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Aprendendo Inteligencia-Perluigi Piazzi

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Aprendendo Inteligencia

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  • Copyright Pierluigi Piazzi, 2007 Copyright desta edio Editora Aleph, 2008

    ILUSTRAES DE CAPA E MIOLO:

    CAPA:

    REVISO:

    PROJETO GRFICO: EDITORAO:

    EDITOR:

    Durvaly Odilon Nicolelti [email protected] (11) 47015479 DelfinLuiza Franco Henrique Minatogawa Ana Cristina Teixeira Del finCxavier.com Adriano Fromer Piazzi

    Todos os direitos reservados.Proibida a reproduo, no todo ou em parte, atravs de quaisquer meios.

    EDITORA ALEPH Rua Dr. Luiz Migliano, 1110 - Cj. 301 05711 -900 - So Paulo - SP - Brasil

    Tel.: [55 11] 3743 3202 Fax: [55 11] 3743 3263

    www.editoraaleph.com.br

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (C1P) (Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Piazzi, Pierluigi

    Aprendendo inteligncia : manual de instrues

    do crebro para alunos em geral / Pierluigi

    Piazzi. 2. ed. rev. So fulo : Aleph, 2008. (Coleo

    neuropedagogia ; vol. 1)

    ISBN 978-85-7657-060-8

    1. Educao 2. Ensino 3. Inteligncia

    4. Neurologia 5. Pedagogia I. Ttulo. II. Srie.

    08-07449 CDD-370.152

    ndices para catlogo sistemtico:1. Inteligncia : Aprimoramento : Psicologia educacional 370.152

  • Sumrio

    Nota nova edio 7Introduo 9

    Parte 1 A PRO GRAM AO DO S E U C R EB R O

    Por que estudar? 13Quando estudar? 25Quanto estudar? 49Como estudar? 57

    Parte 2 A CELERA N D O

    O S N EUR N IO S

    Como se tornar mais inteligente 69Os cinco passos 77Um pouco de ciberntica 125E agora uma provinha 133

    Agradecimentos 137Referncias 139

  • Nota noua edio

    As edies anteriores deste modesto livrinho se esgota

    ram com uma velocidade imprevista, obrigando-me a dedicar

    mais tempo presente edio, em detrimento do cronogra-

    ma do volume 2 (Estimulando Inteligncia, dedicado aos pais

    dos alunos) e do volume 3 (Ensinando Inteligncia, dedicado

    aos professores).

    Apesar de Aprendendo Inteligncia ter sido escrito ten

    do em vista um leitor jovem, na fase estudantil, o livro tam

    bm foi lido por uma grande quantidade de profissionais

    preocupados em tornar a escola brasileira um fator importan

    te, seno decisivo, na transformao de nossa sociedade.

    H uma grande diferena entre pessoas srias que se de

    dicam pedagogia de forma eficaz e tica e pseudoprofissio-

    nais que s sabem exibir um "pedagogiqus" vazio, preocupa

    dos apenas em manter um cmodo e medocre status quo.

    Muito me orgulha ter recebido o apoio dos profissionais

    srios. E muito me reconforta ter ouvido, por parte deles,

    frases como "Professor, exatamente assim que eu penso".

    Pelo menos no estou sozinho!

    A esses profissionais e aos pais, que tanto carinho tm

    demonstrado pelo meu trabalho, prometo acelerar os tem

    pos para dar o acabamento necessrio aos outros dois volu

    mes desta "trilogia".

    Por enquanto, meu MUITO OBRIGADO.

    Prof. Pier

    7

  • Introduo

    Ao Longo do ltimo meio sculo, tenho tentado fazer com

    que as pessoas que me rodeiam, colegas, amigos, alunos,

    filhos, fiquem cada vez mais inteligentes.

    Por incrvel que parea... tenho conseguido!

    Essa a razo pela qual reduzi minhas atividades em sala

    de aula (mas que nunca irei abandonar: morrerei com um

    pedao de giz na mo) e tenho me dedicado a percorrer es

    colas fazendo palestras, de forma a, se no eliminar, pelo

    menos reduzir os absurdos cometidos por alunos, famlias,

    professores e pedagogas, quando o assunto ESCOLA.

    Algumas noes de neuropedagogia permitem fazer com

    que as pessoas percebam os absurdos cometidos em 99%

    das escolas brasileiras.

    A receptividade tem sido excelente (com, claro, algu

    mas excees), mas, em minha opinio, insuficiente.

    No day after tudo parece mudar para melhor, mas, com o

    correr do tempo, velhos vcios retornam e os absurdos vol

    tam a ser cometidos.

    Alm disso, por mais que eu me predisponha a viajar, o

    Brasil imenso e o nmero de escolas que precisariam re

    pensar suas certezas gigantesco.

    A soluo bvia: escrever um livro para atingir um p

    blico maior. Na realidade so trs: um para alunos, outro

    para pais e outro para professores.

    Este o primeiro, porque resolvi comear pelo pblico

    mais disposto a mudar: os alunos.

    9

  • 0 livro est dividido em duas partes: na primeira, o leitor

    (voc) poder entender o que h de errado na maneira de

    encarar a ESCOLA e como, de maneira at fcil e simples,

    evitar os erros mais comuns.

    Na segunda parte, h uma espcie de receita de como se

    tornar mais inteligente.

    Pode acreditar... funciona!

    Um dos ingredientes da receita o de obrigar o crebro a

    fazer "musculao mental", ou seja, se h uma forma fcil e

    uma difcil, opte pela difcil. Para ser coerente, portanto,

    coloquei as citaes no comeo de cada captulo, em ingls,

    s para ficar um pouco mais difcil1 .

    Boa leitura!

    1) No se preocupe, no rodap coloquei uma verso em portugus!

  • Parte 1

    A PROGRAMAO+ DE SEU

    CEREBRO

  • P O R Q U EESTUDAR?

    Population, when unchecked, increases in a geometrcal ratio.

    Subsistence increases only in an arithmetical ratio.2 Thomas Robert Malthus

    (1766-1834)

    Exploso demogrficaQuando eu tinha uns nove anos, ainda no primrio (hoje

    Fundamental I), um professor props o seguinte problema:

    - Dentro de uma garrafa, cheia de um lquido nutri

    tivo, cai um micrbio. 0 micrbio se alimenta, cresce e

    se divide em dois. Os dois se alimentam, crescem e, por

    sua vez, se dividem dando origem a quatro micrbios.

    Verificamos que o nmero de micrbios duplica de mi

    nuto em minuto. Sabemos que o primeiro micrbio caiu

    na garrafa meia-noite e que a garrafa chegou a se

    encher pela metade de micrbios em quatro horas, ou

    seja, ela est pela metade s quatro horas da manh. A

    que horas ela estar totalmente cheia?

    2) Populao, quando no controlada, cresce em razo geomtrica. Recursos de subsistncia crescem, apenas, em razo aritmtica.

    13

  • E todos ns, trouxas, camos na armadilha e respondemos

    quase em coro: - s oito horas.

    Com muita pacincia, o professor nos explicou que, se o

    nmero de micrbios duplicava a cada minuto, em apenas

    mais um minuto a garrafa, que j estava pela metade, iria se

    encher completamente.

    A resposta correta, portanto, seria: - s quatro horas e

    um minuto!

    Nesse momento, senti a saudvel sensao de ser um ver

    dadeiro tonto (sensao essa que se repetiria freqentemen

    te ao longo de minha existncia).

    0 episdio, porm, teria sido completamente esquecido

    se, muitos anos mais tarde, eu no tivesse lido um artigo

    escrito por algum que, com certeza, conhecia a histria

    dos micrbios.3

    Em resumo, a histria comeava com a garrafa pela meta

    de e um micrbio poltico fazendo um discurso pela "Rede

    Ameba":

    Minhas compatriotas e meus compatriotas!

    J faz muito tempo, quatro longas horas para ser exa

    to, que nosso ancestral comum chegou nessa garrafa

    deserta e, com corajoso esprito pioneiro, a coloni

    zou.

    Nossa estirpe orgulhosamente cresceu, apesar dos gri

    tos de estpidos ambientalistas que ficam bradando

    contra o que eles denominam 'crescimento desordena

    do' e 'dilapidao dos recursos naturais'.

    3) Por favor, se algum leitor identificar o autor da histria a seguir, me comunique, j que ele merece o crdito.

    14

  • Ser que eles no enxergam que, no decorrer de toda

    nossa histria, s consumimos a metade do espao e

    dos recursos disponveis?

    Toda a outra metade est virgem e intocada para as

    geraes seguintes! Alm disso, para calar esses pessi

    mistas, quero dar uma excelente notcia em primeiro

    pseudpodo4:

    Nossa agncia espacial enviou algumas sondas para ex

    plorao no espao extragarrafal e descobriu nas vizi

    nhanas seis garrafas idnticas nossa, completamente

    desertas e cheias de lquido nutritivo, para as quais j

    transferimos alguns corajosos colonos.

    Portanto, se j consumimos o espao e a comida de

    apenas meia garrafa em toda a existncia de nossa na

    o, as geraes futuras iro dispor de muitas e muitas

    eras antes de comear e se preocupar, dando ouvidos a

    esses chatos dos ambientalistas.

    Se algum dia nossa garrafa ficar cheia, transferremos

    num instante as duas metades da populao em duas

    garrafas virgens.

    4) Se fosse um poltico humano seria em primeira mo.

  • E, sob aplausos entusisticos, nos

    so personagem desce do palanque,

    sorrindo e acenando para a multido,

    e...

    ...trs minutos depois, todos os

    micrbios de todas as garrafas co

    meam a morrer de fome!

    - Bonita histria - voc dir. - Mas o que isso tem a ver

    comigo?

    Pois , meu caro e jovem leitor, voc j deve ter ouvido

    algum(a) professor(a) de histria dizendo que devemos es

    tudar o passado para no cometermos os mesmos erros no

    presente.

    Acontece que h um erro que jamais foi cometido no pas

    sado e que, pela primeira vez na histria da humanidade,

    est sendo cometido agora.

    E no foi por falta de aviso.

    Entre no Google e d uma pesquisada sobre o tal. de Mal-

    thus, citado no comeo deste captulo:

    Google IMALTHUS |H uns dois mil anos, algum repetiu: - Crescei e multi

    plicai-vos.

    Acontece que, naquela poca, toda a populao mundial

    girava em torno de 100 milhes de seres humanos.

    Apenas 100 milhes!

    3 min.

    16

  • Tente, por favor, imaginar: todos os nativos americanos,

    todos os africanos, europeus, asiticos, aborgenes austra

    lianos, polinsios etc. somados, perfaziam um pouco mais

    do que a metade da populao do Brasil (que, com certeza,

    no podemos dizer que esteja "abarrotado").

    Se, para cada ser humano daquela poca, houvesse uns

    dez nos dias de hoje, supondo uma racional distribuio de

    renda...

    ...viveramos todos com conforto, com eletricidade, gua

    encanada, moradia, lazer, trabalho e alimentao. No have

    ria fome, misria, doena e guerras. 0 conselho multiplicai-

    vos, porm, foi levado a srio demais e, em vez de multipli

    car por 10, multiplicamos por 70!

    17

  • \J/ x 70

    Pois , meu caro e jovem Leitor:

    BEM-VINDO EXPLOSO DEMOGRFICA!

    0 planeta Terra (nossa garrafa que j est quase total

    mente cheia!) est se degradando aceleradamente: poluio

    nos mares, buraco na camada de oznio, guerras e terroris

    mo, aquecimento global devido ao efeito estufa, fome, epi

    demias e misria generalizada (apenas 4% da humanidade

    vive em razovel situao de conforto).

    E as coisas vo piorar! Duvida? Ento oua, a partir desse

    alerta, os discursos dos polticos: todos eles falam em "cres

    cimento"!

    Agora entre no Google e digite:

    18

  • TM ................................. ........ ....................... ...................-

    LEMINGUE

    li

    Leia o que vier e medite um pouco.

    Depois de meditar, entre no site da WWF...

    ^ ^

    WWFwww.wwf.org.br

    ...e leia alguns relatrios muito esclarecedores!

    O bem mais escassoTodas as escolas, numa falta de originalidade at benfi

    ca, propem trabalhos sobre o que considerado o recurso

    mais escasso do sculo XXI: gua potvel. Na realidade h

    tanta gua potvel no sculo XXI quanto havia no XX. 0 que

    h excesso de pessoas querendo beber!

    0 bem verdadeiramente mais escasso do sculo XXI no

    a gua...

    ... INTELIGNCIA!

    19

  • A humanidade est sendo imbecilizada cada vez mais.

    Os jornalistas que insistem em publicar "pesquisas" que

    rendo mostrar que as crianas e os jovens de hoje so mais

    inteligentes que os do passado, apenas demonstram que

    nos meios de comunicao que o processo de degradao

    intelectual est avanando mais rapidamente.

    Meu caro e jovem leitor, o tema deste livro no a res

    peito de perfumarias como "busca da felicidade", "cidadania

    responsvel" ou "realizao profissional".

    Este livro no um dos clssicos manuais de "auto-ajuda"

    to na moda atualmente. Este livro um manual de...

    ...SOBREVIVNCIA!

    Se voc ler este livro at o fim, tentando entender e uti

    lizar os conceitos que nele so apresentados, talvez no en

    contre o caminho correto para sua vida profissional, porm

    uma coisa eu garanto: vai se tornar, com o passar dos anos,

    cada vez mais...

    INTELIGENTE!

    Voc ir entrar num mercado de trabalho em que h cada

    vez mais gente e cada vez menos necessidade de ma o de

    obra.

    No momento em que estou escrevendo estas linhas, de

    cada trs desempregados no Brasil, um apenas um "de

    sempregado" de verdade, ou seja, algum que tinh.i um em

    20

  • prego e o perdeu. Os outros dois so jovens, com diploma

    universitrio, que ainda no conseguiram nenhum trabalho

    porque h mquinas que os substituem com vantagem.

    Hoje um chip (transponder), colado no pra-brisa do au

    tomvel, por exemplo, e que funciona 24 horas por dia e

    365,25 dias por ano, tira o emprego de quatro jovens que

    poderiam se revezar numa cabine (hoje vazia) para dar o

    troco no pedgio.

  • Nesse mundo maluco, que sua gerao vai receber como

    herana, meu caro e jovem leitor, somente iro sobreviver,

    com um mnimo de qualidade de vida, os que conseguirem

    penetrar no mercado de trabalho.

    E o mercado de trabalho no quer mais diplomas e ttu

    los. 0 mercado de trabalho quer inteligncia, cultura, criati

    vidade.

    0 ttulo desse captulo "por que estudar?".

    Pois , se for para estudar como todo mundo estuda, a

    resposta para a pergunta do ttulo "para nada!"

    Insisto "porque estudar?"... "para nada!"

    Eu sei que voc est se perguntando: - Como estudar

    como todo mundo estuda?Fcil: estudar para as provas, para tirar boas notas e pas

    sar de ano. Passar de ano para tirar um diploma.

    Ao descobrir que o diploma no suficiente para arrumar

    um bom emprego... conseguir mais diplomas! E, se possvel,

    fazer tambm a "onda" da moda chamada MBA.1

    E, no fim disso tudo, descobrir que, com certeza, no vai

    conseguir um bom emprego.

    Mas... por qu?

    Porque voc usou todo seu tempo e toda sua energia na

    direo errada.

    Portanto, se algum lhe der, caro e jovem leitor, o clssi

    co conselho: estude mais para vencer na vida... no d ouvi

    dos! Esse conselho a maior furada!

    Estudo no questo de quantidade: questo do quali

    dade!

    5) Pronuncia-se "em-bi-ei": fica mais chique!

    22

  • Portanto, o conselho correto no estude mais, mas sim

    estude melhorl Estudando melhor, voc ir se tornar cada

    vez mais inteligente, mais criativo, mais culto. As boas no

    tas e os diplomas sero uma conseqncia, e no uma fina

    lidade.

    Com isso, em vez de ser um "enviador" de centenas de

    currculos, em vez de bater inutilmente na porta das empre

    sas com seu suado "em-bi-ei" embaixo do brao, o mercado

    de trabalho que vai correr atrs de voc.

    Por qu?

    Porque voc tem uma coisa preciosa e rara: voc tem IN

    TELIGNCIA.

    - Mas como, ento, desenvolver minha inteligncia? Como

    estudar melhor?

    Simples: comece a ler o prximo captulo e aprenda a

    usar o melhor computador do mundo: SEU CREBRO!

    23

  • QUANDOESTUDAR?

    The roots of education are bitter, but thefruit is sweet.6

    Aristteles (384-322 a.C.)

    RAM & HD do computador1No Brasil, acontece um fenmeno estranhssimo: o aluno

    estuda como um louco para tirar boas notas e terminar, no

    terceiro mdio, o ciclo bsico.

    Assim, com um bom histrico escolar nas mos, presta

    um concurso vestibular em uma universidade pblica e fra

    cassa de forma vergonhosa!

    Nesse momento, ele faz uma escolha: ou se contenta em

    ingressar numa dessas faculdades particulares, a maioria das

    quais se constitui num verdadeiro estelionato educacional,

    ou se matricula num cursinho para tentar novamente entrar

    em alguma universidade pblica.

    Depois de um ano, dois, trs, ou at quatro anos de cur

    sinho, acaba ingressando na to almejada escola.

    6) As razes da educao so amargas, mas seu fruto doce.

    25

  • Novamente se mata de estudar durante os quatro ou at

    seis anos de estudo superiores e obtm um diploma as

    sociado a um bom histrico escolar.

    Nesse momento, todo feliz, ele vai prestar um exame de

    ingresso em alguma carreira. Pode ser o exame da OAB (Or

    dem dos Advogados do Brasil) para obter sua carteira de

    advogado, pode ser o exame para obter uma vaga de resi

    dente mdico ou, talvez, um concurso para uma carreira na

    magistratura ou em algum cargo tcnico no servio pblico.

    Pode ser, ainda, um teste para ingressar em uma (|i,uide

    empresa na qual poder conseguir um excelente emprego.

    E... mais uma vez, fracassa vergonhosamente!

    Nesse momento, comea a perceber, tarde demais, algo

    que voc poder perceber agora, sem precisar passar por

    tantos sofrimentos e decepes.

    Ele finalmente percebe que estudou muito, mas muito

    mesmo...

    ...E SEMPRE NA HORA ERRADA!

    Mas essa ainda no a pior parte: alm de descobrir que

    sempre estudou no momento errado, descobre que isso ocor

    reu porque foi induzido a cometer esse erro pela famlia e

    pelas escolas que freqentou, ou seja, ele muito mais uma

    vtima do que o culpado pelos fracassos.

    Como comeou essa tragdia?

    Tente lembrar: at o 5o ou 6o ano (antigas 4a e 5" srie

    - mais uma dessas inexplicveis mudanas de nome, mas

    no de qualidade, impostas pelo Ministrio da Educao)

    voc ainda era um ser humano! Em seguida, foi transforma

    do num robozinho pela frase pronunciada por algum adulto:

    26

  • - Filhinho(a) - algum disse agora para valer! Agora

    voc vai ter de ir bem nas provas, tirar boas notas e passar de

    ano.

    E voc, como bom filhinho (ou boa filhinha) se esforou

    para "ir bem nas provas, tirar boas notas e passar de ano".

    E a famlia ficou feliz? Claro!

    - Veja que filhinho(a) maravilhoso (a) eu tenho! Ele(a)

    consegue "ir bem nas provas, tirar boas notas e passar de

    ano"!

    E a escola ficou feliz? Nossa!

    - Veja que aluno (a) maravilhoso(a) eu tenho! Ele conse

    gue "ir bem nas provas, tirar boas notas e passar de ano"!

    Depois, incentivado por todo esse entusiasmo, a pobre

    vtima continua se esforando para "ir bem nas provas, tirar

    boas notas e passar de ano"\

    Faz isso do 5o para o 6o, do 6o para o 7o e assim por

    diante at chegar ao 3o mdio...

    ...e, nesse momento, bate de frente num paredo de con

    creto chamado "vestibular" e, se tiver sorte, ir perceber

    que durante pelo menos sete anos de sua vida estudou para

    "ir bem nas provas, tirar boas notas e passar de ano", e nun

    ca, nunca...

    ...NUNCA ESTUDOU PARA APRENDER!

    - Mas como? - voc perguntar. - Se algum tirou boas

    notas, isso no significa que ele aprendeu?

    Claro que no! Isso significa que ele se tornou, incentiva

    do geralmente pela famlia e pela escola, um especialista em

    tirar boa nota!

    0 pior de tudo que essa especializao, muitas vezes,

    27

  • obtida com o recurso da chamada "cola". Mas, se a escola for

    sria, a cola no dura muito. Nas escolas srias, o aluno que

    cola pela primeira vez tambm estar colando pela ltima.

    Portanto, excludo o recurso da cola, sobra uma pergun

    ta: como conseguir tirar uma boa nota, sem aprender? A

    resposta simples:

    ESTUDANDO EM CIMA DA HORA!

    Todo mundo estuda o mais em cima da hora possvel.

    Alunos mais previdentes estudam no dia anterior. A maioria,

    no mesmo dia. Muitos... minutos antes!

    Mas por que estudar o mais em cima da hora possvel?

    Mais uma vez, a resposta simples:

    PARA NO DAR TEMPO DE ESQUECER!

    0 esquema, portanto, consiste em estudar em < ima da

    hora, colocar as informaes no crebm de loim.i alisiud.i

    mente instvel, fazer a prova e, logo im seguida, esquecer

    tudo!

    Chegarem casa com uma boa nota o completai essa l?

    Para entender melhor, vamos imaginar um < ompiiladot no

    gual esteja rodando um editor de texto como esse, no gual

    minha mulher est pacientemente digitando tudo o que es

    crevi a mo.7

    7) E no venha com sorrisinho de superioridade pensando "(oilado desse senhor, ele to idoso que no sabe escrever num ompu tador". Saiba que eu j estava programando compuladon". .m.il gicos em 1961 e computadores digitais em 1967, provavelmente

    28

  • Ao teclar, por exemplo, a letra E, maiscula, o teclado envia um cdigo (no exemplo, o cdigo 69 ou, em binrio,

    1000101) para uma memria de rascunho, chamada mem

    ria RAM (Random Access Memory = Memria de Acesso No-

    seqencial).

    provisria(rascunho)

    Essa memria muito pequena e muito provisria. Se

    faltar energia de repente, todo seu contedo ser perdido!

    Justamente para evitar tragdias desse tipo que existe

    o chamado no-break (sem parada) que, alimentado por uma

    bateria interna, mantm o fornecimento de energia at que

    d tempo para salvar.

    SALVAR?

    Pois , "salvar" significa acionar uma rotina que copia o

    antes de seus pais nascerem. J escrevi mais de uma dzia de Livros de computao e lecionei durante muitos anos "Tcnicas Avanadas de Processamento de Dados". Alis, graas a esse meu profundo conhecimento de computao que descobri que ESCREVER e DIGITAR so coisas completamente diferentes. Se quiser escrever, de forma mais lcida, use caneta!

    29

  • contedo da RAM, para o HD (Hard Disk - Disco Rgido),

    uma memria magntica8 e, portanto, permanente.

    M am rln R A M : paquann

    irovltrln rnacunho)

    Se o computador for desligado, o contedo da RAM se

    perde, enquanto o do HD mantido para uso posterior.

    Alm disso, a capacidade do HD enorme, ou seja, cmi-

    tenas ou at milhares de vezes maior que o da RAM.

    RAM & HD de seu crebroComo voc j deve ter notado, enquanto todo mundo

    sabe "salvar" no micro, quase ningum sabe "s.ilv.ir" no c

    rebro!

    0 que torna o sistema educacional brasileiro t

    trfico ( um dos piores do mundo!) o fato da maioria d.is

    escolas serem ineficientemente burocrati/.ulas, ii.io . pre

    ocupam em ensinar seus alunos em realmente aprender,

    8) No por muito tempo! J esto fazendo HD em I SIADO SOI 11)0!

    30

  • ou seja, em armazenar o conhecimento de forma per

    manente.

    Para essas "escolas," basta que a pequena vtima retenha

    as informaes o tempo suficiente para tirar uma boa nota,

    de maneira a deixar os clientes (famlia) felizes. So escolas

    onde alguns alunos, no final do ano, no assistem mais s

    aulas porque j "fecharam"!

    Para evitar cair nessa armadilha, voc deve ter cons

    cincia de que, em seu crebro, voc tem os equivalentes a

    uma memria RAM e a um HD. Se pudssemos fazer a radio

    grafia mental da cabea de um aluno, veramos, basicamen

    te, duas estruturas.

    No miolo temos o chamado sistema lmbico, cheio de es

    truturas complexas (tLamo, hipotlamo, amgdala etc.), nas

    quais se destaca uma, denominada hipocampo, muito im

    portante para a memria de CURTO PRAZO. Envolvendo esse

    miolo, como se fosse a casca de uma rvore (em latim, cor-

    tex), temos a parte mais "nobre" do crebro, fundamental na

    memria de LONGO PRAZO.

    31

  • Como voc j deve ter percebido, o sistema lmbico faz

    um pouco o papel da memria RAM de um micro, enquanto

    o crtex, entre outras funes, seria o equivalente a um

    HD:

    "Escrever" nessa RAM muito fcil...

    ...mas "apagar" mais fcil ainda! Voc tem, nessa es

    trutura, um rascunho relativamente pequeno (no qual ca

    bem apenas algumas horas de informao).

    32

  • Ela muito, mas muito provisria. (As informaes difi

    cilmente sobrevivem a uma noite de sono!)

    Se algum lhe disser um nmero de telefone, por exem

    plo, voc capaz de ret-lo por alguns minutos, o tempo em

    que ele ainda estiver "ressoando" em sua mente.

    Mas, se voc no tomar alguma medida para que fique

    gravado de forma permanente, no dia seguinte (ou at algu

    mas horas depois) o nmero estar completamente esqueci

    do!

    Quando essa parte do crebro est no controle (o que

    costuma acontecer assim que voc acorda), voc passa a ter

    um comportamento que, na melhor das hipteses, poderia

    ser chamado de "abobado", pois esse rascunho abriga a fra

    o menos inteligente de sua mente.

    Em compensao, no HD (crtex) cabe uma quantidade

    gigantesca de dados. Se algum estudasse como um louco

    10 horas por dia, todos os dias de sua vida, esgotaria a ca

    pacidade de processamento e armazenamento de seu crtex

    em, aproximadamente, quatro sculos!

    33

  • Para poder aproveitar todo esse potencial, porm, voc

    deve ser capaz de escrever em seu crtex, tarefa nem sempre

    muito fcil.

    Isso ocorre porque, no HD do crebro, as informaes so

    retidas de forma bem diferente do que num computador.

    Enquanto no computador a estrutura fsica (circuitos el

    tricos) fica inalterada e as informaes alteram apenas a

    estrutura lgica, no crebro humano uma informao apenas

    ser retida de maneira permanente se as ligaes (Mitre os

    neurnios forem alteradas.

    Um neurnio, a clula nervosa caractersti( a do crebro,

    tem uma estrutura peculiar: do corpo da clula nascem rami

    ficaes (dendritos), cujos terminais podem se conectar aos

    outros neurnios.

    Uma espcie de cabo de comunicao (axnio), revestido

    por uma capa de mielina, transmite, se devidamente1 *.1 imu-

    lado, um pulso eletroqumico que vai enviar um sinal para os

    dendritos de outro neurnio.

    34

  • Um conjunto de centenas ou ate milhares de neurnios

    forma uma rede neural:

    Uma informao, portanto, apenas transformada em

    conhecimento se as redes neurais do crtex forem re-confi-

    guradas. Sinapses devem ser desfeitas, outras ativadas, den-

    dritos morrem ou nascem, caminhos so refeitos. Portanto,

    a estrutura fsica do crebro deve ser alterada!

    Em "informatiqus" diramos que a informao, no com

    putador, est no software, enquanto no crebro humano ela

    est no prprio hardware.

    35

  • Escrever no crtex, portanto, implica tantas mudanas

    fsicas que como se tentssemos trocar um pneu furado

    com o carro em movimento!

    Devido a essa dificuldade, s conseguimos escrever, sem

    esforo, na RAM do crebro.Assim, praticamente todas as informaes que absorve

    mos durante o dia so colocadas (de forma instvel, insisto)

    no sistema lmbico.

    Nossa RAM, porm, alm de voltil, muito pequena. Conseqentemente, no fim do dia, o crebro sente a ne

    cessidade de "resetar".

    36

  • Para isso, voc sente sono e adormece.

    Durante o sono, alternam-se perodos de sono profundo e

    momentos de intensa atividade (que pode ser detectada

    pelo eletroencefalgrafo, instrumento que mede a atividade

    eltrica do crebro).

    por isso que voc sente sono. Sono no a conseqn

    cia de um corpo cansado. 0 sono causado pela necessida

    de de esvaziar a RAM.

    o crebro pedindo: - Por favor, pare o carro que preciso

    trocar o pneu!

    Se colocarmos eletrodos em sua cabea na hora de ir dor

    mir, e gravarmos em papel a atividade eltrica do crebro,

    verificaremos uma queda significativa dessa atividade na

    passagem da viglia (acordado) para o sono profundo:

    Depois de algum tempo, porm, a atividade eltrica volta

    a se intensificar, apesar de voc ainda estar dormindo'

    Se voc for acordado nessa fase, provavelmente ir se

    queixar de ter tido um sonho interrompido.

  • Esse padro ir se repetir durante toda a noite, alternan

    do sono profundo e sonho.

    Na analogia do automvel, o sono profundo seria o "parar

    o carro" e o sonho o momento de "trocar o pneu", ou seja,

    durante a fase do sonho que feita a "manuteno" de

    seu crebro. E, tambm durante essa fase, uma boa parte do

    contedo da RAM simplesmente jogada na lata do lixo:

    Essas informaes nunca mais sero recuperadas.

    Se, porm, houve um preparo prvio durante o sono pro

    fundo, uma pequena frao do contedo da RAM enviada

    38

  • para o crtex, re-configurando redes neurais e sendo, assim,

    gravada de forma permanente.

    nesse momento que ocorre o "salvar"!

    - Mas, - voc poderia perguntar - o que vai para o lixo e

    o que vai ser salvo?

    Pois , esse o grande problema!

    A deciso do que vai para onde tomada com base na

    carga emocional, associada a cada fragmento de informa

    o e no carga racional.

    Explicando melhor: se voc, ao receber aquela informa

    o durante o dia, o fez de maneira alegre, prazerosa ou at

    muito triste, trgica, a emoo a ela associada far com que,

    durante o sonho noturno, ela seja gravada de forma perma

    nente.

    39

  • Entretanto, se a informao foi recebida com indiferena,

    tdio, de maneira a no abal-lo(a) nem positiva nem nega

    tivamente, com certeza ela ser descartada durante a noite.

    Voc j deve ter notado que algumas das coisas mais te

    diosas que ocorrem durante seu dia so justamente suas au

    las e por isso que so as primeiras a ir parar na lata do lixo!

    Se seu professor de geografia, por exemplo, der uma ma

    tria importantssima e, no meio da aula, contar uma piada,

    o que voc vai lembrar da aula depois de algumas semanas?

    Da piada!

    Esse o motivo pelo qual voc obrigado a estudar toda

    a matria o mais em cima da hora possvel para ter alguma

    chance de tirar uma nota razovel. 0 irnico que toda

    aquela matria j esteve em seu crebro e voc, ingenua

    mente, a deixou escapar durante a noite.

    No fundo, a rotina da esmagadora maioria dos estudantes

    brasileiros consiste em...

    40

  • ...assistir aula de dia... apagar a aula noite e...

    ...assistir aula de dia... apagar a aula noite e...

    ...assistir aula de dia... apagar a aula noite...!

    Dia aps dia. De repente... Prova!

    A, o "esperto" corre nos apontamentos, para os livros e

    carrega em sua RAM de forma desordenada e extremamente

    provisria um amontoado de informaes. Para se garantir

    prepara uma cola9 e...

    ...seja o que Deus quiser!

    0 pior que, agindo desse jeito, o "esperto" at conse

    gue nota! 0 trgico que, em seguida, ele esquece tudo!

    Conta um antigo cardeal brasileiro, dom Helder Cmara,

    que, ao passar por um grupo de alunos debruados sobre

    9) Examinando colas preparadas por alunos, verifica-se que muitos nem colas sabem preparar! No sabem diferenciar o essencial do acessrio. Outros, ento, chegam ao extremo de "xerocar" a cola de um colega!

    41

  • cadernos e livros no ptio da PUC de So Paulo (Pontifcia

    Universidade Catlica), foi interpelado por um dos estudan

    tes que pediu:

    - Eminncia, por favor, reze por ns para que no esque

    amos de nada na hora da prova!

    Sorrindo, dom Helder acenou que sim com .1 < .ihoa e, em

    seguida, foi surpreendido pelo pedido de outro estudante:

    - ...e reze para que a gente esquea tudo depois da

    prova!

    Dessa forma, estude apenas e exclusivamente para tirar

    nota numa prova e tente no abarrotar seu crebro com in

    formaes que, em sua gigantesca ignorncia, voce conside

    ra inteis!

    Depois, no venha se queixar de que ii.io conseguiu em

    prego, apesar de seu "EM-BI-EI"!

    - T bom! T bom - j ouo voc exclamar voc me

    convenceu! Como fao, ento, para no jogar us aulas de

    hoje na lata do lixo?

    Simples!

    ESTUDE POUCO!

    - Voc est louco? - j ouo voc gritar. - Estudar pouco?

    Mas meu pai, minha me, meus professores dizem 0 tempo

    todo que devo estudar mais!

    Exatamente! Esse um dos motivos pelo qual 0 sistema

    educacional do Brasil um dos piores do mundo!

    Estudo no questo de quantidade, mas de qualidade.

    Voc no deve estudar mais, deve estudar melhor.

    A comear pelo ttulo deste captulo.

    Quando?

    42

  • A resposta "pouco... mas todo dia"!

    Assim, as aulas do dia devem ser estudadas no mesmo

    dia, antes que se passe uma noite de sono!

    Durante anos vi alunos fracassarem em seus estudos (e

    em sua vida profissional) e vi alunos terem sucesso tanto

    durante sua fase de estudante quanto depois, no ambiente

    de trabalho.

    Qual a diferena? Contrariamente ao que pensa a maioria

    das pessoas, os que tm sucesso no so, necessariamente,

    os mais inteligentes. Alis, bom adiantar que essa histria

    de que existem pessoas com um maior ou menor grau de

    inteligncia besteira!

    0 que h, na realidade, so pessoas que aprendem a usar

    seu crebro e outras que o utilizam mal.

    - Mas - voc dir -, o que diferencia o vencedor do fracas

    sado?

    A resposta complexa, pois so vrios os fatores, mas se

    nos limitarmos apenas fase dos estudos, poderamos ima

    ginar o seguinte:

    Existe o momento da aula...

    43

  • ..e o m om ento do exame:

    0 vencedor o que estuda imediatamente depois da aula:

    0 vencedor o que estuda pouco, pois apenas o contedo de uma manh (ou uma tarde) de aula que o seu crebro deve absorver.

    Ao estudar antes da fase do sono, ele est avisando seu crebro de que aquele assunto foi alvo de ateno; conseqentemente, no dever ser jogado na lata do lixo na hora de limpar o sistema lmbico.

    44

  • 0 fracassado, por sua vez, o que estuda o mais perto possvel do exame:

    0 lema do vencedor :

    AULA ASSISTIDA HOJE AULA ESTUDADA... HOJE!

    Se voc assistir aula pela manh, dever estudar tarde. (E no num outro dia!)

    Se voc assistir aula tarde, dever estudar noite. (E no na manh seguinte!)

    45

  • Se voc assistir aula noite, dever ir dormir uns 40 minutos mais tarde; mas, em qualquer caso, no durma antes de estudar as aulas daquele dia.

    Se voc estiver estudando em uma escoLa ou faculdade que tenha um mnimo de seriedade, nenhuma aula ser dada sem que os alunos recebam uma orientao do que estudar para poder fixar o essencial da aula. Essa "tarefa" no uma forma de sadismo para estragar suas horas de folga. , ao contrrio, uma parte to essencial do processo que eu ousaria dizer que to ou at mais importante que a prpria aula!

    momento da AULA momento da PROVA

    Se voc criar esse hbito (estudar pouco, mas TODO DIA), ir verificar, em pouco tempo, que o que voc estudou no fica retido apenas o tempo suficiente para, mal e porcamen

    aluno INTELIGENTE estuda o mais perto

    possvel da AULA

    aluno DESORIENTADOestuda o mais perto possvel da PROVA

  • te10, descarregar num papel na hora da prova.

    Voc vai perceber que as informaes e as habilidades que adquiriu estudando nesse ritmo iro ficar em sua mente PARA 0 RESTO DA VIDA!

    Agora imagine, por exemplo, que voc queira, daqui a trs anos, tornar-se governa

    dor da Califrnia.

    Para se preparar para esse objetivo, voc entra numa academia de musculao. Seu treinador o informa que, para adquirir um f sico como o do Mister Schwarze- negger, ter de fazer mil horas de musculao. Entretanto, o fisioterapeuta o alerta de que seu corpo s ir agentar 1 hora de muscu

    lao por dia.

    claro que se trata de algo para daqui a uns trs anos.0 que uma pessoa inteligente e determinada faria? Come

    aria hoje para estar pronta daqui a trs anos!0 que um idiota faria?0 idiota esperaria mais de dois anos sem fazer nada e, nos

    10) Essa expresso, a rigor, "mal e parcamente", ou seja, mal e de forma insuficiente. Agradeo aos Leitores das edies anteriores, que me alertaram, mas, na realidade, o porcamente (de "porco", "porcalho") foi intencional.

    47

  • ltimos cem dias, tentaria fazer dez horas de musculao por dia! Claro que isso acarreta num resultado desastroso.

    Qual a diferena?Um deles respeitou os limites de seu corpo (> conseguiu o

    resultado planejado. 0 outro no quis nem saber de seus limites, apesar dos alertas.

    Pois , seu crebro um instrumento fanlastico, capaz de armazenar uma quantidade imensa de informaes, capaz de adquirir as habilidades que voc desejar, capaz de se tornar cada vez mais inteligente, MAS...

    ...UM POUCO DE CADA VEZ!

    Repito: Aula assistida hoje aula estudada... hoje!HOJE, ou seja, antes que se passe uma noite do sono, ou

    antes que se passe um longo perodo de sono.Quero deixar isso bem claro, pois so vo< uma daquelas

    pessoas que assiste aula pela manha, almoa, o d um cochilo de 15 ou 20 minutos, no tenho nada contra!

    Agora, se voc for uma daquelas pessoas que lm o pssimo hbito de dormir uma, duas, ou at mais horas tarde... esquea o estudo depois! As aulas j foram parar no lixo!

    Resumindo, ento: estudar pouco, mas todo dia!- Todo dia? - j ouo as lamrias e os grilos de protesto.Calma, a rigor no todo dia. Existe um dia no qual voc

    nunca deve estudar!- Quando? No sbado? No domingo?...No!

    NUNCA NA VSPERA DA PROVA!

    48

  • QUANTOSTUDAR?

    It is possible to store the mind with a million facts and stiil be en-

    tireiy uneducated.11 Alec Bourne

    Esta a parte mais difcil. Se voc entendeu que tem de estudar todo dia, j sabe "quanto" estudar:

    Pouco!- Mas quanto esse pouco? Dez minutos, uma hora, cinco

    horas?A resposta pode parecer estranha, mas a que realmente

    funciona:Quanto?... Voc vai descobrir. Ou seja, ao criar o hbito

    de estudar todo dia, voc ir perceber, ao se auto-avaliar algumas semanas depois, que houve dias em que estudou demais ("choveu no molhado") e outros nos quais estudou de menos.

    Em poucos dias ou, no mximo, em poucas semanas, voc vai encontrar o ritmo correto.

    11) possvel abarrotar a mente com milhes de fatos e, mesmo assim, ser completamente iletrado.

    49

  • Com certeza, porm, ser pouco estudo quando comparado com aquelas "rachaes" de vspera de prova que alguns costumam fazer.

    No fundo, voc deve se perguntar, ao encerrar um perodo de estudo: - Daqui a alguns anos, quando meu Jilho tiver uma dvida nessa matria, vou poder ajud-lo ou vou passar vergonha?

    Porque, lembre-se, aprender reter para sempre e no para daqui a pouco.

    claro que, se num momento de insegurana, voc pegar nos livros na vspera da prova, sentir a enorme diferena entre "rachar" e "revisar".

    Agora, dois cuidados importantes devem ser tomados.

    As armadilhasEm primeiro lugar, lembre-se de que todos ns temos a

    tendncia de nos dedicarmos mais quilo que mais gostamos e no qual nos sentimos cada vez mais seguros.

    No entanto, temos a tendncia de deixar de lado justamente aquilo em que temos mais dificuldade.

    Conseqentemente, se no tomarmos cuidado, teremos a tendncia de nos tornarmos cada vez melhores naquilo em que j somos bons e cada vez piores naquilo em que j temos deficincias.

    0 dia em que voc ouvir frases do tipo:- Eu no preciso saber matemtica: eu sou da rea de

    humanas!Ou ento:

    50

  • - Odeio ter literatura, mas no me preocupo com isso, e nem preciso disso, afinal sou de exatas!

    Saiba que voc est Lidando com pobres coitados que caram nessa armadilha.

    Quantos rounds?Em segundo lugar, bom saber que as clulas do crebro,

    encarregadas de formar os circuitos que permitem reter conhecimento, so os neurnios.

    nFNDRITOS

    SINAPSES

    OUTRONEURN

    MIELIN

    NUCLOLO

    51

  • Um neurnio, no fundo, um fantstico dispositivo ele- tro-qumico que funciona como uma chave que permite, dependendo de determinadas condies, a passagem de um pulso eltrico para outros neurnios, abrindo ou fechando circuitos.

    Ele recebe informaes atravs dos dendritos e, dependendo da intensidade com a qual elas chegam, dispara um pulso eltrico, atravs do axnio, para ativar os dendritos de um outro neurnio por meio de ligaes denominadas sinap- ses.

    No neurnio h algumas substncias qumicas essenciais ao seu funcionamento que, em caso de utilizao intensa, podem se esgotar em 30 ou 40 minutos.

    Para que possa continuar desempenhando seu papel no crebro, necessrio que tenha tempo para se recompor, ou seja, se reabastecendo daquelas substncias, cuja falta o haviam tornado ineficiente.

    Essa ineficincia pode ser percebida por um fenmeno muito freqente: voc j est estudando h um bom tempi- nho e, de repente, comea a ler um texto qualquer.

    Sem que voc perceba sua ateno desviada para outra linha de pensamento, mas, paradoxalmente, voc continua lendo!

    Mas, ao chegar ao final do texto, voc o olha perplexo e se pergunta: - Cus, o que eu li?!

    que, antes da leitura, j estava na hora de um pequeno descanso.

    - Mas - voc pergunta - quanto tempo devo descansar?Bem, voc poderia comear com meia hora de estudo e

    uns dez minutos de intervalo.

    52

  • Na meia hora de estudo se concentrar ao mximo, fazendo a tarefa e no se livrando dela!

    Nos dez minutos de intervalo, entre uma meia hora e a seguinte, o ideal uma atividade fsica como, por exemplo, um alongamento ou uma curta caminhada ou, quem sabe, um pouco de ginstica ou ainda tocar algum instrumento musical.

    Porm, em hiptese alguma, utilize algum equipamento que tenha tela!

    Sim, sim, estou falando em televiso, videogame e computador.

    Nunca, nunca deixe essas trs coisas interferirem em seus estudos.

    - Mas - j ouo perguntar - se eu precisar usar o computador para uma pesquisa na internet?

    Sobre isso, ns vamos ter uma conversa muito sria num captulo mais adiante!

    0 ritmo correto, portanto, ser:

    Meia hora de estudo...Dez minutos de intervalo...Meia hora de estudo...Dez minutos de intervalo......e assim por diante.

    Com o correr do tempo, aps criar esse hbito, voc poder fazer alguns ajustes.

    Como cada pessoa tem um ritmo prprio, pode ser que essa meia hora possa ser esticada para 40 ou at 50 minutos. (Mas no passe disso!)

    53

  • Pode ser que o intervalo possa ser ampliado para uns 15 ou 20 minutos. (Mas, insisto, no passe disso!)

    Tome conscincia de que essa a parte realmente importante de sua vida escolar.

    No Brasil, infelizmente, criou-se uma cultura estranha que focaliza a aprendizagem na sala de aula.

    Isso um equvoco.

    NA AULA VOC NO APRENDE... NA AULA VOC ENTENDE

    Voc s consegue aprender de verdade quando estiver sozinho!

    Existe um velho ditado chins que diz:"Quando voc vir um homem com fome, no lhe d um

    peixe... ensine-o a pescar!"

    E justamente nos momentos de isolamento, estudando sozinho, sem nenhum professor por perto que possa Lhe dar um peixe... que voc aprende a pescar!

    54

  • Por incrvel que possa parecer, mais importante o tempo que voc passa estudando sozinho do que aquele que voc passa assistindo s aulas!

    55

  • COMOESTUDAR?

    Training is everything. The peach was once a bitter

    amond; caulifiower is nothing but cabbage with a college education,12

    Mark Twain (1835-1910)

    Ao Longo de minha carreira como professor, j me defrontei com muitos aLunos que, mesmo tendo o hbito saLutar de estudar diariamente, apresentavam grandes dificuldades para reter a matria.

    Por qu?A razo simpLes: eLes sabiam quando e quanto estudar,

    mas no sabiam como!Vamos descobrir, agora, "como" estudar.13Neste captuLo, vamos discutir o estudo ps-auLa.Como j vimos, eLe deve ocorrer entre a auLa e o sono

    noturno.

    12) Treinamento tudo. 0 pssego j foi uma amndoa amarga; a couve-flor nada mais do que um repolho com nvel universitrio.

    13) Antes de mais nada, importante fazer uma distino: assistir aula uma coisa, estudar outra.

    57

  • As distraesVoc deve estar em um local sossegado, confortvel e

    que permita concentrao.Por isso... nada de TV e rdio!- Mas no posso estudar ouvindo msica?Pode, mas vamos entender algo muito importante com

    relao ao funcionamento de seu crebro: a transmisso de um pulso eltrico, de um neurnio para outro, absurdamente mais vagarosa do que na fiao de um computador.

    Conseqentemente, para superar essa "lerdeza", o nosso crebro usa um truque que, em informtica, chamado de "processamento paralelo".

    Isso significa que vrias partes do crebro conseguem realizar tarefas diferentes e ao mesmo tempo. Um ser humano consegue guiar um automvel, mascando chiclete, ouvindo msica no rdio e ainda conversando com o passageiro.

    Analisando com detalhes o crebro de um ser humano no-canhoto14 vemos que cada uma das metades (denominadas "hemisfrios cerebrais") se especializou em realizar tarefas especificas.

    Imagine um crnio visto de cima: no hemisfrio esquerdo, temos os mdulos cognitivos Lingstico e o Lgico-matemtico; no direito localizam-se o Musical e o Espacial:

    14) Em alguns canhotos, a distribuio das funes pode ser um pouco diferente.

  • 1: Lingstico 2: Lgico-matemtica

    3: Musical 4: Espacial

    Como voc j deve ter suspeitado, ao estudar as matrias da escola voc utiliza mais os mdulos 1, 2 e 4.

    Portanto, se estudar ouvindo msica instrumental (sem que algum cante num idioma que voc conhea), no apenas o mdulo 3 no vai interferir com os outros, como at ajudar a abafar outros rudos do meio ambiente que poderiam atrapalhar sua concentrao.

    - Mas... e se eu quiser ouvir uma banda de rock que tenha um vocalista?

    Que seja rock hngaro, pois se o vocalista cantar num idioma compreensvel (hngaro absolutamente incompreensvel, a no ser para os prprios hngaros...e mesmo assim com ressalvas!), a letra da msica ir interferir no mdulo 1, distraindo sua ateno daquilo que voc possa estar lendo ou escrevendo.

    - Bem, at agora vi o que no para fazer.Mas, ento, o que devo fazer?

    59

  • O velho ditado chinsPara saber o que fazer, basta lembrar um antigo provrbio

    chins:

    Se eu escuto... esqueo!

    Se eu vejo... entendo!

    Se eu FAO... aprendo!

    60

  • Todo segredo est a!Para estudar, indispensvel estudar fazendo.No adianta nada ficar olhando para um livro aberto de

    forma passiva ou, quando muito, marcando com uma caneti- nha "amarelo-fosforescente" os trechos de um texto que voc tenha achado interessantes.

    Nunca estude sem ter um lpis em atividade sobre um pedao de papel.

    Se o objeto de estudo for um texto de histria, por exemplo, no se Limite a l-lo ou, pior, em tentar decor-lo.

    Ao contrrio, descubra quais os conceitos e fatos mais importantes (aqueles que voc marcaria com a canetinha amarela) e escreva-os numa folha de papel.

    0 prprio ato de escrever que permite uma maior fixao posterior durante a noite.

    A rigor, o papel pode ser jogado no lixo em seguida, pois o que importa no o que est gravado nele, mas sim o que foi gravado em sua mente. Se voc no quiser ser ecologicamente incorreto, pode substituir o lpis e papel por giz e uma pequena lousa.

    Importa o ato de escrever e no o que est escrito.Se voc estiver estudando na praia, escreva na areia.A mar, ao subir, apagar o que est na areia, mas no o

    que voc gravou no crebro no ato de escrever.Agora, um cuidado! Como j vimos:

    DIGITAR NO ESCREVER!

    No adianta nada ficar fazendo resuminhos no editor de texto! Eles ficaro gravados no HD do computador e no no seu HD!

    61

  • Voc j se perguntou qual a matria mais fcil de aprender?

    Pense um pouco......isso mesmo: matemtica!Se voc no concorda com isso releia, por favor, a

    pergunta. No perguntei qual a matria mais fcil de entender.

    Alis, em certos assuntos, matemtica at bem difcil de ser entendida.

    Mas, uma vez entendida, se torna fcil de ser aprendida! Estudar matemtica fazer, fazer e fazer!

    Por outro lado, h pessoas que acham que o estudo de Histria simples porque, durante as aulas, entendem tudo. Depois se queixam de que no conseguem guardar o que aprenderam.

    Na realidade, no aprenderam, s entenderam.Para realmente aprender Histria, no basta assistir

    aula e, depois, ler um captulo do livro. necessrio ter Lpis e papel e escrever as palavras-chave, os trechos mais significativos.

    No h necessidade de se fazer um resumo completo, mas importante escrever, de forma at esquemtica, os pontos mais importantes.

    62

  • O autodidataMas vamos agora recordar um instante o velho ditado:

    Se eu escuto... esqueo!

    Se eu vejo... entendo!

    Se eu FAO... aprendo!

    Agora, pense um pouco no que voc faz (ou deveria fazer) nas horas de aula e nas horas de estudo.

    Note que, durante as aulas, normalmente voc ouve e v e pouco faz. Isso significa que, durante a aula, se muito, voc entende.

    Depois, no momento do estudo, que voc tem a chance de fazer.

    Fazer por ocasio da resoluo de problemas, fazer enquanto estiver elaborando o resumo de um texto, fazer ao escrever e desenhar.

    Por isso, no momento do estudo que voc aprende, ou seja, prepara as condies para que suas redes neurais, naquela mesma noite, se re-configurem alterando fisicamente a estrutura de seu crebro.

    Suponho que nesse momento voc tenha percebido qual o verdadeiro papel de um professor.

    63

  • 0 bom professor no d aula para fazer o aluno aprender.

    Ela d aula para fazer o aluno entender a matria e, prin

    cipalmente, para faz-lo gostar do que est sendo apresen

    tado.

    Na realidade, o nico professor capaz de fazer um aluno

    aprender... o prprio aluno!

    Lembre-se: ningum aprende coisa alguma se no for au

    todidata, ou seja, professor de si mesmo.

    Quando, em conversa com mes de alunos, ouo frases do

    tipo:

    - Minha filha estuda de manh e vai escola aprender.

    Eu costumo corrigir dizendo:

    - A senhora acaba de cometer dois equvocos: sua fitha

    no estuda de manh. Ela assiste s aulas pela manh! Alm disso, ela no freqenta as aulas para aprender! Ela as assis

    te para entender.No outro perodo que a senhora poderia dizer:

    - Minha filha estuda tarde e vai para casa aprender.

    Repito: para aprender de verdade, s sendo autodidata!

    Se voc conseguir se transformar em autodidata, nunca

    mais vai ter dificuldade com qualquer assunto.

    - Qualquer assunto, hein? E matemtica? Que no me

    entra na cabea de jeito nenhum!

    Ora, se matemtica no entra na sua cabea porque

    voc estudou de forma errada at hoje.

    E a matemtica a matria que mais sofre com a forma

    errada com a qual todo mundo estuda. Vamos entender

    isso.

    Digamos, por exemplo, que eu esteja dando um curso de

    histria.

    64

  • Faa de conta que isso signifique construir, na cabea

    dos alunos, um condomnio de casas.

    Se a forma errada de estudar na vspera das provas fizer

    uma das casas ruir (a do Egito Antigo, por exemplo), nada

    impede de construir, no terreno ao lado, uma boa Revoluo

    Francesa.

    No entanto, em um curso de matemtica, tambm tenta

    mos construir um condomnio. Porm, em matemtica, o

    condomnio de apartamentos.

    65

  • Se o 6o andar, da lgebra, por exemplo, no for constru

    do, jamais conseguiremos levar adiante o 7o, o 8o etc.

    Em matemtica, as pessoas no tm dvidas... tm

    dvidas!

    Sempre h algum ponto, no passado, em que a constru

    o parou.

    - Quando parou?

    Quando voc deixou de estudar para aprender e comeou

    a estudar para tirar nota numa prova... o prdio parou!

    0 pior erro que algum pode cometer desistir de apren

    der o que quer que seja apenas porque encontrou alguma di

    ficuldade. Matemtica no consegue entrar em sua cabea?

    Procure ajuda de algum, principalmente para descobrir

    em que andar seu "prdio" parou, e retome as coisas a partir

    desse ponto. Voc ver que conceitos que pareciam grandes

    mistrios se tomam at banais!

    Portanto, agora que voc entendeu:

    1. POR QUE ESTUDAR;

    2. QUANDO ESTUDAR;

    3. QUANTO ESTUDAR;

    4. COMO ESTUDAR;j est de posse de uma das mais importantes ferramen

    tas para se tornar cada vez mais inteligente.

    - 0 qu? Tem mais? S isso no suficiente?

    Claro que no! Vamos, na prxima parte deste livro, avan

    ar um pouco mais, vendo outras ferramentas.

    66

  • Parte 2

    ACELERANDO^ OS

    NEURONIOS

  • COMO SE TORNAR MAIS

    INTELIGENTE?The test of a first-rate intellingence is

    the ability to hotel two opposed ideas in the mind at the same time, and still ra

    tain the abitity to function.15 F. Scott Fitzgerald

    (1896-1940)

    Antes de discutir se possvel, e como se comportar para

    conseguir um aumento no seu nvel de inteligncia, h uma

    pergunta que deve ser formulada:

    O que inteligncia?Inteligncia uma qualidade de nosso crebro um pouco

    difcil de ser definida. Numa primeira tentativa de definio,

    poderamos defini-la como a "habilidade em descobrir re

    gras", mesmo que elas estejam ocultas.

    Vamos exemplificar para entender melhor.

    Se algum lhe fornecer a seqncia:

    1,3,5,7,9,...

    15) 0 teste para uma inteligncia de primeira linha consiste na habilidade de reter na mente duas idias opostas e, mesmo assim, conservar a habilidade de funcionar.

    69

  • e perguntar o que colocar no lugar das reticncias (...),

    com certeza voc responder 11!

    Agora, se algum perguntar "Por que 11?", voc pode dar

    vrias respostas:

    1) A seqncia de nmeros mpares e o prximo mpar,

    depois do 9, o 11.

    2) Os nmeros pulam de 2 em 2; portanto, o prximo

    9+2=11.

    3) 0 n-simo nmero da seqncia dado pela expresso:

    2n-l0 "9", por exemplo, o 5o nmero da seqncia; portan

    to, como n=5, ento:

    2n-l=2(5)-l=9

    As reticncias esto no lugar do 6o, ento: n=6. Portan

    to:

    2n-l=2(6)-l=12-l=ll

    ...e assim por diante.

    Note que a explicao do "porqu" depende de conheci

    mento, enquanto o fato de responder 11 depende da inteli

    gncia.

    Pode at acontecer que uma pessoa muito inteligente,

    mas de baixo nvel de conhecimento, responda corretamente

    a uma srie de perguntas do tipo exemplificado e que, ape

    sar disso, no saiba dizer o porqu de suas respostas!

    claro que as situaes a respeito das quais voc deve

    ser capaz de descobrir as regras no so, necessariamente,

    seqncias numricas.

    70

  • Pode ser que voc acabe descobrindo que, por exemplo,

    no conversar durante a aula e prestar ateno no que o

    professor est explicando, por incrvel que parea (!!), faz

    com que voc entenda melhor o assunto (incrvel, no ?!);

    ou, talvez, depois de levar vrios "foras", pode ser que aca

    be descobrindo qual a melhor regra para arrumar um (a)

    namorado(a).

    Essa habilidade o que costumamos chamar de intelign

    cia, virtude essa que, como estamos vendo, pode ter vrios

    aspectos.

    Inteligncias mltiplasNa realidade, hoje em dia, fala-se muito em "intelign

    cias mltiplas". Chega-se, at, a enumerar sete. (E h fortes

    suspeitas de que existam mais!)

    "Inteligncia", porm, uma s, desenvolvida, harmo

    niosamente, em todas as suas facetas, sejam elas quais e

    quantas forem.

    71

  • 0 mais correto seria falar em "mdulos cognitivos" e no

    em "inteligncias".

    Se voc est curioso em saber quais so as sete facetas

    bsicas da inteligncia humana, vamos enumer-las e des-

    crev-las rapidamente.

    Lingstica

    a que permite a recepo e

    transmisso da "palavra", seja

    ela falada, escrita ou at "gesti

    culada," como o caso dos si

    nais utilizados pelos deficientes

    auditivos.

    Quem consegue, por exem

    plo, entender o "internetiqus" est usando (muito mal, di

    ga-se de passagem) seu mdulo cognitivo lingstico.

    Lgico-matemtica

    a que permite estabelecer relaes de causa e efeito,

    possibilitando a manipu

    lao, inclusive, de rela

    es numricas, como a

    que foi citada h pouco.

    Muitos pensam que a

    matemtica difcil. Na

    realidade, o que complica

    a vida das pessoas a fal

    ta de lgica.

    72

  • Musical

    a faceta da inteligncia

    humana que faz com que se

    jamos capazes no apenas

    de produzir boa msica, seja

    tocando um instrumento ou

    cantando, mas faz, princi

    palmente, com que possa

    mos ouvi-la, aprimorando

    cada vez mais nosso gosto.

    E lembre-se: talento se

    aprende! Inclusive o talen

    to musical!

    Espacial

    a habilidade em se

    orientar no espao, ima

    ginar objetos e saber re

    lacionar uma planta ou

    um mapa com o objeto

    real nela representado.

    Qualquer pessoa deve

    saber, no mnimo, para

    onde aponta o norte, em

    qualquer momento e em

    qualquer lugar. Se ela

    no souber, uma "des

    norteada"!

    73

  • Psicocintlca

    a habilidade que permi

    te dominar o prprio corpo e

    seus movimentos. Voc ca

    paz de escrever tanto com a

    mo esquerda quanto com a

    direita?

    Voc tem boa pontaria?

    Sabe andar de bicicleta ou de

    patins? Em quanto tempo

    voc capaz de separar as

    cartas pretas das vermelhas

    de um baralho?

    Voc consegue fazer uma

    mo girar no sentido horrio

    e a outra no anti-horrio?

    Interpessoal

    a faceta da inteligncia

    que permite seu relaciona

    mento com outras pessoas.

    Se voc j ouviu ex

    presses como "liderana",

    "carisma", "trabalho em

    equipe" etc., saiba que elas

    se referem justamente a esse

    tipo de mdulo cognitivo.

  • Intrapessoal

    A famosa frase usada pelos fil

    sofos gregos:

    TvcoGi Zeamv

    "conhea a si mesmo" refere-se

    justamente a esse tipo de habilida

    de.

    Essa ltima faceta , talvez, a mais importante, pois

    quanto mais voc se conhecer, mais vai poder se desenvol

    ver.

    Como voc deve lembrar, j comentamos a armadilha na

    qual caiu o(a) pobre coitado(a) que diz absurdos do tipo "eu

    no gosto de matemtica e nem preciso dela; eu sou da rea

    de humanas!"

    Pois se trata de algum que achou muito mais cmodo e

    gratificante dedicar-se mais quelas facetas de sua inteli

    gncia, nas quais encontrava mais facilidade, negligencian

    do as que requeriam algum esforo.

    Esse tipo de preguia (sim, trata-se de preguia mental e

    no "falta de trabalho", "falta de vocao" ou outra descul

    pa esfarrapada qualquer) produz pessoas com deficincias

    mentais permanentes.16

    Portanto... cuidado! No caia nessa armadilha!

    16) No confunda, como muitas pessoas fazem, infelizmente, deficincia mental (crebro sadio e mente mal-estruturada) com deficincia neurolgica (tecido cerebral com problema).

    75

  • Conversei, uma vez, com uma pedagoga (cujo nome omi

    tirei por compaixo) que teve um papel importante numa

    das freqentes (e ineficientes) reestruturaes que o Minis

    trio de Educao (MEC) promove periodicamente.

    L pelas tantas ela me sai com a seguinte prola:

    - Eu nunca consegui aprender matemtica, fsica e qumi

    ca, e isso no me fez a menor falta, pois hoje, apesar disso,

    sou uma mulher extremamente bem sucedida!

    Alm de admitir ser uma deficiente mental... tem orgulho

    disso! E o pior que a educao brasileira est na mo de

    pessoas desse tipo!

    Portanto, lembre-se: voc deve desenvolver todas as fa

    cetas de sua inteligncia, sem deixar nada de lado. Por isso

    que o mdulo intrapessoal, ou seja, a habilidade da auto-

    anlise, talvez seja o mais importante, pois o que desen

    cadeia a melhoria dos outros.

    Afinal, ao se auto-analisar, que voc pode tomar cons

    cincia de suas falhas, onde se localiza sua deficincia. E,

    conseqentemente, poder planejar as medidas necessrias

    para diminu-la.

    Acho que, a essa altura, voc j percebeu que se tornar

    mais inteligente, no fundo, se tornar menos burro!17

    Agora, uma coisa que voc deve colocar em sua cabea

    como a mais importante de todas:

    S DEPENDE DE VOC!

    17) Ignorante o que no sabe... burro o que no quer saber!

  • OS CINCOPASSOS

    A journey of a thousand miles begins with a single step.is

    Lao-tzu (604 a.C. - 531 a.C.)

    Vamos ver agora quais so os cinco passos que podem

    torn-lo cada vez mais apto a sobreviver nesse maluco scu

    lo XXL

    Primeiro passo: ACREDITAR- Acreditar? 0 que isso

    significa? - voc pergunta.

    ACREDITAR que dizer,

    em primeiro lugar, acre

    ditar nas prprias falhas

    mentais.

    Em segundo lugar, sig

    nifica acreditar que seja

    possvel elimin-las.

    18) Uma jornada de mil milhas comea com um nico passo.

    77

  • Acreditar que seu crebro o mais fantstico e poderoso

    computador que existe na face da Terra.19

    Acreditar que qualquer pessoa neurologicamente saud

    vel (ou at razoavelmente saudvel) capaz de desenvolver

    qualquer tipo de habilidade e competncia.

    claro que se voc for daltnico, jamais conseguir um

    emprego na indstria da moda para decidir sobre cores que

    combinam.

    Existem algumas limitaes intransponveis.

    As mais terrveis e nocivas, porm, so as que so auto-

    impostas ("jornais vou conseguir me orientar") ou as que

    foram colocadas por um professor imbecil ("filho, vai fazer

    engenharia, pois voc jamais ser capaz de escrever um texto

    que preste" ou, ento, "esquea entrar para a vida artstica,

    voc muito desafinada").

    19) Trs pesquisadores, James Frye, Rajagopal Ananthanarayanan e Dhar- mendra S. Modha, do IBM Almaden Research Lab e da Universidade de Nevada, para simular o funcionamento de meio crebro de ca- mundongo no supercomputador BlueGene L, tiveram de utilizar, para tanto, mais de 4 mil microprocessadores de alta velocidade com um quarto de gigabyte de memria cada um. Tudo isso para MEIO CREBRO DE CAMUNDONGO. Imagine a que fantstica rede de computadores eqivale SEU crebro!

  • Livre-se dessas horrveis etiquetas que voc mesmo, ou

    algum, colocou em sua testa.

    Lembre-se: voc e seu crebro so capazes de qualquer

    coisa!

    s querer.

    Por exemplo, quando comecei, h muitos anos, a dar aula

    num curso pr-vestibular em Campinas (SP), os alunos me

    pediram para, alm de dar aula de fsica, lecionar outra dis

    ciplina.

    Para minha surpresa, a outra disciplina, muito importan

    te para os vestibulares da poca, no era nem qumica (alm

    de fsico, sou qumico industrial) nem matemtica (todo f

    sico sabe quase tanta matemtica quanto um matemtico).

    Nada disso! Eles queriam que eu os preparasse para o

    exame de nvel mental!

    Esse exame media, justamente, o nvel de inteligncia do

    candidato com questes como a que est a seguir:

    Aceitei a tarefa e comecei a trabalhar nisso com alguns .

    alunos.

    79

  • Meus colegas me chamaram de lou

    co!

    - Imagine! - tive de escutar. - Um

    burro sempre ser um burro! Seus es

    foros no vo dar em nada.

    Pois deram! Consegui fazer alunos

    adquirirem raciocnio cada vez mais

    rpido, gil e criativo!

    Questes como esta...

    ...passaram a ser respondidas de maneira cada vez mais

    rpida e correta! Aqueles alunos, posteriormente, se saram

    muito melhor que o esperado no exame de nvel mental.

    Apesar dessa experincia, que me convenceu de que era

    possvel, passei vrias dcadas sendo uma voz clamando no

    deserto! Apenas recentemente, com o avano do estudo em

    neurocincias, o mundo acadmico comeou a admitir a

    possibilidade de aumentar e re-configurar a inteligncia de

    um ser humano.20

    20) Pesquise a respeito do trabalho, entre outros, do psiclogo Anders Ericsson, da Universidade da Flrida (EUA)

  • Portanto, acredite, possvel!

    Aproveite para matar esta tambm:

    Se a figura ao lado for recortada e dobrada, apenas um dos cubos abaixo poder ser montado. Qual?

    Segundo passo: EVITAR BURRICE

    Existem algumas coisas que, alm de no

    estimularem a inteligncia, a embotam!

    Veja as mais importantes.

    Drogas:

    Alm das proibidas (maconha,

    cocana e companhia), voc deve

    evitar ao mximo as "permitidas"

    (lcool e tabaco).

    Alm de reduzirem, de forma

    mais ou menos intensa, a rapidez

    81

  • e Lucidez do raciocnio, elas produzem danos permanentes.

    Isso significa no s que o funcionamento do crebro

    seriamente afetado enquanto a pessoa est sob o efeito da

    droga, mas tambm que a deficincia mental vai se transfor

    mando numa deficincia neurolgica irreversvel!

    H um provrbio chins que diz:

    "Todo prazer vem associado a uma dor. 0 verdadeiro

    prazer aquele no qual a dor vem antes".

    Pense um pouco.

    Voc se esfora e se sacrifica (dor antes) para corrigir al

    gumas deficincias. Ao obter o que queria, voc comea a

    ter sucesso onde antes fracassava (prazer depois).

    Agora vamos ver o oposto.

    Voc fuma maconha (prazer antes) e se torna um imbe

    cil que s no baba no olho graas lei da gravidade (dor

    depois).

    Captou a mensagem?

  • Televiso:

    Na segunda metade do

    scuLo XX, um laboratrio

    farmacutico alemo (Gr-

    nenthal) inventou um re

    mdio fantstico para evi

    tar o enjo que acomete

    algumas mulheres no incio

    da gravidez. 0 remdio cumpriu o que tinha prometido: as

    grvidas no sentiram enjo. Passados alguns meses, porm,

    descobriu-se uma coisa horrvel! As crianas comearam a

    nascer sem braos, sem pernas ou sem olhos!

    Esse remdio chama-se Talidomida e, at hoje, existem

    hospitais que abrigam as "vtimas da Talidomida".

    Aquilo, que parecia ser um remdio fantstico, acabou se

    revelando o pior dos pesadelos!

    Pois bem: nessa mesma poca, comeou a se disseminar

    um meio de comunicao fantstico: a televiso. Ela surgiu

    para divertir, educar, informar, entreter e... imbecilizar, da

    forma mais absoluta!

    A televiso a talidomida mental do sculo XX!

    Observe que no estou falando do nvel e do contedo da

    programao. Estou falando da televiso em si, como instru-

    83

  • mento de comunicao. 0 mais instrutivo documentrio do

    canal educativo pode vir a ser to imbecilizante quanto um

    "teste de fidelidade" ou outra baixaria qualquer!

    Eu sei que isso parece paradoxal, mas a explicao sim

    ples: esse efeito imbecilizante se deve, primordialmente, a

    dois fatores.

    Um comportamental: como a televiso, infelizmente,

    est o tempo todo ligada nos lares e nos locais pblicos, as

    pessoas se sentem no pleno direito de no prestar ateno

    nela e at de conversar entre si enquanto algum, na teli-

    nha, est se esforando para captar sua ateno.

    Instintivamente, esse comportamento acaba sendo ado

    tado sempre, seja num cinema, num templo, numa confern

    cia ou numa aula. muito comum ouvir pessoas conversan

    do em uma sesso de cinema e falando alto!

    Durante algumas palestras que realizei em escolas, por

    exemplo, j me aconteceu, vrias vezes, de ver um pai ou

    uma me atendendo ao celular e conversando em voz alta

    enquanto estou falando!

    No meio de uma palestra para vrios secretrios munici

    pais de educao, no sul do Brasil, bem no meio do ponto

    mais importante de uma explicao, duas pedagogas come

    aram a bater papo em voz alta sobre assuntos particulares!

    J que podemos ser mal-educados com a televiso (pois

    ela no se ofende), passamos a ser mal educados sempre.

    Isso faz com que, por exemplo, minidondoquinhas fteis

    e estpidas se permitam conversar e fofocar durante uma

    aula como se estivessem no sof de sua sala.

    E nem sequer tm conscincia de quo vulgar e imbecil

    esse seu comportamento. Isso faz com que as vidiotas pro

    84

  • duzam interrupo da aula, j que o professor obrigado a

    chamar a ateno ou, pior ainda, se o professor tambm for

    um vidiota que no se importa com o zunzunzum do rudo

    de fundo, ir permitir a ftil fofoca, prejudicando o nvel de

    ateno dos outros alunos.

    0 segundo fator mental. A televiso substituiu a mais

    til, divertida, fantstica e maravilhosa forma de lazer:

    leitura.

    C O O 0~|

  • muito mais fcil ligar a TV do que abrir um livro. Moral

    da histria: j foram criadas, pela TV, pelo menos trs gera

    es com grandes porcentagens de analfabetos funcionais.21

    Como todo analfabeto funcional , por definio, algum

    com srias deficincias em sua formao, acabamos de de

    monstrar o efeito extremamente malfico da TV.

    Um exame mundial, realizado em 2003, demonstrou que

    os estudantes brasileiros tinham, basicamente, um nico

    problema que justifica o catastrfico resultado obtido:

    NO SABEM LER!

    Existem outros, mas

    acho que, por enquanto,

    esses dois fatores so su

    ficientemente preocupan

    tes para que voc pense

    bem, antes de tocar na

    quele botozinho do con

    trole remoto.

    Gamos:Existem alguns jogos que ro

    dam no computador ou num

    console de videogame que po

    dem at estimular o desenvolvi

    mento de algumas habilidades.

    21) Um analfabeto funcional algum que consegue transformar letras em sons, mas no em idias.

    86

  • Por exemplo, voc o Teseu da mitologia grega e est

    percorrendo o labirinto procura do Minotauro.

    Ao se sentir perdido, voc tecla F1 (ajuda) e aparece uma

    planta do labirinto indicando onde voc est, para onde est

    olhando, quais os pontos cardinais e onde est o monstro.

    Nesse momento, voc comea a melhorar sua inteligncia

    espacial.

    Com certeza, depois de jogar vrias vezes, poder ler um

    mapa rodovirio durante uma viagem com muito mais com

    petncia.

    87

  • Alm disso, sua cultura geral recebeu um pequeno acrs

    cimo de mitologia grega que, se voc tiver um milmetro de

    curiosidade, ir lev-lo, por exemplo, at Ariadne, Ddalo,

    Egeu e caro.

    - Bom! Ento posso jogar videogame vontade!

    Claro que no! 0 exemplo que dei uma exceo e no

    uma regra.

    A esmagadora maioria dos jogos consiste, porm, de com

    peties malucas em que voc arrisca tudo para ultrapassar

    um adversrio.

    Bateu? Capotou? Tudo bem, no jogo voc tem meia dzia

    de vidas.

    A o desgraado compra uma carteira de habilitao (isso

    mesmo: compra!) e sai pelo mundo dirigindo como se, na

    vida real, tambm tivesse chances adicionais de recomear o

    jogo depois de morrer num acidente.

  • Alm de colocar sua vida em risco (ou seja, correr "risco

    de vida" e no "risco de morte," como dizem alguns vidio-

    tas), ele se torna uma ameaa pblica.

    0 jogo tambm pode consistir numa misso de combate

    com matanas desenfreadas numa orgia de violncia incon-

    tida.

    Resultado: na maioria das escolas, a freqncia de brigas

    entre alunos aumentou assustadoramente.

    No s o videogame estimula a agressividade, como a

    moda que surgiu entre pais desorientados de colocar o filho

    para treinar "artes marciais" com professores mal-prepara-

    dos, contribui para esse ressurgir da pancadaria. Tudo isso

    ajudado pelo cinema e pela TV.

    Uma vez, numa danceteria localizada numa ilha do litoral

    de So Paulo, surgiu uma briga por algum motivo banal, do

    tipo "algum mexeu com a minha namorada".

    Resultado: um adolescente deu uma cadeirada na cabea

    de outro e o matou!

    Na delegacia, ainda em estado de choque pelo horror de

    ter se tornado um assassino, declarou:

    - Mas nos filmes no a cabea que quebra! a cadeira!

    Pois : nos filmes!

    Alm de todos esses estmulos negativos, o game tem

    outra caracterstica extremamente nociva: como jogado

    durante horas, faz a vtima sair gradativamente do mundo

    real, prendendo-a num mundo virtual com outras regras, ou

    tros valores e at outras leis fsicas.

    Essa perda da sensao de realidade vai transformando a

    vtima num "autista ciberntico", cada vez mais fechado

    num mundo interior.

    89

  • E, ao contrrio do verdadeiro autista, cuja mente est

    encerrada num mundo interior prprio, com pouca comuni

    cao com o mundo exterior, o "autista ciberntico" precisa

    da muleta mental do videogame.

    Internet:

    0 computador pessoal e as redes de comunicao que

    acabaram se integrando numa grande rede mundial chamada

    internet so algumas das coisas mais maravilhosas que j

  • surgiram no final do sculo passado.

    Agora, temos um mundo maravilhoso de informaes

    nossa disposio num piscar de olhos.

    Toda medalha, porm, tem um reverso!

    0 grande humorista brasileiro Millr Fernandes, um dos

    raros gnios deste pas, certa vez escreveu:

    " Toda vez que voc projetar algo que possa ser usado at

    por idiotas, provavelmente vai ser usado de maneira idiota".

    Foi o que aconteceu com o computador pessoal e com a

    internet.

    No sculo passado, at a dcada de 60, os computadores

    eram mquinas enormes, que custavam milhes de dlares.

    No fim da dcada de 70, surgiram os primeiros microcom

    putadores pessoais. Seus preos eram to reduzidos que po

    deriam ser adquiridos at por pessoas e no s por institui

    es.

    Acontece que esses computadores, como foi o caso do

    Sinclair, eram brinquedinhos fantsticos que, alm de custar

    pouqussimo, obrigavam o usurio a pensar:

    - Quer um joguinho? Escreva o programa!

    * / 10 INPUT "Qual seu nome?: U$

    * / 20 PRINT "Oi U$

    * / 30 REM

    * / 40 INPUT "Quantas estrelas voc quer?: N

    * / 50 S$ = ""

    * / 60 FOR I = 1 TO N

    * / 70 S$ = S$ +

    * / 80 NEXT I

    * / 90 PRINT S$

    91

  • * / 100 REM

    * / 110 INPUT "Quer mais estrelas? fl$

    * / 120 IF LEN(fi$) = 0 THEN GOTO 110

    * / 130 0$ = LEFT$(fl$, 1)

    * / 140 IF (fl$ = "S") OR (fl$ = "s") THEN GOTO 40

    * / 150 PRINT "Tchau!";

    * / 160 FOR I = 1 TO 200

    * / 170 PRINT U$; "

    * / 180 NEXT I

    * / 190 PRINT

    0 prprio fato de ser obrigado a programar para depois

    poder brincar (Lembra? Dor antes, prazer depois!) estimula

    va tanto a inteligncia que hoje alguns dos melhores profis

    sionais da rea de informtica confessam que pegaram gosto

    pela coisa lendo, quando crianas, os livros que escrevi e

    editei naquela poca sobre esses "brinquedinhos".

    Hoje, o usurio do micro um ser passivo que no cria

    coisa alguma e opta por um software (pronto) em vez de

    outro (pronto) usando como argumento "esse mais fcil de

    usar"!

    Antigamente, um professor ou um palestrante tinha de

    preparar meticulosamente o que iria dizer e armazenar tudo

    em sua mente.

    Hoje?

    Hoje ele monta um "Power Point" e vai apresentando o

    contedo lendo, como se a platia fosse constituda de anal

    fabetos que no sabem ler sozinhos (o que, em alguns ca

    sos, infelizmente verdade).

    No fundo, se voc pensar bem, ele est "colando"!

    92

  • No entanto, com a chegada da internet, um mundo gi

    gantesco de possibilidades se abriu.

    Infinitas possibilidades de pesquisa, cruzamento de in

    formaes e troca de conhecimento passaram a estar ao al

    cance de qualquer pessoa com um mnimo de inteligncia e

    curiosidade.

    Eu disse: "...um mnimo de inteligncia...": esse o pro

    blema!

    Com toda essa sabedoria ao seu alcance, o que os idiotas

    fazem? Instalam o ICQ ou MSN! Usando a internet para fofo-

    car22 dessa forma idiota, passam, imediatamente, a ter trs

    srios problemas.

    Primeiro problema: acham que fazer uma pesquisa na

    internet copiar trabalhos elaborados por outros, sem se

    dar sequer ao trabalho de l-los completamente.

    Control+C e Control+V resolvem rapidamente o problema

    de entregar o trabalho no prazo.

    Existem at sites que tm trabalhos prontos!

    Voc cr que o idiota que faz isso aprendeu alguma coisa?

    Segundo problema: na tentativa de serem "diferentes",

    nivelam-se no baixo nvel da maioria. Est certo escrever

    "i/c" no lugar de "voc" se estiver com pressa, mas escrever

    " oki naum" no lugar de "aqui no" j demonstra um avana

    do estado de debilidade mental!

    H pessoas que argumentam que essa forma distorcida de

    escrever uma "variante dialetal", ou seja, uma espcie de

    22) "Grandes pessoas conversam sobre idias, pessoas mdias conversam sobre coisas, pessoas medocres conversam sobre pessoas!" (Eleanor Roosevelt /1884-1962)

    93

  • gria, de cdigo entre companheiros de uma mesma tribo e

    que, na hora de escrever corretamente, os "internetgrafos"

    voltam chamada "norma culta".

    Mentira!

    Os pobres idiotas j esto escrevendo "naum" em reda

    es de vestibular ou concursos pblicos!

    Alm disso, bvio que, de tanto ler palavras grafadas de

    forma errada, o coitado acaba achando que aquela a forma

    certa!

    Repare um pouco nas estradas: muito comum vermos

    placas com uma tremenda crase indevida porque quem as

    escreveu j viu tantas crases erradas que acaba achando que

    o errado o certo!

    D vontade de parar, pegar um spray e corrigir como se

    fosse uma prova!

    CUIDADO

    94

  • Talvez, se todos os professores do Brasil fizessem isso, a

    propagao das crases seria controlada!

    Terceiro problema: pesquisas srias e recentes revelam

    fatos assustadores: a internet e, em particular, o MSN (ou

    similares), viciam tanto quanto drogas qumicas.

    Vemos, hoje, jovens se transformando em "autistas ciber

    nticos" que passam horas em salas de bate-papo, em lan

    houses, em webmoils, deixando de fazer esportes, deixando

    de se relacionar socialmente com outras pessoas, deixando

    de estudar, em resumo...

    ...DEIXANDO DE VIVER!

    J vi, num cyber caf, um jovem conversando com um

    amigo sentado trs computadores sua esquerda, pelo

    MSN!

    J me contaram casos arrepiantes, como os de uma me,

    com rede wireless em sua casa, usando o MSN para chamar o

    filho para jantar!

    Nas empresas, podemos ver a triste cena de dezenas de

    funcionrios robotizados sentados frente de seus termi

    nais, conversando (conversando?) com seus colegas de tra

    balho via intranet.

    Resultado?

    Prsperos negcios!

    - Prsperos negcios? - voc pergunta, perplexo.

    Sim, prsperos negcios para os proprietrios de clnicas

    de desintoxicao da internet, instituies srias e que rela

    tam casos clnicos preocupantes. Jovens que, afastados do

    modem, tm crises de abstinncia como se fossem depen

    dentes qumicos.

    95

  • Psiquiatras descobrem nos jovens que utilizam compulsi-

    vamente a internet para se comunicar um rebaixamento de

    QI que o dobro do causado pelo uso da maconha!23

    Terceiro passo: ESTUDAR POUCO

    No fundo, toda a primeira parte deste livro foi dedicada

    a este terceiro passo: criar o hbito de estudar pouco... mas

    TODO DIA!

    23) Leia algo sobre os trabalhos do Dr. Glenn Wilson, psiquiatra do King' s College de Londres, e fique assustado.

    96

  • Alm disso, voc deve ter conscincia de que a escola

    til, ou seja, o motivo pelo qual esto tentando ensinar algo

    no porque esse algo "cai na prova".

    A frase mais catastrfica que um professor pode pronun

    ciar : - Preste ateno que isso cai na prova!

    Voc est na escola para aprender e no para tirar nota e

    passar de ano.

    Resumindo: voc est na escola, ou freqentando algum

    curso, para se tornar cada vez mais inteligente e no para

    obter um diploma.

    Pense um pouco no exemplo a seguir...

    Imagine um estudante universitrio que cursa, DURANTE

    CINCO ANOS, uma boa faculdade de direito.

    Durante cinco longos anos, ele tem centenas de aulas,

    centenas de provas, discusses, debates e, principalmente,

    muitos e muitos textos para ler.

    Terminados os cinco anos, ele recebe um diploma e se

    forma bacharel em direito.

    Como ele resolve ser advogado, se inscreve para prestar

    exame na OAB, no qual solicitada apenas uma pequena

    frao de tudo aquilo que foi ensinado na faculdade.

    Ele presta o exame e...

    FRACASSA VERGONHOSAMENTE!

    Era o esperado: no Brasil inteiro cerca de 80% dos candi

    datos ao exame da OAB so reprovados!24

    Mas qual a causa dessa vergonha?

    24) No exame 126 da OAB paulista, apenas 7,6% dos candidatos foram aprovados!

  • Equivocadamente, tanto as autoridades de ensino do Mi

    nistrio da Educao quanto os dirigentes da OAB culpam a

    m qualidade das inmeras faculdades de direito dissemina

    das pelo pas.

    No essa, porm, a principal causa dessa situao.

    Muitos dos reprovados so oriundos de faculdades tradi

    cionais, consideradas verdadeiros exemplos de excelncia.

    0 verdadeiro responsvel, no fundo, o prprio aluno!

    0 motivo?

    Passou cinco anos se esforando para tirar boas notas,

    passar de ano e obter um diploma. Nunca, em momento al

    gum, passou pela sua cabea estudar para aprender.

    E, como j vimos, estudar para aprender significa estudar

    pouco, mas todo dia.

    Para isso voc deve se organizar, deve ter mtodo.

    Precisa de um local tranqilo, sem barulhos que distraiam

    sua ateno, sem televiso ligada e, principalmente, uma

    agenda de horrios a serem respeitados.

    Assim fazendo, seu dia vai render muito mais, sobrando

    tempo para o esporte e o lazer.

    Lembre-se: durante a aula, voc entende; quando est

    sozinho com suas tarefas que voc aprende; aps o estudo

    solitrio, ao dormir, que voc fixa.

    - Mas - voc dir -, ser que ningum percebe isso? Ser

    que aquete estudante de direito no sabia que estava equivo

    cado estudando daquela forma?

    Infelizmente, quando a esmagadora maioria das pessoas

    comete o mesmo equvoco, dificilmente ele ser percebido. As

    pessoas fazem as coisas por costume e, raramente, se questio-

    98

  • im iii sobre os feais motivos de seu comportamento.25

    Uma vez, para dar um exemplo disso, peguei um txi na

    esquina da escola em que leciono e o motorista, um jovem

    rapaz, que j havia me transportado antes, perguntou:

    - Professor, na sua escola, noite, existe um cursinho que

    prepare para o exame da OAB?

    Fiquei curioso e perguntei por que motivo ele estava

    procura desse tipo de cursinho.

    - Sabe o que , professor - respondeu o rapaz -, que

    meus colegas normalmente terminam o curso e fazem o cursi

    nho no ano seguinte, podendo obter a carteira de advogado,

    se passarem no exame, apenas um ano depois de formados.

    Eu pretendo fazer o cursinho junto com o ltimo ano da facul

    dade. Assim, eu tenho chance de passar no exame logo que

    me formar.

    TAXI

    25) Anatole France j escreveu: Se 50 mil pessoas repetirem a mesma imbecilidade, nem por isso deixar de ser uma imbecilidade".

    99

  • - Formarem qu? - perguntei, me fazendo de ingnuo.

    - U! Em direito!

    - E nesse curso de direito que voc est fazendo - conti

    nuei me fazendo ainda mais de ingnuo - voc aprende recei

    tas de culinria vegetariana?

    - Claro que no, professor!

    - Talvez voc esteja aprendendo como calcular uma viga

    de concreto para que ela agente um determinado esforo

    estrutural...

    - No, professor - responde o jovem, cada vez mais intri

    gado.

    - Bem, ento o que voc estuda nesse tal curso de direito

    que voc est fazendo?

    - Direito, ora bolas!

    - E no tal exame da OAB cai que matria? - retruquei le

    vantando a voz.

    - Direito - disse ele baixinho, quase sussurando.

    A eu completei:

    - Ser que voc no percebeu que o curso de direito UM

    CURSINHO PARA 0 EXAME DA OAB COM DURAO DE CINCO

    ANOS?!

    No, no tinha percebido. E quase nenhum de seus cole

    gas tambm.

    A deformao mental do estudante brasileiro to disse

    minada que dificilmente as pessoas percebem. Quando todo

    mundo erra, errar se torna procedimento normal!

    Por isso... CUIDADO!

    No caia nessa armadilha. Seu crebro, seu maravilhoso

    crebro, capaz de se tornar cada vez mais inteligente, de

    senvolvendo cada vez mais habilidades e conhecimentos.

    100

  • 1orm, o processo lento e nada no mundo pode aceler-lo.

    A dose de crescimento dirio muito pequena. Esse o mo

    tivo pelo qual devemos estudar pouco, mas sem perder um

    dia sequer.

    Deixar de estudar o pouco daquele dia o transforma em

    um dia perdido na sua escalada para se tornar mais inteli

    gente.

    Quarto passo: PROCURAR DESAFIOS

    Esse, por definio, o mais di

    fcil. Sabe por qu? Porque o quarto

    passo consiste, justamente em...

    enfrentar desafios!

    Explicando melhor: o crebro,

    tanto quanto o corpo, precisa prati

    car esporte.

    S que, no caso do crebro, trata-se de uma ginstica

    mental.

  • Isso significa que, toda vez que voc puder optar entre

    uma maneira fcil e uma maneira difcil, o que desenvolve a

    inteligncia escolher a difcil.

    D 2 3

    & 45 6 7

    m 89 10

    11

    1 12 >;14

    117 18

    20

    21

    m22

    m m23 24 25 26 27 28 J

    29 . , ^ 3 0

    3 ^ J B

    31 3 2

    m

    33

    34 36 38

    39 40

    4142

    43

    44

    45 46 47 - 48 49 50 51

    52 53 54 55

    56

    7 158599

    60 161 mPalavras cruzadas, quebra-cabeas, charadas, problemas

    de matemtica, livros policiais e de suspense etc. so instru

    mentos que permitem uma boa "musculao mental".

    Voc, com certeza, j deve ter assistido a filmes que, em

    sua propaganda, pediam: "no revele o final para seus ami

    102

  • gos". Assistindo a um filme desses, sem saber o final, exis

    tem dois tipos de espectadores.

    H os que assistem ao filme entretidos com o enredo e

    que, no final, tm uma tremenda surpresa, o que j garante

    um Oscar de melhor roteiro. Mas h, tambm, uma minoria

    que passa o filme inteiro se perguntando "se eu fosse o rotei

    rista, qual seria a surpresa que teria preparado para o final?"

    Agora veja, por exemplo, o que fazer "musculao me