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A Rede de Vogel Armadilhas como obras de arte e obras de arte como armadilhas Alfred Gell Jeims Duarte . Luiz do Monte . Nathalie Mota

Apresentação - A Rede de Vogel

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A Rede de VogelArmadilhas como obras de arte

e obras de arte como armadilhas

Alfred Gell

Jeims Duarte . Luiz do Monte . Nathalie Mota

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Jeims Duarte . Luiz do Monte . Nathalie Mota

1. BiografiaAlfred (Antony Francis) Gell (1945-1997)

Antropólogo Britânico cuja produção mais influ-ente se ocupou da Arte, Linguagem, Simbolismo e Ritual. Associado à corrente da Antropologia Social. Discípulo de Edmund Leach (MPhil, Cam-bridge University) e Raymond Firth (PhD, London School of Economics), desenvolveu trabalho de campo na Melanesia e na Índia. Formado em An-tropologia pela Cambridge University em 1968 e PhD pela London School of Economics em 1973 com tese baseada em pesquisa de campo na Nova Guiné. Docência incluiu The London School of Economics e demais instituições. Membro da Academia Britânica desde 1995.

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2. Bibliografia

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2. Bibliografia

1. 1975; Metamorphosis of the Cassowaries: Umeda Society, Language and Ritual. London:

Athlone.�

2. 1992a; Under the Sign of the Cassowary. In Shooting the Sun: Ritual and Meaning in the 3.

West Sepik. B. Juillerat, ed. pp. 125–143. Washington, D.C.; Smithsonian Institution Press.�

3. 1992b; The Technology of Enchantment and the Enchantment of Technology. In Anthro-

pology, Art and Aesthetics. J. Coote and A. Shelton, eds. pp. 40–66. Oxford: Clarendon.�

4. 1992c; The Anthropology of Time: Cultural Constructions of Temporal Maps and Images.

Oxford: Berg.�

5. 1993; Wrapping in Images: Tattooing in Polynesia. Oxford: Clarendon.�

6. 1995; On Coote's "Marvels of Everyday Vision". Social Analysis, 38: 18-31.�

7. 1995; The Language of the Forest: Landscape and Phonological Iconism in Umeda. In The

Anthropology of Landscape: Perspectives on Place and Space. E. Hirsch and M. O'Hanlon, eds.

pp. 232–254. Oxford: Clarendon.�

8. 1996; Vogel's Net: Traps as Artworks and Artworks as Traps. Journal of Material Culture,

1:15-38.�

9. 1998; Art and Agency: An Anthropological Theory. Oxford: Clarendon.�

10. 1999; The Art of Anthropology: Essays and Diagrams. E. Hirsch, ed. London: Athlone.

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3. Filiação Teórica

3.1 Edmund Leach – também considerado um antropólogo social, escreveu um livro sobre o pensamento de Levi-Strauss.

3.2 Alfred Schultz e Maurice Merleau-Ponty – filósofos fenome-nológicos. �(período L.S.E.)

“Lévi-Strauss’ urbane and convoluted styleinspired me greatly, (…)” Alfred Gell

“I made a very thorough study of Schutz’s collected papers, and The Phenomenology of Perception.” Alfred Gell

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3. Filiação Teórica

3.3 Pierre Bourdieu – sociólogo, construtivista estruturalista.

“I read Bourdieu obsessively, and with unstinted admiration for his dialectical skill. Ithink of Bourdieu as just as much one of mymasters as Leach, Lévi-Strauss, and the phenomenologists Schutz, Merleau-Pontyand Husserl.” Alfred Gell

Fonte: Proceedings of the

British Academy, Volume

120, Biographical Memoirs

of Fellows – Alfred Gell,

por Alan Macfarlane.

“I think that I became very much influencedby Malinowski stylistically, following this immersion, and that my writing became simpler and more expressive as a result.”

3.4 Bronisław Malinowski – antropólogo, considerado um dos fundadores da antropologia social.

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Obra de Arteou Artefato?

Fig. Berço de madeira policromada, banhado a ouro, exemplar do estilo barroco e rococó do século XVIII.

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Obra de Arteou Artefato?

Fig.Rede de caça Zande.

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4. O EnsaioVogel’s Net: Traps as Artworks and Artworks as Traps

O ensaio objetiva possíveis respostas à questão sobre a natureza da obra de arte (artwork), principalmente no que respeita à oposição entre obra de arte e artefato (artefact/artifact). Reto-mando a análise de tal oposição como proposta pelo filósofo Arthur Danto (1998) e na condição de antropólogo da arte, Gell apresenta a síntese de três teorias sobre a natureza da obra de arte (as teorias estética, interpretativa e institucional). Tal síntese objetiva transcender a visão de Danto quanto a uma oposição ir-reconciliável entre uma funcionalidade supostamente e (as teo-rias estética, interpretativa e institucional). Tal síntese objetiva transcender a própria apenas do “mero” artefato e uma significância supostamente própria apenas da obra de arte.

1. 1975; Metamorphosis of the Cassowaries: Umeda Society, Language and Ritual. London:

Athlone.�

2. 1992a; Under the Sign of the Cassowary. In Shooting the Sun: Ritual and Meaning in the 3.

West Sepik. B. Juillerat, ed. pp. 125–143. Washington, D.C.; Smithsonian Institution Press.�

3. 1992b; The Technology of Enchantment and the Enchantment of Technology. In Anthro-

pology, Art and Aesthetics. J. Coote and A. Shelton, eds. pp. 40–66. Oxford: Clarendon.�

4. 1992c; The Anthropology of Time: Cultural Constructions of Temporal Maps and Images.

Oxford: Berg.�

5. 1993; Wrapping in Images: Tattooing in Polynesia. Oxford: Clarendon.�

6. 1995; On Coote's "Marvels of Everyday Vision". Social Analysis, 38: 18-31.�

7. 1995; The Language of the Forest: Landscape and Phonological Iconism in Umeda. In The

Anthropology of Landscape: Perspectives on Place and Space. E. Hirsch and M. O'Hanlon, eds.

pp. 232–254. Oxford: Clarendon.�

8. 1996; Vogel's Net: Traps as Artworks and Artworks as Traps. Journal of Material Culture,

1:15-38.�

9. 1998; Art and Agency: An Anthropological Theory. Oxford: Clarendon.�

10. 1999; The Art of Anthropology: Essays and Diagrams. E. Hirsch, ed. London: Athlone.

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4.1 ResumoTradução para o Português

O artigo discute as distinções mais comuns entre obras de arte e "meros" artefatos que são úteis, mas não são belos ou estetica-mente interessantes. Se, como o filósofo Arthur Danto afirma, um objeto artístico é identificado como tal em função do modo como é interpretado, então muitos artefatos poderiam ser exibi-dos como objetos artísticos. Seu objetivo é de monstrar como as armadilhas para capturar animais poderiam perfeitamente ser exi-bidas como objetos artísticos, porque contêm idéias e intenções complexas a respeito da relação entre homens e animais, além de fornecer um modelo do caçador e de como ele concebe sua presa. Conclui, portanto, que a definição estética de um objeto artístico é insatisfatória.

Palavras-chave: Arte primitiva, arte contemporânea, artefatos. Jeims Duarte . Luiz do Monte . Nathalie Mota

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4.2 AbstractOriginal

This essay explores the basis of the distinction commonly made be-tween works of art [or art objects], and ’mere’ artefacts, which are useful but not aesthetically interesting or beautiful. It is argued that if the art object is identifiable as such in the light of the fact that it has an interpretation, as Danto claims, then many artefacts could be exhibited as art objects. The essay shows that animal traps could very well be exhibited as art, because they tend to embody complex ideas and intentions to do with the relationship between men and animals, and because they provide a model of the hunter himself�and his idea of the world of the prey animal. It is concluded that an aesthetic definition of the art object is consequently unsatisfactory.

Key Words: artefacts; artworks; concept art; symbolism; traps.

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4.3 Teorias da Definição Artística

4.3.1 Teoria estética:��

“Qualidades intencionalmente atribuídas ao objeto pelo artísta, pois os artistas são dotados da capacidade de resposta estética.” (:175 PORT).

Obra de arte = objeto esteticamente superior.

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4.3 Teorias da Definição Artística

“Um objeto mesmo não sendo belo ou interessante de se ver, é considerado obra de arte se for interpretado a partir de um sistema de idéias fundamentadas em uma tradição artística historicamente estabelecida.”(:175 PORT)�

4.3.2 Teoria interpretativa:��

Obra de arte = referente às qualidades externas.

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4.3 Teorias da Definição Artística

“Não há no objeto artístico enquanto veículo material, uma característica capaz de qualificá-lo.” (…) “Uma obra pode estar, a princípio for a do circuito oficial da história da arte, mas, se o mundo artístico coopta esta obra e a faz circular como arte, então é arte.”(:176 PORT)�

4.3.3 Teoria institucional��

Obra de arte = estar ou não subordinado ao mundo artístico- Teoria atraente para a antropologia.

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Gell apresenta este panorama teórico para comentar a exposição Art/Artfact sob curadoria da antropóloga Susan Vogel.

4.4 Exposição Art/Artifact

Fig. Rede de Pesca Zande,Exposição Art/Artifact(1988).

Center for African Art, Nova York, 1988Curadoria: Susan Vogel

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Ao descrever a linha curatorial desta mostra, Gell apresenta os dois objetivos de seu ensaio:

4.5 Objetivos

4.5.1. Objetivo 1�

Considerar a distinção proposta por Danto entre artefatos e verdadeiras obras de arte;�

Montar uma pequena exposição [“a little exhibition of my own (unfortunately consisting only of text and illustrations”)] de objetos que Danto consideraria artefatos, mas que ele, Gell, consideraria candidatos a obra de arte, mesmo sem terem sido assim pensados por seus autores.

4.5.2 Objetivo 2�

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4.5 Objetivos

4.5.1 Objetivo 1�

Concessão parcial à lógica interpretativa de Danto, negando apenas seu background idealista, fonte da distinção “superidealizada entre artefatos ‘funcionais’ e obras de arte ‘significativas’ (:189). Para Gell, a funcionali-dade per se não se limita a possivelmente seguir ao lado de significados complexos e profundos: ela é um significado complexo e profundo. (mais do que ser ‘significativo e funcional’, ser significativo por ser funcional).�� Para Gell, a separação de Danto entre instrumentalidade e espiritualidadeé impraticável (:24-29) ;�

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4.5.2 Objetivo 2�

Isso significa que essas armadilhas comunicam a noção de um nexo de intencionalidades entre os caçadores e as presas animais, mediante formas e mecanismos materiais. Creio que essa evocação de intenciona-lidades complexas é, na realidade, o que serve para definir as obras dearte, e que, adequadamente emolduradas, as armadilhas para animais poderiam evocar intuições complexas a respeito do ser, da alteridade, do relacionamento. (:185 PORT)�

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4.5 Objetivos

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4.6 As Armadilhas“The arrow trap”

Fig. Armadilha-arco (arrow trap). África Central; esboço de Weule.

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“A violência estática do arco estendido, a congelada malevolência do arranjo de varas e cordas, são reveladoras em si mesmas, sem recurso à convenção”. (:26 INGL.)

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4.6 As Armadilhas“The ‘anga’ eel trap”:

Fig.:Armadilha de pesca (‘anga’) de enguias , da Nova Guiné (:187-188 PORT.). Fonte: Google.

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4.7 Cruzamentos

Fig.: Damien Hirst: A Im-possibilidade da Morte na Mente de Alguém Vivo (The Impossibility of Death in the Mind of So-meone Living), 1992.

Fig.:Tampo funerário pintado com imagem de tubarão capturado. Fonte: Morphy, 1991, Fi-gura 7.4: 125-6. Cortesia: Howard Morphy.

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“... o impacto dessas armadilhas, agora apre-sentadas como obras de arte, poderia ser in-tensificado em conjunto com outras obras de arte ocidentais (das quais é fácil encontrar numerosos exemplos) que ocupam o mesmo território semiológico”. (: 30 INGL.)

4.8 Gell “curador”

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4.9 Conclusão

“Uma síntese entre uma estrita noção de interpretação e uma estrita noção de instituição (“a synthesis between the strictly interpretive and the strictly institutional approaches”) como uma noção mais ampla de interpretabili-dade, adequada tanta a artefatos de ‘povos não ocidentais’ quanto a ‘obras de arte pós-duchampianas”.(: 37 INGL.)

“A ‘antropologia da arte’ deveria tratar, em minha opinião, de fornecer um contexto crítico que liberasse os ‘artefatos’ e permitisse sua veiculação como obras de arte, exibindo-os como encarnações ou resíduos de inten-cionalidades complexas. A antropologia deveria ser parte da própria criação artística, na medida em que a criação artística, a história e a crítica de arte são, hoje em dia, um único empreendimento. Isso seria garantido, em parte. pela realização de etnografias relevantes (como as que foram elaboradas por Boyer. Hugh-Jones. Lemonnier, aqui mencionadas) e em parte pela descober-ta de conexões entre as intencionalidades complexas presentes em obras de artes ocidentais e os tipos de intentionalidades encarnadas em obras de arte e artefatos (agora recontextualizados como obras de arte) provenientes de outros lugares...

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4.9 Conclusão

...Do ponto de vista do fazer artístico, essa seria uma transação unilateral. no sentido de que conceitos de "arte" essencialmente metropolitanos, e não indí-genas. estariam em jogo. Contudo, como Thomas26 demostrou, os objetos são "promíscuos" e podem mover-se livremente entre domínios culturais/transa-cionais sem ser essencialmente comprometidos. Eles só podem fazer isso porque, de fato. não têm nenhuma essência, só uma gama ilimitada de po-tencialidades.” (:190 PORT.)

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“Nesse sentido, seria a rede de Vogel uma obra de arte? Acredito que os fre-quentadores de galerias de Nova York que a tomaram como tal não estavam enganados. Nem estavam completamente influenciados pelo mero fato de ter sido institucionalmente convidados a vê-Ia como tal pela organização da galeria e pelas semelhanças casuais entre a rede Zande e o trabalho de ar-tistas conceituais ocidentais conhecidos, como Jackie Windsor. Não tenho dúvidas de que eles estavam respondendo à própria noção de rede e ao modo pa - radoxal pelo qual essa própria rede tinha sido capturada e firmemente presa dentro de uma segunda rede. Essa metáfora recursiva de captura e contenção já seria, por si só, suficiente para fazê-los pararem, detê-los na pas-sagem e induzi-los a olhar fixamente (...). Toda obra de arte que funciona é, assim, uma armadilha ou um ardil que impede a passagem. E o que seria uma galeria de arte senão um lugar de captura, armado com o que Boyer chamou de "armadilhas do pensamento" que mantêm as vítimas, por algum tempo, em suspensão? A rede de Vogel foi armada com cuidado e, nela, a an-tropóloga capturou, além de vários filósofos e antropólogos -incluindo este -, grande parte da questão sobre "o que é arte?“ (:190 PORT.)

4.9 Conclusão

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4.10 Leitura das intencionalidades

Em Art and Agency (1998), Gell sistematiza sua teoria da arte com base na categoria cognitiva da abdução e no conceito de agência (agency), introduzido em Vogel’s Net: traps as artworks and artworks as traps (1996) .

Para Gell, artefatos e obras de arte, em qualquer cultura, são capazes de criar compartilhado significado, particularmente através da abdução.

Ambos os textos estão presentes na coletânea póstuma The Art of Anthropology (1999).

4.10.1 Agência�Resposta imediata à presença do artefato, através da corporificação das intenções de seu autor por meio do poder atrativo da feitura técnica, diante da qual nós, apreciadores do artefato, reagiríamos como reagimos ao encontro com uma forma viva, respondendo a tais intenções que sobre nós agem (agency) provocando amor, ódio, desejo ou medo, mas jamais indiferença: (“a tecnologia do encantamento se dá por meio do encanta-mento [próprio] da tecnologia”1992). �

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4.10 Leitura das intencionalidades

4.10.2 Abdução�

Noção que Gell toma de Charles Sanders Peirce. A abdução, já em Aris-tóteles, significa um menos forte tipo de inferência que a indução e a dedução, sendo mais intuitiva e concisa.��

Aqueles que observam as obras de arte fariam abduções acerca das in-tenções daqueles que produziram tais obras.��

Segundo QUINTAIS (2011), tais abduções estariam, ao menos parcialmente,referendadas cientificamente por descobertas recentes na Neurociência, particularmente em relação ao funcionamento dos neurônios-espelho.�

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“Imagens religiosas servem funções litúrgicas (...), retratos veiculam semelhança, estátuas dignificam espaços públicos e glorificam líders etc.”(: 23 INGL)

Fig.: Proa de embarcação das ilhas Trobriand, Polinésia

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4.11 Diagrama “The Art Nexus”

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4.12 Nossas Conclusões

A interpretação de Gell sobre arte e artefatos pode influenciar decisiva-mente nossa interpretação sobre o que é Design. Entendido como o reino por excelência dos artefatos, Design como campo disciplinar é ampla-mente ignorado em Vogel’s Net (há uma única menção ao termo design na página 183.PORT).�

“Eu, de outro modo, não estou preocupado com a definição filosófica de agência sub specie aeternitatis. Estou preocupado com as relações agen-te/paciente nos fugazes contextos e dilemas da vida social, durante os quais, falando transaccionalmente, nós certamente atribuímos agência a carros, imagens, prédios, e muitas outras coisas não-vivas e não-humanas”. (Art and Agency, 1988: 22, In QUINTAIS, 2011:__)

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Então, a rede de Vogel é (ou pode ser) uma obra de arte. E o ralador de queijo?

Fig.: Ralador de queijo 2.Fig.: Ralador de queijo 1.

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“Ele [Danto] faz essa suposição porque uma ‘rede’ é usada paracaçar e, para ele, a caçada é apenas um meio para a obtenção de alimentos, logo, a ‘rede’ não passa de uma ferramenta, como um ralador de queijo”. (:181 PORT.)

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“Considering we agree that functionality per se can ‘sometimes’ be under-stood as a profound meaning, beyond its role on strict survival needs, how can we assert precisely when it happens, how it happens and to what extent it happens? Furthermore, how can we assert that a meaning; any meaning (linked or not with functionality) is indeed complex and profound (and even trapping)? Would there be functionalities of first, second, third etc. order? De-cisions on that field provide the categories that form our culture, signalling the arbitrary nature of our mechanisms of knowledge and attribution of meaning. Those mechanisms are social; they form, themselves, an institution. In other words, agency, so considered and besides its etological premises, turns institutional when it provides an accepted view of things.” (SANTOS, 2014. no prelo).

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Danto’s Inferno*: �Alfred Gell and ‘What is an Artwork?’ as a Trap in Form of Enquiry.

Jeims Duarte dos Santos Design Postgraduate. Federal University of Pernambuco Design Department.

AbstractThis article analyses Alfred Gell’s last attempts to better define the concept of artwork. In his essay Vogel’s Net: Traps as Artworks and Artworks as Traps (1996), Gell addresses the distinction made between artworks and artefacts as revisited by Arthur Danto in 1988. In that essay, main object of this article, Gell also proposes a synthesis of the aesthetic, interpretive and institutional theoretic accounts for a work of art, discussing Danto’s philosophical contribution mainly from the view-point of a renewed Anthropology of Art. This article goes on to complement that range of tradi-tional scientific approaches with the reflections of a visual artist (the author). Preferring a simply logical analysis of Gell’s premises to any strict disciplinary criticism, the article takes the notion of artworks plural (inter) textuality to conclude that Gell’s synthesis, provisional as it may be, still relies on biased assumptions in its pursuit of answering a question (‘what is art?’) which may be virtually unanswerable if only one, final answer is sought. �

Key Words: Alfred Gell, artefacts, artworks, convention, scientific research.��

*Allusion to Dante’s Inferno (Hell), section of the Divine Comedy.

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