2
 agi  negócios negócios | agir | 25 Qual é oestadode espíritode umem- presáriona atual conjuntura? O estado de espírito tem de ser, por princípio, sempre de muita vonta- de e coragem. Temos de ter a con- vicção que as coisas vão melhorar rapidamente, e só há uma maneira de isso acontecer: com trabalho. Há que acordar mais cedo, dormir mais tarde e trabalhar mais: não há outra forma de superar estes momentos mais difíceis. Como é que começou a sua atividade de empresário? Comecei em 1989. Trabalhava na Soporcel – já nessa altura fazia algu- mas coisas por minha conta e risco, na reparação de equipamentos de eletrónica e coisas do género. Quan- do arrancámos com a Somitel (na altura, tinha um sócio), começámos a trabalhar na área das telecomuni- cações e da eletricidade. Decidi sair da Soporcel e arrisquei. Naquele ano, recorde-se, a conjuntura também não era a melhor. Comquantostraba lhadore scomeçou? Com um: eu (risos)! Mas, depois, estivemos alguns meses com quatro ou cinco colaboradores. Quantos temagora? Hoje, o Grupo Somitel tem 380 trabalhadores, mas estão sempre a entrar, e felizmente ou infelizmente, também vão saindo algumas pessoas. Estamos constantemente a admitir novos colaboradores, nomeadamen- te na área das vendas porque somos uma empresa comercial, até na área da construção. Se Portugal fosse um produto com- prava-o? Há sempre aqui duas variáveis, a económica e o sentimental. Guiando- me pela sentimental, comprava. E se Portugal fosse uma empresa, tambéma comprav a? Sim… por um euro (risos). Fazia despedimentos? Se tivesse lá prestadores de serviços e colaboradores que não fossem ren- táveis, teria de os despedir. Que é que despediria emprimeirolu- gar? Acho que quem tinha de ser des- pedido já foi despedido e quem está agora ainda não teve tempo para mostrar trabalho… Quando se candidatou à Câmara da Figueira da Foz (em 2001, como inde- pendentepeloCDS/PP)dissequepre- sidir a uma autarquia é como presidir ao conselho de administração de uma empresa.Continuaapensarassim? Sim. (…) Se tivesse estado à frente da câmara desde 2001, de certeza abso- luta não teria havido muitos dos gas- tos que houve. Sobretudo, despesas que não se traduziram em mais-valias para o cidadão e para o concelho. (…) Fundamentalmente, nas empresas e nas entidades públicas, o ponto de partida é eliminar desperdícios. Imagine que era chamado a governar a Câmara da Figueira da Fozcoma atual conjuntura,aceitava orepto? Se por acaso isso acontecesse, obvia- mente aceitaria. Acho que a Figueira da Foz merece muito mais. (Sobre a situação nanceira da autarquia) sei que há algum défice. E há também alguns desperdícios difíceis de col- matar, uma série de variáveis jurídi- cas adjacentes e de pr ocedimentos – a fusão das empresas municipais, por exemplo – que não podem ser resolvidos com um estalar de dedos. Quando estamos a falar de uma em- presa, decide-se quase de um dia para o outro. No caso da câmara, não é o presidente que estala o dedo e resolve a situação no dia seguinte. Tempropo stasparaodesenvol vimen- todo concelhoda Figueira d a Foz? Sim. Aquilo que eu sempre disse e continuo a dizer, que é tão simples quanto isto: o papel da câmara deve ser o de deixar fazer e não o de man- dar fazer. Ou seja, a câmara tem que ter aqui um papel de regulador e não ser um obstáculo à evolução econó- mica. Quando comprámos um ter- reno na Zona Industrial e quisemos construir o edifício/sede da Somitel, andamos cerca de quatro anos, desde a compra do terreno até ao funcio- namento das novas instalações. Em Carregal do Sal, onde temos a Somitel Energia, comprámos o terreno num mês, fizemos a escritura em junho e antes do final do ano tínhamos o edifício construído. Senãofosseumempresáriogueiren- seteria desistidodesseinvestimento ? É evidente que sim. Aliás, a prova clara disso é que muitas empresas fo- ram para Pombal e para Cantanhede porque encontraram enormes dicul- dades na Figueira da Foz. O que acon- tece neste tipo de situações é haver alguém que quer fazer e depois aparece uma mão cheia de “achistas”, aqueles que acham tudo e mais algu- ma coisa. Desistiu definitivamente da política? Sim. Ede ser presidente da Naval? Isso, muito menos. Aprígio dos Santos é o meu presiden- te. A Naval deve-lhe muito. Penso que é a pessoas certa pois não é fácil ser-se presi- dente da Naval. Dicilmente na Figueira encontraríamos alguém à altura de o substi- tuir. Já é excêntrico, ou ainda não ganhouo suciente? (Risos) Tudo aquilo que eu ganho invisto. Prefiro criar emprego, dinâmica, empre- sas, atividade, que no fundo acabam por me trazer algum prazer e algum conforto inte- rior. E se tivesse muito dinhei- ro, a nível pessoal, também não teria tempo para o gastar. Jot´ Alves  jot.alve s@asbeir as.pt  Esta entrevista pode ser ouvid a na íntegra no programa “Clube  Privado” da Foz do Mondego Rádio (99.1FM), às 19H00 de hoje e de amanhã e às 22H00 de domingo. Barrosoapela a mudanças 111 O presidente da Comis- são Europeia apelou aos líderes dazonaeuroparaquesejamfeitas mudanças ao fundo de resgate, o quepoderápassarpela expansão deste instrumento. Numa carta citada pela agência Associated Press, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, pediu que fosse realizada “uma rápida reavaliação de todos os elemen- tos relacionados com”ofundo de resgate da zona euro, no sentido de impedir o contágio da crise a EspanhaeItália. “Riscos para a economia poderão ter-se intensicado” 111 Na conferência de im- prensa que se seguiu, ontem, à reuniãomensaldoBCE,emFrank- furt,opresidentedoBancoCentral Europeu (BCE), Jean-Claude Tri- chet, reconheceu que “os riscos embaixasobreaatividadeeconó- micapoderãoter-seintensicado com oadensardacriseeuropeia”, uma avaliação que poderá travar a intenção de subir os juros nas próximas reuniões do BCE, se- gundoaBloomberg.Tr ichetconsi- derou também queaestabilidade nanceir adospaísesda zonaeuro dependedosrespetivosGovernos eapelou aque avance m deforma convinc entenafrenteorçamental e na implementaç ão de reformas estruturais. José Manuel Marques é um dos mais dinâmicos empresário s da Figueira da Foz. À frente do Grupo Somitel desde nais da década de 1980, não pára de inovar e de diversicar a atividade empresarial   pre releae 6 O Complexo Piscina Mar, na Figueira da Foz, apresenta, hoje, pelas 23H30, o Cine- musicorium – Noite de Música de Cinema e Televisão, dinamizado por Vasco Otero. A oferta musical para o fim-de-semana é completada ainda com os DJ residentes,  Johnny B & Rui Pedro. 6 A Nissan dispõe de um sistema que permite o fornecimento de energia para uma casa a partir das baterias de iões de lítio instaladas no Nissan Leaf. Não só fornece eletricidade do carro à casa como também a carrega no veículo. O sistema permite aos proprietários de um Leaf poupar energia. 6 A Lipton está a realizar, durante 20 dias, a cam- panha “Shake it” que irá percorrer as praias litorais, uviais e alguns parques temáticos de todo o país. A primeira paragem decorreu ontem, no Live Beach em Mangualde. Com esta iniciativa, a marca pretende levar até aos consumidores receitas inovadoras de cocktails, sem álcool, feitos com produtos próprios. RSe tivesse estado à frente da câmara desde 2001, de certeza absoluta que não teria havido despesas que não se traduziram em mais- valias para o cidadão e para o concelho RO Grupo Somitel começou comumempregado:eu!Hoje, temos380colabora dores RHoje, o Grupo Somitel tem 380trabalha dores,masestão sempre a entrar,e felizmente ou infelizmente, também vão saindoalgumaspessoa s RAquiloqueeu sempredisse e continuo a dizer, que é tão simples quanto isto: o papel dacâmaradeveserodedeixar fazerenãoo demandarfazer RPrefiro criar emprego, dinâmica,empresas,atividade, que no fundo acabam por me trazer algum prazer e algum confor tointerior desaque p&r DIÁRIO ASBEIRAS/FOZ DO MONDEGO RÁDIO J  oséManuel Marqu es adv ogaque aCâmarada FigueiradaFozdeve facilitaravida dos i nvestidore s “Muitas empresas foram para Pombal e Cantanhede porque encontraram enormes di culdades na Figueira da Foz” DB-Jot’Alves

asbeiras - entrevista a José Manuel Vieira Marques

Embed Size (px)

DESCRIPTION

José Manuel Marques é um dos mais dinâmicos empresários da Figueira da Foz. À frente do Grupo Somitel desde finais da década de 1980, não pára de inovar e diversificar a actividade empresarial.

Citation preview

5/9/2018 asbeiras - entrevista a Jos Manuel Vieira Marques - slidepdf.com

http://slidepdf.com/reader/full/asbeiras-entrevista-a-jose-manuel-vieira-marques 1/1

agi negócios negócios | agir |  25

Qual é o estado de espírito de um em-

presário na atual conjuntura?

O estado de espírito tem de ser, porprincípio, sempre de muita vonta-de e coragem. Temos de ter a con-vicção que as coisas vão melhorarrapidamente, e só há uma maneirade isso acontecer: com trabalho. Háque acordar mais cedo, dormir maistarde e trabalhar mais: não há outraforma de superar estes momentosmais difíceis.

Como é que começou a sua atividadede empresário?

Comecei em 1989. Trabalhava naSoporcel – já nessa altura fazia algu-mas coisas por minha conta e risco,na reparação de equipamentos deeletrónica e coisas do género. Quan-do arrancámos com a Somitel (naaltura, tinha um sócio), começámosa trabalhar na área das telecomuni-cações e da eletricidade. Decidi sairda Soporcel e arrisquei. Naquele ano,recorde-se, a conjuntura também nãoera a melhor.

Comquantostrabalhadorescomeçou?

Com um: eu (risos)! Mas, depois,estivemos alguns meses com quatroou cinco colaboradores.

Quantostem agora?

Hoje, o Grupo Somitel tem 380trabalhadores, mas estão sempre aentrar, e felizmente ou infelizmente,também vão saindo algumas pessoas.Estamos constantemente a admitirnovos colaboradores, nomeadamen-te na área das vendas porque somosuma empresa comercial, até na áreada construção.

Se Portugal fosse um produto com-

prava-o?

Há sempre aqui duas variáveis, aeconómica e o sentimental. Guiando-me pela sentimental, comprava.

E se Portugal fosse uma empresa,também a comprava?

Sim… por um euro (risos).

Fazia despedimentos?

Se tivesse lá prestadores de serviçose colaboradores que não fossem ren-táveis, teria de os despedir.

Que é que despediria em primeiro lu-

gar?Acho que quem tinha de ser des-

pedido já foi despedido e quem láestá agora ainda não teve tempo paramostrar trabalho…

Quando se candidatou à Câmara daFigueira da Foz (em 2001, como inde-pendente pelo CDS/PP)disse que pre-

sidir a uma autarquia é como presidirao conselho de administração de umaempresa. Continua a pensarassim?

Sim. (…) Se tivesse estado à frente dacâmara desde 2001, de certeza abso-luta não teria havido muitos dos gas-tos que houve. Sobretudo, despesasque não se traduziram em mais-valiaspara o cidadão e para o concelho. (…)Fundamentalmente, nas empresas enas entidades públicas, o ponto departida é eliminar desperdícios.

Imagine que era chamado a governara Câmara da Figueira da Foz com a atual

conjuntura,aceitava o repto?Se por acaso isso acontecesse, obvia-

mente aceitaria. Acho que a Figueira

da Foz merece muito mais. (Sobre asituação nanceira da autarquia) seique há algum défice. E há tambémalguns desperdícios difíceis de col-matar, uma série de variáveis jurídi-cas adjacentes e de procedimentos– a fusão das empresas municipais,por exemplo – que não podem serresolvidos com um estalar de dedos.Quando estamos a falar de uma em-presa, decide-se quase de um dia parao outro. No caso da câmara, não é opresidente que estala o dedo e resolvea situação no dia seguinte.

Tempropostasparaodesenvolvimen-

to do concelho da Figueira da Foz?Sim. Aquilo que eu sempre disse e

continuo a dizer, que é tão simplesquanto isto: o papel da câmara deveser o de deixar fazer e não o de man-dar fazer. Ou seja, a câmara tem queter aqui um papel de regulador e nãoser um obstáculo à evolução econó-mica. Quando comprámos um ter-reno na Zona Industrial e quisemosconstruir o edifício/sede da Somitel,andamos cerca de quatro anos, desdea compra do terreno até ao funcio-namento das novas instalações. EmCarregal do Sal, onde temos a SomitelEnergia, comprámos o terreno nummês, fizemos a escritura em junhoe antes do final do ano tínhamos oedifício construído.

Senãofosseumempresáriogueiren-se teria desistido desse investimento?

É evidente que sim. Aliás, a provaclara disso é que muitas empresas fo-ram para Pombal e para Cantanhedeporque encontraram enormes dicul-dades na Figueira da Foz. O que acon-

tece neste tipo de situações éhaver alguém que quer fazere depois aparece uma mãocheia de “achistas”, aquelesque acham tudo e mais algu-ma coisa.

Desistiu definitivamente dapolítica?

Sim.

E de ser presidente da Naval?Isso, muito menos. Aprígio

dos Santos é o meu presiden-te. A Naval deve-lhe muito.Penso que é a pessoas certapois não é fácil ser-se presi-dente da Naval. Dicilmentena Figueira encontraríamosalguém à altura de o substi-tuir.

Já é excêntrico, ou ainda nãoganhouo suciente?

(Risos) Tudo aquilo que euganho invisto. Prefiro criaremprego, dinâmica, empre-sas, atividade, que no fundoacabam por me trazer algumprazer e algum conforto inte-rior. E se tivesse muito dinhei-ro, a nível pessoal, tambémnão teria tempo para o gastar.

Jot ́Alves [email protected]

 Esta entrevista pode ser ouvidana íntegra no programa “Clube

 Privado” da Foz do Mondego Rádio(99.1FM), às 19H00 de hoje e deamanhã e às 22H00 de domingo.

Barroso apelaa mudanças

111 O presidente da Comis-

são Europeia apelou aos líderes

dazonaeuroparaquesejamfeitas

mudanças ao fundo de resgate, o

que poderá passar pela expansão

deste instrumento. Numa carta

citada pela agência Associated

Press, o presidente da Comissão

Europeia, Durão Barroso, pediu

que fosse realizada “uma rápida

reavaliação de todos os elemen-

tosrelacionadoscom”o fundo de

resgate da zona euro, no sentido

de impedir o contágio da crise a

Espanha e Itália.

“Riscos para

a economia poderãoter-se intensicado”

111 Na conferência de im-

prensa que se seguiu, ontem, à

reuniãomensaldoBCE,emFrank-

furt,opresidentedoBancoCentral

Europeu (BCE), Jean-Claude Tri-

chet, reconheceu que “os riscos

embaixasobreaatividadeeconó-

mica poderão ter-se intensicado

com o adensar da crise europeia”,

uma avaliação que poderá travar

a intenção de subir os juros nas

próximas reuniões do BCE, se-

gundoaBloomberg.Trichetconsi-

deroutambém que a estabilidade

nanceiradospaísesda zonaeuro

dependedosrespetivosGovernos

e apeloua que avancem de forma

convincente na frente orçamental

e na implementação de reformas

estruturais.

José Manuel Marques é um dos mais dinâmicos empresários da Figueira da Foz. À frente do Grupo Somitel desde nais da década de 1980, nãopára de inovar e de diversicar a atividade empresarial

  prereleae 

6O Complexo Piscina Mar, na Figueirada Foz, apresenta, hoje, pelas 23H30, o Cine-musicorium – Noite de Música de Cinemae Televisão, dinamizado por Vasco Otero.A oferta musical para o fim-de-semana écompletada ainda com os DJ residentes,

 Johnny B & Rui Pedro.

6 A Nissan dispõe de um sistema quepermite o fornecimento de energia parauma casa a partir das baterias de iões de lítioinstaladas no Nissan Leaf. Não só forneceeletricidade do carro à casa como tambéma carrega no veículo. O sistema permite aosproprietários de um Leaf poupar energia.

6A Lipton está a realizar, durante 20 dias, a cam-panha “Shake it” que irá percorrer as praias litorais,uviais e alguns parques temáticos de todo o país.A primeira paragem decorreu ontem, no Live Beachem Mangualde. Com esta iniciativa, a marca pretendelevar até aos consumidores receitas inovadoras decocktails, sem álcool, feitos com produtos próprios.

RSe tivesse estado à frente

da câmara desde 2001, de

certeza absoluta que não

teria havido despesas que

não se traduziram em mais-

valias para o cidadão e para o

concelho

RO Grupo Somitel começou

comumempregado:eu!Hoje,

temos380colaboradores

RHoje, o Grupo Somitel tem

380trabalhadores,masestão

sempre a entrar,e felizmente

ou infelizmente, também vão

saindoalgumaspessoas

RAquiloqueeu sempredisse

e continuo a dizer, que é tão

simples quanto isto: o papel

dacâmaradeveserodedeixar

fazerenãoo demandarfazer

R Prefiro c riar emprego,

dinâmica,empresas,atividade,

que no fundo acabam por me

trazer algum prazer e algum

confortointerior

desaque

p&rDIÁRIOASBEIRAS/FOZDOMONDEGORÁDIO

José Manuel Marquesadvoga que a Câmara da Figueira da Foz deve facilitar a vida dosinvestidores

“Muitas empresas foram para Pombal eCantanhede porque encontraram enormesdiculdades na Figueira da Foz”

DB-Jot’Alves