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D D I I V V E E R R S S I I D D A A D D E E E E A A Ç Ç Ã Ã O O C C O O M M U U N N I I T T Á Á R R I I A A 1 ARANHA, M.S.F. Diversidade e Ação Comunitária. Palestra proferida nas Oficinas de Sensibilização, do Projeto “Centro Nacional de Formação Comunitária”, MJ/SDH e SORRI-BRASIL, em São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Brasília 2001 . Para escrever este texto, percorri um velho e conhecido caminho...envolvi-me numa espécie de ritual, que geralmente toma conta de mim, por inteiro, quando me proponho a construir e criar: desligo-me psicologicamente de todo o resto, e por vários dias, às

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DDD III VVV EEE RRR SSS III DDD AAA DDD EEE EEE AAA ÇÇÇ ÃÃÃ OOO CCC OOO MMM UUU NNN III TTT ÁÁÁ RRR III AAA1

ARANHA, M.S.F. Diversidade e Ação Comunitária. Palestra proferida

nas Of icinas de Sensibi l ização, do Projeto “Centro Nacional de Formação

Comunitár ia”, MJ/SDH e SORRI-BRASIL, em São Paulo, Rio de Janeiro,

Vitór ia, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Brasíl ia 2001.

Para escrever este texto, percorri um já velho e conhecido

caminho...envolvi-me numa espécie de ri tual, que geralmente toma

conta de mim, por inteiro, quando me proponho a construir e criar:

desligo-me psicologicamente de todo o resto, e por vários dias, às

1 Pales tra profer ida nas Of ic inas de Sens ib i l ização, do Projeto “Cent ro Nac ional de Formação Comuni tár ia ” , MJ/SDH e SORRI-BRASIL, em São Paulo, Rio de Janeiro, Vi tór ia, Rec i fe, Salvador , Belo Hor izonte, Bras í l ia .

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vezes até semanas, mergulho em l iteratura, procuro avidamente pelas

idéias e proposições social izadas por grandes pensadores, volto-me

intensamente para a observação ampla e profunda da real idade,

penso muito, procuro ref letir crit icamente, tendo sempre como

parâmetros os dados objetivos dos quais me proponho a tratar, como,

e mais importante , a população a quem vou me dirigir.

Fico sempre fascinada com a amplitude e a beleza do conhecimento

que se encontra já disponível, como f ico também aflita com o quão

pouco dele domino e consigo elaborar.

E assim f iquei por umas semanas, até que este momento chegou. É

o momento def init ivo de dar um basta à fase de “preparação” e, com

humildade, registrar no papel o melhor que posso fazer.

Vamos estar tratando de diversidade e de ação comunitária.

Escolhi seguir o seguinte caminho:

1. Focalizar, primeiramente, o ccc ooo nnn ccc eee iii ttt ooo ddd eee ddd iii vvv eee rrr sss iii ddd aaa ddd eee, um dos

temas fundamentais no conteúdo desta of icina;

2. Desvelar, em seguida, o ppp aaa nnn ooo rrr aaa mmm aaa ddd eee ddd iii vvv eee rrr sss iii ddd aaa ddd eee que constitui a

sociedade e o contexto sócio-polít ico-econômico brasi leiro;

3. Relembrar os ddd iii rrr eee iii ttt ooo sss hhh uuu mmm aaa nnn ooo sss, bem como os direitos

assegurados constitucionalmente a todos os brasileiros, e

estrangeiros que vivem no solo brasi leiro;

4. Por últ imo, focalizar a diversidade como um dos principais

elementos enriquecedores e fortalecedores da uuu nnn iii ddd aaa ddd eee,

enfatizando os recursos que podem auxil iar esse processo.

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Estarei, então, como que lançando pistas , provocações para a

observação e a reflexão, f icando o processo de descoberta e de

compreensão da realidade para o trabalho de nosso colet ivo.

Então, vamos lá.

DDD III VVV EEE RRR SSS III DDD AAA DDD EEE

Segundo o Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, de Francisco da

Silveira Bueno (1983), diversidade signif ica variedade, diferença,

dessemelhança. A pluralidade de diferenças que constitui um

coletivo tem sido, então, qualif icada como diversidade. Portanto, ao

se tratar de uma sociedade , de um país , tem-se como diversidade o

pluralismo cultural que os constitui.

AAA ddd iii vvv eee rrr sss iii ddd aaa ddd eee qqq uuu eee ccc aaa rrr aaa ccc ttt eee rrr iii zzz aaa nnn ooo sss sss aaa rrr eee aaa lll iii ddd aaa ddd eee

Fica praticamente impossível falar sobre uma identidade brasileira

única, dada a f isionomia plural, mutante e diversa da vida psico-

sócio-cultural brasi leira (Schmmidt, M.L.S., 1995).

Somos, segundo os resultados prel iminares do levantamento

demográf ico de 1o de agosto de 2000, uma população de

169.544.443, sendo 83.423.553 homens (49.2%) e 86.120.890

mulheres (50.8%).

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CCC III CCC LLL OOO DDD EEE VVV III DDD AAA

Cada uma dessas pessoas, desde o nascer, recebe uma herança,

determinada geneticamente. No decorrer de sua vida, entretanto, a

relação desse organismo biológico, com seus pares, no contexto

sócio-cultural no qual se encontra inserido, promove a

construção ativa de sua identidade como ser pessoa e como ser

social. Assim, cada um de nós torna-se único e peculiar como

pessoas e como cidadãos , já que é muito particular o processo de

interação das inúmeras características bio-psico-sociais, que

constituem nossa realidade de existência.

Esse processo se dá em etapas, organizadas naquilo que chamamos

de Ciclo de Vida . A vida do homem compreende várias etapas: o

período neonatal, a primeira infância, a segunda infância, a

puberdade, a adolescência, a fase adulta, a terceira idade

(senescência).

Segundo alguns estudiosos do desenvolvimento, o ser humano, em

cada uma dessas etapas , tem determinadas tarefas de

desenvolvimento a cumprir, ou seja, habil idades e competências a

adquir ir, que vão construindo seu caminhar pessoal e social.

Citamos, a seguir, alguns exemplos, que embora sejam os padrões

mais freqüentemente encontrados, podem se manifestar em outros

ritmos, em função de determinantes ambientais, sócio-culturais.

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OOO CCC iii ccc lll ooo ddd eee VVV iii ddd aaa eee aaa sss TTT aaa rrr eee fff aaa sss ddd eee DDD eee sss eee nnn vvv ooo lll vvv iii mmm eee nnn ttt ooo

Etapa Dinâmica e motivação Tarefa de desenvolvimento Período neonatal

� Sat is fação das necess idades orgânicas

� Exc i tação a fe t i va � Or ientação para es t ímulos

� Preservação da v ida: a jus tamentos a novas condições externas e in ternas; por exemplo: aproximação da mãe, temperatura, a l imento, e tc . . .

Primeira infância (2 a 30 m)

� In teresse pe lo ambiente � Reconhec imento da mãe e de

ob je tos fami l iares � Necess idade in tensa do

cu idado materno � Rápida d i ferenc iação

emocional � Maior in ic ia t i va na

exp loração do ambiente imediato

� Res is tênc ia crescentes às exigênc ias paren ta is

� Aquis ição de contro le dos s is temas neuro-muscular e vocal

� Novas técn icas para cap tar a tenção

� Estabelec imento de conf iança emocional

� Progresso em in ic ia t i va � Aquis ição de fac i l idade para fa lar � Estabelec imento de cont ro les de

esf ínc teres

Segunda infância (2 ½ a 12,5 anos, para meninos; 2 ½ a 11.5 anos, para meninas)

� In teresse por re lac ionamentos ambien ta is e soc ia is d is tantes

� Preocupação com fantas ia � Faz de con ta � Pergunta ”por quê? � Maior rea l ismo em at i tude e

adaptab i l idade � Reconhec imento do papel

dos re lac ionamentos � In teresses em amizades � Mais for te ident idade do

sexo � Busca de aventura e

novidade � In íc io de perguntas

c ient í f icas

� Maior uso da comunicação verba l e de at i v idades lúd icas soc ia is

� Dis t ingue o cer to do er rado � Contro le das emoções negat ivas � Cr iação de uma escala de va lores � At i tude coopera t iva � Sensação de ident idade do sexo � Adaptação à soc iedade de pares � Exper iênc ia de segurança grupal

Puberdade (11.5 a 14 anos, para meninas; 12.5 a 15.5 anos, para meninos)

� Luta por independênc ia � Negat i v ismo � Vac i lação emocional � Ambiva lênc ia e humores � Surg imento de poderosos

impulsos sexuais � Fantas ias erót icas � Esforço para in t imidade com

os pares

� Auto-organização � Ganho de independênc ia ,

emanc ipando o eu da famí l ia � Contro le dos impulsos sexuais e

emoções bás icas

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Adolescência (de 14 a 20 anos, para meninas; de 15 ½ a 22 anos, para meninos)

� For te impulso para companhia soc ia l , inc lus ive com membros do sexo oposto

� Expansão de cogi tações e de rac ioc ín io in te lec tua l

� Aproximação do a jus tamento heterossexual

� Esforço para matur idade e popular idade

� Ace i tação do papel mascul ino ou femin ino

� Ident i f icação com os pares � Se leção de ocupação prof iss ional � Melhor autocontro le

Fase adulta (de 20 a 60 anos, para mulheres; de 22 a 65 anos, para homens)

� Consecução de uma h ierarqu ia de mot i vos re la t ivamente pers is tente

� Par t ic ipação c ív ica e soc ia l a t iva

� In teresses por f i lhos, confor to e es tab i l idade

� Preocupação com o s ta tus vocac ional e as responsabi l idades

� Diminu ição de in teresses e impulso

� Melancol ia e p reocupações mais f reqüentes

� Busca de at i v idades de lazer

� Diminu ição do desejo de aprender co isas novas

� Independênc ia econômica � Escolha de cônjuge � In íc io de famí l ia � Papel paterna l ou materna l � Admin is t ração do lar � Cuidado dos f i lhos � Senso de responsabi l idade

comuni tár ia � Ganhos em l iderança � A jus tamentos às a l terações na

famí l ia , com os f i lhos de ixando o lar

� Preservação dos t raços e habi l idades da personal idade adul ta

� Preparação para a aposentador ia

Tercei ra idade (60 anos ↑ , para mulheres; 65 anos ↑ , para homens)

� Desejo de ser ú t i l � Retra imento parc ia l das

at iv idades soc ia is � Perda de in teresses � Rest r ição de at i v idades � Revisão da v ida e

expectat i va da morte

� Contato f reqüente com f i lhos e netos

� Manutenção da saúde � In tegração por meio da

manutenção de auto-est ima

Obviamente que esse quadro mostra o padrão mais comum em que se

processa o desenvolvimento. Entretanto, tanto a seqüência do

desenvolvimento, como o r itmo e sua funcionalidade podem ser

alterados por um grande número de fatores ambientais e sócio-

culturais, no qual esse homem se encontra inserido.

Assim, vejamos alguns dos fatores que podem afetar o

desenvolvimento t ípico do homem.

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FFF AAA TTT OOO RRR EEE SSS QQQ UUU EEE AAA FFF EEE TTT AAA MMM AAA CCC AAA RRR AAA CCC TTT EEE RRR III ZZZ AAA ÇÇÇ ÃÃÃ OOO DDD AAA DDD III VVV EEE RRR SSS III DDD AAA DDD EEE

Condição sócio-econômica

O bebê depende, para que possa cumprir com suas tarefas de

desenvolvimento, de condições para uma adequada alimentação, de

cuidados de saúde , de cuidados pessoais e de troca afetiva com

os pais, ou com uma pessoa estável que dela cuide. À medida que

cresce, de maneira geral continua sendo essencial que a criança

possa ser acolhida com afeto, possa receber bons cuidados de

saúde , e boa alimentação. Gradativamente, vai surgindo o contexto

educacional formal, no qual a ela se vai poder disponibi l izar o acesso

ao conhecimento já produzido durante a história da humanidade.

A criança , bem como o adolescente , necessitam ser

acompanhados, em seu processo de desenvolvimento f ísico e

social, por parceiros que saibam um pouco mais do que ele, pelo

menos, e que lhe possam servir de mediadores do processo de

observação, de análise e de busca de compreensão da realidade ,

através do raciocínio lógico e do encadeamento de idéias .

Se tiverem esta possibil idade, conseguirão, de maneira tranqüila e

saudável, cumprir com as tarefas de desenvolvimento próprias da

etapa que est iverem vivenciando.

Agora, vejamos. Este processo aparentemente tão tranqüilo pode ser

totalmente alterado, interrompido, prejudicado, patologizado, em

função de condições sócio-político-econômicas específicas .

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Evitando entrar, neste momento, na busca de compreensão sócio-

histórica sobre a realidade, ainda assim nos parece importante

algumas ref lexões.

A má distribuição de renda , característ ica especialmente marcante

em nosso país, traz consigo problemas freqüentes em nossos meios

de comunicação: a pobreza , o desemprego, o aumento da

violência , o aumento da marginalidade , o “uso” abusivo do

homem pelo homem, etc..

A prática da corrupção, a impunidade, por outro lado, oferecem

modelos inadequados e até mesmo um estímulo para uma

participação social destrut iva.

A insuficiência de uma rede de saúde , que seja ampla e capacitada

para um acompanhamento e um atendimento de qualidade, exige

que grande parte dos brasi leiros tenha que enfrentar f ilas enormes,

em horários da madrugada, na tentativa de conseguir número para

um atendimento, que pode demorar dias, semanas e meses para se

efetivar.

Tais circunstâncias, obviamente, podem determinar tanto altos

índices de mortalidade infantil , como grandes alterações no

cumprimento das tarefas de desenvolvimento dos sobreviventes, já

que prejudicam seu desenvolvimento biológico, seu bem estar

emocional e afetivo, seu desenvolvimento psicológico, social e sua

identidade pessoal e social, tanto nas crianças, como nos

adolescentes e nos adultos.

Há ainda de se convir que adultos estressados e cheios de

problemas (que a seu ver parecem insolúveis), dif ici lmente têm

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condições de ser bons mediadores do processo de desenvolvimento

saudável das crianças, adolescentes e jovens de sua famíl ia e de sua

comunidade.

Mas, vamos agora afastar um pouco da ref lexão sobre fatores sócio-

polít ico-econômicos, e focal izar outros fatores, igualmente

importantes na determinação do processo de cumprimento das

tarefas de desenvolvimento.

Etnia

Para focalizar este determinante, vamos passear um pouquinho por

nossa história, está bem?

O Brasi l tem uma história interessante e complexa. Foi “encontrado”

pelos portugueses , em 1500, os quais iniciaram a ocupação do

terr itório, pela l inha litorânea, comparti lhando o espaço com os

indígenas nativos . Aos poucos, os descobridores continuaram com

o processo de ocupação, implementando e desenvolvendo, como

atividade econômica principal, a pecuária e a agricultura ,

especialmente a plantação de cana de açúcar.

A diversif icação de atividades econômicas, no século XVIII,

representadas pela extração do ouro, e de pedras preciosas,

juntamente com as ações dos bandeirantes (exploradores que

ampliaram as áreas geográf icas funcionais no país), estimularam o

movimento da população na direção de áreas mais internas do país,

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instalando novas cidades e def inindo novos estados. Embora os

brasi leiros nat ivos fossem sistemática e extensivamente eliminados

no processo de conquista, a mistura de raças começou a ocorrer,

principalmente nas porções norte e central do país.

Para dar conta das demandas das atividades econômicas, que se

tornavam gradativamente mais altas, os portugueses começaram a

oferecer incentivos a casais açorianos, escolhidos para ajudar com

a ocupação e a defesa do espaço geográf ico do sul do Brasi l.

Em 1808, a Família Real e parte da nobreza portuguesa mudaram-se

também para o Brasil, acompanhadas por muitos outros que

desejavam iniciar uma nova vida na terra nova. O Reinado Português

também trouxe para o Brasil a prát ica da escravidão, importante

pessoas, contra sua vontade, de diferentes regiões da África, cada

um com uma cultura peculiar, com seus próprios hábitos alimentares

e t ipos de comida, rel igiões, expressões de arte e l ínguas.

No mesmo período, o país também recebeu grupos de pessoas de

l íngua alemã da Suíça , que se estabeleceram no sul do país.

Após a abolição da escravatura, por volta do século 19, o país, ainda

uma colônia de Portugal, necessitava de trabalhadores para substituir

os indígenas e os africanos l ibertados. O governo, então, a oferecer,

por toda a extensão de países europeus, emprego e terra para

aqueles que se decidissem mudar para cá e começar uma nova vida

no Brasil.

Isto deu início a um período de 50 anos de intensa imigração de:

Portugal, Alemanha , Itália , Tchecoslováquia , Espanha , Síria ,

Líbano, Arábia , Palestina , Armênia , Japão, e em menor escala,

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judeus , e imigrantes da China , Inglaterra , França , Estados Unidos

da América e Holanda .

A imigração diminuiu signif icativamente após os anos 30; entretanto,

a multipl ic idade de culturas que contextualizou o desenvolvimento da

sociedade brasileira já havia nela impresso sua inf luência.

Cada brasi leiro, hoje, de uma forma ou outra, carrega em si

inf luências e peculiaridades, mais ou menos acentuadas, dessas

diferentes culturas, no que se refere a usos, costumes, religiões,

tipos de comida, hábitos de alimentação, compreensão de vida,

valores, princípios, hábitos de vida, senão para dizer das

inf luências da síntese dessa miscigenação.

Vemos, então, o nosso homem brasi leiro, sofrendo determinações de

fatores cada vez mais diversif icados!

RRR eee ggg iii ããã ooo ggg eee ooo ggg rrr ááá fff iii ccc aaa

Continuando nossa ref lexão, vamos agora pensar um pouco na

região de habitação desse nosso hipotético homem.

“Com o desenvolvimento industr ia l, após a Segunda

Guerra Mundial, houve um movimento de urbanização

no Brasil, em função da criação de novos empregos

urbanos e da mecanização do campo, que agiu como

um fator de expulsão da população rural.

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A Região Sudeste foi a primeira a apresentar

predomínio de população rural, a part ir do

recenseamento de 1960, enquanto que as demais

regiões só passaram a ter predomínio de população

urbana no recenseamento de 1980...é atualmente a

mais populosa do Brasil. Também aparece em

primeiro lugar, em densidade demográf ica.

A Região Centro-Oeste foi a que apresentou maior

crescimento urbano após 1970, em função do

desenvolvimento de Brasíl ia e suas regiões.. .

Entre as áreas mais povoadas do país destacam-se

as regiões metropol itanas de Belém, Fortaleza,

Recife, Salvador, Curit iba, Porto Alegre, Rio de

Janeiro e São Paulo que se local izam próximas ao

l i toral, alem de Belo Hor izonte que é a única

metrópole inter ior izada do país. Destacam-se ainda

a região do Médio Amazonas entre Manaus e

Santarém, a Zona da Bragantina no nordeste do

Pará, a Zona da Mata Nordest ina, o sul da Bahia, a

Baixada Fluminense e a Paul ista, e as áreas de

colonização européia do sul, como o Vale do I tajaí e

Serras Gaúchas.

Entre as áreas fracamente povoadas do país,

aparecem: porções sul e sudeste do Piauí, sudoeste

do Ceará, oeste da Bahia e norte de Minas Gerais,

que caracterizam o Sertão Nordestino, oeste do

Maranhão, norte do Tocantins e Amazônia Ocidental.

. . .Cada região e muitas sub-regiões brasi le iras se

destacam por um rol de at ividades de traablho e por

um percentual do PIB brasileiro.

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Assim, a Região Norte – tem o predomínio de

at ividades extrat ivas, vegetal, animal e mineral,

apesar do crescimento do comércio e indústr ia.

A Região Nordeste – destaca-se pela pecuária no

Sertão Nordestino, policultura no Agreste,

agroindústr ia açucareira e indústr ias na Zona da

Mata, extrat ivismo no Nordeste Ocidental, a lém do

turismo.

A Região Centro-Oeste apresenta predomínio de

pecuár ia extensiva comercial e agricultural, ao lado

das at ividades polít icas do Distr ito Federal.

A Região Sudeste conta com o maior

desenvolvimento industr ia l do país, al icerçado em

sua tradic ional pol icultura, pecuár ia de leite e corte,

além da força comercial.

A Região Sul tem se destacado pelas at ividades

agrárias, passando para o desenvolvimento industr ia l

e a produção energética.

Esta divisão regional do trabalho é responsável pelos

f luxos comerciais e de populações entre as regiões,

no decorrer da história do país.” ( Interat ivo Sistema

de Ensino, 1a . série E.M., l ivro 4, aula 2)

Bem, há esta altura de nossa ref lexão, dá-nos a impressão de que já

praticamente esgotamos os determinantes que afetam o brasileiro

em seu desenvolvimento e funcionamento pessoal e social cot idiano.

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Há, entretanto, algumas outras variáveis também de fundamental

importância, na constituição da singularidade pessoal e da

pluralidade social que constitui a diversidade em nossa sociedade.

RRR eee lll iii ggg iii ããã ooo

Há que se lembrar o fator filiação religiosa , que determina valores,

leitura de homem, de mundo e de sociedade, peculiares aos

diferentes grupos. Convivem respeitosa e pacif icamente, neste país,

católicos (religião of icial do país), evangélicos, espir itual istas,

budistas, seicho-no-ie, judeus, islâmicos.

MMM iii nnn ooo rrr iii aaa sss

Não podemos deixar, ainda, de lembrar as minorias (segmentos

populacionais, que têm menor possibil idade de acesso ao debate

social e às instâncias decisórias da vida em sociedade), já que

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pertencer a uma ou mais delas tem importância signif icativa na

determinação de vida pessoal e social.

Assim, lembramo-nos das const ituídas por:

• Pessoas com deficiência,

• Pessoas faveladas,

• Pessoas moradoras de rua,

• Pessoas refugiadas,

• Pessoas encarceradas,

• Pessoas negras

• Mulheres

• Indígenas

• Pessoas idosas

• Pessoas sem terra

• Pessoas com doenças crônicas

• Pessoas com doenças sexualmente transmissíveis

• etc..

EEE mmm sss ííí nnn ttt eee sss eee

Conforme pudemos ver, o desenvolvimento humano individual não

é um processo que se dá no vácuo, em ambiente esterilizado,

laboratorial, mas sim, num complexo contexto sócio-cultural,

constituído essencialmente por uma rede de relações

interpessoais, determinadas pelo sistema político-econômico

vigente .

Assim, cumprir com as tarefas de desenvolvimento prováveis em

cada etapa do ciclo de vida, bem como cumprir as tarefas inerentes

ao exercício da cidadania , são processos multi-determinados ,

afetados por uma grande quantidade de fatores sobre os quais nem

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sempre o homem, sozinho, tem qualquer possibil idade de

interferência.

DDD III RRR EEE III TTT OOO SSS HHH UUU MMM AAA NNN OOO SSS

A Declaração Universal dos Direitos Humanos , e laborada em 9 de

dezembro de 1948 é um documento que garante, a todos, os direitos

que são fundamentais para uma vida livre, racional, consciente,

responsável e saudável.

O Brasi l tem, desde 1998, intensif icado sua polít ica externa sobre

direitos humanos, adotando uma atitude de plena cooperação com

organismos internacionais, e conquistando maior credibi l idade pela

seriedade com que vem implementando sua Polít ica de Direitos

Humanos. Entretanto, muito ainda temos que nos esforçar para

alcançar um patamar de absoluto respeito aos direitos humanos de

todos os cidadãos brasi leiros, independentemente de cor, raça,

credo, sexo, idade, condição social.

QQQ UUU AAA LLL III DDD AAA DDD EEE DDD EEE VVV III DDD AAA

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O Brasil passou, em 2001, do 74o. para o 69o. lugar no ranking de

qualidade de vida. Isto signif ica que estamos melhorando, mas ainda

muito distantes da resolução dos problemas, de maior gravidade, que

assola a vida do brasileiro.

Desta forma, aí estamos: Saúde, Previdência e Assistência Social,

Moradia, Educação, Trabalho, Transporte, Lazer e Recreação,

Justiça, Acessibi l idade, são áreas que necessitam ser analisadas, em

seu funcionamento, em cada comunidade , para a partir daí,

identificar as necessidades e desejos da população envolvida ,

elaborar um plano de atuação comunitária , organizada, ef iciente,

responsável e cooperativa, caminhando na direção da construção de

uma sociedade verdadeiramente democrát ica, mais justa, igualitária,

por nós escolhida e construída.

� Desenvolvimento: processo resultante da relação dialét ica entre

o biológico e a cultura

� O desenvolvimento de cada um de nós se dá por etapas,

cabendo a cada uma delas, um conjunto de tarefas

desenvolvimentais

� O ciclo de vida, entretanto, no qual se dá o processo de

construção do indivíduo, não acontece “vácuo”!!! Ele se dá em

um contexto complexo, onde co-existem inúmeros fatores que o

afetam profundamente:

o Sócio-polít ico-econômicos

o Étnicos

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o Região de origem e moradia

o Grupos de pertinência (minorias)

� Este é o contexto em que se constrói, define e se constitui o

que chamamos de diversidade.

CCC AAA DDD AAA UUU MMM DDD EEE NNN ÓÓÓ SSS ÉÉÉ UUU MMM III NNN DDD III VVV ÍÍÍ DDD UUU OOO SSS III NNN GGG UUU LLL AAA RRR

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Page 19: ARANHA, M.S.F. Diversidade e Ação Comunitária. Palestra ...sorri.com.br/sites/default/files/Diversidade e ação comunitária.pdf · Somos, segundo os resultados preliminares do

19

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Page 20: ARANHA, M.S.F. Diversidade e Ação Comunitária. Palestra ...sorri.com.br/sites/default/files/Diversidade e ação comunitária.pdf · Somos, segundo os resultados preliminares do

20

Interativo Sistema de Ensino, 1a. série do Ensino Médio, livro 4 ,

aulas 1, 2, 5 e 6. Bauru.