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ARAÚJO, Anne Francialy da Costa Araújo.Língua e identidade: reflexões discursivas a partir do Diretório dos Índios. Maceió: EDUFAL, 2007. O primeiro capítulo traz uma abordagem sobre o Diretório dos Índios, explicando-o. A autora faz uma breve análise do período no qual seu objeto se insere, no caso o século XVIII relacionando com a Análise do Discurso e sua função enquanto disciplina sem lugar definido, agindo como interdisciplinar. A autora doutora em lingüística, peca ao se utilizar da historiografia moderna. Ela se vale das considerações de Caio Prado Júnior e Sérgio Buarque de Holanda, quando aborda o sentido da colonização. Numa abordagem, que hoje já não é tão bem vinda, Araújo retoma o papel do Brasil colônia como simplesmente produtor de riquezas para a metrópole. Aborda a origem do Diretório, sua nomeação, acusa que o fato de ele não ter um autor definido está relacionado a memória- discursiva presente na legislação anterior. Além disso, analisa a própria construção do nome da legislação de 1757 e ainda, afirma que sua função era normatizante e unificadora. A questão lingüística no Brasil demonstra determinada importância pois a linguagem como um dos objetos simbólicos que desempenham, no imaginário e nos processos discursivos, papel relevante na formação de uma sociedade. Surge daí a necessidade de a política lingüística colonial adotar um discurso homogeneizante que, na materialidade lingüística, dá a forma a ditos como “a língua mais usada” na costa brasileira e até mesmo a existência de apenas uma língua geral. P. 68 A hipótese defendida no livro é que o Diretório dos Índios funciona como um lugar de memória para essa história das idéias lingüísticas. Ele contribui para que, entre unidade e diversidade, inscreva-se me nossa memória discursiva, uma história de Brasil simbolizada em uma língua, a portuguesa. Por se tratar de uma tese da área da linguagem e não da História, o livro de Anne Araújo peca ao tomar somente como referências trabalhos como de Almeida, que apesar de ser um

ARAÚJO, Anne. Lingua e Identidade. Diretório Dos Índios

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ARAJO, Anne Francialy da Costa Arajo.Lngua e identidade: reflexes discursivas a partir do Diretrio dos ndios. Macei: EDUFAL, 2007.

O primeiro captulo traz uma abordagem sobre o Diretrio dos ndios, explicando-o. A autora faz uma breve anlise do perodo no qual seu objeto se insere, no caso o sculo XVIII relacionando com a Anlise do Discurso e sua funo enquanto disciplina sem lugar definido, agindo como interdisciplinar. A autora doutora em lingstica, peca ao se utilizar da historiografia moderna. Ela se vale das consideraes de Caio Prado Jnior e Srgio Buarque de Holanda, quando aborda o sentido da colonizao. Numa abordagem, que hoje j no to bem vinda, Arajo retoma o papel do Brasil colnia como simplesmente produtor de riquezas para a metrpole. Aborda a origem do Diretrio, sua nomeao, acusa que o fato de ele no ter um autor definido est relacionado a memria-discursiva presente na legislao anterior. Alm disso, analisa a prpria construo do nome da legislao de 1757 e ainda, afirma que sua funo era normatizante e unificadora.A questo lingstica no Brasil demonstra determinada importncia pois a linguagem como um dos objetos simblicos que desempenham, no imaginrio e nos processos discursivos, papel relevante na formao de uma sociedade. Surge da a necessidade de a poltica lingstica colonial adotar um discurso homogeneizante que, na materialidade lingstica, d a forma a ditos como a lngua mais usada na costa brasileira e at mesmo a existncia de apenas uma lngua geral. P. 68A hiptese defendida no livro que o Diretrio dos ndios funciona como um lugar de memria para essa histria das idias lingsticas. Ele contribui para que, entre unidade e diversidade, inscreva-se me nossa memria discursiva, uma histria de Brasil simbolizada em uma lngua, a portuguesa. Por se tratar de uma tese da rea da linguagem e no da Histria, o livro de Anne Arajo peca ao tomar somente como referncias trabalhos como de Almeida, que apesar de ser um excelente trabalho sobre o Diretrio o toma como perspectiva de um projeto colonial, e utilizar da historiografia clssica como Srgio Buarque de Holanda, Caio Prado Jnior retomando o sentindo da civilizao sem dialogar com outros autores mais recentes, como Ndia Farage.Entretanto, sua anlise bem fundamentada, a autora circunscreve o Diretrio dos ndios como legislao que procurou institucionalizar UMA lngua nacional, procurando manter no esquecimento as outras lnguas faladas no Brasil colnia, mantendo como memria discursiva a existncia de somente uma lngua: a portuguesa. Ao fazer isso, ele inscreve em nossa memria, apagando toda a diversidade lingstica existente no Brasil, um imaginrio que sempre insiste em inscrever, de uma lngua una que garantiria a unidade nacional. O Diretrio atua como um processo de significao que produz sentidos para a lngua nacional. (p. 82)