre

    com violao da regra de competncia, o que o bastante para invalidar o ato assim praticado.

    b) Desvio de finalidade

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    O desvio de finalidade ou de poder verifica-se quando a autoridade, embora atuando nos limitesde sua competncia, pratica o ato por motivos ou com fins diversos dos objetivados pela lei ou exigidospelo interesse pblico.

    O desvio de finalidade ou de poder , assim, a violao ideolgica da lei, ou, por outras palavras,

    a violao moral da lei, colimando o administrador pblico fins no queridos pelo legislador, ouutilizando motivos e meios imorais para a prtica de um ato administrativo aparentemente legal. Taisdesvios ocorrem, por exemplo, quando a autoridade pblica decreta uma desapropriaoalegando utilidade pblica, mas visando, na realidade, a satisfazer interesse pessoal prprio oua favorecer algum particular com a subseqente transferncia do bem expropriado; ou quandooutorga uma permisso sem interesse coletivo; ou, ainda, quando classifica um concorrente porfavoritismo, sem atender aos fins objetivados pela licitao.

    O ato praticado com desvio de finalidade - como todo ato ilcito ou imoral - ou consumado sescondidas ou se apresenta disfarado sob o capuz da legalidade e do interesse pblico. Diante disto,h que ser surpreendido e identificado por indcios e circunstncias que revelem a distoro do fimlegal substitudo habilidosamente por um fim ilegal ou imoral, no desejado pelo legislador. A propsito,j decidiu o STF que: "Indcios vrios e concordantes so prova". Dentre os elementos indicirios dodesvio de finalidade, est a falta de motivo ou a discordncia dos motivos com o ato praticado. Tudo

    isso dificulta a prova do desvio de poder ou de finalidade, mas no a torna impossvel se recorrermosaos antecedentes do ato e sua destinao presente e futura por quem o praticou.

    A Lei regulamentar da Ao Popular (Lei n. 4.717, de 29/6/65) j consigna o desvio definalidade como vcio nulificador do ato administrativo lesivo do patrimnio pblico e o consideracaracterizado quando "o agente pratica o ato visando a fim diverso daquele previsto, explcita ouimplicitamente, na regra de competncia" (art. 2, e, e pargrafo nico). Com essa conceituao legal,o desvio de finalidade entrou definitivamente para nosso Direito Positivo como causa de nulidade dosatos da Administrao.

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    LICITAESQuaisquer que sejam as obras, servios, inclusive de publicidade, compras, alienaes,

    concesses, permisses e locaes da Administrao Pblica, quando contratadas com terceiros,sero necessariamente precedidas de licitao, salvo os casos previstos na lei que a regulamenta.Portanto, todo contrato administrativo exige licitao prvia, a qual s dispensvel, inexigvel ouproibida nos casos expressamente previstos na referida lei regulamentadora.

    A Lei que regulamenta ou estabelece normas gerais sobre licitaese contratos administrativos

    pertinentes a obras, servios (inclusive de publicidade), compras, alienaes e locaes no mbito dosPoderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, a LEI N. 8.666, de 22 dejunho de 1993 (publicada no Dirio Oficial da Unio - DOU, em 22/06/93), e alterada pela Lei n.8.883, de 08 de junho de 1994, a qual, em seu art. 3., determinou a republicao daquela no DOUem 30 dias. Assim, a Lei n. 8.666/93 foi republicada no DOU em 07 de julho de 1994, j com todas asalteraes previstas na Lei 8.883/94, o que torna esta Apostila perfeitamente atualizada no querespeita s Licitaes!

    CONCEITO

    Licitao o procedimento administrativo mediante o qual a Administrao Pblica seleciona aproposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse, mediante uma sucesso ordenada de atosvinculantes, tanto para a Administrao como para os licitantes, proporcionando igual oportunidade atodos os interessados e atuando assim, como fator de eficincia e moralidade nos negciosadministrativos.

    A licitao, segundo o art. 3. da Lei n. 8.666/93, destina-se a garantir a observncia do princpioconstitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administrao, devendo serprocessada e julgada em estrita conformidade com os princpios bsicos da legalidade, daimpessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, davinculao ao instrumento convocatrio, do julgamento objetivo e dos que lhes so correlatos.

    Desta forma, vedado aos agentes pblicos admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos deconvocao, clusulas ou condies que compromentam, restrinjam ou frustrem o seu cartercompetitivo e estabeleam preferncias ou distines em razo da naturalidade, da sede ou domicliodos licitantes ou de qualquer outra circunstncia impertinente ou irrelevante para o especfico objeto docontrato; da mesma forma em que lhe proibido estabelecer tratamento diferenciado de natureza

    comercial, legal, trabalhista, previdenciria ou qualquer outra, entre empresas brasileiras ouestrangeiras, inclusive no que se refere a moeda, modalidade e local de pagamentos, mesmo quandoenvolvidos financiamentos de agncias internacionais.

    Mas, em igualdade de condies ser assegurada preferncia, como critrio de desempate,sucessivamente, aos bens e servios produzidos ou prestados por empresas brasileiras de capitalnacional; produzidos no Pas, ou produzidos ou prestados por empresas brasileiras (mesmo comcapital misto, no nacional).

    FINALIDADES

    A finalidade da licitao a de garantir e observar o princpio constitucional da isonomia,selecionando as propostas mais vantajosas para a Administrao Pblica quando precisa contratar

    com terceiros particulares, obras, servios, inclusive os de publicidade, compras, alienaes,concesses, permisses e locaes, segundo os princpios bsicos de impessoalidade, legalidade,moralidade, igualdade e probidade administrativa.

    PRINCPIOS

    Os princpios que regem a licitao, qualquer que seja a sua modalidade, so:

    a) Procedimento Formal= que impe a vinculao da licitao s prescries legais que regem emtodos os seus atos e fases. Tais prescries decorrem da lei e do regulamento ou do prprio editalouconviteque complementa as normas superiores.

    b) Publicidade de seus Atos= A licitao no sigilosa, sendo pblicos e acessveis os atos de seuprocedimento. Da este princpio que abrange desde os avisos de sua abertura at o conhecimento doedital e seus anexos, o exame da documentao e das propostas pelos interessados, e o fornecimentode certides de quaisquer peas, pareceres ou decises com elas relacionadas. Por isto impe-se aabertura dos envelopes em pblico e a publicao oficial das decises dos rgos julgadores e dorespectivo contrato, ainda que resumidamente.

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    c) Igualdade entre Licitantes = o princpio impeditivo da discriminao entre os participantes nocertame, quer atravs de clusulas que, no edital ou convite, favorea uns em detrimento de outros,quer mediante julgamento faccioso, que desiguale os iguais ou iguale os desiguais.

    d) Sigilo na Apresentao das Propostas= Como se disse, a licitao no sigilosa mas, na anlisedas propostas apresentadas h que se observar o devido sigilo entre os proponentes, guardandoconsonncia da igualdade entre os licitantes, pois ficaria em posio vantajosa o proponente quetomasse conhecimento das propostas de seus concorrentes.

    e) Vinculao ao Edital= o princpio bsico de toda a licitao. O edital a lei internada licitao,segundo a qual a Administrao estabelece as regras, a forma e o modo de participao dos licitantes,vinculando os mesmos aos seus termos.

    A Licitao prev ainda outros princpios, como o julgamento objetivo, baseado no edital e nostermos especficos das propostas; na probidade administrativa, a qual dever de todo o administradorpblico; e o princpio da adjudicao compulsriaao vencedor, que impede que a Administrao, aoconcluir o processo licitatrio, atribua seja objeto a outrem que no o legtimo vencedor.

    OBJETO

    objeto de licitao: a obra, o servio, a compra, a alienaoe a concesso, as quais sero, porfim, contratadas com o terceiro ou particular.

    As licitaes devem ser efetuadas no local onde se situar a repartio interessada, salvo motivo deinteresse pblico, devidamente justificado, o que no impede a habilitao de interessados residentesou sediados em outros locais.

    Para efeitos legais considera-se, no objeto da licitao, as seguintes definies, extradas do art. 6.da Lei 8.666/93:

    a) OBRA - toda construo, reforma, fabricao, recuperao ou ampliao, realizada porexecuo direta ou indireta.

    b) SERVIO - toda atividade destinada a obter determinada utilidade de interesse para aAdministrao, tais como: demolio, conserto, instalao, montagem, operao, conservao,reparao, reparao, adaptao, manuteno, transporte, locao de bens, publicidade, seguro outrabalhos tcnico-profissionais.

    c) COMPRAS - toda aquisio