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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ LUDGERO SIMEÃO DA SILVA FILHO AS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS INOVADORAS DO ESTADO DO CEARÁ - ESTUDO DAS EMPRESAS INCUBADAS PELO PADETEC FORTALEZA - CEARÁ 2007

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

LUDGERO SIMEÃO DA SILVA FILHO

AS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS INOVADORAS DO ESTADO

DO CEARÁ - ESTUDO DAS EMPRESAS INCUBADAS PELO

PADETEC

FORTALEZA - CEARÁ

2007

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LUDGERO SIMEÃO DA SILVA FILHO

AS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS INOVADORAS DO ESTADO

DO CEARÁ – ESTUDO DAS EMPRESAS INCUBADAS PELO

PADETEC

FORTALEZA - CEARÁ

2007

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LUDGERO SIMEÃO DA SILVA FILHO

AS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS INOVADORAS DO ESTADO

DO CEARÁ – ESTUDO DAS EMPRESAS INCUBADAS PELO

PADETEC

APROVADA PELA BANCA EXAMINADORA EM ____/____/____

BANCA EXAMINADORA:

_______________________________________________

Prof. Dr. Francisco de Assis Soares Orientador

_______________________________________________

Profª. Drª. Sandra Maria Santos 1º examinador

_______________________________________________

Prof. Dr. Manoel Bosco de Almeida 2º examinador

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Para minha mãe, Antônia, de quem sou a cópia,

graças a Deus.

Para o meu pai, Ludgero que, sem ter estudado

nada, sabe muito mais do que eu.

Para a minha mulher Rita de Cássia. Para os

nossos filhos Álvaro (e Neila), Alisson (e

Renata), Aline (e Virgílio) e Márcia e para os

nossos netos Caroline, Álvaro Augusto, João

Victor, Denis Ludgero, Ana Clara e Sofia, por

que os amo.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço:

Ao meu orientador, Professor Dr. Francisco Soares, principalmente por ter

acreditado no meu trabalho, mesmo nas horas em que eu só via dificuldades pela frente.

Aos meus amigos Oscar Saldanha do Nascimento, Hidelmar Alcântara Ribeiro,

Joaquim dos Santos Barros e Rodney Rietez de Moraes, pelo incentivo que cada um, ao seu

modo, me deu durante a realização do presente estudo.

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RESUMO

As incubadoras de empresas brasileiras exercem papel importante no Sistema Nacional de Inovação porque integram as instituições universitárias e de pesquisa ao mundo empresarial. A contribuição das incubadoras para as empresas inovadoras torna-se mais relevante para os sistemas locais de inovação, pois facilita o processo de inovação e fortalece o sistema produtivo local. No Ceará, a experiência da incubadora Parque de Desenvolvimento Tecnológico (PADETEC) é considerada um caso de sucesso como instituição fomentadora de empresas inovadoras. Esta dissertação objetiva analisar as fontes de financiamento das empresas em incubação ou graduadas no PADETEC, enfatizando a contribuição do capital de risco no contexto do modelo de incubação empregado. Assim, faz-se uma avaliação institucional dessa incubadora, para o seu período de existência, com base em análise documental e das empresas quanto aos produtos e processos desenvolvidos, bem como do desempenho no mercado, considerando os aspectos de financiamento e distribuição dos resultados. As informações sobre as empresas incubadas e graduadas são coletadas por meio de um questionário. A pesquisa mostra que as pequenas e médias empresas configuram os portes dominantes. Os resultados revelam que as empresas consideram o PADETEC como uma incubadora essencial para o desenvolvimento de seus produtos e processos, pela sua relevância no sistema nacional de inovação, mas que ainda não possui recursos financeiros para facilitar a passagem de empresa incubada para graduada. Quanto ao capital de risco, não fica evidente a contribuição desta modalidade de financiamento como decisiva para o sucesso do empreendimento inovador, mesmo tendo-se constatado financiamento com parcela de capital próprio ou de outras pessoas físicas. Conclui-se que as empresas graduadas pelo PADETEC quando alcançam o mercado, se desenvolvem e continuam com capacidade inovadora.

Palavras-chave: Inovação, Empresas Inovadoras, Fontes de Financiamentos, Capital de

Risco.

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ABSTRACT

Brazil’s incubator companies play an import role in the national innovation system, as it integrates research and university institutions with the business world. The contribution of the incubator companies to the innovative companies become more relevant to local innovation systems since it facilitates the innovation process and strengthens the local production system. In Ceará, the experience of the incubator Parque de Desenvolvimento Tecnológico (PADETEC), has been considered a success case as a fomenting institute for innovative companies. This dissertation aims to analyze the financial sources of incubated and graduated companies of PADETEC, emphasizing the contribution of risk capital in the context of the of the applied incubation model. Thus, from documental analyses and from the companies in regards to their products and processes, as well as market performance, considering the aspects of the financing and earnings distribution, an institutional assessment of the incubator was made for its existing period. The information regarding the incubated and graduated companies was collected through a questionnaire. The research shows that small and medium companies compose the dominating group. The results show that because of it’s relevance to the national innovation system, PADETEC is considered by the companies as an incubator essential to the development of their products and processes, but it still does not posses the financial recourses to facilitate the passage from incubated company to graduated company. As for risk capital, it is not clear how this modality of financing decisively contributes to the success of the innovative entrepreneurship, even if a share of the financing comes from own capital or borrowed capital is confirmed. It concludes that when PADETEC’s graduated companies reach the market, they develop and continue with their innovative capacity.

Key-words: Innovation, Innovative Companies, Financial Sources, Venture Capital.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABCR – Associação Brasileira de Capital de Risco

ABVCAP - Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital

ADTEN – Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Empresa Nacional

ANPROTEC - Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de

Tecnologia Avançada

ANVAR - Agence Francaise de I’Innovation

APL – Arranjos produtivos locais

BACEN - Banco Central do Brasil

BIRD – Banco Internacional para a Construção e Desenvolvimento.

BNB – Banco do Nordeste do Brasil

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

BNDESPAR – BNDES Participações S.A.

BOVESPA – Bolsa de Valores de São Paulo

BRIC - Brasil, Rússia, Índia e China

CAPES – Coordenação Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior,

CEDIN - Conselho Estadual de Desenvolvimento Industrial do Ceará

CEF – Caixa Econômica Federal

CENTEC - Instituto Centro de Ensino Tecnológico do Ceará

CETREDE – Centro de Treinamento e Desenvolvimento da Universidade Federal do Ceará

CIDE - Contribuição de Intervenção do Direito Econômico

CMN - Conselho Monetário Nacional

CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CONTEC – Programa de Capitalização de Empresas de Base Tecnológica

COPOM - Comitê de Política Monetária

CRSFN – Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional

CVM – Comissão de Valores Mobiliários

EMBRAMEC – Mecânica Brasileira S.A.

EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EVTE – Estudo de viabilidade técnica e econômica

FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador

FCO - Fundo Constitucional do Centro Oeste.

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FDI - Fundo de Desenvolvimento Industrial do Ceará

FGPC - Fundo de Garantia de Promoção da Competitividade

FINAME - Agência Especial de Financiamento Industrial

FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos

FND - Fundo Nacional de Desenvolvimento

FNDCT – Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico,

FNE - Fundo Constitucional do Nordeste

FNO – Fundo Constitucional do Norte

FUMIN – Fundo Multilateral de Investimentos do BIRD

FUNCAP - Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico

FUNCEF – Fundo dos Economiários Federais

FUNPROGER - Fundo de Aval Para a Geração de Emprego e Renda

FUNTEC – Fundo de Desenvolvimento Tecnológico

FUNTEL – Fundo Para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações

GEF - Fundo Global para o Meio Ambiente

IBAT - Instituto Brasileiro de Administração Tributária

INCUBASOFT – Incubadora de Software

INSOFT - Instituto de Software do Ceará

IPI - Imposto Sobre Produtos Industrializados

IRPJ – Imposto de Renda Pessoa Jurídica

LSVCFs - Labor Sponsored Venture Capital Funds

MCT – Ministério da Ciência e Tecnologia

NUTEC - Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial da Universidade Federal do Ceará

PACE - Programa de Assistência Técnica ao Crescimento e Equilíbrio Eqüitativo e

Sustentável

PADETEC – Parque Tecnológico do Ceará

PATME - Programa de Apoio Tecnológico às Micro e Pequenas Empresas

PDTA - Programa de Desenvolvimento Tecnológico Agropecuário

PDTI - Programa de Desenvolvimento Tecnológico Industrial

PETROS – Fundação Petrobrás de Seguridade Social

PINTEC - Pesquisa industrial - tecnológica de inovação

PITCE - Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior do Estado do Ceará

PME - pequenas e médias empresas

PNI – Programa Nacional de Incubadoras

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PREVI – Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil

PROGER – Programa de Geração de Emprego e Renda

RIC – Rede de Incubadoras do Ceará

SEBRAE - Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SECITECE - Secretaria de Ciência e Tecnologia e Ensino Superior do Estado do Ceará

SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SMBA - Small and Médium Business Administration

SPPC&T - Subprograma de Ciência e Tecnologia

TCU - Tribunal de Contas da União

TJLP - Taxa de juros de longo prazo

UECE - Universidade Estadual do Ceará

UFC - Universidade Federal do Ceará

URCA - Universidade Regional do Cariri

UVA - Universidade Estadual Vale do Acaraú

VCT - Venture Capital Trust

VDECIT - Venture and Development Capital Investiment Trust

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LISTA DE QUADROS

1 Evolução das atividades de capital de risco nos Estados Unidos da América -------------- 20

2 Diagnóstico da situação do mercado de capital de risco para empresas de base

tecnológica brasileiras, que fundamentou a criação do Projeto Inovar -----------------------38

3 Instrumentos utilizados pelo Projeto Inovar-------------------------------------------------------39

4 Fases e prazos de incubação das empresas no PADETEC --------------------------------------82

5 Custos/subsídios das empresas incubadas pelo PADETEC------------------------------------- 83

6 Perfil das empresas assistidas pelo PADETEC ---------------------------------------------------84

7 Pontos fortes e pontos fracos apontados pelas empresas, relativamente ao período de

incubação no PADETEC -----------------------------------------------------------------------------90

8 Órgãos governamentais que apoiaram as empresas---------------------------------------------- 94

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LISTA DE TABELAS

1 Total das empresas brasileiras e das que implementaram inovações, por região, com

respectivos tipos de atividades inovadoras --------------------------------------------------------26

2 Características das empresas -----------------------------------------------------------------------89

3 Distribuição do número de empresas por inovação dos produtos e processos ---------------91

4 Distribuição do número de empresas por estágio de desenvolvimento de produtos e

processos -----------------------------------------------------------------------------------------------92

5 Nível de qualificação do pessoal envolvido nas empresas pesquisadas -----------------------93

6 Apoio recebido de órgão governamentais ---------------------------------------------------------94

7 Capital inicial (constituição) das empresas em R$ ----------------------------------------------96

8 Empresas incubadas e graduadas: participações (%) no capital inicial da empresas

(constituição) ------------------------------------------------------------------------------------------97

9 Empresas incubadas: origem das fontes de financiamento em 31.12.2006 para

atividades de P & D – (%). --------------------------------------------------------------------------97

10 Empresas incubadas: origem das fontes de financiamento em 31.12.2006 para

outras atividades -------------------------------------------------------------------------------------97

11 Empresas graduadas: origem das fontes de financiamento em 31.12.2006 para

atividades de P & D e outras atividades-----------------------------------------------------------98

12 Retirada de capital que o sócio controlador mantinha na empresa ----------------------------98

13 Produtos ou processos descartados ou abandonados durante o período de incubação ------98

14 Causas do abandono do projeto -------------------------------------------------------------------99

15 Inovação de produtos e processos - fase de graduação-------------------------------------- 100

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LISTA DE FIGURAS 1 Evolução das incubadoras de empresas no Brasil 1987-2006 ---------------------------------- 57 2 Modelo PADETEC de incubação ------------------------------------------------------------------80

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO---------------------------------------------------------------------16

1.1 Justificativa ----------------------------------------------------------------------------------------16 1.2 Objetivo geral -------------------------------------------------------------------------------------22 1.3 Objetivos específicos------------------------------------------------------------------------------22 1.4 Pressupostos ----------------------------------------------------------------------------------------23 1.5 Metodologia ----------------------------------------------------------------------------------------23 1.6 Estrutura do trabalho ------------------------------------------------------------------------------24

2 O SISTEMA BRASILEIRO DE INOVAÇÃO ------------------------------25

2.1 Ambiente brasileiro de inovação ----------------------------------------------------------------25 2.2 Sistema Nacional de Inovação------------------------------------------------------------------- 27

2.2.1 Bases institucionais -----------------------------------------------------------------------29 2.2.2 Projeto Inovar-------------------------------------------------------------------------------37 2.2.3 Programa Pro-Inovação e Programa Juro Zero-----------------------------------------41 2.2.4 Atuação do SEBRAE ----------------------------------------------------------------------42

2.3 O Sistema de Inovação no Ceará ---------------------------------------------------------------- 43 3 AS EMPRESAS INOVADORAS E A REDE DE INCUBADORAS DE EMPRESAS --------------------------------------------------------------------45 3.1 Empresas inovadoras ------------------------------------------------------------------------------45 3.1.1 Inovação, invenção e incerteza ----------------------------------------------------------45 3.1.2 Resistência a mudanças, riscos e tamanho da empresa ------------------------------49 3.1.3 Relevância econômica -------------------------------------------------------------------51 3.1.4 Empresa inovadoras e empresas de base tecnológica---------------------------------52 3.2 Rede de incubadoras ------------------------------------------------------------------------------- 54

3.2.1 Fases de incubação das empresas -------------------------------------------------------59 3.3.2 Incubadoras e universidades -------------------------------------------------------------60

3.3 Empresas inovadoras no Estado do Ceará ------------------------------------------------------ 61

4 O CAPITAL DE RISCO COMO FONTE DE FINANCIAMENTO DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS INOVADORAS ------------65

4.1 Fontes de financiamento --------------------------------------------------------------------------65 4.2 Capital de risco -------------------------------------------------------------------------------------67 4.2.1 Conceitos e características gerais -------------------------------------------------------67 4.2.2 Capital de risco no Brasil ----------------------------------------------------------------72

5 O PADETEC -----------------------------------------------------------------------76

5.1 Bases institucionais --------------------------------------------------------------------------------76 5.2 Objetivos---------------------------------------------------------------------------------------------77 5.3 Fontes de financiamento---------------------------------------------------------------------------78 5.4 Processo de Seleção de empresas ----------------------------------------------------------------79

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5.5 Fases e prazos do empreendimento no período de incubação --------------------------------81 5.6 Custos das empresas incubadas-------------------------------------------------------------------82 5.7 Perfil das empresas incubadas (residentes e associadas) e graduadas -----------------------84 6 AVALIAÇÃO EMPÍRICA DAS EMPRESAS ASSISTIDAS PELO PADETEC------------------------------------------------------------------87

6.1 Aspectos metodológicos ---------------------------------------------------------------------------87 6.2 Resultados ------------------------------------------------------------------------------------------89 6.2.1 Da constituição da empresa à incubação--------------------------------------------------89 6.2.2 Período de graduação----- -------------------------------------------------------------------99

7 CONCLUSÃO-------------------------------------------------------------------- 102

REFERÊNCIAS ---------------------------------------------------------------------------------- 105

APÊNDICES-----------------------------------------------------------------------------------------111

ANEXOS---------------------------------------------------------------------------------------------131

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Justificativa

Os temas desenvolvimento tecnológico e inovação têm sido tratados com muita

ênfase na maioria dos países, os desenvolvidos, os emergentes e aqueles que ainda se

encontram num estádio inicial de desenvolvimento. Gorgulho (1995), assinala que o

desenvolvimento tecnológico está presente na agenda econômica dos países, sejam eles ricos

ou pobres, uma vez que o progresso técnico constitui elemento central da estratégia

competitiva das empresas e das nações.

Andreassi (2007, p. 13) corrobora, ao afirmar que:

...a importância da tecnologia para o crescimento, especialmente em atividades relacionadas à tecnologia de ponta, vem sendo cada vez mais enfatizada nos países industrializados. A tecnologia deve ser considerada uma fonte de “competitividade estrutural” para um país, uma oportunidade para se mudar a estrutura das vantagens comparativas e também uma maneira de substituir inputs usados na produção.

A tecnologia compõe-se de um conjunto de conhecimentos de ordem científica,

empírica e até mesmo intuitiva, empregados na produção e comercialização de bens e serviços

de forma radical (criação de um produto ou processo novo), ou como valor agregado

(aprimoramento de um produto ou processo já existentes, com inclusão de novas tecnologias).

Dentro dessa constatação, contextualizada no âmbito empresarial, pode-se destacar a

importância do conhecimento gerado pelas universidades, institutos de pesquisa e demais

organizações públicas e privadas envolvidas nas atividades de pesquisa e desenvolvimento (P

& D), que ampliam o resultado concreto obtido dentro do setor produtivo.

Schumpeter (1982), citado por Andreassi (2007), ao analisar o “fenômeno

fundamental do desenvolvimento dos países”: a) definiu a relação que há entre inovação

tecnológica e desenvolvimento, quando esboça o processo de transformação de que uma

economia capitalista é alvo ao introduzir uma inovação radical em seu processo de produção;

b) formulou uma teoria da inovação para introduzir esse tipo de mudança no sistema

econômico, na qual as inovações representam melhorias nas combinações de fatores, ou são

novas combinações associadas ao surgimento de um sentimento novo, que viria a acrescentar

ao conceito de empresário termos como empreendedor ou inovador. Esse empresário, por sua

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vez, exerce o papel de introdutor da inovação dentro do sistema econômico; e por fim,

acentuou que a atividade de inovar cria um espaço para o estabelecimento de uma

concorrência mais intensa capaz de revolucionar a estrutura econômica, destruindo a velha

estrutura e criando outra, o chamado processo de “destruição criativa”.

Os países com alto estádio de desenvolvimento tecnológico não apresentam

qualquer dificuldade de atualização e ampliação deste conhecimento. Neles, o ambiente

institucional e o próprio mercado favorecem a pesquisa e as atividades de P&D, até porque

dependem cada vez mais delas.

Nos países em estádio de reconhecido atraso tecnológico, são discutidas sempre

duas opções: a primeira defende a hipótese de se partir direto para o desenvolvimento de

tecnologias maduras, elevada, das quais se consiga obter produtos de melhor valor

competitivo. A segunda aponta para um crescimento tecnológico seqüenciado. Sem desprezar

a importação de tecnologias desenvolvidas em outros países, devem ser priorizadas as

especificidades de cada país. No último caso, o maior entrave pode ser a eterna dependência

dos países desenvolvidos.

Sobre o tema, Emrich (2005, p.3) lembra que os empreendimentos de base

tecnológica têm vocação internacional e inovadora e, relativamente à velocidade de

implementação de uma política de inovação eficaz pelos países, complementa, assinalando:

A velocidade com que surgem novas tecnologias leva consequentemente à rápida obsolescência de produtos e processos. O mercado é essencialmente dinâmico e o consumo efêmero. Mesmo em países como o Brasil com um grande mercado doméstico potencial, deve-se considerar que produzir apenas para o mercado interno é um equívoco. O mercado de empresas de base tecnológica é internacional e impõe que, para se manterem competitivas, as empresas devem atuar na fronteira tecnológica. A Inovação é, portanto a palavra chave para tais empresas. Isso requer aquisição e geração de conhecimento para a Inovação.

Cassiolato e Lastres (1999), citados por Calazans (2005, p. 24), abordam aspectos

recorrentes ligados à inovação e destacam a sua importância para o desenvolvimento das

empresas e dos países:

...inovação e conhecimento são os principais fatores que definem a competitividade e o desenvolvimento de nações, regiões, setores, empresas e até indivíduos. A crescente competição internacional e a necessidade de introduzir eficientemente, nos processos produtivos, os avanços das

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tecnologias de informações e comunicações, têm levado as empresas a centrar suas estratégias no desenvolvimento de capacidade inovativa.

Não se pode dissociar da análise do desenvolvimento a consideração de temas relacionados à inovação. A capacidade de gerar novos produtos e processos comercializáveis e de promover efetivas melhorias organizacionais em diversos níveis viabiliza a expansão dos mercados e dita, de uma maneira geral, o sucesso relativo das empresas e indústrias (ou dos países e regiões) na luta concorrencial. A competitividade internacional constitui o parâmetro mais refinado de aferição do sucesso atual e potencial de um empreendimento econômico.

A busca da inovação, segundo Emrich (2005), tornou-se central para a

competitividade das empresas no mundo atual. E completa, exprimindo ser conveniente

observar que as empresas de base tecnológica têm origem na pesquisa científica e consolidam

o paradigma do desenvolvimento tecnológico em diversos campos do conhecimento. Seu

processo de produção tem como fonte básica o conhecimento científico e o dinamismo desse

conhecimento exige inovação contínua do processo.

Outro aspecto relevante na discussão sobre o processo inovativo e acerca das

empresas inovadoras diz respeito ao risco – comumente tratado no ambiente de inovação

como incerteza - inerente a essas atividades. Há uma distância entre a decisão de se produzir

algo patenteado e com mercado garantido e o desconhecido, cuja aceitabilidade não pode ser

medida antes que se empregue muito tempo e recursos (pesquisa).

Sobre esse tema, Calazans (2005, p.1), menciona que

A inserção de inovações no mercado é caracterizada pelo risco. Sua exploração comercial contém um significativo grau de incerteza quanto aos resultados a serem alcançados, ainda que estes resultados possam ser altamente promissores. Romper paradigmas, adotar novos processos, viabilizar a aplicação comercial de novas tecnológicas – tudo isso envolve um certo ônus. Este é o custo natural para o empreendimento que se lança na vanguarda, pois está de acordo com a dicotomia retorno x risco.

Assim, as decisões erradas não podem ser revertidas senão pela ocorrência de

elevados custos. Os riscos caracterizados pela incerteza quanto ao retorno dos capitais

empregados ocasionam as maiores dificuldades quanto à consecução de incentivos e

financiamentos por parte das empresas inovadoras.

Nesse particular, ressalta Calazans (2005), as pequenas e médias empresas

inovadoras tornam-se mais ágeis e criativas para explorar novos nichos e oportunidades.

Gorgulho (1995) concorda com esse conceito e o amplia. Para ela, essas empresas reúnem

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algumas características comportamentais que as tornam mais propensas a realizar as inovações

mais radicais, que formam a semente de novas tecnologias e segmentos industriais.

Gorgulho (1995) e Calazans (2005) deixam claro que não se trata de defender a

idéia de que pequenas e médias empresas inovadoras sejam mais importantes ou eficientes do

que as grandes organizações que também praticam atividades de inovação, mas de reconhecer

a sua contribuição em determinados aspectos do desenvolvimento tecnológico, em decorrência

das suas peculiaridades no que tange à inovação tecnológica.

Discutir sobre as pequenas e médias empresas inovadoras e a relevância do seu

papel na economia e no desenvolvimento dos países perpassa, necessariamente, pela discussão

das fontes de financiamentos onerosas ou não, reembolsáveis ou não, disponibilizadas a essas

empresas. Dentre essas fontes de financiamento, há o destaque para aquelas ligadas às

atividades de capital de risco, consideradas não onerosas. Os investidores de risco não querem

juros, eles acreditam no sucesso do empreendimento e ambicionam obter lucros como suporte

desse sucesso.

A dicção capital de risco é a tradução da expressão americana Venture Capital. As

atividades de financiamento nessa modalidade se iniciaram nos EUA há mais de 70 anos. O

estudo dessa origem facilita a compreensão e análise desse tipo de investimento em qualquer

país.

Nesse particular, Gorgulho (1995) deu um caráter especialmente didático ao

estudo, dividindo-o em fases (Quadro 1).

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1ª. Fase

1932-1958

• Criação do Reconstrucion Finance Corporation (RFC) – visa a criação de novas empresas e a reversão da crise de 1929; • Constituição da American Ressearch and Developed Corporations (ARCD), primeira sociedade de investimento de Venture Capital; • Lições da época: captação de recursos junto ao grande público mostrou-se inadequada; retornos sobre os investimentos ocorrem apenas a longo prazo; acompanhamento gerencial das assistidas é fundamental.

2ª. Fase

1958-1978

• Criação das Smal Business Administration (SBA) em substituição ao RFC; • Com recursos da SBA foram criadas as Small Business Investment Companies (SBIC), sociedades de natureza privada que davam apoio financeiro e assistência gerencial a pequenas empresas nas seguintes condições: remuneração máxima regulada pela SBA; financiamento limitado a 50% do capital e US$ 150.000 (aquisição de debêntures); recebiam benefícios fiscais (podiam deduzir prejuízos e não pagavam IR sobre dividendos). Características da época: forte influência governamental, sucesso absoluto das SPIC

(mais de 700 empresas financiadas) até 1960; disseminação da cultura de capital de risco)

2ª. Fase

1978-1987

• Nova legislação: redução da alíquota de IR sobre ganhos de capital de 49,5% para 28%; e depois para 20%; permissão para os fundos de pensão realizarem investimentos em capital de risco; reclassificação das empresas de capital de risco como empresas de desenvolvimento (desburocratização); administradores de fundos de capital de risco não seriam considerados fiduciários dos ativos dos fundos de pesnão investidos nos fundos que administrassem. Resultado das medidas: crescimento exponencial da captação de recursos por fundos de capital de risco; diminuição das SBIC; fundos de pensão passaram a ser grandes investidores em risco; concessão de financiamentos para empresas em estágio avançado.

4ª.fase

1987-1991

• Euforia deu lugar a competição desvairada, tornando-a um elemento autodestrutivo das empresas de capital de risco; • Diminuição do mercado de ações – aquisições passaram a ser alternativa de desinvestimento das participações de capital de risco; • Aumento da alíquota do IR sobre ganhos de capital para 35%

5ª. Fase

1991-1995

• Seleção natural de competidores, eliminando os menos experientes e os “falsos empreendedores” ,que buscavam ganhos fáceis e especulativos; • Investidores Institucionais ficaram mais precavidos;

Recordes sucessivos em abertura de capital em 1991, 1992 e 1993. Quadro 1 – Evolução das atividades de capital de risco nos Estados Unidos da América. Fonte: Adaptado de Gorgulho (1995).

. Atualmente as empresas financiadas por capital de risco nos EUA ocupam posição

de relevante na economia daquele país. Segundo Ribeiro (2005), essas empresas encerraram o

ano de 2003 como responsáveis por quase 10% dos empregos. Suas receitas chegavam a 10%

do PIB. De 2000 para 2003, enquanto o setor privado diminuiu o número de empregados em

2,3%, as empresas financiadas por capital de risco seguiram contratando. Aumentaram o

número de empregados em 6,5%.

Na Europa, segundo Calazans (2005), o Reino Unido possui o segundo mercado

de capital de risco do mundo. Com robusto suporte governamental, despontam como

principais instrumentos de estímulo a essa atividade os fundos Venture and Development

Capital Investiment Trust (VDECIT), que permitem investimentos em empresas não cotadas

em bolsa, e os Venture Capital Trust (VCT), que concedem incentivos fiscais para

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investimentos em empresas de base tecnológica. Os dois fundos possuem ações cotadas na

bolsa de Londres.

As atividades de capital de risco chegaram ao Brasil no final dos anos 1960,

seguindo o modelo americano. Apesar de seguir basicamente os ensinamentos da escola

americana, a implantação das atividades de capital de risco no Brasil enfrentou dificuldades

não evidenciadas naquele país.

Ribeiro (2005) analisa o assunto, abordando-o sob dois ângulos: a) a conjuntura

econômica desfavorável até l994, as elevadas taxas de inflação e do mercado de títulos

governamentais e um quadro de extrema instabilidade política tornavam inviáveis qualquer

tipo de planejamento de longo prazo, principalmente quanto aos retornos esperados; e b) um

mercado de capitais incipiente e inacessível às pequenas e médias empresas não oferecia

opções de liquidez para os investimentos. Além disso, o desenvolvimento tecnológico das

empresas brasileiras, muito distante das suas coirmãs americanas, tornava reduzido o número

de empresas efetivamente aptas a receber investimentos de risco.

Sobre a iniciativa privada brasileira, Ribeiro (2005) informa que elas começaram

a participar efetivamente das atividades de capital de risco na década de 1970. Embora não

fossem propriamente sociedades de capital de risco, algumas empresas começaram a atuar

nesse mercado. A realidade hoje é diferente, conforme acrescenta o Autor: das sete

organizações que realizaram ofertas públicas iniciais de ações na BOVESPA em 2004, cinco

haviam recebido financiamentos da empresas de capital de risco. A performance repetiu-se em

2005 quando, das nove empresas que realizaram oferta públicas iniciais, quatro eram

assistidas por fundo de Venture Capital.

A discussão sobre as fontes de financiamentos a empresas inovadoras torna

imperativo o conhecimento de todo o sistema brasileiro de apoio à ciência, tecnologia e

inovação, que disponibiliza ao setor os recursos não reembolsáveis, sem os quais se torna

praticamente impossível a realização das pesquisas e do desenvolvimento de produtos e

processo novos.

Neste contexto, as incubadoras de empresas, principalmente as de base

tecnológica, exercem papel de destaque no ambiente de inovação. Sua ação aglutinadora

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facilita o processo administrativo gerencial das empresas para a obtenção de recursos e cria

um ambiente ideal de pesquisa.

De outra parte, o estudo dos processos inovativos pode minimizar a incerteza, à

medida que as peculiaridades de cada um deles podem ser repassadas por aprendizado ou

imitação, aumentando as possibilidades de sucesso nas inovações que abordam linhas de

desenvolvimento mais promissoras.

Por todos esses aspectos levantados, e considerando a ausência de trabalhos

abrangentes sobre o tema, reveste-se de importância para o Estado do Ceará um estudo sobre

as empresas inovadoras aqui instaladas. Dentro do universo dessas empresas, a célula mais

representativa é a daquelas incubadas pelo PADETEC, que ,por sua vez, constitui a única

incubadora cearense com projeção nacional e com reconhecidos serviços prestados às

atividades inovadoras do Estado. A realização deste estudo é a proposta do presente trabalho.

1.2 Objetivo geral

Analisar as características das empresas inovadoras assistidas pelo PADETEC,

enfatizando a importância institucional deste e as fontes de financiamento das empresas.

1.3 Objetivos específicos

• Identificar as fontes de financiamento das empresas incubadas pelo PADETEC;

• analisar a contribuição dos financiamentos de capital de risco para as pequenas

e médias empresas inovadoras do Estado do Ceará incubadas pelo PADETEC;

e

• avaliar a participação do PADETEC junto às pequenas e médias empresas

assistidas, visando à obtenção de financiamentos por meio do capital de risco,

bem como sua relevância para o sistema de inovação do Estado do Ceará.

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1.4 Pressupostos

• As pequenas e médias empresas de base inovadora incubadas pelo PADETEC

são financiadas, em parte, pelas atividades de capital de risco;

• O PADETEC funciona como facilitador para a obtenção de financiamentos de

capital de risco por parte das pequenas e médias empresas incubadas e como

uma das principais células do sistema de inovação do Ceará.

1.5 Metodologia

A fundamentação teórica do ensaio está centrada numa análise das principais

características do Sistema Nacional de Inovação. Neste contexto macro, foi destacada a

participação das incubadoras de empresas de base tecnológica - em face da sua importância

para a criação e sobrevivência das pequenas e médias empresas inovadoras - e das fontes de

financiamentos disponibilizadas a essas organizações.

Num plano mais específico, e visando a atingir os objetivos propostos, foram

realizados estudos no âmbito do PADETEC – Parque Tecnológico do Ceará, maior

incubadora de empresas do Estado do Ceará, e das suas empresas assistidas, principalmente

aquelas ainda no período de incubação. Os estudos foram desenvolvidos mediante pesquisa

empírica, seguindo duas etapas:

• na primeira, de natureza qualitativa e documental, foi realizada avaliação

institucional do PADETEC e levantadas as informações indispensáveis à

consecução do trabalho;

• a segunda etapa, efetuada com as empresas incubadas pelo PADETEC, é de

natureza quantitativa e voltou-se principalmente para identificar a origem das

fontes de financiamentos destas empresas, nas fases de incubação e graduação,

bem como a relevância e a importância das fontes oriundas das atividades de

capital de risco. Procurou-se, também, obter informações sobre as condições de

incubação e a efetividade das ações desenvolvidas pelo PADETEC de apoio a

essas empresas.

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O foco no capital de risco justifica-se, como assegura Calazans (2005), porque

este tipo de investimento possui algumas peculiaridades que o situam como estratégico para a

viabilização mercadológica das inovações: compartilha os riscos do negócio; alimenta a

atividade produtiva, produz efeito multiplicador na economia; agrega junto as fontes de

capital, as fonte de informações e o compartilhamento de conhecimentos.

1.6 Estrutura do trabalho

O primeiro capítulo traz uma introdução ao tema estudado e apresenta o objetivo

geral, os objetivos específicos, os pressupostos e a metodologia a ser desenvolvida no presente

trabalho.

No segundo módulo, é feita uma análise do sistema de inovação no Brasil e no

Ceará, abordando-se as ações de apoio e financiamento às empresas inovadoras, por parte dos

Governos Federal e Estadual, por intermédio dos principais organismos ligados à ciência,

tecnologia e inovação.

No terceiro segmento, são estudadas as pequenas e médias empresas inovadoras e

a rede de incubadoras de empresas de base tecnológica, destacando-se a importância das

incubadoras no âmbito do sistema nacional de inovação, as características gerais das pequenas

e médias inovadoras e sua importância para a economia.

No quarto capítulo, são apresentadas as principais características da atividade de

capital de risco e é feita uma abordagem dessa atividade como alternativa de financiamento às

empresas inovadoras.

O quinto e o sexto módulos apresentam os resultados de cada uma das etapas da

pesquisa empírica. No quinto, faz-se uma avaliação institucional do PADETEC, das condições

de incubação das empresas e da importância da incubadora para o sistema de inovação e para

o desenvolvimento do Estado do Ceará. No sexto, são analisadas as empresas incubadas, com

destaque para as fontes de financiamentos e, dentro destas, para o grau de participação e a

relevância daquelas ligadas ao capital de risco.

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2 O SISTEMA BRASILEIRO DE INOVAÇÃO

2.1 Ambiente brasileiro de inovação

O desenvolvimento das atividades inovadoras em todos os países abrange ações

vindas da iniciativa privada e de políticas próprias para o setor, de parte dos poderes públicos.

Na prática, percebe-se que mais importantes do que a atuação, de forma isolada, são as ações

conjuntas de cada uma das pontas – privada e pública – realizadas de forma harmônica e

sistemática.

No âmbito da iniciativa privada, o ambiente de inovação passa por duas vertentes:

a primeira é a existência de novos empreendedores, dispostos a enfrentar os riscos do

desenvolvimento de um novo produto, processo ou serviço, ou de empresas já instaladas, que

se proponham ao desenvolvimento de novos produtos ou da agregação de fatores diferenciais

e inovadores nos produtos já em comercialização; a segunda diz respeito aos investidores

capitalistas, atuando de forma isolada ou coletiva, que se disponham a financiar essas idéias

inovadoras.

Além da efetiva participação no financiamento das atividades inovadoras, por

meio do sistema financeiro oficial, compete ao poder público a tarefa de criar um ambiente

favorável ao desenvolvimento científico e tecnológico, que inclui a formação de

pesquisadores e especialistas, o apoio e incentivo à pesquisa científica, especialmente a

aplicada. Compete ao Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT a coordenação das ações

governamentais voltadas para o incentivo e apoio às atividades de ciência, tecnologia e

inovação, comumente chamadas de atividades de C, T & I.

Esse apoio e incentivo, segundo Emrich (2005), se tornaram mais eficazes nos

últimos 15 anos, com a criação do Ministério da Ciência e Tecnologia. As agências de

fomento firmam-se como instituições de apoio e conjugam os esforços com universidades e

centros de pesquisa. Há forte direcionamento de ações voltadas para empresas nascentes,

principalmente por meio da rede de incubadoras. A dimensão desse crescimento pode ser

verificada mediante a PINTEC – Pesquisa Industrial, Tecnológica e de Inovação, realizada a

cada três anos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, com o apoio da

Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP. A última PINTEC, cujos dados já foram

tabulados (2003), revela que entre 1998 e 2000, do total de empresas nacionais, 31,52%

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iniciaram atividades inovadoras ou incrementaram inovações em produtos ou processos. Esse

mesmo dado, no período entre 2001 e 2003, revela um percentual de 33,26% .

TABELA 1 – Total das empresas brasileiras e das que implementaram inovações, conforme a região, com respectivos tipos de atividades inovadoras

Empresas inovadoras por tipo de inovação

Estados Período

Total de Empresas

Produto Processo

Produto e

Processo Total

1998-2000 72.005 12.658 18.160 8.120 22.698 Brasil 2001-2003 84.262 17.146 22.658 11.768 28.036 1998-2000 41.502 7.241 9.871 4.466 12.647

Região Sudeste 2001-2003 46.922 9.137 11.567 5.980 14.724 1998-2000 26.597 5.144 6.665 3.146 8.664 São Paulo 2001-2003 29.650 5.564 7.298 3.653 9.209 1998-2000 8.272 1.236 1.943 877 2.303 Minas Gerais 2001-2003 10.028 2.248 2.875 1619 3.503 1998-2000 4.661 681 874 342 1.212 Rio de Janeiro 2001-2003 5.468 866 973 432 1.367 1998-2000 1.992 170 390 101 468 Espírito Santo 2001-2003 1.776 460 461 276 645 1998-2000 18.502 3.584 5.197 2.433 6.349

Região Sul 2001-2002 22.245 5.037 6.889 3.534 8.391 1998-2000 7.204 1.468 1.947 1.002 2.413 Rio Grande do Sul 2001-2003 8.273 2.002 2.735 1.432 3.304 1998-2000 6.030 1.036 1.539 685 1.890 Paraná 2001-2003 7.057 1.528 2.165 1.086 2.607 1998-2000 5.268 1.080 1.710 745 2.046 Santa Catarina 2001-2003 6.915 1.507 1.989 1.016 2.480 1998-2000 6.799 1.012 1.813 706 2.119 Região Nordeste 2001-2003 8.194 1.577 2.159 1.083 2.653 1998-2000 1.502 209 367 116 461 Bahia 2001-2003 1.928 346 573 279 641 1998-2000 1.471 359 381 229 511 Ceará 2001-2003 1.785 347 468 212 603 1998-2000 1.411 173 454 141 485 Pernambuco 1001-2003 1.674 304 395 213 485 1998-2000 3.238 516 821 341 995 Região C.Oeste 2001-2003 4.403 857 1.254 715 1.396 1998-2000 1.398 203 364 102 464 Goiás 2001-2003 2.221 428 684 375 737 1998-2000 1.965 305 458 175 588

Região Norte 2001-2003 2.498 538 790 456 872 1992-2000 746 44 123 42 124 Pará 2001-2003 1.106 203 372 197 378 1998-2000 426 160 149 84 225 Amazonas 2001-2003 530 144 175 115 203

Fonte: Pesquisa Industrial - Inovação Tecnológica (PINTEC). Coordenação Geral de Indicadores do IBGE. Nota: foram consideradas as empresas industriais com 10 ou mais pessoas ocupadas, que implementaram produto e/ou processo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado e/ou que desenvolveram projetos que foram abandonados ou estavam incompletos ao fim de 2000.

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A Tabela 1 permite concluir que, diferentemente do que possam alguns pensar, o

Brasil possui tradição no campo da inovação tecnológica. Novos avanços tecnológicos são

permanentemente incorporados pelas empresas. Esses números podem impressionar, contudo

uma revisão no conceito de inovação - dentro do qual foi elaborada a pesquisa - fornece a

correta importância da estatística. Gorgulho (1995, p.18) esclarece que

O conceito de Inovação não abrange apenas os grandes avanços no estado da arte do conhecimento tecnológico (uma inovação radical), mas inclui também pequenas mudanças técnicas (um melhoramento ou inovação incremental), na prática, as inovações radicais e incrementais são intimamente relacionadas, Uma inovação radical abre caminho para uma série de melhoramentos, onde diversos deles podem ter uma influência no sucesso comercial da inovação maior do que na própria descoberta original.

Analisados por outro ângulo, verifica-se que os dados apresentados na tabela 1 -

quantidade de empresas – não guardam correlação com o apoio dado pelo Sistema Financeiro

Nacional às atividades de inovação. Ribeiro (2005) assinala que:

a) o ambiente institucional brasileiro funciona como um dificultador à participação

do sistema financeiro privado no financiamento das empresas inovadoras, especialmente as

que se dedicam à pesquisa de novas tecnologias. Há uma série de restrições a esse tipo de

financiamento, principalmente por causa da “incerteza” do retorno, sem dúvida um

componente relevante em todos eles e da inexistência de garantias reais.

b) já quanto a investidores capitalistas, atuando de forma isoladamente ou através

de fundos de capital de risco, administrados por empresas especializadas, normalmente bancos

de investimentos, o ambiente se mostra mais favorável. Esses investidores acreditam na idéia

inovadora e se tornam, de fato, co-gestores do empreendimento e almejam lucros superiores

aos obtidos nas demais aplicações financeiras. O fortalecimento do mercado acionário nos

últimos 3 anos acelerou esse processo de financiamento à medida que favoreceu um dos seus

aspectos mais complexos que é o desinvestimento dos capitais. As aplicações de risco têm

prazo certo e são voláteis por natureza e uma das formas mais práticas de resolver essa

equação é a partir da abertura de capital das empresas investidas.

2.2 Sistema Nacional de Inovação

Andreassi (2007) informa que o conceito de Sistema Nacional de Inovação foi

criado em 1988 por Christopher Freeman e Richard Nelson, professores das Universidades de

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Sussex e de Colúmbia. Eles conceituam ‘Sistema Nacional de Informação’ como uma

construção institucional, produto de uma ação planejada e consciente ou de um somatório de

decisões não planejadas e desarticuladas, que impulsiona o progresso tecnológico em

economias capitalistas complexas.

Rodrigues et al (2006) estruturam o sistema de inovação brasileiro em dois

grandes eixos: o primeiro analisa a estrutura básica necessária à viabilização da inovação

tecnológica, caracterizando as infra-estruturas e serviços de apoio e incentivo à inovação. O

segundo estuda o nível de produção científica e tecnológica de empresas e centros de

desenvolvimento de ciência, tecnologia e ensino, utilizando para tanto os indicadores

disponíveis relacionados aos sistemas industriais e de educação.

No mesmo trabalho, os autores – que neste particular se utilizam dos ensinamentos

elaborados por Dalhman e Frischtack (1993) - fazem uma síntese do Sistema Nacional de

Inovação em dois grandes períodos: antes e depois de 1990. Essa divisão é justificada pela

ocorrência, no início da década de 1990, de mudanças significativas na política brasileira de

C, T & I, resultando em um novo modelo de assistência e acompanhamento das atividades

inovadoras. Até aquela data, anotam os autores, o Brasil já havia estabelecido um sistema

nacional de C.T& I até sofisticado, se comparado a outros países da América Latina. Esse

sistema, todavia, se apresentava incompleto.

O dado positivo apontado pelos autores era um forte sistema universitário e a

existência de instituições de pesquisa acreditadas, algumas delas de prestígio internacional,

conseqüência dos consideráveis investimentos na pós-graduação e na pesquisa. A produção

científica brasileira com presença significativa no cenário internacional e a acumulação de

conhecimentos em algumas áreas – como a agropecuária, a saúde e a exploração de petróleo –

apresentavam expressivo retorno social e econômico.

O sistema de inovação, ainda segundo Rodrigues et al (2006), não era completo

em face da pequena participação das instituições privadas, em especial das empresas (apenas

350 em 1990, com cerca de 1.200 pesquisadores), no investimento realizado nesta área, da

qual resultava a inexpressiva posição brasileira na atividade de patenteamento; a fragmentação

e a pouca coordenação das atividades relacionadas a C. T& I, dispersas em diferentes setores;

restrições regulatórias e políticas para a importação de tecnologias estrangeiras; e a ainda

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excessiva centralização das ações governamentais na esfera federal. Nesse particular, os

autores mencionam:

O fraco suporte institucional do governo às empresas e um sistema educacional ineficiente, particularmente nos níveis básico e técnico, acabaram por comprometer o desenvolvimento e a aquisição de habilidades tecnológicas da força de trabalho nacional e mantinham as nossas indústrias muito distantes dos níveis internacionais em termos de desempenho e de qualidade e preço dos produtos.

2.2.1 Bases institucionais

Diversos autores descrevem o Sistema Nacional de Inovação, com origem no

que se poderia chamar de sua criação, ocorrida no início dos anos 1950, até os dias atuais. A

presente abordagem recorre aos ensinamentos de Gorgulho (1995), Ávila (2004), Ribeiro

(2005), Castelo Branco (2005), Rodrigues et al (2006), Guimarães (2006) e Andreassi (2007).

Estas informações se encontram disponíveis também nas páginas da WEB do BNDES,

FINEP, BNDESPAR e MCT.

O marco inicial de apoio do Governo brasileiro à inovação e à pesquisa ocorreu

em 1951, com a criação do CNPq – então Conselho Nacional de Pesquisa, hoje, Conselho

Nacional de Desenvolvimento Tecnológico e Científico e da CAPES – Comissão Nacional de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, hoje, Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior. O CNPq, atualmente vinculado ao MCT - Ministério da Ciência e

Tecnologia, tinha como uma das suas premissas o financiamento de projetos de pesquisa. As

duas instituições, porém, se voltaram com maior ênfase à formação de pesquisadores e

especialistas que pudessem suprir as necessidades das organizações voltadas para o

desenvolvimento do País.

Em 1952, o Governo criou como autarquia federal o BNDE – Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico, depois enquadrado como empresa pública federal em 1971,

vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Hoje o conglomerado

chamado “sistema BNDES” é composto pelo próprio BNDES – Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social e pelas suas subsidiárias integrais: a Agência Especial

de Financiamento Industrial - FINAME, cujo objetivo maior é financiar a comercialização de

máquinas e equipamentos, e a BNDES Participações - BNDESPAR, que tem como finalidade

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possibilitar a subscrição de valores mobiliários no mercado de capitais brasileiro. A

BNDESPAR teve, e continua tendo, participação relevante do sistema de inovação brasileiro.

No âmbito do BNDES, nasceram os primeiros instrumentos públicos de

financiamentos voltados para as empresas inovadoras de base tecnológica: O FUNTEC –

Fundo de Desenvolvimento Tecnológico, criado em 1964, o FINEP – Fundo de

Financiamento de Estudos e Projetos, criado em 1965, e o FNDCT – Fundo Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico, criado em 1969. Os três instrumentos tinham

como finalidade o apoio e incentivo à pesquisa científica e tecnológica. O FUNTEC, voltado

para o apoio ao ensino técnico; O FINEP direcionado ao financiamento de projetos e

programas inovadores e o FNDCT destinado a financiar a expansão e consolidação do sistema

de Ciência e Tecnologia (C & T).

Os três instrumentos iniciaram suas atividades atuando isoladamente. Já em 1967

o FINEP ganhou personalidade jurídica própria, virando a FINEP – Financiadora de Estudos

e Projetos. Nessa condição, a FINEP passou a exercer, em 1970, as funções de Secretaria

Executiva do FNDCT e incorporou as funções do FUNTEC. Atualmente a FINEP está

vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

No início da década de 1980, os recursos destinados ao FNDCT diminuíram de

forma considerável, deixando a FINEP praticamente inoperante. Somente em 1985, com a

instalação do Ministério de Ciência e Tecnologia, o FNDCT foi parcialmente recuperado. A

FINEP passou a contar com recursos do FND - Fundo Nacional de Desenvolvimento, para

operações de crédito dentro do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico das

Empresas Nacionais – ADTEN. Na mesma época, a FINEP passou a ser agente financeiro do

PADCT - Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Esse novo

impulso se revelou de muita relevância para setores como a Química, a Biotecnologia e os

novos materiais.

Com a incorporação da FINEP pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, o BNDES

passou a participar do sistema brasileiro de inovação e de financiamento às empresas de base

tecnológica, por meio da sua subsidiária integral - a BNDESPAR.

A BNDESPAR surgiu em 1982 pela fusão de três outras subsidiárias do BNDES,

que atuavam na atividade de capital de risco: A FIBASE – Insumos Básicos S.A., voltada para

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o atendimento a grandes projetos, desenvolvidos principalmente nos setores químico, papel e

celulose, fertilizantes, metalurgia e siderurgia e considerados de importância vital para o

governo; a EMBRAMEC – Mecânica Brasileira S.A., que atendia aos setores de máquinas

pesadas e bens de capital, e a IBRASA – Investimentos Brasileiros S.A., que se destinava ao

atendimento das empresas que produziam bens de consumo.

No início de sua atuação, a BNDESPAR prendeu-se muito mais às vocações

originais da FIBASE e da EMBRAMEC, e voltou sua assistência financeira às grandes

corporações empresariais, que lhe permitiam atender a política desenvolvimentista da época e

obter maior retorno dos capitais pactuados. As empresas dedicadas à produção de bens de

consumo e de inovação tecnológica, grupamento que reunia a quase totalidade das pequenas e

médias empresas, ficou relegado a segundo plano.

A busca das pequenas e médias empresas (muitas das quais voltadas para a

inovação), junto ao BNDESPAR, por financiamentos de longo prazo, dentre eles o de capital

de risco, que dispensava a exigência de garantias reais, fez com que o Governo percebesse a

necessidade de programas governamentais que apoiassem esse tipo de empresa.

Após algumas experiências malsucedidas, em que sempre era solicitada a

intervenção da iniciativa privada, o Governo decidiu, em 1991, criar a CONTEC – Programa

de Capitalização de Empresas de Base Tecnológica – um condomínio sem personalidade

jurídica e de natureza escritural, composto pela própria BNDESPAR, que o administraria, e

pelo capital privado. Essa participação (da iniciativa privada) não ocorreu e, em 1995, a

CONTEC foi transformada no Programa de Capitalização de Empresas de Base Tecnológica.

A sigla foi mantida e as organizações alvo também, ou seja, as de pequeno e médio porte.

Em março de 1985, o Governo criou o MCT, que, a partir de então, passou a ser o

gestor maior de todo o sistema de inovação no Brasil. Sua área de competência abriga: o

patrimônio científico e tecnológico e seu desenvolvimento; a política de cooperação e

intercâmbio concernente a esse patrimônio; a definição da Política Nacional de Ciência e

Tecnologia; a coordenação de políticas setoriais; a política nacional de pesquisa,

desenvolvimento, produção e aplicação de novos materiais e serviços de alta tecnologia.

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As ações do MCT envolvem a participação de todos os setores de sociedade,

classificados como agentes de ciência e tecnologia. Castelo Branco (2005, p.5) classificou

esses agentes intervenientes:

Agentes governamentais – agências reguladoras e outros órgãos do governo federal; governos estaduais e municipais; agências regionais e locais de desenvolvimento, entidades federais, estaduais e municipais de inovação (conselhos e secretarias);

Agentes executantes de atividades de P & D – universidades e escolas técnicas, institutos e centros de pesquisa, redes de tecnologia; outras organizações públicas e privadas de apoio à pesquisa e a inovação tecnológica (associações, institutos e centros de P & D); pequenas e médias empresas ligadas a arranjos produtivos locais (APLs); empresas nascentes e emergentes de base tecnológica (EBTs); empresas líderes e suas cadeias produtivas; organizações de apoio técnico, gerencial e/ou comercial;

Agentes de desenvolvimento – agências de fomento; bancos de desenvolvimento e caixas econômicas; bancos de investimento, instituições financeiras, gestores de fundos de investimento e associações representativas de capital de risco; confederações e associações de empresas e trabalhadores; fundações de amparo à pesquisa (FAPs); organizações não-governamentais;

Agentes de cooperação internacional com foco em atividades de fomento e desenvolvimento.

Além da criação do Ministério da Ciência Tecnologia, no final dos anos 80 e

início dos anos 90 do século XX, ocorreram outros fatores de ordem institucional que se

tornaram definidores no atual Sistema Nacional de Inovação, dentre eles a promulgação da

Constituição Federal de 1988, em cujo texto foi atendida uma boa parte das reivindicações dos

pesquisadores e inovadores ao longo da história da C & T . A Constituição Federal pautou-se

na universidade para pesquisa, alicerçada no tripé ensino, pesquisa e extensão, e na abertura

econômica e de maior inserção do País no mercado internacional, que modificou

substancialmente as condições de funcionamento da economia brasileira.

Desde então, como informam Rodrigues et al (2006, p. 12)

O pais iniciou efetivamente seu processo de modernização e abertura comercial para o mundo, e o tema Ciência, Tecnologia e Inovação (C, T & I) começou a ser vislumbrado como estratégico pelo governo brasileiro. Esta abertura significou o ingresso do Brasil na economia globalizada e possibilitou que o atual fenômeno mundial chamado “tecnonacionalismo” – que combina a forte crença de que as capacidades tecnológicas das empresas de uma nação são o recurso-chave de sua força competitiva, com a crença de que a construção destas capacidades só é possível através de uma atuação orquestrada a nível nacional – atingisse também o nosso país.

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Não obstante as mudanças ocorridas, uma nova crise se desenhava no final dos

anos 1990. O FNDCT e o PADCT voltaram a contar com recursos minguados. Apenas em

São Paulo, a crise foi atenuada, haja vista a atuação da FAPESP – Fundação de Amparo à

Pesquisa do Estado de São Paulo. A reversão da crise começou em 1999, quando o MCT

criou os fundos setoriais de ciência e tecnologia.

Os fundos de C T & I (ciência, tecnologia e inovação), como são conhecidos

atualmente, são instrumentos de financiamento de projetos de pesquisa, desenvolvimento e

inovação e atendem a praticamente todas as áreas de desenvolvimento, tais como:

Aeronáutico, Agronegócio, Amazônia, Aquaviário, Biotecnologia, Energia, Espacial, Hidro,

Informática, Infra-estrutura, Mineral, Petrolífera, Saúde, Telecomunicações e Transportes.

Para o MCT, os fundos setoriais representam o estabelecimento de um novo

padrão de financiamento, sendo instrumentos inovadores de estímulo e fortalecimento do

Sistema de Ciência Tecnologia e Inovação Nacional. Os fundos garantem a estabilidade dos

recursos para a área e criam um modelo da gestão, envolvendo os diversos agentes da

sociedade, além de promover a interação das universidades, centros de pesquisa e o setor

produtivo.

Guimarães (2006. p.36) assim se expressa sobre a importância dos fundos setoriais

na manutenção da política de ciência e tecnologia no País:

A constituição dos fundos setoriais teve por objetivo assegurar, de forma continuada, o suprimento de recursos necessários ao financiamento das atividades científicas e tecnológicas no país. Nesse sentido, convém ter presente o contexto no qual se insere a preocupação com a continuidade desse financiamento, de modo a melhor entender os problemas observados na implementação e na operação desses fundos”

Essa preocupação tem sido, na verdade, uma constante discussão da política de ciência e tecnologia e na pauta de reivindicações da comunidade científica e tecnológica. A preocupação e, em geral, associada à necessidade de evitar incertezas e flutuações no suprimento de recursos a uma atividade de longo prazo de maturação. Reflete-se também na redução, ao longo das décadas de 1980 e 1990, dos recursos públicos destinados às atividades científicas e tecnológicas e, em particular, das dotações do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FNDCT.

À exceção do FUNTEL – Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das

Telecomunicações, os recursos dos demais fundos setoriais compõem o FNDCT e são

operacionalizados pela FINEP, por intermédio de sua secretaria executiva. O modelo da

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gestão dos fundos é baseado na existência de comitês gestores, presididos por um

representante do MCT e integrados pelos representantes dos ministérios afins, agências

reguladoras, setores acadêmicos e empresariais, além das agências do MCT, da FINEP e do

CNPq. Compete aos comitês definir as diretrizes, ações e planos de investimento de cada um

dos fundos. O modelo possibilita a participação de amplos setores da sociedade nas decisões

sobre as aplicações dos recursos e a gestão compartilhada do planejamento, concepção,

definição e acompanhamento das ações de ciência, tecnologia e inovação.

Os fundos setoriais se revelaram instrumentos extremamente eficientes para

cumprimento da política de CT & I. A atuação dos comitês gestores, entretanto, de forma

individualizada, originou distorções no sistema como um todo. Em 2004, foi criado o Comitê

de Coordenação dos Fundos Setoriais, com o objetivo de integrar suas ações. O Comitê é

formado pelos presidentes dos comitês gestores de cada um dos fundos, pelos presidentes da

FINEP e do CNPq e é presidido pelo ministro da Ciência e Tecnologia.

Com a criação do Comitê de Coordenação dos Fundos Setoriais, foi possível a

implantação das “ações transversais”, consideradas estratégicas para o País e que podem ser

financiadas com recursos de fundos setoriais diversos, num mesmo estádio.

Os fundos setoriais, segundo a FINEP (2007), concedem financiamentos

reembolsáveis e não reembolsáveis.

Os financiamentos reembolsáveis são concedidos a instituições que comprovem

capacidade de pagamento e condições para desenvolver C T & I. São três as modalidades de

financiamento:

• financiamento padrão – com encargos financeiros de taxa de juros de longo

prazo (TJLP) + spread de 2% a 5%. Prazos de financiamento e de carência

definidos em função da proposta, limitados a sete e três anos, respectivamente;

• financiamento com equalização de juros – com encargos financeiros reduzidos,

podendo chegar a 100% da TJLP, acrescidos de spread de 2% a 5%; e

• financiamento reembolsável com participação no resultado – as condições de

pagamento são atreladas aos resultados financeiros obtidos pela empresa, com

percentual da receita operacional líquida utilizado no pagamento de encargos

financeiros.

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Os financiamentos não reembolsáveis são destinados a instituições sem fins

lucrativos, em programas e áreas determinadas pelos comitês gestores dos fundos. As

propostas de financiamento ocorrem com origem nas públicas divulgadas no portal do MCT,

da FINEP e do CNPq, cartas-convites ou encomendas especiais. A normatização desses

financiamentos foi decisiva para a criação e ampliação dos instrumentos facilitadores de

inovação, tais como as incubadoras de empresas, criadas, na sua maioria, por iniciativa das

universidades públicas.

Além dos financiamentos, os fundos setoriais podem apoiar as empresas por

intermédio de outros mecanismos, tais como: incentivo fiscal, subvenção econômica,

operações de capital de risco, redução de custos para projetos cooperativos, capacitação de

empresas para receberem investimentos de risco e bolsas RHAE – programa que concede

bolsas a empresas ou instituições que executam atividades de desenvolvimento científico e/ou

tecnológico para empregar especialistas (aprovadas pela FINEP e operadas pelo CNPq).

Os recursos dos fundos setoriais podem ser utilizados em todos os estádios pré-

operacionais. São atendidas todas as etapas do ciclo de desenvolvimento científico e

tecnológico, como a pesquisa básica, pesquisa aplicada, implantação de parque tecnológico,

estruturação e consolidação dos processos de pesquisa. Os fundos financiam, também, o

desenvolvimento e a inovação em empresas já estabelecidas e o desenvolvimento de

mercados.

Por determinação legal, visando ao desenvolvimento integrado de todo o País,

30% dos recursos administrados pelos fundos setoriais são obrigatoriamente aplicados nas

regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do País.

Dentre os fundos de C & T, há o denominado Verde Amarelo, direcionado à

interação universidade-empresa, não estando preso a qualquer atividade especificamente.

Incentiva a implementação de projetos de pesquisa científica e tecnológica de forma

cooperativa entre universidades, centros de pesquisa e o setor produtivo. Estimula a ampliação

dos gastos em P&D realizados por empresas. Apóia ações e programas que reforcem e

consolidem uma cultura empreendedora e de investimentos de risco no País.

As receitas dos fundos setoriais provêm de contribuições incidentes sobre o

resultado da exploração de recursos naturais pertencentes à União, parcela do IPI – Imposto

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sobre Produtos Industrializados de determinados setores e da CIDE - Contribuição de

Intervenção do Direito Econômico incidente sobre os valores que remuneram o uso ou

aquisição de conhecimento.

Além dos fundos setoriais, o MCT disponibiliza ao Sistema de Ciência e

Tecnologia o Fundo Global para o Meio Ambiente – GEF, o Subprograma de Ciência e

Tecnologia – SPPC&T e o Programa de Assistência Técnica ao Crescimento e Equilíbrio

Eqüitativo e Sustentável – PACE.

O GEF funciona como instrumento de cooperação internacional de apoio a

projetos que beneficiem o meio ambiente; o SPC&T é um programa-piloto para a proteção das

florestas tropicais. Promove e dissemina a geração de conhecimentos científicos e

tecnológicos que visem à conservação e ao desenvolvimento sustentável da Região

Amazônica; o PACE oferece apoio técnico às empresas nacionais, com suporte em uma base

adequada de governança e de estabilidade microeconômica, visando a dar ao País um

ambiente mais eqüitativo, competitivo e sustentável.

Estão vinculados ao MCT os institutos de pesquisa: Centro Brasileiro de Pesquisas

Físicas, Centro de Pesquisa Renato Archer, Centro de Tecnologia Mineral, Instituto Brasileiro

de Informação em Ciência e Tecnologia, Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia,

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Instituto Nacional de Tecnologia e Observatório

Nacional.

Com a promulgação da Lei 10.973, de 02.12.2004, chamada Lei da Inovação, o

Governo delineou todo um horizonte altamente favorável ao processo inovador e à pesquisa

científica e tecnológica no ambiente empresarial. A lei é um marco regulatório importante nos

últimos anos. Seus efeitos, contudo, ainda não refletiram significativamente no ambiente de

inovação, uma vez que ainda depende, em muitos aspectos, de regulamentação específica.

A Lei da Inovação foi alterada pela Lei 11.196/05 que, na prática, inicia a

regulamentação da primeira, abordando os aspectos ligados aos incentivos à inovação. Os

incentivos são associados aos gastos de capital (aquisição de máquinas e equipamentos, de

inversões fixas) referentes à atividade de P & D, à inovação tecnológica e às despesas com

pesquisas tecnológicas. Ocorrem, em sua maioria, na forma de abatimentos do IRPJ – Imposto

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de Renda Pessoa Jurídica e na Contribuição Social sobre o Lucro Líquido devidas pelas

empresas.

A Lei nº 10.332/01, ainda em vigor, prevê incentivos relativos às despesas de

custeio na execução de programas de desenvolvimento tecnológico industrial (PDTI) ou

Programa de Desenvolvimento Tecnológico Agropecuário (PDTA). O mesmo diploma legal

concede equalização de encargos financeiros incidentes sobre operações de financiamento a

inovação tecnológica, com recursos da FINEP.

Além dos fundos setoriais, outras iniciativas no âmbito da FINEP, do BNDES e de

outros organismos envolvidos com a política de ciência e tecnologia têm se mostram-se

importantes instrumentos de consolidação do Sistema Brasileiro de Inovação. Dentre essas

iniciativas, destaca-se o PROJETO INOVAR.

2.2.2 Projeto Inovar

As pequenas e médias empresas brasileiras enfrentam grandes dificuldades na

obtenção de financiamentos junto a bancos comerciais e de investimentos. As análises de

crédito estão sempre condicionadas às condições de pagamento em função do desempenho

passado e a existência de garantias reais. Para vencer esses obstáculos as pequenas e médias

empresas, notadamente as inovadoras de base tecnológica, recorrem aos financiamentos de

capital de risco, por meio de investidores isolados, pessoas físicas ou de fundos de

investimento em capital de risco.

A prospecção desses capitais revelou-se um trabalho por demais burocratizado.

Sem meios para divulgar suas idéias e com elas atrair os investidores, as pequenas e médias

empresas de base tecnológica, sobretudo as emergentes, não tinham acesso também a esse

mercado.

Com sucedâneo no diagnóstico efetuado pela FINEP - Quadro 2 - realizado em

meados de 1999, constatou-se a viabilidade do mercado de capital de risco no Brasil. Havia a

oferta (investidores interessados em aplicar seus capitais em empresas inovadoras), a demanda

(constante criação e desenvolvimento de novos negócios de alta tecnologia em busca de

capitais que os financiassem) e um ambiente econômico que fornecia todas as condições

subjacentes ao desenvolvimento desse mercado.

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ASPECTOS

OBSERVADOS DADOS DIAGNOSTICADOS

OFERTA

1. Existiam poucos investidores de capital de risco operando no País, especialmente Fundos de Empresas Emergentes, o veículo tradicionalmente mais utilizado no segmento de capital de risco;

2.A participação de investidores institucionais, especialmente os fundos de pensão, como investidores dos fundos de capital de risco era extremamente baixa em comparação com o seu potencial e com o observado em outros países;

3. Diversos gestores de fundos encontravam-se em processo de captação, com grandes dificuldades para sensibilização dos investidores institucionais e fechamentos de fundos;

4. Os fundos em operação haviam realizado um volume de investimento muito inferior às suas disponibilidades e com poucos negócios na área de tecnologia, especialmente em empresas de estágios iniciais ( seed money e star-ups)

DEMANDA

1. O País apresenta um alto nível de atividade científica e tecnológica, no entanto, o fluxo de criação de novas empresas de tecnologia relativamente pequeno em comparação com as potencialidades do País na área científicas e tecnológica;

2. Detectava-se uma ausência de canais de acesso entre empreendedores de tecnologia e investidores de risco;

3. Não existiam mecanismos disponíveis aos investidores para identificar negócios de alto potencial tecnológico;

4. As empresas de alta tecnologia ainda possuíam pouco conhecimento sobre o capital de risco como alternativa de financiamento;

5. As empresas de tecnologia apresentam carência de capacitação gerencial para o desenvolvimento saudável de seus negócios

AMBIENTE

1. As condições macroeconômicas vêm se mostrando mais favoráveis, com estabilização da economia e taxas de juros com tendência declinante;

2. Desde 1994, existe uma regulamentação para Fundos de Empresas Emergentes, em aperfeiçoamento;

3. Observa-se uma ausência de mecanismos de liquidez ou saída para investidores;

4. A cultura sobre capital de risco ainda é pouco desenvolvida;

4. Existe uma carência de instituições profissionais especializadas nessa atividade. QUADRO 2 – Diagnóstico da situação do mercado de capital de risco para empresas de base tecnológicas brasileiras, que fundamentou a criação do PROJETO INOVAR. Fonte: livre adaptação do relatório de gestão/2005 da FINEP para o projeto INOVAR, disponível em www.finep.gov.br/numeros_finep/relatorios_inovar/inovar_ini.asp?codSessãoNumerosFinep-4, em 31.03.2007.

Com base nesse diagnóstico, segundo Ávila (2005), a FINEP criou o projeto

INOVAR, lançado em maio de 2000, que se propõe fundamentalmente a ser uma ponte para

solução das dificuldades de obtenção de crédito por parte das pequenas e médias empresas de

base tecnológica, ou seja, propiciar condições a essas empresas de serem assistidas por meio

dos financiamentos de capital de risco.

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Ávila (2005) menciona que os objetivos do Inovar prevêem a articulação com

agentes privados, principalmente os de capital de risco, dispostos a investir em empresas

inovadoras, e o oferecimento de uma estrutura físico-operacional (ambiente de negócio) que

propicie o encontro e o desenvolvimento do negócio entre investidos e investidores;

organização de parcerias com outras instituições, que venham a permitir a aplicação de

recursos não reembolsáveis nas diversas modalidades de financiamento da pesquisa aplicada e

serviços complementares que viabilizem a criação e a incubação de empresas de base

tecnológica; consecução de amplas parcerias institucionais que proveja acesso à informação e

serviços complementares de qualidade em apoio á criação, à incubação e à capitalização de

empresas de base tecnológica.

Um dos instrumentos vitais para o bom desempenho do INOVAR foi a resolução

209, da Comissão de Valores Mobiliários, de 25 de março de l994, depois alterada pelas

resoluções 225/94, 236/95, 246/96, 253/96, 363/02 e 368/02, que dispõe sobre a constituição,

o funcionamento e a administração dos fundos de investimentos em empresas emergentes

(FMIEE). A resolução definiu conceito de empresas emergentes, estabeleceu que o resgate de

quotas é função direta da realização dos investimentos (condomínio fechado) e se transformou

num dos pilares para a criação do INOVAR. O projeto é operacionalizado pela FINEP

mediante os instrumentos sintetizados no Quadro 3.

INSTRUMENTOS OBJETIVO

Portal Capital de Risco Brasil

Capacitação empresarial, por meio de artigos, resenhas, legislação e acesso a outras páginas que contenham informações da mesma espécie.

Fórum Brasil de Capital de Risco e Fórum Brasil

Abertura de Capital

Negociação de investimentos entre empreendedores em busca de capital de risco e os investidores interessados em aplicar os seus capitais em empresas inovadoras.

Incubadoras INOVAR

Consórcio entre FINEP, SEBRAE, FUMIN (Fundo Multilateral de Investimentos do BID), BOVESPA – Bolsa de Valores de São Paulo e alguns fundos de pensões, como o PETROS (Fundação Petrobrás de Seguridade Social) e mais recentemente o FUNCEF (Fundação dos Economiários Federais) e a PREVI (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil), que se propõe capitalizar fundos de investimentos que apliquem em empresas emergentes de base tecnológica. Compete à Incubadora estimular as melhores práticas na seleção de fundos, coordenar os esforços de due diligence e disseminar a metodologia de análise

Quadro 3 – Instrumentos utilizados pelo Projeto Inovar. Fonte: FINEP. http://www.finep.gov.br/programas/programas_ini.asp. Acesso em 22/05/2007. Livre adaptação do autor.

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De outubro de 2000 até dezembro de 2006, foram realizados 15 fóruns de capital

de risco, em diversas capitais brasileiras, em ambientes que contaram com a participação de

cerca de 200 empreendedores interessados em financiamentos de capital de risco.

Guimarães (2006) informa que nos doze primeiros encontros, foram apresentadas

137 empresas inovadoras de base tecnológica a um público de 50 investidores, em média, por

evento. Foram concretizados investimentos de capital privado em 22 empresas, em um

montante de R$ 142,3 milhões, havendo, ainda 47 negociações em andamento.

Os fóruns, segundo o autor, além de favorecerem as empresas que buscam

financiamentos de capital de risco, revelam-se importantes, pela oportunidade que oferecem às

diversas empresas de ingressar na Bolsa de Valores de São Paulo. Durante os eventos os

empresários apresentam seus planejamentos e estratégias, visando à abertura de capitais e ao

ingresso na BOVESPA. Até outubro de 2006, cerca de 25 empresas já tinham participado dos

fóruns com esse objetivo, sendo que 5 delas já ingressaram na Bolsa.

Outro aspecto relevante, continua Guimarães (2006), é a participação da PREVI –

Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil no projeto de incubadoras

INOVAR, que ratifica a importância desse projeto. Responsável pela administração de um

patrimônio de R$ 88 bilhões, a PREVI é referência para todos os cerca de 350 fundos de

pensão em operação hoje no País. A sua participação no projeto além de trazer investimentos

diretos, reveste a incubadora de prestígio e direciona a atenção para uma nova modalidade de

ativos que ganha espaço a cada dia.

Em dezembro de 2005, a FINEP lançou o Programa INOVAR SEMENTE, que de

acordo com a própria FINEP (2007), se propõe a apoiar empresas inovadoras nascentes, ainda

dentro de incubadoras ou universidades. O programa, segundo a Financiadora, vai investir R$

300 milhões nos próximos seis anos, sendo que 40% desse valor vêm da própria FINEP,

outros 40% serão aplicados por um agente local e 20% de um investidor privado. Para garantir

a participação de investidores pessoa física, conhecidos no mercado como “anjos capitalistas”,

o projeto INOVAR SEMENTE garante que, caso os investimentos não alcancem o sucesso

desejado, o valor nominal por eles aportado será devolvido.

Os investimentos ficarão limitados, por empresa, entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão.

Os fundos serão organizados por cidades, privilegiando aquelas com vocação tecnológica. Há

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uma meta de se criar 24 fundos com patrimônio entre R$ 10 e R$ 12 milhões. As empresas

beneficiadas terão que ser necessariamente de pequeno porte (FINEP, 2007).

2.2.3 Programa Pró-Inovação e Programa Juro Zero

A FINEP lançou em 2005 dois projetos especiais visando ao atendimento às

empresas inovadoras.

O Programa PRO-INOVAÇÃO se propõe a incentivar (FINEP, 2007),

projetos:

• que resultem em aumento da competitividade da empresa, no âmbito da atual

Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior – PITCE;

• que resultem em aumento nas atividades de pesquisa e desenvolvimento

tecnológico (P&D) realizados no País e cujos gastos em P&D sejam

compatíveis com a dinâmica tecnológica dos setores em que atuam;

• de inovação que tenham relevância regional ou estejam inseridos em arranjos

produtivos locais (APLs);

• que resultem em adensamento tecnológico e dinamização das cadeias

produtivas;

• que resultem em parceria com universidades, instituições de pesquisa e/ou

outras empresas;

• que contemplem a criação ou expansão, em no mínimo 10% das equipes de P

& D. com a contratação de pesquisadores pós-graduados, com titulação de

mestre ou doutor; e

• cujas atividades estejam inseridas em segmento industrial priorizado como

estratégico na PITCE: semicondutores/microeletrônica, software, bens de

capital, fármacos/medicamentos, biotecnologia, nanotecnologia, biomassa.

O Programa JURO ZERO foi criado com a finalidade de estimular o

desenvolvimento das micro e pequenas empresas inovadoras nos aspectos

gerenciais, comerciais, de processos ou de produtos/serviços, viabilizando o

acesso ao crédito por parte destas sociedades. O empréstimo, como informa o

nome do projeto, é sem juros e pode ser reposto em até 100 prestações.

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Iniciado pelo Paraná, o projeto JURO ZERO já se estende por diversos estados

brasileiros.

2.2.4 Atuação do SEBRAE

O SEBRAE, criado em 1972, com atuação nacional, desempenha papel relevante

junto ao segmento de empresas de pequeno porte. Promove a capacitação; faz a ligação entre

essas empresas e os mercados consumidores; e organiza feiras e rodadas de negócios. Por

meio de inúmeros programas promove ações que visam, fundamentalmente, a geração de

emprego e renda. A unidade de acesso à inovação e tecnologia do SEBRAE fornece aos micro

e pequenos empreendedores as primeiras orientações sobre como desenvolver seus projetos.

Dentro do seu objetivo fundamental, conforme destaca o próprio SEBRAE (2007),

está a administração, em conjunto com a FINEP, do PATME - Programa de Apoio

Tecnológico às Micro e Pequenas Empresas, que propicia que as MPE acessem os

conhecimentos existentes no País, mediante de consultorias, de forma que possam elevar o seu

padrão tecnológico. São apoiados:

• projetos do tipo “A” – voltados para o aperfeiçoamento e racionalização de

produtos, equipamentos de produção, de métodos e processos produtivos, de

linha de produção, de modelagem e design do produto e do uso de energia;

• projetos tipo “B” - que visam ao desenvolvimento de novas tecnologias de

produtos e de processos produtivos na empresa; apoio aos E.V.T.E – estudo de

viabilidade técnica e econômica do processo e do produto; e

• projetos tipo “C” - voltados para projetos que envolvem conhecimentos

técnicos e científicos, com o objetivo de desenvolver novo produto, inovador,

para o qual exista interesse no mercado.

Por suas características de apoio às micro e pequenas empresas, os recursos

disponibilizados pelo SEBRAE normalmente são de pequena monta. As empresas assistidas

pela PATME, receberam, no máximo, R$ 30.000,00, o que não poderá exceder a 70% de todo

o projeto Financiado.

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43

2.3 O Sistema de Inovação do Ceará

O Sistema de Inovação do Estado do Ceará, até 1990, constituía apêndice do

sistema no plano nacional. Desde esse ano, algumas ações localizadas, sempre no âmbito dos

órgãos públicos, começaram a mudar essa realidade.

Com arrimo em colhidos na página da WEB da Secretaria de Ciência e Tecnologia

do Estado do Ceará (2007), é possível identificar-se algumas dessas mudanças:

a) a criação da própria Secretaria de Ciência e Tecnologia e Ensino Superior –

SECITECE, onde foram agrupadas sob uma mesma coordenação as diversas instituições que

se ocupavam com assuntos ligados a Ciência e Tecnologia, a maioria das quais na área de

treinamento e orientação a empreendedores que buscavam a implementação de empresas de

base tecnológica e a formação de pesquisadores e especialistas. Antes da criação da Secretaria,

as ações governamentais para o segmento podiam estar atreladas a qualquer das secretarias.

Ficaram sob a coordenação da SECITECE a Universidade Estadual do Ceará, a Universidade

Estadual Vale do Acaraú – UVA, a Universidade Regional do Cariri – URCA, a Fundação

Núcleo de Tecnologia Industrial – NUTEC, a Fundação Cearense de Apoio ao

Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FUNCAP, a Fundação Cearense de

Meteorologia – FUNCEME, o Instituto Centro de Ensino Tecnológico – CENTEC e o

Instituto de Software do Ceará – INSOFT;

b) a composição do Sistema Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, sob a

coordenação da SECITECE, definido na Política de Desenvolvimento Econômico do Estado

do Ceará e com o objetivo de promover a expansão e consolidação do próprio sistema, com

ênfase na inovação, bem como incentivar e intensificar suas inter-relações com o setor

produtivo local, mediante a pesquisa e o desenvolvimento, difusão de tecnologia e

conhecimento e formação de capital humano. O sistema prevê a interação dos organismos

estaduais com outras organizações de âmbito nacional, como SEBRAE e SENAI, com os

principais órgãos do Sistema de Inovação Brasileiro, como a FINEP e o BNDES, com o

Banco do Nordeste do Brasil – BNB, com a Universidade Federal do Ceará e com a Federação

das Indústrias do Estado do Ceará – FIEC;

c) a criação, no âmbito da Universidade Federal do Ceará - UFC, em 1991, do

Parque Tecnológico do Ceará – PADETEC, que abriu espaço para empresas inovadoras, e

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reformulação do Instituto Centro de Ensino Tecnológico do Ceará - CENTEC, como braço da

Universidade Estadual do Ceará - UECE, que se encarrega da formação de jovens nas áreas

técnicas e científicas;

d) a estruturação, em 2002, da Rede de Incubadoras do Ceará – RIC, também

vinculada à Secretaria de Ciência e Tecnologia, que se propõe agregar todas as incubadoras

efetivamente em atuação no Estado do Ceará, tais sejam o PADETEC, o PARTEC – Parque

Tecnológico do NUTEC, a INCUBASOFT – Incubadoras de Software, além da

LUBNOR/Petrobrás, bem como de todas as empresas de base tecnológica vinculadas a cada

uma dessas incubadoras. À RIC compete fortalecer a inovação tecnológica e as empresas de

base tecnológica de origem cearense, tanto residentes quanto associadas e graduadas e manter

parcerias com CNPq, FINEP e ANPROTEC – Associação Nacional de Entidades Promotoras

de Empreendimentos de Tecnologia Avançada;

e) a nova Política de Desenvolvimento Econômico do Estado do Ceará,

promulgada pelo Governo do Estado em 2003, onde foram inseridas medidas direcionadas ao

incentivo e financiamento a empresas inovadoras, de base tecnológica. As ações se estendem

desde o apoio às instituições de pesquisa até a criação de fontes e meios de financiamento a

essas empresas, mediante a criação de incubadoras e de convênios firmados com entidades

nacionais e locais, voltadas para o atendimento às empresas de base científica, principalmente

as pequenas e médias.

Sob a óptica de investidores capitalistas dispostos a aplicar seus capitais em

empresas inovadoras, o ambiente cearense fica quase totalmente dependente do cenário

nacional, o que não impediu a participação de recursos próprios dos empresários que se

decidiram pela instalação das empresas inovadoras, ainda que em pequena monta.

No contexto do Sistema Nacional de Inovação, as incubadoras de empresas

cumprem papel relevante. Essa relevância é ainda maior no caso das incubadoras de base

tecnológica, a maioria delas surgidas no interior das universidades. Esses organismos

funcionam como células aglutinadoras das PME de base tecnológica, oferecendo-lhes

ambiente físico propício ao desenvolvimento de pesquisas, mão-de-obra qualificada, além de

desobstruir o caminho dessas empresas para obtenção dos recursos financeiros indispensáveis

à consecução dos seus objetivos. As pequenas e médias empresas inovadoras do Ceará, alvo

do presente estudo, dispõem desse apoio por intermédio do PADETEC.

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3 AS EMPRESAS INOVADORAS E A REDE DE INCUBADORAS DE EMPRESAS

As ações desenvolvidas no âmbito institucional pelo Sistema Nacional de

Inovação, vistas de forma isolada, não ensejam o desenvolvimento tecnológico nem o

crescimento do País. A aplicabilidade dessas ações, que resulta no crescimento esperado,

depende da existência de empreendedores que reúnam conhecimento, capital e trabalho e

apliquem esses recursos na realização de novos produtos ou processos inovadores, ou que se

disponham a aprimorar e/ou enriquecer tecnologicamente produtos ou processos em curso.

O acesso desses empreendedores ao Sistema Nacional de Inovação requer a

constituição de entes jurídicos - na maioria dos casos, empresas de pequeno e médio porte -

que se habilitem a participar das ações de apoio e incentivos disponibilizadas pelo Sistema,

bem como a outras fontes de financiamento originadas na iniciativa privada. Agindo de forma

coletiva, por meio da rede de incubadoras de empresas, essa participação se torna menos

burocrática e mais eficaz.

Assim, as pequenas e médias empresas inovadoras e as incubadoras de empresas

se revestem de significativa importância para a funcionalidade do próprio Sistema Nacional de

Inovação.

3.1 Empresas inovadoras

3.1.1 Inovação, invenção e incerteza

Para Gorgulho (1995) e Ribeiro (2005), a caracterização do que seja inovação ou

das empresas como inovadoras passa pelo entendimento de pelo menos dois conceitos:

primeiro é a diferenciação entre inovação e invenção. Inovar, no sentido mercadológico da

palavra, não é o mesmo que inventar ou criar algo. O segundo diz respeito a incerteza. Pela

inovação, obviamente, perpassa a incerteza. Porém esta não pode funcionar como a

propulsora da inovação.

A invenção é a criação de algo ou de alguma coisa que pressuponha a mudança de

produtos, processos de produção ou processos organizacionais. Pode ocorrer de forma

científica ou empírica. Essas criações podem permanecer muito tempo sem utilização e, como

tal, não afetar a ordem econômica. Ocorre em único momento. É aquela ocasião em que se

consegue comprovar, mediante testes laboratoriais ou pela simples verificação de utilidade e

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serventia, a praticidade de uma idéia nova, sem, contudo, transformar essa idéia num fator

econômico.

A distinção entre inovação e invenção baseia-se no impacto econômico. A maioria

dos autores define a inovação como a primeira introdução de um produto, processo ou sistema

na atividade comercial ou social de um país. Marques (2004, p.6) define inovação como “a

primeira vez que se aplica ou se introduz novos conhecimentos, em novos produtos, processos

produtivos ou formas organizadas de gestão”.

Gorgulho (1995, p.18), deixa claros esses conceitos:

A inovação no sentido econômico, é realizada apenas no momento da primeira transação comercial envolvendo o novo produto ou tecnologia, embora este termo seja usado também para descrever o processo como um todo. Em outras palavras, a inovação envolve a comercialização de uma mudança tecnológica, enquanto a invenção é apenas um elemento, embora importante, em todo o processo.

A definição de inovação aparece sempre ligada à visão de processo; da

combinação de recursos para geração de produtos, de outros meios de produção, de mercados,

matérias-primas e formas organizacionais. Inovação é ação, não apenas idéia, envolve

mudanças (radical ou incremental), deve ser vista como um aperfeiçoamento e orientada a

objetivos, sendo um conceito atrelado aos objetivos do empreendimento.

Andreassi (2007, p.2) explica:

A inovação de produto ocorre quando a empresa introduz um novo produto ou serviço na sua linha de produção, ou faz uma melhoria substancial em um produto ou serviço já existente. Já a inovação de processo diz respeito à introdução novos processos produtivos ou alterações em processos já existentes. Quando as inovações de produto ou processo são acompanhadas pela inserção de novas tecnologias – isto é, conhecimento científico e empírico empregados em qualquer ramo de atividade - , dizemos que ocorreram inovações tecnológicas. A Introdução do telefone celular é um exemplo de inovação de produto; já a automação e a robotização das linhas de montagens das indústrias automobilísticas são um típico exemplo de inovação de processo.

Passar da invenção (idéia criadora) até à inovação (transformação da idéia criadora

em um fator econômico de sucesso) requer a adoção de uma série de atitudes e predisposições

pessoais dos inovadores, e de uma seqüência de passos que começam com a análise das

possibilidades ou condições favoráveis à transformação daquilo criado em algo viável

economicamente (mercado), passando pela obtenção de meios materiais, financeiros e

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logísticos que viabilizem esse desenvolvimento (equipe e dinheiro) até chegar ao estádio de

venda/aplicação prática daquilo que foi criado (inovação propriamente dita) e à manutenção e

crescimento das condições ideais de venda/aplicação, de modo a originar lucros (gestão).

Atitudes e predisposições pessoais voltadas para a inovação são definidoras para o

sucesso de qualquer empreendimento inovador. As pessoas voltadas para a inovação precisam

ser criativas, perspicazes e, acima de tudo, perseverantes. Não podem ser elas próprias a fonte

de incertezas do projeto. Nesse particular, os conceitos de inovador e empreendedor se

confundem. Schumpeter (1934) citado em Hisrich e Peter (2004, p.16) assinala que“ o

empreendedor é um inovador e desenvolve tecnologia que ainda não foi testada”.

No ordenamento legal, o Decreto Lei 10.973, de 11 de outubro de 2006, que

regulamentou a Lei 10.973, de 2 de dezembro de 2004, chamada de Lei da Inovação, traz

algumas definições importantes à aplicação do seus dispositivos. No diploma legal, o termo

invenção é substituído pelo vocábulo criação.

Segundo a Lei da Inovação (10.973, de 02.12.2004)

• Agência de fomento: órgão ou instituição de natureza pública ou privada que tenha entre os seus objetivos o financiamento de ações que visem a estimular e promover o desenvolvimento da ciência;

• Criação: invenção, modelo de utilidade, desenho industrial, programa de computador, topografia de circuito integrado, nova cultivar ou cultivar essencialmente derivada e qualquer outro desenvolvimento tecnológico que acarrete ou possa acarretar o surgimento de novo produto, processo ou aperfeiçoamento, obtida por um ou mais criadores;

• inovação: introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou social que resulte em novos produtos, processos ou serviços;

• Instituição Científica e Tecnológica - ICT: órgão ou entidade da administração pública que tenha por missão institucional, dentre outras, executar atividades de pesquisa básica ou aplicada de caráter científico ou tecnológico.

Da definição legal compete comentar que criatividade e inovação também são

conceitos diferentes: criatividade é alimento para a inovação, mas não é tudo. É a capacidade

de pensar de maneira diferente, possibilita ver novos rumos e entendê-los. Inovação é a

capacidade de seguir esses novos caminhos.

Todos os passos da transição invenção/inovação possuem como um dos

componentes fundamentais a incerteza; incerteza quanto à viabilidade de transformação da

idéia em algo prático e útil que possa ser comercializado (incerteza de base tecnológica),

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incerteza quanto à obtenção de meios e de financiamento (incerteza econômica) e incerteza

quanto ao sucesso do empreendimento (incerteza de mercado):

a) a incerteza de base tecnológica é própria da inovação e peculiar a cada tipo de

produto ou processo inovador. Reduz-se a cada etapa cumprida do desenvolvimento, embora

jamais seja eliminada totalmente. Não se extingue apenas com a realização de um teste que

comprove (ou não) o funcionamento do produto ou a aplicabilidade da idéia inovadora;

b) as incertezas econômicas são inerentes a qualquer tipo de empreendimento.

Para os de natureza inovadora, ela é mais forte. As fontes de financiamento, em geral, se

tornam ainda menos acessíveis, pois elas próprias consideram, nas decisões de financiamento,

as incertezas de base tecnológica e as incertezas de mercado; ou seja, a análise de crédito às

empresas inovadoras carrega esses componentes adicionais; e

c) a incerteza de mercado não se extingue com a redução ao ponto mínimo das

incertezas tecnológicas. Ela supera essa etapa e vai mais longe. Está embutida em outros

aspectos fundamentais como custos, marketing, distribuição, mudanças de hábito de consumo

e uma infinidade de outras ocorrências que podem inviabilizar a venda/aplicação de algo

considerado (e testada como viável) inovador.

Gorgulho (1995, p. 20), ensina que “além de tipos de incertezas diferentes, as

inovações possuem diferentes intensidades de incerteza”. O autor menciona que Freeman

(1982) divide a incerteza em vários graus, associados aos diferentes tipos de inovação. Esses

graus, em ordem decrescente, são os seguintes:

• incerteza real – pesquisa básica e invenção; • incerteza muito alta ´inovações de produto e de processo radicais fora da

empresa; • incerteza alta – inovações de produto relevantes e inovações de processo

radicais na própria empresa; • incerteza moderada – novas gerações de produtos existentes; • incerteza baixa – inovações licenciadas, imitação de inovações de

produto, modificações de produto ou processo, primeira adoção de processos já existentes;

• incerteza muito baixa – novo “modelo” , diferenciação de produto, implementação de inovação de produto já existente, adoção posterior de inovações de processo já existentes, pequenos melhoramentos técnicos.

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E Gorgulho (1995, p.21 ) completa:

Em suma, embora em graus diferentes, a incerteza é um dos principais elementos relacionados à atividade inovativa, que possui, por este motivo, algumas peculiaridades. Uma delas refere-se às suas possibilidades de financiamento. Freeman (1982) observa que, mesmo no caso das inovações com nível de incerteza mais baixos, apenas uma pequena proporção delas é financiada através de captação de recursos nos mercados de capitais, A forma mais comum de financiamento do processo inovativo é através da reinversão de lucros gerados pela própria empresa.

As reflexões de Gorgulho (1995), suportadas nas afirmações de Freeman (1982),

enquadravam-se perfeitamente à época, mas permanecem atuais apenas em parte, no Brasil.

Apesar de o mercado de capitais ainda ser praticamente inacessível às pequenas e médias

empresar inovadoras, existe abertura bem maior desde a existência de programas como o

BOVESPA MAIS, detalhado adiante. Quanto às demais fontes de financiamento, pode-se

asseverar que as onerosas (financiamentos bancários) continuam altamente inviáveis em

função do ambiente econômico-institucional brasileiro. As fontes oriundas das atividades de

capital de risco, todavia, tiveram impulso considerável nos últimos l0 anos e favoreceram, em

muito, as atividades de inovação no Brasil.

3.1.2 Resistência a mudanças, riscos e tamanho da empresa.

Pela sua definição, a inovação é desafiadora e contém um ou mais componentes

não totalmente previsíveis. Produz medo e desconfiança. Encerra resistência interna na

empresa. Quando a empresa nasce em função da idéia criadora, como ocorre normalmente nas

incubadoras, essa resistência não existe. Se a empresa já está em atividade e pretende inovar

em algo, nem sempre ocorre o consenso entre os seus gestores. O inovador, no caso, tem que

ser convincente o bastante para afastar os temores normais do processo inovador. Se uma

empresa jamais inova, tende ao declínio. De outra parte, aquelas resistentes a mudanças

mudam tardiamente, quando o fato se torna inevitável.

Toda mudança traz riscos. No caso de mudanças inovadoras, esse risco é, por

definição, maior. A maioria deles decorre das incertezas estudadas anteriormente. As

incertezas, todavia, fazem parte da inovação. Não podem é ser consideradas como

componentes definidores dela. Existem ainda os riscos de natureza operacional, ligados às

pessoas a aos sistemas. O importante é que o inovador ou a empresa inovadora tenha

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consciência e conhecimento desses riscos, inerentes ao processo, e possuam mecanismos que

possam ser acionados à iminência de ocorrer qualquer deles.

Uma empresa pode crescer via aquisição de novas empresas, de carteira de

clientes, de uma nova linha de produtos já testados e até pela compra de capacidade produtiva.

A outra forma de crescer é organicamente, ou seja, com esteio em suas ações, sem a aquisição

de algo já pronto. É nesse tipo de crescimento que a inovação possui enorme relevância. A

inovação não é a única forma, mas é sem dúvida a melhor e a mais eficaz, de fazer a empresa

crescer de maneira orgânica.

A discussão sobre o tamanho da empresa e a inovação pode ser feita sob dois

ângulos: o primeiro quanto às possibilidades e condições de instalação de um processo de

inovação dentro das empresas, considerando o conceito quantitativo; o segundo se refere a

conceitos qualitativos oriundos da implantação de inovação nas empresas, conhecidas como

vantagens inovativas.

Gorgulho (1995), aborda os dois aspectos:

a) sob o prisma quantitativo, menciona as considerações de Schumpeter. Segundo

o autor, em seus trabalhos iniciais Schumpeter imprimiu grande ênfase ao papel extremamente

relevante do empreendedor, no nascimento do processo inovador. Mais tarde, apontou a

internalização de boa parte da atividade de inovação dentro da empresa, fazendo com que o

impulso individual fosse substituído pelo gerenciamento burocrático e a grande empresa se

tornasse o principal veículo para a inovação na economia.

Por fim, Gorgulho (1995, p. 50) aponta fatores que inviabilizam a determinação de

onde a inovação será mais bem-sucedida, na pequena ou grande empresa. Para ele:

A maior dificuldade nesse tipo de análise é a subjetividade da definição de variáveis relevantes. Normalmente são utilizadas informações como o número de inovações relevantes, definidas através de entrevistas com especialistas de cada área, ou o número de registros e patentes.

Contudo, muitas vezes, a qualidade da inovação, em seu grau de originalidade e sua inserção mercadológica demonstraram-se tão ou mais importante que o número de patentes ou licenças para a produção de bens e serviços. Além disso, o conceito de inovação significante é muito subjetivo. Normalmente considera-se apenas a primeira utilização, mesmo nos casos em que as aplicações posteriores foram mais importantes do que as originais. Adicionalmente, são desconsideradas as inovações incrementais, isto é, os

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contínuos melhoramentos de produto e processo, que se seguem às principais inovações; e

b) com relação às vantagens inovadoras ou aspectos qualitativos, constata

Gorgulho (1995, p.52):

As empresas menores apresentam como vantagens uma maior flexibilidade, permitindo uma boa comunicação interna e um estilo gerencial mais dinâmico. Sua maior concentração do esforço gerencial é de extrema importância, permitindo um casamento eficiente entre as decisões de produção e marketing, de um lado, e de P & D, de outro. Além disso, estas empresas apresentam prazos e custos de desenvolvimento menores, em função de um processo de tomada de decisão mais rápida. As PME também se caracterizam por uma maior rapidez de resposta às mudanças técnicas e de mercado, além de uma maior propensão de aceitar riscos.

Por outro lado, as PME também apresentam algumas características que se constituem em desvantagens do ponto de visto do processo inovativo. Entre elas, encontram-se uma carência de pessoal técnico qualificado, inclusive no que tange à capacidade gerencial, uma escassez de recursos para financiar investimentos em P & D e outros esforços de alto risco e uma ausência de economia de escala no marketing e distribuição. È justamente nestes aspectos que as vantagens das grandes empresas são baseadas.

De um modo geral, as grandes empresas apresentam vantagens quando o processo inovativo é caracterizado por uma elevada necessidade de recursos e uma organização do trabalho mais complexa. Além disso, estas firmas tem maior facilidade para atrair profissionais mais qualificados, pela possibilidade de oferecer bons salários.

As considerações sobre incertezas, riscos e dificuldades de obtenção de

financiamento pelas empresas inovadoras não superam as vantagens oriundas dessa mesma

característica inovadora, tais como o aumento da competitividade e a introdução de produtos e

processos capazes de melhorar a qualidade de vida das pessoas. Desse modo, é inquestionável

a importância econômica e social dessas empresas.

3.1.3 Relevância econômica

A constatação de que a inovação é absolutamente essencial para a economia não

encontra opositores. Vive-se a sociedade do conhecimento. Inovação e conhecimento são os

fatores mais importantes para o desenvolvimento das nações. E esta importância ultrapassa a

área econômica, abrangendo aspectos sociais e comportamentais.

A inovação em produtos, processos de produção, comercialização e marketing é

que viabilizam o crescimento das empresas e abrem caminho para o enfrentamento da

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concorrência, principalmente no ambiente internacional. Esse enfrentamento é que mede,

atualmente, o sucesso de um empreendimento econômico. O processo inovador pode mudar

economias inteiras.

Calazans (2005, p. 21) destaca:

A concorrência é um importante elemento para a dinâmica do capitalismo. È através dela que os vencedores são selecionados pelo mercado, potencializando as chances de empreendimentos mais aptos prosperarem a fim de incrementarem a geração de riqueza....

A melhoria das condições sociais, aí incluídos setores essenciais - como o da

saúde e educação - e das condições ambientais, que juntas constituem a chamada

responsabilidade sócio-ambiental, depende da capacidade de inovação das empresas e das

pessoas. Nesse particular, as empresas inovadoras de base tecnológica se tornam entes

indispensáveis até mesmo à sobrevivência da espécie humana.

Em todo esse contexto, as pequenas e médias empresas inovadoras têm papel

determinante. Elas são mais eficazes em se beneficiar das novas possibilidades de ordem

tecnológica e, das novas oportunidades surgidas no mercado, principalmente em setores onde

a exigência de capital é baixa, as necessidades de P & D são menores.

Gorgulho (1995), com estribo em estudos realizados por Abernathy e Utterbark

(1975), conclui que, de modo geral, as pequenas e médias empresas são mais bem adaptadas

para explorar novos regimes de mercados tecnológicos, rompendo com os regimes aos quais

as empresas estabelecidas, por motivos históricos, culturais e institucionais, podem estar

presas. A importância disso é que as PME funcionam como motores da difusão tecnológica,

acelerando a troca de informações e o desenvolvimento de inovações secundárias, que

possibilitam a incorporação das novas técnicas pelo sistema de produção.

3.1.4 Empresas inovadoras e empresas de base tecnológica

No ambiente de Ciência & Tecnologia, o conceito de empresa inovadora tende a

confundir-se com o conceito de empresa de “base tecnológica”.

Para Costa (2005), a empresa de base tecnológica é aquela que desenvolve

conhecimentos nas áreas de tecnologia e cuja inovação é de natureza tecnológica. O conceito

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de empresa inovadora é mais amplo. As inovações, além do cunho tecnológico, se referem

também ao conhecimento acumulado sobre produto, processo, ou mesmo mercado.

Assim, enfatiza Costa (2005), as empresas de base tecnológica tendem a ser,

invariavelmente, inovadoras. Já as empresas inovadoras não precisam necessariamente ser

caracterizadas como de base tecnológica. Não se trata de eliminar a tecnologia da inovação,

quer-se dizer apenas que a tecnologia necessária ao desenvolvimento de uma inovação não é

suficiente para identificar a empresa, onde ocorre a inovação, como de base tecnológica.

Uma empresa pode ser considerada inovadora a partir de apenas um processo de

inovação que venha a desenvolver, seja um novo produto ou atividades de inovação num

determinado período. As empresas de base tecnológica têm todas as suas atividades

permanentemente atreladas a ciência e tecnologia.

Ribeiro (2005) assevera que a definição de empresa de base tecnológica está longe

de possuir um significado claro e único na literatura. Outros termos são utilizados com o

mesmo sentido: empresas de tecnologia intensiva, de alta tecnologia, de tecnologia avançada,

e até, em alguns casos, empresas nascentes ou emergentes. Não há uma preocupação

conceitual sobre o assunto.

No final de suas considerações sobre o tema, Ribeiro (2005) define as

organizações de base tecnológica como empresas pequenas, no sentido quantitativo, que

possuam autonomia em relação à obtenção de recursos e à adoção de suas estratégias e que

apresentem uma orientação inovadora, independentemente do seu setor.

Para a FINEP (2007), considera-se empresa inovadora aquela na qual ocorre a

concepção de um novo produto ou processo de fabricação, bem como a agregação de novas

funcionalidades ou características ao produto ou processo que implique melhorias

incrementais, e ganho efetivo de qualidade ou produtividade, resultando maior

competitividade no mercado.

Pode-se concluir que empresas de base tecnológica são aquelas cujo ativo mais

importante é uma nova tecnologia de processo, de organização ou de produto, ou ainda, de

modo mais simples, aquelas com alto nível de capacitação tecnológica, sempre fazendo uma

correlação desse alto nível com o ambiente empresarial de localização da empresa.

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Empresa inovadora é aquela que fundamenta sua atividade produtiva, de forma

permanente ou temporária, na introdução de uma novidade ou melhoria das suas atividades de

produção ou no seu relacionamento com a sociedade, que resulte em novos produtos,

processos ou serviços, com base na aplicação de novos conhecimentos. Os principais insumos

dessas empresas são a informação e o conhecimento acumulado.

Um dos aspectos vitais para a sobrevivência das empresas inovadoras, como de

resto para todos as empresa brasileiras, diz respeito à obtenção de recursos para o seu

funcionamento. Nesse particular, as empresas inovadoras têm um grau de dificuldade bem

maior do que as empresa ditas tradicionais. E essa dificuldade tem reflexos relevantes – a

maioria deles negativos - em todo o setor inovador e na economia do País como um todo. O

estudo dessa oferta de crédito e dessas fontes de financiamento se torna, desta forma,

imperativa no presente ensaio.

3.2 Rede de Incubadoras

As pequenas e médias empresas fazem parte de qualquer estratégia

desenvolvimentista, principalmente pela sua capacidade de oferecer emprego e renda,

promovendo a melhoria das condições sociais, e pelo fato de promoverem e ampliarem as

condições de competitividade do mercado. Nessa concepção, revestem-se de significativa

importância todos os instrumentos que concorrem para a sua criação e seu fortalecimento. As

incubadoras de empresas se revelam um dos instrumentos mais eficazes no apoio a esses

empreendimentos.

Em 1987, foi criada a Associação Nacional de Entidades Promotoras de

Empreendimentos de Tecnologia Avançada - ANPROTEC, órgão representativo das entidades

gestoras de incubadoras de empresas, pólos, parques tecnológicos e “tecnópoles”. Conforme

seu regulamento interno, tem como escopo maior agregar, representar e defender os interesses

das entidades promotoras de empreendimentos inovadores, bem como propiciar a articulação

dessas entidades com organismos governamentais e não governamentais, visando ao

desenvolvimento de incubadoras e parques tecnológicos no País.

A ANPROTEC (2007) informa que o modelo precursor de incubação de empresas

surgiu em 1959 em Nova Iorque (EUA), quando Joseph Mancuso comprou as instalações de

uma grande empresa que havia fechado, deixando uma grande quantidade de novaiorquinos

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desempregados. Após a compra, o industrial resolveu sublocar o espaço, com toda a infra-

estrutura e instalações, a pequenas empresas iniciantes, que compartilhavam equipamentos e

serviços. Nos anos 1970, na região do Vale do Silício, também nos Estados Unidos, as

incubadoras surgiram como meio de incentivar universitários recém-formados a disseminar

suas inovações tecnológicas e a desenvolver nestes jovens empresários o espírito

empreendedor.

Oliveira e Dagnino (2004, p.4) historiam a criação e o desenvolvimento das

incubadoras em alguns países:

• Na França, ocorreu apoio decisivo do Estado, através da criação de cursos universitários que visavam à criação de empresas e de incentivos fiscais para empresas que se instalassem em regiões pré-estabelecidas pelo próprio governo. Além disso, o governo criou as tecnópoles para viabilizar a instalação de empresas de base tecnológica (EBTs);

• Na Grã-Bretanha, o governo incentivou o movimento de incubadoras a partir da criação, em várias universidades, de programas de formação de empreendedores. Paralelamente foram criadas as Small Firms Centers e intensificado o apoio a instalação dos Science Parks nas próprias universidades;

• Na Alemanha, o governo criou, no início dos anos 80, uma maternidade de empresas, com apoio da Universidade Técnica de Berlim;

• No Japão, foram criadas as chamadas cidades tecnológicas através da atuação governamental no planejamento industrial e regional.

• No Brasil, as incubadoras de empresas começaram a aparecer no início da década de 1980. Foi decisivo o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq e a adesão de agências como a Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP e da Organização dos Estados Americanos – OEA no plano supranacional. A primeira incubadora de empresas foi criada em São Carlos – SP, em 1985. Em seguida, nasceram as incubadoras de Florianópolis – SC, Curitiba – PR, Rio de Janeiro – RJ e Campina Grande – PB. Apesar de serem um fenômeno nacional, as incubadoras encontram-se concentradas no sul e sudeste do país, onde estão mais de 70% das incubadoras em operação. Nos últimos anos, o movimento estendeu-se por todo o país, sendo relevante o crescimento no interior dos estados e nas regiões Norte e Nordeste. Cidades como Juiz de Fora – MG, Londrina – PR, Recife – PE, Salvador – BA, Fortaleza – CE e Belém – PA já possuem incubadoras.

A ANPROTEC (2007) caracteriza as incubadoras como empreendimentos que

oferecem espaço físico, por tempo limitado, para a instalação de empresas de base tecnológica

e/ou tradicional, e que disponham de uma equipe técnica para fornecer suporte e consultoria a

estas empresas.

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Para Martins et al (2005, p.1)

O termo “incubadora” significa um ambiente controlado para amparar a vida. No sentido amplo, as incubadoras são aparelhos destinados a manter temperatura constante e apropriada para o desenvolvimento de ovos e cultura de microrganismos ou de outras células vivas. Em um hospital, o recém-nascido prematuro pode permanecer alguns dias ou semanas numa incubadora que fornecerá um ambiente controlado de modo que seja favorável ao seu crescimento, ao seu desenvolvimento, à sua resistência às doenças e, finalmente, à sua sobrevivência.

No contexto econômico, a definição de incubadora não foge aos exemplos supra citados. Constituem um conjunto de elementos de apoio à criação e desenvolvimento de novas empresas, operadas e/ou supervisionadas por órgãos públicos, universidades e/ou entidades de fomento.

O conceito adotado pelo Programa Nacional de Incubadoras de Empresas (PNI),

do Ministério da Ciência e Tecnologia, para caracterizar uma incubadora é mais abrangente e

detalhado. Segundo o MCT (2002), citado por Oliveira e Dagnino (2006, p. 3), incubadora é:

Um mecanismo que estimula a criação e o desenvolvimento de micro e pequenas empresas industriais ou de prestação de serviços, de base tecnológica ou de manufaturas leves por meio da formação complementar do empreendedor em seus aspectos técnicos e gerenciais e que, além disso, facilita e agiliza o processo de inovação tecnológica nas micros e pequenas empresas[...] para tanto conta com um espaço físico especialmente construído ou adaptado para alojar temporariamente os empreendimentos.

Conforme a ANPROTEC (2007), havia no Brasil, em abril de 2007, 383

incubadoras de empresas, sendo 339 em operação, 32 em implantação e 12 em projeto. O

crescimento médio do número de incubadoras tem sido de aproximadamente 30% ao ano, nos

últimos 20 anos. 75% dessas incubadoras são de base tecnológica.

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FIGURA 1 - Evolução das Incubadoras de empresas no Brasil 1987-2006

Fonte: ANPROTEC – Panorama (2007).

As incubadoras de empresas são classificadas em função das empresas que

abrigam. Assim, há as incubadoras tradicionais, onde se localizam empresas que pertencem a

ramos de atividades já desenvolvidos e cujo conhecimento se encontra completamente

difundido junto ao público; as incubadoras tecnológicas, que abrigam empresas de base

tecnológica, a maioria das quais de caráter inovador; há, ainda, as incubadoras mistas, que

abrigam empresas ditas “tradicionais” e empresas de base tecnológica.

As incubadoras de base tecnológica, por sua vez, ainda podem ser classificadas de

acordo com a “vocação” científica em que se especializam. As incubadoras voltadas para o

atendimento a empresas software/informática; de eletroeletrônica/automação; de internet/E-

comerce; de telecomunicações; de químicos/fármacos; de mecânica; de biotecnologia; etc.

Martins et al (2005, p. 1) assim caracterizam as incubadores de base tecnológica:

São incubadoras que utilizam o conhecimento como principal insumo às suas empresas que, por sua vez, objetivam colocar no mercado produtos com alto valor agregado. Este tipo de incubadora, preferencialmente, localiza-se próximo ou no interior de universidades ou centros de pesquisa. Assim, podem aproveitar os recursos humanos altamente especializados e, de maneira oportuna, podem despertar o espírito empreendedor nos alunos e pesquisadores dessas entidades.

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Para Lemos (1998), citado por Martins et al (2005), nas empresas instaladas em

incubadoras de base tecnológica, os empresários, em geral, detêm vastos conhecimentos

relativos à sua área de atuação específica. Há, porém, carência de conhecimentos relativos à

administração do negócio e a sua integração com o mercado. Esses fatores ensejam

dificuldades que vão desde a obtenção de recursos financeiros e humanos necessários a um

projeto de inovação tecnológica, até problemas de escassez de habilidades gerenciais.

O autor acentua que a superação dessas dificuldades depende fundamentalmente

da competência tecnológica e gerencial dos proprietários, que precisam aprender a captar e

gerir recursos financeiros, a avaliar o mercado, a desenvolver métodos de produção e

prestação de serviços, a selecionar e gerenciar pessoas, a buscar informações tecnológicas,

entre outros.

Assim, conclui, a permanência da empresa em um espaço que facilite o

aprendizado de seus proprietários pode contribuir para o sucesso do empreendimento. Neste

sentido, as incubadoras são o ambiente ideal de facilitação do processo de aprendizagem,

criando condições para que a empresa possa competir no mercado.

As incubadoras geralmente dividem o seu espaço físico em dois tipos de ambiente:

o primeiro, denominado módulo, é cedido à empresa incubada para que ela localize seu setor

administrativo e efetue estudos e pesquisas de natureza específica e particular referente aos

seus produtos e processos. O segundo é um ambiente único, de uso compartilhado, onde se

localizam os laboratórios centrais e que é utilizado de forma compartilhada por todas as

empresas incubadas.

Martins et al (2005. p.2) esclarecem:

As incubadoras constituem ambientes especialmente planejados para acolher empresas nascentes, bem como aquelas que buscam a modernização das suas atividades, de forma a transformar idéias em produtos, processos e/ou serviços. O processo de incubação confere às empresas condições favoráveis para detectar tendências, incorporar novidades e acompanhar as mudanças de mercado, principalmente atuando como interface entre o setor acadêmico e produtivo. As incubadoras oferecem uma formação complementar do empreendedor em seus aspectos técnicos e gerenciais e, além disso, facilitam e agilizam o processo de inovação tecnológica nas MPE’s. As Incubadoras, em geral, oferecem aos empreendedores em potencial um ambiente flexível e encorajador, com apoio em infra-estrutura física (salas, laboratórios, auditórios, bibliotecas, etc.) e suporte empresarial nas diversas áreas (consultoria, capacitação, estratégia, marketing, finanças, tecnologia, jurídica, contábil, RH, entre outras).

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Martins et al (2005) comentam ainda que a infra-estrutura das incubadoras

contribui para diminuir o índice de mortalidade das MPE’s, uma vez que a incubadora oferece

às incubadas uma série de benefícios que fazem com que as estas empresas operem com um

custo reduzido, na medida em que estes custos são rateados e, às vezes, subsidiados. Dentre

estes benefícios, os mais comuns são:

• salas de uso coletivas, laboratórios, auditório, biblioteca, locais para reunião,

recepção etc.;

• serviços básicos, como assessoria gerencial, contábil, jurídica, apuração e

controle de custo, gestão financeira, comercialização, exportação e o

desenvolvimento do negócio;

• capacitação do pessoal mediante de treinamento, cursos, assinaturas de revistas,

jornais e publicações; e.

• Network - contatos de nível com entidades governamentais e investidores,

participação em eventos para divulgação de empresas, fóruns etc..

3.2.1 Fases de incubação das empresas

A incubadora não restringe suas ações às empresas cuja localização acontece no

seu interior. A assistência pode perdurar em fases posteriores. Assim têm-se três tipos de

vínculos empresa-incubadora:

1) incubada ou residente – desenvolvem seus produtos e/ou serviços utilizando o

espaço físico da incubadora. Dependem da incubadora, que lhes oferece apoio técnico,

administrativo/gerencial e, principalmente, financeiro.

2) graduada ou liberada - passou por incubação, criou a própria estrutura de

desenvolvimento de produtos e serviços e estabeleceu-se no mercado. Nessa condição,

tornam-se ASSOCIADAS da incubadora e podem continuar a receber dela o apoio quanto à

utilização do espaço comum (laboratórios) e na intermediação junto aos organismos públicos

e privados, envolvidos com a política de ciência e tecnologia no âmbito estadual e/ou

nacional, para obtenção de apoio logístico e financeiro; e

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3) associada ou incubada externa - jamais passou por incubação, mas utiliza a

infra-estrutura e os serviços oferecidos pela incubadora, mantendo com ela vínculo formal.

Nessa condição, a empresa pode ser recém-criada ou encontrar-se estabelecida no mercado.

Bizzotto (2003), citado por Abreu et al (2006), caracteriza a fase de incubação

como aquela constituída pela orientação, acompanhamento e avaliação da empresa incubada.

Ao orientar, acompanhar e avaliar estas empresas, a incubadora pode capacitar sua equipe

gerencial para identificar as dificuldades e oportunidades para as empresas incubadas. Assim o

contínuo “monitoramento” das empresas incubadas converte-se num processo crítico na

adição de valor, tendo como conseqüência o sucesso da incubadora e da empresa incubada.

Após a fase de incubação, a empresa está apta a passar para a última fase – graduação,

liberação ou pós-incubação – que não tem prazo para encerramento. Esse período representa o

alcance da maturidade, mas permanecem à disposição das empresas os serviços prestados pela

incubadora, que visam principalmente a amenizar o impacto da desvinculação da incubadora.

Para ocorrência dessa assistência na fase de graduação, é necessário que a empresas passe à

condição de associada.

Alguns autores acrescentam a esse relacionamento empresa/incubadora a fase de

pré-incubação, também denominada hotel de projetos. Essa geralmente tem a duração que

varia de três meses a um ano, tempo utilizado para que a empresa aprimore o seu plano de

negócios, leve a cabo uma pesquisa de mercado e prepare-se para a gestão do seu negócio.

3.2.2 Incubadoras e universidades

Dados divulgados pela ANPROTEC (2007) revelam que, do total de incubadoras

em atividade no País, mais de 60% possuem vínculo formal com universidades ou centros de

pesquisa, enquanto que cerca de 20% possuem vínculo informal.

Oliveira e Dagnino (2004, p.12) apontam duas razões para o fato:

(...) primeiramente há que considerar que a grande maioria das incubadoras estarem nas universidades e institutos de pesquisa públicos deriva do modelo de desenvolvimento de ciência e tecnologia adotado pelo País nos últimos 12 anos e que praticamente tem imposto a esses dois atores - universidade e institutos de pesquisa - a instalação e o desenvolvimento de mecanismos de vinculação para garantir o acesso a recursos financeiros e melhoria da sustentabilidade das empresas iniciantes de base tecnológica;

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de outra parte, isso pode ser explicado pelo fato de que, em geral, as empresas são oriundas de pesquisas/estudos em áreas consideradas relevantes pelos pesquisadores, que buscam normalmente, por reconhecimento e prestígio acadêmico, focando seus estudos na “alta qualidade da pesquisa de ponta” dos países mais desenvolvidos. Essa assimilação fica muito mais lógica no ambiente universitário. Ressalte-se que o conhecimento originado desses países avançados e freqüentemente incorporado na agenda de pesquisa brasileira nem sempre é adequado para a nossa realidade periférica, uma vez que reflete os padrões políticos, econômicos, sociais e ecológicos de uma sociedade distinta da nossa.

Martins et al (2005, p. 6) mencionam Guedes e Formica (2001), por sua vez,

citados por Vedovello (2001). Os autores, embora permaneçam na mesma temática de

Oliveira e Dagnino, abordam outros aspectos relevantes:

As Incubadoras têm recebido especial atenção quando se fala em termos de mecanismos de interação empresa – universidade. Isso porque a universidade acaba funcionando como um arranjo interinstitucional com instalações e infra-estrutura apropriadas, estruturado para estimular e facilitar essa vinculação. Com isso, há um fortalecimento da empresa e um aumento do seu entrosamento, resultando no aumento da vinculação do setor produtivo com diversas instituições de apoio (além das instituições de ensino e pesquisa, prefeituras, agências de fomento e financiamentos – governamentais e privadas – instituições de apoio às micro e pequenas empresas – como o SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - e outras).

Martins et al (2005) ressaltam que esse vínculo empresa-universidade se torna

ainda mais importante no caso das incubadoras de base tecnológica, uma vez que estas

abrigam empreendimentos que fundamentam sua atividade produtiva no desenvolvimento de

novos produtos ou processos, baseados na aplicação sistemática de conhecimentos científicos

e tecnológicos e utilização de técnicas avançadas e/ou pioneiras. Estas empresas têm como

principal insumo os conhecimentos e as informações técnicas e científicas.

3.3 Empresas inovadoras no Estado do Ceará

O Estado do Ceará, em termos de Brasil, está entre os considerados periféricos,

com relação à política nacional de ciência, tecnologia e inovação. A base científica nacional

está concentrada nos estados das regiões Sul e Sudeste. O debate sobre essa situação está

expresso há alguns anos, porém, em termos práticos, muito pouco tem sido feito. Os

programas criados visando à diminuição dessa desigualdade, geralmente são temporários ou

sofrem descontinuos, impedindo o atingimento de metas e objetivos propostos.

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Sicsú e Lima (2005) abordam o tema e destacam aspectos fundamentais à

melhoria das atividades de C, T & I nesses estados ou regiões ditas periféricas. Segundo os

autores:

a) além da concentração da base nacional de C, T & I no Sudeste do País, há forte

direcionamento, imposto por condições meramente políticas, para que novos setores da

economia, onde a inovação é propulsora, sejam instalados nas regiões desenvolvidas. Isso faz

com que as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste não sejam inseridas nos novos padrões de

conhecimentos e, por conseqüência, nos novos níveis de desenvolvimento;

b) nessas regiões, percebe-se falta de capacidade de decisão do poderes públicos

sobre a questão tecnológica. As iniciativas de ordem legal são tímidas, resumindo-se muitas

vezes a incentivos fiscais que, na maioria das vezes, beneficiam mais os grandes

empreendimentos, que conseguem romper as barreiras legais e burocráticas. No caso das

pequenas empresas, notam-se nessas regiões a predominância de empresas de base familiar e

reduzido número de empresas estruturadas dentro dos ditames do novo paradigma da

industrialização flexível;

c) os recursos humanos também constituem entrave nas regiões periféricas. A

formação e o nível de renda do operariado são baixos, mesmo se comparados à media

nacional, também inferior.

Nesse contexto Sicsu e Lima (2005, p.17) são enfáticos:

Os recursos dos financiamentos deveriam ser sistematicamente alocados em articulação com as empresas que, por sua vez, contratariam universidades e centros de pesquisas, mudando a lógica tradicionalmente usual no sistema, uma vez que muitas vezes a adesão das empresas às universidades ou centros de pesquisa era mais uma questão formal para viabilizar a vinda dos recursos e não para resolver problemas específicos das mesmas. Portanto, a alocação de recursos passaria, necessariamente, a ser em acordo com a empresa que se articularia com instituições para a efetiva resolução dos seus problemas específicos.

No caso das incubadoras e parques tecnológicos, ainda segundo Sicsu e Lima

(2005), as ações para as empresas de pequeno porte e para os processos de desenvolvimento,

devem ser temáticas, ou seja, dentro de um segmento específico de produção a ser trabalhado,

aumentando as possibilidades de maior dinâmica tecnológica. Considerando a realidade dessas

empresas, terão que ser desenvolvidas capacidades que permitam maior competitividade delas

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no ambiente internacional, sem prejuízo das melhorias no ambiente mercado nacional. Além

desses fatores é indispensável o fortalecimento dos sistemas de apoio técnico à gestão e à

cooperação entre firmas, bem como apoiar a capacitação de recursos humanos.

No Ceará, o Decreto 27.039, de 09 de maio de 2003 regulamenta a Política de

Desenvolvimento Econômico do Estado do Ceará, trazendo entre seus objetivos, em meio a

outros, promover, de forma articulada, o desenvolvimento de diversos setores, focado nas

cadeias produtivas, com ênfase nas atividades inovadoras e estratégicas. Entre as ações

previstas, encontram-se estímulo às inovações tecnológicas e fomento ao empreendedorismo e

às micro e pequenas empresas. Prevê, ainda, a adoção de incentivos fiscais às empresas

inovadoras, bem como às micro e pequenas empresas em geral.

As sociedades de base tecnológica estão abrangidas pelos incentivos. O texto legal

define empresa de base tecnológica como qualquer uma localizada no Ceará que comprove

realizar investimento em P & D in-house, para lançamento de novos produtos, serviços e

processos. A comprovação do investimento deverá ser feita junto à Secretaria de Ciência e

Tecnologia do Ceará – SECITECE, que emitirá habilitação como Empresa de Base de Ciência

e Tecnologia – EBCT, dando direito aos benefícios e ao uso da marca inovaçãoceará@ceará.

A comprovação do esforço de P & D deverá ser devidamente certificada pela SECITECE, por

períodos a serem fixados em regulamentação posterior.

Pequenas e médias empresas incubadas em instituições credenciadas pelo RIC -

Rede de Incubadoras do Ceará e parques tecnológicos do Ceará – serão naturalmente

consideradas como de bases tecnológicas e não necessitarão de credenciamento adicional da

SECITECE. Empresas cujos produtos ou processos requeiram trabalho contínuo em P & D e

absorção de conhecimento científico/tecnológico novo ou adaptado, mas que não tenham

passado por estádio de incubação em território cearense, deverão se submeter ao processo de

habilitação pela SECITECE.

Para as pequenas e médias empresas, além dos incentivos fiscais do Governo, o

apoio mais relevante vem das incubadoras de base tecnológica. o PADETEC, no âmbito da

Universidade Federal do Ceará, mais direcionado para a área química de processos e produtos

naturais; e o PARTEC, ligado ao NUTEC, órgão vinculado à Universidade Estadual do Ceará,

ainda em processo embrionário.

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Após 17 anos, o PADETEC já graduou nove empresas, todas inovadoras e de forte

base tecnológica. Todas essas empresas fazem parte da pesquisa a que se destina o presente

trabalho e serão alvo de detalhado estudo.

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4 O CAPITAL DE RISCO COMO FONTE DE FINANCIAMENTO DAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS INOVADORAS

4.1 Fontes de financiamento

Uma das dificuldades maiores na criação de um empreendimento, ou ampliação de

um negócio em andamento, é obter financiamentos. As questões mais importantes dizem

respeito à perspectiva da dívida, comparando-a com a utilização de capital próprio, e a de uso

de recursos internos ou recursos externos, como fontes de financiamento.

O estudo sobre o Sistema Nacional de Inovação contemplou a análise das fontes

de financiamento institucionais - recursos reembolsáveis e não reembolsáveis disponibilizados

por organismos governamentais. As empresas dispõem de opções para financiamento de suas

atividades, através de recursos próprios ou de terceiros.

Emrich (2005) lembra que o capital obtido por meio de endividamento pressupõe

um instrumento formal e a existência de juros remuneratórios à fonte financiadora. No geral,

são empréstimos junto a instituições financeiras, cujo retorno está atrelado às vendas e ao

lucro do empreendimento. Normalmente esta modalidade de financiamento exige que algum

tipo de ativo seja usado como garantia.

O financiamento por capital próprio, entendido como capitais dos sócios ou

proprietários, independe da existência de ativos como garantias. Ao investidor é oferecida

alguma forma de propriedade no empreendimento, normalmente a participação nos lucros que

vierem a ocorrer. Pelas suas características, esse tipo de financiamento enquadra-se na

definição de capital de risco, conforme esclarece Ribeiro (2005) no tópico 4.2.1 do presente

trabalho.

Noutra perspectiva, as empresas dispõem de duas espécies de fontes de capital, as

internas e as externas, para atender suas necessidades de capital de giro e/ou investimentos: as

internas são originadas nas suas atividades operacionais, também chamadas de não onerosas,

como lucros acumulados, vendas de ativos, redução de capital de giro, crédito de

fornecedores, doações/prêmios, incentivos fiscais etc.; as fontes ditas externas têm origem no

capital de terceiros, dentre elas se destacam a venda de participação acionária e os

investimentos de capital de risco.

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Os empréstimos bancários, no geral, apresentam as mesmas peculiaridades,

presentes em todas as normas internas de qualquer instituição financeira, que por sua vez

atendem às determinações do Banco Central do Brasil – BACEN (2007):

• dependem de acurada análise sobre a situação patrimonial e financeira das

empresas solicitantes, com base nas suas demonstrações financeiras;

• a concessão dos financiamentos de longo prazo (investimentos) está

atrelada à constituição de garantias reais pela empresa ou pelos sócios;

• os encargos financeiros guardam proporcionalidade com o risco do

financiamento;

• predomina a visão de curto prazo, em sintonia com o contexto

macroeconômico nacional dos últimos 30 anos, que inclui ciclos curtos de

expansão, longos períodos de estagnação e instabilidade; e

• a escassez de capital impede a realização de planejamentos de longo prazo

por parte das empresas.

Dados colhidos junto ao BACEN (2007) indicam que os créditos para reforço de

capital de giro são abundantes nos bancos comerciais do Brasil. Por serem de curto e

curtíssimo prazo, oferecem pouco risco às instituições financeiras e são de fácil

operacionalização. Além da rede bancária, são oferecidos por grande número de operadoras de

factoring, que atendem, principalmente, às empresas com restrições cadastrais e de crédito ou

que não conseguem, junto aos bancos, um limite de crédito compatível com a sua

movimentação financeira.

Os financiamentos para investimentos visam a dar apoio financeiro às empresas

nas instalações ou ampliações dos parques industriais, aquisições de bens de capital e outras

inversões da espécie. Pelas suas características, são operações de longo prazo e envolvem os

riscos decorrentes dessa condição.

No Brasil são operacionalizados basicamente pelos bancos de desenvolvimento

estaduais, regionais e, principalmente, pelo BNDES. Apesar de possuírem linhas próprias para

o financiamento de investimentos, os grandes bancos brasileiros, públicos e privados, na

maioria das vezes, apenas funcionam como agentes financeiros dos bancos de

desenvolvimento e/ou administram programas oficiais do governo, como o PROGER –

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Programa de Geração de Emprego e Renda, o FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador, o

FNE - Fundo Constitucional do Nordeste e o FCO - Fundo Constitucional do Centro-Oeste.

O crescimento do mercado acionário brasileiro nos últimos dois anos é notório,

porém a maioria das empresas brasileiras, de qualquer porte, não apresenta condições de abrir

o capital em bolsa de valores ou fazer captação de recursos por meio de operações complexas,

como o lançamento de debêntures, opções ou bônus de subscrição. Mesmo a venda de cotas

de participações em empresas de responsabilidade limitada é prática incomum no mercado.

Apenas grandes empresas, com posição patrimonial e financeira consolidada, participam desse

tipo de mercado. Essas são as mesmas que não enfrentam qualquer dificuldade na obtenção

dos financiamentos bancários.

As fontes originadas no capital de proprietários (internas) ou de terceiros

(externas), qualificadas com investimentos de capital de risco, e a sua relevância para as

pequenas e médias empresas inovadoras, são o objeto de estudo do presente capítulo.

4.2 Capital de risco

4.2.1 Conceitos e características gerais

Como alternativa às dificuldades encontradas para obtenção de financiamentos por

endividamento, bem como de adentrar o mercado acionário, os empreendedores brasileiros

contam com a possibilidade de financiar suas empresas com recursos vindos de investidores

que acreditam na sua idéia e vêem nela potencial de crescimento e de futura fonte de lucros.

Esses investimentos podem ser realizados informalmente, por pessoas físicas - os próprios

empreendedores, pessoas de suas famílias ou amigos próximos, ou, de maneira formal, por

pessoas jurídicas - sociedades de capital de risco ou fundos de investimentos e participações,

os chamados fundos de capital de risco.

A expressão “capital de risco” no conceito econômico e contábil é utilizada para

designar qualquer tipo de investimento que apresente nível de risco elevado. Na abordagem

deste trabalho, todavia, ela representa a tradução do que se convencionou chamar nos EUA de

Private Equity ou Venture Capital. Como é comum no Brasil, utilizaremos sempre as

expressões venture capital ou capital de risco, com o mesmo significado. Seguindo o que nos

ensina Ribeiro (2005, p.6), que diz:

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Private Equity ou Venture Capital é uma atividade de intermediação financeira surgida nos EUA. As organizações que realizam esta atividade são responsáveis pela gestão de veículos de investimento que congregam recursos de um ou mais investidores para investimentos de longo prazo. Em geral, tais recursos são direcionados para empresas não cotadas em bolsa de valores. Os aportes são feitos na forma de ações (ordinárias ou preferenciais), quotas de participações, debêntures conversíveis, opções, bônus de subscrição ou warrants. Após alguns anos, essas participações são liquidadas (saída ou desinvestimento) e os recursos até então investidos, mais o eventual ganho de capital, retornam aos investidores.

....O termo Venture Capital (VC) é empregado como sinônimo de investimento em empresa que se encontra em fase anterior do desenvolvimento. Em investimento deste tipo, o gestor tende a se envolver intensamente na fase de monitoramento e adição de valor para o negócio. Já o termo Buyout é comumente empregado como sinônimo do investimento em fase posterior do desenvolvimento, quando a empresa já estar amadurecida, sem que isso implique, necessariamente, em um menor envolvimento do gestor. Tanto Venture Capital quanto Buyout podem ser incluídos em um grupo maior, usualmente denominado Private Equity (PE).

No sistema financeiro, a atividade de PE/VC se apresenta como uma alternativa viável ao financiamento tradicional por meio de bancos. Gestores de PE/VC são agentes melhor adaptados para mitigar o risco associado ao investimento em empresas com pouco ou nenhum histórico financeiro ou ativos tangíveis que possam constituir-se como garantia real para financiamentos. Ao mesmo tempo, tais empresas possuem projetos com elevada expectativa de risco e retorno. Tais projetos só podem ser realizados mediante injeção de novos recursos.

Assim, capital de risco é uma modalidade de investimento que reúne investidor e

empresa com um objetivo comum: compartilhar os riscos de um empreendimento, que

apresente elevado potencial de crescimento e lucratividade. O investimento pode ocorrer sob a

forma de aquisição de ações, como geralmente acontece nas empresas de grande porte, ou sob

qualquer outra forma de inversão financeira, como é comum nas pequenas e médias empresas.

Nas duas hipóteses não há qualquer contrapartida em garantias. O principio básico é sempre

arriscar mais para ganhar mais.

A expressão compartilhar riscos dá a esse tipo de investimento uma característica

que o diferencia dos demais: além do lucro – que continua a ser o objetivo maior – investidor

e empresa compartilham a idéia, quase sempre inovadora, da qual surge o empreendimento e,

ainda que modo indireto, a própria gestão do empreendimento.

O fato de que o investidor de risco, além do apoio financeiro, é sempre um

entusiasta do empreendimento propriamente dito, pode dar a entender que esse apoio ocorre

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sempre na parte inicial do projeto. Na verdade, como veremos adiante, ele pode se concretizar

em qualquer fase do empreendimento.

O mercado de capital de risco informal, na visão de Hisrich e Peters (2004),

consiste num conjunto de investidores de recursos, comumente chamados anjos dos negócios,

que buscam oportunidades de investimentos em ampla variedade de empreendimentos. Essas

pessoas oferecem o capital necessário em todos os estádios de financiamentos, mas têm

preferência pelo estádio inicial. Normalmente as empresas que recebem financiamentos desses

anjos também se utilizam dos financiamentos do tipo formal. Os capitalistas normalmente

conhecem o empreendedor, são seus amigos ou parentes e acreditam no empreendimento.

Ribeiro (2005) traz informações ricas esclarece ainda:

a) o capital de risco formal pode ser fornecido pelas companhias de capital de

risco e os fundos de capital de risco. As companhias atuam por compra de participações nas

“investidas”. Normalmente são geridas pelos próprios cotistas. Os fundos de capital de risco

são administrados por sociedades especializadas na gestão de fundos de investimentos ou,

como é mais comum, por instituições públicas de fomento, fundos de pensões, bancos e

fundações. Os grandes fundos de pensão, na verdade, além de gestores, funcionam fortemente

como cotistas dos fundos de investimento;

b) quando o investimento ocorre por intermédio de fundo de capital de risco, ainda

segundo Ribeiro (2005), o investidor, na verdade, é o cotista do fundo. Para o mercado,

contudo, o termo “investidor em capital de risco” é aplicado tanto ao cotista do fundo como a

organização que o administra;

c) os fundos de capital de risco têm sempre um prazo de existência pre-

determinado, normalmente 10 anos. Os primeiros meses são destinados á constituição do

fundo, depois vem o período de escolha dos empreendimentos onde o dinheiro será aplicado.

Em seguida os gestores dos fundos participam do desenvolvimento das “investidas” e

finalmente ao final do período obtêm os lucros esperados, distribuindo-os aos cotistas. A

peculiaridade é que um cotista de fundo de repente pode não saber onde o seu capital está

sendo aplicado;

d) os gestores de fundos mesclam aplicações em empresas bem-sucedidas, que

oferecem retorno garantido, com aplicações em empresas iniciantes. A diversificação das

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aplicações permite a sobrevivência do fundo no período de maturação. Cabe observar que

alguns fundos no estádio inicial podem apresentar retornos negativos;

e) os aportes por meio de capital de risco podem ocorrer em qualquer das fases do

empreendimento. As inversões, na etapa inicial das empresas, pressupõem o pico da relação

risco/retorno, ou seja, possibilitam maiores retornos, todavia o investidor certamente corre os

maiores riscos. Essa relação vai se tornando mais clara, ou seja, menos riscos e retornos mais

previsíveis, à medida que o investimento ocorre em fases mais adiantadas do

empreendimento.

Gorgulho (1995 p. 73), baseado na experiência americana, menciona a seguinte

divisão das fases em que os empreendimentos podem ser financiados por intermédio das

atividades de capital de risco, conforme mencionado no tópico anterior:

Estágio Inicial – Esta fase é marcada por experimentações com a nova tecnologia, incerteza quanto ao progresso futuro, mercados abertos e inexplorados, baixas barreiras á entrada e deseconomias de escala:

• “Seed Financing” – as empresas neste estágio necessitam de uma quantia de capital relativamente pequena, utilizada pelo inventor ou empreendedor para o desenvolvimento de uma idéia, que pode envolver a construção de um protótipo....”

• “Start-up” – as empresas podem estar recém-construídas (um ano ou menos) ou ainda em fase de organização, mas ainda não venderam seus produtos comercialmente.Normalmente, estas empresas terão reunido o grupo de administração, preparado um plano de negócios, feito estudos de mercado e se preparado para montar o negócio. O financiamento destina-se ao desenvolvimento do produto e ao marketing inicial....”

• Financiamentos de primeira fase - empresas que já desenvolveram o produto e estão recebendo capital de risco pela primeira vez. Elas normalmente já gastaram o seu capital inicial na construção de um protótipo e precisam de fundos para começar a fabricação em escala comercial e vendas....”

Estágio de expansão - nesta fase, as empresas necessitam de um impulso para se consolidarem no mercado ou aumentarem sua rentabilidade.

• Financiamento de segunda fase – empresas que já comercializam seus produtos, embora não necessariamente gerando lucro. Necessitam de capital de giro para financiar o aumento de contas a receber e estoques....”

• Financiamentos de terceira fase – necessário para a expansão de uma empresa cujo volume de vendas esteja crescendo e que está atingindo o ponto de equilíbrio ou tornando-se lucrativa. Estes recursos destinam-se a futura expansão da planta, marketing, capital de giro ou aperfeiçoamento de um produto...”

• Financiamentos-pontes ou mezanino – para empresas que esperam abrir o capital no período de seis meses a um ano....¨

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Estágio Avançado – Neste estágio as empresas já estão consolidadas, necessitando de recursos para trocas de controle, investimentos em novos mercados etc.”

• Aquisição (Leveraged Buy-Ou ou grande financiamento para a compra de uma empresa, normalmente garantido pelos ativos da empresa que está sendo adquirida) – Financiamento destinado a possibilitar a um grupo gerencial comprar um produto ou negócio de uma empresa ou a uma empresa financiar a aquisição de outra;

• Outros – outros financiamentos em estágio avançado de capital de risco, como pequenos empréstimos realizados antes de uma operação de capital de risco ou compra de mercado acionário.

As incubadoras de empresas são instrumentos facilitadores da sobrevivência das

empresas no estágio inicial, principalmente as que se apresentam com Seed Financing e Star-

up. Nessas fases, as empresas normalmente permanecem incubadas e as ações administrativas

visando à obtenção de financiamentos, no caso, não reembolsáveis, são conduzidas pela

incubadora, o que democratiza e facilita o processo.

Mesmo as empresas graduadas (aquelas que já passaram pelo período de

incubação) ainda podem receber o apoio das incubadoras, nos financiamentos de primeira

fase. Ao adentrarem o estádio de expansão, as empresas se tornam dependentes das suas

ações e de financiamentos reembolsáveis.

O desinvestimento ou a retirada, pelo investidor, dos recursos aportados nas

empresas financiadas, também pode ocorrer a qualquer momento, dentro do prazo de

existência do fundo ou da companhia de capital de risco, ou no encerramento das atividades

do fundo ou da companhia. Em se tratando de fundos, as cotas serão distribuídas aos

investidores. Pela natureza das aplicações em capital de risco, o desinvestimento deve prever,

obviamente, a continuidade da empresa financiada. As formas mais comuns de saída dos

investidores de capital de risco são, segundo Ribeiro (2005):

• abertura de capital das empresas financiadas, mediante a oferta pública de

ações – fato ocorrente com freqüência no Brasil nos últimos anos;

• aquisição da empresa financiada por outra empresa;

• recompra da participação do investidor de risco pela empresa financiada;

• compra da participação do investidor de risco por outro investidor de risco, ou

não; e

• pela liquidação da empresa financiada.

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4.3.2 Capital de risco no Brasil

No período compreendido entre 1960 e 1986, as ações voltadas para a de capital

de risco no Brasil, que tinham se iniciado há pouco mais de 10 anos, seguindo o modelo

americano, foram centralizadas no âmbito do BNDES, por meio da sua subsidiária

BNDESPAR e da FINEP, com pequena participação da iniciativa privada. As duas

instituições foram estudadas no capítulo 2. Faz-se necessário, contudo, atrelar a atuação das

duas atividades de capital de risco para melhor compreensão do tema.

Sobre a BNDESPAR acrescenta-se o que diz Calazans (2005, p. 46):

A BNDESPAR, desde suas origens, tem realizado várias inversões diretas e indiretas na forma de capital de risco em empresas de tamanho variado, embora tenha havido uma histórica concentração de recursos em grandes empresas. Isto se deu por diversos motivos, que vão da política industrial da época á necessidade de liquidez para os investimentos. Alem disso, as próprias características de porte do BNDES e o nível de informações exigidos dos candidatos acabavam por favorecer as corporações maiores.

Sobre a FINEP, conforme estudado em Ribeiro (2005), é relevante a informação

de que ela lançou em 1976 com recursos do FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico), o programa ADTEN - Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da

Empresa Nacional, que continha diversas modalidades de financiamento de risco: em 1991

havia cerca de 60 operações de risco financiadas, a maioria delas mediante empréstimos

amortizáveis por meio de royalties ou dos resultados das vendas. O programa, contudo,

revelou-se deficitário e foi descontinuado.

A iniciativa privada começou a participar das atividades de capital de risco na

década de 1970. Embora não fossem propriamente sociedades de capital de risco, algumas

empresas começaram a atuar nesse mercado.

Gorgulho (1995) relata que:

a) antes da regulamentação das sociedades de capital de risco, em 1986, surgiram

a BRASILPAR – nascida em 1975, unindo empresários brasileiros e franceses, que

direcionava sua assistência para empresas de médio porte do ramo de Informática; a CRP –

Companhia Riograndense de Participações, que começou a atuar em 1981, reunindo

investidores públicos e privados, realizou cerca de 50 operações até 2001. Não há dados que

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nos permitam registrar o sucesso dos empreendimentos financiados por essas duas empresas.

Nenhuma das duas empresas permanece em atividade;

b) após a regulamentação do setor, em 1986, surgiram as empresas ACEL

Sociedade de Capital e Risco, PAD Investimentos e a Pernambuco Participações S.A.,

formada por empresas privadas, com o apoio do BNDESPAR, que investiu em empresas da

região Nordeste. As três não sobreviveram mais do que 10 anos, em função dos fracos

resultados financeiros alcançados;

c) em 1986, pelo Decreto Lei 2.287, de 23/07/86, depois regulamentado pelas

resoluções do BACEN n.1184 e 1346, de 04/09/86 e 18/06/87, o Governo institucionalizou as

sociedades de capital de risco, dando-lhes tratamento fiscal diferenciado e caracterizando-as

como aquelas que tivessem como objetivo social único a aplicação de capital próprio na

subscrição de ações ou cotas de pequenas e médias empresas. Estas participações deveriam ter

caráter transitório e as sociedades não poderiam deter o controle das empresas investidas, isto

é, a participação deveria ser minoritária;

d) os benefícios fiscais consistiam na dedução do seu lucro líquido, para fins de

apuração do lucro real, pelas empresas que recebessem investimentos das sociedades de

capital de risco, do valor dos dividendos, bonificações em dinheiro, lucros e outros interesses

em dinheiro distribuídos àquelas sociedades; a isenção, tanto do imposto de renda na fonte

quanto da determinação do lucro real, dos itens há pouco referidos e dos ganhos auferidos na

alienação ou liquidação de participações societárias; e a atribuição de alíquota reduzida, de

23%, sobre os rendimentos distribuídos pelas sociedades de capital de risco a seus sócios e

sobre os ganhos de capital na alienação ou liquidação de cotas destas sociedades.

Para Gorgulho (1995, p.126), estes instrumentos apresentaram falhas de

concepção, que inviabilizaram o desenvolvimento dessas sociedades:

Em primeiro lugar, elas deveriam aplicar o seu capital próprio, não sendo permitida a realização de empréstimos ou aplicação em títulos de dívida das empresas investidas;

Além disso, a regulamentação pelo Banco Central ao estabelecer uma sistemática de apuração de ganhos de capital dos investidores destas sociedades que inibiria seu desenvolvimento, tornou inviável o funcionamento destas sociedades;

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Por fim, a definição de porte de pequenas e médias limitou o universo das empresas apoiáveis, restritas aquelas com patrimônio líquido inferior a 500.000 OTN, equivalentes à época a cerca de US$ 4 milhões, e pertencentes a grupo econômico com patrimônio líquido inferior a l milhão de OTN, ou cerca de US% 8 milhões.

Como resultado desses fatores, menciona o autor, ocorreram poucas iniciativas

em termos do investimento em capital de risco no Brasil, e estas, em geral, foram

descontinuadas.

Uma das poucas exceções, ainda segundo Gorgulho (1995), foi a atuação do

BNDES, intermediado por sua subsidiária BNDESPAR. Isto decorre, em parte, dos objetivos

públicos desta instituição no que tange à promoção do desenvolvimento econômico, e, em

parte, à disponibilidade, em sua estrutura, de funding, dos recursos de longo prazo necessários

aos investimentos por capital de risco.

Após 1994, as ações se tornaram mais efetivas por parte do Governo, ainda por

meio do BNDES e da FINEP. Surgiram os fundos de investimentos em empresas emergentes

já com significativo apoio da iniciativa privada. A participação, também das universidades

federais, pelos seus departamentos de pesquisa e criação das incubadoras de empresas, a

maioria delas de base tecnológica, foi determinante para o surgimento de empresas

inovadoras, alvo principal dos financiamentos de capital de risco. Acentuou-se também a

participação do SEBRAE.

Ribeiro (2005) estudou o modelo brasileiro de private equity e venture capital e

detectou a existência, em dezembro de 2004, de 65 organizações gestoras dessa atividade no

Brasil. A maioria delas nascidas entre 1999 e 2001, de modo que 80% têm menos de dez anos

de atividade. Em julho de 2000, foi fundada a Associação Brasileira de Private Equity e

Venture Capital (ABVCAP), originalmente Associação Brasileira de Capital de Risco

(ABCR).

Em resumo do seu trabalho, demarca Ribeiro (2005, p.4):

...trata-se de um setor com pouco mais de 20 anos de idade. Ao final de 2004, contava com 265 empresas em portfolio (carteira de investimentos). A participação nessas empresas havia sido adquirida por 90 veículos de investimentos, geridos por 65 organizações. Essas organizações eram dirigidas por apenas 215 gestores, altamente qualificados, assessorados por 243 profissionais de apoio (e.g analistas). Por sua vez, esses profissionais eram responsáveis pela gestão de US$ 5,07 bilhões em capital

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comprometido, investidos nas empresas do portfolio ou disponível para a realização de novos investimentos.

O autor define capital comprometido como o montante de recursos disponível para

investimento no Brasil, mais o valor do portfolio de empresas investidas no Brasil, calculado a

custo. No caso de gestores de recursos proprietários, foi considerado o orçamento anual

alocado para a atividade de capital de risco no Brasil. Para os veículos com atuação pan-

americana, o valor reportado corresponde ao total do veículo apenas se o regulamento não

estabelece limite para o montante a ser direcionado para cada país. Neste último caso também

foi solicitado que o montante já investido em outros países fosse subtraído do

comprometimento inicial. Deste modo, o montante que de fato foi ou será investido no País

tende a ser menor do que o reportado.

Em síntese, as atividades de capital de risco no Brasil encontram-se em franco

crescimento. As ações partidas da iniciativa privada, contudo, destinam-se quase que

exclusivamente às grandes corporações que, embora inovadoras, realizam extensos estudos de

mercado que lhes permitem resumir ao mínimo o grau de incerteza inerente aos processos

inovadores, quer seja nos aspectos técnicos de pesquisa, quer seja nos aspectos os

mercadológicos.

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76

5 O PADETEC

5.1 Bases institucionais

As análises sobre o Parque de Desenvolvimento Tecnológico do Ceará –

PADETEC estão fundamentadas em pesquisa documental. Foram compulsadas informações

no Estatuto Social, no Regimento, no Relatório Institucional referente às atividades do ano de

2006 e no Plano Trienal 2007/2009 da entidade. Também foi realizada entrevista com o

superintendente administrativo do PADETEC.

O PADETEC foi criado em 1991 no âmbito do CETREDE, Centro de

Treinamento e Desenvolvimento da UFC - Universidade Federal do Ceará, mediante convênio

firmado com o MEC - Ministério da Educação e Cultura e com o Banco Mundial, por meio do

BIRD – Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento.

A idéia inicial era de incrementar as ações do CETREDE. Logo após a sua

criação, contudo, o PADETEC passou a ter atuação isolada e independente do CETREDE e da

própria UFC, com a qual mantinha vinculação apenas de ordem financeira, não havendo

qualquer vínculo formal de ordem administrativa.

À época da criação, a UFC cedeu um espaço dentro do campus para as instalações

do PADETEC, que permite a incubação, de forma residente de pelo menos 20 empresas. Com

os recursos do convênio firmado com o MEC e o BIRD, foram feitas as reformas e adaptações

necessárias e adquiridos os equipamentos mínimos para funcionamento do Parque. Toda a

infra-estrutura de serviços – água, energia, comunicações, escritório, pessoal administrativo –

corria a expensas da própria UFC.

Até 2000, o presidente do PADETEC era indicado pelo Reitor da UFC – questão

meramente burocrática – pois, embora ocorresse a dependência financeira, não havia

vinculação hierárquica. Esse fato ocasionava uma anomalia administrativa para a

Universidade.

Foi então que, por decisão do Tribunal de Contas da União – TCU, o PADETEC

se desligou definitivamente da UFC e transformou-se numa sociedade civil sem fins lucrativos

(hoje sociedade civil sem fins econômicos). O espaço ocupado no campus continuou a ser

utilizado, porém com ressarcimento à Universidade em termos de aluguel.

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O órgão normativo máximo do PADETEC é a Assembléia Geral. A administração

é realizada por uma diretoria, assistida pela Superintendência e pelos Conselhos Fiscal e

Consultivo.

Compete à Assembléia Geral eleger (e destituir) a Diretoria, composta por um

diretor-presidente e um diretor-adjunto, com mandatos de quatro anos. Por sua vez, compete à

Diretoria a designação dos superintendentes (executivos), sendo um superintendente

financeiro e um superintendente administrativo. O Conselho Fiscal é constituído por três

membros titulares e três respectivos suplentes, eleitos pela assembléia geral, entre associados

que não ocupem cargo na Diretoria ou na Superintendência.

O Conselho Consultivo é constituído pelos representantes das seguintes

instituições:

• Banco do Nordeste do Brasil S. A. - BNB;

• Centro de Treinamento e Desenvolvimento – CETREDE, órgão vinculado à

UFC;

• Federação das Indústrias do Estado do Ceará – FIEC;

• Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Estado do Ceará

- SEBRAE /CE;

• Universidade Federal do Ceará – UFC;

O Diretor Presidente do PADETEC faz parte do Conselho Consultivo, sem direito

a voto.

Atualmente O PADETEC funciona como incubadora de empresas e como centro

de pesquisas na área de Química e Físico-Química. Disponibiliza laboratórios e instalações

para as empresas incubadas e, em pequena escala, técnicos e pesquisadores.

5.2 Objetivos

Regimentalmente, o PADETEC tem como objetivos: funcionar como órgão de

articulação entre as Universidades Federal do Ceará e a Universidade Estadual do Ceará -

UECE e a comunidade; oferecer condições para geração de empresas de base tecnológica,

mediante incubação; desenvolver pesquisa científica e tecnológica, visando à geração de

produtos e processos para o mercado; proporcionar o treinamento de pessoal no

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desenvolvimento de pesquisa de base tecnológica; funcionar como órgão repassador de

tecnologia da academia para o setor produtivo; oferecer treinamento e apoio administrativo,

técnico e operacional às empresas que nele venham a se instalar; desenvolver projetos de

pesquisas e funcionar como Centro de P&D para empresas nacionais e internacionais.

Para atingir esses objetivos o PADETEC se propõe a:

• desenvolver pesquisas científicas e tecnológicas que propiciem a geração,

adaptação ou fixação de tecnologias considerando as necessidades emergentes

do Estado, da Região e do País;

• promover a incubação de empresas de base tecnológica;

• desenvolver novos produtos, processos industriais e equipamentos;

• conduzir projetos em conjunto com empresas e universidades;

• realizar serviços, predominantemente em processos industriais, não dominados

pela tecnologia nacional;

• conduzir estudos de análise e especificação de projetos de conteúdo

tecnológico inovador;

• desenvolver, junto ao meio industrial, programas de formação técnica; e

• incentivar o intercâmbio de pesquisadores, professores e técnicos com outras

instituições nacionais e internacionais.

5.3 Fontes de financiamento

O PADETEC mantém-se principalmente com a celebração de convênios a fundo

perdido (não reembolsáveis) firmados com órgãos governamentais de incentivo à ciência,

tecnologia e Inovação. Dentre essas entidades, as principais são: FINEP, CNPq, BNDES,

CAPES, Banco do Nordeste do Brasil e Governo do Estado do Ceará.

Complementarmente, o PADETEC obtém receitas próprias por intermédio da

prestação de serviços de análise laboratorial (química) a terceiros; dos pagamentos efetuados

pelas empresas incubadas residentes, referente ao aluguel de módulos (galpões), que permite a

essas empresas utilizar toda a infra-estrutura da incubadora; e pagamento, pelas empresas

associadas (incubadas não residentes), pelo uso da infra-estrutura da incubadora.

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O anexo F ao presente trabalho traz o orçamento de 2007 e o quadro detalhado de

usos e fontes do PADETEC para o período de janeiro a dezembro de 2007. O documento

mostra com clareza todas as fontes de financiamentos da incubadora e de todos os projetos

desenvolvidos por ela.

5.4 Seleção de empresas

O processo de incubação de empresas no PADETEC começa com a publicação de

um edital de seleção à comunidade, divulgado nos jornais da região. O edital contém as

instruções aos concorrentes, as condições gerais de incubação, o roteiro do projeto a ser

apresentado, o modelo do contrato de incubação e o modelo de termo de compromisso com as

normas do PADETEC.

As propostas apresentadas são analisadas com base nas exigências quanto ao perfil

da empresa, pré-viabilidade técnica e econômica do projeto, capacidade técnica e empresarial

dos participantes e seus compromissos com os objetivos do PADETEC.

Se forem consideradas viáveis pelo corpo diretivo do PADETEC, as propostas são

submetidas à analise de consultores ad hoc, especialistas na área respectiva, que emitirão, em

formulário-padrão fornecido pelo PADETEC, parecer fundamentado sobre a viabilidade

técnica, financeira e de produção da empresa.

Um dos aspectos considerados vitais na análise do PADETEC e dos conselheiros

ad hoc é a existência, no corpo diretivo da empresa proponente à incubação, de pessoas que

possuam o seguinte perfil: a) tenham profundo conhecimento da tecnologia a ser desenvolvida

(pesquisador); b) tenham experiência em administração de empresas e conhecimento do

mercado de atuação da empresa (administrador); e c) tenham condições financeiras para arcar

com os recursos próprios sempre necessários nesse tipo de empreendimento (sócio

capitalista). Obviamente essas funções podem estar presentes numa mesma pessoa.

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Figura 2 - Modelo PADETEC de Incubação

Fonte: livre criação do autor.

Esse modelo de incubação visa, principalmente, a reduzir as incertezas típicas das

empresas inovadoras – tecnológica, econômica e de mercado -, e assim reduzir ao máximo o

índice de mortalidade de empresas incubadas. A preocupação tem sentido lógico e também de

ordem financeira. Pesquisas são caras. Iniciá-las e não concluí-las enseja desperdício de

recursos. De outra parte, a dedicação à pesquisa requer tempo integral, o que, na maioria das

vezes, não dá ao empreendedor/inovador/pesquisador a condição de cuidar de assuntos

administrativos e de mercado.

Em função do modelo de seleção e com base em experiências vividas nos últimos

10 anos, o PADETEC desestimula (não veda) a incubação de empresas individuais. Quanto ao

regime jurídico, as empresas podem ser: empresa de base tecnológica instituída por pessoa(s)

física(s); empresa de base tecnológica instituída por pessoa jurídica; empresa de base

tecnológica transferida da região ou de outro Estado; e projeto de desenvolvimento de

produtos e processos para empresas externas ao PADETEC, da região ou de outro estado.

Ao final do processo, havendo mais empresas qualificadas do que vagas, a

superintendência do PADETEC nomeará uma comissão de seleção que, à luz dos pareceres e

dos conteúdos específicos de cada proposta, fará a classificação ordinal das proponentes,

sendo chamadas para assinatura do contrato de incubação as empresas cujas propostas tenham

sido avaliadas de acordo, respeitando-se a ordem de classificação obtida até que sejam

preenchidas todas as vagas do Edital. Em caso de empate na classificação de duas ou mais

empresas para o preenchimento da última vaga, será escolhida a que tiver apresentado a

melhor proposta financeira. As propostas classificadas têm validade de 6 (seis) meses.

Gestão

Idéia Capital

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Durante este período, havendo desistência ou saída de alguma empresa do PADETEC, as

empresas classificadas poderão ser chamadas.

O Conselho Diretor do PADETEC poderá adotar o fluxo contínuo de seleção de

empresas (dispensa do edital de seleção) quando julgar conveniente, desde que as empresas

atendam ao perfil mencionado há pouco e tenham a avaliação de assessores ad hoc.

A seleção poderá ainda ser dispensada, desde que existam vagas na incubadora e

desde que as pretendentes sejam transferidas de outros estados, se enquadrem nos objetivos do

PADETEC e sejam recomendadas por dois assessores ad hoc; ou sejam de base tecnológica

que, pela recomendação de pelo menos dois assessores ad hoc, sejam consideradas

estratégicas para o Estado do Ceará.

São havidas somo inelegíveis para incubação no PADETEC empresas cujos

sócios, diretores ou acionistas, e seus parentes em primeiro e segundo graus, sejam membros

da superintendência, chefias, unidades de apoio do PADETEC ou de seus Conselhos Diretor e

Fiscal.

O conceito de empresa de base tecnológica utilizado pelo PADETEC – constante

do seu Regimento - é absolutamente amplo e genérico. Poder-se-ia considerar mais como um

conceito de empresa inovadora. Para se enquadrar como empresa de base tecnológica, para o

PADETEC, a empresa deverá desenvolver e industrializar (produzir em escala industrial):

• produtos ou processos inéditos;

• produtos ainda não industrializados no mercado nacional;

• produtos que utilizem intensivamente a matéria-prima regional;

• produtos que utilizem como matéria-prima, resíduos industriais e agrícolas;

• produtos dentro de áreas estratégicas para o Ceará e o Brasil; e

• serviços tecnológicos inexistentes no mercado local.

5.5 Fases e prazos do empreendimento no período de incubação

O quadro 4 sintetiza as fases e prazos de incubação das empresas no PADETEC.

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FASE FINALIDADE PRAZO I – implantação Instalação da empresa Até 6 meses após o contrato

de incubação II – Desenvolvimento Empresa firma-se técnica e

financeiramente Até 12 meses a fase I

III – Consolidação Empresa inicia o processo de transferência para instalações próprias

Até 12 meses após a fase II

IV – Liberação Empresa apresenta condição de auto-financiar

Até 6 meses após a fase III

V – Emancipação Instalação da empresa na sede própria

Até 12 meses após a fase IV

Quadro 4 – fases e prazos de incubação das empresas no PADETEC. Fonte: PADETEC – Regimento.

Terminado o prazo da Fase IV e havendo vaga no PADETEC, o Conselho Diretor

poderá autorizar a permanência da empresa que apresentar e justificar pedido com esta

finalidade, devendo ela passar a responder por todos os custos (comum e especifico) a preço

de mercado. Esse é um fato corriqueiro no PADETEC. A maioria das empresas incubadas

extrapola o prazo regimental de 3 (três) anos. Contribuem para isso as facilidades obtidas

pelas empresas, uma vez permanecendo incubadas, mormente quanto à obtenção de recursos

não reembolsáveis junto a órgãos de apoio e financiamento à ciência, tecnologia e inovação.

Caso o empreendimento não tenha sucesso em qualquer das fases e seus sócios

decidam pelo seu encerramento, passarão para o domínio do PADETEC, sem qualquer ônus

para este, a tecnologia, os processos e os produtos até então desenvolvidos.

5.6 Custo das empresas incubadas.

No período de incubação, as empresas não precisam fazer inversões físicas. Os

gastos com logística (escritório, máquinas e instrumentos específicos para a atividade a ser

desenvolvida) são da empresa, que pode utilizar capitais próprios ou recursos onerosos.

Os gastos com o desenvolvimento do produto são da própria empresa (capital

próprio), que se caracterizam como capitais de risco, ou de recursos não reembolsáveis

obtidos junto a órgãos como FINEP, BNDES, CNPq (que normalmente fornecem o capital

relativo á mão-de-obra de pesquisadores e bolsistas), Governo do Estado etc. Os recursos não

reembolsáveis são conseguidos pelas empresas por meio do PADETEC. A incubadora é que

participa das chamadas de capital, fóruns etc., obtêm os recursos e os repassa às respectivas

empresas.

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O custo das empresas com o PADETEC tem duas vertentes:

• custo comum – compreende todas as despesas referentes a manutenção e

operação dos serviços (administração) e instalações comuns da incubadora,

utilizadas por todas as empresas. No cálculo do custo comum, serão levados em

consideração os seguintes elementos de despesa: aluguel, condomínio, pessoal

de vigilância e suporte, material de expediente, manutenção das instalações

físicas e equipamentos, despesas com telefonia, xerox, fax e computação; e

• custo específico – envolve insumos e serviços prestados exclusivamente ao

empreendimento em particular, tais como energia elétrica, água, telefone,

serviços analíticos entre outros.

O custo comum é rateado proporcionalmente entre todos os empreendimentos,

levando-se em conta a unidade de área ocupada, podendo a Superintendência estabelecer cotas

ou dotações de custos por empresa consoante a determinação dos seus custos totais. A unidade

de área ocupada, denominada módulo, corresponde a 48 m2.

O PADETEC subsidia os custos comuns de cada empresa incubada, de acordo

com os percentuais apontados no quadro 5 abaixo, em cada uma das fases.

FASE SUBSIDIO Implantação 90%

Desenvolvimento 50% Consolidação 40%

Liberação 20% Emancipação Sem subsídio

Quadro 5 – Custos/subsídios das empresas incubadas pelo PADETEC. Fonte: PADETEC - Regimento interno.

É de responsabilidade de cada empresa fazer com que seus diretores, empregados,

fornecedores, clientes e prepostos respeitem as normas baixadas pela Administração do

PADETEC, devendo arcar com eventuais prejuízos provocados por eles às dependências,

veículos, equipamentos e instalações do PADETEC.

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5.7 Perfil das empresas incubadas e graduadas (residentes e associadas)

O quadro 6 apresenta o perfil da empresas assistidas pelo PADETC (31.12.2006):

INCUBADORAS RESIDENTES EMPRESA OBJETIVO PRODUTO

ADINOR – Aditivos do Nordeste S/A

Produto aplicável como aditivo em combustíveis produzidos do petróleo (gasolina comum, gasolina de aviação e óleo diesel) e de biomassa (etanol e derivados de óleos vegetais), bem como em lubrificantes sintéticos ou derivados de petróleo (óleos lubrificantes para motores de combustão interna, motores tipo diesel, turbinas, óleos de corte e similares).

Antioxidante resultante do processo de alquilação do cardanol obtido mediante descarboxilação do ácido anacárdico proveniente do LCC (Líquido da Castanha do Caju) bruto.

DESIDRATEC - Indústria e Comércio de Tecnologia e Desitratação Ltda.

Comercializar o processo de “Desidratação por Distribuição Uniforme de Temperatura e Convecção Forçada” de substâncias diversas, através de aparelhos já projetados e que serão desenvolvidos e fabricados.

Produtos ou substâncias a serem desidratados, de origem animal e vegetal, com ênfase em óleos extraídos de plantas oleaginosas a baixa temperatura.

GEMINI Pesquisa e Serviços em Alimentos Ltda.

Consultorias para unidades de processamentos de alimentos e gestão da qualidade, análises laboratoriais, projetos e segurança do trabalho.

Análises laboratoriais, projetos e segurança do trabalho.

GENE – Geração Eólica do Nordeste Indústria e Comércio Ltda

Industrialização e comercialização de aerogeradores de pequeno e de médio porte, mediante utilização preferencial de geradores de indução, cuja potência nominal estará compreendida inicialmente na faixa de 3 a 10 kW, com tensão alternada trifásica, de geração de 380/220 V, na freqüência de 60 Hz.

Aerogeradores de pequeno e médio porte.

IONOR – Indústria Oleoquímica do Nordeste Ltda.

Produção de óleos de mamona e de outras oleaginosas, principalmente lubrificantes sintéticos para a indústria, polímeros e resinas, poliuretanas, poliésteres, nylon, gliceroquímicos, óleos especiais plastificantes

Derivados de óleos vegetais de alto valor agregado;

NUTRIMAX Indústria, Comércio, Importação e Exportação Ltda.

Extração da resina contendo a aloína existente na folha do vegetal babosa (Aloe-Vera) e, por um processo de liofilização (ou spray dry), secagem, para obtenção do pó do gel contido no interior da folha e rico em polissacarídeo.

Resina contendo a aloína existente na folha do vegetal babosa (Aloe-Vera); Pó do gel contido no interior da folha e rico em polissacarídeo.

P&D – Pesquisa e Desenv.de Projetos Industriais e Agro Industriais Ltda.

Prestação de serviços técnicos e científicos especializados, utilizando uma base tecnológica que possibilite desenvolver inovações na área de engenharia..

Sistemas que permitam empregar a tecnologia da “Combustão em Meios Porosos”.

PROCARIRI – Produtos Naturais do Cariri Ltda.

Produção flavonóides, principalmente rutina, produtos naturais extraídos da Fava D’Anta.

Rutina e Produtos naturais extraídos da Fava D’Anta

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TECHNOACQUA Serviços de Consultoria Ltda.

Cultivo de peixes marinhos envolvendo produtos e processos tecnológicos inovadores.

Cultivo de peixes marinhos.

INCUBADAS ASSOCIADAS ACP PRODUCTS – Serviços Tecnológicos Ltda.

Atomização da água de coco, com maltodestrina como carreador, em equipamento Spray Dryer ajustado às condições físico-químicas da matéria-prima.

Produtos destinados à indústria cosmética e também produtos destinados à nutrição

AGLODESTE – Aglomerados do Nordeste Ltda.

Utilização como matéria-prima o LCC (Líquido da Castanha do Caju) mediante polimerização e prensagem com resíduos agrícolas

Material tipo compensado isolante, com largas aplicações na indústria da construção civil.

CONPROMAQUI – Construções e Projetos de Máq. Industriais Ltda

Desenvolver equipamento para processamento da castanha do caju e o Trembus, ônibus adaptado para trafegar sobre a linha férrea.

Equipamento para processamento da castanha do caju e Trembus.

ETETECH – Desenvolvimento Tecnológico Ltda.

Tecnologia para realização de serviços de manutenção, destinada a desenvolver produtos e processos relacionados com irrigação de culturas agrícolas

Sistema de automação e controle Válvulas hidráulicas magnéticas.

LABORNAT – Laboratório Natural Ltda.

Produzir comprimidos e cápsulas de fitoterápicos, a partir de microesferas de quitosana, com ou sem extrato de plantas.

Comprimidos e cápsulas de fitoterápicos

NATUCEL – Energia Solar Ltda.

Produção de células fotovoltáicas nanocristalinas a custo reduzido e de fácil fabricação, utilizando corantes de plantas nativas brasileiras.

Geração direta de energia elétrica via luz solar

PAN FLORA LTDA.

Produzir mudas de plantas frutíferas e ornamentais para o mercado local e da região, utilizando tecnologia avançada desenvolvida no CNPAT/EMBRAPA.

Mudas de plantas frutíferas e ornamentais

PECTINA DO BRASIL LTDA.

Elaborar produtos derivados do maracujá, com propriedades de um alimento funcional.

Derivados do maracujá.

PRONAT – Prod. Naturais Ltda.

Produção de inseticida natural, acaricida natural e fungicida natural.

Inseticida natural, acaricida natural e fungicida natura.

TECHZON MUNDIAL TECNOLOGIA DE OZONIZAÇÃO – Indústria, Serviço e Representação Ltda.

Sistema destinado a aplicação de tratamento germicida, desinfetante e desodorizante, de ar ambiental interior em ambientes artificialmente climatizados ou não, tratar de meio aquoso em geral e agir na conservação de produtos e materiais orgânicos e de origem orgânica, bem como higienizar e desinfetar reservatórios, bandejas de condensação e canais de circulação de sistemas de climatização.

Sistema controlado e monitorado de produção de gás ozônio por meio de tubo dielétrico sob alta tensão

UNIVERSAL – Educação e Projetos Ltda.

Estabelecer como setor de atividade a Educação à Distância com a finalidade de promover a transferência de tecnologias de produtos e processos necessárias à realização de bens e serviços.

Ensino à distância de tecnologias e de processos e de tecnologias organizacionais.

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EMPRESAS GRADUADAS FOTOSENSORES Tecnologia Eletrônica Ltda.

Tecnologia eletrônica e versatilidade em controle de tráfego

Sistema de monitoramento de tráfego (SMT 9010), compreendendo monitor de semáforo, barreira eletrônica e radar fixo.

HNR Indústria e Comércio de Representações Ltda

Produção de baterias (tubo de distribuição de gás e suporte) dos fogões da linha NG (Nova Geração).

Baterias (tubo de distribuição de gás e suporte) dos fogões da linha NG (Nova Geração).

NUTERAL – Indústria de Formulações Nutricionais Ltda

Formulações nutricionais enteral ou oral, constituindo-se de produtos de fácil preparo, para dieta de alta hospitalar e serviços sobre cuidados da divisão nutrição química

Produtos de fácil preparo, super solúveis, com baixa osmolalidade e viscosidade e não contendo aditivos artificiais.

POINT SUTURE BRASIL – Indústria de Fios Cirúrgicos Ltda.

Fabricação de Fios Cirúrgicos de alta tecnologia.

Fios Cirúrgicos de alta tecnologia.

POLIQUÍMICA S.A.

Produção de Derivados oleoquímicos naturais de origem vegetal.

Derivados oleoquímicos,

POLYMAR Ciência e Nutrição S.A

Produtos naturais, compreendendo suplementos alimentares – coadjuvantes na prevenção de obesidade, altos níveis de colesterol LDL, fragilidade capilar, estresse mental, osteoporose;

Produtos naturais (suplementos alimentares) e fitoterápicos

POTÀGUA – Sistema para tratamentos de água Ltda.

Produtos e serviços para dessalinização de águas, empregando diversos tipos de dessalinizadores.

Dessalinizadores

SELACHII Produtos Mari-nhos Indústria e Comércio de Alimentação Ltda.

Fabricação de produtos fitoterápicos, suplementos alimentares e cosméticos, tendo por base o processamento de produtos naturais.

Fitoterápicos, suplementos alimentares e cosméticos.

TECHNOVIEW Engenharia Ltda.

Desenvolvimento de projetos para viabilização de pequenos painéis eletrônicos que preliminarmente serão utilizados em destinos de ônibus urbanos e interurbanos.

Painéis eletrônicos

Quadro 6 – Perfil das empresas assistidas pelo PADETEC. Fonte: PADETEC – Empresas incubadas e graduadas. Disponível em http://www.padetec.ufc.br/novapagina/ empresas/novaempresas.php acesso em 05.04.2007.

Empresas incubadas no PADETEC e que atualmente estão no mercado foram

premiadas no contexto nacional pelas suas idéias inovadoras. O anexo “E” relaciona algumas

dessas empresas. Quanto ao sucesso financeiro do empreendimento, parte das empresas

consolidou-se no mercado, tornando-se empreendimentos de sucesso. Compõem o Estudo

sobre o PADETEC os anexos de número “A” a “G” do presente trabalho.

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87

6 AVALIAÇÃO EMPÍRICA DAS EMPRESAS ASSISTIDAS PELO

PADETEC

6.1 Aspectos metodológicos

A coleta de dados foi realizada por meio de dois modelos de questionários. O

primeiro (Apêndice “A”) dirigido às empresas que ainda se encontram na fase de incubação e

o segundo (Apêndice “B”) àquelas que se encontram graduadas. O terceiro modelo

(Apêndice “C”) dirigido ao PADETEC não foi respondido.

Os questionários dirigidos às empresas foram divididos em cinco blocos:

• identificação da empresa;

• informações adicionais sobre o respondente (contato) da pesquisa;

• dados sobre a constituição da empresa;

• dados sobre o período de incubação; e

• dados sobre o período de graduação.

A diferença entre os dois modelos estava apenas no bloco que solicitava os dados

sobre o período de graduação, remetido apenas às empresas neste estádio. Os dois primeiros

blocos continham dados de caráter geral sobre as empresas. No terceiro bloco, objetivou-se

conhecer a situação inicial da empresa: data de constituição; tipo de empresa; formação do

capital inicial (sócios) e qualificação profissional dos principais dirigentes. Os dados,

principalmente a constituição do capital inicial, guardam relação intrínseca com o estudo das

fontes de financiamento e, particularmente, com as atividades de capital de risco,

considerando o entendimento do presente trabalho de que todo capital aportado pelos

proprietários das empresas inovadoras e de base tecnológica se enquadra nessa modalidade.

O quarto e o quinto blocos – o quarto comum aos dois tipos de empresa e o quinto

apenas para as graduadas – constituem a essência do trabalho de pesquisa. Foram solicitados,

nas duas fases:

• datas de incubação e de graduação;

• razões de ingresso no PADETEC;

• principais produtos e processos desenvolvidos, as razões da escolha desses

produtos ou processos e as suas características inovadoras e tecnológicas;

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88

• origem (próprias, pública ou de terceiros) e a natureza (reembolsável ou não

reembolsável) das fontes de financiamento, que suportaram as atividades da

empresa em cada um dos períodos, nas atividades de P & D e demais

atividades;

• retiradas de sócios e/ou investidores e as razões dessas saídas: apoio recebido

de órgãos governamentais;

• principais mercados fornecedores e consumidores;

• dados financeiros – receita bruta e lucro (prejuízo);

• forma de remuneração e valores repassados aos investidores nos últimos 3

anos;

• qualificação do pessoal;

• produtos descartados no período;

• patentes e outros métodos de proteção adotados;

• pontos forte e pontos fracos de cada um dos períodos; e

• demais informações julgadas necessárias.

Os dados solicitados foram considerados suficientes para verificação dos

pressupostos iniciais, ou seja, uma análise das fontes de financiamento das empresas assistidas

pelo PADETEC; a relevância do capital de risco dentro dessas fontes de financiamento e a

participação do PADETEC como instrumento de apoio para obtenção desse tipo de

financiamento.

A data-base considerada foi 31.12.2006. A pesquisa ficou restrita às pequenas e

médias empresas que permanecessem vinculadas ao PADETEC, na condição de incubada ou

graduada. Na data sob referência, vinte e nove empresas atendiam a essas qualificações. Sete

empresas apesar de atenderem as condições foram desconsideradas: quatro por se encontrarem

em estado latente (com atividades paralisadas); duas que estão sendo incorporadas por outras

empresas (fase de transição); e uma que, malgrado estar no PADETEC possuía vinculação

efetiva com a EMBRAPA.

No contato inicial, três empresas não quiseram sequer receber o questionário.

Foram enviados então 19 questionários: 13 para empresas incubadas e 6 para empresas

graduadas. Destes, retornaram 8, sendo 6 de empresas incubadas e 2 de empresas graduadas.

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Considerando o universo de vinte e duas empresas com índice de respondentes corresponde a

36,36%. Considerando as dezenove que se propuseram a participar da pesquisa, é de 42,11%.

6.2 Resultados

6.2.1 Da constituição da empresa à incubação

a) Características gerais das empresas pesquisadas

Considerando que a constituição da empresa coincide, ou está muito próxima da

data de incubação, verifica-se, pela tabela 2, que o prazo de três anos previsto para incubação

no PADETEC nem sempre é cumprido. Pelo menos uma empresa permanece incubada desde

2001. A tabela apresenta informação que corrobora a política de seleção de empresas do

PADETEC, isto é, o desestimulo à incubação de empresas individuais. As empresas em fase

de incubação e que ainda não comercializam seus produtos estão, necessariamente,

classificadas como microempresas. Dado relevante é o crescimento verificado nas empresas

graduadas. Uma das pesquisadas já está classificada como média empresa, o que pelo critério

do BNDES significa um faturamento anual superior a R$ 60 milhões e se transformou numa

sociedade anônima de capital fechado.

Tabela 2 – Características das empresas

Número de empresas Discriminação Incubadas Graduadas

A – Data da Constituição da empresa

11/93 - 1 01/97 - 1 12/01 1 - 06/03 1 - 08/05 2 -

NI 2 - B – Tipo de empresa

Ltda. – Marido e Mulher 1 - Ltda 5 1 S.A. - 1

C - Porte da empresa Micro 5 -

Pequena 1 1 Média - 1

Total de empresas 6 2 Fonte: Pesquisa direta, maio/2007, realizada pelo autor.

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b) Razões para a incubação e visão do PADETEC

Os motivos apontados pelas empresas para participarem do processo de incubação

no PADETEC e as observações feitas sobre esse período revelam elevado grau de satisfação

com a incubadora. As empresas, contudo, não deixaram de apontar alguns pontos fracos. As

opiniões favoráveis estão atreladas à infra-estrutura e ao apoio tecnológico, e os pontos

negativos à dificuldade de financiamento no período de incubação e à obtenção de recursos

que propiciem a saída da empresa dessa condição, o que vem ratificar as informações colhidas

na pesquisa bibliografia, no que diz respeito às dificuldades de obtenção de créditos por parte

das pequenas e médias empresas inovadoras. O quadro 7 relaciona as principais observações.

Apoio institucional na área tecnológica.

Opções viáveis para pesquisadores que pretendem montar uma empresa. Apoio

administrativo, infra-estrutura.

Desenvolvimento de produtos inovadores, visto que o PADETEC é uma incubadora de

renome nacional no cenário técnico científico no País.

Facilidade de análise e controle de qualidade.

Possibilidade de realizar pesquisas, não possíveis de serem realizadas por conta

própria. Equipamentos caros/pesquisa demorada. Possibilidade de trabalhar mercado.

Auxílio do PADETEC em equipamentos e pessoal, mediante convênio.

Razoes de

escolha do

PADETEC

Apoio administrativo e laboratorial para o desenvolvimento das pesquisas pretendidas.

Infra-estrutura necessária ao seu desenvolvimento, como: espaço físico, segurança,

energia, água, telefone, serviços gerais de limpeza, orientações na área de projetos

financeiros, patentes, divulgação do produto em feiras e outros eventos, cursos

voltados para a área da gestão e empreendimentos, consultorias etc. Além disso, a

empresa se fortalece perante as instituições de apoio de P&D.

Acesso aos equipamentos para análise.

O envolvimento de instituições federais, como a UFC, CNPq, SEBRAE e contatos de

pesquisadores internacionais.

Pesquisa científica, qualidade laboratorial e credibilidade PADETEC.

Pontos Fortes

Profissionais competentes; estrutura bem adaptada; produtos de qualidade.

Baixo capital de giro e concorrência.

Financiamento facilitado para sair da incubadora (ausência de).

Poucas linhas de créditos direcionadas para pesquisa e para empresas incubadas.

Pontos

Fracos Recursos financeiros limitado. Marca não consolidada. Bancos de dados incompletos e

desatualizados.

Quadro 7 - pontos fortes e pontos fracos apontados pelas empresas, relativamente ao período de incubação no PADETEC. Fonte: Pesquisa Direta, maio/2007, realizada pelo autor.

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91

c) Características de inovação dos produtos e processos desenvolvidos

Foram solicitados os dois produtos e os dois processos mais relevantes

desenvolvidos. As empresas relacionaram dez produtos que desenvolveram ou estão

desenvolvendo durante a fase de incubação. Foram mencionados também três processos.

Considerando o número de respondentes, verifica-se que boa parte das empresas desenvolve

mais de um produto.

A tabela 3 comprova que todos os produtos e processos desenvolvidos se

enquadram como inovadores e de base tecnológica, ratificando o entendimento de ser o

PADETEC uma incubadora com essas características. Verifica-se também que, dos produtos

relacionados, 5 (cinco) foram ditos novos no Brasil e existentes no Exterior e 1 (hum) foi

considerado novo para a empresa, embora exista do Brasil. A descrição, pelas empresas, das

características tecnológicas e de inovação desses produtos (item do questionário) permite a

constatação de que foram reunidos diferenciais tecnológicos que os tornaram diferentes dos

produtos-bases. A inovação, no caso, atende ao conceito discutido na revisão bibliográfica do

presente trabalho.

Verificando a tabela 4, percebe-se que uma das empresas incubadas produz em

escala industrial, o que em tese já lhe retiraria a condição de incubada, conforme os estudos

relacionados às condições de incubadoras de forma geral. Por determinação regimental o

PADETEC continua abrigando a empresa. As demais ainda permanecem no estágio de

desenvolvimento, validação e fase inicial de produção. As empresas graduadas produzem em

escala industrial os produtos que foram desenvolvidos no período de incubação e há muito

estão presentes no mercado. O desenvolvimento de novos processos tecnológicos segue a

mesma condição dos produtos.

Tabela 3 – Distribuição do número de empresas por inovação dos produtos e processos

Inovação Produto Processo

Novo para a empresa, mas existente no mercado nacional. 1 -

Novo no mercado nacional, mas presente em outros países. 5 -

Novo no mercado mundial. 3 - Aprimoramento de um produto existente. 1 3 Total 10 3

Fonte: Pesquisa Direta, maio/2007, realizada pelo autor.

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Tabela 4 – Distribuição do número de empresas por estádio de desenvolvimento dos produtos e processos

Produto Processo Inovação Incubadas Graduadas Incubadas Graduadas

Em desenvolvimento. 4 - 1 Em fase de validação. 1 - - Em fase inicial de produção. 2 - 1 Em escala Industrial. 1 2 - 1 Total 8 2 2 1

Fonte: Pesquisa Direta, maio/2007, realizada pelo autor.

d) Capacitação do pessoal envolvido

A tabela 5 ratifica o elevado nível de qualificação das pessoas envolvidas nas

empresas incubadas pelo PADETEC.

Originado no âmbito da Universidade Federal do Ceará, o PADETEC voltou-se

prioritariamente para atender empresas criadas com esteio em idéias inovadoras surgidas no

meio acadêmico, principalmente junto a pesquisadores no campo da Química e da Físico-

Química. Assim, o resultado apontado pela pesquisa reflete a realidade de toda a incubadora.

Os técnicos de nível médio são bolsistas da própria Universidade, remunerados pelo CNPq,

SEBRAE, FINEP e outros órgãos do Governo. O pessoal de nível fundamental - limpeza,

segurança etc. - na sua maioria, é remunerado pelo próprio PADETEC, o que explica o

número baixo dessas pessoas junto às próprias empresas.

Outro aspecto a considerar é o fato de que o pessoal qualificado aqui apontado não

representa a totalidade dos pesquisadores e cientistas envolvidos com as empresas assistidas e

com o próprio PADETEC (sem vinculação a qualquer empresa). Ocorre que muitos desses

pesquisadores-proprietários possuem atividades diversas e vínculos empregatícios que os

impossibilita de assumir legalmente a condição de proprietário, uma vez que, assim, vedariam

às suas respectivas empresas de participar de uma série de programas federais e estaduais de

apoio à ciência e à tecnologia (recursos não reembolsáveis).

O caso mais evidente refere-se aos pesquisadores que são sócios, diretores,

superintendentes ou membros dos Conselhos fiscal e Consultivo do PADETEC. Para atender

ao Regimento da incubadora, nenhuma dessas pessoas pode ter qualquer participação nas

empresas assistidas.

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Tabela 5 - Nível de qualificação do pessoal envolvido nas empresas pesquisadas

Quantidade de pessoas qualificadas por empresa Empresas D M G NM NF

Empresa “A” 01 00 03 05 00 Empresa “B” 00 02 02 00 00 Empresa “C” 01 04 03 02 00 Empresa “D” 01 00 01 03 01 Empresa “E” 02 00 02 02 02

Incubadas

Empresa “F” 00 01 02 00 02 Empresa “A” 02 03 03 02 10 Graduadas Empresa “B” NI NI NI NI NI

Total de pessoas qualificadas 07 10 16 14 15 Fonte: Pesquisa Direta, maio/2007, realizada pelo autor. Legendas: D – Doutores; M- Mestres; G-Graduados; NM-Nível Médio; NF – Nível Fundamental.

e) Apoio recebido pelas empresas da parte dos órgãos governamentais

Os resultados da pesquisa, nesse particular, não coincidiram com a informação do

PADETEC de que todas as empresas incubadas recebem apoio de órgãos governamentais,

voltados para a ciência, tecnologia e informação, fato demonstrado no planejamento trienal da

incubadora (Anexo F). A informação do PADETEC, todavia, está correta. Considerando que

a própria incubadora é mantida por convênios firmados com esses organismos, e que os

recursos conseguidos, na sua totalidade, se caracterizam como não reembolsáveis ou recursos

a fundo perdido, como costumam classificá-los, e sendo as empresas incubadas beneficiárias

das condições oferecidas pela incubadora, tem-se que, mesmo indiretamente, todas as

empresas incubadas se beneficiam desses recursos.

Assim, o dado mais relevante levantado pela tabela 6 e pelo quadro 8 é a

constatação de que a participação dos órgãos governamentais é vital para o desenvolvimento

das pesquisas e sobrevivência das empresas, mormente no que diz respeito aos custos com

recursos humanos, praticamente todos cobertos por convênios com o CNPq. O anexo “F”

corrobora essas afirmações.

Parte das empresas participa dos programas de incentivos fiscais do Governo do

Estado do Ceará, por meio da FUNCAP. Praticamente todas elas recebem repasses de recursos

da FUNCAP, FINEP, CNPq, UFC. Esses repasses nunca são em dinheiro e sim mediante o

fornecimento de materiais para o desenvolvimento da pesquisa e de remuneração de bolsistas

e dos próprios pesquisadores, segundo colhido junto ao PADETEC.

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Tabela 6 – Apoio recebido de órgãos governamentais

Incubadas Graduadas Tipo de Incentivo Sim Não NI Sim Não NI Incentivos fiscais P & D. 2 2 2 - - - Incentivos fiscais à informática .

- 2 4 - - -

Apoio de universidades e institutos de pesquisa.

2 3 1 1 - -

Bolsas de fundações de amparo à pesquisa.

5 1 - - - -

Outros. 1 1 4 - - - Fonte: Pesquisa direta, maio/2007, realizada pelo autor.

Tipo de Incentivo Incubadas Graduadas Incentivos fiscais P & D. FUNCAP, Projetos MCT-

RMAE, PADCT -

Incentivos fiscais à informática.

- -

Apoio de universidades e institutos de pesquisa.

CNPq CNPq

Bolsas de fundações de amparo a pesquisa.

FUNCAP, FINEP,CNPq, RMAE -

Outros FUNCAP-FINEP – reembolsáveis.

-

Quadro 8 – Órgãos governamentais que apoiaram as empresas. Fonte: Pesquisa direta, maio/2007, realizada pelo autor.

f) Dados financeiros

As respostas obtidas sobre os dados financeiros das empresas não foram

suficientes à feitura de tabelas comparativas. Foram solicitadas informações sobre receita

bruta e lucro (ou prejuízo) nos últimos três anos para as empresas que permanecem incubadas,

e nos três últimos anos do período de incubação para as empresas graduadas. As respostas

obtidas, de 4 empresas apenas, e ainda assim na sua totalidade incompletas, não permitem

qualquer conclusão sobre o assunto.

Uma das empresas incubada informou que sua receita bruta nos anos de 2005 e

2006 foi de R$ 100.000,00 e R$ 200.000,00, respectivamente, não informando, porém a

origem e como ocorreu a distribuição dessa receita. Outra empresa incubada respondeu que os

valores repassados aos investidores controladores corresponderam a 5% em 2004, 10% em

2005 e 35% em 2006, percentual da receita obtida.

Uma empresa graduada informou que a remuneração dos investidores no período

de incubação ocorreu com a distribuição de lucros, e uma empresa incubada afirma que utiliza

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outras formas de remunerá-los, as quais não foram especificadas. Nenhum valor foi repassado

aos sócios - pessoas físicas - nos últimos cinco anos.

g) Fontes de financiamento das empresas no período de incubação

As tabelas 7 e 8 mostram que a metade das empresas incubadas e a totalidade das

empresas graduadas iniciaram o negócio com recursos apenas dos sócios-proprietários. As

demais tiveram que recorrer a sócios capitalistas para complemento do capital inicial

necessário. Independentemente do valor aportado de início, tanto as inversões feitas pelos

proprietários, quanto a participação de sócios capitalistas enquadram-se na definição de

capital de risco, de acordo com os estudos realizados no presente relatório de pesquisa.

No momento da inversão existia uma idéia ou uma invenção. O enfrentamento das

incertezas quanto à viabilidade econômica da idéia ou invenção determina o risco de emprego

do capital. Esses investidores apostaram na superação de barreiras, como o recebimento do

apoio necessário ao desenvolvimento dessas idéias – de ordem material, financeira e

intelectual – por parte dos órgãos governamentais, e ainda na incerteza mercadológica

traduzida pela aceitação (ou não) do produto ou processo a ser desenvolvido.

Quanto aos financiamentos necessários ao desenvolvimento do produto – tabelas

9. 10 e 11, pode-se fazer a seguinte leitura: a) na fase incubação propriamente dita – 25% das

empresas (1 incubada e l graduada) informaram que utilizaram apenas recursos próprios; b)

37,5% das empresas (todas incubadas) reconheceram a participação de recursos de fontes não

reembolsáveis, sendo que uma delas apontou a necessidade de recorrer a fontes onerosas

(recursos reembolsáveis); e, c) 37,5% ( duas incubadas e uma graduada) não responderam ao

questionamento.

É importante considerar nesta análise o fato de que as empresas que informaram

que as fontes de financiamento de desenvolvimento dos produtos foram 100% próprias não

atentaram para a idéia de que essa informação não guarda coerência com a realidade das

empresas favorecidas pelo processo de incubação. A pesquisa comprova as informações

obtidas na bibliografia estudada de que os recursos a fundo perdido (não reembolsáveis) são

essenciais ao desenvolvimento das atividades inovadoras por parte das pequenas e médias

empresas.

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É relevante também o fato de que as três empresas que reconheceram o

financiamento por fontes não reembolsáveis mencionaram percentuais significativos. Uma

delas foi taxativa, ao ressaltar que se mantinha única e exclusivamente com o apoio dessas

fontes (99%).

A participação dos recursos próprios, contudo, enquadra-se como capital de risco,

conforme explicitado no parágrafo inicial da presente análise das fontes de financiamento.

Duas empresas incubadas mencionaram a retirada de sócios-proprietários durante o

período de incubação – tabela 12. Em uma das empresas, o percentual de retirada do sócio

representou 33,00% do capital da empresa. Na outra, esse percentual não foi informado. Em

relação à forma de saída dos sócios-proprietários, uma das empresas respondeu que o sócio se

retirou para montar outro negócio, e a outra justificou a saída por questões legais, pois o sócio

não atendia às recomendações exigidas pelos órgãos que financiam as empresas de base

tecnológica e inovadoras.

Uma empresa incubada apontou que houve uma retirada total do capital aportado

por um sócio - pessoa física. Não informou o percentual desta retirada ocorrida em relação ao

capital da empresa e relatou que a retirada visou à montagem de um negócio.

Tabela 7 - Capital inicial (constituição) empresa em R$

Capital Incubadas Graduadas 2.000,00 1 - 5.000,00 3 -

10.000,00 1 - 40.000,00 - 1

100.000,00 - 1 NI 1 -

Total 6 2 Fonte: Pesquisa direta, maio/2007, realizada pelo autor.

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Tabela 8 - empresas incubadas e graduadas: participações (%) no capital inicial da empresa (constituição)

Número de empresas

Proprietários Sócios P. Física Sócios P.Jurídica Total

Incubadas 1 75 25 - 100 1 80 20 - 100 1 95 5 - 100 2 100 - - 100

Graduadas 1 100 - - 100 1 1 2 1 NI NI NI NI

Fonte: Pesquisa direta, maio/2007, realizada pelo autor.

Tabela 9 – empresas incubadas: origem das fontes de financiamento em 31.12.2006 para atividades de P & D - ( %)

De Terceiros De origem pública

Empresas

(Num.) Próprias De

origem privada Reembolsável Não

Reembolsável Total

1 1 - - 99 100 1 20 - 20 60 100 1 50 - 50 100 1 100 - - - 100 2 NI - - - -

Fonte: Pesquisa direta, maio/2007, realizada pelo autor.

Tabela 10 – empresas incubadas: origem das fontes de financiamentos em 31.12.2006 para outras atividades – (%)

De Terceiros De origem pública

Empresas

(Num.) Próprias De origem

privada Reembolsável Não Reembolsável Total

1 100 - - - 100 1 - - 100 - 100 1 - - - 100 100 3 NI NI NI NI NI

Fonte: Pesquisa direta, maio/2007, realizada pelo autor.

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Tabela 11 – empresas graduadas: origem das fontes de financiamento em 31.12.2006 para atividades de P & D e outras atividades- ( %)

De Terceiros De origem pública

Empresas

(Num.) Próprias De

origem privada Reembolsável Não

Reembolsável Total

1 100 - - - 100 5 NI - - - 100

Fonte: Pesquisa direta, maio/2007, realizada pelo autor.

Tabela 12 - Retirada de capital que o sócio controlador mantinha na empresa

Resposta Incubadas Graduadas Retirada parcial. - - Retirada total. 2 - Não informou. 4 2 Total 6 2

Fonte: Pesquisa direta, maio/2007, realizada pelo autor.

h) Produtos descartados durante o período de incubação

As tabelas 13 e 14 mostram que uma empresa incubada descartou um dos

projetos iniciados ainda na fase de incubação, havendo alegado falta de capital para

desenvolvê-lo. Solicitou-se ao PADETEC que fornecesse informações sobre outras

ocorrências da espécie. A incubadora informou desconhecer, ressaltando, contudo, a

existência de empresas latentes, caracterizadas como aquelas que não iniciaram a pesquisa, ou

que estão com as suas atividades paralisadas.

A realidade mostrada pela pesquisa guarda relação estreita com o estudo sobre os

riscos e as incertezas próprias das atividades inovadoras. A invenção nem sempre mostra

viabilidade comercial. Isso pode ocorrer por inadequação da tecnologia, pelo elevado custo da

pesquisa (caso da empresa estudada) ou por questões meramente de mercado.

Tabela 13 - Produtos ou processos descartados ou abandonados durante o período e incubação

Resposta Incubada Graduada Não 5 1 Sim 1 - NI - 1

Total 6 2 Fonte: Pesquisa direta, maio/2007, realizada pelo autor.

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Tabela 14 - Causa do abandono do projeto

Causa Incubada Graduada Falta de capital. 1 1

Não abandonaram. 5 - NI. - 1

Total 6 2 Fonte: Pesquisa direta, maio/2007, realizada pelo autor.

i) Registro de marcas e patentes

Uma empresa informou o registro de uma patente no Brasil, durante o período de

incubação. Nenhuma informou sobre registro no Exterior. Essa providência, segundo o

PADETEC, deve ser adotada antes da incubação, podendo residir nesse detalhe a não-

resposta ao quesito. Os dados fornecidos pelo PADETEC (anexo G) informam as patentes

registradas em 2006, restritas à própria incubadora e uma empresa graduada.

j) Principais mercados fornecedores e consumidores

O levantamento indicou que as principais fontes da matéria-prima estão localizadas

no Ceará. Parte das empresas depende de produtos (componentes, peças, reagentes e outros

da espécie) originados nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. O principal mercado consumidor

(ou potencial consumidor de produtos em desenvolvimento) também é o Ceará e os

excedentes para a região Nordeste. Há produtos direcionados unicamente ao mercado externo.

6.2.2 Período de graduação

a) Características de inovação dos produtos e processos desenvolvidos

Pela tabela 15, pode-se verificar que, dos quatro produtos informados pelas

empresas graduadas, três já estão no mercado e um se encontra no estágio inicial de

comercialização. O novo processo desenvolvido também se encontra no mercado. As

empresas informaram que os produtos e processos desenvolvidos após a saída do PADETEC

(graduação) constituem derivações dos produtos e processos originalmente desenvolvidos,

quando da incubação. A razão da escolha dos produtos e processos está sempre ligada à

inovação e à potencialidade do mercado consumidor nacional, o que ratifica as constatações

de que empresas inovadoras permanecem com essa característica mesmo após o período de

incubação.

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Tabela 15 - Inovação de produtos e processos – fase de graduação Inovação Produtos Processos

Novo para a empresa, mas existente no mercado nacional. 2 1 Novo no mercado mundial. 2 - NI. - 1 Total 4 2

Fonte: Pesquisa direta, maio/2007, realizada pelo autor.

b) Apoio recebido pelas empresas

Uma das empresas informou não haver recebido apoio do Governo no período de

graduação - incentivos fiscais à P & D, leis federais e estaduais, nem incentivos fiscais à

informática - leis federais, mas recebeu apoio de universidades e institutos de pesquisa por

intermédio do PADETEC; recebeu também apoio em bolsas oferecidas por fundações de

amparo a pesquisa (FUNCAP e FINEP) e recebeu ainda apoio de FDI/PROVIN, além de

incentivo fiscal estadual - ICMS. A outra empresa não respondeu a essa questão.

O fato mostra, que mesmo após a incubação, as empresas continuam mantendo

vínculos com as incubadoras e ainda que, uma vez partícipe do processo de incubação, a

empresa abre caminhos para obtenção de apoio de órgãos governamentais.

c) Fontes de financiamento das empresas no período de graduação

As fontes de financiamentos na fase de graduação para inversões em atividade de

P&D foram 100% próprias para ambas as empresas. Apenas uma informou possuir fontes de

financiamentos na fase de graduação para outras atividades, e elas são 100% próprias. A

informação faz com que se possa caracterizar os proprietários como investidores do chamado

capital-semente, ou como se tornaram conhecidos ultimamente, “anjos capitalistas”,

conforme estudado no presente trabalho.

A realidade nesta fase difere do período de incubação. Após a saída da incubadora,

as empresas passam a enfrentar as condições adversas relativa à obtenção de financiamentos

junto a fontes onerosas. Não que lhes seja vedado acesso a recursos públicos não

reembolsáveis, afinal ainda continuam vinculadas ao PADETEC, todavia, a obtenção desses

recursos se torna mais complexa sem a participação da incubadora.

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d) outros dados informados – período de graduação

Na seqüência, informações complementares obtidas com arrimo nas respostas

dadas pelas empresas graduadas que não geraram a necessidade ou condição de elaboração de

tabelas explicativas:

• as empresas não informaram se houve retirada de sócios;

• uma das empresas informou que a forma de remuneração de seus investidores é

por meio da distribuição de lucros, sem especificar valores ou datas;

• nenhum projeto ficou incompleto ou abandonado no período de graduação;

• uma empresa efetuou 20 depósitos de patente ou algum outro tipo de proteção

de seus produtos, todos no Brasil;

• uma empresa informou que 5% da sua produção se destinam ao Ceará, outros

5% aos demais estados do Nordeste e 90% para as demais regiões do Brasil.A

outra nada informou sobre o assunto;

• uma empresa informou que 10% da matéria-prima adquirida é originária do

Ceará e os 90% restante de outras regiões do Brasil; e

• as duas empresas contam em seus quadros com 2 doutores, 3 mestres, 3

graduados, 2 colaboradores de nível médio e 10 colaboradores de nível

fundamental.

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102

7 CONCLUSÃO

O Sistema Brasileiro de Inovação modificou-se favoravelmente nos últimos 15

anos, principalmente em virtude da criação do Ministério da Ciência e Tecnologia. Aos

poucos, se fortalece no cenário brasileiro um ambiente cuja proposta é atender os

empreendedores e empresários em geral que se voltem para as atividades inovadoras. Dentro

dessa atividade, destacam-se as empresas de base tecnológica. Trata-se do Estado cumprindo

o seu papel de articulador e fornecedor de recursos financeiros destinados a atender setores de

efeito multiplicador na economia, onde certamente se inclui o setor de inovação.

As incubadoras de empresas, e mais ainda as incubadoras de base tecnológica,

entre as quais o PADETEC, apresentam-se como uma das alternativas mais eficazes para que

o Estado cumpra esse papel. Elas propiciam a aglutinação das pequenas e médias empresas

inovadoras, a maioria delas no primeiro estágio de produção, propiciando-lhes o acesso aos

recursos não reembolsáveis e a condições materiais, humanas e de serviços. Desta forma,

barateiam o processo de pesquisa e desenvolvimento de produtos e processos. As incubadoras

acompanham o desenvolvimento dos produtos e processos, contribuído de forma significativa

para a redução dos índices de mortalidade das empresas nos seus primeiros anos de existência.

Constatou-se que as pequenas e médias empresas de base tecnológica reúnem as

condições ideais para o desenvolvimento de atividades inovadoras. Elas têm mais mobilidade

quanto ao mercado, fato que diminui o elevado grau de incerteza presente nessas atividades.

Esse óbice é praticamente instransponível para as empresas de grande porte. Além disso, as

pequenas e médias empresas, principalmente as nascentes, podem inovar de modo mais

intenso e radical, revolucionando as tecnologias e criando outras, aspecto difícil de ser

superado nos grandes empreendimentos.

Por ser um estado periférico e possuir um nível de industrialização e riqueza muito

aquém dos estados das regiões Sul e Sudeste, o Ceará, e as pequenas e médias empresas

inovadoras aí instaladas, tornam-se extremamente dependentes da política de inovação do

Governo Federal. Esse fato ressalta a importância do PADETEC. A situação se repete com

relação aos recursos oriundos da iniciativa privada, por intermédio dos fundos de capital de

risco. Esses recursos são captados junto a investidores dos estados mais ricos e, por

conseqüência, aplicados em investimentos realizados nesses mesmos estados.

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103

A política de inovação estadual concentra-se nos incentivos ficais para empresas de

base tecnológica. A obtenção desses benefícios pressupõe um estado de maturação do

empreendimento e se voltam muito mais às empresas já instaladas e em fase de produção

industrial, muitas das quais atraídas de outras regiões do Brasil, do que as empresas iniciantes

que pretendem desenvolver produtos ou processos inovadores.

Os resultados da pesquisa evidenciaram que as pequenas e médias empresas de

base tecnológica assistidas pelo PADETEC são efetivamente financiadas, em parte, por

capitais próprios e de terceiros (pessoas físicas), os quais podem ser catalogados dentro das

aplicações caracterizadas como capital de risco, tanto na fase de incubação quanto no período

de graduação. Além desses capitais próprios, não foi identificada, em qualquer das fases, com

ou sem a participação do PADETEC, a obtenção de financiamento de capital de riscopor

intermédio dos mecanismos em funcionamento no país, quer sejam públicos, quer sejam

privados.

A análise da participação dessa parcela de recursos próprios – capital de risco -

ficou prejudicada, em parte, em função da fragilidade das respostas dadas pelas empresas, na

forma solicitada no questionário. Pode-se concluir, porém, após o cruzamento dos dados

levantados na pesquisa junto às empresas com os dados colhidos na documentação junto ao

PADETEC, que essa participação, no geral, não é relevante e que varia de acordo com a

empresa e com o projeto a ser desenvolvido.

Verifica-se que as empresas na fase de incubação invariavelmente são

beneficiadas com recursos públicos não reembolsáveis, mediante convênios firmados com

interveniência do PADETEC. Os valores desses recursos estão diretamente relacionados aos

custos do projeto a ser desenvolvido e esses custos são complementados com capital próprio.

As empresas na fase de graduação ainda têm acesso a esse tipo de recursos pelo

desenvolvimento de projetos específicos, desenvolvidos em conjunto com a incubadora. Além

destes recursos, de natureza específica, mantêm-se com sua geração de lucro.

Confirma-se o pressuposto de que o PADETEC é realmente uma referência no

apoio às empresas de base tecnológica do Ceará e desenvolve um trabalho relevante de

pesquisa de novos produtos e processos, a maioria deles na área da Química e da Química

Fina. Para consecução dos seus objetivos, tem obtido financiamentos a fundo perdido e

realizado convênios com praticamente todos os órgãos públicos, federais e estaduais, de apoio

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104

à ciência, tecnologia e inovação. Persistem, contudo, dificuldades financeiras para as

empresas, que lhes permitam uma transição tranqüila da condição de incubada para a condição

de graduada.

A maioria das empresas pesquisadas demonstrou receio em oferecer os dados

solicitados, mesmo com a garantia do sigilo previsto em lei para trabalhos de natureza

empírica, e, ainda que essas empresas fossem dirigidas por pessoas altamente qualificadas em

termos acadêmicos e, por força disso, conhecedores do processo científico. A resistência teve

um foco claramente identificado: a obtenção de recursos não reembolsáveis, por parte da

incubadora, dos pesquisadores e das empresas, para o desenvolvimento de produtos e

processos e a ligação desses dados à condição financeira da empresa. A preocupação não se

justifica, uma vez que o trabalho desenvolvido não se propunha a analisar quaisquer tipos de

prestação de contas ou qualidade da aplicação dos recursos recebidos.

A realização da extensa pesquisa bibliográfica sobre inovação – crédito - fontes de

financiamento – capital de risco, permite a sugestão de trabalhos ligados ao tema, não

enfatizados ou sequer abordados no presente trabalho:

a) estudos de casos de empresas cearenses de base tecnológica que tenham iniciado

suas atividades por meio do PADETEC e que tenham obtido sucesso significativo no mercado

e se destacado na contextura nacional, com base nos produtos desenvolvidos, certamente,

acrescentaria muito ao conhecimento científico da área de inovação; e

b) outra possibilidade é o estudo detalhado dos programas de apoio à ciência,

tecnologia e inovação no Brasil, particularizando-se a influência desses mecanismos no

Estado do Ceará e assim quantificar a grau de participação e a sua eficácia do

desenvolvimento do Estado.

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________. Relatório Institucional Referente às Atividades do PADETEC no Ano de 2006.

Edição Própria. Fortaleza, 2007.

________. Estatuto Social. Edição Própria. Fortaleza, 2006.

________. Plano Trienal 2007-2009. Edição Própria. Fortaleza 2007

PIVETTA. Geize. A utilização do fluxo de caixa nas empresas: um modelo para a pequena

empresa. Revista Eletrônica de Contabilidade. Curso de Ciências Contábeis de Universidade

Federal de Santa Maria. v.1, n.2, dez/2004-fev/2005.

RIBEIRO, Leonardo de Lima. O Modelo Brasileiro de Private Equity e Venture Capital.

Dissertação de Mestrado Universidade de São Paulo. São Paulo, 2005.

RODRIGUES, Mônica Esteves. BARBOSA, José Geraldo Pereira. GONÇALVES. NETO,

César Gonçalves. O Sistema Brasileiro de Inovação após 1990. Brasília. IPEA, Fevereiro

2006.

SEBRAE. Boletim Estatístico de Micro e Pequenas Empresas. 1º semestre de 2005.

Disponível em http://www.sebrae.com.br/br/mpe_numeros/ . acesso em 15.03.2007.

SICSU, Abraham B. LIMA, João Policarpo R. Estratégias para Ciência, Tecnologia e

Inovação. Regionalização das políticas de C & T: Concepção, Ações e Proposta tendo em

conta o caso da Região Nordeste. ANPAD. 2005.

SILVA, Alexandre Messa. Empresas de Base Tecnológica: Identificação, Sobrevivência e

Morte. Brasília. IPEA, novembro de 2005.

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APÊNDICE “A”

Questionário enviado ás empresas incubadas

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APÊNDICE A

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APÊNDICE A

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APÊNDICE A

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APÊNDICE A

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APÊNDICE A

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APÊNDICE B

Questionário enviado às empresas Graduadas

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APÊNDICE B

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APÊNDICE B

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APÊNDICE B

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122

APÊNDICE B

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APÊNDICE B

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APÊNDICE B

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125

APÊNDICE B

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APÊNDICE B

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APÊNDICE C

Questionário enviado ao PADETC

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APÊNDICE C

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APÊNDICE C

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APÊNDICE C

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A N E X O S

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Anexo “A”

PADETEC – Equipe Técnica. O PADETEC, a partir de convênio assinado com a Universidade Federal do Ceará, conta com

o apoio de professores/pesquisadores, técnicos, alunos da pós-graduação e da graduação

(particularmente dos cursos de Química, Engenharia de Alimentos, Bioquímica, Farmácia e

Farmacologia), bem como com as equipes de vários Departamentos dos Centros de Ciências,

Ciências da Saúde, Ciências Agrárias e Tecnologia. Para cada projeto são constituídas equipes

específicas, cuja duração está vinculada à duração do projeto.

Desta forma, o PADETEC conta apenas com um núcleo mínimo de pessoal, negociando-se ao

nível de cada projeto ou empresa incubada o respectivo corpo técnico-científico.

Os seus trabalhos de dissertação ou tese vinculados a projetos de indústrias;

Bolsistas (ITI) dos Programas FUNCAP/ CNPq, BITEC (IEL-SEBRAE-

CNPq) e FINEP/CNPq.

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Anexo “B”

PADETEC – Convênios e Contratos vigentes e/ou celebrados em 2006

1. Convênio de Cooperação Técnica celebrado entre a EMPRESA BRASILEIRA DE

PESQUISA AGROPECUÁRIA – EMBRAPA e o PADETEC - Parque de

Desenvolvimento Tecnológico, em 20.06.2005, (SAIC EMBRAPA N0 10200.05/0090-

31), tendo por objeto a integração de esforços entre as partícipes, para implementar o

processo de incubação de empresas de base tecnológica agropecuária da EMBRAPA,

vinculado ao PROGRAMA DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO DE NOVAS

EMPRESAS DE BASE TECNOLOGICA AGROPECUÁRIA E À TRANSFERÊNCIA

DE TECNOLOGIA – PROETA, mediante disponibilização da tecnologia de

micropropagação de flores e frutas tropicais.

2. Convênio FINEP/FAPEX/PADETEC N0. 01.05.0018.01, com recursos financeiros no

valor de R$ 218.910,00 (duzentos e dezoito mil, novecentos e dez reais), firmado em

12.12.2005, para execução do projeto de pesquisa “Identificação e Imobilização de

Micoorganismos para Recuperação de Ambientes Contaminados com Petróleo e

Derivados-Biopetro”.

3. Convênio FINEP/NATUCEL/PADETEC N0. 01.02.0045-00, com recursos financeiros de

R$ 483.495,04 (quatrocentos e oitenta e três mil, quatrocentos e noventa e cinco reais e

quatro centavos) para execução do projeto de pesquisa “Desenvolvimento de Células

Fotovoltáicas de Plantas Naturais do Brasil”.

4. Convênio FINEP/PADETEC/FUNPEC – N0. 22.01.0739-00, com recursos financeiros de

R$ 183.000,00 (cento e oitenta e três mil reais) para desenvolvimento do projeto de

pesquisa “Monitoramento Ambiental de Áreas sob Influências da Indústria Petrolífera”.

5. Contrato de Prestação de Serviços Tecnológicos, celebrado entre a Companhia Energética

do Ceará – COELCE e o PADETEC, com recursos financeiros de R$ 410.621,00 para a

prestação de serviços tecnológicos de pesquisa e desenvolvimento referentes ao 10. Ano

do Projeto “PD1304 Desenvolvimento de Óleos Ecológicos para Transformadores”.

Renovado em 01.06.2005, com valor adicional de R$ 101.900,00.

6. Convênio FINEP/FAPEX/PADETEC N0. 01.05.0016.00, com recursos financeiros no

valor de R$ 111.296,87 (cento e onze mil, duzentos e noventa e seis reais e oitenta e sete

centavos), firmado em 12.12.2005, para execução do projeto de pesquisa

“Biorremediação de Manguezais”.

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7. Convênio de Cooperação PETROBRÁS/FAPEX N0. 650.4.007.03.5 – “Rede Cooperativa

em Recuperação de Áreas Contaminadas por Atividades Petrolíferas – RECUPETRO,

firmado em 17. 11.2004, com recursos financeiros da ordem de R$89.980.76 (oitenta e

nove mil, novecentos e oitenta reais e setenta e seis centavos), liberados em 21/06/2005.

8. Convênio de Cooperação PETROBRÁS/CENPES N0. 650.4.005.03.1, firmado em

20.02.2003 e suplementado mediante aditivo em 12.05.2004, com recursos financeiros no

valor de R$ 139.251,57 somente liberados em 2005, para “Monitoramento de Áreas

Contaminadas por Métodos Geofísicos“.

9. Convênio cooperação técnica de financeira nº T-031/2006 SEBRAE/CE – PADETEC no

valor de R$ 110.000,00.

10; Convênio PADETEC/FUNCAP firmado em 18/12/2006 com recurso financeiros no valor

de R$ 98.000,00 administrado pela FCPC ( Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura)

para a “Produção de Pinitol a partir das cascas da soja”.

11. Convênio PADETEC/CNPq - Edital CT-Energ/MCT/CNPq/PROSET Nº. 22/2006 para a

concessão de bolsas e ajuda financeira para o bolsista Prof. Dr. José Francisco Julião no

valor de R$ 10.000,00 em material de consumo para o desenvolvimento do Projeto

“CÉLULAS FOTOVOLTAICAS ELETROQUÍMICAS, USANDO ELETRODOS

SEMICONDUTORES SENSIBILIZADOS POR CORANTES NATURAIS”.

12. Convênio PADETEC/FINEP chamada pública MCT/FINEP CT Energ – Energias

Renováveis – 01/2006 no valor de: R$ 376.760,27.(TREZENTOS E SETENTA E SEIS

MIL, SETECENTOS E SESSENTA REAIS E VINTE E SETE CENTAVOS), sendo: R$

301.499,00 (TREZENTOS E UM MIL, QUATROCENTOS E NOVENTA E NOVE

REAIS) recursos destinados a custeio e capital e R$ 75.261,27 (SETENTA E CINCO

MIL, DUZENTOS E SESSENTA E UM REAIS E VINTE E SETE CENTAVOS)

recursos destinados a Bolsas de Desenvolvimento Tecnológico:, a serem transferidos ao

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.

13. Convênio PADETEC/FINEP submetido à FINEP de acordo com a CHAMADA

PÚBLICA/MCT/CNPq/FINEP - Ação Transversal – Apoio ao PNI – Programa Nacional

de Incubadoras 07/2005 – Linha 1 no montante de R$.210.450,00 dos quais R$ 13.041,54

destinados ao pagamento de 3 bolsas na Categoria ITI;

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135

Anexo “C” PADETEC – Pesquisas Desenvolvidas e em Desenvolvimento

• Preparação de Fitoterápicos usando Quitossomas;

• Óleos Vegetais e de Animais Marinhos;

• Produção de Medicamentos Genéricos no Ceará;

• Utilização de Microesferas de Quitosana e seus Derivados na Remoção de Metais

Pesados e de Resíduos de Petróleo de Águas Contaminadas;

• Monitoramento Ambiental de Áreas sob Influências da Indústria Petrolífera;

• Identificação e Imobilização de Microorganismos para Recuperação de

Ambientes Contaminados com Petróleo e Derivados-Biopetro;

• Uso de Microorganismos em Síntese;

• Preparação do Sulfato de N-Hidroxipropil-quitosana – Um novo Agente

Anticolesterolêmico derivado da Quitosana.;

• Preparação e Otimização em Escala Industrial de Sais de Glicosamina-Cloridrato

e Sulfato;

• Óleos Essenciais de Plantas Medicinais Aromáticas;

• Desenvolvimento de Banco de Dados sobre Óleos Essenciais da Região Nordeste;

• Estudos de Óleos Essenciais em Plantas da Região Nordeste;

• Desenvolvimento de Fitoterápicos Antiviróticos;

• Síntese de Glucosaminas de Ácidos Graxos;

• Produção de Sulfato de Glucosamina

• Preparação de Cloridrato de Glucosamina

• Encapsulamento de Drogas usando Quitosana e estudos de liberação controlada;

• Uso de Polímeros Naturais na remoção de Petróleo e seus Resíduos de Água;

• Obtenção de Oligosacarídeos de Quitina e Quitosana;

• Derivados de Quitosana para linha de Cosméticos;

• Isolamento e Caracterização de Constituintes Químicos Micromoleculares de

Plantas do Nordeste;

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• Síntese de 2-amino-2-deoxi-açucares a partir de Quitina;

• Preparação e Caracterização de Membrana Semipermeável a partir de Polímero

Natural;

• Uso da Quitina e da Quitosana em Química Fina: síntese de seus derivados

(cloretos, sulfatos, n-acetil, penta acetatos);

• Obtenção da Rutina, Quercetina e Benzequercetina a partir da Fava D’Anta;

• Utilização de Rutina em Química Fina;

• Isolamento dos Esteróis do “VDO” do Óleo de Soja;

• Purificação dos Esteróis do “VDO”;

• Preparação dos Ésteres do Esterol com vários Ácidos Graxos;

• Produção de Princípios Ativos Utilizados em Genéricos para Substituição de

Insumos Importados;

• Avaliação da Produtividade de Óleos Essenciais em Gramíneas;

• Processo para Obtenção de Lecitina de Soja a partir do Óleo;

• Processo para Obtenção do Tocoferol do Óleo de Soja;

• Novo Processo de Produção de L-Rhamnose;

• Desenvolvimento de Processo Comercial para Produção de Quercetina Dihidrato;

• Desenvolvimento de Aglomerados de LCC - Líquido da Castanha do Caju e

Resíduos Vegetais;

• Obtenção de Cupinicida a base de LCC - Líquido da Castanha do Caju;

• Isolamento e Padronização das Isoflavonas do Farelo de Soja;

• Desenvolvimento de Células Fotovoltáicas usando Corantes de Plantas Nativas do

Brasil;

• L-Dopa Antiparkinsoniano Natural obtido de Stizolobium deerigeanum;

• Desidratação de Vegetais e Frutas por Spray Dryer;

• Desidratação de Vegetais e Frutas por window refractance;

• Estudos de Adsorção de Íons Metálicos através de Quitosana Modificada com

Aldeídos obtidos de Óleos Essenciais;

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• Desenvolvimento de Metodologias para Controle de Qualidade de Fitoterápicos;

• Desenvolvimento de Metodologias para Determinação de Trihalometano em

Águas;

• Desenvolvimento de Sistemas de Automação e Controle de Fluxo de Água;

• Serviço de Avaliação Ambiental para Diagnóstico de Solo e Águas Subterrâneas

em Área da LUBNOR em Fortaleza-CE;

• Desidratação de Água de Coco;

• Preparação de Aloe Vera Desidratada;

• Obtenção de Sulfato de Heparina a partir de Resíduos de Crustáceos;

• Produção de Suplementos Alimentares;

• Produção de Alimentos Funcionais;

• Preparação de Membranas e Pérolas de Quitosana com Sistema para liberação de

drogas;

• Produção D-pinitol a partir das cascas da soja

• Bioprocessamento de resíduos de camarão para obtenção de quitina, quitosana,

proteínas e pigmentos.

• Células fotovoltaicas eletroquímicas, usando eletrodos semicondutores

sensibilizados por corantes naturais.

• Aumento da produção de etanol com leveduras imobilizadas em biopolímeros.

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Anexo “D”

PADETEC – Registros de Marcas e Patentes em 2006

Pedidos de Registro de Marcas:

1. FUNPEDI FUNDAÇÃO DE APOIO A PESQUISA E AO DESENVOLVIMENTO, de

interesse da instituição civil sem fins lucrativos PADETEC. Data de registro:

05/04/2006.

2. NEOXI de interesse da empresa POLYMAR Indústria Comércio Importação e

Exportação LTDA, data de registro: 02/05/2006.

3. GLYCODERM de interesse da empresa POLYMAR Indústria Comércio Importação e

Exportação LTDA, data de registro: 31/10/2006.

4. GLYCOCARE de interesse da empresa POLYMAR Indústria Comércio Importação e

Exportação LTDA, data de registro: 31/10/2006.

Registros de concessão de Patente de Invenção:

5. PI06004490 da Patente de Invenção “Biorreator para extração continua, utilizando

membranas de quitosana.” (POLYMAR).

6. PI06012507 da Patente de Invenção “O uso de quitosana no preparo de biscoito com

reduzido teor de calorias” (POLYMAR).

7. PI06012485 da Patente de Invenção “Kit para determinação de malondialdeído em

urina” (POLYMAR).

8. PI 06012493 da Patente de Invenção “Produção de quitina e quitosana a partir de

carapaças de crustáceos” (POLYMAR).

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9. PI 06012515 da Patente de Invenção “ O uso de microondas para a remoção da película

da castanha de caju” (PADETEC).

10. PI 06012523 da Patente de Invenção “Reagente para a detecção de malondialdeído em

urina” (POLYMAR).

11. PI06018548 da Patente de Invenção “Uso de filmes e membranas de quitosana e

derivados na remoção de poluentes de água” (PADETEC).

12. PI06020275 da Patente de Invenção “Formulações a base de óleo essencial de alecrim

pimenta ( Lippia sidoides Cham ) para proteção pessoal contra o mosquito da dengue

Aedes aegypti Linn” (Afrânio Craveiro).

13. Registro no INPI da Patente de Invenção “O uso de bandagens e membranas produzidas

com quitina e quitosana combinadas com diversos aditivos na regeneração de tecidos

lesados e cicatrizações” (POLYMAR).

14. Registro no INPI da Patente de Invenção “Preparação de pães, bolachas, biscoitos e

massas alimentícias funcionais usando azeite de dendê como fonte de carotenóides,

antioxidantes e vitaminas” (PADETEC).

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Anexo “E”

PADETEC – Prêmios e Distinções em 2006.

1. O Diretor-Presidente do PADETEC recebeu da Prefeitura de São Carlos-SP, durante

solenidade de abertura do XVI Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e

Incubadoras de Empresas da ANPROTEC, em 22/08/2006, o PRÊMIO

EMPREENDEDORISMO INOVADOR, como o melhor programa de incubação de

empreendimentos intensivos em tecnologia da Região Nordeste.

2 O PADETEC juntamente com a Universidade de Montevidéu-Uruguai, Cooperativa

Chortitzer-Paraguai e Polymar-EQT-Brasil foram os vencedores do Prêmio IBEROEKA de

INOVAÇÂO TECNOLÓGICA 2006, com o Projeto “Uso do Óleo Extraído da Espécie

Vegetal Palo Santo (Bulnesia samientoi) para Produção de Guaiol e Guaizulenos”

(PEPSA). A entrega do prêmio, reconhecimento dos méritos científicos, técnicos e

desenvolvimento tecnológico, resultado do esforço conjunto da cooperação

Iberoamericana, ocorreu durante a realização do Fórum IBEROEKA 2006, nos dias 4 e 5

de dezembro de 2006, em Buenos Aires – Argentina.

3 A NUTERAL Indústria de Formulações Nutricionais Ltda., do Ceará, foi a vencedora do

Prêmio Finep de Inovação Tecnológica 2006 na categoria Pequena Empresa na Região

Nordeste. A premiação ocorreu na última semana de outubro de 2006, na Federação das

Indústrias da Paraíba, em Campina Grande. Nascida em 1992, no PADETEC, a Nuteral

atua na área de pesquisa e desenvolvimento de produtos nutricionais.

4 A NUTERAL, empresa de biotecnologia humana de Fortaleza, recebeu o Prêmio FINEP de

Inovação Tecnologia 2006 na categoria Pequena Empresa, em 12/12/2006.

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ANEXO “F”

Quadro detalhado de Fontes e Usos do Orçamento para 2007

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142

ANEXO “G”

ENTREVISTA COM O SUPERINTENDENTE FINANCEIRO DO PADETC, 1. Como funciona o PADETEC

• Nasceu há 16 anos. A idéia inicial era de “incrementar” o CETREDE. Os recursos vieram de um convênio MEC/BIRD;

• Funciona com Incubadora de empresas e como centro de pesquisas na área de química; • Disponibiliza laboratórios e instalações para as empresas incubadas e, em pequena

escala, técnicos e pesquisadores; • Até 2000 funcionava – assim como o CETREDE – como um apêndice da UFC para

efeito de gastos e dispêndios, tais como água, energia, grande parte das despesas de pessoal, telefone, manutenção, etc.;

• O Presidente do PADETEC era indicado pelo Reitor da UFC – questão meramente burocrática – pois não havia qualquer vinculação administrativa;

• A partir de 2000, por decisão do TCU, teve que transformar-se numa Sociedade Civil sem Fins Lucrativos (hoje, Sociedade Civil sem Fins Econômicos).

2. Qual a participação da UFC no PADETEC

• Apenas cede o espaço, pelo qual, a partir de 2000, cobra o respectivo aluguel.

3. Quais as fontes de financiamento do PADETEC?

• Convênio a fundo perdido (não-reembolsáveis) firmados com órgãos governamentais:

FINEP, BNDES, BNB, CNPQ, CAPES, GOVERNO DO ESTADO ETC. • Receitas próprias de prestação de serviços de análise laboratorial (química) a terceiros; • Receita das empresas incubadas residentes: aluguel de módulos (galpões) dentro da

área do PADETEC, que permite a essas empresas utilizar toda a infra-estrutura da incubadora;

• Receita das empresas associadas (incubadas não residentes) pelo uso da infra-estrutura da incubadora.

4. Como é feita a seleção de empresas para incubação junto ao PADETEC?

• Empresa se candidata (ver modelo na site do PADETEC); • Se houver condições físicas de acolhimento da empresa, o PADETEC nomeia uma

comissão (pelo menos dois membros de fora do PADETEC), para efetuar análise crítica do processo a ser desenvolvido;

• O PADETEC evita (não impede) a incubação de empresas individuais. Normalmente é exigida a presença do criador (inventor, autor da idéia), de um sócio capitalista (necessariamente uma pessoa também ligada à pesquisa e que entenda do produto a ser desenvolvido) e de uma pessoa com visão empresarial, para orientar as questões relativas à produção e às vendas;

• A orientação é que o criador primeiro registre a sua patente (direitos de criação) e posteriormente crie a empresa com as demais pessoas (capitalista e administrador);

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• Em muitos casos, obviamente, as três necessidades (invenção, financiamento e administração do negócio) podem estar presentes numa só pessoa, todavia, esse é um fato incomum. Normalmente, as empresas individuais não são bem sucedidas;

• Havendo análise favorável quanto ao projeto e à empresa, esta é incubada no PADETEC.

5. O que são empresas incubadas?

• São empresas aceitas pelo PADETEC (vide tópico acima), com a finalidade de desenvolver projetos de base tecnológica e que sejam inovadoras;

• Podem ser: residentes (aquelas que operacionalizam o desenvolvimento do produto dentro da área do PADETEC) e Associadas (aquelas que utilizam a infra-estrutura do PADETEC, porém possuem sede própria em outra área)

6. Qual o período de incubação?

• O previsto no regulamento é de três anos. Todavia, constantemente as empresas

extrapolam esse prazo.

7. As empresas incubadas podem iniciar a produção e a venda dos produtos em escala industrial ainda no período de incubação?

• Sim. Muitas fazem isso. Este é um aspecto que dificulta o processo de graduação.

8. O que são empresas graduadas?

• São empresas que já estão em franca expansão comercial (ou cujo processo não logrou sucesso comercial) e que foram incubadas no PADETEC.

• Legalmente, não existe mais qualquer vinculação dessas empresas com o PADETEC. 9. Como ocorre o financiamento das empresas no período de incubação?

• Não há inversão em obras físicas (vide item seguinte); • Os gastos com logística (escritório, máquinas e instrumentos específicos para a

atividade a ser desenvolvida) são da empresa, que pode utilizar capitais próprios ou recursos onerosos (financiamentos bancários);

• Os gastos com o desenvolvimento do produto são da própria empresa (capital próprio), que se caracterizam capitais de risco, ou de recursos não-reembolsáveis obtidos junto a órgãos como FINEP, BNDES, CNPQ (que normalmente fornece o capital relativo á mão-de-obra de pesquisadores e bolsistas), Governo do Estado etc.;

• Estes recursos não-reembolsáveis são conseguidos pelas empresas através do PADETEC. A incubadora é que participa das chamadas de capital, fóruns, etc. Representa as empresas incubadas e obtém os recursos. Esses recursos jamais são obtidos em dinheiro, dizem respeito sempre a materiais, pesquisas de mercado, equipamentos e, principalmente, pagamento de pesquisadores.

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10. Quais os custos de incubação?

• Com o PADETEC: Condomínio (toda a infra-estrutura da incubadora). Pagamento mensal como base o valor de R$ 840,00/mês, de acordo com o tempo de incubação:

• Empresas com até seis meses: 10% do valor base; • Empresas de 6 meses até 18 meses de incubação: 50% do valor base; • Empresas de 18 meses até 20 meses de incubação: 60% do valor base; • Empresas de 30 meses até 36 meses de incubação: 80% do valor base; • Empresas com mais de 36 meses de incubação: 100% do valor base.

11. Como ocorre o financiamento das empresas graduadas?

• A cargo das próprias. Os investimentos são financiados com recursos próprios,

financiamentos bancários, financiamentos reembolsáveis junto aos órgãos governamentais, financiamentos não-reembolsáveis (casos raros) e incentivos fiscais do governo do estado.

12. Há alguma ligação administrativa ou gerencial das empresas com o PADETEC?

• Não. O sucesso ou insucesso da empresa é risco das mesmas.

13 Tem sentido se falar que as empresas incubadas são financiadas pelo Capital de Risco?

• Sim. Se considerarmos que os gastos com recursos próprios são apostas no sucesso do produto;

• Os recursos não-reembolsáveis, por sua natureza, não são capitais de risco. 14. E nas graduadas?

• Sim. No mesmo raciocínio das incubadas (recursos próprios injetados) e nos financiamentos de investimentos reembolsáveis junto aos órgãos de apoio a pesquisa e à tecnologia.

15 O que o PADETEC poderia facilitar para se fazer a pesquisa de campo?

• Fornecer uma carta de apresentação do pesquisador. Os contatos, todavia, terão que ser feitos empresa por empresa.

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