25
AUTOR: JÚLIO DINIS As Pupilas do Senhor Reitor

As Pupilas Do Senhor Reitor - Joselita

Embed Size (px)

Citation preview

As Pupilas do Senhor Reitor

Autor: Jlio DinisAs Pupilas do Senhor ReitorO AUTORJoaquim Guilherme Gomes Coelho foi um mdico e escritor portugus, que no perodo mais brilhante da sua carreira literria usou o pseudnimo de Jlio Dinis, nasceu no Porto, na antiga Rua do Reguinho, a 14 de novembro de 1839, e faleceu na mesma cidade, na Rua Costa Cabral, numa casa que j no existe, a 12 de setembro de 1871.Matriculou-se na Escola Politcnica, tendo, em seguida, transitado para a Escola Mdico-Cirrgica do Porto, cujo curso completou a 27 de julho de 1861, com alta classificao. Sofria da doena tuberculose, pelo que foi obrigado a recolher-se em Ovar e depois para a Madeira e a interromper a possibilidade de exercer a sua profisso. Durante esses tempos dedica-se literatura. E com quase trinta e dois anos apenas, morria aquele que foi o mais suave e terno romancista portugus, cronista de afetos puros, paixes simples, prosa limpa. De resto, essa terrvel doena, que j havia vitimado a me, em 1845, foi a causa da morte de todos os seus oito irmos.ANLISE DA OBRAAs Pupilas do Senhor Reitor, de Jlio Dinis, primeiro romance portugus do sculo, publicado inicialmente em 1866, em forma de folhetim, e s no ano seguinte apareceria em livro. Seu carter moralizador e a religiosidade que perpassa por todo o romance, a bondade capaz de chegar a extremos quase incrveis de sacrifcio pessoal, so alguns dos ingredientes que transformaram em muito pouco tempo o autor desconhecido em sucesso nacional.A calma da cidade do interior (Ovar - Portugal) e a observao da vida simples das pessoas da aldeia propiciaram o aparecimento desse romance que, algum tempo depois, se tornaria um dos mais famosos em Portugal.Os captulos so tipicamente folhetinescos: unidades narrativas com peripcias e final em suspenso. um romance est cheio de ironias bem humoradas, tornando-o, apesar do moralismo intencional, de leitura mais agradvel.Como costuma acontecer com escritores romnticos, Jlio Dinis tambm v o mundo com as lentes do maniquesmo . Assim, assenta sua obra em um jogo contnuo de oposies . Entre as principais, destacam-se:A cidade - O campo A modernidade - A tradio O desejo - O amor.ENREDOUma aldeia portuguesa do sculo XIX o cenrio ideal para o desenrolar de uma delicada trama: o amor e os desencontros entre as rfs Clara e Guida.

6Daniel, ainda menino, prepara-se para ingressar no seminrio, mas o reitor descobre seu inocente namoro com a pastorinha Margarida (Guida). O pai, Jos das Dornas, decide, ento, envi-lo ao Porto para estudar medicina. Dez anos depois Daniel volta para a aldeia, como mdico homeopata. Margarida, agora professora de crianas, conserva ainda seu amor pelo rapaz. Ele, no entanto, contaminado pelos costumes da cidade, torna-se um namorador impulsivo e inconstante, e j nem se lembra da pequena pastora.A esse tempo, Pedro, irmo de Daniel, est noivo de Clara, irm de Margarida. O jovem mdico encanta-se da futura cunhada, iniciando uma tentativa de conquista que poria em risco a harmonia familiar. Clara, inicialmente, incentiva os arroubos do rapaz, mas recua ao perceber a gravidade das conseqncias. Ansiosa por acabar com impertinente assdio, concede-lhe uma entrevista no jardim de sua casa.Esse encontro o ponto culminante da narrativa: surpreendidos por Pedro, so salvos por Margarida, que toma o lugar da irm. Rapidamente esses acontecimentos tornam-se um grande escndalo que compromete a reputao de Margarida. Daniel, impressionado com a abnegao da moa, recorda-se, finalmente, do amor da infncia. Apaixonado agora por Guida, procura conquist-la. No ltimo captulo, depois de muita resistncia e de muito sofrimento, Margarida aceita o amor de Daniel.TEMTICAO romance gira em torno da tese segundo a qual a vida simples e natural torna as pessoas alegres e felizes. Jlio Diniz descreve o campo, os tipos humanos, os hbitos e as idias, desenvolvendo toda uma problemtica pequeno-burguesa, com o "propsito de pregar uma moralizao de costumes pela vida rural e pela influncia de um clero convertido ao liberalismo.LINGUAGEMEscrito numa linguagem que se aproxima do realismo-naturalismo, mas contando uma estria nitidamente romntica, sendo que o foco narrativo o escritor onisciente e onipresente, utilizando, tambm da metalinguagem.PERSONAGENS PRINCIPAISDaniel: o segundo filho de Jos das Dornas franzino,volvel e irresponsvel,principalmente em relao as mulheres em tudo diferente do irmo,detesta o trabalho no campo,comea estudando latim e finalmente vai para a cidade de Porto de onde volta muitos anos depois. Causando antipatias na aldeia com sua fama de conquistador barato.Caractersticas de Daniel: Um moo namorador em meio de seus 23 anos,a cantorias com afeies delicadas ,frgil como sua me. Margarida ou Guida: A irm mais velha de Clara filha do segundas npcias mas no seu pai no sobrevive muito tempo Ao perder seu pai Margarida recebe tratamento cruel de sua madrasta. Caractersticas de Margarida: Uma moa dcil que representa o papel da bondade a qualquer preo.Clara: Das duas pupilas ela a mais nova,nica herdeira dos pais mortos,filha do segundo casamento,torna-se noiva de Pedro,com quem devera se casar brevemente ,mas se impressiona-se com Daniel quando ele chega do porto. Caractersticas de Clara: Uma moa alegre dada tambm a cantorias um pouco leviana,mas regenerada por algumas das coisas que passava como castigo por sua leviandade.Pedro: filho de Jos das Dornas em tudo semelhante ao pai robustez,disposio a qual Daniel no tinha, muito apaixonada por Clara e parecido com seu pai dez da fora at a honestidade. Caracterstica: Ingnuo mas alegre dado a cantorias muito ligado a vida no campo,apaixona-se por Clara de quem fica noivo,jovem aldeo cuja pureza ,simplicidade e alegria pela vida e a viso romntica pela existncia rural por volta de seus 27 anos.

TEMPO E ESPAOO tempo histrico o presente, como convinha a um autor pr-Realista que preconizava a substituio do maravilhoso psicolgico pelo romance de costumes. E presente, neste caso, o incio da segunda metade do sculo XIX.Toda a ao transcorre em uma aldeia tpica de Portugal. Seus costumes, suas festas, seus valores e personagens. Da estada para tratamento de sade em Ovar, interior de Portugal, so as memrias que o autor utiliza na composio de seu romance. Os costumes rurais portugueses, incluindo a as maledicncias, as beatas de verniz, mas tambm os valores positivos do agricultor prspero, cuja moral do trabalho Jlio Dinis d como modelo social.FOCO NARRATIVOO foco narrativo organiza-se atravs de um narrador que conta a histria em terceira pessoa , sem se confundir com nenhum dos personagens, a respeito dos quais tem uma viso onisciente . Assim, conhece-os de forma absoluta, em seu mundo interior e exterior, em suas aes e motivaes ntimas.A forma didtica como o narrador conduz a leitura da obra, ora descrevendo a interioridade de um personagem, ora se colocando como mero cronista que registra os acontecimentos, caracteriza-o como algum que narra para um tipo especfico de leitor: o leitor de jornal, que l o romance de maneira descontnua e cuja ateno deve ser constantemente alimentada.MOVIMENTO LITERRIOO reitor, o lavrador Jos das Dornas e o mdico Joo Semana representam o carter de livro-instrumento do romance para transmitir ao leitor, com seu comportamento exemplar, de sua autoridade moral, de sua interferncia benfica na vida da comunidade, uma viso educativa da tradio como um valor que deve ser preservado e respeitado.O reitor, sua "pupilas" Guida e Clara, os rapazes a quem amam, Pedro e Daniel e Jos das Dornas, pai de ambos, constituem os personagens principais do romance.Cada par de irmos se caracteriza por apresentar personalidades antagnicas - anttese fundamentada na posio entre razo e emoo:Pedro jovem de robustez adquirida pele trabalho no campo constitui uma pessoa decidida orienta seu pensamento. J seu irmo Daniel por sua vez constitui o avesso de Pedro: desajeitado passional e frgil de corpo conduz-se pela impetuosidade das emoes. Da mesma forma, isso o mesmo tipo de oposio de carter pode ser notada em relao a Clara, e Margarida que so irms por parte de pai.

Margarida jovem sensata arquiteta sua existncia a partir de pilares slidos tais como a racionalidade e a virtude introspectiva calada,sofre suas decepes sentimentais sem testemunhas maturidade de Margarida. J Clara o contrario:alegre, extrovertida boa e meiga ela no entanto no possui a maturidade de Margarida ,sendo assim, frequentemente tem problemas decorrentes de suas relaes emocionais.CURIOSIDADESO romance As Pupilas do Senhor Reitor foi publicado em 1869, tendo sido representado, cinematizado e publicado em folhetins do Jornal do Porto.Adaptaes Cinematogrficas: 1924 Ass Pupilas do Senhor Reitor (1924) As Pupilas do Senhor Reitor Realizado por Maurice Mauriad.1935 As Pupilas do Senhor Reitor Realizado por Leito de Barros.1961 As Pupilas do Senhor Reitor Realizado por Perdigo Queiroga.ADAPTAES TELEVISIVAS Existem duas adaptaes brasileiras para telenovela d' As Pupilas do Senhor Reitor, a primeira em 1970 e a segunda em 1994.Joo Semana, mini-srie da RTP que adapta As Pupilas do Senhor Reitor mas centra a histria na personagem do mdico Joo Semana, desloca a ao do Minho para o Douro Litoral e acrescenta pequenas participaes do Z do Telhado e de uma Maria da Fonte ps-revolucionria.FORTUNA CRTICA Com relao as crticas sobre a vida e as obras de Jlio Dinis, Ea de Queirs diz: [...] Que as pessoas delicadas se recolham um momento, pensem nele, na sua obra gentil, e que merece algum amor. Tal o nosso mal, que este esprito excelente, no ficou popular: A nossa memria fugitiva como a gua, s retm aqueles que vivem ruidosamente: Jlio Dinis viveu de leve, escreveu de leve, morreu de leve. [...] (ISSU, 2010. p. 01)