2
II Congresso Internacional de História UEPG-UNICENTRO Produção e Circulação do Conhecimento Histórico no Século XXI 12 a 15 de maio de 2015 Ernani Reichmann: É possível uma (auto)biografia coral? Gilvani A. Araujo Mestre em filosofia RESUMO: Entre os anos de 1963 e 1967 Ernani Reichmann, gaúcho de origem radicado paranaense, escreveu Volta às origens na dupla tentativa de colocar termo a um ciclo literário-filosófico e dar coerência ao seu projeto existencial. Ao fim, percebeu-se personagem e não escritor, fato enunciado em um dos capítulos da referida obra, cujo título indica se tratar de uma “Entrevista ingênua (não sentimental)”. Ao analisar o texto mais detalhadamente e extensivamente, algumas conclusões são inevitáveis: 1) a apresentação gráfica é o de uma entrevista, mas trata-se de uma [auto]entrevista; 2) seu autor, nasce a partir da entrevista e o entrevistado tece apenas os relatos de uma Experiência de Personagem – expressão do autor do texto –; 3) todavia, há um deslizamento para uma Experiência de Autor e ao fim da vida de Reichmann uma Experiência de Leitor. Logo, a entrevista pode até ser não sentimental, já que é concedida para encerrar o ciclo da personagem e iniciar o ciclo autoral, entretanto não tem nada de ingênua. Reichmann se inscreve naquilo que se chama, para

ARAUJO, G. a. Ernani Reichmann (Resumo)

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Resumo de Pesquisa

Citation preview

II Congresso Internacional de Histria UEPG-UNICENTROProduo e Circulao do Conhecimento Histrico no Sculo XXI12 a 15 de maio de 2015

Ernani Reichmann: possvel uma (auto)biografia coral?Gilvani A. AraujoMestre em filosofiaRESUMO:Entre os anos de 1963 e 1967 Ernani Reichmann, gacho de origem radicado paranaense, escreveu Volta s origens na dupla tentativa de colocar termo a um ciclo literrio-filosfico e dar coerncia ao seu projeto existencial. Ao fim, percebeu-se personagem e no escritor, fato enunciado em um dos captulos da referida obra, cujo ttulo indica se tratar de uma Entrevista ingnua (no sentimental). Ao analisar o texto mais detalhadamente e extensivamente, algumas concluses so inevitveis: 1) a apresentao grfica o de uma entrevista, mas trata-se de uma [auto]entrevista; 2) seu autor, nasce a partir da entrevista e o entrevistado tece apenas os relatos de uma Experincia de Personagem expresso do autor do texto ; 3) todavia, h um deslizamento para uma Experincia de Autor e ao fim da vida de Reichmann uma Experincia de Leitor. Logo, a entrevista pode at ser no sentimental, j que concedida para encerrar o ciclo da personagem e iniciar o ciclo autoral, entretanto no tem nada de ingnua. Reichmann se inscreve naquilo que se chama, para usar o termo de Leonor Arfuch, espao biogrfico, e se constitui um dilema da subjetividade contempornea. Alm do mais, alguns blocos da entrevista sugerem no apenas uma reconstruo biogrfica comum, mas indicam de outro modo a possibilidade de uma [auto]biografia coral, pois ter que sair da superfcie e mergulhar para perceber as cores, os formatos, enfim, as variaes. Acentua-se que, a memria escreve nos espaos da subjetividade com maior profundidade, da estarmos lidando com uma volta s origens no da personagem, mas do prprio autor que profetisa: Minha experincia no poder ser ignorada. Creio mesmo que a prxima gerao vir a trabalhar esta experincia. Sou para este sculo, no tenho a menor dvida.

Palavras-chave: Ernani Reichmann. Espao biogrfico. (Auto)biografia.