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O “FIM DAS DISTÂNCIAS” E OS RUMOS DA GEOGRAFIA Vitor Vieira V asconcelo s Doutorando em Geologia    Universidade Federal de Ouro Preto Consultor Legislativo de Meio Ambiente e Recursos Naturais    Assembleia Legislativa de Minas Gerais Setembro de 2009 RESUMO: As transformações tecnológicas e culturais pelas quais tem passado nossa sociedade, nos últimos 150 anos, modificaram totalmente a relação dos seres humanos com o espaço e com o tempo. À Geografia, interessa mais do que tudo acompanhar essas mudanças. Enquanto alguns autores defendem que as novas tecnologias romperam com as barreiras do espaço, outros contra-argumentam que a gestão do espaço ainda é uma questão desafiadora para o ser humano. Este artigo propõe-se a apresentar algumas das várias vozes empenhadas nesse debate. Ao fim, também discorre-se sobre os novos rumos da Geografia, dentro desta nova sociedade em que a tecnologia, o saber e o espaço estão cada vez mais imbricados, em escalas de aproximação que começam a ser desbravada s pelos geógrafos. Palavras-Chave: Geografia, Epistemologia, Distância, Tempo. 1. Distância Absoluta e Distância Relativa: A distância absoluta é o parâmetro mais estudado pela Geografia Tradicional, desde os seus primórdios. Por meio da comparação da distância entre coordenadas georreferenciadas, foi possível analisar a disposição dos objetos na superfície da Terra. Essa espacialização das distâncias absolutas serviu como base para os mais diversos estudos. As distâncias relativas, por sua vez, envolvem uma conjugação de outros fatores, além da distância absoluta (CHRISTOFOLETTI, 1985, p. 78). Por exemplo, envolve o tempo ou custo financeiro para realizar o deslocamento entre dois lugares. Trata-se de um conceito relativamente recente, que tomou força a partir da década de 1950, sistematizado por ABLER (1980). Isso permitiu análise mais sofisticadas sobre nossa relação com o espaço, possibilitando inclusive a elaboração de modelos teorético- quantitativos. As distâncias relativas variam ao longo da história, devido à evolução dos meios de transporte e de comunicação . Justamente essa característica levará vários escritores a  propor a tese de que as distâncias relativas, ao reduzirem-se progressivamente, reduziriam também a nossa percepção do tamanho do mundo como um todo.

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O “FIM DAS DISTÂNCIAS” E OS RUMOS DA GEOGRAFIA Vitor Vieira Vasconcelos Doutorando em Geologia – Universidade Federal de Ouro Preto Consultor Legislativo de Meio Ambiente e Recursos Naturais – Assembleia Legislativa de Minas Gerais Setembro de 2009 RESUMO: As transformações tecnológicas e culturais pelas quais tem passado nossa sociedade, nos últimos 150 anos, modificaram totalmente a relação dos seres humanos com o espaço e com o tempo. À Geografia, interessa mais do que tudo acompanhar essas m

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O “FIM DAS DISTÂNCIAS” E OS RUMOS DA GEOGRAFIA 

Vitor Vieira VasconcelosDoutorando em Geologia – Universidade Federal de Ouro Preto

Consultor Legislativo de Meio Ambiente e Recursos Naturais – Assembleia Legislativa

de Minas Gerais

Setembro de 2009

RESUMO: As transformações tecnológicas e culturais pelas quais tem passado nossasociedade, nos últimos 150 anos, modificaram totalmente a relação dos seres humanoscom o espaço e com o tempo. À Geografia, interessa mais do que tudo acompanharessas mudanças. Enquanto alguns autores defendem que as novas tecnologias romperamcom as barreiras do espaço, outros contra-argumentam que a gestão do espaço ainda éuma questão desafiadora para o ser humano. Este artigo propõe-se a apresentar algumasdas várias vozes empenhadas nesse debate. Ao fim, também discorre-se sobre os novos

rumos da Geografia, dentro desta nova sociedade em que a tecnologia, o saber e oespaço estão cada vez mais imbricados, em escalas de aproximação que começam a serdesbravadas pelos geógrafos.Palavras-Chave: Geografia, Epistemologia, Distância, Tempo.

1. Distância Absoluta e Distância Relativa:

A distância absoluta é o parâmetro mais estudado pela Geografia Tradicional,

desde os seus primórdios. Por meio da comparação da distância entre coordenadas

georreferenciadas, foi possível analisar a disposição dos objetos na superfície da Terra.

Essa espacialização das distâncias absolutas serviu como base para os mais diversos

estudos.

As distâncias relativas, por sua vez, envolvem uma conjugação de outros fatores,

além da distância absoluta (CHRISTOFOLETTI, 1985, p. 78). Por exemplo, envolve o

tempo ou custo financeiro para realizar o deslocamento entre dois lugares. Trata-se de

um conceito relativamente recente, que tomou força a partir da década de 1950,sistematizado por ABLER (1980). Isso permitiu análise mais sofisticadas sobre nossa

relação com o espaço, possibilitando inclusive a elaboração de modelos teorético-

quantitativos.

As distâncias relativas variam ao longo da história, devido à evolução dos meios

de transporte e de comunicação. Justamente essa característica levará vários escritores a

propor a tese de que as distâncias relativas, ao reduzirem-se progressivamente,

reduziriam também a nossa percepção do tamanho do mundo como um todo.

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A distância relativa também pode ter a ver com a intensidade da percepção do

espaço. Exemplos disso seriam as distâncias dentro de redes de relacionamento,

inclusive as virtuais. Também seria relativa a distância psicológica, a qual envolveria o

nosso sentimento e percepção do que seria  perto ou longe para os mais diversos

espaços, sejam estes reais ou simbólicos (CRHISTOFOLETTI, 1985, p. 78).

2. O Fim da Distância

2.1. Constatadores do Fim das Distâncias

Donald Janelle, ao estudar a relação entre tempo e espaço, mostra que o mundo

estaria encolhendo (JANELLE, 1973). Isso seria explicado pela fórmula deconvergência entre tempo e espaço. Para exemplificar sua teoria, mostrou que o tempo

necessário para o deslocamento entre as cidades diminuiu cada vez mais, no decorrer da

história. Conforme os meios de locomoção ficavam mais rápidos, pode-se dizer que o

mundo foi encolhendo. Esse encolhimento do mundo, terá marcantes conseqüências

econômicas, sociais e culturais.

Figura 1 – Convergência espaço-temporal, devido ao aumento da rapidez dos meios detransporte. (RODRIGUES, COMTOIS e SLACK, 2006).

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Figura 2 – Gráfico indicando o número de dias necessários para circunavegar o globoterrestre. Esse Gráfico ilustra bem o que podemos chamar de encolhimento do mundo. 

Fonte: RODRIGUES, COMTOIS e SLACK (2006).

Essa sensação de encolhimento do mundo é bem exemplificada com a evolução

dos transportes, no caso do movimento de objetos tangíveis. Contudo, também participa

deste encolhimento a sensação provocada pelo aumento da qualidade, velocidade e

acessibilidade dos meios de comunicação. Afinal, quando se pode comunicar-se com

indivíduos que estão em locais muito distantes, têm-se a percepção de que a distâncianão é mais uma barreira para as atividades humanas. Portanto, seria uma forma de

encolhimento do mundo ligada à esfera do intangível, ou seja, das idéias e relações

humanas.

Enquanto Janelle demonstra o encurtamento das distâncias em virtude dos meios

de transporte, Frances Cairncross faz um percurso semelhante, mas analisando os meios

de comunicação. Em seu livro “O Fim das Distâncias”, CAIRNCROSS (1997) mostra

como a evolução dos meios de comunicação (rádio, tv, satélites, celulares, internet, e

outros) contornou os problemas relacionados às distâncias que separam as pessoas.

Cairncross vai além, e analisa quais seriam os efeitos desse  fim das distâncias.

Sua principal conclusão é a do aumento da concorrência entre as empresas. Essa

concorrências seria algo bastante positivo para o mundo, pois aceleraria ainda mais a

corrida por melhorias tecnológicas, além de abaixar o preço dos produtos ao

consumidor. A sociedade, por sua vez, demanda produtos cada vez mais eficientes, e

desejam que meios de comunicação cada vez mais potentes sejam oferecidos de modo

conjunto e amigável em aparelhos pessoais.

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Contudo, a integração global pelos meios de comunicação deu-se de forma

muito acelerada, e a sociedade contemporânea ainda busca se ajustar a esse novo

contexto. Cairncross mostra como a emergência da internet, por exemplo, leva a

situações complexas sobre aplicação das legislações nacionais, bem como a conflitos

sobre propriedades de bens intelectuais.

Uma terceira voz em relação ao fim dos atritos relacionados às distâncias e

barreiras geográficas é Thomas Friedman. Em seu livro O Mundo é Plano, Thomas

Friedman pretende mostrar que as barreiras físicas, sociais e políticas do mundo sendo

derrubadas progressivamente. Ele empreende uma análise do ponto de vista econômico,

demonstrando como o mercado capitalista global tem dado oportunidades de

desenvolvimento em países que antes eram afastados dos benefícios da sociedade

contemporânea.

Para começar sua obra, Friedman divide o fenômeno da globalização em três

eras:

Tabela 1 – Eras da Globalização:

Eras  Período  Lideranças  Fatores chave 

Globalização 1.0  1450-1800 Nações Músculos e Máquinas

Globalização 2.0  1800-2000 Empresas

Multinacionais

Comunicação e

Transportes

Globalização 3.0  2000 até hoje Indivíduos - Redes Computadores e

Internet

Em seguida, o autor apresenta as dez forças principais que, a seu ver,

contribuíram para o que chama de aplainamento do mundo. Seriam elas:

1 –  Queda das barreiras políticas e individuais. A queda das barreiras políticas

se deu, principalmente, pela queda dos regimes socialistas e das ditaduras em grandes

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países subdesenvolvido. A queda das barreiras individuais se deu com o acesso dos

indivíduos aos computadores pessoais, o que potencializou o poder de ação de cada um.

2 –   Internet .

3 –  Padronização global dos esquemas de trabalho, certificação, comércio e de

comunicação digital.

4 – Produção comunitária de informação. Esse incremento foi possível por meio

do desenvolvimento de programas de código aberto, assim como também pela

Wikipédia, You-Tube e blogs. Toda pessoa agora pode produzir e distribuir suas

próprias informações.

5  –   Terceirização de serviços em outros países, que ofereçam custos mais

competitivos.

6  –   Off-shoring. Mais radical que a terceirização, o off-shoring consiste em

mover uma cadeia de produção completa para outro país que ofereça menores custos

mais atrativos.

7 –  Cadeias de fornecimento. A otimização das cadeias de fornecimento permite

um gerenciamento integrado que vai desde a venda do produto, passando pelo

transporte e chegando até a linha de produção. Isso permite um ganho de produtividade

surpreendente.

8  –   Internalização de serviços. Certos serviços que antes só conseguiam ser

exercidos por grandes grupos multinacionais passam a ser oferecidos para qualquer

pequeno empresário, na forma de terceirização. Por exemplo, qualquer pequeno

empresário pode contratar um serviço terceirizado que o permita exportar seus produtos.

9  –   Informação. Por meio de mecanismos de busca e de discussão na internet,

pode-se ter acesso a uma quantidade de informações nunca antes imaginada.

10 –   Esteróides. O desenvolvimento eletrônico tem proporcionado aparelhos em

que convergem diversos usos e serviços, tais como telefones celulares, gravadores,câmeras de fotografia e vídeo, computadores, internet sem fio, compartilhamento de

informações (P2P), vídeo-conferência, operações bancárias e pagamento por cartão.

Esses aparelhos potencializam o poder das outras nove forças de aplainamento do

mundo.

O autor fala que o mundo tem passado por uma tripla convergência. A primeira

convergência seria a da nova plataforma tecnológica. A segunda, um pouco mais lenta,

é a da gradual adaptação dos processos de trabalho a essa nova plataforma tecnológica.E a terceira foi a entrada de mais três bilhões de pessoas ao mercado capitalista global,

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em virtude da queda das barreiras do socialismo e das ditaduras do segundo e do

terceiro mundo.

Contudo, essa planificação do mundo não deixa de ser um tema polêmico.

Afinal, embora seja boa principalmente para os empresários e investidores, nem sempre

os seus efeitos imediatos são bons para os trabalhadores e cidadãos de certos locais. A

situação torna-se mais complexa, uma vez que, na sociedade moderna, muitos de nós

exercem múltiplos papéis, sendo, ao mesmo tempo, investidores, empregadores,

trabalhadores, cidadãos, contribuintes e consumidores. E nem sempre os benefícios de

um desses papéis bate com o dos outros.

Por isso, vão ser encontrados defensores e críticos do aplainamento do mundo.

Os defensores usam argumentos como o dos ganhos em eficiência da produção e do

crescimento econômico global, que tende a trazer benefícios a todo o mundo. Já os

críticos estão mais ligados à defesa local de direitos humanos e das identidades

culturais, pois ambos são constantemente são ameaçados pela avassaladora lógica do

capitalismo global. O autor defende que se busque um bom senso entre o aplainamento

do mundo, que é inevitável e benéfico, com a manutenção de algumas barreiras políticas

que garantam um mínimo de direitos humanos e referências culturais.

2.2. Reações às teses do Fim das Distâncias:

A propagação de teses de “fim das distâncias” causou uma séria reação da

comunidade acadêmica de Geografia, em prol de defender o valor de sua disciplina na

sociedade contemporânea. Afinal, a Geografia sempre estudou as distâncias para medir

relações e atritos.

Uma dessas reações é a de HAUSMANN (2001), mostrando o valor que a

localização dos países possui para o seu desenvolvimento, nos dias de hoje. O autormostra que a localização de um país afeta os custos de transporte de mercadorias e,

portanto, também afeta a sua capacidade de inserir-se no mercado capitalista

globalizado 1. Como eixo de argumentação, o autor coloca três atributos espaciais que

podem dificultar o desenvolvimento econômico:

1 CATAIA, 2008. “A aceleração dos fluxos materiais, em sua forma mais veloz  – a aeronáutica  – , nãotransformou o mapa mundi  político num espaço liso, numa “bola de bilhar”, isento da política, assim

como o império da circulação da informação em “tempo real” também não dá indí cios seguros de que váproduzir um mundo sem fronteiras. A circulação tem a propriedade de animar as relações, mas nadaindica que as relações possam ou necessitem ser efetuadas sem os compartimentos territoriais.” 

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1) Países tropicais. Esses países sofrem mais problemas com doenças tropicais,

além de possuírem tecnologias de produção agrícola arcaicas. Além disso, a perspectiva

de desenvolvimento de longo prazo desses países é pior, pois a maioria das pesquisas de

saúde e de tecnologia agrícola está voltada para os contextos enfrentados pelos países

desenvolvidos de clima temperado.

2) Países longe das costas marítimas. O transporte mais barato para mercadorias

de maior volume continua sendo por barcos cargueiros oceânicos. Países mais afastados

da costa têm de arcar com despesas extras de transporte, tornando-se menos

competitivos.

3) Países contornados por outros países, sem acesso ao mar. Além da distância

ao mar, esses países “cercados” têm que pagar taxas extras de alfândega para que suas

mercadorias atravessem as barreiras político-administrativas. Apesar da globalização

em marcha, as barreiras políticas são ainda uma grande fonte de atrito para o

desenvolvimento.

Hausmann expressa que muitos geógrafos criticam teses como a sua, pois tem

dificuldade de aceitar que o mundo geográfico poderia ser injusto para algumas

sociedades. Todavia, subestimar as rugosidades geográficas e sua influência no

desenvolvimento das nações seria uma posição bastante ingênua.

Outro exemplo de valorização dos atributos geográficos é a análise

econômica que cunhou o termo BRIC (Brasil, Rússia, China, ÍNDIA). Essa análise

parte pela procura pelos países que apresentam a maior quantidade de recursos

estratégicos, a saber: área territorial, população e produto interno bruto. A análise chega

à conclusão que os países que possuem maior representação desses três atributos seriam

os que teriam as maiores oportunidades de desenvolvimento no mercado mundial

(PAULINO, 2008), como se pode ver no gráfico da figura 3. Portanto, trata-se de um

reconhecimento da importância de atributos geográficos dentro do sistema sócio-econômico contemporâneo.

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Figura 3 – Estimativas de crescimento da Economia Mundial. Fonte: PAULINO, 2008.

Dados do FMI, apud Folha de São Paulo, 10/04/2008.

Seguindo o mesmo caminho de Hausmann, KAY (2001) acrescenta que, embora a

globalização tenha diminuído o atrito que a distância e os fenômenos naturais

apresentavam ao desenvolvimento, ainda existe uma influência marcante da distribuição

do capital social nos diferentes países. A tese defendida por Kay é de que, ao longo da

história, alguns países conseguiram investir mais na educação, cultura e qualificação

profissional de sua população, tornando-os mais produtivos e competitivos para o

mundo capitalista globalizado. Sua idéia é de que os investidores internacionais

continuarão preferindo alocar seu capital em países em que a população apresenta

melhor produtividade.

3. Os Rumos da Geografia:

Este artigo coloca como proposição que os efeitos das mudanças nas distâncias

relativas, antes de por fim à Geografia, têm afetado os rumos para o desenvolvimento

desta disciplina. Três exemplos marcantes de novas áreas que despontaram, neste novo

contexto, são:

1 - Gerenciamento de transportes de recursos naturais, matérias primas e pessoas

. Nesse caso, trata-se de uma gestão das distâncias e espaços relativos, essencial para a

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manutenção da sociedade cada vez mais complexa e interligada (Brandão & Abreu,

2003; Lima, Barroso & Muzzarelli, 2003).

2 – Gestão dos impactos ambientais pelo crescimento das atividades humanas

(Mendonça, 2002, p. 121-143; Canali, 2002, p. 165, p. 165-186).

3 – Concentração de estudos em áreas de novas escalas, tanto pela Geografia

Cultural (percepção dos espaços) quanto pela Geografia Espacialista (gestão do

deslocamento cotidiano, como mostrado nos modelos têmporo-espaciais de

Hägerstrand).

A segunda parte deste artigo discorrerá sobre o terceiro tópico da enumeração

acima, com o intuito de aprofundar sobre as possibilidades dessas vertentes.

3.1. Modelo Têmporo-Espacial de Törsten Hägerstrand 

A intenção do modelo é analisar como os indivíduos utilizam seu tempo e

espaço, nas rotinas cotidianas. A idéia central vem do seguinte questionamento: Como

ocorre o deslocamento de uma pessoa, em um dia comum?

Uma grande inovação de Hägerstrand foi trazer a análise espacial para a escala

do indivíduo, o que antes havia sido bastante incomum na Geografia.

Tabela 2 – Exemplo de entrada de dados para o modelo Têmporo-Espacial

Tempo Tempo na

 Base

 Deslocamento Estações Atividade

 Hora Min BA X Y 

6 30 30 min 5 min Casa 1 9 Café da manhã7 05 1h 10min 5 min Academia 1 8 Ginástica8 15 4h 45

min1 h Casa 1 9 Estudo e almoço

14 00 3h 30min 30 min PUC –  CoraçãoEucarístico

2 4 Aula (mestradoem Geografia)

18 00 4h 30min 45 min UFMG 4 3 Estudo e Aula(Geografia)

23 15 30min Casa 1 9 Jantar

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Figura 4 - Representação do Modelo Têmporo-Espacial. (CARLSTEIN, 1978)

Posteriormente, Hägerstrand também analisou grupos de indivíduos, através de

seu modelo (Pred, 1973). Uma análise detalhada dos estudos consegue sintetizar

comportamentos sociais, territórios, além de mostrar interações e até restrições de

movimento. Alguns exemplos desses estudos ampliados encontram-se nas figura 5, 6 e7.

.

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 Figura 5 – Modelo Têmporo-Espacial, analisando sobre a possibilidade de duas pessoas

encontrarem-se no horário de almoço. (MARK, 1997).

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 Figura 6 – Diagrama analisando as possibilidades de diversas atividades em um local.

(KIM e KWAN, 2003).

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Figura 7 – Matriz analisando a distância de casa para cada período do dia, em um

conjunto de indivíduos (KWAN, 2000).

Estudos realizados segundo a metodologia do modelo têmporo-espacial

conseguem demonstrar, por exemplo, a enorme quantidade de tempo que certos

indivíduos gastam no trânsito, ao deslocarem-se entre a moradia e o local de trabalho.

Os modelos têmporo-espaciais também permitem, a cada indivíduo, analisar melhor em

que ele está ocupando sua vida. Isso permite criar estratégias de melhor produtividade

têmporo-espacial. Ademais, também serve para que a pessoa reflita se não está gastando

horas demais do seu dia com uma tarefa que considera pouco importante, ou mesmo se

está relegando alguma atividade. Por exemplo, uma pessoa pode estar trabalhando quase

todo o dia, sem tirar tempo algum para uma atividade cultural – e isso pode ser o motivo

de seu cansaço ou estresse.

O transporte torna-se um fenômeno cada vez mais importante para o

planejamento da vida urbana. Congestionamentos de tráfego, meios alternativos de

transporte, acessos para pessoas com dificuldades de locomoção (deficientes, idosos,

crianças, etc.) são questões que vêm à tona a todo momento, e que demandam soluções.

Com desenvolvimento científico e tecnológico da análise espacial, torna-sepossível fornecer serviços úteis para uma melhor organização das rotinas pessoais e

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empresariais que leve em conta o espaço. Até hoje, a organização de empresas e de

rotinas pessoais sempre privilegiou muito a organização do tempo. Agora, torna-se

possível organizar-se no espaço, abrindo campo para novos aumentos de produtividade.

Um exemplo disso é a expansão de serviços como os GPS e roteirizadores

utilizados em carros, auxiliando a deslocamento nas cidades e estradas. Também há

varias páginas de internet que oferecem serviços baseados em geovisualização. Elas

fornecem roteiros de ônibus, localização de lojas e serviços a partir da lista telefônica,

previsões climáticas, e vários outros serviços.

Contudo, as novas possibilidades de utilização das geotecnologias

freqüentemente trazem implicações éticas. Afinal, hoje é possível monitorar a

locomoção de pessoas, bem como ter acesso a informações sobre seu ambiente, em um

grau de profundidade e detalhamento nunca antes visto. Essas considerações éticas não

devem lançar-se apenas no ponta de uso das geotecnologias; na verdade, é importante

que essas considerações iniciem-se na produção de seu conhecimento, ou seja,

principalmente na Academia.

3.2. Geografia Cultural

A Geografia Cultural prima por estudar a relação entre o homem e o ambiente a

sua volta. Abarcam-se os valores, emoções, percepções sensitivas, imagens mentais,

lembranças, heranças culturais, comportamentos, processos pedagógicos, costumes,

criatividade e tudo o mais que possa influir nesse estudo (Corrêa, 1995; Claval, 2002).

Além disso, essa investigação não se restringe ao estudo de cada indivíduo sozinho, e

por isso alça-se à intersubjetividade, na qual as pessoas se relacionam umas com as

outras e também com o espaço a sua volta, construindo uma cultura comum (Gomes,1996).

A Geografia Cultural privilegia a vivência do pesquisador com a comunidade e o

ambiente estudados (Corrêa, 1995). A partir dessa vivência, o pesquisador lança mão,

para sua análise, de uma base epistemológica provinda da em grande parte da

Fenomenologia, mas também da Psicologia, Sociologia Cultural, Pedagogia,

Existencialismo, Hermenêutica e outras correntes de pensamento (Gomes, 1996).

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2.2.1. Percepção Subjetiva do Tempo e do Espaço 2 

Nós sentimos o tempo a partir de nosso relógio biológico. Nascemos, vivemos e

morremos. O tempo possui uma variação em intensidade e diversidade. Por exemplo,

sentimos e nos preocupamos com o tempo mais intensamente no tempo presente. Isso é

um problema para os planejadores ambientais, porque é difícil convencer as pessoas a

preocuparem-se com o futuro de longo prazo.

Contudo, em uma análise mais distanciada, o que menos impacta em nossa vida

(como experiência, conhecimento, etc.) é o tempo presente. O passado nos dá uma

bagagem de vida, que nos torna o que somos. Nossos planos futuros, por sua vez,

também impactam bastante em nossas decisões e expectativas. A figura XX procura

demonstrar como as relações temporais de intensidade de percepção e de impactância

causal são antagônicamente referentes à relação entre o indivíduo e o espaço.

Figura 8 – Relação entre o indivíduo e sua temporalidade, no que se refere à intensidadede percepção e impactância causal.

2 Esse tópico baseou-se principalmente nas exposições e discussões ministradas pelo prof. João Franscicode Abreu, em seu curso Análise Espacial, para a pós-graduação em Tratamento da Informação Espacial,

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  A distância, como sentimento do “longe” e do “perto”, também possui relação

com a intensidade de nossas experiências. Quando nos afastamos muito de nossa

localidade rotineira (de nossa “casa”), passamos a prestar mais atenção no que há em

nosso redor. Fazemos isso porque achamos que é algo novo, e que talvez não tenhamos

outra oportunidade para experienciar esse local. A figura XX procura demonstrar essa

relação entre intensidade de experiência, a distância e a freqüência de visitação de um

dado local.

Figura 9 - Relação entre a intensidade de experiência espacial, a distância e a freqüênciade visitação.

Obviamente, os padrões de comportamento destacados neste tópico são apenas

tendências gerais. Há pessoas que se preocupam mais com o passado, com o presente ou

com o futuro. Outras são exímias observadoras dos espaços cotidianos. Contudo, esses

padrões gerais são importantes para tratar com grupos sociais mais amplos.

2.2.2. Mapas Mentais

na PUC-Minas, em 2008.

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Outro tema bastante instigante é o dos mapas mentais. Afinal, é de importância

crucial para a Geografia o modo como as pessoas imaginam o ambiente a sua volta e,

com isso, tomam essa imagem como referência para suas decisões e sentimentos

(Claval, 2002). Esses mapas podem corresponder mais fielmente ou não ao espaço

empírico real, embora algumas vezes esse nem seja um ideal a ser alcançado. A título

ilustrativo, tomem-se as inúmeras geografias imaginárias construídas por poetas,

músicos e escritores.

Trabalhamos com nossos mapas mentais a todo o tempo, mesmo sem nos

apercebermos disso 3. Por exemplo, ao lermos notícias em um jornal, imaginamos a

região ou local onde se passou o fato relatado. Todavia, não existe nenhum mapa mental

cabalmente perfeito. Nosso mapa mental mais fiel seria o de nossa casa, ou mesmo de

nosso quarto; e quanto mais distante o lugar é de nossa experiência cotidiana, mais

impreciso será nosso mapa mental. Essa imprecisão progressiva chega até um limite, a

que se denomina de “Terra Incógnita” ou “Ângulos Mortos”.

Nossos mapas mentais são formados principalmente por meio de nosso contato com

mapas, mas também por meio de nossas viagens e, em parte ainda, por nossa

imaginação. As viagens, como contato com a realidade, lembram-nos da riqueza desta,

em comparação com os mapas, além de nos lembrar da dinâmica e mutabilidade do

mundo. Este último aspecto torna-se mais evidente quando realizamos a mesma viagem

mais de uma vez, depois de transcorrido certo período, e observamos quanto coisa

mudou. Também é importante ressaltar que mesmo que olhemos um mapa real, já logo

nos instantes seguintes em que desviamos nosso olhar, estamos modificando a

lembrança do mapa com nossa imaginação.

3 CHRISTOFOLETTI, 1985 - “A imagem que se possui dos lugares é diferente conforme os meios deinformação que as pessoas dispõem. Desta maneira, cada indivíduo possui um mapa mental distinto, emvirtude das imagens que caracterizam e valorizam os diferentes lugares, pois ‘construímos um mapamental e necessitamos desenvolver as estruturas espaciais do nosso pensamento para adquirir esquemasde ação para a atividade espacial. É este o mapa mental que nos coloca em posição de estabelecer,selecionar, analisar, classificar, modelar, enfim, de operar sobre as situações geográficas estudando asrelações espaciais de maior significância aos nossos propósitos’ (Oliveira, 1972, p.17). Muitas vezes, oindivíduo possui informações melhores de lugares distantes que dos próximos, ou mantém maior contatoe intercâmbio. Embora a distância absoluta seja maior, a acessibilidade e a significância de um lugar

distante tornam esse lugar mais próximo da vivencia individual. Essas imagens mentais são responsáveis pela tomada de decisões, assim como pela elaboração de numerosos planejamentos.” 

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 4. Reflexões Finais  – As Novas Escalas

Uma oportunidade de desenvolvimento que desponte para a Geografia, nas

próximas décadas, é o avanço sobre novas escalas de observação, desde o infinitamente

grande (como a astronomia) até o infinitamente pequeno (como os átomos, genes e toda

a nanotecnologia), passando, sem dúvida, pelo espaço pessoal dos indivíduos em suas

rotinas diárias. Essa possibilidade se dá pelos desenvolvimentos exclusivos da ciência

geográfica no campo da reflexão e análise espacial. As novas abordagens e técnicas de

reflexão e análise espacial podem trazer contribuições para diversas ciências que

deparam com o estudo de fenômenos distribuídos espacialmente, independentemente da

escala de análise. Dessa maneira, criam-se novas “geografias”, de fenômenos nunca

antes analisados dessa maneira.

O desenvolvimento de técnicas sofisticadas relacionadas à análise espacial

trouxe à Geografia a possibilidade de contribuir mais para as outras ciências. A

Geografia Cultural, por sua vez, abre um campo de sensibilidade e subjetividade

enriquecedor para as demais ciências humanas. Apesar de a Geografia ser

tradicionalmente conhecida como uma ciência de síntese, que apenas utiliza de diversos

conhecimentos emprestados de outras ciências, a evolução da escola espacialista e daescola cultural trouxeram, surpreendentemente, o foco para a Geografia como uma

potencial ciência de inovação do conhecimento humano. Praticamente todo fenômeno

que demonstre um comportamento no espaço, ou alguma valoração deste, pode se

beneficiar das contribuições da Geografia. Sem dúvida, trata-se de uma nova

valorização para esta ciência.

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