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o tema A utopia das garantias constitucionais versus o direito de punir. Tem como objetivo discutir os avanços alcançados pelas garantias constitucionais encontradas na constituição da república federativa de 1988 contra o direito de punir do Estado, no que tange a aplicação das punições penais com os efeitos da punição da lei penal, como uma reflexão sobre futuras legislações sobre o direito penal.
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Disciplina: Direito Penal.
Professora: Taiana Levinne
Turno: Noturno
Alunos: Alice de Andrade, Alex Pires, Alzimary Batista, Eurides Netta, Kátia
Polon, Paulo Castro, Suele Fagundes.
Artigo Científico: A utopia das garantias constitucionais versus direitos de
punir.
1. Introdução
O trabalho apresentado aborda o tema A utopia das garantias
constitucionais versus o direito de punir. Tem como objetivo discutir os avanços
alcançados pelas garantias constitucionais encontradas na constituição da
república federativa de 1988 contra o direito de punir do Estado, no que tange a
aplicação das punições penais com os efeitos da punição da lei penal, como
uma reflexão sobre futuras legislações sobre o direito penal.
É sabido que direito de punir, apesar de já ter pertencido ao ente
privado, hoje tendo como titular o Estado. Que na constituição federal dispõe
em seus diversos artigos implícitos e explícitos, dentre eles o art. 144º, dispõe
que “A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de
todos, é exercida para a preservação da ordem pública e do patrimônio” e o art.
5º, que dispõe dos direitos e garantias fundamentais, dos direitos e deveres
individuais e coletivos, “todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade...”.
Não se tratando apenas de um direito, mas também de um dever de
não violar a constituição vigente, com a incumbência de disciplinar as condutas
proibidas com suas respectivas sanções. No entanto, esse mesmo Estado
mostrou-se incapaz de materializar com excelência suas pretensões quanto à
proteção dos bens jurídicos, bem como quanto aos fins da pena.
Dessa forma, o Direito Penal tem por finalidade essencial proteger os
valores mais importantes dos indivíduos e da sociedade em geral. Tais valores
são chamados bens jurídicos penais, entre os quais se destacam: vida,
liberdade, propriedade, integridade física, honra, patrimônio público, dentre
outros.
2. Conceito:
Seguindo José Frederico Marques, definimos o Direito Penal como o
conjunto de normas que ligam ao crime, como fato, a pena como
consequência, e disciplina também as relações jurídicas daí derivadas, para
estabelecer a aplicabilidade das medidas de segurança e a tutela do direito de
liberdade em face do poder de punir do Estado. No entender de Aníbal Bruno,
“é o conjunto das normas jurídicas que regulam a atuação estatal nesse
combate ao crime através de medidas aplicáveis ao criminoso”.
Segundo José Afonso da Silva, “são os meios destinados a fazer valer
os direitos, são os instrumentos pelos quais se asseguram o exercício e gozo
daqueles bens e vantagens”.
São direitos e garantias fundamentais os mecanismos jurídicos usados
para deterem sustentação e harmonia entre os poderes do estado, e as
funções de cada um deles; como também ensejam as principais tutelas dos
direitos fundamentais na proteção do indivíduo no abuso do poder por parte de
órgãos do estado (CF, Art. 5) (CF, Art. 52, I, 62, 68, 96 e outros). A constituição
ressalta os direitos concernentes à vida, liberdade, igualdade, segurança e a
propriedade (Art. 5, CAPUT), os quais ensejam inúmeros desdobramentos ao
longo dos 78 itens deste.
As garantias constitucionais estão subdivididas em: gerais instituições e
mecanismos inseridos no sistema de freios e contrapesos; e especiais
referentes a técnicas e mecanismos de asseguramento da aplicabilidade dos
direitos fundamentais.
3. Espécies de garantias constitucionais e princípios limitadores do poder punitivo estatal:
As Garantias são os instrumentos pelos quais se asseguram o exercício
dos aludidos às direito como espécies de garantias constitucionais ou remédios
constitucionais: habeas corpus, habeas datas, mandatos de segurança entre
outros. Os remédios constitucionais são garantias instrumentais dispostas no
art.5º da constituição federal, destinadas à proteção dos direitos fundamentais.
Podemos destacar:
Habeas corpus o instrumento jurídico impetrado nos casos em que
estiver ameaçado um direito de locomoção decorrente de ilegalidade ou abuso
de poder, art. 5º, LXVII, Constituição Federal.
O Habeas Data tem como objetivo assegurar ao cidadão o
conhecimento de informação referentes à sua pessoa existente em banco de
dados de entidade governamentais ou de caráter publico e também, a retirada
de tais informações caso não prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou
administrativo art. 5º, LXII, alíneas “a” e “b”, CF.
Quanto ao mandado9 de segurança é um instrumento constitucional que
tem por finalidade a proteção do direito liquido e certo, que não é amparado pro
Habeas Corpus ou Habeas Data, cujo responsável pela ilegalidade ou abuso
de poder, trata-se de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
exercício de atribuições do poder público art.5º, XIX, CF.
Mandado de segurança coletivo tem como objetivo defender os direitos
líquido e certo de uma coletividade no disposto no art. 5º, LXX, CF.
O mandado de injunção é o remédio constitucional a ser impetrado
sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos
direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania. Tanto pessoa física como pessoa
jurídica pode impetrá-lo, desde que seja através de um advogado art.5º, LXXI,
CF.
Ação popular é o instrumento cuja finalidade é a anulação ou a
declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio público, à moralidade
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. Pode ser
proposto por qualquer brasileiro no pleno exercício de seus direitos políticos
art.5º, LXXIII, CF.
E o direito de petição que é o instituto jurídico que visa defender ou
comunicar ilegalidade ou abuso de autoridade pública, podendo ser proposta
por qualquer pessoa brasileira ou estrangeira.
Podemos chamar esses princípios como princípios fundamentais de
Direito Penal de um estado social e democrático de direito. Todos esses
princípios são de garantias do cidadão perante o poder punitivo estatal e estão
amparados no texto constitucional de 1988 (art.5º).
Todos esses princípios, hoje inserto, explícita ou implicitamente, em
nossa constituição (art.5º), têm a função de orientar o legislador ordinário para
adoção se um sistema de controle penal voltado para os direitos humanos,
embasado em um direito penal da culpabilidade, um direito penal mínimo que
garanta.
Dentre os princípios, temos o princípio da legalidade ou reserva legal, o
princípio da intervenção mínima, princípio de culpabilidade, princípio da
humanidade, princípio da irretroatividade da lei penal, princípio da adequação
social, princípio da insignificância, princípio da ofensividade e princípio da
proporcionalidade.
O princípio da legalidade ou reserva legal que compõe uma efetiva
limitação ao poder punitivo estatal com avanços e recuos, não passando,
muitas vezes de “fachada formal” de determinados estados. No que diz
respeito ao princípio da legalidade a elaboração das normas incriminadoras é
função exclusiva da lei, ou seja, nenhum fato pode ser considerado crime e
nenhuma pena criminal pode ser aplicada se que exista ocorrência desse fato
na lei. Sendo assim, a constituição em seu art. 5º, inciso XXXlX, ao proteger os
direitos e garantias fundamentais determina que “ não haverá crime sem lei
anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”.
O princípio de culpabilidade não é um fenômeno isolado, individual,
afetando apenas o autor do delito, mas um fenômeno social, afirma Muñoz
Conde. Dessa forma, atribuem-se três sentidos ou consequências materiais ao
conceito de culpabilidade, em primeiro lugar, não há responsabilidade objetiva
pelo simples resultado; em segundo lugar, a responsabilidade penal e pelo fato
e não pelo autor; em terceiro lugar, a culpabilidade é a mediada da pena.
O princípio de humanidade sustenta que o poder de punitivo estatal não
pode aplicar sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou lesionem
a constituição física e psíquica dos condenados. O direito penal não é
necessariamente assistencial e visa primeiramente à justiça distributiva,
responsabilizando o delinquente pela violação da ordem jurídica.
Segundo Jescheck, “não pode ser conseguido sem dano e sem dor,
especialmente nas penas privativas de liberdade, a não ser que se pretenda
subverter a hierarquia dos valores morais e utilizar a prática delituosa como
oportunidade para premia, o que conduziria ao reino da utopia. Dentro destas
fronteiras, imposta pela natureza de sua missão, todas as relações humanas
reguladas pelo direito penal, devem ser presididas pelo princípio de
humanidade. A constituição em seu art.5º, inciso XLlX, assegura aos presos “o
respeito à integridade física e moral, vedando a aplicação de pena de natureza
cruel e degradante.
O princípio da irretroatividade da lei penal vige somente em relação à lei,
mas severa e resume-se no seguinte princípio o da retroatividade da lei penal
mais benigna. A lei nova que for mais favorável ao réu sempre retroage. Com
poucas exceções. E mesmo esgotado o seu período de vigência aos fatos
ocorridos durante a sua vigência retroagira se favorável ao réu.
Principio da adequação social segundo Welzel o direito penal tipifica
somente condutas que tenham relevância social, caso contrario, não poderiam
ser delito. O tipo penal implica na seleção uma seleção de comportamento e ao
mesmo tempo valoração. Porque certos comportamentos em si mesmo típicos
carecem de relevância por serem correntes no meio social, pois há um
descompasso entre as normas penais incriminadoras e o socialmente permitido
ou tolerado.
Principio da insignificância a tipicidade penal exige uma ofensa de
alguma gravidade ao bem jurídico protegido. Uma efetiva proporcionalidade
entre a gravidade e a conduta que se pretende punir e a drastidade da
intervenção estatal caso não haja nenhuma relevância material, pode afastar a
tipicidade penal porque o bem jurídico não foi lesado. A insignificância da
ofensa afasta a tipicidade.
Principio da ofensividade (ou lesividade) servi para que se tipifique
algum crime e indispensável que haja, pelo o menos, um perigo concreto real,
e efetivo de dano a um bem jurídico penalmente protegido. Seus efeitos têm
dois planos o primeiro, servir fundamentação legal, fornecendo substratos
políticos-jurídicos para que o legislador adote na elaboração do tipo penal e o
segundo, servir de critério interpretativo levando o interprete legal a encontrar a
lesividade ao bem jurídico protegido. Exerce dupla função no direito penal em
um estado democrático, função politico-criminal (caráter preventivo informativo)
e função interpretativa – dogmática (pretende ter natureza material, constatar a
presença de uma lesão ao bem jurídico protegido).
Principio da proporcionalidade procura eliminar o possível a interferência
do estado na vida do cidadão com índole constitucional, apto a nortear a
atividade legislativa em matéria penal, como garantia legitimadora e limitadora
de todo ordenamento jurídico infraconstitucional.
Contudo, é indispensável que os direitos fundamentais dos cidadãos
sejam considerados, intocáveis, afastados da livre disposição do estado, que,
além de respeitá-los, deve garanti-los.
4. Conclusão
Para tanto, conclui-se que no processo de criação do estado
democrático moderno os seus ideólogos preconizaram que a legislação deveria
ser constituída de poucas, claras e simples leis.
Num estado em que se consagrava a ampla liberdade ao cidadão em
outras palavras democráticos e liberal com o domínio mínimo das leis e o
máximo da liberdade, faz com que se parta um novo tipo de estado em que se
procura preservar os direitos básicos do homem, mas impõe uma serie de
obrigações.
Resultado da crise o estado vem assumindo uma nova face ao invés de
procurar o caminho de soluções para preservar a autonomia da pessoa
humana, vem adotando medidas repressivas, chegando a violações graves das
garantias constitucionais.
Apesar de existir direitos estabelecidos na constituição, pelo menos no
papel, como o processo em matéria de provas, princípios, sistemas e critérios
que auxiliam a investigação da verdade, apreciação e valoração pelo estado,
não se pode negar que por conta das normas fundamentais garantidoras de
direitos e liberdades, os mesmos têm aplicação relativa.
Pode-se dizer que no processo penal, a verdade real ou material é
utópica, não se podendo esquecer que o estado cada vez mais busca enxergar
com base em uma verdade “processual”.
Referencia bibliográfica
MORAIS, Alexandre de. Direito Constitucional. 22 ed. São Paulo: Atlas, 2007.
BARROS, Carmem Silvia de Moraes. A individualização da pena na execução penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.
BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas. Tradução por Torrieri Guimarães. São Paulo: Martin Claret, 2007.
BICUDO, Tatiana Viggiani. Por que punir? Teoria geral da pena. São Paulo: Saraiva, 2010.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. 30.ed. Petrópolis: Vozes, 2005.
Luizi, Luis. Os Princípios Constitucionais Penais. Editora Sergio A. Fabris. 2ª edição aumentada, 2003.
Bitencourt, cezar Roberto. Tratando de Direito Penal. 15 edição. Editora Saraiva, 2010.