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ARTIGO SELEÇÃO PARA EFICIÊNCIA ALIMENTAR Economia em ingestão de alimento não usada para produção de leite Graças à um banco de dados de 4.350 vacas, mais - e mais confiáveis - valores ge- néticos para eficiência alimentar podem ser calculados. A partir de abril/2018, o valor genético de "custos de alimentação economizados para mantença CAEM" (SFCM, sigla do termo “Saved Feed Costs for Maintenance”) será incluído na fórmula do NVI, índice de desempenho total da Holanda. A crença de que a genética para eficiência resulta em vacas menores é desconstruída. TEXTO ORIGINAL: FLORUS PELLIKAAN TRADUÇÃO LIVRE: LEONARDO MAIA ficiência. Uma palavra que era considerada por alguns como sendo pouco clara em termos de significância, hoje ganha grande importância, da mesma forma que a palavra "sustentabilidade". Mas há uma diferença. A definição de eficiência é a capacidade de realizar algo com o menor desperdício de tempo e esforço. Aplicado à eficiência de alimentação, isso significa a eficácia da alimentação (a saída produzida por uma determinada entrada). Na pecuária leiteira, a combinação de disponibilidade de matéria prima e alimentos complica a eficiência alimentar, mas definitivamente há espaço para melhorias através da genética, acredita Gerben de Jong, chefe da Unidade de Avaliação Animal da CRV e responsável por gerar as estimativas de valor genético para o CAEM. "O conjunto de dados sugere que uma produção de leite 10% maior com a mesma dieta é viável. Na prática, combinar um touro eficiente (10%) com outro animal médio (0%) significa uma melhoria de cinco por cento. Portanto, não é surpresa que o tempo e o esforço tenham sido dedicados a gerar mais valores genéticos que facilitem a seleção genética para eficiência alimentar”, comenta de Jong. A ingestão alimentar analisada de maneira isolada fornece informações insuficientes, para se julgar a eficiência de um animal. Em abril de 2016, a fundação GES (Departamento de Avaliações Genéticas de Touros) calculou o valor genético para ingestão alimentar, expresso em quilogra- mas de matéria seca, para todos os touros avaliados na Holanda e Bélgica pela primeira vez. Contudo, a CRV já havia começado a incluir este valor genético para seus próprios touros no índice de Eficiência Vitalícia, dezoito meses antes. E No entanto, o valor genético para ingestão alimentar tem suas limitações. Tudo o que diz é algo sobre a quantidade de alimento consumido por uma vaca, independentemen- te em que esse alimento é realmente usado. Gerben de Jong ilustra isso com um exemplo. “O touro Delta Canvas tem um valor genético para ingestão alimentar de + 0,75 quilos de matéria seca. A média é 0, assim como as filhas de Canvas herdam metade do valor genético de seu pai, essas fêmeas teriam um consumo estimado de 0,38 kg da matéria seca a mais por dia em relação à média da população. Isso pode levá-lo a supor que as filhas Canvas não são eficientes, enquanto na realidade, o Canvas tem 1.700 quilos de leite a mais do que a média e suas filhas herdam isto. “Isso se converte na produção diária de aproximadamente 2,5 quilos de leite a mais do que a média, para os quais aproximadamen- te 1,25 quilos de matéria seca e requerido. "As filhas de Canvas teriam, portanto, que consumir 1,25 quilos da matéria seca a mais do que a média das vacas, mas, como na verdade consomem apenas 0,38 quilos a mais de matéria seca, elas são extremamente eficientes na prática". Para tornar as diferenças na eficiência alimentar mais precisas, o número de animais utilizados para obter os dados relativos à ingestão alimentar aumentou de 2.500 para 4.350. “Muitos dados provêm de experimentos da Universidade de Wageningen na Holanda. A Nutreco e a Schothorst Feed Research também contribuem com dados e a CRV avalia a ingestão alimentar na fazenda experimental administrada pela família Alders, em Overloon. Além disso, os valores são continuamente avaliados.” diz de Jong. Nos últimos anos, foram feitas tentativas para correlacionar os valores genéticos para produção, peso corporal e ingestão alimentar com as predições genômicas. Seleção para EFICIÊNCIA ALIMENTAR CAEM VALOR GENÉTICO PARA INGESTÃO ALIMENTAR VALOR GENÉTICO PARA PRODUÇÃO VALOR GENÉTICO Indica o quanto maior, ou menor, é a ingestão alimentar da vaca em relação à média, expressa em quilos de matéria seca. Valores genéticos de produção indicam o quanto de leite uma vaca produz em relação ao que ela consome. É o quanto de alimento ingerido pela vaca que não é usado para produção de leite, mas usado para a mantença do animal.

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ARTIGO SELEÇÃO PARA EFICIÊNCIA ALIMENTAR

Economia em ingestão de alimento não usada para produção de leite

Graças à um banco de dados de 4.350 vacas, mais - e mais confiáveis - valores ge-néticos para eficiência alimentar podem ser calculados. A partir de abril/2018, o valor genético de "custos de alimentação economizados para mantença CAEM"

(SFCM, sigla do termo “Saved Feed Costs for Maintenance”) será incluído na fórmula do NVI, índice de desempenho total da Holanda. A crença de que a genética para

eficiência resulta em vacas menores é desconstruída.

TEXTO ORIGINAL: FLORUS PELLIKAANTRADUÇÃO LIVRE: LEONARDO MAIA

ficiência. Uma palavra que era considerada por alguns como sendo pouco clara em termos de significância, hoje ganha grande importância, da mesma forma que a palavra "sustentabilidade". Mas há uma diferença. A definição de eficiência é a capacidade de realizar algo com o menor desperdício de tempo e esforço. Aplicado à eficiência de alimentação, isso significa a eficácia da alimentação (a saída produzida por uma determinada entrada).

Na pecuária leiteira, a combinação de disponibilidade de matéria prima e alimentos complica a eficiência alimentar, mas definitivamente há espaço para melhorias através da genética, acredita Gerben de Jong, chefe da Unidade de Avaliação Animal da CRV e responsável por gerar as estimativas de valor genético para o CAEM. "O conjunto de dados sugere que uma produção de leite 10% maior com a mesma dieta é viável. Na prática, combinar um touro eficiente (10%) com outro animal médio (0%) significa uma melhoria de cinco por cento. Portanto, não é surpresa que o tempo e o esforço tenham sido dedicados a gerar mais valores genéticos que facilitem a seleção genética para eficiência alimentar”, comenta de Jong.

A ingestão alimentar analisada de maneira isolada fornece informações insuficientes, para se julgar a eficiência de um animal. Em abril de 2016, a fundação GES (Departamento de Avaliações Genéticas de Touros) calculou o valor genético para ingestão alimentar, expresso em quilogra-mas de matéria seca, para todos os touros avaliados na Holanda e Bélgica pela primeira vez. Contudo, a CRV já havia começado a incluir este valor genético para seus próprios touros no índice de Eficiência Vitalícia, dezoito meses antes.

E

No entanto, o valor genético para ingestão alimentar tem suas limitações. Tudo o que diz é algo sobre a quantidade de alimento consumido por uma vaca, independentemen-te em que esse alimento é realmente usado. Gerben de Jong ilustra isso com um exemplo.

“O touro Delta Canvas tem um valor genético para ingestão alimentar de + 0,75 quilos de matéria seca. A média é 0, assim como as filhas de Canvas herdam metade do valor genético de seu pai, essas fêmeas teriam um consumo estimado de 0,38 kg da matéria seca a mais por dia em relação à média da população. Isso pode levá-lo a supor que as filhas Canvas não são eficientes, enquanto na realidade, o Canvas tem 1.700 quilos de leite a mais do que a média e suas filhas herdam isto. “Isso se converte na produção diária de aproximadamente 2,5 quilos de leite a mais do que a média, para os quais aproximadamen-te 1,25 quilos de matéria seca e requerido. "As filhas de Canvas teriam, portanto, que consumir 1,25 quilos da matéria seca a mais do que a média das vacas, mas, como na verdade consomem apenas 0,38 quilos a mais de matéria seca, elas são extremamente eficientes na prática".

Para tornar as diferenças na eficiência alimentar mais precisas, o número de animais utilizados para obter os dados relativos à ingestão alimentar aumentou de 2.500 para 4.350. “Muitos dados provêm de experimentos da Universidade de Wageningen na Holanda. A Nutreco e a Schothorst Feed Research também contribuem com dados e a CRV avalia a ingestão alimentar na fazenda experimental administrada pela família Alders, em Overloon. Além disso, os valores são continuamente avaliados.” diz de Jong.

Nos últimos anos, foram feitas tentativas para correlacionar os valores genéticos para produção, peso corporal e ingestão alimentar com as predições genômicas.

Seleção para EFICIÊNCIA ALIMENTAR

CAEM

VALOR GENÉTICO PARA INGESTÃO ALIMENTAR

VALOR GENÉTICO PARA PRODUÇÃO

VALOR GENÉTICO

Indica o quanto maior, ou menor, é a ingestão alimentar da vaca em relação à média, expressa em quilos de matéria seca.

Valores genéticos de produção indicam o quanto de leite uma vaca produz em relação ao que ela consome.

É o quanto de alimento ingerido pela vaca que não é usado para produção de leite, mas usado para a mantença do animal.

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Canvas e Olympic têm 23 e 34 filhas, respectivamente, avaliadas para ingestão alimentar, desta forma os valores genômicos destes animais são conhecidos. Isso significa que um valor genético também pode ser estimado para touros sem filhas com dados de ingestão alimentar mensu-rados. Um touro como o Canvas, com 23 filhas, tem uma confiabilidade de 82% para o CAEM, enquanto que, basea-do em seu índice de pedigree e informações genômicas, o Bouw Finder tem uma confiabilidade de 60%.

Embora os valores genéticos de “alimentação economiza-da para mantença” e “custos de alimentação economiza-dos para mantença” tenham sido incluídos nos índices desde dezembro passado, esses números só começaram a ter um efeito real a partir de abril de 2018. O GES decidiu que o valor genético para “custos de alimentação econo-mizados para mantença” só seriam ponderados na fórmula do NVI a partir de abril de 2018.

O peso do CAEM na nova fórmula do NVI é de 5%. "Mas é melhor ver qual é a resposta à inclusão do CAEM, ou o impacto que isso tem na seleção da população." De Jong refere-se à figura 1, que mostra os valores genéticos médios dos 100 melhores touros no mundo para NVI. Por característica, o valor genético médio de desses touros é mostrado para o NVI atual e o novo NVI, incluindo o valor genético de "custos de alimentação economizados para mantença".

"Uma vez que este valor esteja incluído na ponderação, o progresso em valores genéticos como estatura, profundi-dade corporal e peso corporal diminuirão. O valor genético médio para estatura não é mais 105, mas 104, portanto, ainda estão sendo feitos progressos. Isso ocorre porque o valor genético para produção, que também faz parte da fórmula NVI, leva a termos vacas maiores”, diz de Jong.

ARTIGO SELEÇÃO PARA EFICIÊNCIA ALIMENTAR

Canvas X Olympic

Peso corporal em relação a produção de leite

Classificação do NVI com as mudanças

valo

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NVI atual NVI incl. SFCM

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Menores valores genéticospara CAEM(fonte: GES)

Maiores valores genéticospara CAEM(fonte: GES)

nome touro NVI tot. conf. SFCM

Bovo Bomba DoormanHet Meer Cortez DannoAfran Ger ManagerPeak Finn SupershotDelta Maicon JerudoLowlands Debark DannoDelta Saxobeat EpicRalma O-Man Cf Cricket O ManAll Ven Torrer O ManDelta Rosebud Filou

nome touro NVI tot. conf. SFCM

Mavid MascolDelta Solero EminemNew Farm Britt Prince BrittLowlands Redman FictionDelta Linfield AddisonTirsvad Gala BubeDe Vrendt Passie PasseSkalsumer Jorryn JockoVAH Wonderboy Lord LilyRiethil Swamo Delta Jordan Novalis

Figura 1 - Valores genéticos dos 100 melhores touros para NVI para diferentes características com a fórmula antiga do NVI e a nova fórmula após a inclusão do valor genético da CAEM.

Sua observação alude à crença tendenciosa de que a seleção genética para eficiência produz vacas menores e mais rasas.

"Esse resultado pode ser esperado se você selecionar apenas para economizar nos custos de alimentação para a mantença, mas é improvável que os produtores façam isso. Incluir isso no NVI cria um certo equilíbrio e acaba com qualquer questão sobre valores genéticos negativos para estatura ou peso corporal. As vacas continuam a ficar maiores e mais pesadas, mas em um ritmo mais lento. O progresso será mais proporcional à produção é a opinião de Jong. "Uma vaca pode ter uma estrutura maior e mais pesada, desde que ela produza mais em proporção."

"Esse resultado pode ser esperado se você selecionar apenas para economizar nos custos de alimentação para a mantença, mas é improvável que os produtores façam isso. Incluir isso no NVI cria um certo equilíbrio e acaba com qualquer questão sobre valores genéticos negativos para estatura ou peso corporal. As vacas continuam a ficar maiores e mais pesadas, mas em um ritmo mais lento. O progresso será mais proporcional à produção é a opinião de Jong. "Uma vaca pode ter uma estrutura maior e mais pesada, desde que ela produza mais em proporção."

Os valores genéticos atuais foram obtidos usando dados sobre ingestão alimentar coletados de uma população de 4.350 vacas. 'Este é apenas o primeiro passo. Nós natural-mente gostaríamos de ter mais dados, mas coletar essas informações é relativamente caro. Não esperamos que todas as fazendas comecem a medir dados, mas um grupo maior de vacas seria ideal para o futuro - e tenho certeza de que isso ocorrerá ", diz de Jong.

As duas tabelas ao lado contém uma visão geral dos touros com uma pontuação baixa ou alta para "custos de alimentação salvos para mantença" para os produtores interessados nessas informações. É altamente provável que o novo valor genético fez com que os touros subissem ou caíssem no NVI de abril/2018.

- Desde dezembro de 2017, foram calculados e publicados os valores genéticos de “alimentação economizada para mantença” (em kg de matéria seca) e “custos de alimentação economizados para mantença’ (em euros por lactação) para todos os touros;- Em abril de 2018, o valor genético de "custos de alimentação economiza-dos para mantença" (CAEM) foi adicionado à fórmula do NVI com uma ponderação de 5%;- Resultados do CAEM mostram que as vacas podem tornar-se maiores e mais pesadas desde de que produzam proporcionalmente mais leite.

Os produtores que baseiam seus objetivos de seleção no NVI, o qual tem ponderação para CAEM a partir de abril de 2018, verão uma evolução que, de acordo com de Jong, é comparável aos avanços feitos na fertilidade. A herdabili-dade dos valores genéticos para AEM e CAEM é de 0,25. "Isso se compara à herdabilidade da produção de leite."

"Trabalhando com o valor genético do Inet e os custos de alimentação economizados para mantença, ambos expres-sos em euros, você terá o desempenho financeiro líquido de um animal", afirma de Jong. "Independentemente de quaisquer custos com saúde e fertilidade." A adição do valor genético "alimentação economizada para mantença" serve efetivamente para fechar o círculo em relação à seleção genética para obter eficiência (consulte o infográ-fico desse texto).

A quantidade maior ou menor de alimento consumido por uma vaca é expressa como o valor genético de ingestão alimentar. Ela produz leite usando a quantidade total de alimento disponível, produção essa que é expressa nos valores genéticos para produção. A parte restante da alimentação é usada para manutenção, movimentação e maior / menor eficiência na conversão alimentar. A eficiên-cia deste fator será agora mostrada nos valores genéticos "alimentação economizada para mantença" e "custos de alimentação economizados para mantença".

Os esforços dos últimos anos para obter e usar os dados extras resultaram em valores genéticos de “alimento economizado para mantença” (AEM) em quilos de matéria seca por dia e “custos de alimentação economizados para mantença” (CAEM) em euros por lactação, e estes foram incluídos na última avaliação genética publicada em abril para todos os touros com NVI (índice de performance total da Holanda). Esses números mostram a ingestão alimentar extra de uma vaca que não é usada para a produção de leite, explica Gerben de Jong.Esse consumo extra é necessário para manutenção, movimento e conversão alimentar. Para esclarecer ele usa Canvas como um exemplo novamente. Corrigido para a produção, e de acordo com os cálculos do índice, filhas de Canvas têm um consumo de matéria seca que é 0,65 quilos menor que a média das vacas avaliadas (alimento economizado para mantença). Convertido para a duração da lactação que representa uma economia de 78 euros dividido por dois, o que equivale a 39 euros por vaca por ano (custos de alimentação economizados para manuten-ção).

Outro exemplo é o Delta Olympic. Assim como o Canvas, este touro tem valor genético acima da média para inges-tão alimentar: 1,2 kg de matéria seca. Corrigido pela produ-ção de leite de 800 quilos em valor genético, oferece um valor genético de alimento economizado para mantença de 0,6 kg de matéria seca por dia. "As filhas Olympic, portanto, comem 0,3 quilos de matéria seca a mais do que a média das vacas, e este consumo extra não é utilizado para a produção de leite, mas para manutenção da vida do animal. Em termos financeiros, uma filha de Olympic custa 18,50 euros a mais por lactação do que a média da popula-ção de vacas para consumo para manutenção.

Resumo