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Os desafios da saúde pública brasileiraRedação escrita por Jaqueline Souza

O Brasil tornou-se um país com inúmeros problemas e com enormes dificuldades em soluciona-los. A gestão da saúde pública é um dos desafios que o Brasil precisa vencer, principalmente em relação ao investimento público e, também, ao Sistema Único de Saúde (SUS).

O descaso do governo com a saúde da população brasileira ainda é polêmico. O gerenciamento da mesma é um verdadeiro caos e a falta de investimento é o principal motivo dessa confusão que acontece na saúde pública do Brasil. Comparado com outros países que tem sistema universal de saúde, o Brasil é a nação que tem o menor percentual de investimento público em relação ao Produto Interno Bruto (PIB). Os dados mostram que o governo brasileiro investe 4,7% do PIB em saúde, índice muito inferior aos gastos de outros países onde os porcentuais de investimento variam de 7,6% a 9,0%.

O sistema de saúde pública que tem a pretensão de atender a todos os brasileiros, sem distinção, apresenta falhas em seus principais programas. Um exemplo é o SUS, que baseia-se nos princípios de universalidade, integralidade e equidade. Apesar da promessa de atender a todos, não é assim que funciona. A falta de recursos em hospitais e postos de saúde são geradas a partir da falta de compromisso da gestão da saúde pública. A consequência dessa e de outras falhas são hospitais lotados e cidadãos com sua cidadania danificada.

Enfim, com a saúde em situação de decadência por causa da falta de responsabilidade do governo com o povo, sabe-se que para oferecer serviços de saúde de qualidade é necessário investir em três frentes fundamentais: uma rede integrada de atendimento familiar e comunitário, gestão rígida de contratos e bases de dados informatizadas. Porém, dependem do investimento político, financeiro e social para funcionarem.

26 Anos de SUS: Avanços e Desafios

Em 2014 o SUS completa 26 anos de funcionamento. Iniciando-se com a Constituição de1988, tem sido uma das maiores políticas públicas brasileiras de inclusão social. Mudou oconceito de direito à saúde, tornando seu acesso, pelo menos na letra da lei, universal egratuito para todos os brasileiros. Protegeu, dessa forma, aos indigentes e famíliasinseridas no mercado informal de trabalho, que antes não tinham acesso aos serviçospúblicos de saúde da Previdência Social. Mudou a forma de organização dos serviços desaúde, aumentando a oferta de atenção primária e iniciando um processo regulado deacesso aos serviços de maior complexidade.

Proporcionou uma rápida melhoria nos indicadores básicos de saúde da população brasileira, como aqueles associadosaos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Mas a construção do SUS, longe de ser um processo fácil, teve muitosproblemas e continua tendo alguns. Sua implementação tem sido lenta e apresenta algumas vezes retrocessos.Os primeiros anos do SUS (1988-1994)Durante seus primeiros anos (1988-1994), as dificuldades de implementação do SUS derivaram da instabilidadeeconômica (hiper-inflação, crises e desordem nas finanças públicas) e da ineficiência e morosidade em organizar eestruturar o funcionamento do sistema pela falta de financiamento. Entre 1989 e 1994, os gastos federais com saúde sereduziram a uma taxa média anual de 11,5% ao ano, num contexto onde o crescimento do PIB foi de apenas 0,2% aoano. Mesmo assim foram dados os primeiros passos institucionais, como a transferência do INAMPS para o Ministérioda Saúde e se definiram critérios para a transferência de estabelecimentos de saúde do Governo Federal aos Estados eMunicípios, bem como as transferências federais de recursos para as esferas locais.

O Grande Salto para a Implementação do SUS (1995-2002)A situação melhora entre 1994 e 2002. Esta foi a fase de maior progresso relativo. No rastro da estabilização econômica,começa a ser mais fácil o ordenamento de políticas para o SUS. Entre elas se pode elencar os programas de agentescomunitários de saúde e de saúde da familia (PACS-PSF); a definição de recursos capitados para o financiamento daatenção primária, (como o Piso de Assistência Básica – PAB), a descentralização de políticas de saúde e a transferência dehospitais federais para os Estados; a definição de um modelo de gestão autônoma para os hospitais públicos paraaumentar sua eficiência (como as Organizações Sociais de Saúde – OSS); a definição de políticas para a regulação de bens,produtos, serviços e tecnologias de saúde (com a criação da Agência Nacional de Vigilância de Saúde – ANVISA), adefinição de uma estratégia para a estabilização das fontes de financiamento do setor (EC29), a melhoria dos sistemas deinformação, com a proposta do cartão SUS, a criação de mecanismos de acompanhamento dos gastos públicos setoriais(SIOPS), e a adoção de políticas para atenuar o efeito de fatores de risco na saúde, como foi o caso do controle do tabacoem amb, entre outras.Do ponto de vista do financiamento, a estabilização econômica possibilitou melhorar financiamento do SUS. Entre 1995 e2002, os gastos federais com saúde aumentaram 5% ao ano num contexto onde o crescimento anual do PIB foi de 2,3%ao ano. Durante o período seguinte, 2003-2010, o crescimento dos gastos em saúde foi de 5,3% ao ano, num períodoonde o PIB cresceu a 4% ao ano. Neste sentido, se pode dizer que a razão entre o crescimento anual dos gastos comsaúde sobre o crescimento anual do PIB no período 1995-2002 foi de 2,2 enquanto que no período 2003-2010 foi deapenas 1,3.Além do mais foram criadas soluções para estabilizar o financiamento do setor. Em 2000, foi aprovada a EmendaConstitucional (EC) 29 que definiu a vinculação dos recursos orçamentários que seriam destinados à saúde pelas trêsesferas de governo. Estipulou norma transitória determinando que a União deveria destinar para a saúde, no ano 2000,5% a mais sobre o valor de 1999 e, nos anos seguintes, que esse valor fosse corrigido pela variação nominal do ProdutoInterno Bruto (PIB). Os Estados seriam obrigados a destinar 12% do seu orçamento; e os municípios 15%.

A Crise de expectativas do SUS: 2002-2014Diante de seu rápido crescimento, da visibilidade pública e das promessas associadas ao sistema, o SUS criou muitasexpectativas que em certa medida se frustaram. Em 2002, 59% dos brasileiros, de acordo com a pesquisa IBOPE-CNI,aprovavam as políticas de saúde do Governo Federal. Este percentual, de acordo com as mesmas fonte e metodologia depesquisa, passou para 19% em junho de 2014. Quais os motivos que levaram a essa desaprovação das políticas de saúdepela população?De acordo com as pesquisas IBOPE-CNI foram a demora no atendimento na rede pública; a falta de equipamentos einvestimentos de saúde e a falta de médicos e profissionais de saúde. De acordo com as pesquisas, as opiniões sãomaiores entre os habitantes das Regiões Metropolitanas, onde tem sido menor a oferta de Programas como o de Saúdeda Família (PSF).O PSF, depois de um forte crescimento desde suas origens em 1994, passou a aumentar sua cobertura mais lentamente apartir de 2006, dadas as limitações estruturais dos municípios desassistidos em cumprir os requisitos para receber osrecursos federais para instalar o Programa, entre eles a falta de profissionais.Os resultados do Programa Mais Médicos ainda estão para ser conhecidos e podem reverter parcialmente este quadro,mas a realidade até 2012 ainda era bastante precária. Entre 1994 e 2002, a cobertura do PSF passou de 0 a 32%. Noentanto, entre 2002 e 2012 passou de 32% a 51%. Cerca da metade dos brasileiros ainda não tem acesso ao programa.A lenta evolução na cobertura do PSF pode ter reduzido o rítmo melhoria nas condições de saúde. Os indicadores entre1994-2002, tiveram uma melhora significativa tanto na cobertura de atenção básica como na oferta de serviços em todosos níveis de complexidade e nos resultados básicos. As taxas de mortalidade infantil, por exemplo baixaram de 37,2 para23,4 por mil nascidos vivos (uma redução de 5,6% ao ano). Entre 2002 e 2011 elas se reduziram a um ritimo ligeiramentemenor, de 23,4 para 15,3 por mil nascidos vivos (4,6% ao ano).Em países como o Chile, Costa Rica e Uruguai estas taxas estão abaixo de 10 por mil nascidos vivos. Por outro lado, astaxas de mortalidade materna – outro objetivo de desenvolvimento do milênio – se reduziram muito entre 1990 e 2013,

quando passaram de 120 para 60 por 100 mim nascidos vivos. No entanto, a redução da RMM no Brasil, nos anos noventa(3,4% ao ano), foi mais do dobro da que se observa no período 2000-2013 (1,6% ao ano).Nos últimos anos, tentou-se a implementação de algumas propostas que seriam importantes para a melhorar a organizaçãoa qualidade do cuidado, como a criação de redes de saúde, esforços nas áreas de acreditação de estabelecimentos desaúde e a regulação do acesso aos serviços, através da criação de centrais de regulação e processos de referencia e contra-referencia. Alguns Estados e municípios em todo o país, mas principalmente em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, tiverambons resultados nestas áreas, mas faltaram recursos e incentivos do Governo Federal para um avanço efetivo destesprocessos em todo o território nacional.O Financiamento da Saúde na Conjuntura RecenteOs gastos totais de saúde no Brasil tem crescido muito nos últimos anos. Entre 2000 e 2010 passaram de 7,2% para 9% doPIB. O gasto público também. Passou de 40% para 47% do gasto total em saúde Mas esse crescimento do gasto público nãofoi suficiente para cumprir o que está prometido na Constituição de 1988: propiciar uma cobertura de saúde universal,integral e igualitária para todos. Mais da metade dos gastos em saúde no Brasil ainda são privados, sendo pagos porfamílias ou por empresas para seus trabalhadores.A participação do gasto público ainda é baixa frente a média dos países da ricos, onde alcança 62% do gasto total. Aeficiência no uso do gasto em saúde no Brasil que é muito baixa, conforme demonstra uma pesquisa recente daBloomberg, onde entre 48 países, medindo a relação entre gastos e resultados em saúde, o Brasil foi considerado um dosmenos eficientes.Para aumentar os gastos, se esperava a regulamentação da EC 29, aprovada no ano 2000. Esta ficou em vigência provióriaaté 2004, quando deveria ser promulgada Lei Complementar regulando a matéria em definitivo. Mas isso não ocorreu.Após quase uma década, a regulamentação da EC 29 somente voltou a ser discutida em dezembro de 2007, depois que foiderrubada a vigência da Contribuição Social para a Saúde – CSS (Ex CPMF). Somente em em 21 de setembro de 2011, oProjeto de Lei Complementar 306 de 2008, que regulamenta a Emenda Constitucional 29, foi enviado ao Senado, sendo

aprovado em 7 de dezembro de 2011 e sancionado pela Presidência da República (Lei Complementar 141, de 13 de janeirode 2012).A Lei 141 define, em seu artigo 5, que “a União aplicará, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde, o montantecorrespondente ao valor empenhado no exercício financeiro anterior, apurado nos termos desta Lei Complementar,acrescido de, no mínimo, o percentual correspondente à variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB) ocorrida no anoanterior ao da lei orçamentária anual”. Na Lei foram vetados, 15 dispositivos do texto aprovado pelo Congresso Nacional,impedir “instabilidade na gestão fiscal e orçamentária” e o retorno da Contribuição Social à Saúde (CSS). Os estadosmantiveram a obrigação de investir 12% da arrecadação com impostos e os municípios, 15%.O grande dilema associado a este processo foi o seguinte: numa época onde o PIB tem tido um crescimento pífio, como osanos 2012-2014, aumentar os recursos para saúde na mesma proporção da variação do PIB não permitirá que os recursospara a saúde cresçam na velocidade que se necessita para completar os direitos constitucionais. Em nome disso, surgiu em2013 o movimento “Saúde + 10”, cujo objetivo seria garantir que os recursos federais para a saúde representassem pelomenos 10% da Receita Corrente Bruta (RCB) do Governo. Mas este tema ainda se encontra em discussão.Síntese dos Principais DesafiosA implementação do SUS é um processo ainda por completar. Entre os principais desafios que existem para aimplementação do SUS estão os seguintes:1. No âmbito dos direitos, das mudanças culturais e demográficas: Consolidar mecanismos que atendam aos reclamos maisimediatos da população, evitando as filas, melhorando a qualidade e resolvendo os problemas que se apresentam nosestabelecimentos de saúde. É necessário aumentar a qualidade mas também tratar os cidadãos com a dignidade erespeito, criando instâncias para resolver as queixas e avaliar a qualidade e a satisfação dos usuários dos serviços públicos;2. No ámbito do financiamento: Completar o processo que possa garantir, de um lado, um melhor uso dos recursosexistentes do SUS, aumentando a eficiência, a fiscalização para reduzir a corrupção e o mau uso e garantido os recursossuficientes para financiar a expansão das necessidades da população;

3. No âmbito da Gestão dos Serviços: Estabelecer processos que integrem os serviços, desde a atenção básica aos hospitais,com os serviços auxiliares e a oferta de medicamentos, e estabelecer modelos alternativos de gestão dos serviços, quepermitam aumentar a autonomia gerencial, premiar a eficiência e remunerar os estabelecimentos e o pessoal de acordo aosresultados alcançados. Os serviços devem também ser modernizados, a través do uso em massa de tecnologicas deinformação e comunicação, que permitam a marcação eletrônica de consultas médicas e a existência de registroseletrônicos que contenham os dados clínicos dos pacientes para acompanhamento com qualidade e para a produção eanálise de dados e tendências do setor, como forma de subsidiar os processos de planejamento;4. No âmbito da coordenação do SUS com o Setor Privado: O SUS não é um sistema único, e nem totalmente estatal. Cercade dois terços dos leitos hospitalares pertencem ao setor não estatal – lucrativo e filantópico – e o SUS não apenas necessitada rede privada (que hoje administra boa parte das organizações sociais em São Paulo, por exemplo) mas também forneceserviços de alta tecnologia para os usuários dos planos de saúde. Portanto, há que aumentar os níveis de coordenação entreo SUS e a saúde suplementar.Uma Agenda para MudançasNo âmbito dos direitos, das mundanças culturais e demográficas:· O SUS deverá articular-se com outras instâncias governamentais e setores para que se possa, não apenas atender asdemandas trazidas pelo envelhecimento da população brasileira, que aumenta a morbidade e a mortalidade por doençascrônicas, mas também criar um processo ativo para a prevenção dos fatores de risco que hoje constituem a maior ameaçapara a população brasileira, como o tabagismo, alcoholismo, sedentarismo, stress laboral, acidentes de trânsito e violência;· Implantar um Cartão de Saúde, pessoal e intransferível, atribuido a qualquer brasileiro desde seu nascimento para oacesso à rede de saúde (pública ou plano de saúde) mais próxima a sua residência, com um conjunto de direitos, ações,prestações e deveres definidos. A informação relacionada neste cartão conteria a história clínica. O acesso a informaçãoseria restrito ao medico de família e ao indivíduo, mas, uma vez disentificado, propiciaria uma base de dados que permitiriaao Governo, em todos os níveis, conhecer as reais necessidades, demandas, consumo e gastos em saúde, permitindo um

melhor planejamento e uma alocação mais eficiente dos recursos no setor. O Cartão-Cidadão de Saúde, além de ser agarantia do acesso e qualidade da saúde para a população, seria o primeiro passo para um efetivo choque de gestão nosetor saúde.Por detrás do Cartão de Saúde, haverá um forte investimento público em Tecnologias da Informação (TI) para a gestão dosserviços de saúde, desenvolvendo e implantando centrais de agendamentos dos atendimentos, vinculadas à AtençãoPrimária, incluindo as internações hospitalares, e a telemedicina, como porta de acesso dos profissionais de saúde nasregiões mais distantes a uma contínua assistência técnica, teleconsultas, tele-monitoramento, avaliação e solução paraproblemas de diagnóstico e tratamento à distância.No ámbito do financiamento, se deveria não apenas aumentar os recursos, mas também a eficiencia do setor. Através de:· Implementar a proposta popular dos 10% da Receita Corrente Bruta da União para o setor saúde, ou política similar, quegaranta um crescimento progressivo dos recursos para o setor;· Melhorar a gestão do setor, com a autonomia de gestão em todos os níveis das redes de saúde, o estabelecimento decontratos de gestão com metas quantitativas e qualitativas de resultados e incentivos à prestação dos serviços, a definição eaplicação de protocolos, padrões de qualidade e processos otimizados para os controles internos e a otimização do modeloassistencial, com incentivos para a desospitalização e a profissionalização do cuidado;· Criar uma política de remuneração dos provedores e unidades de saúde, associada ao desempenho, com base naqualidade da assistência médica, na informação contínua e padronizada dos processos assistenciais, que remunere não o atomédico, mas o diagnóstico, a patologia ou as linhas de cuidado e que seja uniforme e igualmente aplicavel tanto aosestabelecimentos públicos como aos privados.No ámbito da gestão dos serviços o novo modelo deverá basear-se:· Na criação de redes assistenciais integradas de saúde, que permitirão o melhor uso possível dos recursos de saúde –públicos, privados e filantrópicos – ao nivel de cada região, gerando um modelo assistencial com foco no paciente,garantindo a continuidade do acesso a todos os níveis da rede de serviços (do médico de família ao hospital), qualificando a

rede de serviços e a coordenação do acesso, com respostas adequadas às necessidades do paciente em todos os âmbitos deprevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação;· No estabelecimento de uma política efetiva de educação e comunicação pública em saúde, com obrigatoriedade de seraplicada no setor privado, que garanta a todos a promoção de acões individuais e coletivas, para evitar doençastransmissíveis e não transmissíveis e a prevenção contra os principais fatores de risco a saúde, incluindo aqueles de ordemcomportamental, social, econômica, relacionados ao trabalho, às condições de moradia e ao meio ambiente;· Na universalização do acesso ao Programa de Saúde da Familia: O Brasil não precisa somente de mais médicos. É necessárioFortalecer e extender o Programa Saúde da Família para todo o território nacional, qualificando e ampliando a sua cobertura,incorporando mais profissionais e profissões, estruturando-o como “porta de entrada” do SUS e garantindo que este atendaa todas as necessidades de promoção, prevençaõ e atenção básica da população brasileira;· No acesso aos serviços de maior complexidade: É necessário garantir o acesso da população aos atendimentos de maiorcomplexidade com especialistas, exames e assistência hospitalar de maneira ágil, incluindo o transporte do deslocamentoaos serviços referenciados, e o acesso ao cuidado (inclusive hospitalar) correspondente ao nível de risco do paciente;· No acesso rápido e oportuno para urgências e emergências: Implantar e implementar redes de atendimentos para asurgências e emergências médicas, atualmente insuficientes e causadoras de grandes sofrimentos pela população, além danecessária ampliação do número de leitos de UTI’s e atendimento digno nos pronto-socorros;· Em ir além da farmácia popular: Aperfeiçoar as estratégias existentes e integrar a rede de assistência farmacêutica comtodos os níveis de serviços de saúde, a través do cartão cidadão da saúde, de forma a garantir, por exemplo, as medicaçõesde uso contínuo para todos os pacientes, incluindo os portadores de doenças crônicas, como a diabetes, hipertensão e altocolesterol;· Em estimular políticas justas de remuneração dos profissionais de saúde, vinculadas à qualidade e ao desempenhoassistencial, ao desenvolvimento de carreiras para as profissiões de saúde e a melhoria da formação, distribuição eprodutividade dos recursos humanos setoriais;

· Em estimular uma melhor distribuição regional de profissionais de saúde e identificar os déficits de profissionais nossetores públicos e privados de saúde, tanto ao nivel regional como local, através de incentivos econômicos e condições detrabalho adequadas e gratificantes, estimulando a qualidade e o aperfeiçoameno contínuo dos profissionais, assim comosua contínua recertificação profissional;No ámbito da coordenação entre o SUS e o Setor Privado, se deveria reduzir as grandes reclamações da população usuáriados planos de saúde que representa 25% da população brasileira, com elevado número de insatisfações e com uma grandedesigualdade no acesso e qualidade dos planos. Tal processo ocorreria a partir de:· Fortalecer, modernizar e profissionalizar a Agencia Nacional de Saúde Suplementar (ANS), para dar maior garantia ehomogeneidade aos direitos dos usuários dos planos de saúde, melhorar as ferramentas de avaliação e monitoramento daqualidade do setor, melhorar o nivel de informação para que as empresas e familias possam escolher a melhor operadoraque cuidará de seus planos individuais ou coletivos;· Identificar oportunidades de colaboração e investimento, desenvolver parcerias público-privadas com compartilhamentode riscos operacionais e financeiros e para estimular os aumentos de produtividade e ganhos de eficiencia, estabelecendocritérios para a qualificação dos prestadores e viabilizando o intercâmbio e troca de informações;· Aumentar a equidade entre os que tem e os que não tem planos de saúde e reduzir, através das redes assistenciaisintegradas, a disparidade nos níveis de atenção entre os que detém planos de saúde e os usuários do SUS, acabandoprogressivamente com a dupla ou tripla cidadania no acesso a saúde dos brasileiros;· Fortalecer a participação social, através de mecanismos de controle e de avaliação da satisfação dos usuários do SUS edos planos de saúde, e de processos participativos representativos para que a gestão da saúde use, de forma integrada, avoz dos usuários para avançar e para corrigir os problemas detectados no sistema.

Mais de 60% dos hospitais públicos estão sempre superlotados

Em 80% dos hospitais fiscalizados pelo Tribunal, faltam médicos e enfermeiros e quase a metade desses

hospitais tem leitos fechados, exatamente pela falta de profissionais.

Pela primeira vez, uma auditoria feita nos hospitais públicos mostra o tamanho dos problemas enfrentados por milhares de brasileiros. Mais de 60% dos hospitais estão sempre superlotados. Faltam leitos e equipamentos, médicos. Os números retratam o caos da saúde.O Ministério da Saúde reconheceu que há problemas e que tem investido em construir mais hospitais e levar mais médicos para as cidades. O relatório traz um retrato bem conhecido pelos pacientes da rede pública.Os hospitais sempre cheios são uma reclamação recorrente entre os pacientes da rede pública de saúde. “Nunca tem vaga, ou não tem médico pra atender”, reclama uma mulher.Uma fiscalização feita pelo Tribunal de Contas da União confirmou o problema. Os técnicos visitaram 116 hospitais e prontos-socorros do país. 64% estão sempre superlotados.Os outros 36% também passam por essa situação, mas com menos frequência.E quando os hospitais não estão cheios demais, os pacientes se deparam com outras dificuldades, como a falta de equipamentos. Dona Irene precisava fazer um exame para confirmar a suspeita de pneumonia. Procurou o posto de saúde, mas teve que fazer uma peregrinação por Brasília.“Você procura o lugar mais próximo que seria a UPA, no meu caso era um raio-x, e vem para o hospital público, que não é para atender coisas assim”, diz Irene Pinto, aposentada.

O levantamento do TCU verificou que:- 77% dos hospitais mantém leitos desativados porque não há equipamentos mínimos, como monitores e ventiladores pulmonares;- em 45%, os equipamentos ficam sem uso porque faltam contratos de manutenção;- 48% sofrem com deficiência de instrumentos e móveis básicos para prestação dos serviços.Em 80% dos hospitais fiscalizados pelo Tribunal, faltam médicos e enfermeiros e quase a metade desses hospitais tem leitos fechados, exatamente pela falta de profissionais.O Tribunal de Contas encaminhou o relatório ao Ministério da Saúde e vai continuar acompanhando a rede pública nos próximos anos.“O que a gente quer é propiciar uma melhoria do nível de qualidade da discussão no Brasil, até então era achismo, subjetividade, todo mundo sabe que falta tudo. Agora a gente tem índices, parâmetros, indicadores. Esse era um déficit crônico no Brasil”, afirma Benjamin Zymler, ministro do TCU.Já o Ministério da Saúde reconhece que há problemas principalmente na gestão dos hospitais. Diz que está investindo na formação de médicos e na melhora da oferta.“O ministério está acompanhando com cuidado cada ponto desse, cada dificuldade sem particularizar as situações, mas a grosso modo enfrentando o problema estrutural, distribuindo melhor os hospitais, investindo em regiões desassistidas”, afirma Helvécio Magalhães, secretário de atenção à saúde.O Ministério da Saúde disse ainda que 3,6 mil hospitais considerados de pequeno porte têm menos da metade dos leitos ocupados. E que vai fazer uma visita a esses hospitais para entender o motivo.