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As Origens Do Pens Amen To Grego

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“As Origens do Pensamento Grego” (Vernant)

Capítulo II: A Realeza Micênica

Com a destruição do palácio de Cnossos e a ocupação da ilha de Creta pelos aqueus, irá aparecer através da fusão desses povos a civilização micênica.

Uma das maneiras de estudar esse período é através da arqueologia. Vernant aponta as dificuldades com a leitura do linear B (este apresenta o som falado pelos micênios e fora feito por escribas). Outras informações que se têm desse período, é pela leitura dos poemas homéricos; sendo que estes, antes existiram da forma cantada pelos aedos, foram passados de geração a geração (tradição oral) até que em algum momento passaram a ser reunidos e registrados. Dessa forma esses poemas estiveram sujeitos a várias alterações.

O que se pode concluir sobre a civilização micênica através desses estudos, é que o território da Hélade era dividido em pequenos ou grandes reinos, onde havia um rei com os elementos de poder concentrados e unificados em si, e que este vivia em um palácio (diferente do tipo de palácio da civilização minóica). Existem estudos que indicam o Palácio de Micenas como ‘dominante’ sobre os demais. As pessoas que não ficavam no palácio, viviam nas cidades baixas, em comunidades rurais. Essas comunidades conseguiam subsistir independente do palácio.

Nessa época, rei podia ser um simples senhor dono de domínio rural, porém no sistema palaciano, quem era o centro era o ánax. O ánax se apoiava em uma aristocracia guerreira, na organização militar – que Vernant compara com os hititas -, e também é responsável pela vida religiosa. Na questão religiosa, o autor mostra a hipótese da lembrança da função religiosa da realeza, ter sobrevivido sobre a forma de mito. Vale lembrar que para os gregos os mitos eram de grande importância, e estes sobreviviam através da tradição oral, e eram ‘atualizados’ com os ritos.

Com a expansão do comércio pelo mediterrâneo, a civilização micênica vivia de forma luxuosa e possuíam uma indústria artesanal especializada. Esse conjunto que será destruído com as invasões dóricas. O comércio virá a diminuir tendo só a agricultura como foco econômico. O sistema palaciano jamais se reergue: o ánax some (é substituído pelo termo basileus), acaba o controle de organização pelo rei, somem as classes de escribas e dessa forma a escrita desaparece. Assim se inicia na Grécia um período de trevas.

Capítulo III: A Crise da Soberania

A invasão dórica trouxe novos elementos à cultura grega. O ferro é sucedido pelo bronze, a inumação é substituída pela incineração dos cadáveres, a cerâmica passa a ser do tipo geométrico. Na questão da cerâmica, Vernant diz, conforme Webster, que essa arte de jeito despojado, reduzida ao essencial, demonstra a

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consciência de um passado separado do presente, do distanciamento entre homens e o divino.

Essas transformações refletem também no pensamento grego. O poder do ánax se apoiava na harmonia das comunidades aldeãs e a aristocracia guerreira. Dos embates dessas forças opostas dentro desse período de desordem, que irá surgir, conforme as palavras de Vernant: a primeira forma de “sabedoria” humana; baseando-se em especulações políticas e reflexão moral. Essa sabedoria voltada para o mundo dos homens.

Vernant comenta sobre a Éris-Philia, e como essas entidades opostas se complementam. Sem a organização em torno do palácio do ánax, vinha um sistema de genos, fundado sob as linhagens de parentesco. Através da luta, da competição associadas à dependência à uma comunidade vem a ideia de união. Uma forma de união é que cada genos tinha sua forma de lidar com a religião. A política fica com a disputa oratória.

As cidades começam a se fechar em muralhas dando a noção de limite e protegendo os homens que dela pertencem. Surgem templos para os seus deuses, surge a Ágora. É um quadro urbano. A cidade já é a famosa polis.

Capítulo IV: O Universo Espiritual da Polis

A característica que destaca o sistema da polis, é a palavra sobre todos os outros instrumentos de poder. A sociedade passa a participar das decisões; a palavra não fica mais como algo formal, e sim como a argumentação, debate. Além de ser instrumento de política, ela começa a ser escrita. Isso fortaleceu o intelecto dos gregos e divulgou os conhecimentos, algo que antes era restrito.

Além dos debates políticos, há o surgimento da moeda, o desenvolvimento do comércio, e a expansão do assunto religioso. Com o surgimento da moeda, negociantes e operários vão surgir, a prata vira riqueza e aqueles que se enriquecem dela, não querem os direitos voltados apenas as famílias nobres de terra.

Esses questionamentos vão elaborando e desenvolvendo o pensamento racional em torno desse novo tipo de organização. Aparecem os pensadores que se questionam sobre a formação do universo a partir de elementos naturais, como a água, o ar; diferente da formação mostrada com os mitos. Os mitos passaram a ser questionados, começa a transição de ‘mito para razão’. A filosofia surge.

Essa transição não se dá com a razão abandonando o mito. Dos mitos são retirados ensinamentos políticos e de moral para o cidadão da polis. E como Vernant comenta, existem questões que a razão não tem poder para explicar como os mitos possuem.