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einstein. 2008; 6(4):491-6 REVISãO Assistência de enfermagem ao paciente em pulsoterapia com corticosteróide Nursing care of patients on corticosteroid pulse therapy Deborah Rozencwajg 1 , Carla Fátima Paixão Nunes 2 , Luciane Midory Sakuma 3 , Cláudia Regina Laselva 4 , Bartira Aguiar Roza 5 RESUMO Introdução: A pulsoterapia com corticosteróide endovenoso consiste na administração de corticosteróides em altas doses (a partir de 1 g/ dia), por três dias ou mais, ou em dias alternados. A necessidade de hospitalização ocorre devido aos possíveis efeitos colaterais que o paciente pode apresentar durante a infusão da droga; para tanto a monitorização dos parâmetros vitais, além de identificar precocemente os efeitos, possibilita intervenção adequada, garantindo a segurança do paciente. A uniformização dos cuidados prestados é necessária devido à responsabilidade da equipe de enfermagem na administração da droga e o acompanhamento destes pacientes. Objetivo: Identificar os principais cuidados na assistência de enfermagem durante a administração do corticosteróide em uma unidade hospitalar. Métodos: Pesquisa bibliográfica em base de dados, livros e revistas científicas nas áreas de endocrinologia, farmácia e enfermagem; discussão com especialistas em neurologia, transplante e farmácia. Resultados: Os efeitos colaterais durante a pulsoterapia com corticosteróides podem ocorrer logo no início da infusão da droga. Para monitorar estas alterações foi elaborado um instrumento para sistematizar a assistência de enfermagem prestada a estes pacientes. Conclusões: A assistência de enfermagem sistematizada durante a pulsoterapia com corticosteróide promove a identificação precoce das possíveis complicações e, conseqüentemente, intervenção para minimizá-las. Descritores: Assistência ao paciente/enfermagem; Pulsoterapia/ enfermagem; Corticosteróides/uso terapêutico ABSTRACT Introduction: Intravenous pulse therapy with corticosteroid involves administration of high doses (starting from 1 g /day), given on three or more consecutive days. Because of possible adverse effects, it is recommended that patients stay at hospital during administration of pulse therapy. Monitoring of vital signs can early identify these adverse effects and allow efficient intervention assuring patient’s safety. Uniform nursing care is necessary considering the responsibility of the nursing team regarding drug administration and follow-up of patients. Objective: To identify the most important nursing care issues to inpatients undergoing corticosteroid pulse therapy. Methods: Bibliographic search in databases, books, articles in endocrinology, pharmacy and nursing journals; discussions with experts in neurology, transplant and pharmacy. Results: Side effects during corticosteroid pulse therapy may occur as soon as infusion starts. An instrument was designed to monitor such effects and systematize nursing care. Conclusions: Systematized nursing care during corticosteroid pulse therapy leads to early identification of possible complications and intervention to minimize them. Keywords: Patient care/nursing; Pulse therapy, drug/nursing; Adrenal cortex hormones/therapeutic use INTRODUÇãO Alguns conceitos do tratamento com corticosteróide em pulsoterapia têm sido apresentados em literatura. A pulsoterapia envolve o uso de doses “supra-farmacoló- gicas” de corticosteróides, normalmente entre 0,5 e 2 g. A dose usual é 1 g, administrada por via endovenosa, por três dias ou mais, ou em dias alternados. O ciclo médio de terapia é de três a sete dias, com tempo mé- dio de infusão entre duas a oito horas. Os derivados de esteróides mais utilizados são: prednisolona, dexameta- sona, metilprednisolona (1-3) . Devido ao potente efeito antiinflamatório e imunos- supressor, a terapia com doses elevadas de corticoste- róides é indicada como tratamento de uma variedade Trabalho realizado no Hospital Israelita Albert Einstein – HIAE, São Paulo (SP), Brasil. 1 Enfermeira Sênior no Hospital Israelita Albert Einstein – HIAE, São Paulo (SP), Brasil. 2 Enfermeira Sênior da Divisão de Prática Assistencial (DPA) do Hospital Israelita Albert Einstein – HIAE, São Paulo (SP), Brasil. 3 Enfermeira Sênior no Hospital Israelita Albert Einstein – HIAE, São Paulo (SP), Brasil. 4 Mestre; Gerente de Políticas, Práticas e Auditoria do Hospital Israelita Albert Einstein – HIAE, São Paulo (SP), Brasil. 5 Doutora; Enfermeira Master da Divisão de Prática Assistencial (DPA) do Hospital Israelita Albert Einstein – HIAE, São Paulo (SP), Brasil. Autor correspondente: Deborah Rozencwajg – Avenida Albert Einstein, 627/701 – 6º andar – Bloco D – Morumbi – CEP 05651-901 – São Paulo (SP), Brasil – Tel.: 11 3747-2661 – e-mail: [email protected] Data de submissão: 2/1/2007 – Data de aceite: 1/10/2008

Assistência de enfermagem ao paciente em pulsoterapia · PDF fileeinstein. 2008; 6(4):491-6 Revisão Assistência de enfermagem ao paciente em pulsoterapia com corticosteróide Nursing

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einstein. 2008; 6(4):491-6

Revisão

Assistência de enfermagem ao paciente em pulsoterapia com corticosteróide

Nursing care of patients on corticosteroid pulse therapyDeborah Rozencwajg1, Carla Fátima Paixão Nunes2, Luciane Midory Sakuma3, Cláudia Regina Laselva4,

Bartira Aguiar Roza5

ResUMointrodução: A pulsoterapia com corticosteróide endovenoso consiste na administração de corticosteróides em altas doses (a partir de 1 g/dia), por três dias ou mais, ou em dias alternados. A necessidade de hospitalização ocorre devido aos possíveis efeitos colaterais que o paciente pode apresentar durante a infusão da droga; para tanto a monitorização dos parâmetros vitais, além de identificar precocemente os efeitos, possibilita intervenção adequada, garantindo a segurança do paciente. A uniformização dos cuidados prestados é necessária devido à responsabilidade da equipe de enfermagem na administração da droga e o acompanhamento destes pacientes. objetivo: Identificar os principais cuidados na assistência de enfermagem durante a administração do corticosteróide em uma unidade hospitalar. Métodos: Pesquisa bibliográfica em base de dados, livros e revistas científicas nas áreas de endocrinologia, farmácia e enfermagem; discussão com especialistas em neurologia, transplante e farmácia. Resultados: Os efeitos colaterais durante a pulsoterapia com corticosteróides podem ocorrer logo no início da infusão da droga. Para monitorar estas alterações foi elaborado um instrumento para sistematizar a assistência de enfermagem prestada a estes pacientes. Conclusões: A assistência de enfermagem sistematizada durante a pulsoterapia com corticosteróide promove a identificação precoce das possíveis complicações e, conseqüentemente, intervenção para minimizá-las.

Descritores: Assistência ao paciente/enfermagem; Pulsoterapia/enfermagem; Corticosteróides/uso terapêutico

ABsTRACTintroduction: Intravenous pulse therapy with corticosteroid involves administration of high doses (starting from 1 g /day), given on three or more consecutive days. Because of possible adverse effects, it is recommended that patients stay at hospital during administration of

pulse therapy. Monitoring of vital signs can early identify these adverse effects and allow efficient intervention assuring patient’s safety. Uniform nursing care is necessary considering the responsibility of the nursing team regarding drug administration and follow-up of patients. objective: To identify the most important nursing care issues to inpatients undergoing corticosteroid pulse therapy. Methods: Bibliographic search in databases, books, articles in endocrinology, pharmacy and nursing journals; discussions with experts in neurology, transplant and pharmacy. Results: Side effects during corticosteroid pulse therapy may occur as soon as infusion starts. An instrument was designed to monitor such effects and systematize nursing care. Conclusions: Systematized nursing care during corticosteroid pulse therapy leads to early identification of possible complications and intervention to minimize them.

Keywords: Patient care/nursing; Pulse therapy, drug/nursing; Adrenal cortex hormones/therapeutic use

iNTRoDUÇãoAlguns conceitos do tratamento com corticosteróide em pulsoterapia têm sido apresentados em literatura. A pulsoterapia envolve o uso de doses “supra-farmacoló-gicas” de corticosteróides, normalmente entre 0,5 e 2 g. A dose usual é 1 g, administrada por via endovenosa, por três dias ou mais, ou em dias alternados. O ciclo médio de terapia é de três a sete dias, com tempo mé-dio de infusão entre duas a oito horas. Os derivados de esteróides mais utilizados são: prednisolona, dexameta-sona, metilprednisolona(1-3).

Devido ao potente efeito antiinflamatório e imunos-supressor, a terapia com doses elevadas de corticoste-róides é indicada como tratamento de uma variedade

Trabalho realizado no Hospital Israelita Albert Einstein – HIAE, São Paulo (SP), Brasil.1 Enfermeira Sênior no Hospital Israelita Albert Einstein – HIAE, São Paulo (SP), Brasil.2 Enfermeira Sênior da Divisão de Prática Assistencial (DPA) do Hospital Israelita Albert Einstein – HIAE, São Paulo (SP), Brasil.3 Enfermeira Sênior no Hospital Israelita Albert Einstein – HIAE, São Paulo (SP), Brasil.4 Mestre; Gerente de Políticas, Práticas e Auditoria do Hospital Israelita Albert Einstein – HIAE, São Paulo (SP), Brasil.5 Doutora; Enfermeira Master da Divisão de Prática Assistencial (DPA) do Hospital Israelita Albert Einstein – HIAE, São Paulo (SP), Brasil.

Autor correspondente: Deborah Rozencwajg – Avenida Albert Einstein, 627/701 – 6º andar – Bloco D – Morumbi – CEP 05651-901 – São Paulo (SP), Brasil – Tel.: 11 3747-2661 – e-mail: [email protected]

Data de submissão: 2/1/2007 – Data de aceite: 1/10/2008

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de doenças imunológicas, tais como lúpus eritematoso sistêmico, rejeição de transplante de órgãos sólidos, es-clerose múltipla, entre outros(1-3).

Durante a infusão desta substância podem ocor-rer efeitos colaterais como: distúrbios metabólicos e supressão do eixo hipófise-hipotálamo-adrenal, sendo indicada a hospitalização e, conseqüentemente, a ne-cessidade de monitorização e atuação precoce sobre os efeitos colaterais. A atuação da equipe de enfermagem pode minimizar as complicações decorrentes desta te-rapêutica a curto e longo prazo(4-5).

Para a atuação com qualidade e segurança é neces-sário que, principalmente a equipe de enfermagem, te-nha conhecimento específico sobre a farmacodinâmica e efeitos colaterais dos corticosteróides durante a pulso-terapia, uma vez que é responsável pela administração dos medicamentos. Tal fato exige do enfermeiro uma atuação com caráter científico e requisitos fundamen-tais para uma prática baseada em evidências(6).

Farmacocinética e farmacodinâmica dos corticosteróidesOs efeitos clínicos dos corticosteróides dependem da sua farmacocinética (velocidade de absorção até a excreção) e farmacodinâmica (concentração necessária para pro-duzir o efeito máximo, determinação da duração e da intensidade dos efeitos dos corticosteróides)(7-8).

O tempo de meia-vida varia entre 30 a 270 minutos. Os corticosteróides são metabolizados no fígado e 95% destes são excretados pelos rins. Seus principais efeitos são antiinflamatório/imunossupressão, metabólico e tó-xico. Os efeitos antiinflamatórios incluem mudanças na circulação/migração dos leucócitos e alterações especí-ficas nas funções celulares e os efeitos metabólicos e tó-xicos são usualmente indesejados. A duração, dosagem e freqüência de administração dependem da situação clínica e dos riscos ou benefícios pretendidos(8), confor-me mostrado no Quadro 1(1,9-10).

Reações adversas imediatas e a longo prazoAs reações adversas durante a pulsoterapia com corticos-teróide estão relacionadas em sua maioria a supressão do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, porém dependem da dose, duração, forma de uso e formulação empregada.

Para minimizar os efeitos adversos relacionados à pulsoterapia com corticosteróides, é desejável que esta droga possua como característica rápida eliminação e curta meia-vida. Pois, quanto maior a meia-vida, mais potente e maior é o tempo de ação no organismo(1).

Principais reações adversas durante a pulsoterapia com corticosteróideEstudos revelam que reações adversas ocorrem duran-te a pulsoterapia com corticosteróide, tais como rash cutâneo, distúrbio temporário do sono, alteração do humor(11), bradicardia sinusal, hiperglicemia, hiperten-são arterial(12), todas em sua maioria transitória(13). Ape-sar do número de reações adversas citadas, serão des-tacadas abaixo as mais referidas na literatura e as que podem ocorrer desde o início da pulsoterapia, fazendo com que seja necessária uma maior monitorização do paciente por parte da equipe de enfermagem.

Alterações cardiovasculares A revisão literária revela que, quando há administração de corticosteróide em forma de pulso, podem ocorrer distúrbios cardiovasculares. Alguns fatores, tais como idade, insuficiência cardíaca, tabagismo, diabetes melli-tus, hipertensão, sexo feminino, hipertrofia ventricular esquerda, infarto do miocárdio, doenças pulmonares e hipertiroidismo, podem aumentar o risco do paciente em apresentar alterações cardiovasculares durante a pulsoterapia com corticosteróide. Estas alterações, em sua maioria, são observadas nas primeiras 24 horas após o início da infusão. Há relatos em que estes distúrbios tiveram como conseqüência a morte do paciente(4,6,14).

Quadro 1. Propriedades dos corticosteróides(1,9-10)

Ação rápida

Potência relativa Farmacocinética

Dose (mg) Atividade antiinflamatória†

Capacidade para retenção de

sódio (atividade mineralocorticóide)‡

início da ação Pico da açãoDuração da

ação(h)

Meia-vida (h)

Cortisona 25 0,8 2+ - - 8-12 0,5Hidrocortisona 20 1 2+ Imediatamente - 8-12 1,5-2Ação intermediáriaMetilprednisolona 4 5 0,5 Rápida Rápida 18-36 >3,5Prednisolona 5 4 1+ - - 18-36 2,1-3,5Prednisona 5 4 1+ - - 18-36 3,4-3,8Ação longa Betametasona 0,8 20-30 0# Varia 30-60 min. 36-54 3-5Dexametasona 0,8 20-30 0# Rápida - 36-54 3-4,5† Efeitos antiinflamatórios, imunossupressor, alterações metabólica; ‡ a atividade mineralocorticóide está associada à retenção de sódio e depleção de potássio, com probabilidade de aumento da pressão arterial; # os efeitos de retenção de sódio e depleção de potássio (consequentemente retenção de fluídos), e hipocalemia dependem da predisposição do paciente e da dosagem administrada; min = minutos

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As principais alterações cardiovasculares são: arrit-mias, bradicardia e hipertensão arterial(4,12,14). A arritmia mais observada na prática clínica é a fibrilação atrial, que pode levar a importantes conseqüências como al-terações hemodinâmicas e acidente vascular cerebral. A prevalência aumenta com a idade, 4% em indivíduos com idade superior a 60 anos, e 9% em indivíduos com idade superior a 80 anos(4).

Alguns mecanismos são propostos para justificar a ocorrência de arritmias durante a pulsoterapia com corticosteróide. Primeiro, altas doses de corticosteróide causam alterações nas trocas de eletrólitos através da membrana celular, o que induz a arritmia, ocorre prin-cipalmente um efluxo de potássio através da membrana celular influenciando na arritmogênese. Segundo, altas doses de corticosteróide possuem atividade mineralocor-ticóide, ou seja, retenção de sódio e líquidos intracelular, o que causa hipertensão arterial e insuficiência cardíaca congestiva, refletindo em risco para ocorrência de fibrila-ção atrial. Outros mecanismos são propostos, tais como: vasodilatação periférica e reação anafilática, porém ain-da não foram esclarecidos em literatura científica(4,6,14-16).

A ocorrência de bradicardia durante a pulsoterapia com corticosteróide é explicada pelas altas doses de corticosteróides, as quais induzem a alteração nas tro-cas dos eletrólitos através da membrana celular(1,7,13).

A hipertensão arterial induzida pela terapia com corticosteróide é mais prevalente em pacientes com al-tas doses de corticosteróides e podem ocorrer freqüen-temente em pacientes com antecedentes familiares de hipertensão arterial(17).

Os mecanismos que envolvem a instalação da hi-pertensão arterial durante a corticoterapia incluem um aumento na resistência vascular sistêmica, aumento do volume extracelular decorrente da retenção de sódio causada pelo corticosteróide, e diminuição da contrati-lidade cardíaca(6,8).

Alterações glicêmicasA terapia com corticosteróide está associada a um aumento do risco de hiperglicemia em pacientes que não possuem diagnóstico prévio de diabetes mellitus, e o agravamento e difícil controle naqueles que já pos-suem. A presença da ação do corticosteróide leva a um aumento da gliconeogênese (produção de glicose pelo fígado a partir dos aminoácidos), redução da utilização da glicose periférica (aumentando o metabolismo das proteínas e lipídios, pois se tornam opção para obten-ção de energia), aumento da resistência insulínica, e diminuição da secreção de insulina pancreática. Estas alterações levam desde um estado hiperglicêmico até a instalação da diabetes mellitus a longo prazo(17-19) .

A incidência para a ocorrência de hiperglicemia au-menta se o paciente apresentar fatores de risco asso-ciados para o desenvolvimento de diabetes mellitus, tais

como: idade ≥ 45 anos, índice de massa corpórea (IMC) ≥ 25 kg/m2, história familiar de diabetes, sedentarismo, et-nia, resistência insulínica, história de diabetes gestacional, hipertensão, HDL e triglicerídeos elevado, ovário policís-tico; e associação de medicamentos que levam às altera-ções glicêmicas, como por exemplo, o corticosteróide(4,18).

oBJeTivoIdentificar os principais cuidados na assistência de en-fermagem durante a administração do corticosteróide em uma unidade hospitalar.

MÉToDosFoi realizada busca bibliográfica nas bases de dados: Medline, Cochrane, Bireme e livros da área; do período de 1980 a 2006. Os termos da busca foram em portu-guês: pulsoterapia, enfermagem, corticóides, corticoes-teróides, e seus respectivos em inglês.

Entre os dados obtidos pela pesquisa bibliográfica, apenas dois artigos tratavam especificamente dos cuida-dos de enfermagem ao paciente submetido a tratamen-to com pulsoterapia com corticosteróides(4,18), sugerin-do a necessidade de estudos e publicações referentes a este tema, no intuito de pautar a evidência do trabalho de enfermagem, agregando valor à assistência de saúde prestada ao paciente submetido a esta terapia.

As sugestões de cuidados de enfermagem divididos em antes, durante e após a infusão de corticosteróide pretendem separar didaticamente os tempos de trata-mento a que o paciente será submetido, justificando a cada etapa os cuidados a serem prestados perante as rea-ções e/ou efeitos colaterais apresentados pelo paciente.

ResUlTADosPara o planejamento da assistência de enfermagem, é fundamental que o enfermeiro conheça os principais aspectos relacionados à farmacodinâmica, metabolismo e potência das drogas em causar efeitos colaterais, além dos demais cuidados que devem ser individualizados e focados em situações reais e/ou potenciais de acometi-mento ao paciente.

Estudos recomendam que a monitorização dos si-nais vitais deva ser realizada desde o primeiro dia da pulsoterapia com corticosteróide, seis horas antes, du-rante e após a administração com freqüência variada, até completar 24 horas. A verificação de glicemia, só-dio e potássio sérico, eletrocardiograma (ECG) antes e quatro horas após, em todos os dias da administração da pulsoterapia com corticosteróide(6).

Outro estudo sugere a verificação da pressão arte-rial uma hora antes da pulsoterapia e a cada hora após o início da infusão por 11 horas, a fim de identificar

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as alterações cardiovasculares adversas à pulsoterapia precocemente e minimizar as conseqüentes complica-ções possíveis(4-5).

Sugere-se também a administração da pulsoterapia em um tempo maior do que 45 minutos, e que se realize a monitorização do paciente por pelo menos 24 horas após o início da infusão, principalmente em pacientes com doenças cardíacas associadas(20).

Considerando que “o estado de arte no atendimento em saúde requer alinhamento do profissional às necessi-dades do paciente, capacitação para resolução eficiente, segura e com o menor custo possível”(21), foi elaborado um plano assistencial de enfermagem, baseado nos arti-gos encontrados sobre assistência de enfermagem e pos-síveis efeitos colaterais causados pelos corticosteróides, além da experiência clínica das autoras deste artigo.

Os “tempos” deste plano de cuidados foram dividi-dos em antes, durante e após a infusão endovenosa da droga e acrescentados os cuidados durante terapia com a droga por via oral.

Cuidados de enfermagem antes da infusão do corticosteróide• Verificarpressãoarterial, freqüênciacardíaca, fre-

qüência respiratória, glicemia capilar e peso antes da infusão do corticóide(4,13-14,17). Justificativa: estas medidas servem como parâmetro de comparação para as aferições posteriores.

• Orientaçõesaopacienteeacompanhantesantesdainfusão do corticóide, quanto ao tratamento pres-crito pelo médico (medicamento, dose, freqüência, efeitos colaterais), cuidados com acesso venoso pe-riférico (prevenção de flebite e infecção de corren-te sanguínea), monitorizações que serão realizadas (peso, diurese, glicemia, sinais vitais). Justificativa: a adesão do paciente ao tratamento depende de vários fatores, dentre eles a informação adequada, de modo acessível à compreensão do paciente. A Joint Com-mission recomenda como requisito para a segurança do paciente, encorajá-lo a envolver-se ativamente no processo de cuidado, além da efetividade da comuni-cação entre a equipe de enfermagem e a segurança no processo de administração de medicações(22).

• Instituircuidadosparainfusãodemedicaçãoendove-nosa, prevenção de flebite e de infecção de corrente sanguínea, manter acesso venoso calibroso e exclusi-vo para administração do corticóide. Justificativa: a infusão de altas doses de corticóide está relacionada ao maior risco de flebite e de infecção de corrente sanguínea devido à diminuição da reação inflamató-ria, imunossupressão, inibição da síntese protéica, re-tenção de líquidos, fragilidade cutânea, alteração da cascata de coagulação, atrofia do tecido subcutâneo,

além de outros efeitos adversos relacionados parti-cularmente à pele, como erupções cutâneas, rash cutâneo e urticária que podem promover a entrada de microrganismos na corrente sanguínea(9,23-25) .

• Aprazariníciodeinfusãoentre8a11horas.Justifi-cativa: devido ao ciclo circadiano (maior produção de adrenocorticóides no período da manhã)(23).

• Investigartratamentocomcorticosteróideanteriorepossíveis reações. Justificativa: a assistência de enfer-magem envolve o planejamento de cuidados baseados em evidência e individualizados a cada paciente(21). Assim, é de grande relevância para o planejamento terapêutico, o conhecimento do enfermeiro sobre o histórico de tratamentos prévios, sinais e sintomas, bem como reações ocorridas durante a pulsoterapia com corticosteróide anteriormente.

• Cuidadosaopreparareadministraromedicamen-to: checar com a farmacêutica o tempo de estabi-lidade da droga e administrar em bomba de infu-são. Justificativa: a farmácia clínica pode auxiliar no planejamento da terapia com informações sobre o tempo de estabilidade e solução para rediluição da droga, colaborando com a equipe para que o tempo de infusão da pulsoterapia varie dentro de seu limi-te de estabilidade. A bomba de infusão é recomen-dada devido à possibilidade de programação exata do volume e tempo, bem como ajustes seguros na velocidade de infusão da droga.

Cuidados de enfermagem durante a infusão do corticóide• Avaliareregistrarpadrãodecomportamentoení-

vel de consciência uma vez/plantão. Justificativa: a queixa de insônia e outros distúrbios neuropsicoló-gicos são descritos na maioria dos pacientes(23-24). Em pacientes cardiopatas há descrição de síncope, “bor-ramento” de visão, palpitações como precedentes à fibrilação atrial(5). Além disso, são descritos como efeitos colaterais durante esta terapia: cefaléia, pa-restesia, convulsão, psicose, vertigem, irritabilidade, depressão e euforia(7,9,23,25) .

• Avaliarparâmetrosvitais(PA,FC,FR),glicemiaca-pilar: 15 (duas vezes), 30 (três vezes) a cada hora até completar seis horas do início da infusão (o último controle deverá coincidir com o término da infusão). Justificativa: a freqüência sugerida baseia-se na far-macocinética das drogas utilizadas na pulsoterapia com corticosteróide e nos efeitos colaterais. Caso o paciente apresente algum dos efeitos colaterais (principalmente pico hipertensivo, hiperglicemia, arritmia, taquicardia, cefaléia, náusea e vômito), adequarafreqüênciadeverificaçãodosSSVV(1,4,15).

• Monitorar e comunicar a equipe médica quanto aocorrência dos principais efeitos colaterais: pico hiper-

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tensivo, hiperglicemia, arritmia, taquicardia, cefaléia, náusea e vômito. Justificativa: devido à atividade mi-neralocorticóide e à alteração da bomba Na+/K+, há alteração dos níveis de sódio, o que leva a retenção de água e sódio e perda de potássio e cloreto(16). As alte-rações hidroeletrolíticas podem ter repercussões car-diocirculatórias e sistêmicas, tais como o aumento da pressão arterial(4,6). Além disso, o aumento da mobili-zação de lipídios, redistribuição dos depósitos adipo-sos e aumento da secreção de ácido clorídrico podem estar envolvidos inclusive nas queixas de náuseas(7,9). Associados a esses eventos, as alterações hormonais, o excesso de andrógenos, a inibição do eixo hipotála-mo-hipófise-adrenal e a intolerância a carboidratos com aumento da gliconeogênese estão relacionados à hiperglicemia(18-19). As complicações a curto e lon-go prazo são de gravidades variadas dependendo da intensidade de ocorrência e no tempo de espera para resolução destes efeitos colaterais. Casos de fibrilação atrial após pulsoterapia com metilprednisolona são ra-ros, porém devem ser considerados; por isso, além dos controles sugeridos, em pacientes com alto risco car-diovascular submetidos à pulsoterapia, alguns estudos indicam a monitoração contínua por ECG(4,5,24).

• Verificarglicemiacapilaranteseapósotérminodainfusão. Justificativa: um estudo com 146 pacientes(24) demonstrou que, em pacientes não-diabéticos há au-mento nos níveis de glicemia de mais de 50% na pri-meira pulsoterapia, seguida de um retorno lento e es-pontâneo nos valores glicêmicos nas pulsoterapias se-guintes. Já em pacientes diabéticos, há hiperglicemia adicional, com aumento na calemia, sugerindo um rápido efluxo de potássio da célula como um efeito direto da droga (metilprednisolona). Tal efeito tam-bém corrobora para o aumento de riscos cardíacos(24). Como descrito anteriormente, as alterações glicêmi-cas associadas à pulsoterapia com corticosteróide re-sultam desde um estado hiperglicêmico até a instala-ção do diabetes mellitus a longo prazo(17,19).

• Avaliarafunçãorenal: controlar e registrar micção (freqüência, volume, aspecto); avaliar episódios de disúria e aferir peso diariamente durante a pulsote-rapia. Justificativa: a atividade mineralocorticóide e a alteração da bomba Na+/K+ pode causar alteração dos níveis de sódio, levando à retenção de água e só-dio e perda de potássio e cloreto(14). Além disso, há risco de imunossupressão, alteração de pele e muco-sas e glicosúria, o que podem ocasionar infecção do trato urinário (ITU)(26).

• Avaliar integridade cutâneo-mucosa, e registraralterações. Justificativa: ocorre em conseqüência à destruição de colágeno do tecido dos vasos sanguí-neos, provocando extravasamento do sangue dos pequenos vasos para os tecidos cutâneos, poden-

do ocorrer o aparecimento de hematomas e lesões cutâneas(7,26). Além disso, o risco de tromboflebite e tromboembolismo é acrescido durante a pulsotera-pia com corticóide por inibição do sistema comple-mento e alteração da cascata de coagulação(26).

• Avaliarfreqüência,coloraçãoeconsistênciadeeli-minações intestinais e avaliar a presença de enteror-ragia ou melena. Justificativa: As alterações gastroin-testinais de coagulação e dos vasos sanguíneos(8,26) podem causar sangramento do trato digestório alto ou baixo, sendo possível detectar através das elimi-nações intestinais. A adequação dietética (hidrata-ção e ingesta de fibras) também deve ser avaliada considerando-se inclusive os antecedentes e a histó-ria clínica do paciente(7,9,26).

Cuidados de enfermagem após a infusão do corticosteróide• Monitoraraocorrênciadosprincipaisefeitoscola-

terais e acompanhar o resultado dos exames labora-toriais.

• Após a terapia endovenosa, geralmente há conti-nuidade do tratamento com corticosteróide via oral, sendo recomendado orientar o paciente a monito-rar a ocorrência dos principais efeitos colaterais, tais como: alteração do padrão de sono e comporta-mento, alterações visuais, queixas gastrointestinais (náuseas e vômitos), sinais e sintomas de infecção e investigar possíveis focos (pele, unhas, mucosas), sinais e sintomas de hipo/hiperglicemia (adotando condutas prescritas pela equipe médica); apare-cimento de hematomas/ hematúria/ sangramento gengival, edema de MMII e MMSS(1,27-28). Justifica-tivas: Durante a pulsoterapia e na continuidade do tratamento com corticóide via oral, pode haver al-terações hidroeletrolíticas. O acompanhamento de resultados laboratoriais e a avaliação clínica rigoro-sa e ampla pela equipe de enfermagem, sobretudo pelo enfermeiro, são de fundamental relevância no monitoramento e atuação perante prevenção e tra-tamento de complicações ocasionadas pela terapia com corticóides, seja durante a pulsoterapia ou du-rante o tratamento de manutenção(2,7-10,16,23,27-29).

• Secontinuidadedeterapiacomcorticosteróideviaoral, orientar ao paciente e família sobre o horário de administração. Sugere-se que a maior dose seja ministrada pela manhã, devido ao ciclo circadiano do cortisol(23).

DisCUssãoA busca bibliográfica traz uma revisão das possíveis complicações a curto e longo prazo da terapia com cor-

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einstein. 2008; 6(4):491-6

496 Rozencwajg D, Nunes CFP, Sakuma LM, Laselva CR, Roza BA

ticosteróide, inclusive recomendando que haja um con-trole sobre estas complicações, por meio da monitori-zação do paciente, verificação de sinais vitais e glicemia durante a pulsoterapia endovenosa com corticosterói-de, porém não há consenso sobre a freqüência com que deve ser realizada.

Considerando que a equipe de enfermagem deve fornecer assistência integral ao paciente, identificando e intervindo precocemente em possíveis complicações, sugerem-se a padronização destes cuidados baseado nos aspectos farmacológicos dos corticosteróides, o jul-gamento clínico do enfermeiro e individualização do plano assistencial de acordo com a história pregressa do paciente (diagnóstico e comorbidades), a pulsotera-pia anterior e possíveis reações apresentadas durante a infusão endovenosa de corticóide.

Além disso, a discussão de cada caso com a equipe médica e demais profissionais da equipe multiprofis-sional são condições imprescindíveis para o sucesso da terapia e manejo individualizado dos cuidados, perante sinais e sintomas que este paciente apresente.

CoNClUsÕesRecomenda-se a monitorização dos sinais vitais e dos efeitos colaterais, por representarem, na visão de es-pecialistas, os requisitos essenciais para a boa prática em pacientes submetidos à pulsoterapia com corticos-teróides. Assim, os serviços de Saúde devem promover a segurança do paciente, por meio da disponibilização de recursos tecnológicos que atendam a essas necessi-dades, como desenvolvimento de recursos humanos e materiais adequados.

Adicionalmente, a inclusão dos familiares no pro-cesso educacional vem de encontro a requisitos inter-nacionais de segurança ao paciente e evidencia a pre-ocupação do enfermeiro nos cuidados ao paciente nos períodos intra e extra-hospitalar.

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