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E MAIS: Saúde no Campo (pág 4) • Planejamento Estratégico da CONTAG (pág 5) • Lançamento do Plano Safra do Semiárido (pág 6) • Direitos dos Assalariados(as) Rurais (pág 7) • Preparação para a 2 a CNDRSS (pág 8) • Aprovação do Estatudo da Juventude (pág 6) ANO IX | NÚMERO 102 | AGOSTO DE 2013 CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NA AGRICULTURA (CONTAG) CONTAG A CONTAG é filiada à www.contag.org.br facebook.com/contagbrasil @ContagBrasil página 3 LUTA PELA TERRA A bandeira da Reforma Agrária é fortalecida nas manifestações por todo o país

ANO IX | NÚMERO 102 | AGOSTO DE 2013 CONTAG · Formação político-sindical é fundamental para o MSTTR ... precisamos do apoio de todos os trabalhadores e ... seff por meio de

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E MAIS: Saúde no Campo (pág 4) • Planejamento Estratégico da CONTAG (pág 5) • Lançamento do Plano Safra do Semiárido (pág 6) • Direitos dos Assalariados(as) Rurais (pág 7) • Preparação para a 2a CNDRSS (pág 8) • Aprovação do Estatudo da Juventude (pág 6)

A N O I X | N Ú M E R O 1 0 2 | A G O S T O D E 2 0 1 3

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS TRABALHADORES NA AGRICULTURA (CONTAG)

CONTAG A CONTAG é filiada à

www.contag.org.br

facebook.com/contagbrasil

@ContagBrasil

página 3

LUTA PELA TERRAA bandeira da Reforma Agrária é fortalecida nas

manifestações por todo o país

2 J o r n a l d a C o n t a g

Formação político-sindical é fundamental para o MSTTREditorial

Iniciamos o 2º semestre de 2013 fazendo uma profunda reflexão sobre os principais desa-fios do Movimento Sindical de Trabalhadores

e Trabalhadoras Rurais (MSTTR). Durante a ofi-cina de Planejamento Estratégico Situacional da gestão 2013-2017, elegemos as prioridades e definimos as estratégias para os próximos qua-tro anos de mandato, tendo em mente as deli-berações do 11º CNTTR e o atual cenário e as perspectivas de futuro para o Brasil e o mundo.

Mesmo não tendo finalizado todas as etapas do planejamento, adiantamos a todos(as) que a diretoria da CONTAG se esforçará para imple-mentar e consolidar o nosso Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS), melhorar a gestão da entidade, forta-lecer a organização sindical do Sistema CONTAG, mantendo a unidade do MSTTR e combatendo as práticas antiéticas e antidemocráticas, conforme as recomendações do congresso. Mas, para isso, precisamos do apoio de todos os trabalhadores e trabalhadoras rurais e principalmente de nossos dirigentes que estão na condução do nosso mo-vimento sindical. Acreditamos que o apoio da ba-se e o compromisso das lideranças fortalecerá o nosso MSTTR para enfrentar os grandes desafios e avançar na conquista de políticas e medidas que venham melhorar as condições de vida e de trabalho da nossa gente no meio rural brasileiro.

E, nesse sentido, a juventude tem um papel

estratégico. Vimos, recentemente, que os(as) jo-vens foram protagonistas de mobilizações por todo o Brasil, e sempre foram ao longo da his-tória, como na luta pela redemocratização do Brasil, pedindo eleições “Diretas Já” e também os caras pintadas que pediram o impeachment de Fernando Collor. Presenciamos, agora, a fé e a perseverança deles durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que reuniu, no mês de julho, jovens de mais de 170 países, no Rio de Janeiro.

Usando as santas palavras do Papa Francisco, “os jovens e os idosos estão condenados ao mesmo destino: o de exclusão. Os jovens têm que lutar pelos valores e os idosos têm que transmitir as sabedorias dos povos”. Olhando para a realidade do campo, os nossos idosos(as) e jovens rurais também estão excluídos de boa parte das políticas públicas e dos espaços po-líticos. Vivemos um acentuado envelhecimento do campo com a saída de muitos(as) jovens pa-ra estudar e trabalhar na cidade. Nesse sentido, o MSTTR entende que é preciso trabalhar a su-cessão rural, que a juventude possa permanecer no campo com a perspectiva do acesso à terra, ao crédito, da geração de renda, da educação do campo, esporte, cultura, lazer, dentre outras políticas que garantam uma vida digna e traba-lho decente.

Portanto, é importante que a juventude lute e não perca a esperança nas instituições públi-

cas, na Reforma Agrária, no movimento sindical e na política. Tanto quanto o Papa, também bo-tamos fé nos jovens. Acreditamos no seu pro-tagonismo, na sua energia e na sua vontade de construir um mundo cada vez melhor, mais jus-to e solidário.

Devemos tirar muitos ensinamentos das men-sagens deixadas pelo Santo Padre. Uma delas é nunca desanimar, não perder a confiança e não deixar que se apague a esperança. A outra é que devemos ser mais humildes e olhar mais para os pobres, e boa parte deles no Brasil encontra-se no campo e são jovens.

Portanto, aproveitamos a oportunidade para incentivar os jovens trabalhadores e trabalhado-ras rurais a permanecerem na luta pela Reforma Agrária e por melhores condições de vida e tra-balho no campo. A mudança é possível e deve-mos fazer a nossa parte. No entanto, é preciso que o governo ouça mais os(as) jovens e crie es-paços para se expressarem. E, à juventude, ca-be o cuidado para não serem manipulados nes-se processo de manifestações. A juventude tem que ser autêntica, defender o que acredita, ter fé nas suas convicções e dar o bom exemplo a par-tir de suas ações.

Alberto Ercílio BrochPresidente da CONTAG

NOVAS COORDENAÇÕES NO NORTE E NORDESTEOs dirigentes das Federações dos Trabalhadores na Agricultura (FETAGs) do Norte e Nordeste escolheram, em julho, os novos nomes que irão compor as coordenações da CONTAG nessas regiões. Carlos Augusto Santos Silva, do Pará, foi eleito o coordenador titu-lar da Regional Norte. Izete Rodrigues, do Amazonas, e Noenes de Souza, do Amapá, completam a coordena-ção. Elenice Anastácio, do Rio Grande do Norte, é a nova coordenadora do Nordeste. Rosalina Rodrigues, do Piauí, Rilda Alves, de Alagoas, Adriana Nascimento, de Pernambuco, e Antônio Almeida, de Sergipe, também com-põem a coordenação. Além de defi-nir os coordenadores regionais pelos próximos dois anos, os dirigentes das FETAGs discutiram temas pertinentes da realidade do meio rural. No Norte, a pauta debatida foi sobre a importân-cia da unidade entre as Federações, reforma agrária, educação e saúde no campo e combate à violência. No Nordeste, as conversas foram so-bre as estratégias para a nova ges-tão, a política de convivência com o

semiárido, a utilização de fontes de energia alternativas e a organização sindical da região. Também foram discutidas a consolidação do Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS) e a reforma agrária.

CADASTRO DO SEGURADO ESPECIALA partir de agora, a CONTAG, por meio da Secretaria de Políticas Sociais, te-rá total autonomia para cadastrar os sindicatos dentro do sistema de segu-rados especiais do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O órgão fe-deral autorizou a entidade a realizar esse tipo de procedimento, que ser-ve para comprovar e legitimar a ati-vidade rural e o vínculo de trabalho do homem e da mulher no campo. O cadastramento via CONTAG será im-portante porque simplificará uma ta-refa que antes era lenta e burocrá-tica. No entanto, esse sistema de cadastramento de segurados espe-ciais do INSS está sendo ajustado pela Dataprev para que a busca por informações aconteça sem maiores problemas.

INFORMES DO CAMPO

Anote os dias em que acontecerão os cursos e oficinas da Escola de Nacional Formação da CONTAG (ENFOC) no mês de agosto.

Cursos Regionais de Formação Política – 2º Módulo (4ª turma)• 29 de julho a 4 de agosto - São Luís

(MG);

• 13 a 19 de agosto - Belo Horizonte (MG);

• 3ª Oficina de Auto-Formação (4ª turma);

• Regional Sul - 14 e 15 de agosto - Curitiba (PR);

• Regional Centro-Oeste - 26 a 28 de agos-to - Brasília (DF);

• Regional Norte - 28 a 30 de agosto - Brasília (DF).

SEMINÁRIOS A inspeção de alimentos de origem ani-mal será tema de seminários do Sistema Unificado de Atenção e Sanidade Agropecuária (Suasa). A ideia é apresentar aos gestores públicos municipais informações técnicas sobre o assunto e também orientar as au-toridades a estimular a uma maior partici-pação da agricultura familiar nos mercados institucionais e privados de comercializa-ção. A realização do seminário tem apoio

da CONTAG. As inscrições podem ser fei-tas pelo site www.seminariosuasa.com.br. As vagas são limitadas.

SÃO PAULO (SP): 1º de agosto;

PORTO VELHO (RO): 6 de agosto;

MACEIÓ (AL): 6 de agosto;

SALVADOR (BA): 7 de agosto;

ARACAJU (SE): 8 de agosto;

RIO BRANCO (AC): 8 de agosto;

JOÃO PESSOA (PB): 13 de agosto;

CUIABÁ (MT): 14 de agosto;

IMPERATRIZ (MA): 15 de agosto;

RECIFE (PE): 20 de agosto;

SÃO LUÍS (MA): 20 de agosto;

FORTALEZA (CE): 21 de agosto;

NATAL (RN): 22 de agosto;

TERESINA (PI): 22 de agosto;

MACAPÁ (AP): 27 de agosto;

PORTO ALEGRE (RS): 27 de agosto;

BARREIRAS (BA): 29 de agosto;

BELÉM (PA): 3 de setembro;

FLORIANÓPOLIS (SC): 3 de setembro;

MARABÁ (PA): 4 de setembro;

MONTES CLAROS (MG): 10 de setembro;

BRASÍLIA (DF): 11 de setembro.

CALENDÁRIO DA ENFOC

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Formação político-sindical é fundamental para o MSTTRQuEstão agrária

PEsQuisa E agricultura Familiar

O s graves problemas vividos pela popu-lação urbana que estão sendo eviden-ciados nas recentes manifestações em

todo o país – como o aumento da violência, deficiência no transporte público, na saúde e educação – têm relação direta com a forma com que o Estado brasileiro sempre tratou as políticas públicas para o campo. A opção histórica dos governos em apoiar o modelo produtivo do agronegócio para a exportação é comprovada pelos altos subsídios públicos e incentivos governamentais, o que levou à ex-pulsão de muitos trabalhadores(as) rurais do campo, resultando no inchaço das cidades, no aumento do desemprego, no encarecimento dos alimentos e na degradação ambiental.

Neste sentido, as manifestações populares reforçam a luta por uma ampla e massiva Re-forma Agrária para superar esses problemas e como alternativa para o desenvolvimento rural com inclusão, soberania alimentar e territorial, combate à violência no campo e ao trabalho escravo. “Esta política é uma demanda muito presente e atual”, afirma Zenildo Pereira Xavier, secretário de Política Agrária da CONTAG.

O dirigente completa: “Precisamos reforçar o diálogo com a sociedade e fazer a relação entre a realização da Reforma Agrária e a me-lhoria da qualidade de vida da população, dos serviços e da gestão pública”. Este fato foi destacado nos atos coordenados pelas cen-trais sindicais, demonstrando a unidade das organizações sociais do campo e da cidade em torno dessa pauta.

OCUPAÇÕES – Neste processo de mobiliza-ções e em resposta à morosidade e ineficiência nas ações de Reforma Agrária, várias FETAGs e STTRs ocuparam as Superintendências regio-nais do Incra. As principais reivindicações são as vistorias das áreas indicadas para desapro-priação, atualização da política de crédito, libe-

ração do crédito de instala-ção para os assentamentos e melhoria no atendimento à saúde, educação, mo-radia, transporte e outros. Estas demandas chegaram à presidenta Dilma Rous-seff por meio de uma carta conjunta dos movimentos sociais do campo, entregue em audiência no Palácio do Planalto que contou com a presença da CONTAG.

“Entendemos que só com a pressão social a Reforma Agrária será reto-mada, melhorando a ação dos governos, do Congresso Nacional e do Judiciário, que hoje não priorizam, ou agem contra esta política”, destaca Zenildo.

MONITORAMENTO – Além da mobilização, a CONTAG está monitorando a implementação das medidas anunciadas no Grito da Terra Bra-sil deste ano, como a vistoria das áreas, por exemplo. Nesse sentido, o Coletivo de Política Agrária tem papel fundamental nesse proces-so. Em agosto, serão realizadas duas reuniões com o Incra e a Secretaria de Reordenamento Agrário do MDA. Uma para discutir a pauta de desenvolvimento dos assentamentos e outra sobre a obtenção de terras. “Daremos priori-dade às ações voltadas aos estados que mais sofrem com a violência no campo. Precisamos resolver os problemas causados por esta dis-puta por terra e território entre a agricultura fa-miliar e povos tradicionais contra o latifúndio. Normalmente, são nesses estados que se en-contra a maior parte das demandas por Refor-ma Agrária. Temos casos onde os trabalhado-res e as trabalhadoras aguardam a vistoria da terra há mais de cinco anos”, informa Zenildo.

A CONTAG esteve reunida com representantes das FETAGs do Norte e das Embrapas estaduais para apresentar e discutir o Acordo Geral de Cooperação Técnica que a entidade firmou com a Embrapa em 2011. Esse acordo prevê um conjunto de ações para fortalecer a agricultura familiar, com prioridade para a pesquisa, desenvolvimento, inovação e acesso à tecnologia.

No encontro, a Embrapa conhe-ceu as demandas apontadas pelas FETAGs para a agricultura fami-liar da Região Norte e, em conjun-

to com a CONTAG, elaborou uma agenda de ações para 2013. Entre as questões apresentadas, estão a dificuldade de processar, armazenar e transportar a produção dadas as características da região. Essa situ-ação traz impactos negativos para a comercialização de modo geral, em especial, no acesso aos mercados institucionais – PAA e PNAE.

Na Amazônia, foi apontada a necessidade de que hajam tec-nologias específicas que viabili-zem a produção e renda para os agricultores(as) familiares durante

todo o ano, além da diversificação da produção. A Embrapa reconhe-ce que não dispõe de recursos humanos e financeiros suficien-tes para atender a demanda local e aponta que este é um papel, em especial, das entidades de exten-são rural.

“É fundamental que o MSTTR e Embrapa se encontrem nos esta-dos e conversem sobre pesquisas que podem ser disponibilizadas desde já para a agricultura fami-liar”, diz David Wylkerson, secretá-rio de Política Agrícola da CONTAG.

ENCAMINhAMENTOS – Como resultado da reunião, foi formada uma coordenação regional para contribuir com a organização das agendas e compromissos estabele-cidos durante o encontro. Até 18 de agosto, o MSTTR, Embrapa e enti-dades parceiras deverão se reunir para constituir fóruns estaduais de pesquisa e extensão.

Os fóruns terão até dezembro para diagnosticar e priorizar demandas e transformá-las em ações para o Pla-no da Pesquisa e Extensão da Região Norte para a Agricultura Familiar.

Parceria entre CONTAG e Embrapa realiza primeira atividade regional

Mobilizações em todo o Brasil cobram a realização da Reforma Agrária

A carta entregue pelos movimentos sociais do campo à presidenta Dilma Rousseff, intitulada Carta aos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, exige do governo federal a garantia dos direitos dos povos do campo, das florestas e das águas por meio da agilidade da Reforma Agrária, da recuperação da soberania nacional sobre as terras brasileiras, demarcação imediata das terras indígenas e quilombolas e reconhecimento dos direitos dos atingidos por barragens e dos territórios pesqueiros. Dentre outras reivindicações contidas nesta carta, constam: o imediato banimento dos agrotóxicos já proibidos em outros países, a proibição das pulverizações aéreas e políticas de redução do uso de agrotóxicos no campo; o cancelamento da privatização dos recursos naturais, como água, energia, minérios, florestas, rios e mares; e o fim da isenção de impostos às grandes empresas exportadoras de matérias-primas agrícolas, energéticas e minerais.

GARAnTiA De DiReiTos DA populAção RuRAl

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cadastro ambiEntal rural

CONTAG está na expectativa para a regulamentação do CAR

O MSTTR encontra-se na expectativa para o início da realização do Cadastro Ambiental Rural (CAR). Segundo o Meio Ambiente (MMA), a pre-visão é que o CAR seja regulamentado até o final de agosto.

Esse cadastro tem a finalidade de possibilitar o planejamento ambiental e econômico do uso e ocupação do solo, além de ser pré-requisito para o acesso à emissão das Cotas de Reserva Am-biental e aos benefícios previstos nos Programas de Regularização Ambiental (PRA) e nos Progra-mas de Apoio e Incentivo à Preservação e Re-cuperação do Meio Ambiente, ambos definidos pela Lei 12.651/12. É importante destacar que quem não fizer o cadastro entrará na ilegalidade perante o novo Código Florestal.

O cadastro é gratuito e obrigatório para todos os imóveis rurais. A agricultura familiar detém cerca de 4,3 milhões de propriedades no país. A CONTAG alerta os agricultores familiares a não contratarem empresa ou técnico agrícola para

fazer o CAR. Ao procurar o STTR, é preciso levar documento pessoal e da propriedade, um croqui (mapa da propriedade) e confrontações.

FUNCIONAMENTO – De acordo com o secre-tário de Meio Ambiente da CONTAG, Antoninho Rovaris, “esperamos que a regulamentação do CAR saia depois da realização de um processo de formação das pessoas que farão o cadastro a partir das informações dos agricultores.” Para isso, está em negociação com o MMA um meio de otimizar o trabalho. “A realização do CAR é um grande desafio. A ideia é credenciar a CON-TAG, nos moldes da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), para que ela credencie as FETAGs e estas os STTRs para fazerem o cadastro. Tam-bém queremos envolver os órgãos ambientais estaduais e as Emater’s. Entendemos que, desta forma, conseguiremos agilizar, ter um controle maior das áreas já cadastradas e cumprir o tra-balho no prazo de dois anos.”

dica de livro

agriCULTURA

“Limites do CresCimento” Vários autoresA partir da criação do Grupo de Dinâmica de Sistemas do Instituto Tecnológico de Massachussets (MIT), em 1970, o professor Jay W. Forrester apresentou uma proposta de simulação computadorizada do planeta Terra que permitia prever o comportamento do sis-tema. Este foi o argumento para a criação do proje-to “A Problemática da Humanidade”, desenvolvido pelo grupo de pesquisa do MIT, que gerou a publi-cação do livro “Limites do Crescimento” em 1972.O livro aborda os problemas causados pelo cresci-mento, do ponto de vista ambiental, levando a crer que o desenvolvimento humano é limitado, pois o planeta possui limites físicos. A versão mais recen-te do livro foi publicada em 2004, atualizando os 30 anos desde a primeira publicação, e é recomenda-da para quem se preocupa com a discussão de te-mas ligados ao desenvolvimento sustentável e à in-sustentabilidade dos sistemas produtivos vigentes.

saúdE no camPo

O desafio de desenvolver um sistema univer-sal, que garanta cobertura a todo cidadão, não é exclusividade do Brasil. Cerca de 14

países da América Latina, Ásia, África e União Euro-peia debateram na última edição do Fórum Social Mundial da Saúde, em fevereiro, na Tunísia, a crise mundial capitalista e os efeitos nos sistemas públi-cos de saúde, como subfinanciamento, terceiriza-ção e privatização da saúde, falta de médicos e insu-ficiência da rede pública nas áreas de difícil acesso.

De fato, a crise internacional do capitalismo tem produzido políticas e programas de ajustes econô-mico-fiscais e privatizações que geram agressões a alguns dos direitos sociais com tentativas de des-mantelamento do sistema de proteção e segurida-de social, com destaque para a saúde, agricultu-ra  e  meio ambiente.

A melhoria da saúde pública no campo é tema recorrente do MSTTR, principalmente por repre-sentar um público que é 100% usuário do Sistema Único de Saúde (SUS). Há anos, são debatidas e formuladas propostas que buscam fortalecer o SUS e universalizar o seu acesso à população brasileira.

Por outro lado, é conhecida a dificuldade que o interior e regiões periféricas das grandes cidades têm para conseguir profissionais de saúde, inclusive médicos. Segundo o Ministério da Saúde, existem mais de 700 municípios sem nenhum médico.

POSICIONAMENTO – Embora importante e aliada aos apelos populares, o Programa Mais Médicos, do governo federal, que propõe levar médicos e infraes-trutura para a periferia das grandes cidades e interior, é uma medida emergencial e sozinha não resolverá os problemas do SUS. É preciso garantir a acessibi-lidade com qualidade e superar o modelo focado no médico, hospital e medicamento.

O trabalhador rural sabe que o principal problema

de saúde não é a falta de médicos, que, na verdade, é um dos sintomas do descaso crônico na implanta-ção do SUS. Com esta medida, o governo enfrenta parte dos antigos problemas: a falta de médicos no SUS e de serviços com qualidade para resolver as necessidades de saúde da população do campo.

QUEREMOS MAIS MÉDICOS E MUITO MAIS SAÚDE – A CONTAG defende um modelo de de-senvolvimento com qualidade de vida para o campo e cidade – no qual a saúde é determinante. Por isso, trabalha para garantir um financiamento na ordem de 10% das receitas correntes brutas da União. É fundamental estruturar uma Política Nacional de Recursos Humanos do SUS, com foco na Atenção Básica e ampliando o quadro de profissionais, não apenas médicos. Reivindica, ainda, ampliação do número de cursos e vagas na área das profissões de saúde nas universidades públicas no interior do país.

O governo federal gasta mais de R$ 800 mil para formar um médico e R$ 600 mil um dentista. Por isso, é preciso enfrentar o corporativismo médico e cobrar a responsabilidade social desta categoria com a saúde pública. Sobre a contratação emer-gencial de profissionais estrangeiros para ocupar vagas em regiões vulneráveis e no interior do país, “somos favoráveis, desde que sejam qualificados e que tenham condições para trabalhar”, declara José Wilson, secretário de Políticas Sociais da CONTAG.

A CONTAG luta também por mais transparência e seriedade com o uso do dinheiro público e respei-to aos usuários do SUS. “Muitas vezes, os gestores usam mal os recursos e desviam a finalidade das verbas que inicialmente seria para a saúde. É neces-sário que a gestão seja mais séria, que encare os problemas da área como compromisso de Estado e não de governo”, afirma.

Para o secretário, é preciso melhorar os instru-

mentos de controle social já existentes. “Os conse-lhos municipais devem ser mais participativos e in-dependentes no momento de questionar e fiscalizar os investimentos. Além disso, os órgãos estatais de auditoria devem ser mais ativos e eficientes”, diz.

Na opinião dele, a formação de médicos no campo beneficiaria os municípios carentes de ser-viços de saúde, uma vez que os próprios filhos dos trabalhadores(as) rurais saberiam lidar melhor com a realidade do interior do país. “A formação dessas pessoas dará perspectivas a quem vive no campo, fazendo com que elas não precisem sair do meio ru-ral para buscar oportunidades em outros lugares”.

A CONTAG também reivindica a implementação do Plano Nacional de Saneamento Básico, com foco no campo. “É preciso que essa política seja garantida como medida de promoção da saúde, o que pode acarretar em menos custos com médicos, exames e medicamentos”, avalia.

Todas essas reivindicações fazem parte do po-sicionamento político que a CONTAG adotou para cobrar do governo federal um sistema de saúde universal, democrático e acessível, principalmente para as pessoas que vivem no campo, na floresta e nas águas. “A saúde deve ser encarada como uma política pública estratégica de desenvolvimento do país e de superação das desigualdades regionais e sociais”, diz José Wilson.

População rural cobra presença de médicos do SUS no campo

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PlanEjamEnto Estratégico

CONTAG elege prioridades e define estratégias para a gestão 2013-2017

A gestão 2013-2017 da CONTAG deu o pri-meiro passo para a realização de um man-dato dentro das expectativas dos trabalha-

dores e trabalhadoras rurais de todo o Brasil. Na semana de 8 a 12 de julho, toda a diretoria, as-sessoria e coordenações regionais, com a parce-ria do Dieese, reuniram-se para realizar a 1ª etapa do Planejamento Estratégico Situacional. Na oca-sião, foram debatidas as estratégias e definidos os principais eixos de atuação nos próximos quatro anos: implementação e consolidação do Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PADRSS); Organicidade Sindical; Re-presentatividade Sindical; Organização Interna; e combate às práticas antiéticas e antidemocráticas.

Os próximos passos serão o detalhamento das ações e responsáveis, em agosto; a ela-boração do plano de trabalho por Secretarias, prevista para setembro; e, por fim, o início do processo de monitoramento da implementação deste planejamento, que ocorrerá a cada quatro

meses até o final do mandato.Para o presidente da CONTAG, Alberto Broch,

esta semana foi muito positiva, quando foi possível fazer um debate bastante motivador, maduro e res-peitoso. “Esta diretoria trabalhará de forma intensa para implementar as ações que estão sendo pla-nejadas”, afirma.

A secretária Geral, Dorenice Flor da Cruz, tam-bém faz uma avaliação positiva da atividade. “Foi uma semana que envolveu o conjunto da diretoria e assessoria e todos se mostraram bastante com-prometidos. A metodologia adotada e a análise de conjuntura contribuíram para fazermos uma profunda reflexão e definirmos estratégias dentro da realidade”. A dirigente também destaca o fato de esta gestão ter optado por investir no monito-ramento deste planejamento. “O monitoramento é fundamental para garantir o cumprimento das ações e para não nos perdermos no cotidiano”.

O secretário de Finanças e Administração, Aristides Santos, concorda com a necessidade

de monitorar o cumprimento do que foi esta-belecido no planejamento. “Temos a expecta-tiva de aprimorar a sua execução, inclusive os mecanismos de monitoramento, de avaliação e de sistematização. Também precisamos dar um salto de qualidade nas estratégias que visam responder os desafios do momento, que são cada vez maiores”. Nesse sentido, o dirigente revela o principal: “A disputa na nossa base está cada vez mais presente e não basta sermos a maior organização sindical. É preciso sermos também a melhor para os que ainda não são associados(as) aos nossos sindicatos. Acredito que uma maior presença dos dirigentes na base é uma alternativa para superar as dificuldades”.

colEtivo

Encontro esclarece dúvidas sobre Formação e Organização Sindical

Dirigentes e assessores das Federações se reuniram com o secretário de Formação e Organização Sindical da CONTAG, Juraci Souto, e sua equipe, no início de julho, para a realização de mais uma reunião do Coletivo.

O objetivo do encontro foi compartilhar reflexões tanto sobre o âmbito da Formação quanto sobre questões de organização sindical, a partir das experiências dos estados e do MSTTR como um todo. “A organização sindical atualmente está exi-gindo muita atenção, reflexão e decisão da nossa parte”, ex-plica Juraci. “Diferente dos últimos Coletivos que realizamos, mais focados nas questões de formação sindical, demos mais atenção a esse tema, ampliando a dimensão do debate e da reflexão”, completa.

Outras pautas do Coletivo abordaram as deliberações do 11º Congresso da CONTAG, os resultados da 4ª Turma Nacio-nal da ENFOC, além de discussões sobre o enquadramento sindical da agricultura familiar e agroindústria, e debates sobre práticas e construções de metodologias estratégicas para o fortalecimento do MSTTR.

Foi feita também uma avaliação sobre as dificuldades do movimento sindical junto ao MTE. “Continuamos com os pro-cessos parados no Ministério do Trabalho e Emprego, pois não há servidores suficientes para dar conta das nossas deman-das”, avalia Juraci.

dEnúncia

No Brasil, boa parte da população idosa está vulnerável às ações de opor-tunistas que se aproveitam do fato de não saberem ler e nem escrever. É cres-cente o número de registros de violência, danos, maus tratos e constrangimentos, que retratam um país que não respei-ta os mais velhos. Atualmente, muitas pessoas idosas estão sendo enganadas para servirem de avalistas em compras, principalmente de carros.

Uma das vítima é o trabalhador rural João Barbosa da Silva, conhecido como João de Vila, 75 anos, de Jaíba/MG. Ele é sócio do Sindicato há mais de 40 anos. Por não saber ler, foi procurado por um ex-gerente do banco local para assinar alguns documentos para ajudar um ami-go. Entretanto, o documento o colocava como avalista de uma dívida bancária de alguém que ele nem conhecia. Ao final, o banco executou a dívida e ele perdeu sua casa, que foi penhorada e levada a leilão. Por falta de informação, João de Vila não procurou o STTR e perdeu inú-meros prazos do processo, já finalizado. Não há mais como recorrer das deci-sões, pois já encerrou sua fase de exe-cução com trânsito em julgado.

“Depois de tudo o que aconteceu, aconselho que as pessoas estudem para não serem lesadas futuramente. Essa é uma situação muito triste, que também prejudicou os meus netos. Agora, para estudar, eles têm que percorrer, diaria-mente, uma distância de 50 km. Infeliz-mente, esse fato não ocorreu só com a

minha família. Vários vizinhos estão sen-do despejados”, relatou. João de Vila completou: “A Justiça está sendo injus-ta. O juiz me despejou sem me ouvir uma única vez.”

A CONTAG foi informada do caso e está encaminhando denúncia aos ór-gãos competentes e de proteção ao idoso. “As pessoas envolvidas agiram de má fé e o Estatuto do Idoso foi des-respeitado. Houve prática de estelionato e o Ministério Público se omitiu”, infor-mou a assessoria jurídica. O Estatuto do Idoso assegura que, em processos que envolvem pessoas acima de 60 anos, o julgamento tem prioridade e o Ministério Público deve intervir para acompanhar o feito. A CONTAG entende que o idoso foi vítima de um golpe que resultou em danos morais e materiais, e atingiu sua própria família.

Segundo a secretária de Terceira Ida-de da CONTAG, Lúcia Moura, em caso de dúvida, ninguém deve assinar con-tratos e procurações e fornecer dados pessoais e documentos. “Procure o Sin-dicato do seu município antes mesmo de contratar um advogado. O STTR tem papel fundamental na defesa dos seus direitos”, orientou.

Idosos na mira de oportunistas

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combatE à sEca

Governo Federal lança Plano Safra do Semiárido

D ilma Rousseff anunciou as medidas do Pla-no Safra do Semiárido 2013-2014, em 4 de julho, em Salvador (BA), destinando R$ 4

bilhões para a agricultura familiar. Esse é o primeiro Plano Safra com foco regional e a iniciativa foi bem recebida pela CONTAG. Segundo o MDA, as medi-das beneficiarão 1,6 milhão de agricultores(as) fami-liares que vivem, trabalham e produzem na região.

No entanto, o presidente da CONTAG, Alberto Broch, informou que nem todas as propostas apre-sentadas pela Confederação e pelas FETAGs do Nordeste, que integram as Diretrizes para a Con-vivência com o Semiárido, foram acatadas. “Mas, vamos acompanhar a implementação das políticas anunciadas e deveremos continuar negociando pontos centrais que ainda precisam ser atendi-dos.” Segundo Broch, a principal questão está na dificuldade de acesso à água para produzir e isso se resolve somente com infraestrutura e assistência técnica efetiva pensando a região para além de um plano anual.

Já o secretário de Política Agrícola da CONTAG, David Wylkerson, disse que, para o MSTTR, é funda-mental retomar urgentemente o debate sobre a pro-posição do Grito da Terra Brasil 2013 de construção e implementação da Política Nacional de Convivên-cia com o Semiárido. “Dessa forma, poderemos ga-rantir agilidade na efetivação de ações emergenciais e estruturantes de combate aos efeitos da seca”.

David cobrou, ainda, que o governo federal reconsi-dere a proposta do Pronaf Sustentável para o Semi-árido, que prevê assistência técnica obrigatória.

PRINCIPAIS MEDIDAS ANUNCIADAS:Oferta de ATER e de recursos de fomento (R$ 3 mil/família) para 30 mil famílias que já possuem tecnologias de acesso à água para produção;

R$ 150 milhões, neste ano, para amenizar os efeitos da estiagem e prevenir as perdas de reba-nhos da agricultura familiar;

Assinado decreto que regulamenta o Progra-ma Cisternas e diminui a burocracia para con-tratação e repasse de recursos para construção de tecnologias de captação de água (consumo humano e produção de alimentos);

Medidas de renegociação de dívidas do Pronaf Crédito na área de atuação da Sudene: a. Cria condições para negociação das opera-

ções de custeio e investimento contratadas de 01/01/2007 a 30/12/2011, em situação de inadimplência em 31/12/2011, não beneficia-da pela Resolução 4.028/2011;

b. Reabre prazos e amplia condições de nego-ciação das parcelas vencidas e vincendas em 2012, 2013 e 2014 de operações do Pronaf Crédito de custeio e investimento, em situação de adimplência em 31/12/2011, dívidas rurais

contempladas pela Resol. Bacen 4.211/2011;

c. Autorizada a concessão de rebate, até 31/12/2014, para liquidação de operações ori-ginais de até R$ 100 mil, para dívidas contra-tadas até 31/12/2006, na região do Semiárido. Os limites de rebate podem chegar a 85%. Para os demais municípios da região da Sude-ne, o rebate pode chegar a 65%.

Garantia-Safra: foi autorizado, para a safra 2011/2012, o pagamento de adicional aos be-neficiários no valor de até R$ 560,00/ família aos agricultores familiares que aderiram ao Fundo e tiveram perda de safra em razão de estiagem, sendo que o adicional será pago em quatro par-celas mensais de R$ 140,00;

Bolsa Estiagem: foi autorizado, excepcional-mente, para desastres ocorridos em 2012, a am-pliação do valor em até R$ 800,00/ família, para além do valor normal de R$ 320,00/ família.

Vitória da juventude brasileira! Após nove anos de tramitação, o Estatuto da Juventude foi aprovado na Câmara dos Deputados, no dia 9 de julho. O docu-mento, que trata de direitos e diretrizes das políticas públicas voltadas a jovens de 15 a 29 anos, e também institui o Sis-tema Nacional da Juventude (Sinajuve), já havia sido aprovado pelo Senado Fe-deral, mas, devido a emendas em seu texto, retornou à Câmara. A presidenta Dilma Rousseff sancionou a decisão em 5 de agosto.

Com autoria da Comissão Especial de Políticas Públicas para a Juventu-de e tendo como relatora a deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), o Esta-tuto afirma o direito dos jovens à par-ticipação social e política, educação, profissionalização e trabalho, saúde, cultura, segurança pública e uma série de outros direitos, que cabem tanto à juventude urbana quanto a rural.

O texto aprovado faz referências aos(às) jovens do campo, em atendi-mento a demandas que já fazem parte das bandeiras de luta da CONTAG em relação à juventude, no que diz res-

peito à inclusão digital, ampliação da oferta de educação em todos os níveis e modalidades educacionais, apoio a empreendimentos de jovens trabalha-dores e trabalhadoras rurais e acesso à cultura e lazer.

“A juventude Contaguiana acompa-nhou este projeto por todos estes anos em que ele tramitou, e estamos muito felizes com a sua aprovação”, afirma Mazé Morais, secretária de Jovens Tra-balhadores e Trabalhadoras Rurais da CONTAG. “Esta aprovação é muito im-portante e representativa, uma verda-deira vitória para a juventude brasileira como um todo”, avalia.

Aprovado o Estatuto da Juventude

conQuista

Em 11 de julho, ruas de todo o Brasil foram tomadas pela classe tra-balhadora, que, em atos pacíficos, reafirmava uma extensa pauta de reivin-dicações para a melhoria das condições de trabalho no país. Foi o Dia Nacional de Lu-tas, convocado pelas centrais sindicais, como a CUT, CTB, entre outras, e que uniu, além dos trabalhadores e trabalha-doras de diversas categorias, movimentos sociais e estudan-tes. A realização de uma ampla e massiva reforma agrária, o fim do fator previdenciário, a redução da jornada de trabalho sem redução de salário e a reforma política são alguns dos muitos pontos que compõem esta pauta.

No ato em Brasília, os participantes marcharam pela Es-planada dos Ministérios e pararam em frente ao Congresso Nacional para um ato político, onde todos os movimentos presentes expuseram suas demandas.

A CONTAG e a FETADFE mobilizaram um grupo de trabalhadores(as) rurais do DF e entorno para participar deste momento. Em outros estados, várias federações filiadas também participaram das manifestações do Dia Nacional de Lutas.

“A CONTAG reforça a necessidade de o Brasil passar por grandes reformas estruturais, como as Reformas Agrá-ria, Política, Tributária, do Judiciário e dos meios de comuni-cação”, afirma Alberto Broch, presidente da CONTAG, que esteve no ato e falou em nome dos trabalhadores(as) rurais.

Dia Nacional de Lutas mobiliza trabalhadores(as)

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Leia o Estatuto da Juventude na íntegra no site da CONTAG, na sessão de documentos da Secretaria de Jovens.

7J o r n a l d a C o n t a g

Política Pública

A criação da Comissão Nacional do Traba-lhador Rural Empregado (CNATRE) em julho deste ano foi o primeiro passo dado

após a publicação do Decreto nº 7.943/2013, que instituiu a Política Nacional para os Traba-lhadores Rurais Empregados (PNATRE), para que os trabalhadores assalariados e assalaria-das rurais possam ter condições mais dignas de exercer suas atividades no campo.

O desafio agora é garantir que as demandas dos trabalhadores assalariados e assalariadas de cada região do país sejam consideradas pela comissão e, a partir daí, construir ações e mecanismos necessários que deem respostas efetivas a esses trabalhadores rurais.

Nesse sentido, a CONTAG e as coordena-ções regionais do Norte, Nordeste, Sul, Sudes-te e Centro-Oeste trabalham na CNATRE para que a política seja planejada da melhor forma e atinja os seus objetivos. “Essa comissão foi for-mada para discutir vários assuntos, entre eles o combate à informalidade – que, hoje, gira em torno de 60% –, os trabalhos escravo e infantil, além de viabilizar políticas públicas necessá-rias, como saúde, educação e moradia”, enu-mera o secretário de Assalariados e Assalaria-das Rurais, Elias D’Ângelo Borges.

A PNATRE é a primeira política pública brasi-leira voltada especificamente para empregados e desempregados do campo. “É uma conquis-ta de anos de luta e que foi construída à du-ras penas, pois, há algum tempo, o direito dos

assalariados rurais era algo impensável para o governo. Isso tornava a condição desses traba-lhadores e trabalhadoras rurais muito complica-da”, lembra Elias.

Para o secretário de Assalariados e Assa-lariadas Rurais da CONTAG, a CNATRE surge como um meio de articulação política bastante útil para estabelecer diretrizes e coordenar as ações específicas para esse público. “É um es-paço importante porque coloca, frente a frente, membros da sociedade civil organizada, como a CONTAG e governo federal, que juntos dis-cutirão o que é melhor para os assalariados e assalariadas rurais”, diz o dirigente.

EXPECTATIVA – A CONTAG está animada com a oportunidade de fazer parte de uma comissão que busca garantir melhores condições de vida e de trabalho para quem está empregado no campo. Há a expectativa de que a educação, saúde, habitação e qualificação profissional se-jam aprimoradas com a atuação da CNATRE.

Além disso, a CONTAG reivindicará e traba-lhará para que os assalariados e assalariadas rurais – empregados(as) e desempregados(as) – sejam qualificados para se tornarem agricul-tores e agricultoras familiares, o que lhes ga-rantirá o acesso a terra e às políticas públicas necessárias para viver bem.

Com isso, há a esperança de que a comissão promova algo que há tempos está sendo per-seguido pela CONTAG: a diminuição do êxodo

rural. “Acreditamos que as políticas impeçam a ida do homem e da mulher do campo para as áreas urbanas, uma vez que os trabalhadores e as trabalhadoras rurais terão melhor estrutura para continuar na atividade rural”, confia Elias.

Para que isso ocorra, o dirigente diz que a CONTAG continuará cobrando e fiscalizando as autoridades federais no que se refere à implan-tação das políticas para os trabalhadores rurais assalariados. “Eu acredito que seja possível que as coisas aconteçam muito rapidamente, até porque já existem discussões sobre essas melhorias. O pensamento da CONTAG é ir para cima e cobrar do governo que as políticas fun-cionem, e nós faremos isso, sem sombra de dú-vida”, garante.

CONTAG luta para garantir direitos dos assalariados (as) rurais

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O Pró-Savana, um acordo de cooperação entre os governos de Moçambique, Brasil e Ja-pão com o intuito de desenvolver uma das áre-as de cultivo mais importantes do país africano, está sendo questionado pela CONTAG. A enti-dade acredita que, por trás do discurso otimista que está sendo pregado, está o fato de que os agricultores(as) familiares locais correm sério risco de ver o Corredor de Nacala – uma região de 14 milhões de hectares no Nordeste moçambicano – ser dominado pelo agronegócio.

A CONTAG é contrária à forma como o Pró--Savana está sendo executado e recomenda que o governo brasileiro reveja o modelo que está apoiando para não repetir o erro que cometeu quando criou, na década de 1970, o Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvi-mento dos Cerrados (Prodecer).

“Pelo que temos visto, o Pró-Savana segue a mesma linha do Prodecer, que transformou o nosso cerrado em um espaço praticamente sem vida. Hoje, com exceção da agricultura familiar, o cerrado brasileiro é produtor de commodities, e não de alimentos”, avalia o vice-presidente e secretário de Relações Internacionais da CONTAG, Willian Clementino.

Cerca de 80% da população de Moçambique vive da agricultura familiar e 90% da alimentação do país vem desse setor, segundo a Organização

das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Na visão de Willian, o Pró-Savana entra em conflito com a realidade moçambicana. “É um pro-jeto que ignora os agricultores(as) familiares que vivem na região”, afirma.

O dirigente alerta que uma série de graves con-sequências sociais poderá surgir e afetará a vida de 4 milhões de trabalhadores(as) rurais que vivem na região de Nacala. “Quando não tiverem a terra para produzir, os agricultores se sujeitarão a condi-ções degradantes para sobreviver”, prevê.

TEMA GLOBAL – A situação de Nacala também é pauta de outras organizações da sociedade civil brasileira e moçambicana. A FASE – uma ONG do Brasil que busca promover os direitos humanos, a

gestão democrática e a economia solidária – apre-sentará, em Moçambique, um estudo sobre os im-pactos que o Pró-Savana causará nas comunida-des camponesas.

Para Fátima Mello, do Núcleo de Justiça Am-biental e Direitos da FASE, o Brasil está exportando seus conflitos históricos entre o modelo de mono-culturas em larga escala do agronegócio voltadas para exportação e o sistema de produção de ali-mentos de base familiar. 

O especialista em Economia Agrária do Ob-servatório do Meio Rural de Moçambique, João Mosca, acredita que a região de Nacala viverá um processo de desenvolvimento dependente do ca-pital estrangeiro. Segundo ele, o Pró-Savana é um programa destinado para exportação e não inte-ressa a Moçambique porque o país sofre com o déficit alimentar.

Para evitar impactos mais profundos na so-ciedade local, a CONTAG propõe que o Esta-do brasileiro modifique a sua maneira de atuar e busque um acordo de cooperação entre os países, cujas bases sejam no fortalecimento da agricultura familiar – na perspectiva da pro-dução de alimentos saudáveis –, na promoção de políticas inclusivas de assistência técnica, de crédito e de garantia de preço mínimo, no respeito às famílias camponesas e ao meio am-biente, e na segurança e soberania alimentar.

Destinação de terras para o agronegócio é repudiada pela CONTAG

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Comissão terá missão de criar políticas para assalariados e assalariadas rurais.

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Comunidades rurais moçambicanas podem ficar sem terra para produzir alimentos.

O presidente do Conselho Nacional de Juventude, Alessandro Melchior, analisa o cenário das manifestações realizadas em todo o país. Ele começou a sua militância no movimento estudantil e, em seguida, em espaços de controle social. Em 2009, assumiu a coordenação de juventude da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais e, em 2010, foi indicado para o Conjuve pela ABGLT. Em maio de 2013, foi eleito para a Presidência do Conselho.

EntrEvista

ALESSANDRO MELCHIOR

Qual a análise do Conjuve a res-peito das manifestações que toma-ram as ruas do país?O Conjuve congrega um número con-siderável de organizações que partici-param e continuam participando dos atos, especialmente dos convocados pelas centrais sindicais e outros mo-vimentos sociais. Boa parte dessas organizações juvenis realizou a Jorna-da de Lutas da Juventude que, no iní-cio do ano, adiantou um conjunto de pautas que surgiu posteriormente nas manifestações de junho e julho. De imediato, consideramos importante o povo na rua, que é o lugar por exce-lência da democracia.

Quais são as principais bandeiras de luta da juventude brasileira?O fim do extermínio dos nossos jo-vens, especialmente negros e pobres. Para isso, é urgente a aprovação do PL dos Autos de Resistência (4471/12) pela Câmara dos Deputados, impe-dindo que policiais continuem matan-do jovens indiscriminadamente e não respondendo por isso, e mais inves-

timentos no Plano Juventude Viva. Precisamos aprovar logo o PNE com 10% do PIB para a educação públi-ca, ampliar a inclusão de jovens via fortalecimento das modalidades do Projovem e repensar a forma como entendemos educação e mundo do trabalho. Precisamos democratizar a comunicação e dar condições para garantir a sucessão no campo.

Avalie as medidas apontadas pelo governo federal?Foi o único governo do mundo até agora que não apresentou o Exército como mediador entre ele e os mani-festantes. E a presidenta foi à TV, fa-lou com o povo, finalmente. Também trouxe à agenda elementos importan-tes, como a Reforma Política. E trouxe de forma a apresentar o povo como protagonista, a partir da defesa do plebiscito. O Pacto pela Saúde vem se desdobrando agora, com o Mais Médicos, programa que já recebeu o apoio da Organização Mundial de Saúde. Do ponto de vista da mobili-dade urbana, o novo vem com mais

recursos para as políticas, mas não retoma o debate sobre o papel do Mi-nistério das Cidades.

Qual a sua impressão sobre a reu-nião das representações da juven-tude com a presidenta Dilma?Falamos muito e ouvimos pouco. Mas, falamos bem. Tratamos de um conjunto de pautas e criticamos a po-lítica de comunicação, que continua financiando a imprensa privada an-tidemocrática e antipovo e a política econômica do governo. Reforçamos a necessidade de que o diálogo não fosse visto pelo governo como impor-tante apenas em momentos de crise.

Que desafios se colocam para os movimentos sociais, em especial para a juventude do MSTTR?Acredito que a ocasião é de tensionar por uma Reforma Política que reduza a influência do poder econômico na vida política do país, que possa are-jar os espaços e trazer mais vida, ju-ventude e criatividade para a política brasileira.

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dEsEnvolvimEnto rural

Mulheres Rurais preparam-se para a 2a CNDRSSAgroecologia, Assistência Técnica, Refor-

ma Agrária e outros sete pontos foram algumas das necessidades prioritárias para a melhoria da qualidade de vida e trabalho das mulheres ru-rais, apontadas na conclusão da 2a Conferência Setorial Nacional de Mulheres Rurais, promovida pela Diretoria de Política para Mulheres Rurais do MDA. A CONTAG esteve presente, representada pela secretária de Mulheres, Alessandra Lunas, além de representantes da Comissão Nacional de Mulheres: Rosângela Ferreira (CE), Sandra Al-ves Lemos (GO), Rosalina Rodrigues (PI), Inque Schneider (RS), e Maria do Rosário – Juma (AM).

O evento, realizado no início de julho, reuniu mais de 100 representantes das organizações de mulheres rurais e gestoras públicas em um gran-de debate sobre a participação das mulheres no Plano Nacional de Desenvolvimento Rural Sus-tentável e Solidário (PNDRSS), documento a ser elaborado a partir da 2ª Conferência Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (2ª CNDRSS), que ocorrerá em outubro.

Grande parte das proposições sugeridas por essa representação já integram a pauta de de-

mandas das trabalhadoras rurais há muito tempo, e referem-se à autonomia econômica, política e social delas. Um destaque importante e comemo-rado pelas mulheres na 2ª CNDRSS é a paridade, sendo que esta é a primeira conferência que ga-rantirá a participação mínima de 50% de mulheres no quorum total. “O exercício da paridade na par-ticipação das conferências é uma conquista signi-ficativa das mulheres, possibilitando que os deba-tes sobre o desenvolvimento no campo possam ser explicitados também sob a visão das mulhe-res, não sendo apenas uma presença numérica, mas com participação efetiva”, avalia Alessandra.

Ao avaliar a Conferência Setorial de Mulhe-res, a dirigente ressalta a importância de inserir o olhar da mulher para o futuro do campo bra-sileiro. “As especificidades são de extrema im-portância nesse momento de construção de um Plano Nacional e, se não houver esse momento, resultará em um documento genérico. Espera-mos que as proposições retiradas contribuam com as Conferências Estaduais, que seguem até setembro, para que as mulheres incidam de for-ma articulada e qualificada”.

EXPEDIENTE

Jornal da CONTAG - Veículo informativo da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) | Diretoria Executiva – Presidente Alberto Ercílio Broch | 1º Vice-Presidente/ Secretário de Relações Internacionais Willian Clementino da Silva Matias | Secretarias: Assalariados e Assalariadas Rurais Elias D'Ângelo Borges | Finanças e Administração Aristides Veras dos Santos | Formação e Organização Sindical Juraci Moreira Souto | Secretária Geral Dorenice Flor da Cruz | Jovens Trabalhadores Rurais Mazé Morais | Meio Ambiente Antoninho Rovaris | Mulheres Trabalhadoras Rurais Alessandra da Costa Lunas | Política Agrária Zenildo Pereira Xavier | Política Agrícola David Wylkerson Rodrigues de Souza | Políticas Sociais José Wilson Sousa Gonçalves | Terceira Idade Maria Lúcia Santos de Moura | Endereço SMPW Quadra 1 Conjunto 2 Lote 2 Núcleo Bandeirante CEP: 71.735-102, Brasília/DF | Telefone (61) 2102 2288 | Fax (61) 2102 2299 | E-mail [email protected] | Internet www.contag.org.br | Edição e Reportagem Verônica Tozzi | Diagramação Julia Grassetti | Estagiária de Jornalismo Gabriella Avila | Reportagem Rafael Nascimento |Foto da capa Luiz Fernandes | Projeto Gráfico Wagner Ulisses e Fabrício Martins | Impressão Dupligráfica

1 - Democratização do acesso à terra e aos recursos natu-rais para as mulheres rurais; 2 - qualificação e fortalecimento da participação das mu-lheres rurais nos espaços de controle e concertação social com garantia de 50% de mulheres. No mínimo 30% de mu-lheres no Condraf;3 - Afirmação dos princípios e do público prioritário da Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural – PNATER pela Agência de ATER – ANATER, com garantia de participa-ção das mulheres nos espaços de gestão e controle social;4 - Efetivação das ações do Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica;5 - Oferta de escolas de educação infantil e ações de re-creação infantil como políticas estruturantes de socializa-ção dos trabalhos domésticos e de cuidados;6 - qualificação e revisão dos critérios de emissão da DAP, reconhecendo as mulheres e com registro para cada mem-bro da família;7 - Efetivação de uma política de financiamento para as mulheres de modo a adequar e efetivar o Pronaf Mulher;8 - Enfrentamento à Violência com aplicação da Lei Maria da Penha, realização de campanhas educativas e servi-ços especializados para atendimento das mulheres rurais;9 - Revisão e adequação da legislação e dos sistemas de inspeção sanitária à agricultura familiar;10 - Criação de territórios livres de transgênicos e agro-tóxicos e proibição da pulverização aérea em todo o país.

10 proposições das mulheres para o PNDRSS: