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ASPETOS PRÁTICOS DA REDAÇÃO DE ATOS NORMATIVOSOrganização sistemática, Remissões, Revogações e Republicações
Seminário sobre Legística e Qualidade da LeiAssembleia da República, 31 de maio de 2016
Sumário
1. Os principais problemas2. A organização sistemática3. Remissões4. Revogações5. Republicações
Sumário
Problemas mais frequentes na redação do ato normativo
• Textos de difícil compreensão por excesso de linguagemtécnica ou burocratizada
• Transposição acrítica de diretivas comunitárias• Abuso de conceitos vagos indeterminados• Abuso da utilização de definições• Não utilização de preâmbulo• Preâmbulos focados em questões técnicas e não no
conteúdo essencial do diploma• Uso inapropriado de divisões sistemáticas• Falta de numeração dos anexos
1. Os principais problemas
Problemas frequentes na redação do ato normativo
• Existência de normas parasitárias que não têm relaçãocom o conteúdo do diploma
• Epígrafes que não refletem conteúdo dos artigos• Artigos com muitos números• Números com mais que uma oração, excessivamente
longos• Normas programáticas sem conteúdo útil• Excesso de remissões• Ausência de regras claras sobre produção de efeitos• Revogações tácitas
1. Os principais problemas
O principal problema: legislação inútil
• O caso do ato legislativo preocupado com bandas de
música e cornetins nas touradas (artigo 26.º do DL
89/2014, de 11/7)
• A ciência aplicada aos recetáculos postais (DR 8/90, de
6/4, alterado pelo DR 21/98, de 4/9)
• Será mesmo necessário definir o que é o pão? (artigo 2.º-
a) da Portaria 52/2015, publicada a 26/2/2015)
1. Os principais problemas
Divisões sistemáticas: generalidades
• Tipos de divisões de diploma normal:
Título/Capítulo/Secção/Subsecção
• Caso especial dos códigos:
Parte/Título/Capítulo/Secção/Subsecção/Divisão/Subdivisão
• Identificação das divisões pelo número romano
• Questões mais gerais devem ser tratadas primeiro, as mais
específicas depois
• Evitar designações repetidas (ver exemplo Legística, pág. 189
• Diplomas mais pequenos não necessitam de divisões sistemáticas
2. A organização sistemática
As divisões típicas
• Disposições iniciais
Incluir objeto (âmbito é frequentemente desnecessário)
Incluir alguma definição absolutamente essencial
Incluir normas fundamentais e gerais
• Divisões materiais subsequentes em função dos assuntos tratados
• Divisões que procedam a alterações legislativas
• Divisões que procedam a aditamentos
• Disposições finais e transitórias
Deve figurar em parte final do diploma
Deve figurar em divisão sistemática autónoma, sempre que a dimensão do diploma o implique
Verificar sempre se, nesta parte final, existem disposições com esta dupla natureza. Senão deve
apenas dizer-se “finais” ou “transitórias”
2. A organização sistemática
As disposições finais e transitórias: ordem a seguir
• normas sobre direito subsidiário
• normas sobre regulamentação
• normas sobre o regime transitório
• normas revogatórias
• normas sobre repristinação
• determinação da republicação em anexo
• normas sobre a aplicação no espaço
• normas sobre a aplicação no tempo/produção de efeitos
• normas sobre a entrada em vigor
• normas sobre cessação da vigência
2. A organização sistemática
Os anexos
• Conteúdos dos anexos:
Republicação de diplomas alterados
Mapas, gráficos, etc
• Uma prática a evitar: problema de diplomas que integram normas essenciais
dos diploma no anexo
• Anexo deve ter designação
• Anexo deve referir disposição a que se reporta
• Artigos que se reportem ao anexo devem referi-lo
• Anexo deve ser numerado em romano, se existir mais que um
• Outras regras (Legística, págs. 191-195)
2. A organização sistemática
Uma boa prática e um desafio à AR: elaboração de diplomas-
tipo
• Elaboração de modelos de diplomas em função das matérias
envolvidas:
Alteração de outro diploma
Criação de um procedimento
Diploma orgânico
Criação de um tipo criminal
Etc
2. A organização sistemática
Remissões: generalidades
• Remissões para artigos/números do mesmo diploma/artigo
Basta dizer “artigo x” ou “n.º x”, sem necessidade de aludir ao diploma
• Remissões para artigo anterior:
Deve dizer-se que a remissão é para o “número anterior”, em vez de
mencionar o número do artigo
• Quando se remeta para uma alínea de um artigo, deve:
Mencionar-se primeiro a alínea (extenso)
Depois o n.º (sem extenso)
Depois o artigo (extenso)
3. Remissões
Remissões: generalidades
• Evitar remissão para artigo subsequente e duplas remissões
• Remissão para diplomas diferentes (ver exemplos em Legística, págs. 263-265):
Deve mencionar-se de forma completa o diploma para o qual se remete.
número, data e título
Se for para um código, deve referir-se o nome do código e dos diplomas que
o aprovaram e alteraram. Excepto quando o n.º de alterações seja absurdo
(ex: Código Penal)
Quando se faça a segunda remissão para o mesmo diploma terceiro, já não é
necessário referir novamente todas as alterações
• Deve mencionar-se a republicação nas alusões às alterações
3. Remissões
Revogações: generalidades
• Revogação não substitutiva:
Reproduzir artigo representando partes inalteradas com reticências e as
revogadas com menção de revogado entre colchetes (ver exemplo em
Legística, pág. 253)
Não alterar numeração dos artigos
• Revogação integral não substitutiva: artigo próprio sobre
“revogações” ou “norma revogatória” nas disposições finais e
transitórias
Ordem das revogações: identificar primeiro o mais recente e, no final, o
mais antigo (independentemente da sua natureza)
4. Revogações
Revogações: uma boa prática de que os deputados não gostaram
• Revogação expressa de diplomas inúteis ou já caducados
Clarificação dos diplomas em vigor;
Revogação expressa de atos legislativos inúteis;
DL n.º 70/2011, de 16/6 (revogação expressa de 233 diplomas) e a Proposta
de Lei n.º 40/XI (revogação expressa de 433 diplomas, incluindo o Código
Administrativo, nunca aprovada pela AR)
Ex: DL n.º 211/75, de 19/4, que tornou obrigatório o registo de ações de
sociedades
• Em 2010, revogação de 319 diplomas pelo Governo, face a 207 aprovados.
4. Revogações
Republicações
• Boa prática a seguir, quando diploma é alterado
• Operação a realizar com cuidado, sob pena de criar incoerências e
problemas de interpretação sobre se prevalece o texto da
alteração ou o texto da republicação
• Republicação deve ser referida em artigo específico do diploma
• Norma que prevê a republicação não deve referir todas as
alterações ao diploma (ver exemplo Legística, pág. 197)
3. Republicações
Republicações
• Regras a observar na republicação:
Identificar revogações sem introduzir alteração de numeração ou alíneas
(ver exemplo em Legística, págs. 197-198)
Na republicação de artigo integralmente revogado, apenas deve ser incluída
a epígrafe (ver exemplo em Legística, págs. 197-198)
Deve integrar normas que ainda não estejam em vigor (ver exemplo em
Legística, págs. 198-199)
Deve integrar as normas já não vigentes, por caducidade. Talvez deva ser
incluída nota referindo que pode haver quem entenda que norma
caducou/está revogada tacitamente
3. Republicações
Republicações
• Quando republicar?
Lei Formulário: artigo 6.º
Anexo de Legística do Regimento do Conselho de
Ministros do XIX Governo Constitucional: casos
identificados no artigo 11.º
E porque não republicar sempre?
3. Republicações