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Assessoria da CONTAG...projeto nacional de formação voltado para a criação e fortalecimento dos Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais. O MSTTR permanentemente criticou

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Assessoria da CONTAG

Adriana Borba Fetzner | Assessoria Parlamentar

Amarildo Carvalho de Souza | Assessoria de Formação e Organização Sindical

Ana Maria Krigner Pompe | Assessoria da Comissão Nacional de Mulheres

Armando Santos Neto | Assessoria da Comissão Nacional de Jovens

Célia Hissae Watanabe | Assessoria de Formação e Organização Sindical

Cléia Anice da Mota Porto | Assessoria de Política Agrária

Décio Lauri Sieb | Assessoria de Política Agrícola

Edson Barbeiro Campos | Assessoria da Presidência

Eliene Novaes Rocha | Assessoria de Políticas Sociais

Evandro José Morello | Assessoria de Políticas Sociais

Fani Mamede | Assessoria de Meio Ambiente

Iara Duarte Lins | Assessoria de Finanças e Administração

Ivaneck Perez Alves | Assessoria Jurídica

Jeová Simões | Assessoria Formação e Organização Sindical

Luiz Vicente Facco | Assessoria de Relações Internacionais

Maria Cavalcante Vicente | Assessoria de Políticas Sociais

Maria do Socorro Souza | Assessoria de Políticas Sociais

Marleide Barbosa de Sousa | Assessoria da Secretaria de Assalariados

Paulo de Oliveira Poleze | Assessoria de Política Agrícola

Raimunda de Oliveira Silva | Assessoria de Formação e Organização Sindical

Raquel Luiza Cardoso dos Reis Silva | Assessoria da Secretaria de Assalariados

Rodrigo Silva Leal | Assessoria da Secretaria Geral

Ronaldo Ramos | Assessoria de Política Agrícola

Sara Deolinda C. Pimenta | Assessoria de Gênero

Zeke Beze Júnior | Assessoria de Política Agrícola

A organização deste documento é de inteira responsabilidade da Secretaria de Formaçãoe Organização Sindical da CONTAG

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ........................................................................................................

1. O MOVIMENTO SINDICAL DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS RURAIS ......1.1. Sua História .......................................................................................................1.2. Sua Ação Sindical ...............................................................................................1.3. Sua Organização Sindical ...................................................................................1.4. Sua Formação Sindical .......................................................................................

2. A CONSTRUÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE FORMAÇÃO ....................................2.1. A formação como fortalecimento da organização sindical ...............................

3. REFERENCIAIS POLÍTICOS-PEDAGÓGICOS E METODOLÓGICOSDA FORMAÇÃO SINDICAL .....................................................................................3.1. Referencial Político: Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural

Sustentável e Solidário ......................................................................................

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3.2. Referencial Pedagógico e metodológico: Projeto Político-Pedagógicoda Formação ......................................................................................................

4. ESTRATÉGIA POLÍTICO-PEDAGÓGICA DA POLÍTICA NACIONALDE FORMAÇÃO – PNF ...............................................................................................

4.1. Objetivos ...........................................................................................................4.2. Público ...............................................................................................................4.3. Estruturação de Redes de Educadores Sindicais ...............................................4.4. Linhas Formativas da PNF..................................................................................

5. GESTÃO E FINANCIAMENTO DA POLÍTICA NACIONAL DE FORMAÇÃO ..................5.1. Instâncias deliberativas da Política Nacional de Formação ...............................5.2. Espaços de formulação/proposição da formação sindical ................................5.3. Espaços Formativos ...........................................................................................5.4. Financiamento da Política Nacional de Formação ............................................

6. ESCOLA NACIONAL DE FORMAÇÃO – ENFOC ........................................................6.1. Quanto à organicidade ......................................................................................6.2. Finalidades ........................................................................................................6.3. Gestão Política e Pedagógica .............................................................................6.4. Quanto ao Financiamento .................................................................................

7. DESAFIOS PARA A CONSTRUÇÃO DA PNF .............................................................

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................

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APRESENTAÇÃO

A construção da Política Nacional de Formação – PNF éresultado do esforço coletivo do MSTTR, que por meio das lutas, foramtecendo os conceitos, significados, buscas e construindo uma trajetóriade conquistas. Imprimindo uma diversidade de experiências, que dãofisionomia ao que hoje chamamos de PNF.

A PNF é um conjunto de diretrizes, princípios, fundamentos eestratégia que conformam a tessitura de idéias e de fazeres, e promoveum entrelaçar de experiências e práticas formativas das mais variadas,nesta construção coletiva, comprometidas com a transformação eemancipação dos sujeitos. Sobre isso o 3º Congresso da CONTAGrealizado em 1979, sinalizava que “um processo formativo deve serconstante e crescente, e deve conduzir o trabalhador à transformaçãode sua realidade. É através da prática sindical que o trabalhador vivenciaas experiências de transformação”.

Esta concepção de formação vem orientando o caminhar doMSTTR ao longo da sua história. Inclusive, sobre a necessidadede construção de uma Política de Formação “para viabilizar osobjetivos imediatos e estratégicos da CONTAG essa política deveráconstituir-se num espaço de reflexão e capacidade crítica e quepromova e estimule um debate pluralista acerca do seu projetosindical” (6º CNTTR 1991).

Os debates sinalizavam também para a construção deinstrumentos que viabilizem essa política. “A Rede Nacional deFormação foi idealizada com intuito de articular, Projeto Político

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Sindical à Política de Formação, instrumentando os debates em todasas instancias” (6º CNTTR 1991).

O 7º Congresso, imbuído dessa reflexão, aprova as diretrizes,princípios, fundamentos e frentes de lutas do Projeto Político Sindicale o denomina de “Projeto Alternativo de Desenvolvimento RuralSustentável e Solidário – PADRSS”.

Os Congressos seguintes refletiram e deliberaram sobre aformação, mas só em 2005, com a realização do Encontro Nacionalde Formação (ENAFOR/2005), que dirigentes e assessoria das fede-rações e da CONTAG sistematizaram os princípios e fundamentospedagógico-metodológicos da PNF, como também, os eixosorientadores da Escola de Formação da CONTAG – ENFOC.

Esta construção se referencia no PADRSS, que propõe umasociedade, justa, democrática, soberana e solidária como construçãopossível, articulada ao cotidiano, as necessidades e utopias dos sujei-tos políticos. Afinal “conhecer é tarefa de sujeitos, não de objetos. E écomo sujeito e somente enquanto sujeito, que o homem poderealmente conhecer” (Paulo Freire). É este horizonte político queorienta a PNF ao conjugar prática-teoria-prática, numa perspectivade retroalimentação.

Pretendemos com este documento subsidiar o fazer pedagógico-metodológico do MSTTR, re-orientar caminhos e contribuir para queos sujeitos políticos exercitem uma leitura crítica da sua realidade eque possa intervir no sentido de promover a mudança.

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1.1. Sua História

Desde sua fundação em 22 de dezembro de 1963, que aConfederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura –CONTAG já afirmava uma concepção e prática sindical baseadasno entendimento que as lutas pelos direitos e conquistas imediatasda categoria trabalhadora rural1, devem estar articuladas àsreivindicações históricas da classe trabalhadora.

Momento de lutas e afirmação de bandeiras históricas, comoeducação e saúde enquanto direitos universais, a reforma agrária etributária, os anos que antecederam a fundação da CONTAG foramde forte atuação político-sindical, principalmente, a partir dos pri-meiros anos da década de 1960.

Nesse cenário de efervescência política que os camponeses2

experimentaram desde a década de 1950, distintas formas deorganização3, a exemplo das Ligas Camponesas4 e, posteriormente, oMovimento dos Agricultores Sem Terra – MASTER5 e a União dosLavradores e Trabalhadores Agrícolas – ULTAB6.

Sindicatos urbanos, partidos políticos, e outras organizações dasociedade civil, mobilizavam-se exigindo melhores salários e mudançasestruturais para garantir um processo de desenvolvimento maisduradouro. Momentos de intensos debates, a exemplo do 1º CongressoNacional dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas7, discutiram e deli-beraram sobre temas de profundo alcance político, social e econômicopara o campo e para o campesinato.

1. O MOVIMENTO SINDICALDOS TRABALHADORESE TRABALHADORAS RURAIS

1 “Quem exerce atividades comoassalariados na agricultura, pecuáriae similar, na produção extrativarural, bem como pequenosprodutores, proprietários ou não,que exerçam atividade rural,individualmente ou em regime deeconomia familiar, assim entendidoo trabalho dos membros da mesmafamília, executado em condições demútua dependência e colaboração,com a ajuda eventual de terceiros”(Estatuto da CONTAG).2 Refere-se a uma determinadaconcepção de mundo e de campo,daquele/a que vive, trabalha einterage com natureza e realidadedo campo, independente da suacondição em relação a terra.3 Todas as formas organizativasencontradas pelos trabalhadores etrabalhadoras rurais para expressarsuas demandas, inquietações econtestações.4 Ganha força política na década de1950, mas, é na década de 60 queultrapassa as fronteiras do nordeste(PB, AL, CE, MA, RJ, MG, GO, PR, RS),defendendo a reforma agráriaradical enquanto estratégia centralda luta camponesa no Brasil.5 Surge no Rio Grande do Sul em1950, traz para o centro do debatenão a resistência pela posse daterra, mais sim, a ocupação deterras e organização deacampamentos.6 Em 1954, durante a II ConferênciaNacional dos Lavradores, realizadaem São Paulo, foi criada a ULTAB,tendo como bandeiras prioritárias areforma agrária; título depropriedade plena a posseiros;adoção de medidas de apoio àprodução, de combate às práticassemi-feudais de exploração dotrabalho (cambão, meia, etc.) e, oestímulo à criação de sindicatos detrabalhadores rurais.7 Conhecido como “Congresso deBelo Horizonte”, foi convocado ecoordenado pela ULTAB em 1961,reuniu 1600 delegados e delegadasde vários estados.

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A reforma agrária por desapropriação; posse e uso da terra pelosque nela desejassem trabalhar; regulamentação do Estatuto doTrabalhador Rural8; acesso aos benefícios da Previdência Social; direitode organização; participação no desenvolvimento do país, tendo acessoà educação, orientação técnica, preços mínimos, crédito integral ecooperativismo; além da criação da Confederação Nacional dosTrabalhadores na Agricultura, dentre outras, compunham o plano delutas do “Congresso de Belo Horizonte”. Muitas dessas deliberações, aexemplo da reforma agrária, fizeram parte da plataforma de reformasde base propostas pelo governo João Goulart.

As décadas de 1950/70 foram palco de mudanças políticas,econômicas e sociais significativas, sobretudo, na America Latina, erao auge da Guerra Fria9 e do avanço das idéias socialistas e comunistasque influenciaram diretamente países como a China, Vietnã, Coréia,Cuba, Chile, Nicarágua, além de diversos grupos políticosrevolucionários pelo mundo inteiro.

No Brasil, a luta por um desenvolvimento e um campo diferente,sem violência e escravidão, por um sindicalismo classista e autônomo,foram estimuladores da fundação da CONTAG. Ela nasciaparticipativa e democrática, incorporando diversas concepções e cor-rentes de pensamento, tornando-se então, a primeira entidade sindicalcamponesa de caráter nacional, reconhecida legalmente.

Com um perfil político diversificado, característica marcanteainda hoje, a CONTAG sempre buscou construir a unidade, na diver-sidade ideológica, regional, cultural e produtiva existente no campo.

Após o golpe militar, em abril de 1964, os movimentos sociaisforam reprimidos duramente, com prisões, torturas, exílio e assassina-tos de lideranças sindicais rurais e urbanas comprometidas com asreformas de base.

Apoiados por sindicatos urbanos, dirigentes sindicais ruraisretomaram a direção da CONTAG, em 1968, no auge da consolidaçãodos mecanismos de repressão e controle do regime militar. No mesmoano, um encontro realizado no Rio de Janeiro envolvendo dirigentese assessorias das Federações, construíram as bases para um audaciosoprojeto nacional de formação voltado para a criação e fortalecimentodos Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais.

O MSTTR permanentemente criticou o modelo tradicional deeducação, desconectado da realidade de quem vive e trabalha nocampo. Nos primeiros anos de CONTAG a direção afirmava que:

8 Em março de 1963, o governo deJoão Goulart promulgou oEstatuto do Trabalhador Rural(Lei 4.214), que garantia aostrabalhadores do campo, direitossindicais, trabalhistas eprevidenciários assegurados aostrabalhadores urbanos.9 Teve início logo após a SegundaGuerra Mundial, uma disputa porhegemonia política, econômica emilitar no mundo entre os EstadosUnidos e a União Soviética.

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9 ...................................................................................................................................................................................................“o método participativo, em contraposição ao método ‘antigo’, leva

em conta cada realidade individual, de cada educando, para assimpodermos construir uma realidade coletiva. Conhecimento darealidade, que será julgada, criticada e conforme as conclusões dogrupo chega-se à escolha da ação e, à própria ação. Conforme delibe-rado no Encontro de Petrópolis, em 1968, com dirigentes e técnicosde várias Federações”. (Revista CONTAG 40 anos).

Com clareza política da sua importância estratégica para o cam-po, a CONTAG propunha um sindicalismo combativo, vibrante, am-plo e pela base. Desta forma, empunhou a bandeira da democratizaçãodo país, acesso a terra, por garantia de direitos dos assalariados rurais epor uma política diferenciada para o pequeno produtor10, durante osanos de ditadura militar.

“(...) na época, acreditava-se, apenas, na capacidade humana de seunir. Com a união, acreditava-se na capacidade humana de vencer.Não havia legislação suficiente para ‘acobertar’ a fundação de sindi-catos rurais (...) não existia a sede do sindicato. Existia, sim, osindicato, na pessoa de cada trabalhador rural que haviacompreendido a sua missão de se libertar, era o sindicato vivo”. (jornal“A Voz do Trabalhador Rural11” em 1978)”.

A ação Sindical, naquele momento, pautou-se pela denúnciasistemática nos níveis nacional e internacional, da disparidade entreo Brasil que se industrializava de forma acelerada e o Brasil que mor-ria de fome. Articulando a denúncia da concentração fundiária, doaumento de conflitos e expulsão dos trabalhadores das suas terras,com o apoio às lutas gerais12 da sociedade, às greves de trabalhadoresurbanos e a organização da classe trabalhadora do campo e da cidade.

A Contag participou ativamente da construção da 1ªConferencia Nacional da Classe Trabalhadora – CONCLAT,compondo sua comissão organizadora. Junto com o Instituto Brasi-leiro de Análises Sociais e Econômicas – IBASE, AssociaçãoBrasileira de Reforma Agrária – ABRA, Conselho IndigenistaMissionário – CIMI, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil –CNBB e a Comissão Pastoral da Terra – CPT lança a campanha na-cional pela reforma Agrária. Uma campanha de grande repercussãonacional, com significativo impacto nas discussões da AssembléiaNacional Constituinte, quando interveio de forma qualificada e

10 Atualmente, utilizamos àexpressão “agricultura familiar”,explicitando a importânciaprodutiva, econômica e social decada um/a que compõe a família.11 Jornal periódico da CONTAG,amplamente utilizado parainformar e formar lideranças portodo o país. Circulou desde 1974aos últimos anos da década de1990.12 A luta pela redemocratização dopaís, a luta por Anistia ampla, gerale irrestrita, a campanha pelasDiretas Já! Por liberdade deexpressão, dentre outras, erambandeiras que unificavam asociedade civil.

1. O MOVIMENTO SINDICALDOS TRABALHADORESE TRABALHADORAS RURAIS

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articulada, na perspectiva da democracia plena, com inclusão sociale política, participação, transparência e controle social dos gastospúblicos, mecanismos considerados imprescindíveis para ofortalecimento da autonomia na sociedade civil.

Com essa postura política, busca atender a outras dimensões enecessidades do ser humano, como o acesso universal à saúde, aprevidência e assistência social e por uma educação de qualidade, con-tradizendo a lógica corporativista e a visão imediatista da luta sindical.

Atuou ativamente na construção da luta contra hegemônica13

na sociedade, sobretudo, estimulando a consciência critica e políticados trabalhadores e trabalhadoras rurais14. Com destaque na suaparticipação nas eleições presidenciais, sempre na defesa do voto cons-ciente e orientando a ação sindical na defesa de candidaturas epropostas voltadas para um desenvolvimento alternativo aos mode-los de desenvolvimento excludentes, concentradores de terra e renda.

Essa trajetória torna a CONTAG diferente das demaisconfederações criadas antes da democratização do país, não apenaspor sua transparência política e pela ampliação da participação dasbases nas suas decisões. Difere, principalmente, pela contraposiçãoao ideário neoliberal na prática cotidiana, tendo o ser humano comocentro das suas ações políticas.

1.2. Sua Ação Sindical

Durante a década de 1990 o modelo neoliberal ampliou ainda maisas desigualdades sociais, com mais pobreza, destruição de oportunidadesde trabalho, tendo como conseqüência a evasão da população do campoe a negação das identidades e diversidade cultural dos trabalhadores etrabalhadoras rurais.

Para se contrapor a essa realidade, o Movimento Sindical deTrabalhadores e Trabalhadoras Rurais – MSTTR15 concebeu o ProjetoAlternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário –PADRSS16. A construção desse projeto estimulou mudanças na açãosindical do MSTTR, que ainda hoje, representam o que há de novonesse “fazer sindical”.

O esforço em propor ações políticas estruturantes, queassegurem um processo de mobilização, organização e capacitaçãopermanentes, capazes de promover uma intervenção articulada e qua-lificada nos níveis local, estadual e nacional para avançar na luta e nas

13 Contrapondo-se a lógicacapitalista dominante, quepressupõe o individualismo,a exclusão e a lógica do lucrosobrepondo-se à vida.14 Portaria 71/65 do Ministério doTrabalho reconhece o trabalhadorrural enquanto categoriaprofissional, como sendo “a pessoafísica exercendo atividadeprofissional rural sob a forma deemprego ou como empreendedorautônomo, em regime deeconomia familiar ou coletiva”15 Referindo-se a CONTAG, FETAGse STTRs, a partir do 9º congressoda CONTAG é modificado deMSTR para MSTTR, partindo dareflexão que dialogaria com a lutapor participação e visibilidade dastrabalhadoras rurais.16 Projeto político construído earticulado pelo MSTTR para secontrapor ao modelo neoliberalque propaga um desenvolvimentoconservador, excludente econcentrador da terra e da renda.Afirma o papel e importânciasocial, econômica e estratégica domeio rural para o desenvolvimentosustentável e solidário. Por meiode uma ampla e massiva reformaagrária, expansão, valorização efortalecimento da agriculturafamiliar e da geração de empregoe renda no campo.

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11 ...................................................................................................................................................................................................conquistas da classe trabalhadora tem sido a marca do movimento

sindical no campo.O PADRSS articula e confere unidade às diversas frentes de

lutas - por uma reforma agrária, ampla, massiva, de qualidade eparticipativa; pela ampliação e fortalecimento da agricultura familiar;pela erradicação do trabalho escravo; pela proteção infanto-juvenil;por uma educação do campo pública e gratuita; por políticas de assis-tência a saúde integral para os povos do campo e da floresta; por umapolítica de assistência técnica diferenciada, pública e gratuíta; pelaampliação das oportunidades de emprego, trabalho e renda comigualdade de gênero, geração, raça e etnia.

Essas frentes compõem a agenda política e os planos de luta doMSTTR com estratégias de ações que promovam a democratização efortalecimento das organizações com gestões transparentes edemocráticas, atribuindo ao local17, importância política e estratégicana agenda sindical.

Foi se constituindo e se consolidando um “fazer sindical”, queincorpora as demandas desse novo tempo de democracia eparticipação social, mais também de mobilização, pressão, proposiçãoe negociação das propostas estruturantes do PADRSS. A gestão e con-trole social de políticas públicas18, participação efetiva nos processospolíticos eleitorais, espaços e mobilizações articuladas nacionalmentecomo o Grito da Terra Brasil – GTB19, a Marcha das Margaridas20, oFestival da Juventude21, as ocupações de terras, o trancamento deestradas, acampamentos, dentre outros, passam a compor uma agendapermanente de mobilizações.

Em decorrência desse processo, especialmente do GTB, a lutados trabalhadores e trabalhadoras rurais obteve conquistasimportantes, como a criação do Ministério do DesenvolvimentoAgrário,22 o Programa Nacional da Agricultura Familiar - PRONAFem suas diversas linhas de custeio, investimento e infra-estrutura; oPlano Nacional de Reforma Agrária – PNRA, a Lei da AgriculturaFamiliar23; a manutenção dos trabalhadores e trabalhadoras rurais noregime geral da Previdência Social; a construção de uma Política deEducação do Campo, dentre outras.

A estratégia se desenvolve em três aspectos que conformam suaunidade política na construção de um campo ambientalmente equilibrado,culturalmente dinâmico, socialmente justo, economicamente viável esustentável. São esses três aspectos: a proposição de políticas públicas esociais que garantam vida digna no campo; a configuração de novas

17 Lugar onde moram e interagemas pessoas, suas variadas formasde relações de poderestabelecidas na família, igrejas,sindicato de trabalhadores,sindicato patronal, o poderpúblico, clube de mães, grupos dejovens, e demais organizaçõesformais e/ou informais.18 Formação de dirigentes elideranças de base para atuar nosconselhos, grupos de trabalho,fóruns, comissões,...19 O GTB ocorre anualmente,constitui-se enquanto espaço dearticulação, mobilização enegociação das demandas dacategoria trabalhadora rural juntoao poder público.20 A Marcha das Margaridas éorganizada e coordenada pelasmulheres trabalhadoras ruraisorganizadas no MSTTR. Umprocesso educativo que ocorre acada três anos, conjuga umaleitura critica da realidade, com aarticulação, mobilização enegociação das demandas dasmulheres junto ao poder público.21 O 1º Encontro nacional ocorreuem março/2007, reunindo ajuventude rural de todo o país.22 O MDA foi criado em 2000 porpressão e proposição da CONTAG edemais organizações que atuamno campo, para realizar a gestãodas políticas públicas para aAgricultura Familiar e ReformaAgrária,23 Lei 11.326, de 24 de julho de2006. Estabelece os conceitos,princípios e instrumentos desti-nados à formulação das políticaspúblicas direcionadas à AgriculturaFamiliar e EmpreendimentosFamiliares Rurais.

1. O MOVIMENTO SINDICALDOS TRABALHADORESE TRABALHADORAS RURAIS

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relações sociais, entre pessoas e destas com o meio social e ambiental e;a capacidade organizativa, que referenciam outras dimensõesfundamentais como “fazer sindical”, a mobilização, a reinvidicação e aformação.

Esses aspectos constituem desafios permanentes para atransformação das relações e práticas entre as pessoas, nos espaços devida e militância, para o exercício da democracia e o protagonismopolítico dos diversos sujeitos do campo e da floresta que compõem acategoria trabalhadora rural.

1.3. Sua Organização Sindical

O MSTTR compreende a organização sindical enquanto meio(instrumento) que articula as lutas gerais e históricas da classe trabalha-dora, com as demandas específicas dos trabalhadores e trabalhadorasrurais. Não representando um fim em si mesmo, ela é articulada pelaluta concreta e cotidiana e, ao mesmo tempo articuladora da mesma.

Quando foram criados os primeiros sindicatos de trabalhadores etrabalhadoras rurais24, ainda na década de 1930, não existia amparo legalpara sua existência. Mas, isso não foi impeditivo para sua organização, epara transformar-se em pólo aglutinador de mobilizações e lutas.

Somente em 1944, com o Decreto 7.03825, que o Estado autorizade forma explicita a sindicalização rural. A regulamentação do sistemaconfederativo no campo se deu por meio da Portaria nº 355-A de1962, reconhecendo 04 categorias profissionais: trabalhadores nalavoura, na pecuária e similares, trabalhadores na produção extrativarural e produtores autônomos26.

Mesmo assim, já existiam 475 Sindicatos (220 reconhecidospelo Ministério do Trabalho) e 29 Federações (16 reconhecidas peloMinistério do Trabalho) no processo de fundação da CONTAG. Numaclara demonstração de capacidade organizativa e de articulação daluta cotidiana, com a construção de uma organização autônoma,classista e combativa.

Buscando ampliar o controle sobre essas entidades sindicais, quehistoricamente contou com forte influência de setores progressistas,27 ogoverno militar define o enquadramento sindical de uma única categoria- a de trabalhador rural, por meio da Portaria nº 7128, de fevereiro/1965.

Para a CONTAG esse momento representou mais um desafioa ser superado para a construção de uma organização nacional no

24 Sindicato de Campos/RJ eIlhéus/BA, com uma pauta sindicalmarcadamente vol-tada para asdemandas dos assalariados rurais.25 O presidente Vargas institui odecreto 7038, de 10 de novembrode 1944, autorizando aorganização sindical rural,estabelecendo que 5 sindicatospudessem formar uma Federaçãoe três Federações pudessem criaruma Confederação. Estende-se aomeio rural o que já era realidadeno meio urbano.26 Englobando pequenosproprietários, arrendatários eautônomos, desde queexplorassem atividade rural emregime de economia familiar oucoletiva sem agregados.27 Setores da Igreja Católica,Partido Comunista, dentre outros.28 Definiu como trabalhador rural:“pessoa física que exerça atividadeprofissional rural sob a forma deemprego ou como empreendedorautônomo, neste caso em regimede economia individual, familiarou coletiva e sem empregados”.

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13 ...................................................................................................................................................................................................campo. Desde então, sempre que as necessidades da categoria

trabalhadora rural exigiam, a estrutura organizativa foi sendo recria-da para atendê-la e, para fortalecer a organização sindical do MSTTR.

Um exemplo dessa recriação foram as primeiras eleiçõescongressuais. Mesmo quando legalmente as eleições de entidades deterceiro grau (Confederações) ocorriam em assembléias do conselhodeliberativo, a CONTAG já realizava eleições congressuais e apenasreferendavam nas assembléias do Conselho Deliberativo.

O MSTTR tornou-se um sistema complexo, com grandecapilaridade e um público diverso. Essa complexidade requer umapermanente sintonia e articulação entre as instâncias que o compõe,situação desafio, sempre presente nos planejamentos e nas estratégiasdo movimento.

Nessa organização sindical a CONTAG coordena e representaos interesses imediatos e históricos de 26 Federações Estaduais, 01Federação do Distrito Federal e Entorno e, 05 Coordenações Regionais.As 27 Federações coordenam e representam aproximadamente 4.000Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, além de 296 Pólosou Regionais Sindicais. Os Sindicatos por sua vez, coordenam e repre-sentam politicamente mais de 25 milhões de trabalhadores etrabalhadoras rurais distribuídos nos 5.564 municípios brasileiros.

A organização sindical ganha maior importância estratégica coma construção e desenvolvimento do PADRSS. Passa a se constituirenquanto espaços de articulação, de debate político e de proposição naperspectiva de construção de uma nova sociabilidade29.

29 Conjunto de praticas políticasdos sujeitos e das suasorganizações, capazes dedesencadear mudançassignificativas na visão de mundo,de sociedade e de inter-relaçõespessoais e organizacionais.30 Luta por uma sociedade justa,igualitária, sem discriminação epreconceito de qualquer natureza.31 Espaços políticos e coletivos deelaboração, proposição e deencaminhamentos das lutas doMSTTR. Não se configuram comosobreposição à estrutura vertical,visto que, são espaços queretroalimentam essa estrutura.

1. O MOVIMENTO SINDICALDOS TRABALHADORESE TRABALHADORAS RURAIS

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O PADRSS estabelece referenciais político-projetivosnecessários a essa construção, dando visibilidade à participação erepresentação dos diversos sujeitos que compõem a base derepresentação, garantem dinamismo e organicidade. Potencializa aformulação de políticas e estratégias de transformação social,articulando-as aos referenciais históricos30 da classe trabalhadora.

As Delegacias Sindicais e dos Conselhos de Base nos STTRs, dePólos ou Regionais Sindicais nas FETAGs e de Coordenações Regionaisna CONTAG, que chamaremos de organização horizontal31,representam essa recriação. Contribuem para a ampliação da partici-pação, além de constituírem-se enquanto espaço concreto de formaçãopolítico-sindical na ação.

A constituição de secretarias e coordenações, além derepresentar a ampliação do quadro dirigente das entidadessindicais, contribuiu enormemente para dar visibilidade eimportância estratégica na agenda sindical às demandas de meioambiente, das mulheres, da juventude, da terceira idade.

Outro exemplo de recriação da organização sindical foram oscoletivos e comissões. Espaços inovadores na prática sindical, constituí-dos por dirigentes e assessorias, oportunizam a reflexão, debate eelaboração de proposições às questões específicas vivenciadas no cotidianosindical, remetendo-as aos espaços deliberativos do movimento.

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15 ...................................................................................................................................................................................................O MSTTR reinventa e resignifica sua organização sindical,

articulando:1. A história da organização, as lutas e conquistas, estrutura e cultura

sindical – o passado.2. A realidade estrutural e conjuntural em que estão inseridos os

trabalhadores e trabalhadoras rurais, e suas demandas – o presente.3. O nosso projeto, o quê, como e onde queremos chegar – o futuro.

Com a implementação do PADRSS, se efetiva participaçãodos diversos sujeitos que compõe a base social do movimento, pormeio do aprofundamento da democracia interna enquanto valorpolítico e, das cotas de participação e representação das mulheres,juventude e da terceira idade. O mesmo ocorre na gestão sindical,mecanismos e instrumentos de monitoramento, a exemplo dascomissões de ética, contribui para tornar a gestão transparente edemocrática. Essas mudanças possibilitam ajustes tanto naorganização, quanto na prática sindical do MSTTR.

Esse vivenciar práticas transformadoras e inovadoras é umaprendizado árduo, lento e necessita ser permanente. Demandandodesprendimento e ruptura com a cultura política de competição/enfrentamento. Possibilita a afirmação da cooperação e solidarieda-de como base para os processos de transformação social desejados.Requer mudanças profundas de comportamento e de mentalidadedas lideranças e assessorias sindicais, de modo a permitir a constru-ção coletiva de estratégias que efetivem essas práticas transformadoras.

Imbuídos dessa compreensão que se articula com sua missãoestratégica32, a CONTAG junto com as Federações e Sindicatos, reafirmae estimula práticas sindicais que, em alguns casos, não encontramprecedentes na história do movimento sindical brasileiro. Dentre estas,a renovação de 30% das direções nos processos eleitorais, a nãopermanência do/a dirigente em um mesmo cargo de direção por maisde dois mandatos consecutivos, ou ainda, não podendo candidatar-se achapa que não contemple as cotas mínimas de representação dasmulheres, juventude e da terceira idade.

A ética sindical33, valor e princípio agregador de boas práticaspolítico-sindicais, expressa a intencionalidade política presente naproposta em construção de uma nova sociabilidade. Uma éticasindical centrada na solidariedade e na cooperação entre jeitos deser e de ver o mundo, mediados pelos princípios e fundamentospresentes na missão da CONTAG.

32 Missão da CONTAG:“ser referência na luta dostrabalhadores e trabalhadorasrurais por melhores condiçõesde vida e trabalho, através daconstrução, implementaçãoe consolidação do PADRSS”33 Busca de compromissos básicosde convivência que assegurema dignidade humana, o respeito àdiversidade, a honestidade noemprego do patrimônio construídocoletivamente e a defesa dosinteresses dos trabalhadores/astrabalhadoras, é uma construçãocoletiva, que passa por mudanças àmedida que novos temas vão sendocolocados na pauta da discussãosindical.

1. O MOVIMENTO SINDICALDOS TRABALHADORESE TRABALHADORAS RURAIS

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O MSTTR nessa última década (1998/2008) vem recriando suaorganização e conseqüentemente seu “fazer sindical”, seja a partir daampliação das suas frentes de luta, seja dando visibilidade aos diversossujeitos políticos e sociais que o compõem, seja ampliando econsolidando os espaços de deliberação e construção coletiva.

1.4. Sua Formação Sindical

Desde seu nascedouro que a estratégia era realizar massivaformação de base. A partir da retomada da direção política daCONTAG, em 1969, é retomada a estratégia de formação de basenacional. Com forte estímulo à alfabetização34, pois se analisavaque a aprendizagem da leitura e da escrita facilitava o processo deformação das lideranças de base. Na tentativa de organizar oenfrentamento ao coronelismo, as oligarquias e ao latifúndio,superar a dificuldade de acesso a informações, além de estimulare fortalecer a identidade e auto-estima do campesinato.

A educação sindical35 era voltada para a organização eestruturação das entidades sindicais. Buscando a organização dossindicatos e federações, para superar as divergências alimentadasdurante o período de intervenção e, para favorecer processos massivosde alfabetização.

Duas características dessa ação formativa explicitam bem estemomento. A primeira era a relação direta dos (as) dirigentes com ascomunidades rurais e a ênfase no trabalho de base. A segunda, era aluta de classe enquanto centralidade de sua ação política, vinculandoa luta pela terra e a defesa dos direitos trabalhistas.

Durante a democratização do país (década de 1980), ocorreuma retomada da formação sindical. Essa retomada esteve focada nasdemandas de assalariados e assalariadas rurais, com a colaboração doDIEESE, a CONTAG desencadeia intenso processo educativo voltadopara as lideranças e dirigentes sindicais. Esse processo abordava temascomo: negociação coletiva de trabalho, acordos e convenções coletivasde trabalho, campanhas salariais e política sindical, com a realizaçãode encontros estaduais e nacionais.

Ainda nessa década, novos paradigmas foram incorporados àformação sindical, sobretudo, em conseqüência da redemocratizaçãodo país. A retomada de entidades que estavam nas mãos de setoresconservadores ou interventores, por meio da organização de oposições

34 Esse era um momento no qual oBrasil vivia uma efervescência demovimentos de alfabetização ecultura popular na perspectiva decontribuir com uma estratégiadesenvolvimento.35 A expressão formação sindical,só será incorporada na agendacomo concebemos hoje, a partirda década de 1980. Até então,educação sindical era a expressãoutilizada.

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17 ...................................................................................................................................................................................................sindicais para concorrer às eleições, marcou a organização sindical, e

consequentemente, a formação de novas lideranças e dirigentes quepassaram a assumir a direção dos sindicatos e federações

O restabelecimento da democracia aponta para a necessidade debandeiras unitárias e nacionalmente articuladas. Desponta no 5ºCongresso da CONTAG, enquanto demanda concreta do MSTTR, a cons-trução de um projeto político que fosse alternativo a realidade excludentee neoliberal que ganhava hegemonia a partir do governo Collor.

A aproximação e posterior filiação à Central Única dosTrabalhadores – CUT em muito contribuiu para essa reflexão. Arealização do Projeto de Pesquisa e Formação Sindical, conhecidocomo CUT/CONTAG, foi um dos instrumentos que contribuírampara a construção do que viria a ser o PADRSS. A realização de 05seminários regionais sobre desenvolvimento rural, envolvendodirigentes e assessorias sindicais, estudiosos de destacadasUniversidades e entidades parceiras, também contribuíram parafundamentar os princípios e fundamentos do PADRSS.

Em 1998, durante o 7º Congresso da CONTAG que o PADRSSfoi aprovado enquanto o projeto político do MSTTR. Com isso, aFormação Sindical passou a ter uma referência político-pedagógicaunificada nacionalmente. Referencial este, que leva em conta as de-mandas regionais, culturais, produtivas, organizativas, sociais e asdimensões transversais de gênero, geração, étnico-raciais e ambientais.

A partir daí, pode-se afirmar que a formação sindical viviaoutra retomada, as lideranças de base e direções intermediária,estadual e nacional, voltam a ser o público da ação formativa. Nestaretomada, um processo formativo que merece destaque É oPrograma de Desenvolvimento Local Sustentável – PDLS. Esse pro-grama trouxe algumas novidades:

a ação formativa ocorria no local e com o público local;o foco eram as políticas públicas, seu controle, gestão, proposiçãoe negociação;o PADRSS foi o fio condutor de toda a açãoo estímulo à construção de parcerias e alianças no nível local;o estímulo à intervenção qualificada junto ao poder público local.

A formação sindical se transformou em uma ação meio. O PADRSSestimulou a secretaria de formação e as demais secretarias da CONTAG,a propor estratégias articuladas de implementação das demandasespecíficas.

1. O MOVIMENTO SINDICALDOS TRABALHADORESE TRABALHADORAS RURAIS

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O 9º congresso da CONTAG aprovou mudançassignificativas no “fazer pedagógico”. Em destaque, a criação daEscola Nacional de Formação da CONTAG – ENFOC36. Aprovoua formação desenvolvida, por atender as demandas cotidianas eimediatas da categoria. Mas, identificou que se faz necessário umaformação político-ideológica voltada para dirigentes e liderançassindicais, sobretudo, mulheres e jovens

Na perspectiva de efetivar essa deliberação, foi realizado oEncontro Nacional de Formação da CONTAG – ENAFOR37, espaçode reflexão coletiva com objetivo de constituir uma base referencialpara a construção da Política Nacional de Formação – PNF, do ProjetoPolítico Pedagógico – PPP e da ENFOC.

Esse momento representa outra retomada da formação sindical.Por meio de uma ação formativa “transformadora e libertadora”, aENFOC se consolidou enquanto esse espaço de estímulo permanenteà reflexão crítica da prática sindical.

36 Deliberada pelo 9º CNTTR,aprofundada pelo ENAFOR eaprovada pelo ConselhoDeliberativo da CONTAG emNovembro de 2005.37 Realizado em outubro de 2005,contou com a participação dedirigentes sindicais de todas asFederações, além de entidadesparceiras, que debateram porcinco dias os princípiospedagógico-metodológicos epolítico-organizativos, naperspectiva de construção daPolítica Nacional de Formação –PNF e da Escola de FormaçãoPolítica do MSTTR.

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1. O MOVIMENTO SINDICALDOS TRABALHADORESE TRABALHADORAS RURAIS

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Os processos formativos desenvolvidos pelo MSTTR nosúltimos 10 anos buscaram consolidar, uma Política Nacional deFormação. Desde então, se intensificam os debates sobre qual a políticae qual estratégia político-pedagógica capaz de responder aos novos ehistóricos desafios da ação sindical. Dialogando com os princípioseducativos da teoria da formação humana, num processo de troca doconhecimento empírico38 e científico.

Desse modo a formação assume dimensões políticas,conceituais e metodológicas, capazes de estimular e orientar a práticade pensar a prática, numa visão sistêmica e continuada. A teorizaçãoda prática instrumentaliza a fundamentação política para a açãotransformadora, numa perspectiva de mudança de paradigmas, deatitudes e de comportamentos, com ênfase na troca de saberes acu-mulados pelas lideranças, dirigentes (homens e mulheres), educadorese educadoras, que protagonizam, cotidianamente, a luta sindical.

A ampliação dos quadros dirigentes, principalmente a partirdas cotas mínimas de representação e participação das mulheres,jovens e terceira idade, somada a ampliação das frentes de luta, requeruma formação político-ideológica permanente e continuada.

Essa reflexão norteou os trabalhos durante os cinco dias doENAFOR. Partindo da construção de um balanço das práticasformativas desenvolvidas, evidencia-se o PADRSS enquanto referênciapolítica para todos os processos e/ou atividades formativas. Ao mesmotempo, esse balanço apontou a ausência de maior unidade entre essas

2. A CONSTRUÇÃO DA POLÍTICANACIONAL DE FORMAÇÃO

38 Baseado na experiência ou naobservação da realidade.

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práticas formativas, sobretudo, quanto aos referenciais pedagógico-metodológicos utilizados. Portanto, evidenciando a necessidade eurgência da construção de uma política nacional de formação para oMSTTR.

O ENAFOR buscou construir ‘pontes’ que articulassem essaspráticas formativas, partindo da reflexão teórica e prática sobre essesprocessos formativos desenvolvidos pelo movimento, em umpermanente diálogo com os referenciais da educação popular. O marcodesse encontro foi a construção de referenciais pedagógico-metodológicos (Projeto Político Pedagógico – PPP), que somados aosreferenciais políticos construídos pelo MSTTR (Projeto Alternativode Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário – PADRSS),constituem a política nacional de formação – PNF.

Grande parte das ações desenvolvidas pela secretarias ecoordenações, são ações formativas, essa afirmativa expressa o alcancee importância que adquire a PNF. Logo, esse espaço não se expressaem uma secretaria apenas, mas, no conjunto do MSTTR.

O ENAFOR desencadeou e consolidou importantes iniciativas,dentre elas, os encontros estaduais de formação e o fortalecimento doscoletivos estaduais de formação, esses espaços imbuídos da realidadeestadual, possibilitam um diálogo interessante acerca dos princípios efundamentos da PNF e a prática formativa do MSTTR no estado.

Essa permanente resignificação do “fazer pedagógico”incorporado à diversidade local, estadual e regional, torna a PNF umconjunto de princípios e de referenciais transformadores e libertadores,não se representando em um documento apenas. Nesse sentido, aENFOC, as secretarias e as coordenações sejam nas FETAGS e naCONTAG, são espaços privilegiados de experimentação, desenvolvi-mento, consolidação e aprimoramento permanente da PNF, naperspectiva de consolidar essas intencionalidades.

2.1. A Formação como fortalecimento da organização sindical

A formação concebe a organização sindical como espaçoestratégico, por meio do qual, as ações se efetivam, devendopotencializar o desenvolvimento de estratégias articuladas e dinamizaros processos formativos, assim como sinaliza o PADRSS.

Na história do MSTTR, a formação e a organização se constituemnum binômio39 indivisível. O resgate e o fortalecimento de um dos dois

39 Refere a dois termos,expressões.

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23 ...................................................................................................................................................................................................pólos deste binômio remetem necessariamente ao outro. Ambos são

espaços e instrumentos de lutas: eles foram gradativamente consoli-dando sua unidade, até confluírem no desenvolvimento do PADRSS.

A dimensão formativo-organizativa é parte constitutiva de umaconcepção política e pedagógico-metodológica que fundamenta eorienta toda a ação sindical e, são articulados pela missão do MSTTR.

O MSTTR possui espaços dinâmicos e democráticos, aefetividade das políticas deliberadas nos congressos requerdiversificação e descentralização das ações, exercício de gestão com-partilhada, aprofundamento da democracia interna, articulaçãodireção-base e investimentos em processos formativos. Liderançascomprometidas com o projeto político da categoria constroementidades sindicais fortes, democráticas, transparentes e inovadoras.

Sua estrutura organizativa favorece o desenvolvimento de açõesarticuladas devido sua capilaridade (presença em quase todo territóriobrasileiro) e capacidade mobilizadora. Por sua vez, remete à formaçãoo desafio de estimular de forma permanente e continuada, processosformativos capazes de estimular essa identidade política e organizativa.

Para que a formação tenha êxito no seu propósito político defortalecer as entidades e a luta sindical, é preciso que a prática sindicalde dirigentes e assessorias seja orientada por princípios políticoscomuns. Nesse sentido, a constituição da PNF significa uma retomadada formação sindical pelo MSTTR, a partir de referenciais políticos,pedagógicos e metodológicos construídos coletivamente.

2. A CONSTRUÇÃO DA POLÍTICANACIONAL DE FORMAÇÃO

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A PNF está intimamente articulada a concepção do PADRSSque é: construir uma sociedade mais justa solidária e igualitária, queassegure qualidade de vida, reduza a pobreza e supere as desigualda-des e do PPP que é: articular conteúdos e abordagens às diversidadesdos sujeitos, ritmos e tempos do ensino aprendizagem, considerandoque neste processo todos ensinam e todos aprendem.

Em síntese, a formação da qual falamos deve ter enquantoobjetivos centrais a implementação e consolidação do PADRSS e depráticas formativas que dialogue com a diversidade dos sujeitos e suasnecessidades individuais e coletivas.

Para tanto os princípios e as abordagens devem se pautar pelaarticulação permanente entre prática e teoria e pela construção coletivade conhecimentos numa perspectiva de retro-alimentar a própria prá-tica. Uma prática que articule as dimensões: mobilização-proposição –organização-formação.

A formação política para uma ação transformadora da realidaderequer ultrapassar os espaços dos processos cognitivos40 e estimular aconstrução de alternativas aos problemas identificados no cotidiano.Ao terem acesso ao instrumental teórico e metodológico, as pessoastransformam sua prática política, ao tempo em que se qualifica paraatuar de modo a fazer avançar a organização e a luta dos/astrabalhadores/as rurais, considerando que:

A formação deve ser continuada, tendo o PADRSS enquantotemática obrigatória, evidenciando a contraposição ao projetopolítico predominante.

3. REFERENCIAISPOLÍTICOS-PEDAGÓGICOSE METODOLÓGICOSDA FORMAÇAO SINDICAL

40 Relativo ao conhecimento, logo,processos cognitivos significam asinterpretações e significados deuma pessoa sobre si mesma esobre a realidade.

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Deve estimular uma leitura crítica do universo rural, suasdinâmicas e demandas, questionando os antigos valores econstruindo novos, que dêem conta desse novo sujeito/a.Nossa ação formativa deve estimular a compreensão dos/astrabalhadores/as sobre os eixos táticos e estratégicos do PADRSS.Deve contribuir para uma nova postura individual e coletiva, capazde fortalecer as iniciativas em torno do equilíbrio dos aspectosambientais, econômicos e sociais.Deve contribuir para a afirmação de identidades sócio-culturais,difusão de valores éticos, de justiça e solidariedade, superação depreconceitos, incentivo à participação democrática, à construçãoda autonomia e pela liberdade, ao crescimento da consciência edo respeito das diferenças de gênero, raça e geração.Deve recusar as visões únicas e as verdades pré-estabelecidas e serorientada pela pluralidade de idéias, pela criticidade e pelacriatividade.

Estamos nos referindo a um processo educativo que considereas múltiplas dimensões da subjetividade41 humana, contemplativasdas particularidades dos sujeitos envolvidos. Um processo que trabalheo acolhimento, a afetividade, e outros aspectos fortalecedores dasidentidades individuais e coletivas. Uma formação que considere oser humano na sua integralidade e suas relações com o mundo dotrabalho, das relações na família e na sociedade. Uma formação commúltiplas dimensões passa necessariamente pela construção de saberesa partir da interdisciplinaridade42, tendo como referencial o campo esua diversidade, as relações culturais e sociais e outras peculiaridadesdo mundo rural.

3.1. Referencial político:Projeto Alternativo de Desenvolvimento RuralSustentável e Solidário – PADRSS

Para se contrapor ao modelo neoliberal que propaga umdesenvolvimento conservador, excludente e concentrador da terra eda renda, que resultou em problemas sociais, econômicos e ambientaispara o país, o MSTTR - concebeu o PADRSS.

Com essa iniciativa afirma para a sociedade a importância sociale econômica do meio rural para o desenvolvimento sustentável e

41 Relativo a um individuo, integrao domínio das atividadespsíquicas, sentimentais e/ouemocionais.42 Interação entre 2 ou maisdisciplinas ou áreas do saber numaperspectiva de superação da visãofragmentada do conhecimento.

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3. REFERENCIAIS POLÍTICOS-PEDAGÓGICOSE METODOLÓGICOS DA FORMAÇAOSINDICAL

solidário, o que só é possível com gente no campo em condições deproduzir e viver com dignidade. Portanto, desenvolvimento rural sus-tentável e solidário se efetiva, quando construído com a participação dostrabalhadores e trabalhadoras rurais. Tendo enquanto essência, ademocratização do acesso à terra, políticas públicas com igualdade deoportunidades e exercício pleno da cidadania – acesso à saúde, educação,lazer, cultura, habitação, etc. Sem essas condições permanece a migraçãode homens e mulheres para as cidades, sobretudo da juventude, indicandoa falta de alternativas para seguir vivendo no campo.

Esta falta de condições revela as adversidades que pesam sobrehomens e mulheres do meio rural que, normalmente, se estende àvida nas cidades onde passam a sofrer com a falta de trabalho ehabitação, além da violência. Transformar essa realidade só é possívelcom alternativas de desenvolvimento que invistam nas potencialidadesdo meio rural de modo sustentável e solidário.

Entendendo enquanto Sustentável, a articulação dinâmicaentre crescimento econômico, respeito à biodiversidade, ao patrimôniogenético, ao meio ambiente, às tradições, relações, culturas e saberes,organização e participação política dos povos do campo e da floresta.Indica um desenvolvimento capaz de se manter e de se reproduzir alongo prazo.

Entendendo enquanto Solidariedade, os modos de interagir ede se relacionar na família, na comunidade e nos diversos espaços davida social. Refere-se a novas práticas baseadas no respeito àsindividualidades e diferenças, capazes de fortalecer a cooperação en-tre pessoas, grupos e povos, para construir alternativas de produção,consumo, comércio formas de bem viver. A solidariedade se constróicom alternativas de convivência e organização nos diversos espaçosda vida cotidiana, do trabalho e da produção, da cultura e do lazer eimplica no combate a todas as formas de desigualdades, em especialas desigualdades de gênero, de geração, de raça e de etnia.

A implementação do PADRSS desencadeia ações massivas decombate às conseqüências perversas do atual modelo de desenvolvi-mento e de reivindicação de políticas públicas e sociais que visamconstruir uma sociedade justa e solidária, que assegure qualidade devida, combata a pobreza e supere as desigualdades.

O projeto tem por princípio a realização de uma ampla e massivareforma agrária, ampliação, valorização e fortalecimento da agriculturafamiliar, além da geração de empregos, renda e oportunidadesprodutivas para os assalariados e assalariadas rurais.

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A atuação política do MSTTR nesse sentido é desafiadora umavez que exige um processo de mobilização, organização e capacitaçãopermanentes. Implica, portanto, na intervenção articulada e qualifi-cada nos níveis local, estadual e nacional para contribuir com o avançona luta histórica da classe trabalhadora.

O caráter reivindicativo e reativo do MSTTR em relação àspolíticas governamentais e à ação parlamentar sempre orientou asações sindicais. Esse esforço se amplia e se qualifica, tornando-sepropositivo e negociador de políticas públicas e sociais necessáriaspara a efetivação do PADRSS.

Uma nova dinâmica vem sendo construída, ampliando efortalecendo as formas organizativas do movimento sindical (regionaisda Contag, secretarias, comissões, coletivos, pólos sindicais), diversi-ficando e qualificando as bandeiras de lutas, de modo a possibilitarque os trabalhadores e trabalhadoras rurais assumam o papel ativonas políticas de desenvolvimento.

Embora se tenha obtido avanços significativos nos últimos anos,ainda se está longe de superar as conseqüências originárias do modelode desenvolvimento implementado no Brasil. O crescimento econômicobaseado no capital financeiro, no fortalecimento do agronegócio queproduz para exportação, concentra terra e renda, destrói a diversidadee o meio ambiente, ainda representa a lógica do modelo atual.

O PADRSS dessa forma se apresenta com três aspectos queconformam sua unidade política na construção de um campoambientalmente produtivo, culturalmente dinâmico, socialmentepolítico, potencialmente viável e sustentável. São esses aspectos: aefetivação de políticas públicas e sociais que garantam vida digna;a configuração de novas relações sociais, entre pessoas e destas com omeio social e a capacidade organizativa do MSTTR.

Esses aspectos constituem desafios permanentes para atransformação das relações e práticas entre as pessoas, nos espaços devida e militância, para o exercício da democracia e o protagonismopolítico dos diversos sujeitos do campo e da floresta – agricultores/asfamiliares; assalariados/as rurais; acampados/as; assentados/as,extrativistas e ribeirinhos. Esse processo de transformação deve serefletir nas políticas públicas e sociais de modo a dinamizar o campoe prover as necessidades dos sujeitos respeitando a diversidade social,cultural e política e assegurando o pleno exercício de sua cidadania.

A implementação do PADRSS exige processos formativos earticulados capazes de contribuir no fortalecimento das ações e para o

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3. REFERENCIAIS POLÍTICOS-PEDAGÓGICOSE METODOLÓGICOS DA FORMAÇAOSINDICAL

aprimoramento e atualização de sua agenda política. Dessa forma asações de massa são reconhecidas em seu potencial formador sepreviamente planejadas, com intencionalidade política, formativa,reivindicativa, propositiva e de negociação. Os trabalhadores e traba-lhadoras rurais que participam dessas ações devem ter clareza políticasobre suas demandas, desejos e aspirações.

Essa intencionalidade demanda lideranças com capacidadecrítica e mobilizadora para intervir nos padrões de desenvolvimentoimplantados secularmente no Brasil; propor políticas públicas e sociaisque atendam as necessidades da gente do campo e, ainda, atuar nosespaços de gestão dessas políticas. O MSTTR considera essa demandaessencial para uma ação sindical transformadora, que é assumida pormeio da PNF.

Ou seja, uma formação para uma ação transformadora derealidades requer ultrapassar os espaços de reflexão teórica e identificare estimular a construção de alternativas aos problemas do cotidianodos trabalhadores e trabalhadoras rurais e contribuir para que as pessoastenham a capacidade de transformar sua prática política, para qualificare fazer avançar a organização e a luta no movimento sindical.

Compreende-se, portanto, que a formação deve ser permanentee continuada. Tendo o PADRSS como seu eixo estruturante, eviden-ciando sua contraposição ao projeto predominante na sociedade.Requer a motivação de uma leitura ampla do universo rural, suasdinâmicas, demandas e necessidades, devem estimular a vivência depráticas individuais e coletivas, capazes de construir o equilíbrio entretrabalho-natureza-produção. Esse processo contribui efetivamentepara a sustentabilidade das pessoas e do planeta.

Referimo-nos a um processo que considera e valoriza asdimensões do trabalho produtivo e reprodutivo, o acolhimento, aafetividade, e outros aspectos fortalecedores das identidades indivi-duais e coletivas. Uma formação que passa necessariamente pelaconstrução de saberes a partir da articulação entre conhecimentossobre o campo e sua diversidade, sobre a ação sindical e seus desafios.

3.2. Referencial pedagógico e metodológico:Projeto Político-Pedagógico da Formação Sindical

Os referenciais políticos, pedagógicos e metodológicos são aespinha dorsal da formação sindical, e deve ser sistematizado no PPP

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da Formação Sindical, que juntamente com o PADRSS serão os eixosorientadores de todo o processo formativo a ser desenvolvimento peloMSTTR.

O PPP explicita um conjunto de práticas, princípios, valoresque consideramos referenciais para nossa ação política individual ecoletiva. Orientadores da formação e dos processos de gestão e orga-nização do trabalho pedagógico. Está fundamentado na EducaçãoPopular, tendo como pressuposto43 o processo de emancipação do serhumano e uma metodologia de construção coletiva do conhecimento.Alguns princípios que norteiam esse projeto.

a) A compreensão do ser humano em sua totalidade. Trata-se deconsiderar as múltiplas dimensões da vida e do saber, como acultura, as artes, a poesia, dialogando com outros saberes da reali-dade, conhecendo e refletindo sobre as diversas correntes depensamento existentes.

b) A permanente abertura aos vários saberes. Esse pressuposto estáintimamente ligado ao anterior. Referimo-nos à ética, à ecologia,à economia, e outras áreas construtoras de saberes, assumindodiferentes linguagens e tendo o cuidado com as especificidadesdos diferentes sujeitos políticos.

c) A reconstrução da mística de mudança social, passando pela retomadade referenciais teórico-político, por uma retrospectiva crítica das lu-tas e, pela reinvenção e uso de símbolos, gestos e comportamentosque ajudem a revitalizar o horizonte utópico, combinando o sonhonuma sociedade nova - igualitária, solidária e democrática – com ocompromisso de contribuir com sua construção desde agora,engajando-se na luta contra o atual projeto capitalista.

d) A permanente articulação entre prática e teoria. Trata-se deestabelecer com a formação e com a prática sindical uma relaçãoque lhe é inerente, que estimule a problematização e a fundamen-tação da ação. Agregando à vivência, informações historicamentesistematizadas e os novos conhecimentos construídos de modo acontribuir com a revisão de velhas práticas instituídas no movi-mento sindical e garantir que a dimensão teórica sejadialeticamente44 levada em consideração, contribuindo com oaprofundamento dos saberes.Por outro lado, essa conjugação entre conhecimento técnico eacadêmico com os saberes populares e empíricos deve serdinâmica, na perspectiva de que o conhecimento não é finito45 enem efêmero46. Esse processo estimula interação e questionamento

43 Implica em idéias não expressas,mas que estabelecem um plano defundo para as idéias em debate.44 Dialética se expressa enquantoa “arte do diálogo ou da discussão,força de argumentação”45 Aquilo que tem fim.46 De pouca duração, passageiro,transitório.

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31 ...................................................................................................................................................................................................mútuos, e produz um novo saber, necessário para alterar a realidade

que estiver sendo investigada ou enfrentada.e) A interdisciplinaridade na abordagem dos conhecimentos. Deve-se

primar por uma construção dos conhecimentos de formaintegrada, numa relação entre específico e o geral, tendo comoreferência o mundo do trabalho, as relações sociais, a cultura vividapela população do campo e outras peculiaridades do mundo rural.A interdisciplinaridade expressa, de fato, uma forma de ver e sen-tir o mundo em sua totalidade, de estarmos inseridos (as) numabusca incessante para descobrirmos seu sentido e suas possibili-dades de mudança. Essa busca nos leva a compreendermos omundo de forma holística47, em sua rede de infinitas relações, emsua complexidade e a considerar nesse processo a abordagemarticulada das diferentes áreas de conhecimento.

f) Formação pluralista, classista, crítica e criativa. A formaçãotransformadora recusa a visão única, pois dialoga com uma diver-sidade de pontos de vista existentes e pauta-se na questão daidentidade de classe. O “fazer pedagógico” deve estimular que essasdiferentes visões sejam explicitadas, ao tempo em que deve aguçara capacidade de questionamento crítico, ampliando aspossibilidades de revigorar a luta sindical.

g) Postura avaliativa e crítica permanente da ação e da práticaformativa. O compromisso com a ação concreta de transforma-ção social requer que se avalie continuamente a prática dos diver-sos sujeitos. Dessa forma, se torna possível re-elaborar a própriaprática e, ao mesmo tempo, o processo formativo a partir da iden-tificação dos avanços e das dificuldades vivenciadas pelos sujeitosda formação. Entre os referenciais de avaliação será convenienteincluir: o desempenho do público da formação; as várias dimen-sões abordadas na formação - político-ideológica e pedagógico-metodológica; os resultados e impactos alcançados tendo comopressuposto os objetivos previamente delineados. A avaliação deveser vista como parte de um sistema de instrumentos, procedimen-tos e metodologias específicas. Referimo-nos ao assim chamadoPMAS: Sistema de Planejamento, Monitoramento, Avaliação e Sis-tematização.

h) A construção coletiva do conhecimento. O conhecimento éconstruído a partir do pressuposto de não existir alguém que sabetudo (educador/a) que transfere ou repassa ao que nada sabe(educando/a). Aprender e ensinar são indissociáveis, ensinamos

47 Compreendendo que não sepode explicá-lo por uma dimensãoapenas, mas sim, pelacompreensão do todo.

3. REFERENCIAIS POLÍTICOS-PEDAGÓGICOSE METODOLÓGICOS DA FORMAÇAOSINDICAL

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na medida em que aprendemos, aprendemos na medida em queensinamos. Os níveis diferenciados de saberes devem serpotencializados de modo que o saber de cada um é valorizado elevado em consideração na mediação em favor da construçãocoletiva. A produção desse novo conhecimento é permeada deinformações, vivências, percepções e experiências que as pessoastrazem em seu “repertório” individual. Nesse sentido, ninguémpermanece impassível diante dessa vivência coletiva, todosaprendem juntos, inclusive a desaprender aquilo que não lhes cabemais no novo contexto de aprendizagem.

i) A vivência de relações horizontais entre educador (a) eeducandos(as). Esse princípio está referenciado no dizer de PauloFreire (1996:25) que questiona a educação bancária, onde o pro-fessor está resguardado em uma visão autoritária e no exercíciodo poder apassivador48, podando de seus educandos (as) a capaci-dade criativa e crítica e desestimulando a curiosidade. Não há umarelação de dependência e nem de hierarquia entre os sujeitos daaprendizagem. O (a) formador (a) é chamado a ser o (a) mediador(a) entre os participantes (sujeitos do conhecimento) e o próprioconhecimento socialmente acumulado.

j) Fortalecimento das identidades: respeito às diferenças de raça/etnia,geração, gênero e região. O MSTTR caracteriza-se pela diversidadede sujeitos atuantes em um espaço geográfico heterogêneo e dedimensões continentais. A formação assume o compromisso dedialogar com essas e outras diferenças e fortalecer nas pessoas osentimento de pertença49 ao mundo rural, fortalecendo suaidentidade de classe, gênero, geração, raça e etnia. Estamos nos re-ferindo aqui à identidade socialmente construída, numa perspectivade negar a dimensão da identidade historicamente atribuída.

l) A memória enquanto um potencial crítico-transformador naformação. Trazer a abordagem da memória e identidade paraa formação significa valorizar a história individual e coletiva dostrabalhadores e trabalhadoras, em contraponto a uma versão ofi-cial que sempre repercute a visão hegemônica de mundo e de serhumano. Essa dimensão de memória nos processos educativospermite (re) visitar experiências, vivências, épocas passadas, his-tórias de vida. Permite ainda, um encontro com o fio da históriade resistência e de luta, onde cada homem e cada mulher se colo-cam como construtor de sua própria história. É inevitável queesta dimensão retrate as questões culturais, que faça aflorar aspec-

48 Que promove a inércia, aindiferença, que torna alguémpassivo.49 Propriedade, domínio.

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33 ...................................................................................................................................................................................................tos tradicionais disseminados de geração a geração, que reforce as

crenças das pessoas. Tudo isto precisa ser resgatado e abordadona visão de sujeitos libertados. Poderá demandar um novo jeitode se apropriar dessa história, apoiado na criticidade e na rebeldiafrente à arbitrariedade da história oficial manipulada pelos seg-mentos hegemônicos de nossa sociedade. A valorização da me-mória e da identidade sócio-político-cultural é vista aqui comoimprescindível para o avanço da pedagogia para uma nova socia-bilidade.

Além disso, o PPP deverá sinalizar com referenciais que subsi-diem nossa metodologia, os métodos, técnicas e recursos didáticos aserem utilizados na formação, sendo assim compreendida cada umadessas questões:

i. A metodologia é o rumo geral de nossa ação formativa.ii. O método é a maneira de se seguir ou aplicar uma metodologia

numa situação específica.iii. As técnicas são os mecanismos que criamos para concretizar um

método e perseguir uma metodologia.iv. Material didático é um instrumento de apoio para registrar,

implementar ou consolidar uma ação formativa.

A PNF pode ser traduzida desta forma:

3. REFERENCIAIS POLÍTICOS-PEDAGÓGICOSE METODOLÓGICOS DA FORMAÇAOSINDICAL

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Esses referenciais estão intimamente ligados à ação sindical,tendo como pressuposto a independência de classe e a luta pela trans-formação da sociedade. Ao mesmo tempo em que aponta nessesreferenciais sua identidade de classe, se propõe a ser pluralista edemocrática.

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O MSTTR vem retomando a formação político-sindical classista,articulada à formação temática desde o ENAFOR/2005. Por meio doitinerário formativo da ENFOC, vem pautando a reflexão de elementoshistóricos da classe trabalhadora, articulados a uma concepção desindicalismo classista e libertário no campo, somando-se a formaçãotemática.

Essa estratégia reafirma a PNF enquanto inovação eretomada da formação sindical. Sobretudo, por ela problematizara prática sindical, promovendo a reflexão e reorientações necessá-rias para o seu fortalecimento e capacidade para desenvolver oPADRSS. Assim as ações formativas encontram no PADRSS o seufundamento e se constituem em instrumento estratégico para quetrabalhadores e trabalhadoras rurais realizem a conquista do campoque queremos.

4.1. Objetivos

A PNF propõe enquanto objetivos fundamentais para ofortalecimento do MSTTR e para a consolidação do PADRSS, que osdirigentes, assessores (as) e lideranças sindicais analisem criticamentea sua realidade social, potencializando a construção de alternativas deenfrentamento e transformação social. Que dinamizem a ação sindicale estimulem a inserção dos diversos segmentos que constitui a classe

4. ESTRATÉGIAPOLÍTICO-PEDAGÓGICADA PNF

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trabalhadora do campo, nas suas modulações de gênero, geração, etnia,religião, no processo político pedagógico, respeitando suasespecificidades e favorecendo a troca de aprendizagem.

Esses objetivos devem ser apropriados pelo conjunto do movi-mento, além de ser orientadores das práticas formativas desenvolvi-das em todos os espaços do (secretarias, coordenações, comissões,coletivos, ENFOC).

A PNF objetiva também fortalecer e consolidar os espaços einstrumentos potencializadores da ação sindical e de práticasformativas libertárias e transformadoras:

a) Estruturação e fortalecimento das secretarias nas entidadesenquanto estratégia de ampliação de participação e de dinamizaçãoda ação sindical.

b) Estruturação e fortalecimento dos coletivos e comissões nasentidades, estimulando a reflexão, debate e proposição coletiva.

c) Estruturação e fortalecimento dos coletivos de formação nacional eestaduais como espaços de reflexão, formulação e acompanhamentoda PNF.

d) Formação continuada de educadores e educadoras sindicais paraatuarem como sujeitos multiplicadores de processos formativosnos diferentes âmbitos de atuação do movimento.

e) Elaboração de materiais pedagógicos que subsidiem os processosformativos desenvolvidos nos diferentes espaços do MSTTR

4.2. Público

Vinculado ao MSTTR podendo ser: dirigentes, assessores,militantes, lideranças de base. O perfil desejado para as açõesformativas vai depender de seus âmbitos, interesses e finalidades.Pode-se estender para parcerias e outros convidados, desde quealinhados aos objetivos da formação e compromissos políticosassumidos pelos educandos (as) e instâncias do MSTTR.

4.3. Estruturação de Redes de Educadores Sindicais

O MSTTR ao decidir pela construção da Política Nacional deFormação retoma o debate da formação enquanto uma políticanacionalmente articulada. Ao mesmo tempo se depara com o desafio

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37 ...................................................................................................................................................................................................de mantê-la atuante em vários níveis de sua organização, considerando

as dimensões geográficas, a diversidade regional e a heterogeneidadedos sujeitos.

Nesse sentido, se faz necessário a estruturação de uma rede deformação. Constituir uma rede de formação é uma forma de garantir ahorizontalidade da organização de educadores e educadoras. Onde asconexões necessárias entre seus integrantes e respectivas instâncias estejampermanentemente estabelecidas. Deve também fortalecer os processosformativos com base nos princípios sistematizados na Política Nacionalde Formação.

É um potencial espaço de socialização de experiênciasvivenciadas, de reflexões sobre essa prática e de construção coletivade orientações que venham a expressar qualidade nas atividades deformação. A rede deve ser representativa de acordo com a abrangênciaa que se pretende atuar (se nacional ou regional).

É desejável que quem tenha participado de processos formativosdo MSTTR venham compor a rede, mas o fato de ter participado nãoquer dizer que estão automaticamente vinculados à rede e nem a par-ticipação é requisito para tal. O pertencimento à rede implica noenvolvimento na formação sindical cuja prática cotidiana se dê à luzda Política Nacional de Formação e PADRSS.

A rede não pode se transformar em um “gueto” ou num grupode amigos. Deve dialogar com as várias políticas presentes no MSTTR,bem como articular e aglutinar o conjunto das ações formativas de-senvolvidas pelas diversas secretarias. As pessoas que fazem parte darede poderão desenvolver ações formativas de acordo com asespecifidades e/ou localidades compondo equipes pedagógicas quandodemandadas.

Os encontros dos integrantes da rede se constituirão emespaços privilegiados de diálogos sobre a prática educativa, sobre oseixos temáticos e pedagógicos que orientam as ações de formação ede seus respectivos referenciais. O pleno funcionamento da redecontribuirá para o fortalecimento dos seus elos, ela não deve existirpor si e em si.

Essas articulações extrapolam o campo interno domovimento. Outras redes e organizações, com as quais seestabeleçam identidades políticas e pedagógicas, co-existem ealimentam o fazer educativo do MSTTR. Entrelaçam e ao mesmotempo em que são fontes de conhecimento, bebem em outras fontesmutuamente.

4. ESTRATÉGIA POLÍTICO-PEDAGÓGICADA PNF

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4.4. Linhas Formativas da PNF

As linhas formativas na PNF estruturam as práticas e processosformativos estabelecidas pelo movimento, para dar conta dos desafiosda luta e da organização sindical na concretização do PADRSS.Algumas orientações para um desenho preliminar das linhasformativas:

a) Formação político-sindical – é desenvolvida por meio doItinerário formativo da Escola e consta basicamente de: cursos delonga duração que desencadeiam processos formativos nas regiões,estados municípios/comunidade, objetivando: formar sujeitoscoletivos para atuar na realidade local e nos espaços estaduais eregionais. Constituir redes de educadores/as militantes do MSTTR,reorientar a prática sindical formativa de modo a atribuir a eladimensões de transformação da sociedade e emancipação dossujeitos a partir da realidade concreta desses sujeitos. Estimular oexercício de novas práticas que dê visibilidade, respeito e garantaque as diferenças se expressem nas atividades formativas eresignifique a utopia pela construção de uma sociedade democrá-tica e solidária. As contrações decorrentes da prática sindical e oselementos desafiadores da ação sindical se expressam eretroalimenta a ação formativa.

b) Organização social e produtiva – é desenvolvida por meio dosistema CONTAG de organização da produção – SISCOP, voltadopara gestão e constituição de cooperativas, organização earticulação de arranjos produtivos e qualificação dostrabalhadores/as para a gestão de empreendimentos associativossolidários e das unidades familiares e associativas de produção.Deve construí interfaces com: as secretarias: política agrícola,agrária, coordenações de juventude e de mulheres. Os temasabordados: agroenergia, legislação ambiental e trabalhista, direitosprevidenciários, associativismo e cooperativismo, manejoagrossilvopastoril da ovinocaprinocultura, assistência técnica eextensão rural – ATER, comercialização, contrato de compra evenda, cadeias produtivas, arranjos produtivos locais, gestão e usosustentável dos recursos naturais.

c) Gestão Sindical e a sustentabilidade política e financeira – têmcomo principal instrumento o Programa de Fortalecimento dasEntidades Sindicais – PNFES. Articulam discussões sobresindicalismo, gestão das entidades sindicais, registro sindical,

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39 ...................................................................................................................................................................................................campanhas de sindicalização e planejamento estratégico,

democratização das entidades sindicais, ética e transparênciapolítico-sindical.

d) Concepção e gestão de políticas públicas de desenvolvimentorural protagonizadas pelo MSTTR – esta linha relaciona váriasações formativas, dentre elas, educação do campo, proteçãoinfanto-juvenil; políticas específicas para terceira idade; saúde,gênero e direitos sexuais reprodutivos; ATER; comercialização;segurança e saúde no trabalho; cadeias produtivas; políticas desaúde; capacitação de conselheiros; dentre outras.

e) Desenvolvimento, Trabalho e Cidadania. Articulam as açõesvoltadas ás questões do direto: legislação trabalhista e direitosprevidenciários; proteção infanto-juvenil; políticas específicas paraa terceira idade. aos desafios da expansão do setor sucroalcooleiro;as cadeias e arranjos produtivos; a pluriatividade; o uso sustentá-vel dos recursos naturais; os acordos internacionais e seus impactosnas políticas de desenvolvimento no campo; participação e controlesocial das políticas públicas; as unidades familiares produtivas eassociativas.

f) Monitoramento, avaliação e sistematização da PNF – esta linhaé aglutinadora dos processos formativos desenvolvidos pelas linhasda PNF. Estimulando a reflexão sobre a concepção, os produtos esuas finalidades e, a construção de instrumentos facilitadores dosregistros e dos processos vivenciados. As estratégias de planeja-mento estratégico das entidades sindicais seus objetivos eimportância na concretização das políticas deliberadas nas ins-tâncias do MSTTR e a dimensão da comunicação com instrumentodisseminador50 e potencializador dos produtos, das práticas e dosconteúdos construídos.

g) Desenvolvimento Metodológico – a experimentação da formaçãode multiplicadores (as)51 já é prática corrente no MSTTR, inclusive,existem casos em que as pessoas são as mesmas. Mas, uma de-manda recorrente é a necessidade de uma formação voltada paraessa dimensão – desenvolvimento metodológico. A CONTAG jádesenvolve ações variadas nesse sentido, algumas delas com alcancenacional, a exemplo do programa jovem saber e compõe oitinerário formativo da ENFOC.

h) Igualdade de Oportunidades – esta linha é transversal às váriaspráticas formativas desenvolvida pela CONTAG. Ao dar visibili-dade às identidades dos sujeitos, também se evidencia as relações

4. ESTRATÉGIA POLÍTICO-PEDAGÓGICADA PNF

50 Semear, divulgar, propagar.51 Ou animadores (as), educadores(as), formadores (as), monitores(as),..., conforme concebe oprojeto ou programadesenvolvido.

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estabelecidas entre estes na sociedade. sejam as relações sociaisde gênero, geracionais, étnico-raciais, de orientação sexual, denecessidades especiais. Alguns dos processos formativos com essaabordagem: programa jovem saber; saúde, gênero e direitos sexuaisreprodutivos; itinerário formativo da ENFOC

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A Gestão da PNF requer um permanente exercício de democraciainterna, de abertura aos vários saberes e, de espaços coletivos,participativos, propositivos e deliberativos que estimulem o protagonismoe o sentimento de pertença de todas as instâncias do MSTTR.

Nesse sentido, essa busca é “fundamental para diminuir adistância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dadomomento, a tua fala seja a tua prática” (Paulo Freire).

5.1. Instâncias deliberativas da Política Nacional de Formação

A instância maior de deliberação da PNF é o congresso nacionalda categoria. Os congressos ocorrem a cada quatro anos e têm en-quanto público os delegados e delegadas eleitas nas assembléias deSindicatos e em plenárias estaduais convocadas com essa finalidade.

Os demais fóruns deliberativos do MSTTR também cumpremesse papel, desde que não contrarie as deliberações congressuais, aexemplo da assembléia do conselho deliberativo da CONTAG.

5.2. Espaço de formulação/proposição da formação sindical

O Encontro Nacional de Formação – ENAFOR é o espaçoprivilegiado de proposição e reorientação da PNF, bem como, parapropor estratégias que objetivem seu fortalecimento e consolidação.

5. GESTÃO E FINANCIAMENTODA POLÍTICA NACIONAL DEFORMAÇÃO

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É um espaço multifacetado53, onde vários temas se inter-relacioname muitas práticas formativas são expressas. Acontece a cada três anos coma atribuição de refletir sobre caminhos, temas e abordagens, papel e caráterda formação do MSTTR. Nele se realizam debates e reflexões sobre prá-ticas formativas inovadoras, como também é lugar em que as expressõesculturais se entrelaçam ao fazer pedagógico, revitalizam práticasformativas e a cultura camponesa como cantorias, poesias, danças, feirade memórias, enfim, rituais diversos que revelam dimensões múltiplasda luta e da vida.

Oportuniza a partilha de saberes e fazeres, re-construção decaminhos, encontros de experiências, re-visitação às estratégias e sis-tematização de vivências. Por isso é dinâmico e interativo de práticase produção de conhecimentos, e é “lugar” de resignificação da lutapela construção de um mundo com justiça social pautado nodesenvolvimento sustentável e em relações solidárias. Um mundotransformado com sujeitos emancipados.

O coletivo nacional de formação sindical tem enquantoatribuição política a coordenação da PNF, garantindo sua efetivaçãoe estimulando a apropriação dos seus princípios e fundamentos portodas as secretarias e coordenações que compõem o MSTTR. Esseespaço é composto por todos os secretários e secretárias de formaçãosindical das Federações, acompanhados das suas respectivasassessorias.

O mesmo papel cumpre os coletivos estaduais nas federações,geralmente, são compostos por dirigentes de pólos ou regionais.Adquirem papel articulador das demandas formativas da base,buscando de forma criativa desenvolver as temáticas e abordagenstrabalhadas nacionalmente, considerando e ajustando à realidade epúblico. Sempre interagindo e dialogando com os referenciaispolíticos, pedagógicos e metodológicos da Política Nacional deFormação – PNF.

5.3. Espaços Formativos

Espaços nacionaisQuase sempre, esses espaços têm alcance limitado no que diz respeitoà base do MSTTR. Mas, pela sua composição já que é constituídopor dirigentes e assessorias das Regionais da CONTAG, Federaçõese, eventualmente de Pólos ou Regionais Sindicais das Federações,

52 Que se aplica a vários assuntos,que tem muitas faces.

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43 ...................................................................................................................................................................................................são essenciais para estimular a efetividade da PNF, pois são potenciais

gestores das políticas do MSTTR. Grande parte das ações formativasaqui desenvolvidas tem enquanto estratégia a formação demultiplicadores (as) a animação para processos formativos. Espaços regionaisCom alcance ampliado quanto aos dirigentes das Federações, dePólos ou Regionais. Espaços de articulação, sobretudo, pelodialogo com a realidade regional e com a proposição de estratégiasde execução das ações formativas. Os processos desenvolvidosnesse espaço conjugam três dimensões, a formação demultiplicadores (as), a formação de dirigentes e assessoria sindicale a animação de processos formativos.Espaços estaduaisEspaços quase sempre voltados para a formação de animadores(as), lideranças, dirigentes e assessoria sindical, dos Pólos ouRegionais e dos Sindicatos. Dialoga diretamente com a realidadeestadual, tornando-se estratégico no retroalimentar da PNF.Espaços territoriais/municipaisNesses espaços a formação se aproxima mais da base, envolvelideranças de sindicatos, de associações, de grupos produtivos e dacomunidade (base geral). Esse espaço demanda permanentemente,tanto a formação programada quanto a formação para a ação.Fortalecer esses espaços é estimular que as propostas do MSTTRse concretizem, já que nesse espaço as políticas negociadas sematerializam.

5.4. Financiamento da Política Nacional de Formação

O balanço das práticas formativas construído durante o ENAFORevidenciou os limites da formação pontual e descontínua, que vem sendodesenvolvida pelo MSTTR. O debate sobre esses limites identificaramnas condições apresentadas por agentes financiadores da formação, umadas causas que contribuem para fortalecer essa realidade.

As secretarias e coordenações dependem quase que exclusivamentede projetos e convênios e, grande parte da sua atuação se materializa emprocessos formativos. Faz-se necessário, portanto, a efetivação do discursoquanto à importância da formação sindical. Só dessa maneira, esses pro-cessos formativos não significarão uma ‘fissura53’ no cotidiano sindical.Mais sim, que seja parte integrante desse cotidiano.

5. GESTÃO E FINANCIAMENTODA POLÍTICA NACIONAL DE FORMAÇÃO

53 Pequena falha ou ruptura.

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Caberá ao MSTTR construir as condições concretas paragarantir a auto-sustentação e que a PNF seja efetivamentetransformadora e libertária, com autonomia política, ideológica efinanceira.

Construir essa autonomia financeira significa conjugar a buscarpor parcerias, com a clareza que agentes financiadores não podemafirmar os referenciais políticos e pedagógico-metodológicos a seremadotados. Mas sim, que os princípios e fundamentos da PNF sejam areferência para a os processos formativos e para a prática política dosdirigentes, lideranças, assessorias de todo o MSTTR.

A ENFOC vem experimentando a construção do FundoSolidário, com um percentual de 1% sobre as mensalidades sociaisdos aposentados e pensionistas. Mesmo sendo insuficiente para mantertodo o itinerário formativo (cursos e momentos nacional, regionais eestaduais), essa experimentação é uma referência para a reflexão e abusca de alternativas a dependência de recursos externos para aformação sindical.

Possivelmente, essa iniciativa não encontra similaridade nomovimento sindical brasileiro. Representa um significativo avançopara o MSTTR, além da compreensão estratégica acerca do seu papelpara a categoria trabalhadora rural e para a sociedade.

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6.1. Quanto à organicidade

A Escola de Formação Sindical da Contag – ENFOC é umespaço estimulador das reflexões sobre a prática do MovimentoSindical de trabalhadores e trabalhadoras Rurais - MSTTR e tambémde aprofundamento dos temas presentes na agenda sindical. É umlugar que favorece a pluralidade de idéias, a construção coletiva doconhecimento, a autocrítica, a troca de experiências e a partilha desaberes e fazeres. É um lugar de transformação política, de re-alimentação de sonhos e de utopias, de olhar criticamente para aprática e construir orientações para seu aprimoramento.

Orienta-se pelos princípios e fundamentos do Projeto PolíticoPedagógico – PPP e pelo Projeto Alternativo de DesenvolvimentoRural Sustentável e Solidário – PADRSS, que almeja a construção deuma sociedade justa, soberana, democrática e solidária, preconizadospela Política Nacional de Formação – PNF.

A ENFOC é uma Escola orgânica54 à CONTAG, e enquanto talé desafiada a tornar-se uma permanente consciência crítica doMSTTR, contribuindo para que este pense e repense criticamente: osrumos da luta, a organização sindical, as práticas sindicais e seu projetopolítico, o PADRSS.

Os espaços de formulações e decisões gerais sobre a Escola sãoos mesmos do Movimento (congressos, plenárias e conselhos). Alémdisso, se referencia nas reflexões e proposições do Encontro Nacional

6. ESCOLA NACIONALDE FORMAÇÃO - ENFOC

54 Entende-se como orgânica, umaorganização vinculadapoliticamente à outra, comespaços comuns de deliberação econstrução política.

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de Formação – ENAFOR que acontece a cada três anos, que trouxeem sua primeira edição, em 2005 os contornos institucionais e osreferenciais políticos, pedagógicos e metodológicos. Outros momentosde reflexão e elaboração são as atividades periódicas do ColetivoNacional de Formação do Conselho Político Gestor e das coordena-ções política, pedagógica e da equipe operativa. Outros espaçosprivilegiados de avaliação, proposições de temáticas e demandas sãoos coletivos e comissões específicas da CONTAG55.

6.2 Finalidades

Constituir e desenvolver um sistema de formação político-sindical,que valorize a abordagem ideológica e classista, voltada a atenderas demandas dos trabalhadores e das trabalhadoras na disputa porum projeto de sociedade.Construir e desenvolver metodologias que respeite a pluralidadede idéias, as especificidades dos sujeitos políticos e, possibilite aeducandos e educandas o acesso às diversas visões existentes sobreum tema, dentro do campo de trabalho delimitado.Estimular o desenvolvimento de processos formativos continuadosnas diversas áreas temáticas, que possibilitem dialogar, interagir eaprofundar reflexões sobre o PADRSS.Qualificar o debate sobre concepção sindical, identidade, campoe desenvolvimento, política pública e inclusão social, modos deprodução e visão de mundo, democracia e participação cidadã,organização sindical e ação político-sindical.

6.3. Gestão Política e Pedagógica da ENFOC

A gestão política e pedagógica da ENFOC, coerente com asdeliberações das instâncias do MSTTR, se efetiva nos seguintesespaços:

Coordenação política – Tem um caráter executivo, responsáveldireto pelo acompanhamento da coordenação pedagógica,convênios, projetos, produção de materiais. É composta pelaPresidência, pela Secretaria-Geral, Secretaria de Formação eOrganização Sindical e pela Secretaria de Finanças e Administraçãoda CONTAG.

55 Composto pelos secretários (as)e coordenadores (as) das áreasespecíficas das FETAGs

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47 ...................................................................................................................................................................................................Conselho Político Gestor – Trata-se de um colegiado ampliado,

responsável pela interlocução e articulação nacional na direçãopolítica da Escola. É composto pela Coordenação Política e umarepresentação de cada região do país, totalizando 9 membros.Coordenação pedagógica – Essa coordenação compreende aassessoria da secretaria de formação, uma assessoria de cadasecretaria da CONTAG, a rede de colaboradores e a coordenaçãopolítica. A coordenação pedagógica é responsável pela constru-ção e desenvolvimento do itinerário pedagógico, dos materiaisdidáticos, das programações metodológicas, dos assessoramentosaos cursos, e é co-responsável com a coordenação política pelaauto-formação, animação da Rede de Educadores/as esistematização de todo processo formativo desenvolvido pelaEscola.Equipe operativa – A equipe operativa é formada pela assessoriada Secretaria de Formação e Organização Sindical da CONTAG.Conta também, com o apoio pedagógico da rede de colaboradores.É responsável diretamente pela execução das tarefas e atividadesdemandadas pelas coordenações política e pedagógica.

6.4. Quanto ao funcionamento da ENFOC

Além desses espaços, a Escola conta também com uma Secretariaresponsável por tarefas administrativas, contatos internos e externos,prestação de contas, banco de dados, entre outras atividades.

Funciona nas dependências da CONTAG, em Brasília em umaestrutura específica devidamente equipada. Dispondo de assessoria,funcionário/a, e conta com uma rede de colaboradores e colaboradorasmultidisciplinar que prestam consultorias e atuam como especialistasdurante os processos formativos. Estes profissionais são do quadro deassessoria da CONTAG, Universidades e parceiros.

A ENFOC vem buscando consolidar parceiras com forteafinação e alto grau de identidade ideológica e política. Neste sentido,as Escolas da Central Única dos Trabalhadores – CUT, Escolas eInstitutos das Federações de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais,Dieese e Escola Quilombo dos Palmares – EQUIP, são alguns dessesparceiros.

6. ESCOLA NACIONALDE FORMAÇÃO - ENFOC

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Os movimentos sociais do campo vêm se constituindo ao longoda nossa história, como sujeitos coletivos, que constroem umaidentidade e organizam práticas que visam defender direitos, interessese projetos. Esse processo se dá através de lutas de resistências,de organização, mobilização que se constroem nos locais de trabalho,na roça e na comunidade. São nas teias de constituição dessas lutasque se constroem as condições para a tomada de consciência do quesignifica ser trabalhador(a) rural.

O movimento é profundamente educativo: contribui para oprocesso de emancipação humana. É verdade que o movimento sin-dical por muito tempo centrou sua ação na dimensão produtiva doser humano, em muito limitadora de uma prática pedagógica queoportunizassem e dessem visibilidade às demandas dos sujeitos.

Diferentes desafios se apresentam ao MSTTR para que possarealizar os princípios que orientam o PADRSS. O enfrentamento dosdesafios deve articular ações que amplie a democracia interna domovimento sindical, com dinamismo e inter-relação das suas organi-zações, fortalecendo a sua capacidade de mobilização e deenfrentamento das questões estruturais do campo brasileiro.

Ao mesmo tempo, os sujeitos políticos que compõem a base derepresentação do movimento exigem uma formação ampla ediversificada de conteúdos e abordagens, estratégias e metodologiasque valorizem e os considerem na sua totalidade. Homens e mulheres,nas diferentes fases da vida, demandam políticas diferenciadas,

7. DESAFIOS PARAA CONSTRUÇÃO DA PNF

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estabelecem relações diversas e, sobretudo, desejam construir um“bem viver” em bases sociais decentes.

No entanto, além de seu caráter pontual, a formação foi setornando cada vez mais especializada em temas presentes no cotidianoda ação sindical, assumindo por vezes dimensões temáticas e técnicas.

Ainda que seja um avanço no que diz respeito à proposição eampliação da participação, a constituição de secretarias específicas; oingresso de mulheres e jovens; a ampliação da participação nos espaçospúblicos; uma maior inserção nos espaços de organização da produção;contribuíram para um “certo esvaziamento” das reflexões sobre asidentidades e de uma formação político-ideológica permanente econtinuada.

Outro desafio a ser superado, é quanto à construção de umaefetiva organicidade do movimento. Cada entidade sindical quecompõem o sistema CONTAG possui seus estatutos próprios, práticaspolíticas e formativas próprias. O mesmo ocorre com a sustentaçãofinanceira da PNF, o balanço realizado no ENAFOR/2005, identificaque “a forte dependência de convênios inibe uma formação continuada”.

Para que a PNF se torne realidade é necessário que seja assumidaenquanto referencial político-pedagógico comum por todos/as sujeitosque fazem a luta sindical acontecer, seja na CONTAG, nas Regionais,nas Federações, nos Pólos e Regionais, e, principalmente, nosSindicatos.

Por último, mas não menos importante, consolidar a EscolaNacional de Formação político-sindical – ENFOC, enquanto principalinstrumento na efetivação das demandas relacionadas à formaçãopolítico-sindical e potencializadora das ações formativas desenvolvidaspelas secretarias específicas articulando-as e dinamizando-as.

Então podemos afirmar que: a PNF sugere uma retomada dasdiscussões sobre ideologia e luta de classe (luta contra hegemônica),articula a ação sindical à ação formativa, fortalece as organizaçõessindicais. Por isso para compreendê-la é necessário compreendertambém o PADRSS e PPP.

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