54
Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português Instrumental

Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

Arquivo de imagem da capa da disciplinade Português Instrumental

Page 2: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,
Page 3: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

235

Palavras da professora pesquisadora

Caros(as) aprendentes, ao dar início às nossas atividades nesteprimeiro marco do percurso, mais particularmente no componentecurricular Português Instrumental, deste Curso de Licenciatura Plenaem Pedagogia - Modalidade a Distância, quero dizer da minha boaexpectativa diante da possibilidade de conviver, de alguma forma,com vocês, professores (as), também vivamente interessados(as) eenvolvidos(as) com a Educação Infantil.Estaremos, durante este marco do percurso, discutindo sobre questõesde linguagem, redação, leitura, com vistas, não só a favorecer aleitura dos textos técnicos inerentes a esse curso, mas inclusivepara nos ajudar a compreender melhor o universo de leitura e escritaem que estamos inseridos no nosso cotidiano, na nossa sala de aula.

O componente curricular Português Instrumental tem como proposta central reconhecer aLíngua Portuguesa como fonte de comunicação. Para tanto, a partir dos diversos gêneros textuais,discutiremos sobre o ensino-aprendizagem da leitura e da escrita. Enfoque particular será dadoàs possibilidades da construção do hábito de ler e escrever, buscando enfatizar a leitura, no quese refere à compreensão e interpretação de textos orais e/ ou escritos. Esperamos que essecomponente curricular ofereça apoio na ampliação da sua competência textual, no exercício dehabilidades de leitura e produção escrita, também com vistas a compreender e interpretar textose propostas das disciplinas estudadas durante este curso. Espero, como professora pesquisadorade Português Instrumental, que os desafios propostos neste componente curricular estejamcondizentes com as suas expectativas de ampliação das perspectivas de trabalho que imaginoque você já venha desenvolvendo, consigo mesmo(a) e com seus alunos, em leitura e redação.As propostas que aqui serão desenvolvidas visam a apoiar você, aprendente, como todo(a)s nósque lidamos com a área da Educação precisamos ser, com vistas a podermos colaborar com apermanente melhoria das nossas capacidades de desenvolver com qualidade atividades quefavoreçam o processo de ensino/aprendizagem dos alunos.

Ações que favoreçam a compreensão do bom desempenho da capacidade de leitura eescrita em professores e, conseqüentemente, nos alunos é o que buscarei, apoiados que seremospelos medidores pedagógicos (presencial e a distância), neste marco do percurso de PortuguêsInstrumental. Nessa intenção, nos propomos a desenvolver com você atividades de leitura eescrita, que incentivem a sua vontade de pesquisar e ler além do que é pedido como desafio deavaliação. O fato de ser estudante a distância pode desenvolver em você uma maior autonomiacomo ‘buscador(a)’ do próprio conhecimento. Pesquise e estude. Desejamos que a nossacomunicação seja suficiente para garantir o incentivo a este trabalho!

Parabéns por estar tendo a oportunidade de se graduar. Esperamos que você veja e valorizetal oportunidade de estudo como fonte de enriquecimento para você e para a escola em quevocê atua. Uma maneira de garantir essa valorização do seu esforço em prol dessa graduação écumprindo, de maneira disciplinada, os prazos para realizar as leituras e os desafios propostos.

Page 4: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

Trilhas do Aprendente, Vol. 1 - Ed. 2009 - Português Instrumental236

Não deixar acumular trabalho lhe garante ‘cabeça fria’ para dar andamento ao seu curso.Vejamos o que nos espera quanto ao componente curricular Português Instrumental.O nosso croqui do percurso, como já lhe adiantei, contempla a leitura em diversos aspectos,

está dividido em 4 unidades. Em cada uma delas, estudaremos um aspecto da leitura e/ ou daescrita de textos. Na 1ª unidade, abordaremos concepções de leitura e tipos de textos, gênerostextuais e suportes textuais. Serão propostas atividades de avaliação voltadas à capacidade decompreender e de escolher textos para a sua utilização na educação infantil.

À medida que formos avançando no percurso, você terá oportunidade de ler sobre asquestões apontadas. Espero que você se sinta motivado(a) a ler mais do que for pedido, levando-se em consideração que você, como graduando(a), sabe da necessidade de ler para ampliar osconhecimentos. Busque também ampliar a sua capacidade de pesquisa através da Internet. Issolhe dará, além de prazer, bastante oportunidade de maior informação.

Na segunda 2ª unidade, estaremos voltados para o funcionamento da linguagem. Para isso,estudaremos os textos no que concerne à sua inteligibilidade. Veremos a sua coerência e acoesão, ou seja, como o texto pode ser ‘bem escrito’ e como na leitura percebemos isso. Acoerência e a coesão textuais serão abordadas com vistas a podermos identificar problemas deescrita, o que, espero, colabore para você escrever bem seus textos. A argumentação, ou acapacidade de expor e defender suas idéias, será abordada com o objetivo de complementar oseu aparelhamento na fala, na escrita e na leitura de textos.

Na 3ª unidade, introduziremos um assunto com o qual espero que você já esteja familiarizado:o projeto de leitura. Objetivos de ensino, avaliação das ações serão abordados para você pensarorganizadamente um texto dissertativo, um texto voltado para o desenvolvimento das idéias.Você também estudará a importância da intertextualidade nas ações voltadas para a leitura.

Na 4ª unidade, serão estudadas formas propriamente ditas de redação de textos técnicos.Com o intuito de apoiar a escrita de textos técnicos, você terá oportunidade de exercitar aredação desses textos. Resumos, esquemas, citações, textos dissertativos serão abordados comvistas à compreensão da natureza dessas produções.

Durante todo o componente curricular Português Instrumental, você será convidado(a) arealizar leituras de textos, trabalhos escritos, com prazos determinados de entrega. Saiba quevocê necessita de três notas para integralizar o componente curricular. Escolheremos entre osdesafios realizados os de melhores notas para constar como avaliação.

Espero que você tire o maior proveito possível, não só deste componente curricular, PortuguêsInstrumental, mas de todos os outros do curso que você está agora iniciando. Desejo quemantenha a sua auto motivação, pois ela será a sua fortaleza e, através dela, você garantirágrande parte do sucesso não só desse curso, mas da usa vida profissional por inteiro.

Desejo-lhe muito boa disposição para o trabalho.Que Deus nos ilumine a todos(as) e nos dê luz e força, sempre.

Profª. Dra. Maria Claurênia Abreu A. Silveira

Page 5: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

237

Arquivo de imagem do mapa conceitualde Português Instrumental

Page 6: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

Trilhas do Aprendente, Vol. 1 - Ed. 2009 - Português Instrumental238

CROQUI DO PERCURSO

Professora pesquisadora: Dra. MARIA CLAURÊNIA ABREU A. SILVEIRAE-mail: [email protected] curricular: PORTUGUÊS INSTRUMENTAL60 horas/aula04 créditos

Ementa:A Língua Portuguesa como fonte de comunicação. Gêneros textuais no ensino-aprendizagem daleitura e da escrita. Construção do hábito de ler e escrever. Leitura, compreensão e interpretaçãode textos. Os suportes textuais e os projetos integrados de leitura e redação

Objetivos:- Geral:

· Desenvolver competência textual, exercitando habilidades de leitura e produção detextos.

- Específicos:· Analisar aspectos da linguagem· Fazer inferências sobre atividades de leitura e escrita· Compreender e interpretar textos· Ler textos técnicos com desenvoltura.· Expressar coerentemente as idéias, por escrito.

Etapas do percurso:Unidade 1. Leitura:

· O que é ler?· Gêneros textuais· Tipos de texto· Os suportes textuais

Unidade 2. Linguagem e comunicação:· As funções da linguagem· Coerência e coesão textuais· Argumentação

Unidade 3. O projeto de leitura:· Construindo um projeto de leitura· Apresentar e discutir idéias· A intertextualidade

Unidade 4. Leitura e produção de textos acadêmicos· O texto dissertativo· Fichamento, citação, esquema· Resumo, resenha, artigo

Estratégias:· Os textos teóricos, gêneros textuais diversos e textos utilizados em outros componentes

curriculares do curso servirão de base e orientação para a composição dos textos exigidos.

Page 7: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

239

· As leituras propostas suscitarão discussões e sugestões de desafios voltados tanto parao universo do curso (educação infantil) quanto para o objetivo do componente curricular(desenvolver atividades de leitura e escrita).

GPS (Sistema de Posicionamento Global):

De forma contínua, os aprendentes serão avaliados a partir de trabalhos escritos propostose leituras realizadas no decorrer das unidades de ensino. Cada unidade dará ensejo a umaredação motivada pela temática abordada, pela vivência do(a) aluno(a), entre outras motivações.Dos trabalhos pedidos e realizados serão escolhidas as 3 melhores notas para constarem comoregistro de avaliação.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. ReferencialCurricular Nacional para a Educação Infantil – Brasília: MEC/ SEF, 1998.

______. Secretaria de Ensino Fundamental. Programa de desenvolvimento profissionalcontinuado: alfabetização. Brasília: SEF, 1999.

______. Parâmetros Curriculares Nacionais. Língua Portuguesa. MEC/ SEF, Brasília, 1997.

FAULSTICH, Enilde L. de Como ler, entender e redigir um texto. 13. ed. São Paulo: Vozes,1987.

FLORES, Onici C. Ensino de Língua e Literatura – alternativas metodológicas. Canoas(RS):ULBRA, 2001.

FIORIN, J.L.; SAVIOLI, F. P. Para entender o texto – leitura e redação. São Paulo: Ática, 1990.431p.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler – em três artigos que se completam. 41. ed. SãoPaulo: Cortez, 2001. (Coleção Questões da nossa época; 13). 87 p.

GARCIA, O. M. Comunicação em prosa moderna – aprenda a escrever aprendendo a pensar..13. ed. Rio de Janeiro: FGV Editora, 1986.

KATO, M. O aprendizado da leitura. 5. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. (texto e linguagem).144p.

MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. São Paulo: Brasiliense, 2003. (Coleção Primeiros Passos;74). 93 p.

MEDEIROS, João Bosco. Redação Científica – a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 3.ed. São Paulo: Atlas, 1997.

RANGEL, Jurema N. M. Leitura na escola – espaço para gostar de ler. Porto Alegre: Mediação,2005.176 p.

Page 8: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

Trilhas do Aprendente, Vol. 1 - Ed. 2009 - Português Instrumental240

Page 9: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

241

UNIDADE I

A LEITURA EM QUESTÃO

Na Unidade I estudaremos a leitura nos seus aspectos mais gerais. Analisaremos a abrangênciado termo Leitura, observando aspectos do ato de ler que podem ser desenvolvidos, não só naescola, mas na nossa vida como um todo. Concepções de leitura, tipos de textos, gênerostextuais, suportes textuais são termos que abordaremos como forma de estudar mais a fundo ouniverso dos textos que utilizamos no nosso cotidiano.

Aula 1: Ler: o que significa?

O interesse pela abordagem da leitura tem crescido no Brasil, a partir da crescentepreocupação frente à dificuldade de garantir que as crianças alfabetizadas venham a se tornarleitoras. O hábito de leitura, que poderia vir atrelado à capacidade de decodificar as letras ecompreender as palavras e frases grafadas no papel, não vem sendo formado na maioria dascrianças brasileiras matriculadas nas escolas de Ensino Fundamental. Esse é um dos motivos demuitos pesquisadores se interessarem não só em buscar as causas das dificuldades de as escolasbrasileiras favorecerem seus alunos com o hábito de ler, mas, inclusive, de pensar e discutirformas de garantir a formação de leitores, de despertar o interesse por desenvolver programas deleituras, ações que favoreçam a capacitação não só de decodificar os signos escritos da língua,mas também de conquistar a capacidade de exercer com segurança a ação de decodificar eigualmente compreender o texto lido. Paralelamente, busca-se também capacitar para a escritaeficiente de textos.

Procuremos então analisar aspectos que nos facilitem a compreensão do ato de ler, no quediz respeito, principalmente, ao seu caráter sócio-cultural, à organização da diversidade depossibilidades de leituras dentro da multiplicidade de textos que são utilizados por falantes,escritores e leitores como possibilidades de comunicação. Quando lemos textos escritos, fazemosparte da cadeia de expansão do conhecimento veiculado através da multiplicidade de publicaçõesque estão disponíveis em variadas fontes.

Ler, no entanto, não se limita ao texto escrito. Antes dele, vivenciamos situações de vidaque interpretamos ou buscamos compreender. Fazemos nossas leituras das situações, das coisasque nos cercam. Não só os adultos têm essa capacidade de ler as suas situações existenciais.Também as crianças se fazem atentas para as suas vivências. Incentivá-las a falar dos seusinteresses favorece a sua capacidade de expressão, prepara-as para pensar, para se expressarcom eficiência.

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2

Page 10: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

Trilhas do Aprendente, Vol. 1 - Ed. 2009 - Português Instrumental242

Ter oportunidade de fazer a sua leitura de mundo, comoexplicita <Paulo Freire>, é abrir possibilidades de estar ciente, deposicionar-se diante da vida. Falar das próprias vivências nos fazaptos para melhor pensar e solucionar problemas, por exemplo.

A leitura, em uma concepção mais ampla, significa acompreensão do mundo que nos cerca. Lemos o mundo, fazemosnossas próprias inferências sobre o ambiente em que vivemos, sobrea situação social e política que vivenciamos, sobre as relações interpessoais que construímos ou nas quais estamos envolvidos. A nossasensibilidade, o nosso envolvimento emocional, o nosso posicionamentodiante das situações que nos cercam, em casa ou na rua, oferecem-nos subsídios para tirar lições, aprender com as situações, fazer“leituras de mundo” sobre a realidade em que estamos inseridos.

Assim, as nossas primeiras leituras, ou as leituras que convivem conosco no nosso dia-a-dia são essas vivências cotidianas. Daí a importância que elas têm na nossa maneira de interpretara vida, de ver as coisas, nas nossas opiniões, nos nossos gostos. Os livros, os textos, os maisvariados, também estão sujeitos a essa leitura preliminar. O nosso gosto pessoal também influenciaas nossas possibilidades de sermos bons leitores ou leitores assíduos.

Estudos sobre leitura têm ampliado as possibilidades de abordagem do ato de ler, dasconcepções de leitura. Para ampliar a nossa capacidade de ler os fatos, dos quais tomamosconhecimento, faz-se necessária a capacidade de ler, de decodificar o escrito, poder expressar-se também por escrito. Quando nos referimos à leitura, particularmente impressa, visualizada,ouvida, a palavra que se apresenta é TEXTO. O texto é portador de sentido. Assim, uma sópalavra pode constituir um texto, dentro de uma situação de comunicação. Por exemplo, quandogritamos: Socorro!, só essa palavra constitui um texto. A palavra carrega-se de significado deacordo com a situação em que nos encontramos.

Nessa concepção, tomamos como texto não só aqueles que se apresentam por escrito, mastambém os sonoros, incluindo entre esses os comunicados pela fala, os visuais, como música eletra, gravuras, fotografias, esculturas, quadros, vídeos, filmes, entre outros. Todos esses elementose muitos outros da mesma natureza integram a cadeia comunicativa. São considerados comotextos, em uma perspectiva mais ampla.

A palavra texto tem sido muito utilizada e nos leva a relembrar que um texto escrito édetentor de sentido, e não, um conjunto de frases soltas. Quando lemos, sabemos identificar umtexto desconexo

Exemplo 1:

[...] Ela sabe que estamos juntos não só porque gosto dos olhos dela. Tudo que elame diz faz sentido. Somos sim uma família. O meu orgulho é que não me deixa levar issoem consideração. Sempre soube que poderíamos viajar e fazer coisas, juntos. Já brigamosmuito. Eu sei e por isso lutei para salvar o nosso casamento [...].

[...] e reconhecemos um texto inteligível.

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

Para saber mais sobre avida e a obra de PauloFreire, acesse o site daBiblioteca Digital PauloFreire:www.paulofreire.ufpb.br

AULA 1 AULA 2

Page 11: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

243

Exemplo 2:

[...]Sempre soube que poderíamos viajar e fazer coisas juntos, que a nossa famíliapodia ser estruturada e por isso lutei para salvar o nosso casamento. Somos sim, umafamília. Já brigamos muito, eu sei, mas reconheço hoje que tudo o que ela me diz fazalgum sentido. O meu orgulho é que não me deixa levar isso em consideração, mas elasabe que estamos juntos não só porque gosto dos olhos dela [...].

Consideremos também todo texto como parte de uma intertextualidade permanente. Umtexto pode “lembrar” outros textos ao seu leitor. Cada leitor pode fazer a “sua” leitura e estabelecerconexões particulares com o texto lido. Quando ampliamos as formas de leitura, aprofundando ocontato com os textos escritos, também alargamos a nossa capacidade de interpretar os fatos ede estabelecer interligações múltiplas com uma cadeia infinita de textos.

Na busca de definições para o alcance da leitura, observemos aspectos que podem nosfazer pensar sobre o assunto e buscar explicar, sob várias concepções, o que é ler.

Lemos quando:1. Damos sentido ao que nos cerca.2. Decodificamos os signos lingüísticos.

Levando-se em consideração essas duas concepções, podemos abordar a leitura no que serefere à relação texto/autor/leitor/ouvinte, o que possibilita a interação com o código oral,visual, escrito e subentende a necessidade de construir também o domínio da escrita e daexpressividade. Quando lemos, estamos construindo ligações entre os textos que conhecemos eaqueles com os quais entramos em contato.

Ler nos garante identificar quando a linguagem de um texto não representa a norma culta,ou seja, não se expressa como ensina e orienta a gramática normativa.

O nó da sabedoriaPra mode falar bonitoMeu juízo se encriquiaNão é ureia é orelhaNão é rudia é rodilhaAté Latra de ArelhaQue‘u caprichei outro diaNão é arelha é areiaJá abelha eu digo abeiaVasilha eu digo vaziaJurando tá tudo certo...Tudo errado e eu não sabiaO certo é dizer vermelhaNão é viria é virilha

Não é pareia é parelhaNão é nuvia é novilhaDe tanto escutar Mai LoveMaicon Jequison, calça LiEu jurava que baiguiaEra o inglês de riri!!!Eu vou parar por aquiAdeus, até outro diaQue‘u tou ficando enroladoNo nó da sabedoriaEu tou agora assuntandoSe sabo eu tou me casandoSe com Marilha ou MariaQUIRINO, Jessier. Prosa Morena. Recife: Bagaço, 2001.

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2

Page 12: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

Trilhas do Aprendente, Vol. 1 - Ed. 2009 - Português Instrumental244

Ler nos garante identificar aproximações dos sentidos entre um texto poéticoe uma notícia de jornal.

Ler nos garante estabelecer diferenças entre uma receita culinária[...] uma receita médica[...] uma receita de sabonete artesanal

Ler nos garante distinguir uma carta de amor[...] de uma carta oficial

Ler nos habilita a reconhecer e compreender, o que favorece resolver uma questão matemática,da mais simples à mais complexa.

Ler nos garante a possibilidade de identificar a nossa localização em um lugar desconhecidopara nós

Ler nos permite conhecer as obras literárias de muitos autores.

Ler aprofunda os nossos conhecimentos e nos prepara para sermos profissionais competentes,atualizados.

Ler nos possibilita extrair informações de um texto. À medida que lemos mais textos,assimilamos ligações entre eles, o que amplia a nossa capacidade de interpretar o mundo que noscerca. Os textos apresentam e discutem idéias. Lemos para estudar.

Ler também nos oferece a possibilidade de experimentar o prazer estético, sentimentoinspirado pelas obras de arte. A beleza do texto nos emociona, nos alegra, nos entristece... Aleitura se oferece a nós como caminho para a informação, aprendizagem, prazer.

Quando lemos, buscamos estabelecer uma relação de compreensão com o texto. Comoatividade de exercício de leitura e compreensão de texto,

Ler também nos oferece a possibilidade de experimentar o prazer estético, sentimento inspiradopelas obras de arte. A beleza do texto nos emociona, nos alegra, nos entristece... A leitura seoferece a nós como caminho para a informação, aprendizagem, prazer.

UNIDADE I UNIDADE III UNIDADE IVUNIDADE II

AULA 1 AULA 2

Page 13: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

245

1) Leia o livro <Pinóquio às Avessas>, de Rubem Alves. Dediqueatenção à forma como o autor, construindo um texto literário, apontapara questões sobre Educação. Leia mais de uma vez para melhorreter as idéias apresentadas pelo autor.

2) Retire do texto um daqueles sonhos do menino Felipe, que sãorelatados na narrativa e que você considerou mais interessante.Faça uma leitura da parte do texto que você escolheu. Construa umtexto de uma ou duas páginas a partir do sonho escolhido.

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2

Leia o livro de RubemAlves - Pinóquio àsavessas: uma históriasobre crianças eescolas para pais eprofessore. Campinas:Vozes, 2005, disponívelna biblioteca do PóloMunicipal de ApoioPresencial.

DESAFIOS (50 pontos)

Lembre-se da possibilidade de, além de compreender a colocaçãodo autor, aproximar da sua vivência o texto que você está

escrevendo.Entre em contato com o mediador pedagógico a distância se sentir

dificuldades na realização dos desafios propostos.

Page 14: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

Trilhas do Aprendente, Vol. 1 - Ed. 2009 - Português Instrumental246

Aula2: Texto: um universo em expansão

A compreensão de um texto lido nos dá condições de apresentar, com as nossas própriaspalavras, as idéias nele contidas. Leitura pressupõe apropriar-se do texto lido, favorecendo aampliação, a diversidade das nossas idéias. Quando lemos verdadeiramente, assimilamos as idéiasdo texto, podendo assim nos posicionar a respeito do que ele apresenta nas suas linhas eentrelinhas, no sentido que pode ser sugerido por ele.

Na multiplicidade de textos com os quais convivemos, observamos uma variedade depossibilidades de interação comunicativa. Para variadas exigências especiais de comunicação docotidiano, dispomos de textos apropriados para estabelecer relações sociais adequadas, o quevem comprovar a característica social da comunicação. A necessidade de comunicação, formalou informal, aponta o texto de que necessitamos para cumprir tal exigência. Da mesma forma quelemos, podemos produzir textos específicos para situações particulares.

Exemplificando: se houver necessidade de aprender a utilizar um eletrodoméstico,podemos lançar mão das instruções para o uso, um texto classificado pela Lingüística(verbete) como instrucional, especialmente construído para facilitar o manejo, a utilizaçãode algo em nosso cotidiano. Para organizar as compras na feira, no supermercado, podemoselaborar, como apoio para a memória, uma lista de itens a serem adquiridos. Lembremo-nos também de que, para estabelecer uma comunicação por escrito, podemos utilizarbilhetes, cartas (carta particular, carta oficial, carta circular, carta aberta), e.mails,memorandos, requerimentos, entre outros tipos de correspondências particulares einstitucionais. Observe-se que leitura e escrita, mais do que domínio de códigos, sugeremrelações sócio-histórico-culturais.

A leitura e a escrita ocorrem a partir do domínio do código escrito e da compreensão do quese lê ou se propõe a escrever. O contato com uma diversidade de textos exige a sua compreensãopelos leitores, revelando-se uma relação de compreensão autor/ texto/ leitor.

O aprendizado, desde os primeiros contatos com a leitura e a escrita, quando o aprendizmais adivinha o que o texto “esconde”, deve ser sempre orientado pela compreensão dos textosque podem ser lidos e escritos. Ler e escrever pressupõem compreensão desse processo que opróprio leitor vai construindo na sua trajetória de usuário e produtor de textos. Quando o professorescolhe um texto para levar para seus alunos, ele deve buscar as possibilidades que esse textopode ter de instigar os alunos à leitura, à aprendizagem, ao gosto por buscar, por si mesmos,outros textos semelhantes àquele ou a outros textos que aquele venha sugerir.

Devido à multiplicidade de textos que convivem em tantos meios de comunicação escrita,visual, oral, entre tantos apelos à interação textual, buscou a Lingüística estruturar uma divisãopara os textos que hoje são produzidos e divulgados, sendo cada tipo ou gênero textual devidamenteestudado no que se refere à forma e ao conteúdo que os caracteriza.

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2

Page 15: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

247

Os textos podem ser dispostos, de um modo geral, em dois tipos:

- Textos literários- Textos não-literários

Os textos literários podem ser classificados em:- Poesia- Narrativa- Drama.

Os textos não-literários apresentam-se como:- de imprensa- de divulgação científica- de publicidade.

Além dos textos escritos, comunicamo-nos também através de textos orais de diversasmodalidades, a saber:

- de tradição oral- de imprensa- de divulgação científica.

Considerando o universo múltiplo de textos de que podemoshoje dispor, observemos como a Lingüística Textual busca organizartal acervo, que tem se ampliado, levando-se em consideração aspossibilidades de comunicação que têm se ampliado através dadiversidade de publicações disponíveis, não só de textos impressos,mas também daqueles disponibilizados através da rede decomputadores - <os textos veiculados pela Internet>.

Além desse suporte, os textos podem chegar até os leitores veiculados através de algummeio físico que é denominado suporte textual: jornal, revista, livro, entre outros veículos que nosdão acesso aos textos. No que se pode chamar de história da leitura, sabe-se que com achegada e ampliação da indústria do papel, o acesso aos textos impressos alargou-se e temcrescido, na atualidade. Assim, o acesso aos textos escritos também foi facilitado. Muitos escritostêm circulado no nosso meio, devido a essa facilitação do acesso ao papel impresso. A variedadede publicações que estão disponibilizadas para os leitores apresenta-se em várias formas queviabilizam o acesso aos textos. Tomando como exemplo as revistas produzidas pelo mercadoeditorial, observam-se os variados tipos de textos (descrição, exposição, narração, argumentação,injunção) e gêneros textuais disponibilizados por elas.

Gênero textual é o nome dado às diferentes formas de linguagem que circulam na sociedade.Uma entrevista é um gênero textual, uma receita de bolo, uma palestra, um discurso, umaanedota, um conto, entre outras formas de comunicação menos ou mais formais. Os gênerostextuais são as formas através das quais a língua se organiza em textos. A comunicação serealiza através dos gêneros textuais.

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2

Como um exemplo dasvariadas formas deveiculação de textos a partirdo uso do computador/Internet, acesse o texto damúsica “Epitáfio” dos Titãs,disponível no Moodle:

www.ead.ufpb.br

Ouça, leia, deguste o texto.

Page 16: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

Trilhas do Aprendente, Vol. 1 - Ed. 2009 - Português Instrumental248

Além dos impressos considerados para adultos, também têmsido produzidos textos para crianças de todas as idades e níveis deleitura e escrita. Para as que ainda não lêem ou não conseguemdecodificar a linguagem escrita, são produzidos textos direcionadosa elas e para serem manipulados por elas. Livros que trazem sóimagens, que contam histórias através das ilustrações, livros paracolorir, <revistas em quadrinhos>, entre outras publicações quebuscam interessar o leitor iniciante.

Mesmo sem dominar o código escrito, a criança lê as ilustrações,“adivinha” as palavras, reconhece as personagens das históriasrepresentadas nos desenhos, nas gravuras. A variedade depublicações busca conquistar leitores, motivar, despertar o interesse.O fato é que, quanto mais cedo a criança entra em contato com ostextos - histórias contadas, revistas em quadrinhos, livros ilustrados,revistas outras, materiais que motivem a atenção, o interesse, emprincípio, pelos suportes textuais e depois pelos textos propriamenteditos - mais predisposição terá para o hábito da leitura.

Conhecer variadas fontes portadoras de textos, entrar em contato com livros, revistas,jornais, entre os inúmeros meios por onde os textos chegam até nós, favorece a formação de umleitor. O acesso a uma variada gama de gêneros textuais tende a funcionar como ampliador douniverso de leitura e de escrita. A possibilidade de escolha do que deseja ler, do que mais gostade ler e do que precisa ler abre um leque de oportunidades de aprendizagem bastante salutar.Seria bem proveitoso se as escolas dispusessem de uma variedade de texto, de livros bonitos, derevistas interessantes para favorecer a leitura não só dos alunos, mas também dos(as)professores(as). Lutemos por boas bibliotecas nas escolas.

Observe que, à medida que se amplia a variedade de suportes textuais, ou seja, que osveículos de divulgação de textos ou formas sob as quais os variados textos chegam até osleitores, também se multiplicam os gêneros textuais (formatos diversos de apresentação damensagem textual). Quando se escreve, dependendo do que se pretende comunicar, escolhe-sea forma como se organizará o texto. Por exemplo: quando pretendemos relatar algo que vivenciamosou inventamos, escolhemos uma forma narrativa para expressar o nosso pensamento. Conto,romance, crônica, ‘causo’, poema são, entre outros, gêneros que possibilitam relatos.

Estar atento(a) à variedade de tipos, gêneros textuais, nos variados suportes, favorece aescolha de uma grande variedade de textos, que podem nos garantir formas de vivenciar eincentivar os hábitos de ler e escrever.

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2

Leia o texto da revistaem quadrinhos deMaurício de Souza, ChicoBento em “Ler fazbem”. Esse texto estádisponível no ambientevirtual de aprendizagem.Para ler, acesse:

www.ead.ufpb.br

Page 17: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

249

1) Leia os textos:

a) FLORES, Onici C. & ROLLA, Ângela R. <O que é ensinarlíngua portuguesa para falantes nativos e o que esseensino implica>. In: Ensino de Língua e Literatura –alternativas metodológicas. Canoas(RS): ULBRA, 2001.

b) Para uma melhor compreensão do assunto que estamosestudando, acesse, no site da Scielo Brasil, a RevistaPsicologia: Reflexão e crítica, ou no Moodle, o texto: <Leitore leituras – considerações sobre gêneros textuais econstrução de sentidos>, das autoras Sandra Ferreira eMaria da Graça Dias. Leia o texto e retire as idéias quefavoreçam a sua compreensão.

Desenvolver, a partir dos textos lidos:

2. Dentre os muitos tipos de textos e gêneros textuais que você conhece, escolha alguns quepodem e que você acha que devem ser abordados na educação infantil.

a) Explique o porquê da sua escolha.

b) Sugira forma(s) interessante(s) de abordar, com os alunos daeducação infantil, um ou alguns desses gêneros textuais escolhidospor você.

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2

DESAFIOS (50 pontos)

Para ler os textos indicados:

Item (a): Dirija-se ao Pólo Municipalde Apoio Presencial.

Item (b): Acesse o site:http://www.scielo.br/applications/scielo-

org/

scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-

79722005000300005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt

Atenção!Os desafios 1 e 2 devem ser postados no AmbienteVirtual de Aprendizagem (AVA) - Moodle. Em casode dúvidas para realizar esse procedimento, consulteo mediador pedagógico presencial no Pólo Munici-pal de Apoio Presencial.Dúvidas sobre o conteúdo estudado, conecte-secom o mediador pedagógico a distância através doendereço: <www.ead.ufpb.br>.

Page 18: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

Trilhas do Aprendente, Vol. 1 - Ed. 2009 - Português Instrumental250

UNIDADE II

LINGUAGEM E COMUNICAÇÃO

Continuando a nossa conversa sobre textos, leitura, leitores, entre outras questões, nesta2ª unidade, iremos nos deter em pontos importantes desse nosso estudo em busca da compreensãodas concepções de Linguagem e suas funções nos atos de comunicação. Analisaremos também ainteração através dos textos, de que fazemos uso através de formas eficientes de comunicação,traduzidas como coerência e coesão textuais. Além desses aspectos lingüísticos importantespara uma eficiente comunicação oral e escrita, estudaremos a argumentação, referência importantepara garantir a inteligibilidade e a força expressiva de um texto.

No decorrer desta 2ª Unidade e ao seu término, desejamos que você tenha atingido osseguintes objetivos:

• Avaliar textos quanto à sua coerência e coesão;• Apresentar idéias e exercitar a argumentação em sua defesa.

Aula 1: Coesão e Coerência textuais

Observe que, quando falamos, ouvimos, lemos, escrevemos, ou seja, quando noscomunicamos, estamos utilizando, principalmente, a linguagem nas suas formas oral e escrita. Aconversa e os textos escritos são as nossas formas mais conhecidas de comunicação. Quandonos comunicamos, estamos produzindo textos. Para garantir essa comunicação, buscamoscompreender e, igualmente, ser plenamente compreendidos.

A comunicação é uma via de mão dupla. Quem emite a mensagemespera ser entendido por quem a ouve ou lê, por quem a recebe.Entre o emissor e o receptor, está a mensagem, isto é, o texto. Parahaver eficiência nessa interação, para que o texto em questão sejacompreendido ou mesmo considerado bem falado ou bem escrito,faz-se necessário que apresente coerência e seja coeso. Acomunicação só se efetua com eficiência se quem escreve ou falaproduz um texto que garante a compreensão a quem lê ou escuta oque está escrito ou é ou foi dito. A capacidade de comunicação deum texto ou de uma fala depende da sua <coerência>, no que dizrespeito ao sentido do texto, e da sua <coesão>, da forma como otexto é estruturado.

Coerência e coesão são fundamentais em um texto que se quer plenamente inteligível.Essa possibilidade de compreensão do que escrevemos ou lemos, falamos ou ouvimos depende decomo o texto em questão é construído. Quando é mencionada a dificuldade de saber escrever, o

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2

Acesse o site daWikipédia e pesquisesobre coerência ecoesão textuais.

www.wikipedia.org

Page 19: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

251

Coerência textual

Observemos, no primeiro momento, como se expressa a coerência textual. Você leu osignificado dessas palavras e possivelmente já se deteve nesses conceitos ou na necessidade decomunicar-se com eficiência. Assim, retomemos os termos, vamos nos deter no seu significado.Quando nos referimos à coerência textual, estamos falando da estruturação lógica das idéiascontidas no texto. Expressar-se claramente inclui expressão adequada ao que se pretendecomunicar, revelando idéias que se complementam à medida que o texto vai sendo desenvolvido.Quando se diz que alguém fala bem, há seguramente uma referência à capacidade de expressar-se com segurança e se fazer entender.

Leia o trecho da <crônica> de Luís Fernando Veríssimo,explorando, ao mesmo tempo, dois episódios ocorridos na cidade deSão Paulo: a inauguração do Viaduto D. Pedro I e a passagem dosrestos mortais do Imperador do Brasil que deu nome a esse viaduto,ocorridos no início da década de 1970. O episódio relatado ocorre emuma das filas formadas quando da exposição do caixão fechado quelevava a urna funerária. Observe detidamente como o autor cria aconfusão no diálogo das personagens.

Lendo detidamente esse fragmento do texto, você pode perceber que as personagens secomunicam e, no decorrer da conversa, começa a haver falha na comunicação. Perceba que,mesmo havendo confusão no processo de interação entre os participantes da conversa, o textoé claro. As personagens não conseguem se entender, mas o leitor consegue entender claramenteo texto e pensar a respeito dele. Nessa crônica, está colocado um momento de confusão nacomunicação, mas está longe de ser considerado confuso.

Para melhor compreender os aspectos estudados, leia com bastante atenção e marque notexto de Luís Fernando Veríssimo, as frases que expressam a confusão na comunicação daspersonagens.

que está em foco é a relação de quem escreve com as palavras organizadas nas frases, buscandocomunicar algo. O escritor revela-se através do seu texto, e o leitor busca compreender essarelação autor/ texto, através da compreensão do que lê.

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2

Indicações deleituras,periódicos etextos, disponibilizadosno ambiente virtual deaprendizagem (AVA) ouna biblioteca do PóloMunicipal de ApoioPresencial (PMAP).Link: <Leituras>

Parte do texto “Nafila”, de Luís FernandoVeríssimo, encontra-sedisponível no ambientevirtual de aprendizagem- Moodle. Acesse-oatravés do endereço:

www.ead.ufpb.br

Page 20: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

Trilhas do Aprendente, Vol. 1 - Ed. 2009 - Português Instrumental252

A confusão das informações entre as personagens não produz incoerência de sentido notexto. Produz, sim, um efeito cômico, que diverte o leitor e mostra como o autor emprega bem alinguagem para, utilizando dois fatos ocorridos no cotidiano daquelas pessoas, produzir um textoque até incentiva a discussão sobre a importância de certos acontecimentos, como foi o trasladodos restos mortais de D. Pedro I de Portugal para o Brasil.

Quando um texto é bem escrito, apresenta clareza na apresentação das idéias. Quando sefala ou se escreve, o investimento principal na comunicação oral ou no texto escrito reside noinvestimento na coerência desse texto. Assim, a coerência do que se fala ou se escreve, aclareza da exposição, a capacidade de se fazer compreender, refere-se à lógica das idéias, aoque é contrário à incoerência.

Tomemos alguns exemplos para melhor compreensão:

O menino estava chegando em casa, mas ainda não tinha chegado lá.Maria estava em casa e sua mãe não chegou cedo, pois ela estava doente.

Ao serem ouvidas, essas frases causam um estranhamento. Não nossoam bem. Revelam incoerência. Parecem confusas. Onde está aincoerência em cada uma das orações?

Na frase: “O menino estava chegando em casa, mas ainda não tinha chegado lá”, há umproblema na continuidade da ação. Se o menino estava chegando, é normal que não tivesseainda chegado. A colocação torna-se ilógica. A conjunção ‘mas’, que deveria trazer um sentidocontrário ao da oração anterior, não é utilizada dessa forma. O sentido das duas orações é omesmo, sendo uma afirmativa e a outra negativa. Pode-se afirmar que a informação é truncada,que não evolui.

Na frase: “Maria estava em casa e sua mãe não chegou cedo, pois ela estava doente”,observa-se a confusão criada em toda a oração. O fato de Maria estar em casa não é explicadopela ausência de sua mãe. Além disso, a frase apresenta certa confusão, pois não deixa claro sequem estaria doente seria a mãe ou a filha. Há incoerência no sentido, pode-se constatar, mas sepode afirmar que a estrutura do texto não se mostra incoerente. Isso faz com que o textoapresente uma falsa clareza - gramaticalmente correto, mas apresentando confusão de idéias.

Outro exemplo de falta de coerência pode ser demonstrado na seguinte hipótese: se vocêconta uma história de uma mulher muito doente, que não tem forças sequer para se levantar dacama e, no desenvolvimento da narrativa, aparece essa mesma mulher vendendo verdura nafeira, temos um bom exemplo de incoerência das informações contidas no texto apresentado. Odesenvolvimento do enredo não se coaduna com as características da personagem. A ação dapersonagem, em dado momento, não corresponde à caracterização da que foi apresentadaanteriormente ao leitor.

Se o enredo conta que um menino muito magrinho, raquítico, vendedor de pirulito, aoatravessar uma rua, no centro da cidade e, vendo um homem alto e forte ser atropelado, reúneforças e, sozinho - já que ninguém se dignava a ajudar o homem acidentado – põe-no nos braçose coloca-o em um táxi, contamos igualmente com um texto que apresenta problemas de incoerência,

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2

Page 21: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

253

no que se refere ao enredo apresentado, ou se mostra incoerente, com a expectativa lógica deação da personagem. A não ser que tal personagem fosse, na verdade, um super-herói disfarçado,mas isso o texto teria que ser bem coeso, bem constituído para ser convincente. Em literatura,tudo é possível, pois o universo da imaginação não tem limites. Talvez o limite seja dado pelacapacidade de instrumentar o texto em coesão e coerência para garantir a conquista ou oconvencimento do leitor.

Como exemplo mais claro de um tipo de incoerência, vejamos alguns versos da letra de umsamba que fez muito sucesso em décadas passadas. Analisemos como se apresenta a incoerêncianeste texto.

Foi em Diamantina, onde nasceu JKQue a princesa Leopoldina arresolveu se casarMas Chica da Silva tinha outros pretendentesE ajudou a princesa a se casar com Tiradentes [...]

(Samba do Crioulo Doido - Composição: Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto)

Perceba que a incoerência acontece na informação histórica,mas não, na estrutura lingüística. O título já anuncia o texto comofonte de desordem. A loucura do “crioulo” ou a sua desinformaçãoanuncia a convivência, no mesmo tempo histórico, de váriaspersonagens que fazem parte da história oficial do Brasil. Seobservarmos a história que a letra desse samba conta, perceberemosclaramente a incoerência da informação histórica. Vejam-se entãoos primeiros versos da letra da música:

“Foi em Diamantina, onde nasceu JKQue a princesa Leopoldina arresolveu se casar.”

Sem levar em consideração a palavra ‘arresolveu’, registro do falar não adequado à normaculta da língua portuguesa, observe que, em todo o texto, são registradas frases que dãoinformações disparatadas - como nesses dois versos que estamos analisando superficialmente -uma vez que JK (Juscelino Kubitcheck), ex-presidente do Brasil, era mineiro, nasceu em Diamantina,mas a princesa D. Leopoldina, esposa de D. Pedro I, não viveu nem se casou em naquela cidade..

A estrutura lingüística do texto apresenta-se gramaticalmente correta, trata-se de umtexto coeso, mas a incoerência no que se refere às informações históricas constitui verdadeirosdisparates, o que empresta ao texto um caráter cômico. O que o texto afirma categoricamenteestá longe do que se registrou dessas personagens citadas na letra do samba, como parte quesão da História do Brasil, conhecida e divulgada, e tais personagens não estão colocadas nosespaços sociais que ocuparam, segundo a história contada e publicada. Observe que, pelo quese sabe da biografia do autor do samba em questão, um jornalista bastante crítico da políticabrasileira, poderíamos afirmar que, com essa letra, ele pretendia fazer uma crítica à permanenteconfusão reinante no cenário político nacional.

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2

O texto completo eanimado, em formato deapresentação de slides,está disponível noambiente virtual deaprendizagem - Moodle.Acesse-o em:

www.ead.ufpb.br

Page 22: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

Trilhas do Aprendente, Vol. 1 - Ed. 2009 - Português Instrumental254

Nessa linha de texto disparatado, aparentando total descompromisso com a coerência,foram criados outros textos, em sua maioria, com intenção de comicidade. Poetas, talvez brincandocom fatos reconhecidos e estabelecidos como verdadeiros, têm retomado aspectos do cotidianoe, como numa paráfrase, embaralham as informações, criando um efeito cômico para o texto.

Essa poesia do absurdo tem inspirado releituras, reconstruções de textos que revelam umabrincadeira com o sentido das palavras, como este:

Era meia noite, o sol brilhava.As andorinhas pastavamEnquanto as vacas voavam.Uma mulher,sentada em um tamborete, lia um livro sem folhas,Na luz de um candeeiro apagado [...].

(autor anônimo)

Criar textos desse tipo diverte bastante, não só as criançasque, embora não tenham o conhecimento técnico da ação, estão,nessa brincadeira, exercitando o conhecimento do que seria um textoincoerente. Construindo textos que aparentemente prestam umainformação, mas em verdade brincam com as palavras e seussignificados nas frases, realizam um exercício de coerência, atuandono que se poderia denominar o ‘avesso’ dessa prática. Nesse caso,para se construir o texto incoerente, negou-se o que se aceita comocoerente naquele universo que o texto retrata, da mesma formaque, para construir ou reconhecer a <paráfrase> ou a <paródia>de um texto, faz-se necessário conhecer o texto gerador, ou o textoque deu origem àquela transformação.

Podemos então questionar: O que vem a ser coerência? O que significa dizer: “É incoerenteisso que ele falou”. Como nos explicam Fiorin & Savioli (1990, p.261),

A coerência deve ser entendida como a unidade do texto. Um texto coerenteé um conjunto harmônico, em que todas as partes se encaixam de maneiracomplementar, de modo que não haja nada destoante, nada ilógico, nadacontraditório, nada desconexo. No texto coerente, não há nenhuma parteque não se solidarize com as demais.

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2

Acesse o site daWikipédia e pesquisesobre paráfrase eparódia.

www.wikipedia.org

Atenção!Em caso de dúvidas sobre o conteúdo estudado,conecte-se com o mediador pedagógico a distânciaatravés do endereço: <www.ead.ufpb.br>.

Page 23: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

255

1. Para melhor compreensão do que significa coerência textual, leia:FIORIN, José Luiz & SAVIOLI, Francisco Platão. <Para entender otexto: leitura e redação>, a Lição 29 – Coerência.

2. Anote as idéias principais do texto lido e retire as frases que, nasua compreensão, melhor explicam aspectos que caracterizam umtexto coerente.

3. Leia com atenção o texto “A casa”, apresentado em seguida, eredija um texto no qual você expõe o que considera incoerente notexto lido.

A casa

Era uma casa muito engraçadaNão tinha teto, não tinha nadaNinguém podia entrar nela nãoPorque na casa não tinha chãoNinguém podia dormir na rede

Porque a casa não tinha paredeNinguém podia fazer pipi

Porque penico não tinha aliMas era feita com muito esmeroNa rua dos bobos, número zero.

(Vinícius de Morais)

É importante ressaltar que, em um texto literário, podem existir incoerênciasque são construídas propositalmente para lhe emprestar expressividade. Omesmo não deve ocorrer em um texto técnico, por exemplo. Quandoelaboramos um texto dissertativo, necessitamos de clareza na redação,para apresentar as idéias com coerência.

4. Para melhor sistematizar o seu conhecimento acerca do que foi estudado, redija, de acordocom a sua compreensão, o que você entendeu por coerência textual.

DESAFIOS (50 pontos)

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2

FIORIN, J.L.; SAVIOLI, F.P. Para entender otexto – leitura eredação. São Paulo:Ática, 1990.Esse livro está disponívelno Pólo Municipal deApoio Presencial.

Page 24: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

Trilhas do Aprendente, Vol. 1 - Ed. 2009 - Português Instrumental256

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

Coesão textual

Quando dizemos, por exemplo, que um grupo é coeso, o que isso significa? A coesão dizrespeito à união das partes que compõem o todo. Assim, quando se pode afirmar que um textoestá coeso?

A compreensão de um texto depende, basicamente, de dois fatores: a coerência - à qualjá fizemos referência – e a coesão. Ambas são igualmente importantes, porque uma não seestabelece sem a outra, pois estão intimamente ligadas quando da composição de um texto bemconstruído. Como conjunto e, por isso, exigindo uma lógica, assim deve ser um texto: um todoharmonioso, cujos elementos devem estar em sintonia uns com os outros. Um texto é compostopor um conjunto de frases inteligíveis e encadeadas para que a sua mensagem seja apreendidacom clareza pelo leitor. Fiorin & Savioli (1990, p. 172) explicitam que,

Quando lemos com atenção um texto bem construído, não nos perdemos porentre os enunciados que o constituem, nem perdemos a noção de conjunto.Com efeito, é possível perceber a conexão existente entre os vários segmentosde um texto e compreender que todos estão interligados entre si.

Observe que o que diz respeito à <coesão textual> não sedesliga da coerência de que falamos anteriormente. O texto, paraser inteligível, tem que ter coerência e ser coeso. Analisemos maisdetidamente como a coesão trata da distribuição da informação nodecorrer do texto.

Para um texto ser considerado coeso, deve ser construídoutilizando-se formas de distribuição das informações na suacomposição. A clareza da comunicação pode ser prejudicada, porexemplo, pelo mau uso dos mecanismos gramaticais (conjunções,advérbios, substituições, elipses). Um texto é considerado coesoquando utilizamos adequadamente os mecanismos lingüísticos paragarantir expressões de continuidade, de progressão de nãocontradição e de articulação necessárias à coerência. A pontuaçãotambém é marca de coesão, uma vez que falhas na pontuaçãoprejudicam a compreensão das idéias contidas no texto.

A leitura de um texto bem elaborado nos garante identificarmos nele suas partes, as idéiasque ele retrata. Tudo isso de maneira organizada, de forma que podemos perceber, a partir datemática enfocada por ele, qual a sua colaboração para o grande debate que os textos travamcom o universo do conhecimento. A compreensão de um texto depende principalmente do usoadequado das estruturas da língua na qual ele foi produzido.

Para compreender os aspectos de coesão textual, leia mais detidamente uma pequenaparte do texto de Jurema N.M. Rangel (2005: p.142-3), que discute as práticas de leitura naescola, refletindo sobre a importância de os professores incentivarem seus alunos a ler. Podemosobservar, mais detidamente, a estruturação do texto, como a autora organiza as idéias, além daforma como se expressa, buscando. Todos esses pontos a observar referem-se diretamente à

AULA 1 AULA 2

Para melhorcompreender o quesignifica coesãotextual, leia, em Fiorin& Savioli (1990), aslições 30 e 31,i n t i t u l a d a s ,r e s p e c t i v a m e n t e ,Coesão textual (I) eCoesão textual (II).

Para reforçar seuconhecimento sobre essatemática, acesse o sitewww. pucrs.br/gpt/coesão.php e leia otexto: Como se realiza acoesão.

Page 25: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

257

coesão do texto. Lembre-se que um texto bem elaborado exibe idéias claras (coerência) atravésde estruturas gramaticais e lingüísticas adequadas(coesão).

Ao refletir sobre a prática de leitura na escola, questiono a leitura marcada pelocerto/ errado, que legitima uma abordagem da leitura estruturalista, ignorando aexperiência de vida, a história e a prática lingüística dos alunos. Em outras palavras,não considera o grau de letramento destes alunos e está estreitamente vinculadaàs políticas governamentais para a produção e distribuição de livros, principalmentenas instituições públicas, e institui práticas discursivas que estabelecem e avaliamo leitor na sala de aula.Partindo destas idéias, percebo que o gosto pela leitura e a formação do leitor pelaescola estão alicerçados em práticas de leitura que essencialmente colocam o alunono lugar do não-leitor, porque a cultura da prova, da verificação afasta o prazer deaprender, fazendo com que os alunos leiam apenas para obterem bons resultados,desaparecendo “o debate, a polêmica, as diferentes leituras do mesmo texto, oexercício da dúvida e do pensamento divergente, a pluralidade.” (GARCIA,1999,p.41).

Vamos analisar mais detidamente estes dois parágrafos que fazemparte de um texto intitulado “O aluno leitor: o que lê e como lê”. Em primeirolugar, observemos o que diz respeito à coerência. No primeiro parágrafo, aautora propõe que se reflita sobre a prática de leitura na escola e apontacomo falha a abordagem de leitura que não leva em consideração “aexperiência de vida, a história e a prática de vida dos alunos.”

O segundo parágrafo, reforçando o que foi posto no primeiro, afirmaque as exigências na avaliação do que é determinado pela escola para serlido pelo aluno provoca efeito contrário na formação do gosto pela leitura.Para a autora, leituras impostas levam o aluno a ler visando unicamente ànota, anulando as possibilidades de amadurecimento através da leitura. Osquestionamentos e o debate, entre outras possibilidades de quem lê emprofundidade, com interesse e conhecimento do assunto abordado, vãosendo postos no texto à medida que a autora discorre sobre a temática doincentivo à leitura. Podemos afirmar que o conjunto de frases que compõeeste material constitui um texto, uma vez que dele podemos resgatar umsentido. Por ser bem estruturado, o texto se faz entender integralmente.

Quanto à coesão verbal, observemos aspectos da forma estética do texto quecompõem a sua coesão e que colaboram para a coerência das idéias expostas no texto.O 1º parágrafo tem início com a frase que expõe a sua idéia principal e é complementadapela colocação que, em um crescente, aponta passo a passo os aspectos que desenvolvema idéia lançada no início do parágrafo. Observe que a pontuação também tem efeito decoesão, pois empresta clareza ao texto, reforça a coerência necessária. A segundaoração, dando andamento à idéia exposta na primeira, tem início com uma expressão queindica essa continuidade, favorecendo para que a temática a ser aprofundada, da formaçãodo gosto de ser leitor, venha à tona com suas razões para a dificuldade de se obteremresultados significativos nessa proposta de formar leitores competentes.

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2

Page 26: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

Trilhas do Aprendente, Vol. 1 - Ed. 2009 - Português Instrumental258

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

A coesão tem os seus elementos expostos no texto, enquanto acoerência se expressa através da compreensão que esse textoproduz. Pode-se afirmar que a coesão diz respeito ao uso adequadoda linguagem em todas as suas formas, ao uso eficiente dasestruturas da língua, enquanto a coerência focaliza o que o textocomunica ao sentido da sua mensagem.

Assim, o uso eficiente da linguagem, para articular e construir sentenças, garante ao textoa sua capacidade de comunicar, de expressar idéias, de trazer informações, de se fazercompreendido, ou seja, de funcionar como texto.

Existe, no entanto, a possibilidade de textos serem incoerentes, para nós, pelo fato de nãotermos a competência necessária para compreendê-los; as informações nele contidas se tornampara nós incompreensíveis, embora sejam plenamente inteligíveis para quem domina o seu universode informação. Quando um texto apresenta informações completamente desconhecidas paranós, ele nos parecerá incoerente.

Exemplo:

Le petit chaperon rouge.

Il était une fois une petite fille, nommée le Petit Chaperon Rouge. Elle allarendre visite à sa grand-mère qui était malade. Elle partit seule, un panier de provisionsau bras. “Ne quitte pas le sentier” lui dit sa maman. “Et ne s’arrête pas en chemin”.La grand-mère habitait une petite maison au milieu de la forêt.

Assim, nem todos nós conseguimos resgatar o sentido desse texto, que é uma adaptaçãode um conto de Charles Perrault. Não que o texto não tenha sentido, mas passa a não tê-lo senão soubermos ler em Francês.

Vimos que, para que um grupo de frases e palavras seja considerado um texto, há necessidadede que essas palavras e frases estejam articuladas compondo um todo, para que possa serconsiderado uma unidade de sentido. Coerência e coesão complementam-se na composição detextos compreensíveis.

Observe que um texto pode ser coerente em uma situação e não sê-lo em outra. Se você,referindo-se a uma situação vivida anteriormente, diz à sua amiga: “Se você sabia que ele tinhaesse costume, por que não avisou os moradores do edifício do perigo que eles estavam correndo?Agora fica difícil conseguir aquilo que eu lhe disse no mês passado que poderíamos conseguir”.Quem não conhece a situação anterior que gerou essa conversa, não vai poder depreender osentido do texto produzido. Ele terá significado para as pessoas que conhecem o contexto quemotivou tal observação. Situações anteriores, se não referidas, por vezes, inviabilizam acompreensão de um texto.

Ampliando um pouco a concepção de leitura, retomamos a leitura, de um modo mais amplo,como a capacidade de compreender o mundo. De forma mais restrita, a leitura é uma forma decompreender os textos com os quais entramos em contato. Assim, não só as informaçõesincompletas se inserem no nosso universo de leituras e na busca de compreensão. Conheceroutros universos também se faz necessário para que possamos compreender em profundidade

AULA 1 AULA 2

Page 27: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

259

aquele texto com o qual entramos em contato. A nossa capacidade de compreensão daquilo quelemos ou ouvimos depende do nosso conhecimento de mundo. Assim, pode-se afirmar que umtexto apóia-se, amplia-se em outros textos, e o seu sentido não está unicamente nele.

Aua 2: A argumentação

A argumentação pode ser exemplificada com a ação necessária de um advogado na defesaou acusação de um réu em júri popular. Se o advogado não souber argumentar, para conseguir ovoto de defesa do seu cliente, se não estiver apto a defendê-lo, (em linguagem escrita e falada),não terá condições de mantê-lo sob justiça ou garantir-lhe a liberdade. Ao contratar os serviçosde um advogado, o réu espera que sua capacidade de argumentação garanta-lhe a liberdade ouuma pena justa.

Mas não é somente o advogado que tem necessidade de defender suas opiniões, de fazervaler seu ponto de vista. Tal capacidade é exigida de todas as pessoas em muitas situações devida. No exercício da cidadania, a argumentação ocupa espaço privilegiado. Saber argumentarsignifica ter a capacidade de convencer a outra pessoa a abraçar a nossa causa. É atuar nocampo das idéias, demonstrando, oferecendo provas incontestáveis, é garantir que o outropense como nós.

A argumentação inclui a persuasão, que atua no campo da emoção, buscando alcançar oaval do outro através da afetividade. Quando persuadimos alguém para agir, havemos conquistadoa sua confiança, ganhamos um adepto fiel.

O texto a ser analisado tem como título: Carinhoso, de autoriade Pixinguinha e João de Barro. Leia a letra, ouça a <música> eresponda: Há nesse texto mais intenção de convencer ou depersuadir? Por quê?

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2

DESAFIOS

Para ouvir a música“Carinhoso”, acesse oambiente virtual deaprendizagem atravésdo endereço:www.ead.ufpb.br oudirija-se ao PóloMunicipal de ApoioPresencial e procure osmediadores pedagógicospresenciais.

Page 28: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

Trilhas do Aprendente, Vol. 1 - Ed. 2009 - Português Instrumental260

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

Carinhoso(Pixinguinha e João de Barro)

Meu coraçãoNão sei por queBate feliz quando te vêE os meus olhos ficam sorrindoE pelas ruas vão te seguindoMas mesmo assim, foges de mim

Ah! Se tu soubessesComo sou tão carinhosoE muito e muito que te queroE como é sincero o meu amorEu sei que tu não fugirias mais de mim

Vem, vem, vem, vemVem sentir o calorDos lábios meusÀ procura dos teusVem matar esta paixãoQue me devora o coraçãoE só assim entãoSerei feliz, bem feliz.

A letra dessa música revela o discurso amoroso, a busca da conquista da atenção, mais queisso, do amor de alguém. Observe que, na primeira estrofe, está posto o problema: amar e nãoser correspondido é a idéia reinante. Alguém que está apaixonado e busca envolver a pessoa alvodaquela paixão. Na segunda estrofe, dá-se a declaração, mas em forma de hipótese: “se tusoubesses... não fugirias mais de mim.” O eu lírico busca, assim, persuadir a pessoa amada acorresponder à paixão declarada. A quarta estrofe declara, sem limites, a paixão e chamainsistentemente: “vem, vem, vem...” viver uma paixão intensa, descobrir o que é amar e seramado – a suprema glória para qualquer ser humano. Finaliza afirmando que busca ser feliz, masnão será feliz sozinho se houver correspondência à sua paixão avassaladora.

“Carinhoso” expõe, como o título adianta, carinhosamente, faces do discurso argumentativo.Tenta convencer o outro. Revela a intenção de realizar um desejo com o aval da outra pessoa.Revela o esforço de alguém, através da arte de persuadir, para fazer com que a pessoa queridaabrace a mesma idéia, aceite a sugestão de viverem uma grande paixão.

No caso particular do nosso curso de Português Instrumental, buscamos não só o discursoamoroso do poema, mas o discurso técnico, revelado no texto dissertativo. Estudar, compreenderem profundidade o texto acadêmico, principal responsável pela divulgação do conhecimento.Quando expressamos idéias, faz-se necessário defendê-las. Para isso, usamos, principalmente, otexto argumentativo. Quando afirmamos que gostamos ou não de um filme, por exemplo, defendemosa nossa colocação através do texto argumentativo.

Argumentar consiste, portanto, no ato de apresentar idéias e defendê-las. Quandoescrevemos, expomos nossas idéias. Construímos o nosso texto escrito a partir das idéias queampliamos através da leitura, das discussões realizadas a respeito da temática em questão.Baseamos nosso discurso em leituras feitas, em fatos que se relacionam com o assunto abordado.

AULA 1 AULA 2

Page 29: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

261

Diz-se que argumentar é uma arte. A arte de convencer, de fazer com que o outro passe apensar como nós. Como toda arte, esta também pode nos sensibilizar. Podemos aprendê-la paramelhor nos fazer entender e melhor defendermos as nossas idéias.

Para compreender melhor esses conceitos, leia o texto de SigridGavassi, intitulado “Ensino de Argumentação na Escola (uma novaproposta)”. Esse texto, apoiado em dados teóricos que definem aargumentação, centra o seu interesse pela prática do professorquando se dedica a ensinar aos seus alunos a argumentar, ou seja, adefender e/ ou apresentar bem as suas idéias.

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

A leitura tem sido tema de debate constante. Desenvolver, desde a infância, o hábito de lertem sido motivo de preocupação para pais, educadores, escritores, entre tantos profissionais edemais pessoas envolvidas direta ou indiretamente com a educação das crianças. Acusa-se atelevisão, o computador, de serem algumas das causas de as crianças não se interessarem pelaleitura. Se há dificuldade em fazer de uma criança um(a) leitor(a), o que dificulta esse processo?Utilizando a sua capacidade de argumentar, escreva um texto posicionando-se quanto a essaquestão.

AULA 1 AULA 2

Para ler o texto indicado,você deve acessar osite:<www.filologia.org.br/viisenefil/04.htm>.

DESAFIOS (50 pontos)

Lembre-se de entrar em contato com o mediador pedagógico adistância se sentir dificuldades na realização dos desafios

propostos.

Page 30: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

Trilhas do Aprendente, Vol. 1 - Ed. 2009 - Português Instrumental262

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

Nesta 3ª Unidade, faremos uma abordagem acerca de ‘como estudar’, como ler os textosem profundidade, recortar temáticas para retomá-las reescrevendo-as para compreendê-las commaior eficiência. Estaremos assim revendo as nossas atividades de leitura e escrita, com vistas a,como professores, ampliar possibilidades de melhorar a nossa maneira de aprender e de ensinar.Estudaremos também modos de sistematizar com eficiência os textos acadêmicos, especificamente,por escrito.

O que pretendemos alcançar?

No desenvolvimento desta Unidade, pretendemos alcançar os seguintes objetivos:

• Reconhecer e interpretar as idéias dos textos lidos;• Exercitar, com profundidade, a leitura de textos dissertativos.

Aula 1: Construir redes de leitura

No cotidiano de um professor, há sempre necessidade de aprender mais a conjugar o verboconstruir, na sua ação correspondente, com base no que se refere à abordagem construtivistana Educação. A partir das propostas contidas nos <Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs)1>,o professor é orientado a construir o conhecimento, em conjunto com o aluno, com o apoio daescola e da comunidade, tomando, como base de suas ações, as experiências anteriores dosseus educandos, apoiando-se nos conhecimentos que estes detêm, para desenvolver seu planode ação didático-pedagógica, com vistas a garantir o ensino/ aprendizagem.

Uma das necessidades básicas de cada pessoa é a capacidade de se comunicar, para poderbem ouvir, falar, ler e escrever, ou seja, comunicar-se eficientemente. Os PCN’s (Introdução,p.16) reconhecem que o que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) propõe para o ensino“está em função do objetivo maior do ensino fundamental, que é o de propiciar a todos formaçãobásica para a cidadania.” Essa Lei é bem clara, no que se refere especificamente ao ato de se

UNIDADE III

PROPOSTAS PARA LEITURA

AULA 1 AULA 2 AULA 3

1 Você poderá baixar todos os volumes dos Parâmetros Curriculares Nacionais, acessando o site:http://portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=content&task=view&id=263&Itemid=253

Page 31: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

263

desenvolver nos alunos capacidade de aprender, e aponta como base “o pleno domínio da leitura,da escrita e do cálculo”.

A escola recebeu da comunidade a incumbência de garantir o acesso ao texto lido. Sehouve um tempo, no Brasil, em que as famílias cuidavam, em casa, da alfabetização das crianças,se, nesse tempo, elas aprendiam a ler em casa, por motivo de não existirem escolas suficientespara atende-las, hoje o panorama mudou no que diz respeito ao aumento do número de escolasdisponíveis.

Hoje a escola é apontada como o melhor lugar para a criança aprender a ler. Mais que isso,a escola não deve apenas ensiná-la a ler, mas, inclusive, a gostar de ler. Isso se deve àsexigências da modernidade que, ampliando as possibilidades de comunicação, fez que surgissetambém a necessidade de se obterem informações. Observe que, à medida que a tecnologia vaise expandindo, vão sendo criadas novas redes de informação, que vão se ampliando, com oobjetivo de aumentar cada vez mais a capacidade de tornar a informação disponível. O progressoda ciência nessa área tem crescido de maneira vertiginosa. É esse progresso que nos garanteestudar em grupo, sem obrigatoriamente estarmos em presença, professores e alunos na sala deaula. As nossas atividades podem ser realizadas e acompanhadas a distância.

Na área da leitura, mesmo hoje, quando é possível acessartextos que foram enviados por pessoas que estão muito distantes denós, a essência da leitura continua sendo a mesma. O que é importanteé ler e compreender o que lemos. É isso que precisamos exercitar, eo mesmo devemos ensinar aos nossos alunos: <ler e compreendero que foi lido>.

Já é bem conhecida a proposta de contar histórias paracrianças, jovens e adultos. Esse tipo de atividade popularizou-setambém pelo interesse que desperta naqueles envolvidos na escutade um bom contador ou de uma boa contadora de histórias. Utilizar avoz na apresentação e assim incentivar a leitura de variados gênerostextuais, quando bem planejada, tem dado bons resultados nessaproposta de ampliar o número de leitores, e não, só de alfabetizados.

Os textos que compõem a literatura são os mais apropriados para fazer parte das atividadesde leitura e escuta de textos. Há, no entanto, nesse universo, aqueles que são mais utilizadospara fazer circularem informações, para divulgar idéias sobre os campos do conhecimento. Essesnão se expressam como as narrativas, em forma de histórias para serem contadas [...].

O leão apaixonadoCerta vez um leão se apaixonou pela filha de um lenhador e foi pedir a mão dela em

casamento. O lenhador não ficou muito animado com a idéia de ver a filha casada com ummarido perigoso daqueles e disse ao leão que era muita honra, mas muito obrigado, não queria.O leão se irritou. Sentindo o perigo, o homem foi esperto e fingiu que concordava:

_ É uma honra, meu senhor. Mas que dentões o senhor tem! Que garras compridas!Qualquer moça ia ficar com medo. Se o senhor quer se casar com a minha filha, vai ter quearrancar os dentes e cortar as garras.

O leão apaixonado foi correndo fazer o que o outro tinha mandado; depois voltou à casado pai da moça e repetiu seu pedido de casamento. Mas o lenhador, que já não sentia medodaquele leão manso e desarmado, pegou um pau e tocou o leão para fora de sua casa.

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

Leia atentamente emFiorin & Savioli (1990,p.35-43) a l ição 4,Níveis de leitura deum texto, paracompreender melhor aproposta que os autoresapresentam e queampliam a percepção deleitura. Esse texto estádisponível na bibliotecado Pólo Municipal deApoio Presencial.

AULA 1 AULA 2 AULA 3

Page 32: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

Trilhas do Aprendente, Vol. 1 - Ed. 2009 - Português Instrumental264

to

O sol não é um solNem dois sóisNem tersóisO sol é um só.

Uma solar(Edônio Alves do Nascimento)

O sol não é um solNem dois sóisNem tersóisO sol é um só.

Galanteio(Edônio Alves do Nascimento)

O galo é um ser galanteSe engalana para amarO galo não se garante.

[...] tampouco de Parlendas [...]

Rei, soldado,capitão, ladrãoMenina bonitado meu coração

Um, doisFeijão com arrozTrês, quatroArroz no pratoSete, oitoComer biscoitoNove, dezBesta tu és.

[...] ou Adivinhações.

O que é, o que é?...Moram cinco irmãosem uma ruaQuando um perde a casa,todos perdem a sua.

(Os botões da camisa)

O que é que ...se compra pra comere não se come?

( pratos, talheres)

O texto dissertativo não é expresso como o texto literário, que permite construções asmais variadas, que aceita todos os tipos de linguagem, que se desfazem e se fazem muito aogosto de quem escreve, mesmo obedecendo a ditames da técnica específica para cada gênero.Mesmo quando se refere ao texto literário, livre, artístico, ainda assim, o texto dissertativomantém a sua forma técnica de discutir idéias. Mesmo abordando a arte em suas múltiplasdimensões, o texto dissertativo se expressa no seu formato tecnicamente preestabelecido,abordando o campo das idéias, retomando textos afins, buscando aprofundar o conhecimento emtodas as áreas.

No universo de textos de que hoje dispomos para leitura, à medida que ampliamos osconhecimentos, vamos tomando ciência de múltiplos gêneros textuais. Relembrando a 1ª Unidade,quando nos detivemos no universo dos gêneros textuais e nos suportes que nos garantem os

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2 AULA 3

[...] nem de Poemas [...]

Page 33: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

265

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2 AULA 3

textos chegarem até nós, podemos afirmar que, durante toda a nossa vida de leitores, tomamosconhecimento, temos contato com, redigimos e empregamos, em várias situações sociais, osmúltiplos gêneros textuais que conhecemos e a que temos acesso.

Essa rede de textos com a qual tomamos contato amplia a nossa capacidade de ler emprofundidade. Quanto mais lemos sobre determinadas temáticas, mais aprofundamos as nossaspossibilidades de compreender e apresentar as idéias que venham colaborar com a grande redede discussões sobre os fatos que se apresentam, exigindo de nós informação, posicionamento.

1) Após o estudo da aula 1, produza um texto dissertativo.

DESAFIOS (25 pontos)

Atenção!O desafio deve ser postado no Ambiente Virtual deAprendizagem (AVA) - Moodle. Em caso de dúvidaspara realizar esse procedimento, consulte omediador pedagógico presencial no Pólo Municipalde Apoio Presencial.Dúvidas sobre o conteúdo estudado, conecte-secom o mediador pedagógico a distância através doendereço: <www.ead.ufpb.br>.

Page 34: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

Trilhas do Aprendente, Vol. 1 - Ed. 2009 - Português Instrumental266

Aula 2: Apresentar e discutir idéias

Um tipo de texto, o dissertativo, tem sido o mais utilizado na formação e disseminação doconhecimento, principalmente na área de Ciências Humanas, mais especificamente, para nós, naparte reservada à Educação. Assim, estudaremos o texto dissertativo como forma de facilitaçãoda leitura e produção desses que são também considerados “textos técnicos”, uma vez que sereferem a aspectos teóricos de determinadas áreas de estudo.

Lemos e escrevemos textos técnicos ou dissertativos quando pretendemos nos aprofundarem alguma área do conhecimento. A palavra utilizada no texto dissertativo reveste-se doconhecimento, é formada pelas várias leituras realizadas e que no texto são expostas e discutidas.A partir do estudo bem orientado desse tipo de texto, ampliamos os nossos conhecimentostécnicos na área à qual dedicamos nossas pesquisas.

Analisemos alguns aspectos a respeito dos variados <tipos deleitura> que realizamos em nossa trajetória como leitores. Paracada tipo de texto, há um posicionamento adequado de leitura.

Tipos de leitura

As nossas leituras têm origens e objetivos diferenciados.Retiremos do texto lido a parte que se refere às “leituras

acadêmicas”, principalmente dos textos dissertativos, aquelas leiturasque visam extrair informações científicas sobre alguma temática.Analisemos as características da linguagem necessárias a esse gênerotextual:

• Linguagem científica, que se caracteriza pela clareza, precisão e objetividade;• Expressão fundamentalmente informativa e técnica;• Linguagem firmada em dados concretos, a partir dos quais se analisa e sintetiza,

argumenta e conclui;

1ª característica: A linguagem científica utilizada no texto dissertativo é resultado de umsaber, ou de saberes, provenientes da capacidade de se discutir sobre a temática a ser enfocada.Se você pretende falar sobre algo, precisa conhecer bem o que vai ser ponto de discussão. Oconhecimento da temática é um ponto que viabiliza a clareza das idéias apresentadas. Nesseprocesso, convém, ainda, expor ponto por ponto do assunto que pretende discutir e apresentaras idéias com vistas a tornar o texto claro e objetivo.

2ª característica: O texto acadêmico, cujo aspecto básico é a informação, uma vezdiscute ao mesmo tempo em que apresenta as idéias, é fundamentalmente informativo e técnico.É considerado técnico pelo fato de discutir informações, de lidar com o conhecimento.

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2 AULA 3

Leia com atenção estaparte do texto deMATOS, H.C.J., retiradodo seu livro intituladoAprenda a estudar.O r i e n t a ç õ e smetodológicas para oestudo. 4. ed. Petrópolis:Vozes, 1997. (p. 27- 28),disponível no PóloMunicipal de ApoioPresencial.

Page 35: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

267

3ª característica: A linguagem do texto dissertativo apóia-seem informações, vindas de outros textos, da vivência do autor, dosfatos observados e condizentes com a discussão que se pretendedesenvolver. A partir dessas informações, são desenvolvidas a análisedos fatos e a síntese de aspectos que fazem parte do universo deconhecimento do qual o texto participa. A argumentação é uma dascaracterísticas principais dos textos dissertativos, pois é atravésdela que se colocam e se defendem idéias. Como o texto dissertativoapresenta idéias e busca ampliar conhecimentos, nada mais adequadoque utilizar a linguagem argumentativa na sua composição.

2.1 Identificação das idéias de um texto

Para analisar, na prática, o texto dissertativo e assimcompreender o que estamos discutindo a respeito da linguagem dessetipo de texto, estudemos alguns parágrafos extraídos do livro indicadono link ao lado.

Ampliando a noção de leitura

“Se o conceito de leitura está geralmente restrito à decifração da escrita, suaaprendizagem, no entanto, liga-se por tradição ao processo de formação global do indivíduo,à sua capacitação para o convívio e atuação social, política, econômica e cultural. Saber lere escrever, já entre gregos e romanos, significava possuir as bases de uma educaçãoadequada para a vida, educação essa que visava não só ao desenvolvimento dascapacidades intelectuais e espirituais, como das aptidões físicas, possibilitando ao cidadãointegrar-se efetivamente à sociedade, no caso, à classe dos senhores, dos homens livres.

Assim, se saber ler textos escritos e escrever ainda hoje é algo a que não se temacesso naturalmente (o analfabetismo persiste mesmo em países desenvolvidos), entreos antigos era privilégio de pouquíssimos. E o aprendizado se baseava em disciplina rígida,por meio de método analítico caracterizado pelo progresso passo a passo: primeiro, decoraro alfabeto; depois, soletrar; por fim, decodificar palavras isoladas, frases, até chegar atextos contínuos. O mesmo método sendo aplicado para a escrita.

Apesar de séculos de civilização, as coisas hoje não são muito diferentes. Muitoseducadores não conseguiram superar a prática formalista e mecânica, enquanto para amaioria dos educandos aprender a ler se resume à decoreba de signos lingüísticos, pormais que se doure a pílula com métodos sofisticados e supostamente desalienantes.Prevalece a pedagogia do sacrifício, do aprender por aprender, sem se colocar o porquê,como e para quê, impossibilitando compreender verdadeiramente a função da leitura, oseu papel na vida do indivíduo e da sociedade.”

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2 AULA 3

O livro “O que é leitura”,de Maria Helena Martins.São Paulo: Brasiliense,2003, p. 22 - 23,encontra-se disponívelna biblioteca do PóloMunicipal de ApoioPresencial.

Para melhoraproveitamento dosdesafios a serempropostos, você deve ler,no moodle(www.ead.ufpb.br), otexto intitulado Ler comuma finalidade, deMORGAN & DEESE,retirado do livro Comoestudar.

Page 36: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

Trilhas do Aprendente, Vol. 1 - Ed. 2009 - Português Instrumental268

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

Leia atentamente a parte do texto apresentada na página anterior. Agora vejamos o que épossível retirar dele, no campo das idéias. Você mesmo analisará e, com as próprias palavras,responderá às questões propostas.

1) Como o título e as primeiras frases do texto já anunciam, esses parágrafos falam, principalmente,de quê?

2) O texto tem início apresentando a leitura em seus aspectos históricos. Cita a Grécia antiga,uma vez que a escrita teve início com os gregos, na Grécia antiga, no mundo ocidental. Então,para os gregos, o que significava saber ler e escrever?

3) Quem tinha acesso, na Grécia antiga, ao aprendizado da leitura e da escrita?

4) Para os antigos, de modo geral, na Grécia e em outros países, como era realizado o aprendizadoda leitura e da escrita?

5) E hoje, no Brasil, por exemplo, como é realizado por muitos educadores o ensino da leitura e daescrita?

6) Quais as idéias que você identificou nos três parágrafos, as quais são apresentadas comoinício da discussão desenvolvida no texto?

7) Existe no texto uma idéia central? Identifique-a.

8) A partir da sua experiência, no universo apresentado por esse fragmento do texto, acrescenteum posicionamento à discussão proposta.

AULA 1 AULA 2 AULA 3

DESAFIOS (25 pontos)

Atenção!Os desafios propostos devem ser postados noAmbiente Virtual de Aprendizagem (AVA) - Moodle.Em caso de dúvidas para realizar esse procedimento,consulte o mediador pedagógico presencial no PóloMunicipal de Apoio Presencial.Dúvidas sobre o conteúdo estudado, conecte-secom o mediador pedagógico a distância através doendereço: <www.ead.ufpb.br>.

Page 37: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

269

Para tirarmos bom proveito do nosso estudo, não basta que leiamos o texto. Faz-senecessário o estudo. Estudar um texto dissertativo é, pois, buscar as idéias principais e assecundárias nele contidas; é extrair-lhe o sentido e comparar com o que já sabemos a respeitodo assunto tratado para nos posicionar a respeito do que o texto apresenta. Realizamos leiturasde textos dissertativos a respeito de assuntos sobre os quais necessitamos aprender mais, nosaprofundar.

Com essa leitura de um pequeno trecho de um livro, podemos adiantar que, de um modogeral, o estudo de textos se realiza a partir de uma leitura cuidadosa, buscando retirar significadosdas partes e do conjunto do texto lido. O texto oferece informações e indagações. Cabe ao leitorretirar dele as informações necessárias ao seu aprofundamento naquela área específica. Apontandoos conceitos-chave ou as idéias básicas de cada parágrafo, teremos a idéia mestra, que orientao texto e amplia o seu significado.

Com vistas a reforçar a competência da leitura em profundidade, para promover o estudo,retomemos o fragmento do texto de Maria Helena Martins, a fim de exercitar o reconhecimentodas suas idéias centrais e secundárias. Você já o analisou e expôs as idéias que ele veicula.Marquemos, então, frases e grupos de palavras, como forma de identificar as idéias apresentadas.Para isso, utilizarei, no meu texto, as cores correspondentes às idéias marcadas no texto.

Relembre as orientações dadas no texto de Morgan e Deese, Ler com uma finalidade. Osautores falam em “aprender a idéia mestra”, buscar uma “sentença que expresse seu pontoessencial, que o sintetize”. Releia o parágrafo e veja a parte sublinhada. No primeiro parágrafo,podemos recortar um conceito de leitura. Em seguida, é apresentado o significado de saber ler eescrever para os gregos e romanos.

No segundo parágrafo, a autora adianta a discussão, ainda mantendo o sentido da importânciae da dificuldade de acesso à leitura e à escrita, traz a discussão para a atualidade. Comparandocom o que se via na antiguidade, mostra o método utilizado, para afirmar que hoje ele aindapersiste.

Se o conceito de leitura está geralmente restrito à decifração da escrita, sua aprendizagem,no entanto, liga-se por tradição ao processo de formação global do indivíduo, à sua capacitaçãopara o convívio e atuação social, política, econômica e cultural. Saber ler e escrever, já entregregos e romanos, significava possuir as bases de uma educação adequada para a vida, educaçãoessa que visava não só ao desenvolvimento das capacidades intelectuais e espirituais, como dasaptidões físicas, possibilitando ao cidadão integrar-se efetivamente à sociedade, no caso, àclasse dos senhores, dos homens livres.

Assim, se saber ler textos escritos e escrever ainda hoje é algo a que não se tem acessonaturalmente (o analfabetismo persiste mesmo em países desenvolvidos), entre os antigos, eraprivilégio de pouquíssimos. E o aprendizado se baseava em disciplina rígida, por meio de métodoanalítico caracterizado pelo progresso passo a passo: primeiro, decorar o alfabeto; depois, soletrar;por fim, decodificar palavras isoladas, frases, até chegar a textos contínuos. O mesmo métodosendo aplicado para a escrita.

Apesar de séculos de civilização, as coisas hoje não são muito diferentes. Muitos educadoresnão conseguiram superar a prática formalista e mecânica, enquanto para a maioria dos educandos,aprender a ler se resume à decoreba de signos lingüísticos, por mais que se doure a pílula commétodos sofisticados e supostamente desalienantes. Prevalece a pedagogia do sacrifício, do

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2 AULA 3

Page 38: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

Trilhas do Aprendente, Vol. 1 - Ed. 2009 - Português Instrumental270

aprender por aprender, sem se colocar o porquê, como e para quê, impossibilitando compreenderverdadeiramente a função da leitura, o seu papel na vida do indivíduo e da sociedade.”

Observe, agora, as partes sublinhadas no texto. Se nos detivermos na idéia que é conduzidao tempo todo nessa parte do texto, veremos que aí se discute a dificuldade de acesso à leitura.As outras idéias apóiam e elucidam a que se apresenta como recorrente, verdadeiramente discutida.

O texto se refere a:• Classes privilegiadas, que têm acesso à leitura, desde a antiguidade, com os gregos

e romanos.• Aprender a ler representando sacrifício pela falta de compreensão do que significa

aprender a ler e escrever.

Leia atentamente, no livro O que é leitura, de Maria Helena Martins, indicadoe referido anteriormente, o texto integral de onde foram retirados os trêsparágrafos aqui examinados e exercite extrair as idéias nele contidas paraverificar se a nossa análise - a sua, realizada antes, e a minha, realizadadepois - está condizente com as idéias do texto.

Observe que, para melhor proveito do estudo, devem-se estabelecer algumas metas.Observemos aspectos relevantes que não são uma novidade para quem realiza alguma atividadecomo estudante. No entanto, não custa lembrar.

Primeiramente, o que se faz necessário para ter sucesso em qualquer programa de leitura éuma ação considerada básica: LER. Mas não basta simplesmente ler, ou ler sem compromisso,como leria um romance, por exemplo. Importa aqui o como ler. A atitude diante do texto, aintenção da leitura. Você lê da mesma forma um livro de contos e um livro técnico? Como vocêfaz as leituras dos textos teóricos, ou seja, dos textos que devem ser estudados? Quandotermina a leitura, você se pergunta sobre “o que ficou do que foi lido”? Em caso de dúvida, nassuas leituras e na escrita de textos, costuma consultar a gramática e/ ou o dicionário?

Estudar pressupõe disciplina, orientação. Para que haja bons resultados, importa como sedá o envolvimento com os textos, como são lidos, o que deve ser anotado e discutido, reescritoem outros textos apoiados neles.

O ponto fundamental para a realização de leituras eficientes é identificarmos as idéias maisimportantes que norteiam o texto que estamos lendo. Sabemos que os textos dissertativosorganizam-se em parágrafos. Cada parágrafo traz uma idéia, que pode estar contida em umafrase ou em uma pequena parte da frase. O conjunto dos parágrafos dará a dimensão do texto,trará o conjunto das idéias principais, secundárias e a diversidade de propostas que podem serdepreendidas do texto em sua totalidade.

Para depreender os sentidos do texto, reforço, faz-se necessário lê-lo mais de uma vez. Lertodo o texto uma, duas, tantas vezes quanto necessário. Ler em silêncio, em voz alta, sublinharas idéias principais dos parágrafos, rever o que foi lido, anotar os termos importantes, escreverum texto a partir das idéias captadas do texto lido são orientações que, mesmo não sendoinéditas nem propostas recentemente, têm se mostrado eficientes.

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2 AULA 3

Page 39: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

271

1) Leia o texto <Técnicas de leitura em material científico>, deMilton Passipieri. Observe os vários modos que o autor aponta paratirar proveito da leitura de um texto técnico.

2) Marque, entre os modos apontados, os que você mais utiliza eanalise os outros, para ampliar as suas possibilidades de tirar o melhorproveito possível de suas leituras, dos seus estudos.

Lembre-se de que, no nosso caso, estamos buscando, especificamente, aleitura de textos dissertativos, o que, em curto prazo, será necessário paracompreender os textos a serem lidos durante esse Curso de Pedagogia aDistância.Se surgirem dúvidas quanto à realização deste desafio, consulte o mediadorpedagógico a distância, acessando: <www.ead.ufpb.br>.

DESAFIOS

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

Para ler o texto indicado,acesse:www.ilhasolteira.com.br/

colunas/index.php?acao=verartigo&idartigo

=1144937845

AULA 1 AULA 2 AULA 3

Page 40: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

Trilhas do Aprendente, Vol. 1 - Ed. 2009 - Português Instrumental272

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

Aula 3: A <intertextualidade>

No universo de textos que povoam o mundo leitor, observa-seuma integração entre textos, uma “conversa” entre eles. Podemosdetectar aspectos de um gênero reaproveitados em textos de outrosgêneros. Veja este poema. Leia-o em voz alta. Lembre-se de que ospoemas são concebidos não só para serem lidos simplesmente, masdeclamados, ou seja, ditos em voz audível. Isso lhes favorece aexpressividade.

Formas simples (Sônia Van Dijck)

Quem tem telhado de vidrodeixa a pedra no caminho.

E, se tem rabo de palha,jamais prefere o cozido.

Nunca se viu cordeirode lobo ser travestido.

Depois da tempestade,vem mesmo a limpeza da lama.

Trata-se de um poema, com autoria, bem construído. Observe qual o gênero textual quese insinua nesses versos. Percebemos a presença de provérbios, reescritos com outraroupagem. Os versos em pares do poema imitam a forma, o ritmo do provérbio. A autora parecese propor a brincar com alguns provérbios, pondo-os às avessas, complementando-os comoutras afirmações, o que muda o significado da proposta original do provérbio.

Observe o último par de versos, como exemplo:

Depois da tempestadevem mesmo a limpeza da lama

Observe que o segundo verso afasta ou nega o provérbio com o qual o texto poéticoestabelece uma intertextualidade. Já o primeiro par de versos aproxima o seu significado daproposta de ensinamento do provérbio que lhe teria dado origem. Observe:

Quem tem telhado de vidrodeixa a pedra no caminho

AULA 1 AULA 2 AULA 3

Pesquise na Wikipédias o b r eintertextualidade.

Acesse:www.wikipedia.org

Page 41: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

273

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

No provérbio que inspira o verso, a primeira parte, “quem tem telhado de vidro”, seriacompletada com a frase: não joga pedra no do vizinho. No poema, a pedra que fica no caminhonão é apanhada, não corre o risco de ser jogada. Em termos de sentido, não seriam opostos aoprovérbio de origem, como no par de versos analisado anteriormente, mas sim, haveria umconsenso entre provérbio e versos do poema, reforçando o provérbio de origem.

O título com que a autora batizou o poema retoma uma classificação proposta por umteórico chamado André Jolles, que incluía provérbios e outros textos como adivinhas, anedotas,entre outros textos curtos, na denominação ‘formas simples’. O título do poema é o mesmo dolivro de André Jolles sobre esse universo de textos curtos e por ele considerados simples. Com otítulo, a intertextualidade é reforçada.

Ainda retomando relações de forma e conteúdo entre textos, observe, nesta mesma unidade,na 1ª aula, o poema seguinte:

Galanteio(Edônio Alves do Nascimento)

O galo é um ser galanteSe engalana para amarO galo não se garante

Releia-o em voz alta para sentir o jogo de sons aproximados, que faz com que o poema separeça com um tipo de parlenda muito utilizado em jogos verbais: o trava-língua. A repetição dosmesmos sons produz certa dificuldade de articulação das palavras, como acontece nos trava-línguas. Veja o exemplo de um trava-línguas do domínio público ou sem autoria reconhecida:

Após reler o trava-língua anterior, leia o poema deCecília Meireles, retirado do seu livro Ou isto ou aquilo,em que ela brinca com os sons das palavras, joga com ossons aproximados das letras, sem se esquecer de trazer,mínima que seja, uma informação no texto. Veja comoparece simples e como é bonito. Leia alto, para que vocêpossa ouvir o som da sua voz.

Não sei se é fato ou se é fitaNão sei se é fita ou se é fato,o fato é que ela me fita,me fita mesmo de fato.

AULA 1 AULA 2 AULA 3

Page 42: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

Trilhas do Aprendente, Vol. 1 - Ed. 2009 - Português Instrumental274

Tanta tinta

Ah! menina tonta,toda suja de tinta

mal o sol desponta! (Sentou-se na ponte,

muito desatenta...e agora se espanta:

Quem é que a ponte pintacom tanta tinta?...)

A ponte apontae se desaponta.A tontinha tentalimpar a tinta,

ponto por pontoe pinta por pinta...Ah! a menina tonta!

Não viu a tinta da ponte!

A relação entre os textos reforça o conceito de que o conhecimento, em suas mais diversasformas, circula nos textos que estão à disposição dos leitores. Essa interação de saberes tambémacontece naqueles textos denominados dissertativos. Da mesma forma do universo literário, aintertextualidade se dá através do seu conteúdo. As temáticas se cruzam, os conceitos sãodiscutidos a partir de vários ângulos.

Autores que falam sobre leitura, que é o campo de estudo que estamos buscando aprofundar,referem-se à leitura dos mais variados ângulos do conhecimento, tomando como base abordagensas mais diversas, apoiando-se em pesquisas com as mais diversas origens. Assim, podemosperceber, quando realizamos leituras várias sobre alguma temática, que os textos se cruzam nacriação da nossa base de conhecimento em alguma área.

Quando pedimos ao nosso aluno que ele faça um desenho ou uma pintura a partir de umamúsica que está ouvindo, estamos sugerindo que ele estabeleça ligações entre textos (o textomusical e o texto visual), que ele estabeleça relações intertextuais. Quando vemos um filme elemos o livro que deu origem a ele, buscamos identificar traços de intertextualidade entre os doistextos. Quando lemos um texto, e este nos remete a outro(s), estamos reconhecendo suaintertextualidade.

A produção de textos apóia-se nessa relação entre os mais variados textos, ao quedenominamos intertextualidade. Quando escrevemos os nossos textos dissertativos, ampliamos oseu campo de abordagem incluindo a referência a outros autores. O nosso texto deve discutircom escritos ou com outras obras que não as nossas. A capacidade de fazer referência a outrosautores e a outros textos mostra a amplitude da teia de informações de que dispomos. As nossasreferências de intertextualidade, quanto mais amplas e pertinentes, mais dão sustentação aonosso trabalho. A relevância das referências bibliográficas apresentadas em um texto dissertativomostra a capacidade do seu autor de fazer conexões textuais, de estabelecer a intertextualidade.

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2 AULA 3

Page 43: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

275

Devemos lembrar, no entanto, que, quando escrevemos umtexto, os outros textos aos quais nos referimos devem enriquecer onosso trabalho, colaborar com o enriquecimento das informaçõesque desejamos divulgar. O nosso texto é que deve “aparecer”. Erecheá-lo de citações de outros autores só para mostrar que jáouvimos falar sobre eles não colabora, é claro, com o nosso objetivode escrever um texto rico e interessante e que possa colaborar como debate existente sobre a temática que estamos abordando.

Para fecharmos a 3ª Unidade, você irá realizar um desafio depesquisa e escrita referente ao que estamos estudando.

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

1) Para exercitar a leitura, pesquise, nos suportes que considerar convenientes (livros, revistas,livros didáticos, filmes, Internet, entre outros), textos nos quais você identifica algum aspectode intertextualidade com outro texto que você pesquisou. Apresente os textos (ou partes deles)em que identificou tal relação intertextual e aponte essa relação.

AULA 1 AULA 2 AULA 3

Leia atentamente o textode Regina da Silva deBarcellos, Aintertextualidade e oEnsino da LínguaPortuguesa, disponívelno site :www.f i lo log ia.org.br/viiicnlf/anais/caderno09-02.htmlObserve como a autorafaz referências a textosde outros autores eesteja atento(a) para arede deintertextualidade que elaconstrói a partir do seutexto.

DESAFIOS (50 pontos)

Atenção!O desafio proposto deve ser postado no AmbienteVirtual de Aprendizagem (AVA) - Moodle. Em casode dúvidas para realizar esse procedimento, consulteo mediador pedagógico presencial no Pólo Munici-pal de Apoio Presencial.Dúvidas sobre o conteúdo estudado, conecte-secom o mediador pedagógico a distância através doendereço: <www.ead.ufpb.br>.

Page 44: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

Trilhas do Aprendente, Vol. 1 - Ed. 2009 - Português Instrumental276

UNIDADE IV

LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS ACADÊMICOS

Dando seqüência ao componente curricular Português Instrumental, chegamos à 4ª Unidade.Espero que você já esteja familiarizado (a) com a leitura e os modos de produção textual e que ostextos dissertativos, em todos componentes curriculares do curso, estejam apoiando e ampliandoo seu aprendizado. Você tem construído e sistematizado textos para os vários componentescurriculares do curso, sem falar da sua experiência de leitura e escrita, que tem lhe favorecidocom a possibilidade de escrever sempre mais e melhor.

Nesta 4ª Unidade de ensino/ aprendizagem, pretendemos que sejam alcançados os seguintesobjetivos:

• Analisar textos para favorecer a competência na leitura de textos dissertativos;• Redigir textos que favoreçam a escrita de textos dissertativos.

Pelo fato de, no universo acadêmico, mais especificamente no nível universitário, ser otexto dissertativo o mais exigido, tanto para ser lido quanto para ser elaborado, nos reportaremosa ele nesta unidade, com o objetivo de exercitar a leitura, em um nível mais profundo, retomandoformas de conquistar melhores resultados para nossas leituras. Para isso, estudaremos suaestrutura, seu formato e sua especificidade, buscando igualmente repensar modos de nos expressaratravés dessa modalidade textual.

Aula 1: O texto dissertativo

Na 3ª Unidade, estudamos o texto dissertativo, no que se refere à leitura e identificaçãodas idéias principais e secundárias contidas nos parágrafos que lhe dão sentido. Nesta 4ª Unidade,continuaremos esse estudo, com o intuito de, não só verificar a organização das idéias no texto,mas, inclusive, de estudar e exercitar a sua produção.

Anteriormente nos referimos à importância da leitura de textospara melhor instruir o texto dissertativo. Como esse tipo de textobusca aprofundar conhecimentos, convém lembrar que, escrever sobrealguma temática exige de nós o conhecimento do que vamos falar.Os estudiosos que produziram e publicaram seus textos antes denós, falando do mesmo universo de conhecimento sobre o qualdesejamos produzir os nossos textos, são importantes para ampliar eaprofundar a nossa produção acadêmica.

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2 AULA 3

Leia com bastanteatenção e estude, emFiorin & Savioli (1990, p.309-317), o texto “Odiscurso dissertativode caráter científico”,para compreendermelhor o que caracterizaesse tipo de texto.Esse livro encontra-sedisponível no PóloMunicipal de ApoioPresencial. Fale com omediador pedagógicopresencial.

Page 45: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

277

Analisemos as formas de textos dissertativos que mais nos interessam, mais proximamente,aqueles que mais nos serão pedidos durante este Curso de Pedagogia, por exemplo. Assim,vejamos modos práticos de compor textos dissertativos. Para que a abordagem seja o maisprática possível, observaremos um texto curto, retirado da Revista Veja, uma reportagem sobre oefeito positivo de as crianças freqüentarem o jardim de infância, no qual a jornalista que assina amatéria apresenta resultados de uma pesquisa científica sobre aspectos ligados diretamente àEducação Infantil.

Para melhor analisarmos a expressão escrita em uma reportagem, observaremos a construçãodesse texto. Espero que esse modo dedutivo de análise produza bons resultados para que vocêverifique formas de construir também os seus textos.

1) Leia atentamente o texto intitulado <É bom começar cedo>,uma reportagem de Camila Antunes e, como exercício, anote asidéias nele contidas, como forma de compreensão mais profunda dotexto.

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2 AULA 3

DESAFIOS (50 pontos)

O texto indicadoencontra-se disponívelno ambiente virtual deaprendizagem - Moodle.Acesse-o através doendereço:

www.ead.ufpb.br

Page 46: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

Trilhas do Aprendente, Vol. 1 - Ed. 2009 - Português Instrumental278

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

Aula 2: A leitura como competência

Quando estudamos alguma temática, buscamos nos informar o máximo que podemos sobreela. A leitura é a melhor fonte de informação para quem deseja se aprofundar em algum assunto.Ler a respeito nos oferece melhores condições de opinar sobre os fatos. Também na nossa vidade estudantes, precisamos ler para compreender melhor, para aprofundar os nossos conhecimentos.Igualmente em nossas atividades acadêmicas, precisamos ser bons leitores, o que significa tercapacidade de ler e apreender os sentidos, ou seja, ler em profundidade.

Vejamos formas de ampliar a nossa competência como leitores. Estou apoiando a minhacomunicação com você, nesta aula, no livro intitulado Redação Científica, de João Bosco Medeiros(1997).

Nesse livro (p. 69), o autor aponta passos necessários ao aprofundamento da leitura econseqüente melhor resultado da pesquisa. Estes são os passos referidos:

• Estudo da linguagem não verbal;• Questionamento do texto;• Visão geral do capítulo.

O estudo da linguagem não verbal refere-se a ilustrações, fotos, mapas, tabelas, gráficos,quadros que estejam compondo o texto. O questionamento do texto implica as questões quemotivam o leitor a lê-lo. O leitor se questiona quanto à sua leitura, busca respostas às suasquestões. Um texto desperta questões em quem o lê. Quem lê busca respostas, razão pela qualé interessante que o hábito de questionar seja cultivado.

Pode-se questionar o texto a partir dos seus subtítulos.

Cada subtítulo aponta para uma intenção de comunicação desenvolvida no texto.

Há necessidade dessa interrogação, da curiosidade intelectual, do questionamento aotexto. Da busca de saber o que o texto tem a dizer, surgem respostas para muitas questões.

A visão geral do capítulo diz respeito ao primeiro contato com o texto. Uma verificaçãogeral da estrutura, dos títulos, subtítulos, observando-se, inclusive, o estilo de caracteres,grifos, referências, notas. Trata-se de uma inspeção geral do capítulo. Na leitura inspecional(aquela que fazemos para um primeiro contato com o texto), surgem questionamentos tais como:de que trata o capítulo, como o autor organiza as idéias?

No ato da leitura, os termos empregados no texto devem ser observados com atenção.Assimilar os termos técnicos desenvolve o nosso vocabulário técnico. Quando o autor apresentaum termo técnico, ele o faz de modo que esse termo seja explicado. Daí a necessidade de relercuidadosamente o texto e também de usar regularmente o dicionário. O uso do dicionário garanteque as palavras desconhecidas não sejam um empecilho para o avanço da aprendizagem.

Ainda segundo Medeiros (1997, p.69), dados os passos anteriormente referidos: estudoda linguagem não verbal, questionamento do texto, visão geral do capítulo, busca-se o sentidoprofundo do texto, o que exige:

AULA 1 AULA 2 AULA 3

Page 47: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

279

• A apreensão as principais idéias do autor;• O conhecimento dos argumentos do autor;• A identificação da idéia principal;• A avaliação das idéias expostas.

Esses quatro pontos ressaltados indicam que uma leitura em profundidade apóia-se nacapacidade de retirar do texto as idéias do autor, aquilo que ele afirmou no texto e aquilo que elequis dizer.

Fichar os textos para uma leitura em profundidade

Quando estudamos, precisamos aprender os conceitos necessários à compreensão damatéria, a partir de textos, ou seja, precisamos ler em profundidade. Extrair as idéias do textopara retomá-las, ampliando o nosso conhecimento é um aspecto necessário para que tenhamosêxito no nosso dia-a-dia, não só como estudantes, mas também como leitores de textos os maisvariados.

Uma técnica de estudo reconhecida como eficaz para condensar as idéias do autor é ofichamento. Espero que você faça uso dessa técnica como forma de favorecer a sua capacidadede garantir melhores resultados às suas leituras, principalmente aquelas realizadas em situaçõesde estudo.

Fichamos um texto quando registramos por escrito, de forma organizada:

• as idéias que o compõem;• as relações intertextuais que o aproximam ou afastam de outros textos.

Como a palavra já adianta, fichamento é a composição de uma ficha, que indique resultadosde leitura, retirando-se do texto lido suas idéias principais para organizá-las em dados que serãoutilizados como apoio do texto que desejamos escrever; é o registro de dados que nos pareceramimportantes no texto lido. Quando se pretende reter com mais eficiência as informações atravésda leitura, o fichamento do texto lido é uma técnica que favorece o estudo em profundidade.Fichar um texto ajuda-nos a reter na memória as idéias dos autores a respeito da temática sobrea qual estamos pesquisando.

Vejamos o que Medeiros (1997, p. 95) orienta sobre os procedimentos para se fazer umfichamento que possa colaborar com o estudo do texto que desejamos incluir na nossa pesquisa.

Todo o trabalho de fichamento é precedido por uma leitura atenta do texto.Leitura que se afasta da categoria emocional (subjetiva) e alcança o nível daracionalidade e compreende: capacidade de analisar o texto, separar seuspares e examinar como se inter-relacionam e como o texto se relaciona comoutros, e competência para reunir as idéias do texto. O primeiro nível destetipo de leitura é denotativo, parafrástico. Cuida do vocabulário, das informaçõessobre o autor, do contexto socioeconômico-histórico e objetivo do texto. Atenta

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2 AULA 3

Page 48: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

Trilhas do Aprendente, Vol. 1 - Ed. 2009 - Português Instrumental280

também para a teoria desenvolvida ou conceitos apresentados. Examina asidéias centrais, procurando identificar do que trata o texto. Procura tambémobservar como se desenvolve o raciocínio do autor, quais suas teses e provas,enfim, verifica-se o encadeamento das idéias apresentadas. No segundo nível,o leitor interpreta os significados não transparentes: a leitura aqui épolissêmica. A pergunta a responder é: “O que o autor quis demonstrar?”Verifica-se a relação do texto com a realidade de seu tempo. Há originalidadenas idéias? O nível seguinte é o da crítica, que não será subjetiva,impressionista, do tipo gosto-não gosto. O autor atingiu os objetivosestabelecidos? É claro, coerente? O texto apresenta alguma contribuição paraa comunidade científica? O passo final é o da problematização, em que se indagasobre as possibilidades de aplicação do texto a outras situações, sobre suacontribuição para nova leitura do mundo.

Analisemos esta parte do texto. Segundo o autor, há três níveis distintos e ao mesmotempo integrados para se garantir uma leitura mais aprofundada.

1. Primeiro nível: leitura denotativa, quando buscamos entender o texto e falar delecom nossas próprias palavras (paráfrase). Analisamos o que o texto diz. Estamosna fase da compreensão.

2. Segundo nível: leitura polissêmica. Buscamos os significados não transparentes,lemos as entrelinhas, analisamos o que o texto quer dizer. Estamos na fase dainterpretação.

3. Terceiro nível: problematização. Analisamos as possíveis relações intertextuais queo texto permite. Observamos onde o texto pode ser aplicado.

O fichamento leva em consideração os vários níveis de expressão do texto, analisa-o emtodos os ângulos para salientar dados que favoreçam a sua compreensão, interpretação eaplicação.

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2 AULA 3

Page 49: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

281

Observe que, nesta 4ª Unidade, no final da 1ª aula, você leu um texto retirado da revistaVeja, intitulado “É bom começar cedo”, reportagem de Camila Antunes. Releia-o para que tenhacondições de analisar as idéias. Analisemos esse texto, realizemos uma leitura em detalhe, segundoas orientações para compor um fichamento. Tomemos como base as orientações apresentadasanteriormente, em resumo, na parte do texto de Medeiros sobre as bases do fichamento.

Então, para a realização desse desafio de leitura, retomemos a reportagem extraída daRevista Veja, que você leu anteriormente. Comecemos observando o título dado ao texto: É bomcomeçar cedo. O subtítulo, como foi especificado anteriormente, nesta mesma Unidade, “apontauma intenção de comunicação desenvolvida no texto”, o qual pode ser analisado parágrafo aparágrafo. Faremos um desafio em cooperação, ou seja, a partir de orientações e, assim, vocêrevelará que já tem autonomia para analisar, em profundidade, um texto lido. Após a leitura totaldo texto, detenha-se no primeiro parágrafo.

1) A primeira frase nos coloca diante da questão: mandar ou não os filhos ainda pequenos para aescola. Trata-se do resultado de uma pesquisa sobre essa temática. Como sugestão de abordagem,o texto responderia a estas questões, no 1º e 2º parágrafos:

a) A que resultados chegou a pesquisa referida?

b) Quem realizou tal pesquisa?

c) Quem a patrocinou?

d) Quem participou da pesquisa?

e) Como foram recolhidos os dados da pesquisa?

f) Qual o resultado da pesquisa em relação à capacidade de aprendizagem das crianças observadas

g) Qual a opinião do psicólogo entrevistado sobre o resultado da pesquisa?

2) Após retirar do texto as respostas que ele mesmo motivou, analise os pontos observados no 1ºe 2º parágrafos e componha um pequeno texto que traduza as informações neles contidas.Observe que as questões são postas a partir do que os parágrafos expõem.

3) Analisemos agora o 3º e último parágrafos. Vejamos algumas questões que são respondidaspelo texto. Apresento tais questões como apoio para o seu estudo. Você pode propor suaspróprias questões.

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2 AULA 3

DESAFIOS (40 pontos)

Page 50: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

Trilhas do Aprendente, Vol. 1 - Ed. 2009 - Português Instrumental282

a) Qual a melhor idade para iniciar a criança na vida escolar?

b) Até que idade seria melhor as crianças ficarem em casa?

c) Quais as vantagens de freqüentar a pré-escola para a aprendizagem da criança ao longo davida?

d) Quais as desvantagens de a criança não freqüentar a pré-escola para o seu desenvolvimento?

e) Que dados, referentes a outros países, são apresentados na reportagem?

4) Redija um pequeno texto que demonstre a sua compreensão, resumindo as idéias do parágrafo.

5) Estudemos agora o 3º parágrafo. Releia-o e vamos às questões.

a) O que é apontado como possível falha na pesquisa?

b) Quais as vantagens adicionais, de freqüentar a pré-escola apresentadas no parágrafo?

c) Quais são as hipóteses a serem investigadas para complementar a pesquisa?

d) Qual a conclusão a que chega a reportagem a respeito da criança em relação à escola e àfamília?

6) Redija um texto registrando o que você entendeu do 3º parágrafo, a partir das questões que otexto analisado sugere.

7) Reveja o que você produziu ao final de cada parágrafo. Retome esses pequenos trechos eredija um único texto, apresentando informações sobre a aplicação desse texto lido nos seusestudos e que assuntos podem também ser discutidos a partir dele.

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2 AULA 3

Atenção!Os desafios propostos devem ser postados noAmbiente Virtual de Aprendizagem (AVA) - Moodle.Em caso de dúvidas para realizar esse procedimento,consulte o mediador pedagógico presencial no PóloMunicipal de Apoio Presencial.Dúvidas sobre o conteúdo estudado, conecte-secom o mediador pedagógico a distância através doendereço: <www.ead.ufpb.br>.

Page 51: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

283

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

Aula 3: Ler e escrever: estudar e produzir

Quando lemos em profundidade, analisamos o texto também no que se refere àintertextualidade que se revela nele, através de outros textos que são referidos no seu interior,para participar das discussões ali desenvolvidas. Esses textos são referidos através de citações,ou seja, em um texto, outros textos participam através do que o autor considera convenientecitar.

Observe que, no texto da reportagem que você leu anteriormente, sobre o efeito da pré-escola na vida da criança, convivem dados da pesquisa, posicionamentos de estudiosos doassunto enfocado e dados de outra fonte (UNESCO) sobre o percentual de crianças que nãofreqüentam a pré-escola. Para enriquecer o seu texto, a repórter lança mão de outras fontesobjetivando incentivar o debate sobre o assunto É para isso que se deve lançar mão de outrostextos, para colaborar com o que estamos escrevendo, a fim de tornar o nosso texto mais vivo,participante de um grande debate.

É para garantir que tenhamos conhecimento sobre o assunto que lemos os estudiosos quepublicaram resultados de suas pesquisas e, com isso, deram a sua colaboração para o debatesobre a temática a respeito da qual desenvolvem seus estudos. Esses textos teóricos, por suavez, também se referem a estudos que negam ou reforçam as questões propostas no texto.Citam outros estudiosos que podem estabelecer um diálogo com aquele texto.

Quando lemos, podemos identificar diálogos contidos nos textos. Ler em profundidade étambém favorecer a identificação desses diálogos, dessas relações intertextuais. Ler é, inclusive,conhecer os argumentos do autor, favorecendo não só a compreensão mais aprofundada dotexto, mas também buscando estabelecer um diálogo de nós leitores com o que foi lido. Essediálogo é um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento das ciências. As conexões entreas ciências criam teias de informação que favorecem as discussões sobre as idéias. As ligaçõesque se estabelecem entre os estudos de uma mesma área constroem o aprofundamento dasquestões desenvolvidas pelos pesquisadores dessas temáticas.

Os estudiosos se comunicam principalmente através dos textos que publicam. Uma vezpublicado, um texto fica disponibilizado para ser inserido no universo de estudos ao qual ele serefere. Quando lemos os textos de um autor sobre algo que nos interessa, vemos que ele,geralmente, refere-se a textos de outros autores. O autor insere no seu texto citações de outrosautores, com a intenção de estabelecer um diálogo com o texto daquele autor citado, enriquecendoa discussão sobre o tema em questão. Nas citações, revela-se o conhecimento de outros textos,estabelecem-se níveis de intertextualidade para aprofundar o estudo que está sendo desenvolvido.

Analisando citações e referências

Observe, neste texto de Roselene Crepaldi, Brincar de construir brinquedos, capítulo 11, dolivro organizado por Maristela Angotti, publicado pela Alínea Editora, em Campinas, São Paulo, em2006. Como o título do artigo já anuncia, discute a idéia de a criança brincar com os brinquedosconstruídos por ela mesma. Veja, neste pequeno trecho, como a autora faz o seu texto dialogarcom o texto de outro autor através de uma citação:

AULA 1 AULA 2 AULA 3

Page 52: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

Trilhas do Aprendente, Vol. 1 - Ed. 2009 - Português Instrumental284

[...]Hoje, nossas crianças têm menos oportunidades de brincar livremente que em outras

épocas.O progresso trouxe consigo a diminuição desses espaços, e a individualidade e o

consumo são muito mais divulgados e até estimulados pela sociedade. Esses fatores sãorepassados para as brincadeiras das crianças.

Gilles Brougère (1995), estudioso francês sobre o tema, faz-nos refletir:

Dizer a uma criança para ir brincar é algo neutro; é situar esse comportamento em umalógica social, onde cada atividade tem um sentido preciso... associado ao papel dainfância (BROUGÈRE, 1995, p.30).

O jogo e a brincadeira aparecem de maneira privilegiada na infância, comocomportamento social da criança, e até como contraposição à palavra trabalho [...].

Veja que a autora utiliza parte de um texto que já foi publicado por outro autor parareforçar o seu discurso em defesa da brincadeira na infância. Os textos colaboram entre siquando parte do texto do outro autor é retomado pela autora e inserido no seu texto, de formaque o leitor saiba claramente quanto o autor citado está colaborando para ampliar a discussãosobre o tema que está ali sendo discutido.

Podemos afirmar que uma citação é parte de um texto que é inserido em outro texto,passando a fazer parte dele, para mostrar ao leitor em que autores o escritor do texto se apoiou,com quais textos foram criadas relações intertextuais. Isso revela a orientação teórica do queestá posto no texto para ser lido. Observe, no entanto, que a parte do texto que é citada écolocada de forma que o leitor saiba a quem pertencem aquelas palavras citadas e de onde foramretiradas.

Para se identificarem textos que dialogam com o que estamos escrevendo e assim poderescolher partes desses textos que podem dialogar, melhor instruir, dar relevância aos nossos,fazem-se necessárias leituras sobre a temática que estamos estudando. A essa busca de autoressignificativos, que possam ampliar a nossa visão sobre a área em questão, que sejam significativospara embasar nossos textos, dá-se o nome de levantamento bibliográfico. Trata-se da pesquisa(identificação e leitura) de textos publicados sobre a temática, que sejam contrários ou reforcema interpretação que damos ao tema em estudo.

Quando realizamos um levantamento bibliográfico, estamos buscando, para compor nossopróprio texto, as possíveis intertextualidades que, vindas de suportes e gêneros diversos, podemser criadas em torno da temática estudada. As nossas leituras direcionadas para o assunto quebuscamos aprofundar vão compondo uma rede de informações que podem apoiar o texto quepretendemos escrever ou sobre o qual podemos falar.

Entre os textos que apóiam um trabalho dissertativo, estão as informações sobre as fontes(livros, revistas ou outros suportes) de onde retiramos os textos que estamos utilizando comoapoio para compor o nosso. Essas informações que, por sua vez, orientam as citações, são asreferências. Como o nome já impõe, a referência indica a quais autores, sites, livros, entre outrasfontes, o texto se refere.

Reveja, anteriormente, nesta mesma aula, como foi feita a referência ao livro de onde foiretirado o pequeno trecho para trazer um exemplo de citação.

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

po

AULA 1 AULA 2 AULA 3

Page 53: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

285

Uma referência a um texto publicado deve conter todas as informações que estão ditasno trecho que busca situar a obra a ser citada. Uma referência é um texto e, como tal, deveconter as informações necessárias para o leitor identificar a obra citada.Tecnicamente, a forma de se compor uma referência a um texto publicado deve conter:- o nome do (a) autor (a);- o título do livro;- a cidade onde fica a editora;- a editora;- o ano da publicação.

Como exemplo, tomemos a seguinte citação:

MEDEIROS, João Bosco. Redação Científica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1997.

Exemplo:

Observe no quadro a seguir a forma de referenciar o texto de Roselene Crepaldi, Brincarde construir brinquedos, capítulo 11, do livro organizado por Maristela Angotti, publicado pelaAlínea Editora, em Campinas, São Paulo, em 2006, redigida no formato tecnicamente exigido pelasregras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

CREPALDI, Roselene. Brincar de construir brinquedos. In: ANGOTTI, Maristela(org).Educação Infantil: para quê, para quem e por quê? Campinas (SP): Editora Alínea,2006.

Nesse caso, além dos itens acima citados, a referência deve conter mais informações.

Porém não há necessidade de constarem as seguintes informações:- nome do (a) autor(a);- título do texto (artigo/ capítulo do livro);- nome do (a) autor (a)/ organizador (a) do livro;- título do livro;- local onde foi publicado;- nome da editora;- ano da publicação.

Observe que cada texto tem a sua especificidade, suas características, que fazem com queele deva ser lido de acordo com elas.

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

AULA 1 AULA 2 AULA 3

Observe neste texto de Roselene Crepaldi, Brincar de construir brinquedos, capítulo 11, do livro organizador Maristela Angotti, publicado pela Alínea Editora, em Campinas, São Paulo, em 2006.

Page 54: Arquivo de imagem da capa da disciplina de Português ...biblioteca.virtual.ufpb.br/files/portuguas_instrumental... · Concepções de leitura, tipos de textos, gêneros textuais,

Trilhas do Aprendente, Vol. 1 - Ed. 2009 - Português Instrumental286

UNIDADE I UNIDADE II UNIDADE III UNIDADE IV

1) Para exercitar o que foi estudado, retome algum livro que você tenha em mãos e redija a suareferência.

AULA 1 AULA 2 AULA 3

DESAFIOS (10 pontos)

Atenção!O desafio proposto deve ser postado no AmbienteVirtual de Aprendizagem (AVA) - Moodle. Em casode dúvidas para realizar esse procedimento, consulteo mediador pedagógico presencial no Pólo Munici-pal de Apoio Presencial.Dúvidas sobre o conteúdo estudado, conecte-secom o mediador pedagógico a distância através doendereço: <www.ead.ufpb.br>.