Artigo Rogers e Glória

Embed Size (px)

Citation preview

  • 8/18/2019 Artigo Rogers e Glória

    1/11

    Uma Análise de como Carl Rogers acionou a Conversa Centrada na Pessoacom GloriaScott A. Wickman e Cynthia Campbellradu!"o# Adriano $ier %agundes

    Resumo&ste estudo analisou a sess"o de Carl Rogers com Gloria em 'r(s Abordagens paraPsicoterapia) *&.+. Shostrom, -/0a1 para determinar como o estilo conversacional deRogers 2uncionou para acionar suas condi!3es essenciais de empatia, congru(ncia econsidera!"o positiva incondicional. 4 estilo conversacional de Rogers 2oi consideradocongruente com a teoria 5ue ele sustentava assim como catalisador para o counseling centrado no cliente. 4s autores sugerem 5ue a despeito da popularidade do 2ilme, ocomponente 'centrado6no6cliente) da intera!"o terap(utica entre Carl Rogers e Gloria temsido anteriormente pouco reconhecido.

    A sess"o de Carl Rogers com Gloria no 2ilme6treinamento 'r(s Abordagens paraPsicoterapia) *Shostrom, -/0a1 está entre as mais citadas na hist7ria do counseling   econtinua a ser usada como um modelo de instru!"o para as pro2iss3es de a8uda *Glauser e$o9arth, :;;-1. o do sentimento)*p.=I01. Adiante, Rogers e Wood *-I1 criticaram a maneira como o counseling  centrado

    -

  • 8/18/2019 Artigo Rogers e Glória

    2/11

    na pessoa estava sendo ensinado atravHs de meios reducionistas tais 5uais micro6habilidades. Luando um estudante perguntou por5u( Rogers nem sempre aderira ?s regrasdo counseling  'Rogeriano), ele respondeu# '&stou na a2ortunada posi!"o de n"o ter de ser Rogeriano) *%arber, $rink E Raskin, -/, p.--1. Claramente houve uma discrepnciaentre como Rogers conceituali9ou o 5ue ele 2e9 e como sua teoria estava sendo ensinada.

    Por esta ra9"o, um maior entendimento do estilo terap(utico aprovado por Rogers Hnecessário aumentar a e2ici(ncia do ensino de educadores de counselors na sala de aula.

    Revisão da Literatura

    em havido inMmeras publica!3es *$ohart, --N Dolliver et al., -F;N &llis, -F/N&ssig E Russell, -;N @ill, ames E Rardin, -IN Oiesler E Goldston, -FFN eara,Shanna E Pepinsky, -IN ercier E ohnson, -FN Rogers E Wood, -IN Rosen9Qeig,-/N Shostrom E Riley, -/FN Stoten E Goos, -IN Weinrach, -F/, -;, --N immer E CoQles, -I:1 e>aminando uma ou mais das sess3es de counseling  descritas em 'r(sAbordagens para Psicoterapia) *Shostrom, -/0a1. &stes autores geralmente concordam5ue Rogers praticou a teoria do counseling  pela 5ual ele H 2amoso *para uma discordnciadessa no!"o, ver Weinrach, -;, --1 e a maioria dos autores utili9ou transcri!3es2ornecidas por Shostrom *-/0b1 ou Rogers e Wood *-I1 como dados brutos. Contudo,uma leitura casual de 5ual5uer transcri!"o concomitante com a observa!"o do 2ilme revela5ue o verdadeiro diálogo 2alado tem sido de alguma 2orma adaptado 5uando transcrito,colocando a linguagem mais alinhada com o ngl(s escrito e de reda!"o 2ácil. Ainda 5uetenha sido a mais abertamente estudada e escrutinada sess"o na hist7ria do counseling ,todos os estudos 5ue t(m sido reali9ados atH a5ui tem sido baseados em transcri!3esimper2eitas e a maioria n"o o2ereceu utilidade prática para o campo do counseling   *ver &ssig E Russell, -;, e Rogers e Woods, -I, para e>ce!3es1.

    Para corrigir as 2alhas de transcri!"o de análises prHvias, o primeiro autor *Wickman, -1 melhorou as transcri!3es e>istentes ao re2letir a sess"o de maneira maisacurada, incluindo as palavras e>atas 5ue 2oram usadas, pausas longas, e mudan!as novolume ou tom. Uma análise das novas transcri!3es da conversa achou os seguintesdispositivos para 2igurar entre os elementos chave do estilo conversacional de Rogers. Linguagem de não-especialista  re2eriu6se a Rogers intencionalmente usar linguagem de'n"o saber) 5ue demonstrou sua inabilidade para decidir por Gloria o 5ue era melhor paraela. Meta-declarações  re2eriram6se ?s 2alas no a5ui6e6agora e>plTcitas B tanto de Rogers5uanto de Gloria B a respeito de sua intera!"o em andamento.  Estimações negativasafiliativas 2oram os reconhecimentos de Rogers 5uanto ? di2iculdade da situa!"o de Gloria.Citações de primeira pessoa  e>ternali9aram o diálogo interno hipotHtico de Gloria,declarando em alto e bom som a compreens"o de Rogers sobre o 5ue Gloria estava di9endo para si pr7pria. Convites para correção  envolveram pedidos e>plTcitos e implTcitos deRogers para Gloria corrigi6lo se ele estivesse entendendo mal o 5ue ela estava di9endo ousugerindo.  Recusa de respostas diretas a pedidos de conselho  re2eriram6se ao 2ato deRogers n"o 2ornecer uma solu!"o imediata ou resposta 5uando Gloria perguntavaespeci2icamente o 5ue ela deveria 2a9er.  Reformulação de problema  re2eriu6se aoassinalamento de Rogers a respeito do 5ue Gloria disse 5ue estava tanto sob o controle dela5uanto mane8ável numa sess"o de counseling .

    Proposta

    :

  • 8/18/2019 Artigo Rogers e Glória

    3/11

    A proposta deste estudo 2oi determinar como os dispositivos conversacionais previamente mencionados de Rogers proporcionaram as condi!3es essenciais docounseling  centrado na pessoa. &m outras palavras, como os dispositivos conversacionaisde Rogers 2uncionam para acionar empatia, congru(ncia e considera!"o positivaincondicional Ao responder esta 5uest"o, nossa meta 2oi 2ornecer aos estudantes,

    counselors e educadores uma lente mais in2ormada para a observa!"o deste popular 2ilme6treinamento atravHs dos e>emplos ilustrativos em a!"o da teoria sustentada por Rogers.

    Método

     emplos transcritos *Wickman, -1 da intera!"o terap(utica deRogers com Gloria no 2ilme 'r(s Abordagens para Psicoterapia) 2oram analisados einterpretados para e>plorar a e>tens"o pela 5ual cada dispositivo apoiou uma ou maiscondi!3es do counseling  centrado na pessoa. sto H, 5uerTamos descobrir o 5ue Rogersestava 2a9endo de maneira conversacional 5uando ele estava sendo 'Rogeriano). ssoenvolve tr(s passos. Primeiro, agrupamos e>emplos identi2icados previamente dosdispositivos conversacionais de Rogers. Segundo, procuramos por uma 2un!"o comumdentro de cada dispositivo conversacional ao comparar e>emplos de dispositivos simplesentre si *por e>emplo, todos e>emplos transcritos de cita!3es de primeira6pessoa 2oramrevistos1. Padr3es e temas do 5ue Rogers pareceu e>ecutar de modo conversacional 2oramnotados. erceiro, as 2un!3es de cada dispositivo 2oram interpretadas dentro da teoria docounseling  centrado na pessoa de Rogers para garantir 5uais, se alguma, condi!3es estavamsendo 2acilitadas. Deste modo, a rela!"o entre teoria e prática 2oi e>aminada.

    Resultados

    Cada dispositivo conversacional 2oi interpretado e discutido como aplicável ?estrutura!"o te7rica de Rogers para o counseling  centrado na pessoa. A 2igura - ilustra essasrela!3es.

    %igura -# ringulo terap(utico de Rogers# um modelo para conversa centrada no cliente

    =

  • 8/18/2019 Artigo Rogers e Glória

    4/11

     Linguagem de não-especialista: comunicando congruência e consideração positiva

    incondicional 

    A linguagem de n"o6especialista de Rogers atravHs da sess"o 2oi consonante ao 5ueteorias construtivistas populari9aram dHcadas depois *por e>emplo, Anderson E

    Goolishian, -FF, Cecchin, -FIN Daniels E White, -1. Por e>emplo, como parte de sua2ala para dar inTcio ? terapia, Rogers tomou uma posi!"o de 'n"o saber), ao usar 2rasescomo 'eu n"o sei), 'eu espero), 'eu n"o tenho certe9a), 'alguma coisa) e '5ual5uer coisa),todas elas com a inten!"o de condu9ir ? incerte9a e curiosidade. A linguagem n"o6especialista de Rogers tornou evidente e pr7prio *congruente1 sua inabilidade em ser umespecialista em Gloria, uma mulher 5ue ele conhecia há menos de =; minutos. Aoreconhecer sua inabilidade em conhecer a 'verdade) de Gloria, Rogers tambHm o2ereceuconsidera!"o positiva incondicional ao respeitar a habilidade de Gloria em ser umaespecialista em si pr7pria.

     Exemplos de linguagem de não-especialista* ota.  A5ui e em todos os e>emplos citados da transcri!"o da sess"o de counseling ,adicionamos itálico para assinalar os e>emplos de dispositivos conversacionais utili9ados por Rogers1

    &>emplo -Rogers# emplo :Rogers# Com certe"a eu gostaria de poder te dar uma resposta.

    &>emplo =Rogers# & eu acho... esse H o tipo de coisa muito particular 5ue eu não poderia possivelmenteresponder por voc#.

     Meta-declarações: comunicando congruência

    eta6declara!3es envolvem a conversa no momento 5ue ela está ocorrendo *i.e. 'conversar sobre a conversa 5ue estamos tendo agora mesmo)1. AlHm disso, meta6declara!3es colocamos comentários de 5uem está 2alando numa moldura 'um6passo6a6menos). Uma das2un!3es das meta6declara!3es na conversa!"o cotidiana H permitir a 5uem 2ala aapresenta!"o de idHias levemente arriscadas ou colocar molduras amaciadas envolvendoidHias 5ue possam B em outro conte>to B ser postas em conversa de maneiraconstrangedora. Rogers e Gloria 2re5Ventemente iniciaram seus entornos conversacionaiscom meta6declara!3es como 'Acho 5ue eu gostaria de di9er) e '4 5ue eu 5uero perguntar agora H). As meta6declara!3es 2re5Ventes de Rogers pareceram promover congru(ncia, por5ue permitiram 5ue ele 2i9esse comentários aut(nticos sobre seu papel como um'counselor   n"o6especialista) na5uela sess"o. As meta6declara!3es de Rogers tambHmserviram como modelo de congru(ncia para Gloria atravHs do domTnio de 'si mesmo)5ue Hherdado em mensagem 5ue iniciam com 'eu).

  • 8/18/2019 Artigo Rogers e Glória

    5/11

     Exemplos de meta-declarações

    &>emplo -Rogers# Eu com certe"a gostaria de te dar a resposta 5uanto a o !ue voc# deveria di"er para ela.Gloria# 4h $ eu tinha receio !ue voc# iria di"er isto.Rogers# m6hmm. Por5ue o !ue voc# realmente !uer % uma resposta.

    Gloria#  Eu !uero especialmente saber  se a2etaria ela o 2ato de eu ser completamente honesta eaberta com ela ou se a2etaria ela por5ue eu menti. Sinto 5ue estou 2or!ada a causar uma tens"o por5ue menti para ela.

    &>emplo :Gloria# & eu6eu6eu sinto !ue voc# apenas sentar& l& e me deixar& co"inhar isso e eu 'heh($ eu 'heh$heh( !uero mais.*Pausa de um segundo1Gloria# Eu !uero !ue voc# me a)ude a me livrar do meu sentimento de culpa. Se eu conseguir melivrar do meu sentimento de culpa 5uanto a mentir, ou ir para a cama com um homem solteiro, ou5ual5uer dessas coisas, para 5ue eu possa me sentir mais con2ortável.Rogers# m6hm. & eu acho !ue eu gostaria de di"er   'ar voc( apenas

    co9inharX em seus pr7prios sentimentos), mas por outro lado, eu6eu tambHm sinto 5ue esse H o tipode coisa muito particular 5ue eu não poderia possivelmente responder  por voc(. as eu tentarei * certo como !ual!uer coisa * a)udar voc# a trabalhar buscando sua pr+pria resposta.

    &>emplo =Rogers# Uma coisa 5ue eu poderia perguntar   H ', !ue % !ue voc# dese)a !ue eu dissesse paravoc#)Gloria# Eu gostaria !ue voc# me dissesse... eu !uero !ue voc# me diga !ue eu v& em frente e se)ahonesta.

     Estimação negativa afiliativa da dificuldade do processo: comunicando empatia

    &m contraste ? conversa!"o cotidiana, a intera!"o de Rogers com Gloria conteveapenas um tipo recorrente de declara!"o avaliativa. &le, consistentemente, 2e9 estima!3esnegativas a2iliativas da di2iculdade do processo pelo 5ual Gloria estava passando. De 2ato, palavras como 'muito) e 'e tanto)-, declara!3es como 'a vida H arriscada), e chamar auto6aceita!"o de 'uma tare2a di2Tcil)acionaram empatia para com as di2iculdades de Gloria. &moutras palavras, estima!3es negativas do processo demonstraram atravHs da conversa ahabilidade de Rogers em compreender a situa!"o de Gloria.

     Exemplos de declarações de estimações negativas afiliativas

    &>emplo -

    Rogers#  vida % arriscada. /omar responsabilidade por ser a pessoa com !uem voc# gostaria !ueestivesse com ela % uma responsabilidade e tanto.

    &>emplo :

    - As e>press3es a5ui tradu9idas como 'muito) e 'e tanto) na vers"o inglesa correspondem ?s palavras 'damn)e 'hell), respectivamente, 5ue, literalmente, signi2icam 'malditoYa) e 'in2erno). 4 uso de tais palavras dá umtom negativo, 5ue era 8ustamente o 5ue Rogers tentava transmitir, de acordo com os autores. Contudo, para2ins de tradu!"o, n"o 2oi possTvel manter o mesmo sentido genuTno das palavras.

    0

  • 8/18/2019 Artigo Rogers e Glória

    6/11

    Rogers# 0 realmente muito dif1cil fa"er uma escolha por si pr+prio.

    &>emplo =Rogers# Parece 5ue H uma tarefa dif1cil , n"o HGloria# SimZ

    Citações de primeira pessoa externalizando o diálogo interno de loria: comunicandoempatia

    4utra marca do estilo conversacional de Rogers pareceu ser 2a9er cita!3es de primeira pessoa 5ue e>ternali9aram o diálogo interno hipotHtico de Gloria. sto H, Rogers2alou da perspectiva do 'eu) a respeito dos pensamentos n"o ditos de Gloria, 2raseando sualinguagem como se 2osse a dela. Gloria espelhou6se em Rogers desta 2orma, tambHm2a9endo cita!3es de primeira pessoa da perspectiva do seu pr7prio diálogo interno. Por e>emplo, Rogers utili9ou uma cita!"o de primeira pessoa da perspectiva de Gloria duranteum momento particularmente 2rustrante para Gloria, declarando '&u sinto 5ue esse H ocon2lito, e H apenas, insol2vel  e, portanto está perdido.) Ao verbali9ar o 5ue Gloria poderia

    estar pensando usando a linguagem dela como se ele 2osse ela B e portanto mais uma ve9modelando mensagens 'eu) B as cita!3es de Rogers acionaram empatia avan!ada aodeclarar e>plicitamente uma vis"o da situa!"o atravHs dos olhos de Gloria.

     Exemplos de citação de di&logo interno

    &>emplo -Rogers# Mas algo em voc# di" 3Mas eu não gosto desse )eito$ a menos !ue este)a certo mesmo.4Gloria# Certo.

    &>emplo :Rogers# [oc( meio 5ue sente ' Eu !uero !ue eles tenham apenas uma id%ia tão boa de mim !uantoeles t#m do pai deles.4Gloria# 4brigada. Certo.Rogers# ' E se a dele % um pouco falsa$ então talve" a minha ter& de ser tamb%m.4

    A e>atid"o e e2ici(ncia das cita!3es de diálogo interno empáticas podem ter sidoevidenciadas por como o processo tornou6se uma atividade colaborativa na dire!"o do 2inalda sess"o. &speci2icamente, Rogers iniciou duas cita!3es da perspectiva de Gloria, as 5uaisela ent"o completou.

     Exemplos de citação colaborativa

    &>emplo -Rogers# 5oc# realmente consegue escutar a si mesma 6s ve"es e perceber 3Este não % o sentimentocerto. Este não %-Gloria# m6hm.Rogers# Esta não % a maneira como eu me sentiria$ se eu estivesse fa"endo o !ue eu realmente!ueria fa"er .)Gloria# as ainda assim muitas ve9es eu prossigo e 2a!o isso do mesmo 8eito.Rogers# m6hm.Gloria# E digo 3,h$ bem$ estou na situação agora$ eu apenas me lembrarei da pr+xima ve".)

    /

  • 8/18/2019 Artigo Rogers e Glória

    7/11

    &>emplo :Rogers# &nt"o voc# bate nele e di" 37sso % o !ue eu sou agora$ t& vendo)Gloria# Sim. 35oc# me criou. 8ostou assim)

    Convites para correção: comunicando empatia e congruência

    4utro modo pelo 5ual a conversa centrada no cliente de Rogers desviou de alguma2orma da conversa convencional estava na área da 'corre!"o). &m termos de análise deconversa, este 2enKmeno re2ere6se ? corre!"o de um giro interacional prHvio. terna de si consistente como 5ue ele estava pensando internamente. AlHm disso, tais convites para Gloria corrigir o 5ueRogers havia dito aumentaram sua habilidade em demonstrar empatia.4s convites paracorre!"o de Rogers geralmente resultaram em concordncia de Gloria com a declara!"oempática proposta em 5uest"o. &m outras palavras, o ato de convidar corre!"o pareceu proporcionar concordncia com maior probabilidade. &>emplos prototTpicos dos convites para corre!"o de Rogers e Gloria respondendo a2irmativamente s"o apresentados abai>o.

     Exemplos de convite para correção

    &>emplo -Rogers# 7sso est& corretoGloria# Correto.

    &>emplo :Rogers# 0 isso !ue voc# est& di"endoGloria# Sim, H isso 5ue eu 5uero di9er, sim.

    &>emplo =Rogers# &u acho 5ue isso % exagerar um pouco demais.Gloria# as está pr7>imo. J isso 5ue 5uero di9er.

     !ecusa de respostas diretas a pedidos de consel"o: consideração positiva incondicional 

    Gloria 2re5Ventemente solicitava conselhos diretos de Rogers, geralmenteintrodu9indo seus pedidos com meta6declara!3es tais como '&u sei 5ue voc( n"o pode medar uma resposta direta, mas...).

  • 8/18/2019 Artigo Rogers e Glória

    8/11

    especialista, estima!"o negativa a2iliativa da di2iculdade do processo, convite para corre!"oe 2e9 meta6declara!3es empáticas 5ue demonstraram sua compreens"o a respeito do 5ue elaestava e>perienciando. &m suma, ele valori9ou sua especialidade em chegar ao seu pr7prioresultado signi2icativo. Ao responder ? recusa de Rogers em dar conselhos, Gloria pareceurevisitar o assunto sobre o 5ual ela estava buscando conselhos de uma maneira mais

    comple>a. Exemplos de recusa em dar conselhos

    &>emplo -Gloria# & eu6eu6eu sinto !ue voc# apenas sentar& l& e me deixar& co"inhar isso e eu-eu !uero mais. Eu !uero !ue voc# me a)ude a me livrar do meu sentimento de culpa. Se eu conseguir me livrar domeu sentimento de culpa 5uanto a mentir, ou ir para a cama com um homem solteiro, ou 5ual5uer dessas coisas, para 5ue eu possa me sentir mais con2ortável.Rogers# m6hm. & eu acho !ue eu gostaria de di"er 3ão$ eu não !uero deixar voc# apenas9co"inhar: em seus pr+prios sentimentos4$ mas por outro lado$ eu-eu tamb%m sinto !ue esse % o tipode coisa muito particular !ue eu não poderia possivelmente responder por voc#. Mas eu tentarei * 

    certo como !ual!uer coisa * a)udar voc# a trabalhar buscando sua pr+pria resposta. ão sei seisso fa" algum sentido para voc#$ mas estou falando s%rio.

    &>emplo :Gloria# as 5uando as coisas6realmente parecem ser t"o erradas para mim e eu tenho um impulsode 2a9(6las como eu posso aceitar issoRogers# , !ue voc# gostaria de fa"er % sentir-se aceitando mais a si mesma !uando voc# fa" coisas!ue voc# sente !ue estão erradas. 7sso est& certoGloria# Certo.

    &>emplo =Gloria# &u, ah, eu sinto mesmo como se voc# estivesse me di"endo !ue não % seu papel *$ me dar 

    conselhos$ mas eu sinto como se voc# estivesse di"endo 35oc# realmente !uer saber !ue padrãovoc# !uer seguir$ 8loria$ e ir em frente e segui-lo4. Meio !ue sinto esse apoio de voc#.Rogers# *pausa e>tensa1 Eu acho !ue o )eito !ue eu sinto % !ue$ ah$ voc# tem me dito !ue voc# sabeo !ue voc# !uer fa"er e$ sim$ eu acredito em apoiar as pessoas na!uilo !ue elas dese)am fa"er.*Pausa e>tensa1 0 apenas um ponto de vista um pouco diferente do !ue parece para voc#.Gloria# [oc( está me di9endo 5ue6Rogers# Mas ve)a; uma coisa !ue me preocupa % !ue não % nem um pouco bom voc# fa"er algumacoisa !ue voc# realmente não escolheu fa"er. 0 por isso !ue estou tentando te a)udar a descobrir !uais as suas pr+prias escolhas internas.

     !eformulação de pro#lema: empatia e consideração positiva incondicional 

    Davis *-F1 descreveu a re2ormula!"o de problema como um dispositivoconversacional utili9ado por counselors e outros psicoterapeutas para 2ormular descri!3esiniciais do problema do cliente em alguma coisa mane8ável dentro dos parmetros daterapia pela 2ala.

  • 8/18/2019 Artigo Rogers e Glória

    9/11

    2re5Ventemente iniciaram com descri!3es de problema con2usas e mal6de2inidas e 5ue n"oestavam a seu alcance para modi2icar. Rogers respondeu de uma maneira 5ue captou aess(ncia do 5ue ela disse *empatia1 en5uanto convertia a descri!"o em uma maneiramelhor6de2inida e com solu!"o mais viável para o problema. Deste modo, a re2ormula!"ode problema o2ertou poder de mudan!a e posse do controle para resolu!"o do problema de

    volta ao cliente *considera!"o positiva incondicional1. AtravHs da re2ormula!"o de problema, Gloria 2oi 5uem iniciou tanto o problema 5uanto sua resolu!"o viável.Conse5Ventemente, Gloria n"o somente sentiu6se ouvida, mas tambHm dotada decapacidade, re2or!ando sua habilidade em mudar. A2inal, o 5ue Rogers havia há recHm ditoera a pr7pria idHia dela. A e2ici(ncia de Rogers em re2ormula!"o de problema ilustrou suahabilidade em apro>imar6se do mundo do cliente. @á um e5uilTbrio delicado entrere2ormular o problema em um assunto terap(utico mane8ável e reinterpretá6lo de 2orma acondu9ir a um mal6entendido *i.e., demonstra 2alta de empatia1. Rogers re2ormulou o problema de 2orma 5ue manteve Gloria como 5uem originou a idHia. &>emplos dere2ormula!"o de problema s"o citados abai>o.

     Exemplos de reformulação de problema

    &>emplo -Rogers# &nt"o parece bem claro !ue não % apenas problema dela ou da rela!"o com ela# est& emvoc# tamb%m.

    &>emplo :Rogers# as eu acho 5ue eu ouvi voc( di9endo tambHm 5ue não são apenas as crianças$ !ue voc#tamb%m não gosta !uando6

    &>emplo =Rogers# 4u!o voc# ainda 5ue suas a!3es pare!am estar 2ora de voc#. 5oc# 5uer se aprovar mas o5ue voc# 2a9, de alguma 2orma, n"o dei>a 5ue voc# aprove a si pr+pria.

    &>emplo Gloria# [iu, parece 5ue voc(Bestou encontrando uma contradi!"o.

  • 8/18/2019 Artigo Rogers e Glória

    10/11

    &m contraste a problemas bem6estruturados aos 5uais tanto o problema 5uanto oalgoritmo para solu!"o s"o claramente sabidos, problemas mal6estruturados s"o maisabstratos, 2a9endo com 5ue o reconhecimento do problema e as pistas para solu!"o se8ammais opacas. Pes5uisas em psicologia educacional geralmente sugerem 5ue problemas mal6estruturados s"o melhor trabalháveis atravHs do reconhecimento do problema e da

    representa!"o do problema *SnoQman, $iehler E $onk, :;;;1. As declara!3es empáticas,congru(ncia e considera!"o positiva incondicional de Rogers a8udaram Gloria a melhor identi2icar e representar seu problema mal6estruturado. &stas condi!3es essenciais 2oramacionadas atravHs dos dispositivos conversacionais de Rogers e estruturaram a intera!"o demodo 5ue Gloria pKde ser sua pr7pria agente de mudan!a. J importante lembrar 5uenenhuma condi!"o essencial manteve6se isolada das outras. Por e>emplo, Rogersdemonstrou considera!"o positiva incondicional ao evitar respostas diretas para os pedidosde conselho e valori9ou a habilidade de Gloria em chegar ?s suas pr7prias decis3es. A pot(ncia desta interven!"o, contudo, 2oi tra9ida ? tona atravHs de demonstra!3essimultneas de congru(ncia e empatia.

    Implicações para educação de counselors

    4 2ilme 'r(s Abordagens para Psicoterapia) *Shostrom, -/0a1 e a sess"o deRogers em particular s"o conhecidos como os mais 2amosos na hist7ria do counseling   evistos por 'tr(s gera!3es de estudantes graduados) num espectro de pro2iss3es de a8uda*Glauser E $o9arth, :;;-, p.-=1. A2irmamos 5ue a intera!"o terap(utica do 2ilme tem sidomuito pouco reconhecida por estudantes e educadores de counselors, talve9 por5ue os 5ueassistem s"o tratados como receptores de in2orma!"o passivos de 5uem se espera 5uesimplesmente 'aprenda) ao assistir especialistas em vTdeo. &m contraste, apoiamos umaabordagem construcionista na 5ual os aprendi9es participem colaborativamente ao 2a9er sentido no 5ue H apresentado. &sta epistemologia representa um paradigma distanciado da2iloso2ia educacional 5ue pareceu estruturar a produ!"o de 'r(s Abordagens paraPsicoterapia) em meados da dHcada de /;. Glauser e $o9arth *:;;-1 perceberam 5ue esta2iloso2ia ultrapassada continua a estruturar como o 2ilme H geralmente utili9ado naeduca!"o de counselors. 4s achados deste estudo podem a8udar estudantdes de counseling ,counselors, e educadores a melhor de2inir componentes do counseling  centrado no clienteatravHs de e>emplos comportamentais.

    De 2ato, Rogers *-/I, -F;, -F/1 2oi crTtico a como programas de treinamento decounselors e livros6te>to interpretaram mal sua teoria como uma sHrie de tHcnicas a seremimplementadas mecanicamente. Acreditamos 5ue os e>emplos achados neste estudodemonstram o envolvimento ativo de Rogers na sess"o e contrastam diretamente a suaimagem ?s ve9es entendida como alguHm passivo 5ue apenas balan!a a cabe!aa2irmativamente. AlHm disso, tal estere7tipo pode ser perpetuado ao e>ibir o 2ilme semo2erecer aos estudantes meios de reconhecer a ri5ue9a de detalhes e a comple>idade sutil deRogers em a!"o.

    Conclusão

    Ao analisar a linguagem de Carl Rogers e Gloria e relatar os dispositivosconversacionais mais prevalentes de Rogers com suas condi!3es essenciais para mudan!aterap(utica, achamos 5ue há muito mais acontecendo na sess"o do 5ue o 5ue havia sidoescrito anteriormente. Achamos 2ortes evid(ncias de Rogers acionando counseling  centradono cliente e sendo 'rogeriano) nesta sess"o.

    -;

  • 8/18/2019 Artigo Rogers e Glória

    11/11

    AlHm disso, achamos tambHm 5ue as condi!3es essenciais 2oram 2re5Ventementesutis, tornando di2Tcil isolar 5ual5uer giro conversacional como representativo de apenasuma condi!"o essencial. sto H, de alguma 2orma, o 5ue delineou Rogers como 'centrado nocliente), posto 5ue todas as suas intera!3es continham o 2oco em ser simultaneamenteempático e congruente en5uanto demonstrava considera!"o positiva incondicional. &m

    outras palavras, Rogers n"o apenas repentinamente pensou '4h, esse H um bom momento para ser empático), mas ao invHs, ele automati9ou as condi!3es em seu estilocomunicacional naturalmente. &m contraste ? abordagem terap(utica da vida real deRogers, livros6te>to geralmente n"o mencionam a a!"o mMtua entre as condi!3esessenciais, mas pre2erem geralmente redu9ir e isolá6las em 2enKmenos separados. AlHmdisso, como Glauser e $o9arth *:;;-1 apontaram, a maneira como este 2ilme H geralmentee>ibido retrata Rogers, assim como Perls e &llis, como 'especialistas). Ainda 5ue Rogers2osse um especialista do processo, ele saiu de seu pr7prio caminho para permitir 5ue Gloriasoubesse 5ue ele n"o tinha respostas para ela. &sta imagem de Rogers como um especialistaH diametralmente oposta a seu estilo terap(utico, especialmente como H indicado por suadeliberada linguagem de 'n"o6especialista). Por estas ra93es, ainda 5ue a sess"o de Rogerse Gloria se8a talve9 a mais abertamente conhecida na hist7ria do counseling , acreditamos na5ualidade da intera!"o nela tem sido pouco reconhecida em escritos prHvios e poucoutili9ada na educa!"o de counselors.

    --