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1 Um estudo sobre os serviços intensivos em conhecimento no Brasil : :: Carlos Torres Freire 1 CEBRAP Apresentação As transformações ocorridas no capitalismo mundial nos últimos 30 anos geraram condições significativas para o crescimento de atividades de serviços, principalmente aquelas voltadas às empresas e em especial as chamadas intensivas em conhecimento. O objetivo geral deste trabalho é contribuir para a construção de um debate sobre knowledge-intensive business services (KIBS) ou serviços intensivos em conhecimento (SIC 2 ) no Brasil. Trata-se de enquadrar a discussão da literatura internacional em uma economia periférica e avaliar sua pertinência. Neste sentido, os propósitos específicos do texto são: 1) fazer uma breve revisão da literatura internacional sobre KIBS; 2) definir o grupo serviços intensivos em conhecimento (SIC) no Brasil em comparação com o restante do setor de serviços; 3) investigar de modo preliminar em que medida este grupo pode ser importante para processos de inovação em empresas de outros setores. Pelo fato de atuarem como difusores de conhecimento e pelo seu enredamento vasto na cadeia produtiva, os SIC podem representar uma tendência analítica promissora, especialmente em um momento em que atores públicos têm pensado políticas de desenvolvimento de escopo transversal, nas quais a inovação é vista como elemento central. : Agradeço a Gustavo Costa, Frederico Henriques, Idenilza Miranda, Graziela Castello, Márcia Lima, Cláudio Amitrano, Alexandre Abdal e Alvaro Comin. Este artigo foi publicado no livro Estrutura e Dinâmica do Setor de Serviços no Brasil, 2006, IPEA, Brasília. 1 Pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e mestrando em Sociologia pela Universidade de São Paulo. 2 Uma tradução literal exigiria que o termo KIBS (knowledge-intensive business services), vastamente utilizado na literatura internacional, fosse “serviços produtivos intensivos em conhecimento” (SPIC) ou “serviços às empresas intensivos em conhecimento” (SEIC). Optou-se pelo uso de serviços intensivos em conhecimento (SIC) ao longo deste texto.

Artigo Carlos Torres - SIC

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Artigo Carlos Torres - SIC

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    Um estudo sobre os servios intensivos em conhecimento no Brasil

    Carlos Torres Freire1 CEBRAP

    Apresentao

    As transformaes ocorridas no capitalismo mundial nos ltimos 30 anos geraram condies significativas para o crescimento de atividades de servios, principalmente aquelas voltadas s empresas e em especial as chamadas intensivas em conhecimento.

    O objetivo geral deste trabalho contribuir para a construo de um debate sobre knowledge-intensive business services (KIBS) ou servios intensivos em conhecimento (SIC2) no Brasil. Trata-se de enquadrar a discusso da literatura internacional em uma economia perifrica e avaliar sua pertinncia.

    Neste sentido, os propsitos especficos do texto so: 1) fazer uma breve reviso da literatura internacional sobre KIBS; 2) definir o grupo servios intensivos em conhecimento (SIC) no Brasil em comparao com o restante do setor de servios; 3) investigar de modo preliminar em que medida este grupo pode ser importante para processos de inovao em empresas de outros setores. Pelo fato de atuarem como difusores de conhecimento e pelo seu enredamento vasto na cadeia produtiva, os SIC podem representar uma tendncia analtica promissora, especialmente em um momento em que atores pblicos tm pensado polticas de desenvolvimento de escopo transversal, nas quais a inovao vista como elemento central.

    Agradeo a Gustavo Costa, Frederico Henriques, Idenilza Miranda, Graziela Castello, Mrcia

    Lima, Cludio Amitrano, Alexandre Abdal e Alvaro Comin. Este artigo foi publicado no livro Estrutura e Dinmica do Setor de Servios no Brasil, 2006, IPEA, Braslia. 1 Pesquisador do Centro Brasileiro de Anlise e Planejamento (Cebrap) e mestrando em Sociologia

    pela Universidade de So Paulo. 2 Uma traduo literal exigiria que o termo KIBS (knowledge-intensive business services),

    vastamente utilizado na literatura internacional, fosse servios produtivos intensivos em conhecimento (SPIC) ou servios s empresas intensivos em conhecimento (SEIC). Optou-se pelo uso de servios intensivos em conhecimento (SIC) ao longo deste texto.

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    O debate sobre knowledge-intensive business services (KIBS)

    A flexibilizao de processos produtivos e de mercado aumentou a complexidade dos ambientes externos e internos s firmas e fez crescer a demanda por servios. A partir dos anos 70, a crescente diviso tcnica do trabalho, a progressiva concentrao de capital, a expanso de mercados, o desenvolvimento das tecnologias da informao, as mudanas no ambiente institucional (regulao, competitividade e estruturas de gesto), entre outros fatores, contriburam para um contexto de expanso das atividades de servios.

    possvel exemplificar tal crescimento a partir de alguns fatores: 1) atividades de P&D, planejamento e publicidade se beneficiam do aumento da necessidade por inovao e diferenciao de produto; 2) atividades relacionadas a gesto de informao, engenharia industrial, processos de planejamento e organizao empresarial crescem com a implementao de novas formas de gesto da organizao e da produo, assim como por causa das transaes inter-firmas e entre firmas; 3) empresas especializadas em finanas so demandadas por conta do ambiente financeiro e de distribuio de produto mais complexo (relaes internacionais, explorao de novos mercados, escritrios em outros pases, fuses etc.); 4) consultorias diversas so exigidas para auxiliar na atuao de acordo com as normas e polticas nacionais e internacionais de regulao dos mercados; 5) atividades de informtica (sejam elas desenvolvimento de software, implantao e administrao de redes, processamento de dados etc.) so contratadas em virtude do crescimento do uso de tecnologias da informao e da necessidade de facilitar fluxos de informao; 6) servios chamados auxiliares, mais rotineiros e de mais baixa qualificao, como limpeza e segurana, so beneficiados pelos processos de terceirizao (KON, 2004: 90; MOULAERT, SCOTT e FARCY, 1997: 102; SASSEN, 1991; DAHLES, 1999, TOMLINSON, 1997)3.

    3 Servios s empresas representam a categoria que mais cresce dentro do setor no perodo de

    1982 a 1994 na Europa. PREIBL (2000) faz uma anlise emprica exaustiva a respeito do tercirio europeu neste perodo.

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    Neste contexto, analiticamente, possvel identificar dois tipos de estratgia das empresas. De um lado, os ajustes sobre a fora de trabalho para diminuir a folha de pagamento, j que, por meio de terceirizaes, possvel efetuar uma mera reduo de custos, com o crescimento do nmero de contratos de trabalho precarizados, a partir dos quais se promove a reduo de salrio e a perda de benefcios. De outro, o processo de reorganizao produtiva via assimilao de novas tecnologias, que podem ser implementadas tanto integralmente pelas empresas ou parcialmente, via sub-contrataes ou criao de vnculos com o setor de servios. Neste caso, abre-se espao para a modernizao do setor produtivo e para o desenvolvimento de processos de inovao tecnolgica por meio de parcerias com servios intensivos em conhecimento.

    Boden e Miles (2000) exploram bem esta questo a partir da conexo entre dois fenmenos importantes que tm ocorrido desde o final do sculo passado. Primeiramente, o crescimento do setor de servios e a mudana de seu papel na economia e na sociedade: as atividades de inovao do setor, por exemplo, passam a ter grande valia para os prprios servios como para os outros setores. Em segundo lugar, o aumento da importncia do conhecimento: a inovao depende da produo e da organizao de conhecimentos de vrios tipos, assim como de pessoas e organizaes distintas. Neste contexto, em que a inovao tecnolgica tem sido vista como base de sustentao do crescimento econmico de longo prazo, a necessidade de uma poltica de inovao cresce, ou seja, temas como P&D, difuso de conhecimento, transferncia de tecnologia e desenvolvimento de recursos humanos entram fortemente na pauta (BODEN E MILES, 2000: 2)4.

    evidente que muitas atividades de servios so pouco geradoras de valor, empregam mo-de-obra pouco qualificada, so fracas em termos tecnolgicos e esto pouco ou nada integradas aos processos de inovao. Entretanto, h atividades em situao distinta e que esto bastante relacionadas a este contexto de centralidade da inovao: os chamados knowledge-intensive business services

    4 Conceitos como conhecimento, informao e inovao aparecem na literatura sobre KIBS, mas

    no inteno deste breve artigo entrar nesta densa discusso.

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    ou servios intensivos em conhecimento. Algumas atividades so servios profissionais tradicionais enquanto outras so novos servios baseados em tecnologia. Certas vezes os SIC aparecem na literatura separados em dois grupos: os T-KIBS, ou technological KIBS, so fortemente voltados para a tecnologia (servios de telecomunicaes e de informtica redes, desenvolvimento e consultoria em software e em sistemas, processamento de dados etc.); e os P-KIBS, ou professional KIBS, so voltados ao conhecimento administrativo, de regulao e de assuntos sociais (servios de publicidade, de treinamento, de design, de arquitetura e construo, de contabilidade, de advocacia, de engenharia, de P&D em cincias naturais e engenharia, de P&D em cincias sociais e humanas, de consultoria em gesto, de pesquisa de mercado e de opinio, entre outros) (MULLER e ZENKER, 2001; NAHLINDER e HOMMEN, 2002).

    Os SIC se caracterizam por: 1) ter participao expressiva em valor adicionado; 2) utilizar recursos humanos de mais alta qualificao comparado a outros setores da economia (maior nmero de tcnicos em geral, engenheiros, cientistas, administradores, economistas etc.); 3) atuar como fontes primrias de informao e conhecimento, fornecer tecnologias de informao e auxiliar em processos de inovao (so empresas que tendem a contribuir para os sistemas de inovaes nacionais, remodelando processos de produo e de gesto, tanto em servios como em outros setores); 4) proporcionar alta interao produtor-usurio (possibilidade de desenvolvimento de estratgias de aprendizado via relao com outras empresas e setores) (TOMLINSON, 2002: 98; BODEN e MILES, 2000: 9-11, 17; NAHLINDER, 2002; ANTONELLI, 2000; ASLESEN e LANGELAND, 2003).

    Dado o reconhecimento crescente de que a inovao fator essencial para a competitividade das empresas, observa-se um novo contexto scio-econmico em que investimento em conhecimento, aprendizado por redes e apropriao de tecnologia se tornam elementos essenciais. Neste contexto, os SIC aparecem como centrais, j que podem ser agentes interativos no que concerne a componentes de conhecimento tcito e genrico e elementos capazes de

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    intensificar a conectividade e a receptividade das firmas. Os SIC tm enredamentos vastos na cadeia produtiva, com relaes intensas com os setores industrial e financeiro e com o prprio setor de servios. O estudo dos SIC se torna relevante, portanto, no apenas como uma pesquisa setorial ou de um grupo restrito de atividades, mas sim como um modo transversal de analisar a estrutura scio-econmica.

    Os SIC podem funcionar como uma veia analtica importante em um momento em que os atores pblicos tm pensado polticas de apoio ao desenvolvimento das empresas de um modo transversal e no apenas setorial. Ao considerar centrais temas como inovao e exportao para polticas pblicas de estmulo competitividade das empresas, pode ser interessante tentar verificar em que medida os SIC auxiliam diversos setores da economia em virtude de sua atuao transversal.

    Estudos internacionais: questes e evidncias

    Dado o carter recente do tema e as indefinies tericas e metodolgicas que rondam as pesquisas sobre SIC, os estudos empricos tm sido realizados nas bases de diferentes disciplinas. Aqueles aqui apresentados foram realizados principalmente por economistas, uns na fronteira com a sociologia, com a geografia e com a engenharia e outros com as bases na economia neoclssica. Esta incurso preliminar se furta, portanto, de definir claramente possveis tendncias ou escolas de pesquisa. Em geral, as preocupaes se voltam para a atuao dos SIC em relao produo e difuso de conhecimento e s externalidades positivas que geram em processos de inovao.

    Os neo-shumpeterianos Muller e Zenker (2001) tentam entender o papel dos SIC nos sistemas de inovao, tendo como ponto central a capacidade destas atividades de influenciar o processo de produo e difuso de conhecimento. Para eles, tal processo tem trs estgios principais: 1) aquisio de conhecimento via interao; 2) recombinao ou codificao parcial do conhecimento adquirido; 3) transferncia parcial para as firmas clientes (tal transferncia se constitui como um

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    processo de aprendizado na interao) (MULLER e ZENKER, 2001: 6). Os autores direcionam a ateno para o papel dos SIC nos ciclos de conhecimento, em especial para as interaes entre pequenas e mdias empresas industriais e SIC. A hiptese que este tipo de interao estimula a gerao e a difuso de conhecimento dentro de sistemas de inovao em nvel nacional e regional.

    Estudar as pequenas e mdias empresas (PMEs) pode ser uma boa idia, dizem os autores, pois seus fatores limitadores para inovao so justamente aqueles ligados a fluxo de informao e conhecimento: escassez de capital, ausncia de qualificao em gesto e dificuldades em obter informaes tcnicas e know-how para inovao. Isto leva a considerar os SIC como potenciais parceiros das PMEs em processos inovao (MULLER e ZENKER, 2001: 7).

    Os autores utilizam informaes coletadas em um survey sobre caractersticas de inovao e cooperao entre PMEs e firmas de SIC5 para investigar tal hiptese. Trs indicadores so utilizados: 1) atividades de interao mtuas (relaes entre os grupos de empresas); 2) determinantes de conhecimento internos e externos (gastos internos com inovao e relao com instituies de pesquisa); 3) performance das firmas em inovao e desenvolvimento (introduo de inovao e crescimento do emprego). A partir dos indicadores, Muller e Zenker encontram evidncias de influncia positiva mtua entre os dois grupos de firmas. O grupo de empresas que interage inova mais do que aquele que no interage. Entre as que interagem, os gastos com inovao so maiores do que entre as que no interagem. E, por fim, o grupo que interage mantm mais relaes com instituies de pesquisa do que o outro. Sendo assim, afirmam que a interao tem um papel estimulador para as capacidades inovativas das PMEs, o que refora a hiptese de um crculo virtuoso de inovao entre PMEs e KIBS (MULLER e ZENKER, 2001: 14, 18). Os SIC, portanto, estimulam a capacidade de inovao das firmas clientes, conseguem estmulos para sua prpria inovao e contribuem para o potencial inovador de regies e pases (MULLER e ZENKER, 2001: 19).

    5 Tal survey foi realizado entre 1995 e 1997 em trs regies da Alemanha e duas da Frana com

    uma amostra de 1.903 PMEs e 1.114 firmas de SIC.

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    Apesar de haver nveis diferentes de atividades de servios intensivos em conhecimento em diferentes pases, o impacto destes servios sobre a performance econmica tem sido altamente significativo em alguns locais. Estudos mostram que h relevantes ligaes entre produtividade e valor adicionado e SIC. Isto foi verificado para Grcia, Reino Unido, Japo, Holanda, Alemanha, Itlia e Frana (TOMLINSON, 2002)6.

    Em estudo de 1997, Tomlinson avalia a contribuio de alguns servios no valor adicionado da indstria. Explora as relaes significativas entre os setores industrial e de servios na produo de valor (abordagem de funo de produo)7 (TOMLINSON, 1997: 1). O autor encontra evidncias de que alguns servios so altamente significativos para a produo de valor adicionado industrial, em particular alguns SIC (financeiro, advocacia, contabilidade, publicidade e informtica) (TOMLINSON, 1997: 12-14).

    J Antonelli (2000) aponta como central a capacidade das tecnologias de informao e comunicao de aperfeioar o processo de separao, comercializao e transporte de informao. Seria da que surgiriam as possibilidades de mercado para os SIC, como fornecedores, e as de acesso para as empresas em geral, como demandantes, j que se intensifica a conectividade das redes de informao e os processos de aprendizado.

    Tambm para o autor, os SIC, como mediadores das crescentes interaes entre conhecimento genrico e tcito, tornam-se centrais para a capacidade inovativa e para as vantagens competitivas de um sistema econmico. Eles provm acesso informao tecnolgica e cientfica dispersa no sistema, so portadores de conhecimento nas interaes entre clientes e comunidade cientfica e operam como interface entre o conhecimento implcito/tcito localizado dentro

    6 Tomlinson afirma que tais anlises no permitem generalizaes, principalmente em relao a

    pases em desenvolvimento. Mas ressalta que, em termos de poltica regional, a promoo de SIC em reas menos desenvolvidas deveria ser prioridade: Trabalhos recentes sugerem que at mesmo pases menos desenvolvidos como alguns na sia e na Amrica Latina tm se beneficiado do setor de servios. Um modo de estimular o desenvolvimento econmico de regies atrasadas pode ser encorajar consrcios de firmas em interao com os SIC como eixo central (TOMLINSON, 2002: 105). 7 Utiliza dados de insumo-produto para o Reino Unido entre 1990 e 1995 (TOMLINSON, 1997).

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    das prticas cotidianas das firmas e o conhecimento genrico na economia com um todo (ANTONELLI, 2000: 171).

    Muitas pequenas empresas tm gerado significativas inovaes apoiando-se nas interaes entre elas, compartilhando oportunidades de aprendizado e experincias, e nos recursos j estabelecidos de informao e conhecimento, argumenta Antonelli. Neste sentido, ambientes econmicos e sociais que permitam tais interaes so desejveis8.

    Neste sentido, quanto maior a difuso de redes computadorizadas, maior o volume de comunicao eletrnica e, portanto, maior a troca de conhecimento tcito e genrico (ANTONELLI, 2000: 173). Os servios de comunicao e s empresas (ambos na categoria SIC) seriam os beneficirios diretos neste contexto. Por isso, Antonelli investiga duas hipteses em quatro pases europeus a partir de estatsticas de insumo-produto9: 1) a correlao entre nvel de crescimento e uso de servios de comunicao e s empresas; 2) a correlao entre uso destes servios e aumento de produtividade (ANTONELLI, 2000: 174). O autor encontra evidncias para as duas correlaes em todos os pases estudados. Hertog e Bilderbeek (2000) partem da premissa de que, para a competitividade das indstrias, no adianta apenas gerar conhecimento, mas sim aplic-lo e traduzi-lo em processos de produo e produtos inovadores. A transferncia e a capacidade de absoro destes atores envolvidos nos processos de inovao to importante como a prpria capacidade de gerao de conhecimento, ou seja, o fluxo de conhecimento dos produtores para os usurios (e vice-versa) central. Eles citam trs formas de produo e distribuio de conhecimento por meio de fontes externas: 1) cooperao em P&D entre firmas

    8 A idia de inovao sem pesquisa formal tem sido enfatizada por alguns autores, dizem Muller e

    Zenker (2001): servios, interaes e processos de aprendizado podem ser mais importantes para inovao que um setor formal de P&D. Os SIC so inovadores para si mesmos e geram inovaes para outros setores (dois processos bastante amarrados, o que dificulta um pouco a evidncia emprica). incomum as empresas de servios organizarem seus esforos de inovao exclusivamente por meio de departamentos de P&D, o que regra na indstria inovadora. Sendo assim, alguns autores defendem que P&D no um bom indicador de inovao em servios. prefervel tentar identificar tal processo via relaes com os clientes (BODEN e MILES, 2000). 9 Foram utilizados dados dos anos 1985 e 1988 para a Itlia, 1984 e 1990 para o Reino Unido e

    1986 e 1990 para Alemanha e Frana (ANTONELLI, 2000: 175).

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    (fornecedores, clientes etc); 2) uso de redes informais, compras de equipamentos especializados e componentes, contratao de consultorias e terceirizao de P&D; 3) utilizao de fontes de informao como interaes usurio-fornecedor, troca de informao intra e inter-firmas e interaes informais entre profissionais (HERTOG E BILDERBEEK, 2000: 233). Em todas estas formas, as empresas de servios, em especial os SIC, so veculos fundamentais.

    A partir disso, os autores tentam demonstrar como os SIC contribuem para o poder de distribuio em sistemas de inovao nacionais. O que interessa para esta discusso a hiptese de Hertog e Bilderbeek de que os SIC so importantes difusores de conhecimento, contribuindo assim para as empresas clientes. O foco do estudo nos technology-based KIBS.

    A primeira evidncia encontrada que os servios, em especial os servios s empresas, consomem mais SIC do que a indstria em geral. Em segundo lugar, os dados mostram que informtica, assessoria econmica e assessoria tcnica e engenharia (trs atividades dos SIC) trazem uma contribuio substancial base de conhecimento das firmas clientes, ao menos facilitando o acesso a conhecimento (HERTOG e BILDERBEEK, 2000: 238-239). H evidncias tambm de que as firmas utilizam outras formas de produo de conhecimento e aprendizado alm da execuo e da sub-contratao de P&D. Na Holanda, consultorias em TI, engenharia e negcio cresceram muito nos ltimos 15 anos, no s em termos de nmero de firmas e de desenvolvimento, mas no que concerne ao papel que eles desempenham na transferncia de conhecimento para outras atividades. Em meio a estudos com evidncias entusiasmadas em relao aos SIC, Larsen (2000) coloca alguns porns no debate. O autor admite que os SIC parecem ter um papel importante no desenvolvimento tecnolgico e econmico em virtude de suas relaes com outros setores, apesar da dificuldade de quantificar tais contribuies positivas (MILES, 1995 apud LARSEN, 2000). No entanto, em casos de mudanas inovativas em firmas industriais, Larsen argumenta que o conhecimento externo de consultorias tem um papel marginal se comparado com aquele provindo de relaes de interao com clientes, empresas

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    subcontratadas e fornecedores de equipamentos. Larsen tenta entender esta questo analisando as interaes fornecedor-usurio entre empresas industriais e consultorias tcnicas de engenharia na Dinamarca.

    Levando em considerao que a interao fornecedor-usurio em SIC um fenmeno multifacetado, o autor pondera as teses pr-KIBS ao concluir que, no caso estudado, os SIC no parecem ter o peso alarmado se forem utilizados como receptores de funes externalizadas pela firma industrial. Ou seja, difcil afirmar que tais atividades funcionem como agentes transformadores (em termos econmicos e tecnolgicos) se a sua atuao se limitar a atividades perifricas das firmas. No se trata de descartar a contribuio geral que tais servios podem ter para o sistema econmico, porm no se pode concluir que os servios tcnicos em engenharia contribuam substancialmente para a capacidade inovadora das firmas industriais (LARSEN, 2000: 153).

    O papel limitado destes servios de engenharia nos projetos inovativos das empresas industriais pode ter outra explicao. Larsen sugere, mas sem explicar o porqu, que o setor pblico e o prprio setor de servios so demandantes mais importantes das empresas de SIC do que a indstria. Neste sentido, este setor no seria o mais indicado para verificar tais teses10.

    O Centre for Research on Innovation and Competition (CRIC), um dos mais avanados nas pesquisas sobre SIC, tambm aponta problemas como os destacados por Larsen. Os servios com maior possibilidade de facilitar inovao para os clientes so aqueles que lidam diretamente com as atividades de coordenao ou processos de produo do cliente, ou seja, aqueles com maior proximidade e interao com os clientes, e no qualquer atividade externalizada (CRIC, 2004). E mais: de acordo com estudos preliminares do CRIC, com exceo dos T-KIBS, outros servios ainda no tm forte influncia nos sistemas de inovao (CRIC, 2004).

    10 O autor ressalta tambm que o caso dinamarqus bastante particular. Neste pas, h uma

    preponderncia de pequenas e mdias empresas industriais e uma infra-estrutura tecnolgica pblica e semi-pblica bastante desenvolvida, o que resulta em pouca demanda industrial por este tipo de servios (LARSEN, 2000: 154). Ou seja, resultados bem diferentes podem ser encontrados em pases com uma estrutura industrial centrada em grandes empresas e com uma infra-estrutura tecnolgica pblica menos desenvolvida, o que levaria a maior demanda por SIC.

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    Apesar de preliminares, as evidncias empricas so interessantes. O debate novo e se constitui de questes diversas que surgem a partir de diferentes abordagens e disciplinas. A inteno aqui apenas apontar alguns elementos desta discusso e estratgias de investigao que podem auxiliar no entendimento do caso brasileiro.

    Servios intensivos em conhecimento no caso brasileiro

    O primeiro passo para estruturar o debate sobre o grupo servios intensivos em conhecimento (SIC) no Brasil definir as atividades que o compe. A seleo dos setores estratgicos que constituem os SIC um desafio para analistas, pesquisadores e agncias estatsticas. O campo relativamente extenso para a aplicao das novas tecnologias, a constante destruio e recriao de barreiras entre os segmentos, as dificuldades para mensurao de servios de natureza intangvel e a impossibilidade de definir convenes estatsticas precisas em um quadro em que as estruturas tecnolgicas se encontram em transformao so dificuldades para uma definio mais precisa dos segmentos que compem o ncleo da chamada economia da informao, em particular os SIC.

    A partir da Classificao Nacional de Atividade Econmica (CNAE) e considerando as limitaes da Pesquisa Anual de Servios (PAS)11, foram selecionadas as seguintes atividades como SIC:

    Atividades de informtica (diviso 72 da CNAE), as quais incluem as classes: Consultoria em sistemas de informtica (7210), Desenvolvimento de programas de informtica (7220), Processamento de dados (7230), Atividades de bancos de dados (7240), Manuteno e reparao de mquinas de escritrio e de informtica (7250).

    Telecomunicaes (classe 6420 da CNAE)

    11 A diviso 73 da CNAE, composta por Pesquisa e desenvolvimento das cincias fsicas e

    naturais e Pesquisa e desenvolvimento das cincias sociais e humanas, faz parte dos SIC, porm ficou de fora da anlise neste texto por no ser contemplada pela PAS.

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    Servios tcnicos s empresas, grupo composto por classes selecionadas da diviso 74 da CNAE (servios prestados principalmente s empresas), a saber: Atividades jurdicas (7411), Contabilidade e auditoria (7412), Pesquisa de mercado e de opinio pblica (7413), Gesto de participao acionria (7414), Assessoria em gesto empresarial (7416), Servios de arquitetura e engenharia e de assessoramento tcnico especializado (7420), Ensaios de Materiais e de Produtos (7430), Publicidade (7440).

    Antes de entrarmos na anlise dos SIC, vale observar como esto estruturados os segmentos que compem este grupo em comparao com o setor de servios como um todo. Como se v na tabela 1, o tercirio brasileiro dominado por pequenas empresas (96,6%), aquelas com at 19 pessoas ocupadas, as quais dividem a gerao de emprego com as grandes (100 ou mais de PO). Estas ltimas so as responsveis pela gerao majoritria de receita (63,8%).

    Ao analisarmos separadamente as atividades que compem os SIC, notamos que o grupo informtica segue esta tendncia: 97,5% de suas empresas possuem at 19 pessoas ocupadas. E so elas que respondem, juntamente com as grandes empresas (base da gerao de receita do grupo), por quase toda mo-de-obra ocupada no segmento. J os servios tcnicos, por sua heterogeneidade e pelo tipo de composio do setor (muitos pequenos escritrios de atividades diversas, consultorias etc), tm receita e empregos gerados majoritariamente pelas pequenas empresas. O inverso pode ser observado em telecomunicaes. O setor composto por poucas empresas e, apesar de a maioria ser pequena, so as grandes as responsveis principais pela gerao de emprego e receita.

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    Tabela 1

    No concerne anlise dos SIC no Brasil, o texto que segue se baseia em trs frentes:

    A) Primeiramente, a inteno avaliar a relevncia dos SIC em criao de riqueza, se esto concentrados regionalmente e se o grupo cresceu nos ltimos anos. Para isso, ser feita uma comparao entre os SIC e o restante das atividades de servios em relao a: gerao de receita, distribuio regional e crescimento entre 1998 e 2002.

    B) Em segundo lugar, verificaremos se os SIC apresentam maiores propores de pessoal em nveis mais qualificados. Para tanto, ser realizada uma outra comparao dos SIC com o restante das atividades de servios e com outros setores da economia, agora em termos de qualificao do pessoal ocupado.

    C) Por fim, para investigar a possvel relevncia dos SIC em processos de inovao, sero utilizadas as seguintes variveis: fontes de informao para inovao, para inferir se atividades relacionadas a SIC aparecem

    Nmero de empresas, pessoal ocupado, receita lquida e salrios em servios,segundo atividade e porte de empresaBrasil2002

    Abs % Abs % (R$1.000) % (R$1.000) %At 19 897.219 96,6 2.974.455 43,5 62.107 21,5 7.619 15,820 - 99 24.200 2,6 961.688 14,1 42.547 14,7 7.964 16,6100 ou mais 7.799 0,8 2.903.637 42,5 184.789 63,8 32.506 67,6Total 929.218 100,0 6.839.780 100,0 289.444 100,0 48.089 100,0

    At 19 38.509 97,5 105.576 41,8 3.172 15,8 298 7,820 - 99 814 2,1 32.099 12,7 3.353 16,7 639 16,7100 ou mais 183 0,5 115.158 45,5 13.525 67,5 2.891 75,5Total 39.506 100,0 252.833 100,0 20.050 100,0 3.828 100,0

    At 19 103.454 97,5 346.784 64,8 15.363 51,5 1.440 27,720 - 99 1.993 1,9 77.047 14,4 6.335 21,2 1.247 24,0100 ou mais 621 0,6 111.309 20,8 8.151 27,3 2.511 48,3Total 106.068 100,0 535.140 100,0 29.849 100,0 5.197 100,0

    At 19 1.707 87,9 6.588 7,7 253 0,4 34 1,120 - 99 135 7,0 5.372 6,2 1.416 2,4 112 3,6100 ou mais 100 5,1 74.058 86,1 57.992 97,2 2.927 95,2Total 1.942 100,0 86.018 100,0 59.661 100,0 3.073 100,0

    Fonte: Pesquisa Anual de Servios, 2002, IBGE

    Salrio

    Servios tcnicos

    Telecomu-nicaes

    N de Empresas

    Todas as atividades de

    servios

    Informtica

    Porte de empresaAtividade Pessoal Ocupado Receita Lquida

  • 14

    como importantes; gastos da indstria com SIC, a fim de inferir se as empresas inovadoras consomem mais atividades relacionadas a SIC.

    As fontes de informao utilizadas neste trabalho so a Pesquisa Anual de Servios (PAS), a PIA (Pesquisa Industrial Anual) e a PINTEC (Pesquisa Industrial de Inovao Tecnolgica), as trs do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE), a Relao Anual de Informaes Sociais (RAIS) do Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE) e a PAEP (Pesquisa da Atividade Econmica Paulista), da Fundao Seade12.

    Participao em receita, concentrao regional e crescimento dos SIC

    Em termos da composio do setor de servios, observa-se que os SIC tm alta participao na gerao de receita, como aponta a literatura (tabela 2). O grupo, formado por informtica, telecomunicaes e servios tcnicos s empresas, participa com 37,9% da receita do setor como um todo no Brasil. O mesmo peso no se verifica na criao de postos de trabalho: a participao dos SIC no tercirio brasileiro em termos de emprego de 12,8%. Em geral, a produo significativa de receita dos SIC no acompanhada pela gerao de empregos. Isto porque so atividades que produzem muito valor e so intensivas em conhecimento, mas o fazem empregando pouca e qualificada mo-de-obra em comparao a outros setores da economia.

    12 Nos ltimos 10 anos, o IPEA tem organizado o maior conjunto de informaes sobre as

    empresas no Brasil. Ver detalhes da construo deste banco de dados no Captulo 1 deste livro e em DE NEGRI e SALERNO (2005).

  • 15

    Tabela 2

    O alto percentual de gerao de receita tambm evidente na regio metropolitana de So Paulo (RMSP), onde os SIC esto bastante concentrados13. A RMSP concentra tambm as demais atividades do setor de servios (23,5% do pessoal ocupado e 29,7% da receita lquida do Brasil), porm, como se pode ver na tabela 3, os percentuais referentes aos SIC so mais expressivos. Do total da receita lquida produzida pelos SIC no Brasil, 37,2% saem da RMSP. Concentrao similar ocorre em relao ao pessoal ocupado, j que a regio responde por 31,2% de toda a mo-de-obra em SIC do pas.

    Tabela 3

    13 Entretanto, cabe ponderar a PAS com os dados da PAEP, que contempla servios como

    educao, sade e P&D (todos fora da PAS). Ao se observar a participao dos SIC na economia da RMSP a partir dos dados da PAEP 2001, verifica-se uma leve diferena nas variveis nmero de empresa, 20,4%, e PO, 14,6%, contra 20,5% e 16,3%, da PAS (tabela 2), e uma diferena maior em relao receita lquida, 31,6%, contra 43,3%, da PAS (tabela 2).

    Nmero de empresas, pessoal ocupado, receita lquida, salrios e outras remuneraes no setor de serviosBrasil, Estado de So Paulo e regio metropolitana de So Paulo2002

    AtividadeAbs % Abs % Abs (R$1.000) % Abs (R$1.000) %

    SIC 147.515 15,9 873.991 12,8 109.559.169 37,9 12.098.556 25,2 Demais servios 781.702 84,1 5.965.789 87,2 179.884.567 62,1 35.990.626 74,8 Total Servios (PAS) 929.217 100,0 6.839.780 100,0 289.443.736 100,0 48.089.181 100,0

    SIC 56.313 16,0 345.344 13,7 43.608.570 37,5 5.779.368 27,9 Demais servios 296.488 84,0 2.183.241 86,3 72.807.846 62,5 14.932.809 72,1 Total Servios (PAS) 352.801 100,0 2.528.585 100,0 116.416.416 100,0 20.712.177 100,0

    SIC 42.663 20,5 272.960 16,3 40.764.019 43,3 5.261.652 32,5 Demais servios 165.075 79,5 1.401.336 83,7 53.345.765 56,7 10.947.380 67,5 Total Servios (PAS) 207.738 100,0 1.674.296 100,0 94.109.785 100,0 16.209.033 100,0

    Fonte: Pesquisa Anual de Servios, 2002, IBGE.

    Brasil

    Estado de So Paulo

    RM de So

    Paulo

    Pesoal Ocupado Receita Liquida SalrioN. de empresas

    Participao da RMSP em nmero de empresas, pessoal ocupado,receita lquida e salrios no setor de servios do Brasil2002Atividade N. de

    empresasPessoal

    OcupadoReceita Lquida Salrio

    SIC 28,9 31,2 37,2 43,5 Demais servios 21,1 23,5 29,7 30,4Total Servios (PAS) 22,4 24,5 32,5 33,7Fonte: Pesquisa Anual de Servios, 2002, IBGE.

  • 16

    De maneira geral, a anlise do setor de servios indica que quanto mais afastado da RMSP menos importantes se tornam os servios de apoio atividade econmica e se fortalecem as atividades relacionadas s atividades bsicas (energia, gs, gua, sade e educao). Ou seja, os servios prestados s empresas, assim como atividades de informtica e de telecomunicaes, bastante ligadas s demandas da indstria, do prprio tercirio e do setor financeiro, principalmente em virtude da reestruturao do parque produtivo nos anos 90 (terceirizaes, sub-contrataes e reorganizao da produo e da gesto das empresas), tendem a se concentrar na RMSP e no seu entorno mais prximo. J os chamados servios pessoais, que esto diretamente ligados renda das famlias, e aqueles ligados infra-estrutura (transporte, energia, gs etc.), apresentam participao relativa maior do que os que respondem demanda das empresas medida que se afastam da regio metropolitana (FUNDAO SEADE, 2004a e 2004b).

    Os espaos metropolitanos concentram o mercado consumidor, permitem o desenvolvimento de relaes prximas com clientes e prestadores de servios e possibilitam a cooperao entre firmas, bem como o intercmbio de conhecimento tcito, elementos que ganham importncia em um contexto territorial da inovao. Tais fatores so positivos para os setores relacionados chamada economia da informao. Os complexos processos cognitivos precisam no apenas de fluxos de informao cientfica e tcnica codificada como tambm de conhecimento tcito. E a construo de conhecimento tcito implica proximidade (JHNKE, 2002). O fato que a RMSP se constitui como um espao com essas condies, j que possui recursos de pesquisa disponveis, mercado de trabalho qualificado, rede universitria avanada e facilidades para contato face-a-face e para o desenvolvimento processos de inovao.

    Alguns autores tm mostrado que tais atividades precisam de razes, ou seja, no podem estar em qualquer lugar fazendo negcios remotos por meio de tecnologias informao e comunicao (TICs). As relaes com o mercado consumidor e com outras atividades de servios so fatores de localizao

  • 17

    importantes para estes setores (MATUSCHEWSKI, 2002; WOOD, 2001; ASLESEN e LANGELAND, 2003; CONSOLI e PATRUCCO, 2004).

    Alm da expressiva gerao de receita e da concentrao em regies metropolitanas, outro fator apontado pela literatura internacional em relao aos SIC o seu crescimento expressivo nos anos recentes. A partir dos dados da PAS, podemos fazer uma breve anlise temporal de 1998 a 2002.

    Neste perodo, o crescimento do setor de servios como um todo bastante destacvel tanto em nmero de empresas, como em pessoal ocupado, receita e salrio. Entretanto, como mostra o grfico 1, bastante expressivo o crescimento dos SIC, demonstrando performance bem mais elevada que indstria, comrcio e demais servios em todas as variveis analisadas14.

    Grfico 1

    Fonte: Pesquisa Anual de Servios, 1998 e 2002, IBGE; Pesquisa Industrial Anual, 1998 e 2002; Pesquisa Anual de Comrcio, 1998 e 2002.

    14 Para se ter uma idia em nmeros absolutos dos SIC: o nmero de empresas vai de 87.240 a

    147.515 e o pessoal ocupado vai de 472.760 a 873.991 (PAS, 1998 e 2002, IBGE).

    Taxa de variao de nmero de empresas, pessoal ocupado, receita lquida e salrios e outras remuneraes segundo setor de atividade

    Brasil, 1998-2002

    69,1

    13,7

    3,5

    57,9

    15,7

    84,9

    54,4

    64,3

    6,6

    -3,6

    36,0

    16,616,5

    29,6

    16,724,3

    -10,0

    0,0

    10,0

    20,0

    30,0

    40,0

    50,0

    60,0

    70,0

    80,0

    90,0

    N empresas Pessoal Ocupado Receita Liquida Salrio

    Varia

    o

    %

    SIC

    DemaisserviosIndstria (PIA)

    Comrcio(PAC)

  • 18

    A taxa de variao da receita lquida dos SIC mais de quatro vezes aquela dos demais servios (57,9% e 13,7%, respectivamente) e 22 pontos percentuais maior que a da indstria (36%). A gerao de emprego, para um setor que no intensivo em mo-de-obra, tambm foi bastante expressiva no perodo (84,9%). O fato que, nos ltimos anos, os SIC tm apresentado um dinamismo que no visto nos outros setores da economia.

    Qualificao do pessoal ocupado em SIC

    Outro elemento importante na caracterizao dos SIC apontado no debate internacional a utilizao de mo-de-obra mais qualificada na comparao com outros setores da economia.

    De fato, ao se observar os dados da Relao Anual de Informaes Sociais (RAIS) desagregados por grau de escolaridade, verifica-se que os SIC apresentam maiores propores de pessoal ocupado em ensino superior do que qualquer outro setor de atividade. Em 1998, de todos os trabalhadores do setor, 33,4% possuam nvel superior completo ou incompleto. J em 2002, essa proporo salta para 41,7%, conforme o grfico 2. Os chamados servios sociais que incluem atividades nas reas de educao e sade e que, portanto, empregam profissionais de ensino superior como mdicos, enfermeiros e professores de diversas reas , so aqueles que apresentam percentual mais prximo (35%). de se destacar tambm que a soma dos que possuem ensino superior e mdio entre os SIC atinge 85,7 da mo-de-obra, ou seja, apenas 14,3% daqueles que trabalham em SIC no atingiram o ensino mdio (grfico 2).

  • 19

    Grfico 2

    Fonte: Relao Anual de Informaes Sociais (RAIS)/Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE). Elaborao: IPEA e autor. OBS: At 4 srie (incompleta e completa); 5 a 8 (incompleta e completa); mdio (incompleto e completo); superior (incompleto e completo).

    Alm disso, os SIC tm apresentado crescimento dos mais altos graus de escolaridade maior do que os outros setores. Ou seja, de 1998 a 2002, houve incremento no nvel de escolaridade em todos os setores de atividade, porm nos SIC isso maior, conforme mostra o grfico 3.

    Os graus de escolaridade mais baixos (analfabeto e at a 4 srie) apresentam variao negativa no perodo para todos os setores de atividade selecionados. O inverso acontece, tambm de forma geral, para os graus mais elevados (mdio e superior), como mostra o grfico 3. O que vale destacar que so os grupos SIC e Demais servios (da PAS) aqueles que apresentam as maiores taxas de crescimento. Isto , alm de possuir alta proporo de pessoal ocupado em nvel superior, os SIC tm aumentado o nmero de trabalhadores neste grau de escolaridade.

    Proporo de pessoal ocupado por grau de escolaridade, segundo setor de atividadeBrasil, 2002

    16,3 17,2

    35,0

    6,211,9 8,9

    10,3

    38,2 38,6

    38,3

    16,316,5 29,7

    44,0

    37,7 34,3

    19,5

    42,038,7

    46,6

    41,7

    6,6 8,3 5,0

    35,0 31,114,0

    3,50%

    10%

    20%

    30%

    40%

    50%

    60%

    70%

    80%

    90%

    100%

    SIC Demais Servios Indstria detransformao

    Construo Civil Serviossociais*

    Governo Outros serviosfora da PAS**

    * Educao, sade e comunitrios ** Infra-estrutura, financeiro, P&D, comrcio e outros

    Superior

    Mdio

    De 5 a 8

    At 4 srie

    Analfabeto

  • 20

    Grfico 3

    Fonte: Relao Anual de Informaes Sociais (RAIS)/Ministrio do Trabalho e Emprego (MTE). Elaborao: IPEA e autor. OBS: At 4 srie (incompleta e completa); 5 a 8 (incompleta e completa); mdio (incompleto e completo); superior (incompleto e completo)

    Relao entre SIC e inovao

    Como mencionado ao longo deste texto, os SIC so considerados elementos importantes em processos de inovao em outras empresas e setores. So vistos como produtores, portadores e difusores de conhecimento, informao e tecnologia.

    Cabe tentar identificar no caso brasileiro os elementos que permitam encaminhar uma investigao neste sentido. Para isso, precisaramos de informaes que revelassem em que medida os SIC so utilizados pelas empresas. Estudos internacionais, como mostrados anteriormente neste texto, utilizam dados de insumo-produto, de contratao de servios, ou mesmo surveys com empresas industriais e de outros setores para captar informaes diretas

    Taxa de variao do pessoal ocupado total e por grau de escolaridade (ensinos mdio e superior), segundo setor de atividade (Brasil, 1998-2002)

    28

    98

    60

    43

    21

    39

    66 66

    2419

    273536

    614

    24

    52

    -10

    15

    33

    -4

    -20

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    120

    SICs Demais Servios Indstria detransformao

    Construo Civil Servios sociais* Governo Outros fora daPAS**

    * Educao, sade e comunitrios** Infra-estrutura, financeiro, P&D, comrcio e outros

    Varia

    o

    %

    Mdio

    Superior

    Total

  • 21

    sobre a interao dos agentes e sobre a utilizao de atividades de servios em processos de produo e gesto.

    Neste artigo, uma estratgia utilizada foi tentar identificar a partir da PINTEC15 em que medida algumas variveis, que podem ser vistas como atividades dos SIC, so importantes como fonte de informao para a inovao em empresas industriais. Ou seja, a pergunta a responder : os SIC importam como fonte de informao para inovar?

    Neste sentido, as variveis utilizadas foram Fornecedores de mquinas, equipamentos, materiais, componentes ou softwares; Empresas de consultoria e consultores independentes; Redes de informaes informatizadas. As empresas que responderam PINTEC recebiam uma lista de fontes de informao para a inovao e deveriam classific-las como sendo de importncia alta, mdia, baixa e no relevante. No exerccio aqui realizado, foram somadas as empresas que assinalaram importncia alta e mdia de um lado e as de baixa e no-relevante de outro.

    evidente que estas variveis no so a representao fidedigna e nem a melhor maneira de representar os SIC, mas elas podem funcionar, nesta anlise, preliminar como proxy deste grupo.

    Os resultados obtidos nos permitem duas leituras. Na primeira delas, observamos, entre as empresas que inovam, o percentual delas que considera a fonte de informao selecionada como sendo de mdia ou alta importncia para inovao (na tabela 4, o total de empresas est na linha). Ou seja, entre as empresas que inovam, a proporo que considera as fontes de informao selecionadas como sendo de alta ou mdia importncia maior?

    Apenas em relao varivel Fornecedores de mquinas, equipamentos, materiais, componentes ou softwares encontramos resultado positivo para a pergunta (66,1%). Em relao s variveis Empresas de consultoria e consultores independentes e Redes de informaes informatizadas, os percentuais de empresas que as consideram de mdia ou alta importncia so menores: 10,7% e

    15A PINTEC 2000 pergunta se a empresa realizou inovao entre 1998 e 2000. Aqui consideramos tanto inovao de processo como de produto. Os critrios para considerar se uma empresa inovou so definidos pelo IBGE. Ver: IBGE (2004a).

  • 22

    33,1%, respectivamente. Nesta leitura, a relao entre SIC e inovao parece relevante apenas para a varivel Fornecedores de mquinas, equipamentos, materiais, componentes ou softwares.

    Tabela 4

    Entretanto, interessante observar tambm o resultado das empresas que no inovaram. Entre estas, as fontes de informao proxy de SIC so de alta ou mdia importncia para um grupo nfimo de empresas (2,7%, 0,7% e 2%, respectivamente). Isto quer dizer que, para quem no inova, fontes de informao relacionadas a SIC no tem nenhuma relevncia.

    Esta observao nos remete possibilidade de uma segunda leitura. Entre as que consideram a fonte de informao para inovao como sendo de mdia ou alta importncia, cabe verificar qual a proporo de empresas inovadoras (o total agora, na tabela 5, est na coluna). Os dados mostram que, para as trs variveis selecionadas, maior a proporo de empresas que inovam do que de empresas que no inovam. Entre as empresas que consideram Fornecedores de mquinas, equipamentos, materiais, componentes ou softwares como fonte de informao de alta ou mdia importncia, 91,9% inovaram. Tendncia semelhante ocorre em relao s variveis Empresas de consultoria e consultores independentes (87,8%) e Redes de informaes informatizadas (88,2%). Isto significa que, entre aquelas empresas que consideram as fontes de informao selecionadas como sendo de alta ou mdia importncia, a esmagadora maioria de empresas inovadoras.

    Percentual de empresas industriais segundo importncia da fonte de informao para inovaoe desempenho inovador (total no desempenho inovador)Brasil e Estado de So Paulo2000

    Baixa ou no relevante Alta ou mdia

    Baixa ou no relevante Alta ou mdia

    Baixa ou no relevante Alta ou mdia

    No inovou 97,3 2,7 99,3 0,7 98,0 2,0Inovou 33,9 66,1 89,3 10,7 66,9 33,1

    No inovou 97,0 3,0 99,2 0,8 97,9 2,1Inovou 39,3 60,7 89,5 10,5 65,2 34,8

    Fonte: Pesquisa Industrial de Inovao Tecnolgica, 2000, IBGE

    Brasil

    Fornecedores de mquinas, equipamentos e software Empresas de consultoria

    Redes de informaes informatizadas

    Regio Desempenho inovador

    Estado de So Paulo

  • 23

    Tabela 5

    A partir dos dados da PINTEC16, portanto, os resultados mostram que possvel inferir de forma indireta uma relao entre inovao e utilizao de atividades de SIC. Ou seja, ao perguntar se os SIC importam como fonte de informao para inovar possvel responder que sim. Um outro exerccio para tentar identificar a relao entre utilizao de SIC e inovao foi realizado a partir da PIA em cruzamento com a PINTEC. Foram selecionadas algumas variveis de gastos das empresas industriais que pudessem se aproximar de gastos com SIC: 1) Servios industriais prestados por terceiros (outras empresas ou autnomos); 2) Servios de manuteno e reparao de mquinas e equipamentos ligados produo prestados por terceiros (incluir peas e acessrios, quando fornecidos pela prestadora de servios); 3) Servios prestados por terceiros (informtica, auditoria, advocacia, consultoria, limpeza, vigilncia, manuteno de imveis e equipamentos no ligados produo etc). A idia separar as empresas em faixas de gastos e verificar se encontramos percentuais maiores de empresas inovadoras entre aquelas que mais gastam com servios. Para construir as faixas, foi dividido o gasto da empresa (em R$) por sua receita lquida. Deste modo, temos empresas que no gastam com os servios citados, um grupo que gasta o equivalente a at

    16 Nas duas leituras dos resultados aqui sugeridas, a tendncia para o Brasil se repete para o

    estado de So Paulo.

    Percentual de empresas industriais segundo importncia da fonte de informao para inovaoe desempenho inovador (total na importncia da fonte)Brasil e Estado de So Paulo2000

    Baixa ou no relevante Alta ou mdia

    Baixa ou no relevante Alta ou mdia

    Baixa ou no relevante Alta ou mdia

    No inovou 86,2 8,1 70,7 12,2 76,1 11,8Inovou 13,8 91,9 29,3 87,8 23,9 88,2

    No inovou 83,6 9,2 69,7 13,6 75,7 11,0Inovou 16,4 90,8 30,3 86,4 24,3 89,0

    Fonte: Pesquisa Industrial de Inovao Tecnolgica, 2000, IBGE

    Estado de So Paulo

    Fornecedores de mquinas, equipamentos e software Empresas de consultoria

    Redes de informaes informatizadas

    Regio Desempenho inovador

    Brasil

  • 24

    1% de sua receita lquida com aqueles servios, e assim por diante (1% a 5% e 5% ou mais).

    De forma indireta, a pergunta a ser respondida : podemos inferir que o gasto da indstria com servios influencia inovao?

    Os resultados mostram que h uma leve tendncia neste sentido, como mostra a tabela 6. Ao se observar as trs variveis escolhidas, verifica-se que, na faixa das que no gastam, o percentual de empresas inovadoras menor do que nas faixas das que gastam at 1% e de 1% a 5%. O grupo das que gastam 5% ou mais foge desta tendncia. interessante que, justamente a varivel que mais representa os SIC dentre as trs selecionadas, servios s empresas prestados por terceiros, aquela que mais se aproxima da hiptese aqui sugerida. Isto , entre as que no tm gasto, a proporo de inovadoras 40,1%; isso aumenta para 50,7% (at 1%) e para 56,9% (de 1% a 5%). Alm disso, se o percentual de inovadoras cai quando observamos as que gastam 5% ou mais, assim como para as outras duas variveis, esta queda menor (3 pontos percentuais, contra 6 para Industriais prestados por terceiros e 17,4 para Manuteno de mquinas e equipamentos).

    Tabela 6

    Com as ponderaes necessrias, possvel dizer que, entre aquelas que mais gastam com servios, o percentual de empresas inovadoras maior. No

    Percentual de empresas industriais inovadora e no-inovadoras,segundo percentual do gasto com servios em relao receita lquidaBrasil2000

    Tipo de servio Desempenho Sem gasto At 1% 1% a 5% 5% ou maisno inovou 53,9 42,6 42,3 48,3inovou 46,1 57,4 57,7 51,7no inovou 51,0 44,4 43,5 60,9inovou 49,0 55,6 56,5 39,1no inovou 59,9 49,3 43,1 46,1inovou 40,1 50,7 56,9 53,9

    Fonte: Pesquisa Industrial Anual (PIA), 2000, IBGE e Pesquisa Industrial de Inovao Tecnolgica, 2000, IBGE* Informtica, auditoria, advocacia, consultoria, limpeza, vigilncia etc.

    Industriais prestados por terceirosManuteno de mquinas e equipamentosServios s empresas prestados por terceiros*

  • 25

    entanto, ressalte-se que a relao entre servios e inovao aqui tnue. impossvel afirmar categoricamente que h uma relao direta. O objetivo aqui mostrar que esta relao pode existir e sugerir que investigaes mais aprofundadas sejam realizadas para verificar tal hiptese com mais consistncia.

    Consideraes finais

    Os servios esto crescentemente amarrados com os outros setores da economia. J evidente que os servios no so algo suprfluo, mas parte integrante de um sistema econmico dinmico. No se trata aqui de afirmar a existncia de uma sociedade ps-industrial, mas de assumir o desenvolvimento de um novo tipo de sociedade industrial em que os setores tercirio e secundrio esto ainda mais fortemente conectados, o que em alguns casos dificulta at mesmo a distino entre os dois.

    mais interessante e produtivo, portanto, observar as atividades de servios atravessando os outros setores do que tentar fazer grandes classificaes do setor tercirio como um todo. A idia de uma economia em que os servios se tornam cada vez mais importantes no deveria ser reduzida ao crescimento do setor. No se trata meramente de uma economia em que as atividades de servios so quantitativamente dominantes, mas sim de uma economia em que o servio se torna cada vez mais um princpio norteador por toda parte.

    Este artigo mostrou a viabilidade e a pertinncia de se fazer uma discusso sobre KIBS (ou SIC) no Brasil. A partir da reviso bibliogrfica na literatura internacional, tentou-se destacar os elementos principais do debate e exemplificar possibilidades de investigao.

    A definio do setor no Brasil evidenciou em que medida os SIC formam um grupo com caractersticas distintas: gerador de receita, empregador de mo-de-obra qualificada e com tendncia de crescimento nos ltimos anos, acompanhando tendncia de outros pases, como mostra a literatura internacional. Os apontamentos da relevncia dos SIC em processos de inovao de empresas

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    industriais so bastante preliminares e necessitam de aprofundamentos, mas os resultados nos permitem inferir uma relao interessante e afirmar que outros exerccios empricos devem ser realizados para iluminar esta questo. Os processos de inovao tecnolgica e de difuso de tecnologias da informao relacionados ao crescimento de atividades intensivas em conhecimento so tpicos ricos para o debate, que demandam novos estudos e podem informar futuras polticas pblicas.

    Os SIC, portanto, representam uma veia analtica promissora. Dado que a linha de investigao aqui proposta mostra uma singularidade do grupo alta capacidade de gerao de receita, emprego de mo-de-obra bastante qualificada, dinmica distinta de outros setores da economia, concentrao regional em reas metropolitanas especficas e relao com inovao , h uma potencialidade dos SIC em termos de poltica de desenvolvimento. Pode ser de grande valia investir em um grupo de atividades que tem uma atuao transversal na economia. Seria possvel, portanto, apont-lo como um nicho de interveno. J que se discute bastante atualmente uma poltica industrial transversal e no setorial, e se um elemento central da poltica a inovao, o estmulo aos SIC pode ser um veculo interessante para futuras polticas pblicas.

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