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Este documento pode ser verificado no endereço eletrônico http://www.in.gov.br/autenticidade.html, pelo código 00202011030400388 Documento assinado digitalmente conforme MP n o - 2.200-2 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. 388 Ano III N o - 43 Brasília-DF Disponibilização: quinta-feira, 3 de março de 2011 - Publicação: sexta-feira, 4 de março de 2011 ISSN - 2175-1692 Parágrafo único. A assistência tem lugar em qualquer dos tipos de procedimento e em todos os graus da jurisdição; mas o assistente recebe o processo no estado em que se encontra. Art. 51. Não havendo impugnação dentro de 5 (cinco) dias, o pedido do assistente será deferido. Se qualquer das partes alegar, no entanto, que falece ao assistente interesse jurídico para intervir a bem do assistido, o juiz: I - determinará, sem suspensão do processo, o desentranhamento da petição e da impugnação, a fim de serem autuadas em apenso; II - autorizará a produção de provas; III - decidirá, dentro de 5 (cinco) dias, o incidente. ........................................................................................................................ Art. 54. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente, toda vez que a sen- tença houver de influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido. Parágrafo único. Aplica-se ao assistente litisconsorcial, quanto ao pedido de interven- ção, sua impugnação e julgamento do incidente, o disposto no art. 51." A empresa CONTEK ENGENHARIA S/A requer sua inclusão no feito como assistente litisconsorcial por ser substituída pelo réu da ação rescisória, o SINICON. Acrescenta que, além disso, são seus os créditos que o réu busca frente à autora, sendo certo que "o acórdão desta rescisória influirá na relação de direito material entre a requerente e a autora" (fl. 02/04). A empresa BRANDO & LOZANO - CONSULTORIA, ADMINISTRAÇÃO, REPRESEN- TAÇÃO E PARTICIPAÇÕES LTDA. igualmente requer sua inclusão no feito como assistente litisconsorcial à consideração de que a Construtora Oxford S.A., empresa substituída pelo SINICON cedeu seus créditos para a requerente por meio de Instrumento Particular de Cessão de Crédito, Dação em Pagamento e outras avenças, judicialmente homologado na ação nº 212466/2007, que tramitou perante o Juízo da 20ª Vara Cível do Foro Central de São Paulo- SP. Por meio da referida avença, a requerente tornou-se cessionária da parcela da Cons- trutora Oxford S.A. no precatório judicial nº 1998.01.00.046937-9/DF, extraído da ação ordinária nº 93.00.12984-8/DF, objeto da rescisória da qual se extraiu o presente incidente. Pedem, ao fim, o deferimento de suas inclusões no feito. A União impugna os pleitos com os seguintes argumentos: a) que a empresa CONTEK não comprovou sua condição de filiada ao SINICON nem tampouco a titularidade dos créditos que supostamente lhe foram cedidos pelo réu; b) que a documentação apresentada pela empresa BRANDO & LOZANO não com- provou a homologação do acordo judicial; c) o ingresso de terceiros no feito tem por escopo tumultuar o feito e o art. 42 condiciona o ingresso do terceiro ao consentimento da parte contrária. De início, observo que a documentação juntada aos autos pela empresa BRANDO & LOZANO efetivamente comprova que a Construtora Oxford S.A cedeu e transferiu à requerente "a totalidade de seu crédito no Precatório 1998.01.00.046937-9/DF (atual 1999.01.00.050591-3/DF), extraído dos autos da Execução Diversa por Carta 1998.34.00.009915-0 oriunda da Ação Ordinária nº 93.0012984-8, da 17ª Vara da Seção Judiciária do Distrito Federal, estimado em R$ 10.059.735,77 (dez milhões, cinqüenta e nove mil, setecentos e trinta e cinco reais e setenta e sete centavos), para 1º de julho de 1998..." (fls. 88/90). Da mesma forma, os documentos juntados aos autos (inicial ação ordinária e laudo pericial), comprovam que a empresa CONTEK é efetivamente associada ao SINICON. A União afirma que o disposto no art. 42, § 1º do CPC condiciona o ingresso do terceiro à anuência da parte contrária. O dispositivo possui a seguinte redação: "Art. 42. A alienação da coisa ou do direito litigioso, a título particular, por ato entre vivos, não altera a legitimidade das partes. § 1º O adquirente ou cessionário não poderá ingressar em juízo, substituindo o alie- nante, ou o cedente, sem que o consinta a parte contrária." Tal determinação não veda a pretensão das requerentes por incidir, na espécie, outro instituto processual - a assistência litisconsorcial. Deveras, o professor Nelson Nery Jr., ao tratar do tema, comenta que, diante da negativa da parte contrária, o adquirente da coisa ou do direito litigioso pode ingressar nos autos como assistente litisconsorcial para assistir o alienante, auxiliando-o a vencer a causa. Confira-se seu texto: "Não sendo admitida a sucessão processual, o adquirente da coisa ou do direito litigioso pode ingressar nos autos como assistente litisconsorcial para assistir o alienante, auxiliando-o a vencer a causa. Trata-se de assistência litisconsorcial porque o adquirente é o próprio titular do direito afirmado e discutido em juízo: a lide é dele." Ensinamento ainda mais detalhado pode ser extraído da obra "Teoria Geral dos Re- cursos" do já citado Professor Nelson Nery Junior: "O assistente qualificado (CPC 54) é considerado litisconsorte do assistido, parte prin- cipal, de modo que tem legitimidade para recorrer de forma autônoma e independente, pois a lide discutida em juízo é dela também. O assistente simples (CPC 50), que ingressa em lide alheia porque tem interesse na vitória de uma das partes, tem atividade subordinada à ati- vidade do assistido, de sorte que somente poderá interpor recurso se o assistido assim o permitir ou não vedar. ........................................................................................................................ Em suma, o terceiro legitimado a recorrer é aquele que tem interesse jurídico em impugnar a decisão, não um mero interesse de fato ou econômico. O requisito do interesse jurídico é o mesmo exigido para que alguém ingresse como assistente no processo civil (CPC 50). Decorre daí que somente aquele terceiro que poderia haver sido assistente (simples ou litisconsorcial) no procedimento de primeiro grau é que tem legitimidade para recorrer como terceiro prejudicado." (grifos ausentes no original) A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, igualmente, beneficia a tese das re- querentes. Confira-se: "PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ASSISTÊNCIA LITISCONSORCIAL. PRESSUPOSTOS AUSENTES. 1. A assistência litisconsorcial, contemplada no art. 54 do Código de Processo Civil, é fenômeno que somente se verifica no campo da legitimidade extraordinária, isto é, quando alguém vai a juízo em nome próprio para defender direito alheio. Assim, o assistente li- tisconsorcial (substituído) é o titular da relação jurídica material discutida no processo, que em face de determinadas circunstâncias, está sendo defendida por terceiro, na qualidade de substituto, ou mesmo de co-titular do direito em litígio. 2. Conforme consignado no aresto recorrido, no caso em apreço os recorridos têm apenas interesse, ainda que jurídico, no resultado da demanda, não estando em discussão direito material do qual são titulares. Nesse contexto, ausentes os pressupostos necessários ao deferimento da assistência litisconsorcial. 3. Recurso especial conhecido e provido." (REsp 802342/PR, Rel. Ministro Fernando Gonçalves, Quarta Turma, julgado em 09/12/2008, DJe 02/02/2009) "PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. TRANS- PORTE INTERESTADUAL DE PASSAGEIROS. EXPLORAÇÃO DE LINHA RODOVIÁRIA. INEXISTÊNCIA DE LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO OU DE HIPÓTESE DE ASSISTÊNCIA LITISCONSORCIAL. 1. Litisconsorte é parte, e não terceiro, na relação processual. Assim, para legitimar-se como litisconsorte é indispensável, antes de mais nada, le- gitimar-se como parte. Em nosso sistema, salvo nos casos em que a lei admite a legitimação extraordinária por substituição processual, só é parte legítima para a causa quem, em tese, figura como parte na relação de direito material nela deduzida. 2. A assistência litisconsorcial supõe, conforme o art. 54 do CPC, a existência de uma relação jurídica material entre o assistente e o adversário do assistido que pode ser afetada pela sentença de mérito.

art 42 CPC

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Este documento pode ser verificado no endereço eletrônico http://www.in.gov.br/autenticidade.html, pelocódigo 00202011030400388

Documento assinado digitalmente conforme MP no- 2.200-2 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de

Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil.388

Ano III No- 43 Brasília-DF Disponibilização: quinta-feira, 3 de março de 2011 - Publicação: sexta-feira, 4 de março de 2011

ISSN - 2175-1692

Parágrafo único. A assistência tem lugar em qualquer dos tipos de procedimento e emtodos os graus da jurisdição; mas o assistente recebe o processo no estado em que seencontra.

Art. 51. Não havendo impugnação dentro de 5 (cinco) dias, o pedido do assistente serádeferido. Se qualquer das partes alegar, no entanto, que falece ao assistente interesse jurídicopara intervir a bem do assistido, o juiz:

I - determinará, sem suspensão do processo, o desentranhamento da petição e daimpugnação, a fim de serem autuadas em apenso;

II - autorizará a produção de provas;III - decidirá, dentro de 5 (cinco) dias, o incidente.........................................................................................................................Art. 54. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente, toda vez que a sen-

tença houver de influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido.Parágrafo único. Aplica-se ao assistente litisconsorcial, quanto ao pedido de interven-

ção, sua impugnação e julgamento do incidente, o disposto no art. 51."A empresa CONTEK ENGENHARIA S/A requer sua inclusão no feito como assistente

litisconsorcial por ser substituída pelo réu da ação rescisória, o SINICON. Acrescenta que, alémdisso, são seus os créditos que o réu busca frente à autora, sendo certo que "o acórdão destarescisória influirá na relação de direito material entre a requerente e a autora" (fl. 02/04).

A empresa BRANDO & LOZANO - CONSULTORIA, ADMINISTRAÇÃO, REPRESEN-TAÇÃO E PARTICIPAÇÕES LTDA. igualmente requer sua inclusão no feito como assistentelitisconsorcial à consideração de que a Construtora Oxford S.A., empresa substituída peloSINICON cedeu seus créditos para a requerente por meio de Instrumento Particular de Cessãode Crédito, Dação em Pagamento e outras avenças, judicialmente homologado na ação nº212466/2007, que tramitou perante o Juízo da 20ª Vara Cível do Foro Central de São Paulo-S P.

Por meio da referida avença, a requerente tornou-se cessionária da parcela da Cons-trutora Oxford S.A. no precatório judicial nº 1998.01.00.046937-9/DF, extraído da ação ordinárianº 93.00.12984-8/DF, objeto da rescisória da qual se extraiu o presente incidente.

Pedem, ao fim, o deferimento de suas inclusões no feito.A União impugna os pleitos com os seguintes argumentos:a) que a empresa CONTEK não comprovou sua condição de filiada ao SINICON nem

tampouco a titularidade dos créditos que supostamente lhe foram cedidos pelo réu;b) que a documentação apresentada pela empresa BRANDO & LOZANO não com-

provou a homologação do acordo judicial;c) o ingresso de terceiros no feito tem por escopo tumultuar o feito e o art. 42 condiciona

o ingresso do terceiro ao consentimento da parte contrária.De início, observo que a documentação juntada aos autos pela empresa BRANDO &

LOZANO efetivamente comprova que a Construtora Oxford S.A cedeu e transferiu à requerente"a totalidade de seu crédito no Precatório nº 1998.01.00.046937-9/DF (atual nº1999.01.00.050591-3/DF), extraído dos autos da Execução Diversa por Carta nº1998.34.00.009915-0 oriunda da Ação Ordinária nº 93.0012984-8, da 17ª Vara da SeçãoJudiciária do Distrito Federal, estimado em R$ 10.059.735,77 (dez milhões, cinqüenta e novemil, setecentos e trinta e cinco reais e setenta e sete centavos), para 1º de julho de 1998..." (fls.88/90).

Da mesma forma, os documentos juntados aos autos (inicial ação ordinária e laudopericial), comprovam que a empresa CONTEK é efetivamente associada ao SINICON.

A União afirma que o disposto no art. 42, § 1º do CPC condiciona o ingresso do terceiroà anuência da parte contrária.

O dispositivo possui a seguinte redação:"Art. 42. A alienação da coisa ou do direito litigioso, a título particular, por ato entre vivos,

não altera a legitimidade das partes.§ 1º O adquirente ou cessionário não poderá ingressar em juízo, substituindo o alie-

nante, ou o cedente, sem que o consinta a parte contrária."

Tal determinação não veda a pretensão das requerentes por incidir, na espécie, outroinstituto processual - a assistência litisconsorcial.

Deveras, o professor Nelson Nery Jr., ao tratar do tema, comenta que, diante danegativa da parte contrária, o adquirente da coisa ou do direito litigioso pode ingressar nosautos como assistente litisconsorcial para assistir o alienante, auxiliando-o a vencer a causa.Confira-se seu texto:

"Não sendo admitida a sucessão processual, o adquirente da coisa ou do direito litigiosopode ingressar nos autos como assistente litisconsorcial para assistir o alienante, auxiliando-oa vencer a causa. Trata-se de assistência litisconsorcial porque o adquirente é o próprio titulardo direito afirmado e discutido em juízo: a lide é dele."

Ensinamento ainda mais detalhado pode ser extraído da obra "Teoria Geral dos Re-cursos" do já citado Professor Nelson Nery Junior:

"O assistente qualificado (CPC 54) é considerado litisconsorte do assistido, parte prin-cipal, de modo que tem legitimidade para recorrer de forma autônoma e independente, pois alide discutida em juízo é dela também. O assistente simples (CPC 50), que ingressa em lidealheia porque tem interesse na vitória de uma das partes, tem atividade subordinada à ati-vidade do assistido, de sorte que somente poderá interpor recurso se o assistido assim opermitir ou não vedar.

........................................................................................................................Em suma, o terceiro legitimado a recorrer é aquele que tem interesse jurídico em

impugnar a decisão, não um mero interesse de fato ou econômico. O requisito do interessejurídico é o mesmo exigido para que alguém ingresse como assistente no processo civil (CPC50). Decorre daí que somente aquele terceiro que poderia haver sido assistente (simples oulitisconsorcial) no procedimento de primeiro grau é que tem legitimidade para recorrer comoterceiro prejudicado." (grifos ausentes no original)

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, igualmente, beneficia a tese das re-querentes. Confira-se:

"PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ASSISTÊNCIA LITISCONSORCIAL.PRESSUPOSTOS AUSENTES.

1. A assistência litisconsorcial, contemplada no art. 54 do Código de Processo Civil, éfenômeno que somente se verifica no campo da legitimidade extraordinária, isto é, quandoalguém vai a juízo em nome próprio para defender direito alheio. Assim, o assistente li-tisconsorcial (substituído) é o titular da relação jurídica material discutida no processo, que emface de determinadas circunstâncias, está sendo defendida por terceiro, na qualidade desubstituto, ou mesmo de co-titular do direito em litígio.

2. Conforme consignado no aresto recorrido, no caso em apreço os recorridos têmapenas interesse, ainda que jurídico, no resultado da demanda, não estando em discussãodireito material do qual são titulares. Nesse contexto, ausentes os pressupostos necessários aodeferimento da assistência litisconsorcial.

3. Recurso especial conhecido e provido."(REsp 802342/PR, Rel. Ministro Fernando Gonçalves, Quarta Turma, julgado em

09/12/2008, DJe 02/02/2009)

"PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. TRANS-PORTE INTERESTADUAL DE PASSAGEIROS. EXPLORAÇÃO DE LINHA RODOVIÁRIA.

INEXISTÊNCIA DE LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO OU DE HIPÓTESE DEASSISTÊNCIA LITISCONSORCIAL.

1. Litisconsorte é parte, e não terceiro, na relação processual.Assim, para legitimar-se como litisconsorte é indispensável, antes de mais nada, le-

gitimar-se como parte. Em nosso sistema, salvo nos casos em que a lei admite a legitimaçãoextraordinária por substituição processual, só é parte legítima para a causa quem, em tese,figura como parte na relação de direito material nela deduzida.

2. A assistência litisconsorcial supõe, conforme o art. 54 do CPC, a existência de umarelação jurídica material entre o assistente e o adversário do assistido que pode ser afetadapela sentença de mérito.