A PSICOLOGIA HUMANISTA

Elisabeth Lima de Oliveira / Olivia LourençoHistória e Epistemologia - Prof° Nara Grivot Cabral

Psicologia 2014/1

Carl Rogers

A TERCEIRA FORÇA

Talvez não coincidentemente o Humanismo surge nos anos 60 nos Estados Unidos (mesma década de inúmeros movimentos jovens e revoluções de pensamentos e ideais);

Diferente das demais correntes, não nasceu para ser uma revisão ou adaptação de nenhuma escola de pensamento mas para substituir a psicanálise e o comportamentalismo, as duas principais forças da psicologia da época.

DISCORDÂNCIAS ENTRES ESCOLAS

Na psicanálise, os humanistas se opuseram a ideia freudiana de que a personalidade é determinada por forças biológicas e eventos passados, de que forças inconscientes governam as pessoas. Criticavam o foco na doença mental.

Acreditavam que o comportamentalismo era desumanizante, minimizava o ser humano a animais ou máquinas, sendo o individuo subjetivo consciente, reduzi-lo a um organismo mecanizado e a estimulos resposta apresentados, era uma abordagem limitada, artificial e relativamente estéril da natureza humana.

O SER HUMANO

Atributos como: o amor, o ódio, o medo, a esperança, a felicidade, o bom humor, a afeição, a simpatia, a antipatia, o senso de responsabilidade e sentido da vida, aspectos peculiares aos seres humanos eram levados em consideração pelos humanistas.

Para as demais escolas estas singularidades humanas, por não serem mensuradas ou quantificadas em laboratórios possuiam uma estrutura um tanto vaga.

TERAPIA

A abordagem terapêutica era diferente. As terapias humanistas proliferaram

nos anos 60 e 70, quando milhões de pessoas passaram a frequentar grupos de encontro e programas de treinamento da sensibilidade em escolas, empresas, igrejas, presídios e clínicas privadas.

TERAPIA DO CRESCIMENTO

As terapias do Crescimento, eram usadas em pessoas de saúde mental normal ou média, tinham como intuito elevar os niveis de consciencia, promover o despertar de potenciais ocultos, buscar a auto-realização.

Muitas pessoas acreditam que a psicologia humanista se resumia aos grupos de encontro, mas o movimento é muito mais amplo. Trata-se de um sério estudo da natureza e da conduta humana, e é talvez melhor representado pelas obras de Abraham Maslow e Carl Rogers.

HUMANISTAS

Rogers foi de fundamental importância por introduzir o conceito atual de psicólogo, pois este trabalho era, até então, realizado somente por psiquiatras;

Insere o uso da palavra cliente ao invés de paciente. Humanismo, que tinha como idéias principais: - ênfase na experiência consciente, - a crença na integralidade da natureza e da conduta do

ser humano, - a concentração no livre-arbítrio, - na espontaneidade e no poder de criação do indivíduo; - e o estudo de tudo o que possa ter relevância para a

condição humana.

CARL ROGERS (1902-1987)

CARL ROGERS Carl Ranson Rogers, nasceu em 8 de janeiro de 1902,

em Oak Park, Ilinois no meio rural, criado em uma família rígida e religiosa, sua infância, foi vivida um tanto isolada.

“Qualquer coisa que hoje eu consideraria como um relacionamento interpessoal, próximo e comunicativo com outro, esteve completamente ausente durante este período” (Rogers 1973 a, p. 196 na ed.bras).

Apesar de brilhante, Rogers era um solitário, “...Incompetente em qualquer tipo de contato que não fosse superficial...” (Rogers 1973 a, p 197 na ed. Bras)

Segundo Rogers nesse período suas fantasias eram esquizoides se viessem a ser diagnosticadas, mas felizmente ele nunca chegou a entrar em contato com nenhum psicólogo. (Rogers 1973 a, p 197 na ed. Bras)

A CONSTRUÇÃO DE UM PENSAMENTO Durante o segundo ano na faculdade de Wisconsin,

Carl Rogers foi a Pequim para uma conferencia da Federação Mundial dos Estudantes Cristãos, a partir desta viajem sua filosofia e valores passaram a ser próprios e muito diferentes da opinião de seus pais.

Começou os estudos de graduação em Teologia, mas optou por terminar em Psicologia a partir de um seminário dirigido a estudantes, onde examinou duvidas a respeito de seu comprometimento religioso, ficou surpreso por descobrir que uma pessoa poderia ter mérito fora da igreja.

JORNADA

Seu primeiro emprego foi em Rochester, Nova Iorque, em um centro de orientação infantil, onde trabalhava com crianças submetidas a abusos e maus tratos, encaminhadas de varias agencias sociais.

Neste local, Rogers sentiu a forte ruptura entre o pensamento especulativo freudiano e o mecanismo medidor e estatístico do comportamentalismo.

Trabalhou durante 12 anos, desenvolvendo uma abordagem formal e objetiva, teve o inicio do que mais tarde chamou de Terapia Centrada no Cliente. Por observação, neste seu trabalho, começa a desenvolver as teorias da personalidade.

JORNADA

Publica o 1º livro aos 37 anos, o The Clinical Treatment of Problem Child (1939), com mais de 100 publicações ganhando seguidores por todo o mundo.

Durante este período sua reputação foi grandemente realçada, pois ele tornou-se conhecido como uma pessoa de muita energia e um grande amor aos estudantes. Este último ponto é de muita importância, pois explica, parcialmente, o impacto de influência sobre seus estudantes.

Foi um dos primeiros a gravar e filmar uma sessão de terapia.

JORNADA

Após receber seu título de Doutor, Rogers passou a fazer parte da equipe da Rochester Center, do qual passaria a ser diretor.

No decorrer de sua carreira, foi eleito presidente da APA (Associação Psicológica Americana) por duas vezes e indicado ao prêmio Nobel da Paz em 1987, dias antes de sua morte em 4 de fevereiro.

A TERAPIA CENTRADA NO CLIENTE

A Terapia Centrada no Cliente se refere ao que se é imediatamente sentido e que é implicitamemente significativo para o sentimento que o sujeito experimenta ao ter uma experiência.

O terapeuta, assim, age como um facilitador e um espelho para os sentimentos e pensamentos do cliente, que passa a tomar mais consciência e contato com seu material vivencial, “percebendo” aspectos de sua personalidade e de seus comportamentos que lhe escapavam anteriormente.

TERAPIA CENTRADA NO CLIENTE

O cliente, auxiliado pela ajuda terapêutica, acaba por modificar ou amadurecer o conceito que tem de si e, consequentemente, a reavaliar suas estratégias de vida e visão de mundo.

No fundo, todo o processo, em seu andamento, é fruto da ação do próprio cliente, de sua imersão no processo terapêutico e de seu grau de investimento no mesmo.  Por isto o nome: “Abordagem centrada no Cliente ou na Pessoa”.

ABORDAGEM ROGERIANA Os principais aspectos da abordagem rogeriana são: - atenção ao impulso sutil, mas sempre existente, em

direção ao crescimento, à saúde e ao ajustamento, pois a terapia nada mais é que a ajuda para a libertação do cliente em sua busca natural para o crescimento e o desenvolvimento normais;

- maior ênfase aos aspectos afetivos e existenciais, que são muito mais potentes que os intelectuais;

- maior ênfase ao material trazido pelo cliente e à sua situação imediata do que ao passado;

- grande ênfase no relacionamento terapêutico em si mesmo, que constitui um tipo de entidade orgânica que se forma a partir do encontro entre o terapeuta e o cliente e que, em si, contribui para a experiência de crescimento de ambos, cliente e terapeuta.

HUMANISMO NO BRASIL A ditadura era uma realidade, ainda que, no mundo,

houvesse grande incentivo à liberdade de escolha. Apesar dos entraves políticos, a influência humanista é sentida aqui quando há, finalmente, o processo de regulamentação da profissão e estabelecimento do curso com a lei 4119 de 27 de agosto de 1962. Neste currículo, já aparece a psicologia humanista.

Carl Rogers, veio ao país – mais precisamente ao Rio de Janeiro e Recife -, para realizar workshops e difundir suas idéias. Em entrevista à revista Veja em 1977, cita os principais pontos de sua teoria e afirma, categoricamente, que a abordagem centrada na pessoa é de fácil convivência na democracia.

A grande aceitação da abordagem de Rogers, no Brasil, aconteceu principalmente nos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e na Capital Federal, onde vários centros divulgam e formam psicólogos especialistas na abordagem centrada na pessoa.

Cita Lao Tsé para resumir sua posição:

Se eu deixar de interferir nas pessoas, elas se encarregarão de si mesmas.

Se eu deixar de comandar as pessoas, elas se comportam por si mesmas,

Se eu deixar de pregar às pessoas, elas se aperfeiçoam por si mesmas,

Se eu deixar de me impor as pessoas, elas se tornam elas mesmas.

Freedman, 1972, em Rogers, 1973, p 206 na ed.bras),