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astroPT magazine Maio 2011 Volume 1, Edição 4

astroPT Mai2011

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AstroPT Magazine. Edição de Maio de 2011. Publicação mensal com os posts relevantes do sítio astropt.org Não perca neste número duas entrevistas exclusivas, astrofotografia, etc.

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Page 1: astroPT Mai2011

astroPT magazine

Maio 2011 Volume 1, Edição 4

Page 2: astroPT Mai2011

Uma suposta profecia de

um Italiano chamado Raf-

faele Bendandi (1893-

1979), afirma que iria

haver um terramoto dia

11 de Maio de 2011 e

que destruiria Roma.

Tudo isto baseado no

estudo de 2 planetas que

supostamente interferem

com a Terra nessa data.

Bendandi era um astró-

nomo e sismólogo auto-

didata italiano. No entan-

to parece que tudo “não

passa de uma fraude”,

disse Paola Lagorio, presi-

dente da Associação La

Bendandiana. Adianta

ainda que “nos documen-

tos de Bendandi não se

encontra nenhuma refe-

rência ao terremoto em

Roma no dia 11 de maio

de 2011″ (Aqui)

Contudo, as pessoas

acham que será verdade

e, imaginem, pelo menos

15% dos funcionários

públicos pediram dispen-

sa e cen-

tenas de

pessoas

estão a

deixar a

capital!

Parece

que Ben-

dandi

tinha razão, há um terra-

moto hoje e não é só em

Roma, é na Itália. E não é

um terramoto físico mas

sim financeiro. Com tanta

gente a acreditar numa

parvoíce

destas e

a faltar

em

empre-

go a

produti-

vidade

do país

leva

com um

bom

safanão.

“É uma notícia totalmen-te inventada, obra de alguém que sabe que a única pessoa crível na Itália para uma previsão desse tipo é Bendandi”, denunciou Paola Lagorio em um programa da tele-visão pública RAI. (Aqui)

Um dos sites mais fantás-ticos afirma que Bendan-di teria deduzido trans-

neptunianos “que de tempos em tempos se aproximam e se alinham com os demais planetas, e com nosso satélite natural a Lua. Essa soma de influências dava a ele capacidade de prever a ocorrência de grandes sismos.”. Enfim, o mesmo tipo de frases que esta-mos habituados a ler e ouvir. É daquelas coisas que nos faz rir pois sabe-mos verificar esta menti-ra. Vejamos:

Esta é uma imagem

dum modelo interactivo

do Sistema Solar. Repara-

mos que os planetas, afi-

nal, não estão alinhados.

Que pena, gostaria de ver

uma profecia cumprida.

Estão-nos sempre a enga-

nar.

Quando será a sério? Já

sei, quando algum desas-

tre ocorrer vão dizer que

havia uma profecia sobre

Hoje Está a Haver um Terramoto em RomaHoje Está a Haver um Terramoto em Roma

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Maio 2011 LITERACIA CIENTÍFICA

isso. Eu posso dizer que

um dia vai haver um ter-

ramoto em Lisboa, sei

que sim mas não digo

mais nada. Quando hou-

ver um digo que sou

profeta.

Hoje podemos ver em

tempo real mais uma

mentira que anda a

deambular por aí. E ain-

da reparamos que há

mais pessoas com uma

capacidade crítica muito

pequenina

e que vão

atrás destas

mentiras. Mais um dia em que a ciência e o pensamen-to crítico vence! Daqui a 10 dias espera-se mais

uma grande vitória. E há gente já a planear gran-des férias com o dinhei-ro ganho com mentiras.

Dário S. Cardina Codinha

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Papa fala com o CéuPapa fala com o Céu

Papa falará hoje durante 20 minutos com os astronautas na Estação Espacial Internacional. É a 1ª vez que um Papa fala com astronautas no espaço.

Será que o Harold vai dizer que essa era a Profecia? Será que vai dizer que se enganou no sentido da comunicação? Será que vai dizer que afinal não era Cristo vir à Terra mas o Papa falar com o espaço?

Sinceramente, não me admirava muito. A única admiração que teria era ele saber desta notícia do Papa!

Carlos Oliveira

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Volume 1, Edição 4

O nosso leitor Weslley dei-xou este comentário aqui no blog.

Antes de passar à notícia propriamente dita, deixem-me explicar uma coisa sobre Literacia. Vivemos numa sociedade da informação. Ao contrário de há 15 anos atrás, hoje sabe-mos o que se passa do outro lado do mundo no segundo a seguir a ter acon-tecido, e temos toda a infor-mação disponível na ponta dos dedos. Daí que atualmente, litera-cia não é saber ler ou escre-ver, mas literacia atualmen-te define-se como Literacia Funcional – saber avaliar a enorme quantidade de informação que nos chega. E se não conseguirmos ava-liar por nós próprios (porque não podemos saber sobre tudo), então devemos reconhecer os especialistas e perguntar-lhes.

Para mim, esta é a definição de inteligência. Inteligência é a utilização do pensamen-to crítico que nos permite ter uma Literacia Funcional. Já quem acredita em profe-cias, fins-do-mundo, etc, demonstra não ter essa inteligência. E quem se dei-xa levar por essas profecias praticamente todos os anos, então é parvo.

Com isto quero dizer que o Weslley fez o correto. Não tinha a certeza sobre a legi-timidade de uma notícia, por isso, perguntou. Demonstrou inteligência! Como podem ver aqui pelo blog, temos também exem-plos de comentadores pou-co inteligentes – que entram aqui no blog para dizer que eles é que sabem, porque acreditam que o mundo vai acabar… contra todas as evidências e expli-cações que hajam.

Algo geral que podem apli-

car a todas estas notícias é o Detetor de Disparates – Baloney (Bullsh*t) Detection Kit – de Carl Sagan. Normalmente estas histó-rias sofrem de inúmeras falácias, que são facilmente reconhecidas se utilizarmos esse detetor. Uma das falácias mais conhecidas é o erro de fac-to. Por exemplo, se a histó-ria dis-ser que 2 + 2 = 7, sabe-mos logo que é men-tira, que não é cre-dível. Isto é o que se passa, por exemplo, sobre a Profecia

Maia, em que as pessoas mentem sobre o que dizem os Maias, em que mentem dizendo que o calendário acabava em 2012, em que mentem ao dizer que irá haver um alinhamento pla-netário nessa altura, etc. São tudo erros de facto – mentiras facilmente expos-tas bastando para isso pes-quisar um pouco.

Uma outra falácia é a fonte não ser credível ou não dizerem qual é a fonte. Uma outra falácia é dizerem que é segre-

do. É falácia porque é um paradoxo. Se é segredo,

Nuvem do Caos irá dissolver a Terra em 2014!!! Nuvem do Caos irá dissolver a Terra em 2014!!!

LITERACIA CIENTÍFICA

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então essa pessoa comum não sabe. Se foi divulgado, então é porque não é segre-do. Uma outra falácia é ligarem essa profecia a outras, para tentar dar falsamente uma maior credibilidade. Por vezes falam na Bíblia, segre-dos religiosos, pirâmides, ETs, etc. Há muitas outras falácias que qualquer pessoa pode reconhecer ao avaliar este tipo de notícias divulgadas pelos conspiradores. Ou seja, qualquer pessoa, mes-mo sem ter o conhecimento específico de determinada área, pode avaliar as notí-cias que lhe vão chegando.

Vamos agora passar ao exemplo em causa. O Weslley disse-nos isto sobre a notícia que anda a ser veiculada:

“(…) texto sobre uma tem-pestade que pode sugar a nossa galáxia em 2014 (…).

Os astrônomos a apelida-ram de “Nuvem do Caos” porque ela dissolve tudo o que encontra em seu cami-nho incluindo cometas, asteróides, planetas e estre-las inteiras. Sua direção é a Terra. A notícia foi publica-da no site do tablóide norte-americano “Weekly World News” com a seguinte man-chete: “O mundo tem o

direito de saber!”.

O buraco negro do qual a nuvem foi expelida se encontra a 28 mil anos

luz da Terra. Descoberta pelo laboratório de raios X Chandra da NASA, estação espacial norte-americana, a nuvem de poeira cósmica tem a largu-ra de 10 milhões de milhas e foi comparada a uma nebu-losa ácida que se move em nossa direção perto da velo-cidade da luz. A data esti-mada para sua chegada é 1 de junho de 2014 às 9h15-min.

Um oficial sênior da Casa Branca que pediu para ficar no anonimato, disse que os conselheiros do sistema super secreto da presidên-cia estão buscando alterna-tivas rápidas. “Isso é muito parecido com o aquecimento global. Os especialistas ainda estão decidindo se a mudança climática é ou não é real. Por enquanto a existência dessa ‘Nuvem do Caos’ é somente uma teoria. Os norte-americanos não devem se apavorar até que todos os fatos sejam apura-dos”, confortou o oficial.“

Embora tenha alguns aspec-tos controversos, as análises da Fundação Charles Fort apontaram para vários aspectos interessantes, inclusive a relação existente com o terceiro segredo de Fátima, diversas previsões

da Idade Média (incluindo uma das centúrias mais incompreendidas de Nostra-damus), o fim do calendário maia e a Teoria Geral da Relatividade.”

Vamos então analisar o tex-to:

- fala numa tempestade que pode sugar uma galáxia. Ora, isso não existe. - diz que isso acontecerá em 2014. Isso é impossível. A nossa Galáxia é muito gran-de. Mesmo em Star Trek, com a Enterprise, nem metade da Galáxia conse-guiam viajar. Como a Galá-xia é muito grande, supondo que essa tempestade exis-tia… estaria então muito longe de nós. Nada viaja mais rápido que a luz, logo a tempestade não poderia chegar em 2014. - por outro lado, se fôr para chegar em 2014, então está mais próxima de nós do que a estrela mais próxima do Sol. Se é uma tempestade capaz de sugar galáxias, então será enorme. Sendo assim, deveria se ver no nosso céu todos os dias e todas as noites… já deveria estar a cobrir parte do céu! - não há nenhuma nuvem ou nebulosa que dissolva planetas e tudo o que encontra… - vem na direção da Terra. Isto demonstra geocentris-mo psicológico. Num Uni-verso gigantesco, algo único e tão devastador, vem pre-cisamente na nossa direção! Somos um minúsculo ponto do espaço, mas pelos vistos atraímos tudo o que seja mau. Não faz sentido. Ou

Nuvem do Caos irá dissolver a Terra em 2014!!! Nuvem do Caos irá dissolver a Terra em 2014!!!

(cont.)(cont.)

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melhor, só o faz se imagi-narmos que somos muitos especiais… o centro do Uni-verso. - o texto é do Weekly World News, que é um tablóide conhecido por inventar as notícias que publica… por-que é essa a função desse tablóide. É satírico!!! Não é para ser levado a sério. - buracos negros não expe-lem nada… muito menos nuvens. Este é um erro de facto. - não especifica que tipo de buraco negro é. Existem vários tipos. - buracos negros são peque-nos… ou melhor, são meno-res que galáxias, e estão no centro das galáxias (assumindo que o texto fala em buracos negros super-massivos). Isso quer dizer que eles pertencem às galá-xias onde se encontram. Não andam a “sugar” outras galáxias. - se a nuvem se formou a 28 mil anos-luz de distância da Terra, então quer dizer que, no mínimo, se viajar à velo-cidade da luz, vai chegar cá daqui a 28 mil anos, e não daqui a 3 anos. - basta ir ao site do Obser-vatório Espacial Chandra, e lá não fala nada disso. - o Chandra seria incapaz de detetar a radiação que a notícia original afirma, como podem ler aqui. - a NASA não é uma estação espacial. Mais um erro de facto. - se se move perto da velo-cidade da luz, quer dizer que vem mais lenta que a velocidade da luz. Como está a 28 mil anos-luz da

Maio 2011 LITERACIA CIENTÍFICA

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Terra, isso quer dizer que chegará aqui lá para o ano 40.000 – nunca daqui a 3 anos. - a data estimada para a chegada está ao minuto. Isto seria impossível saber com a tecnologia atual. - a data estimada diz a hora e o minuto. Mas qual o fuso horário? Mais uma evidên-cia que não têm cuidado com as informações. - as fontes são secretas. - a fonte diz que afinal, isto é só uma teoria. Ou seja, é uma “ideia no ar”, e não verdadeiro. - como é “só uma teoria”, mas sabem que vem na direção da Terra e até sabem o minuto que vai bater aqui? É mais um para-doxo. - comparar uma nuvem que supostamente suga galáxias ao aquecimento global, dizendo que as mudanças climáticas podem não ser reais, é no mínimo surrealis-ta. - as análises são suposta-mente da Fundação Charles Fort. Quem tem os livros dele e conhece o seu traba-lho, percebe que este é mais um sinal de que se deve duvidar desta notícia. - a Fundação Charles Fort não existe. Existe sim o Instituto Charles Fort, e, como era de prever, não tem nada a ver com isto.

- por fim, a ligação já normal nestes casos a temas pseu-dos e religiosos que são mentira: segredo de Fátima, Nostradamus, e calendário maia. Também ligam à Rela-tividade para tentarem dar um ar sério a algo que é totalmente mentira.

Há textos com uma tradu-ção ligeiramente diferente, como aqui: “Nebulosa capaz de dissol-ver planeta se dirige à Ter-ra! Astrônomos paralisados de medo descobriram uma massa misteriosa que cha-maram de uma “nuvem de caos” que dissolve tudo em seu caminho, incluindo cometas, asteróides, plane-tas e estrelas inteiras — e ela está vindo diretamente para a Terra! Descoberta em 6 de abril Observatório de Raios-X Chandra da Nasa, a nebulosa cósmica de 10 milhões de milhas de tama-nho girando foi comparada a uma “nebulosa ácida” e está se aproximando de nós perto da velocidade de luz — fazendo com que seu tempo estimado de chegada seja às 9:15 da manhã do dia 1 de junho de 2014.” Como se pode ver, apesar de ligeiramente diferente em algumas frases, a histó-ria é a mesma.

Existe um outro texto, ligei-

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Volume 1, Edição 4

ramente diferente, aqui.

O jornal Terra, também fala desta notícia, aqui. Este jornal dá mais algumas informações (além daquelas que já coloquei em cima). Diz que o texto original é de 12 de Setembro de 2005. Ou seja, já tem quase 6 anos. A notícia original diz que a nuvem de poeira tem 16 milhões de kms. Quando está mais perto de nós, Vénus está a cerca de 38 milhões de kms da Terra. Supostamente esta nuvem ocupa quase metade da distância entre estes 2 pla-netas. Como é que uma nuvem de poeira dissolve planetas? Mais um paradoxo. A notícia original diz que a fonte é Albert Sherwinski, astrofísico da Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Basta ir ao site da Universi-dade, e percebe-se que este astrofísico não existe lá.

A wikipedia também diz que esta notícia é fal-sa, aqui e aqui.

Só mais 4 coisas sobre o jornal satírico em questão: - se fizerem uma pesquisa nesse jornal, vêem várias notícias do mesmo género sobre “nuvens do caos” sobre diferentes locais: Florida, Ohio, etc. - mas não desesperem. O

mesmo jornal já tem um cartoon em que o herói é um rapaz-morcego que combate essa nuvem. - no passado este jornal já teve uma capa com o ex-presidente George Bush a dizer: “Lei do Congresso fará de Weekly World News lei-tura obrigatória a todos os americanos”. É para rir. - por fim, este mesmo jornal tem uma notícia que só pode ser verdade. Diz o jor-nal que se as raparigas fize-rem topless constantemen-te (ou seja, na vida diária, na rua e em todo o lado) podem viver mais 10, 20, ou 30 anos!! Quanto mais andarem em topless, mais vivem. Isto é uma investigação do Institu-to para o Estudo dos Seios, e o Dr. Andrew Mansfield, diretor do Instituto, confir-ma a veracidade destas informações. A Dra. Eleanor Zeitzer, fundadora do Insti-tuto de Estudos sobre o Envelhecimento, também confirma os resultados des-te estudo. Ou seja, esque-çam tudo o que eu disse atrás!!! Obviamente que o jornal diz a verdade, porque este estudo só pode ser verdadeiro!!! Vá lá, meni-nas… sigam as recomenda-ções médicas.

Carlos Oliveira

Klaatu Barada Nikto Estou a fazer um pequeno trabalho sobre o filme de 1951, O Dia em que a Terra Parou. O extraterrestre, Klaatu, chega à Terra e diz coisas como esta: “I am fearful when I see people substituting fear for reason” – assusta-me quando vejo as pessoas substituírem a razão pelo medo. Fez-me lembrar as notícias recentes de fins-do-mundo, e outras notícias do género, em que as pessoas preferem seguir o medo, em vez da razão. “I’m impatient with stupidity” – não tenho paciência para a estupidez. Se lerem alguns comentários neste blog, sobretudo em

matérias pseudo (astrologia, reikki, etc), religiosas, ou de fim do mundo, percebem o porquê do ET dizer que não tem paciência para essas coisas. Finalmente, a frase mais emblemática do filme: “Klaatu barada nikto!” – não há tradução, mas segundo o criador desta linguagem extraterrestre, a expressão pode ser interpretada como: “There’s hope for Earth, if the scientists can be rea-ched” – numa tradução livre, poderá ser algo deste género: há esperança para a humanidade, se os cientistas forem cha-mados. Carlos Oliveira

ELITERACIA CIENTÍFICA

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Ao longo da história da humanidade não faltaram profetas da desgraça. Mui-tos deles levaram ao pró-prio homicídio ou suicídio dos seus seguidores. Um dos casos mais mediáticos foi o de David Koresh, que se suicidou com os seus seguidores em Waco, Texas.

Hoje, apregoava-se que o mundo iria acabar. Se o lei-tor pensa que é a única pro-fecia, desengane-se. A National Geogra-phic publicou um artigo online com as onze profe-cias mais mediáticas.

Aqui ficam:

1 – 21 de Maio: Fim do Mundo?

Para os seguidores do pregador Harold Camping, o dia do juízo final está previsto para chegar no dia 21 de maio de 2011. A predição do fim do mundo é apenas a mais recente duma linha que remonta a séculos atrás. Durante o chamado

peus entraram no ano de 1666 com trepidação. A prolongada praga que havia destruído grande par-te da população de Londres, em 1665, não ajudara a amenizar os medos e, quan-do o Grande Incêndio de Londres ocorreu, muitos acreditavam que tinha chegado o Dia do Julgamento. Alguns londrinos viram o fogo como uma “terrível ira do julgamento de Deus que visitou uma ter-ra pecaminosa”, de acordo com o livro de 2002, O Grande Incêndio de Londres: naque-le ano apocalíptico de 1666.

4 – Cometa Apocalipse

O surgimento do cometa Halley, observável a cada 76 anos, tem sido visto como um presságio do fim do mundo ao longo da his-tória. A iminente chegada do cometa em 1910, por exemplo, provocou a histeria apocalíptica entre os europeus e norte-americanos. Alguns acredi-tavam que a cauda do cometa continha um gás, que impregnaria a atmosfe-ra e eventualmente extinguiria toda a vida no planeta, segundo o astrónomo fran-cês Camille Flammarion, como citado no livro Apocalipse. Alguns proveitos do pânico: Vendas de más-caras e ”pílulas de cometa “, dispararam, assim como suprimento de oxigé-

nio. Por exemplo, em Roma as pessoas esperaram, man-tendo-se vivos no ar engarrafado, até que a cauda do cometa pas-sa-se a Terra.

5 – Testemunhas de Jeová e o dilema do Fim do Mundo

Desde a sua fundação em 1870, as Testemunhas de Jeová, um ramo cristão, profetizou o fim do mun-do em 1914. Apesar do juízo final não ter chegado, em 1914, os segui-dores da religião vêm pre-vendo que o mundo vai aca-bar ”em breve”, de acordo com o livro de 1997, Apocalipse Adia-do: A História das Testemu-nhas de Jeová.

6 - Alinhamentos planetários: presságios do Juízo Final?

Alinhamen-tos planetários têm inspirado muitas previsões do Juízo Final. O autor Richard Noone pre-viu que o gelo iria dominar o mundo como resultado do alinhamento. E a “arqueólogo psíqui-co” Jeffrey Goodman afirmou no seu livro de 1977, Nós somos a gera-ção do Terremoto, que ”os terremotos e vulcões desen-cadearão em todo o mundo e uma fenda irá abrir-se e dividirá a Terra em vários lugares para aliviar o stress produzido pela mudança,” New Scientist.

Mas a desgraça e melancolia também pode desencadear a inova-ção científica,

11 previsões do Fim do Mundo 11 previsões do Fim do Mundo

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Imagem: Cena do filme

Constantine (2005)

Crédito: Warner Brothers

Maio 2011 EDUCAÇÃO

arrebatamento em 21 de maio, isto é, o Dia do Julgamento, está previsto Jesus Cristo voltar à Terra para reunir os fiéis e levá-los para o céu, de acor-do com Camping, o fundador do ministério independente Family Radio Worldwide.

2 – Pompeia: Precursor do Fim do Mundo?

Assim como algumas pes-soas acreditam que um calendário Maya aponta 2012 como o ano do fim do mundo, alguns antigos romanos viram o ano 79 dC, após a erupção do Monte Vesú-vio, que soterrou Pom-péia, como um sinal do fim do mundo. Isso porque o filósofo romano Sêneca, que morreu em 65 dC, havia previsto que a Terra iria transformar-se em cin-zas: ”Tudo o que vemos e admiramos hoje vai queimar no fogo universal, que inaugura um mun-do justo, novo e feliz”, disse ele, de acordo com o livro de 1999, Apocalipse.

3 – 1666: Juízo final pelo fogo?

Sabendo que a Bíblia descreve o 666 como o número da Besta, muitos cristãos euro-

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Volume 1, Edição 4

como ocorreu em 1774 na Frísia, Holan-da. Um vigário esperando impulsionar sua congregação divulgou um ”livrinho da desgra-ça” que dizia que o sistema solar seria destruído durante uma conjunção programada, segundo a New Scien-tist. Como o pâni-co entre moradores cresceu, um astrónomo ama-dor construiu um planetário na sua sala de estar para aliviar as preocupa-ções e explicar os movimentos dos planetas, tornou-se o mais antigo planetário mecânico no mundo.

7 – Arrebatamento de Robertson

Décadas antes da previsão de Harold Camping de 21 de maio de 2011, na TV evan-gelista, Pat Robertson tinha pregado que, em algum momento da década de 1980, Jesus iria retornar à Terra. Previsão do arrebatamento de Robertson foi baseado em escritos na Bíblia, Tessa-lonicenses especificamente,

PU

B

que afirma: ”Porque o mes-mo Senhor desce-rá do céu com alarido, e com a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, e os mortos em Cris-to ressuscitarão primeiro, depois nós que ficarmos vivos, seremos arrebata-dos juntamente com eles nas nuvens, ao encon-tro do Senhor no céu”, de acordo com o The Atlantic. “Sob este cenário apocalíptico, os incrédulos e Sata-nás serão presos num lago de fogo, onde serão atormentados dia e noite para sem-pre”, escrito no The Atlan-tic. “O fogo pode também destruir a Terra e substituí-lo por um novo céu e Terra, onde os crentes e os redimidos, con-tinuarão a história”.

8 – Hale-Boopalipse

Trinta e nove pessoas, parte de um grupo religio-so chamado Heaven’s Gate, na Califór-nia, cometeram suicí-dio quando o cometa Hale-Boop se encontrava no pon-to mais próximo da Terra. O grupo acreditava que um OVNI montara vigília no cometa e que iria resgatá-los de um mundo condena-

do.

9 – Morte pelo Gelo

No seu livro de 1997, Gelo: O último desas-tre, o autor Richard Noone previu que em 05 de maio de 2000, os planetas iriam alinhar-se perfeitamen-te e trariam o fim do mun-do, enviando o gelo na dire-ção do Equador da Terra. Noone argumenta no livro que a deslocação do eixo da Terra, anteriormen-te ocorrida, tinha coincidi-do com tremendas mudan-ças climáticas, como as eras gla-ciais e que tais ”resultados quase inimagináveis” aconte-ceriam de novo. Nenhuma calamidade ocor-reu, e muitos cientistas estão agora preocupados com gelo por um outro motivo: As temperaturas de aquecimento estão progres-sivamente a causar o dege-lo.

10 – Ano 2000 dia do Julga-mento final

Em 1984 um colunista do Wall Street Jour-nal alertou para o fim do mundo, que ocorreria em 01 de janeiro de 2000. Um bug causado por um erro de cálculo poderia incapacit

ar computadores e outras máquinas e levar ao caos em massa, dizia o colunista. O mesmo des-crevia como comprar um amuleto anti-Y2K, instrumentos de salvamento e repara-ção Y2K. Os evangélicos também recomendaram aos seus seguidores armazenar alimentos e a prepararem-se para o pior, segun-do o Washington Post. Líderes como Jerry Falwell e Pat Robertson sugeriram que a mudança do milénio traria o arrebatamento, conforme descrito no livro bíbli-co do Apocalipse, segundo o Post.

11 – Buraco Negro criado pelo Homem?

Quando o Grande Colisor de Hádrons (LHC) iniciou a coli-são de partículas em Setem-bro de 2009, alguns críti-cos especularam que pode-ria gerar um buraco negro que significaria o fim do mundo. No entan-to, a preocupação foi em vão: o colisor tem vindo a trabalhar sem consequên-cias desastrosas.

Como se pode ver, nenhu-ma destas previsões ocorre-ram. O problema é que, em primeiro lugar, estes “profetas” continuam a pro-clamar desgraças, mesmo errando sistematicamente. Em segundo, está nas pes-soas que os seguem, ou mesmo não seguindo, acre-ditam nessas ilusões. Por isso, cada vez mais é impor-tante divulgar e “educar” em ciência.

José Gonçalves I see dead people. Crédito: José A. Gonçalves

EDUCAÇÃO

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Maio 2011 LITERACIA CIENTÍFICA

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Volume 1, Edição 4 LITERACIA CIENTÍFICA

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Parece-me que uma das razões para as pessoas caírem vezes sem conta nas mesmas mentiras é a inexistência de Literacia Funcional: as pessoas não sabem avaliar corretamente a infor-mação que lhes chega. A Literacia Funcional é a mais impor-tante forma de Literacia na atual sociedade da informação. Para se ter Literacia Funcional, é óbvio que se tem que ter algum conheci-mento de base dos assuntos, mas é muito mais importante ter pensamen-to crítico, que é transdisciplinar (ou seja, eu posso não perceber nada de agricultura, mas consigo perceber que as árvores não crescem por “artes mágicas”, por obra e graça do Pai Natal, por exemplo). O pensamento crítico, que literalmen-te se pode considerar como pensa-mento científico (que é inerentemente racional), não existe somente em matérias científicas, mas podemos observá-lo em tudo o que é assunto – de facto, nós utilizamos o pensamento científico todos os dias, a quase todos os momentos da nossa vida (digo qua-se, porque todos temos momentos de irracionalidade – ex: no Estádio da Luz, eu não quero saber se há ou não fora-de-jogo… logo que seja a favor do Ben-fica, é o que conta!!!)).

Por exemplo, se vocês tiverem um familiar muito doente, que precisa urgentemente de fazer uma cirurgia ao cérebro… o que fazem? Levam-no a um hospital, onde existem neuro-cirurgiões qualificados? Ou levam ao vizinho do lado, que é trolha, mas que até lê de vez em quan-do uns livros sobre medicina? Penso que toda a gente responderia: levaria a um neuro-cirurgião. Mas porquê? Será porque indo ao neuro-cirurgião de certeza que a pessoa fica curada? Não, porque os especialistas também cometem erros, e não têm taxas de sucesso de 100%. Será porque o trolha nosso vizinho de

certeza que iria fazer asneira? Não, porque ele até poderia fazer bem as coisas. Então porque é? Nós levamos ao neuro-cirurgião, por-que ele é o especialista, e como espe-cialista que é, tem muito maior hipóte-se de ter sucesso. É tudo uma questão de probabilida-des, mesmo que não nos dêmos conta. Utilizamos sempre o pensamento críti-co/racional, ao ir pela hipótese mais provável para ter sucesso. (daí ser irracional consultar astrólogos, por exemplo, porque esses são os tais “trolhas que lêem livros” quando a pessoa precisa de um especialista em neuro-cirurgia)

Deixem-me agora dar um exemplo que costumo utilizar constantemente, só para exemplificar que este pensamen-to crítico/científico/racional é utilizado por nós a todos os momentos:

Se forem no vosso carro numa auto-estrada, e o carro pára de repente, o que fazem? Imaginam que terá sido um unicónio invisível voador que atravessou o carro e o parou? Ou será que vão olhar para o ponteiro da gasolina? Obviamente que olham para o pontei-ro da gasolina… Porquê? Porque esse é o pensamento científico – de seguir a hipótese mais provável. Mas se o ponteiro da gasolina vos dis-ser que existe gasolina suficiente, então imediatamente a pessoa pensa que poderá ser do motor, e começa logo a pensar em levar o carro ao mecânico. Porquê? Porque esse é o pensamento científico – de seguir a hipótese mais provável. Vamos testando as hipóteses e seguin-do aquela que nos parece mais prová-vel.

Note-se que a ciência não nega que possa ser um unicórnio voador invisí-vel. Simplesmente, é mais provável as outras explicações. E só as testando (por exemplo, olhando para o ponteiro

da gasolina, que é sinónimo de ter mais conhecimento sobre o assunto), podemos chegar à explicação correta.

Termos conhecimento das coisas, tes-tar-se as hipóteses, e seguirmos a hipótese mais provável, são os passos mais elementares do pensamento científico. Este é o pensamento científico, e que utilizamos praticamente a todos os minutos da nossa vida… mesmo que nem nos dêmos conta (porque é um processo que está estranhado desde nascença, em que vamos testando as coisas para perceber como sobreviver no mundo). E o melhor de tudo, é que este méto-do funciona!!!

(quem acredita nas profecias de fim do mundo, ignora o pensamento científi-co/racional, e por isso assume que foi um unicórnio invisível voador, porque simplesmente decide nem olhar para o ponteiro da gasolina. Está no seu direi-to. Simplesmente não está a ser racio-nal)

Uma outra característica da Literacia Funcional passa por perceber as bases da natureza da ciência, ou melhor, do processo da ciência. Novamente, é algo que colocamos em prática diariamente em milhares de atividades que realizamos, mas nem nos damos conta. Faz parte da natureza da ciência, ava-liar a informação que lhe chega, obser-var, testar, evoluir, acumular conheci-mento (a ciência aumenta gradual-mente em termos de conhecimento para um corpo de conhecimento cada vez mais robusto), questionar-se a si própria, rever diariamente esse conhe-cimento, corrigir eventuais falhas, questionar o conhecimento existente (por isso é que se evolui), etc etc, etc. (ao contrário dos pseudos e das reli-giões, a ciência não se faz de verdades absolutas, mas sim de um constante questionamento do conhecimento adquirido)

Propositadamente, deixei de fora uma das funções mais importantes da ciên-cia: prever.

Profecias da CiênciaProfecias da Ciência

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Maio 2011 LITERACIA CIENTÍFICA

Page 11: astroPT Mai2011

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Volume 1, Edição 4

A ciência não faz profecias propriamente ditas, porque não tem “revelações”. Mas através do processo descri-to em cima, faz previsões.

Aliás, a ciência faz milhares de previsões diariamente, e tem uma taxa de sucesso praticamente de 100% !!! (nas poucas coisas em que erra, é espetacular, porque é sinal de um aumentar de conhecimento) E pensarão vocês: mas isso será em laboratórios cienti-ficos espalhados pelo mun-do, e essas experiências não estão ao alcance do comum dos mortais. E em parte estão certos: diariamente existem milha-res de experiências científi-cas feitas em laboratórios por todo o mundo que com-provam a veracidade do nosso conhecimento cientí-fico, a que obviamente não temos acesso. Não as deve-mos negar, mas a verdade é que não temos acesso.

No entanto, para sabermos que a ciência faz milhares de previsões diariamente, e tem uma taxa de sucesso praticamente de 100%, não precisamos desses especia-listas. A verdade é que todos nós, pessoa comum, podemos testar milhentos conhecimentos científicos. Aliás, na nossa vida diária, estamos constantemente a fazer previsões científicas/racionais, a testá-las, e a retirar conclusões delas – mesmo que nem nos aper-cebamos disso. Por exemplo, se a pessoa liga o computador, está à espera que ele se ligue. Antes de clicarmos no botão de “on”, prevemos o que vai acontecer. E não é que a previsão se torna realidade diariamente com uma taxa

de sucesso de 100%? (e quan-do eventualmente existe uma falha, baseámo-nos no conhe-cimento científico – de saber-mos que a previsão tinha que dar certo mediante os conhe-cimentos científicos – para corrigir a falha, porque só a ciência nos pode corrigir essa falha. Não nos pomos a imagi-nar fantasmas, mas simples-mente baseámo-nos naquilo que sabemos que funciona (ciência) para extrapolar para potenciais hipóteses racionais do computador não dar) Ou seja, seguimos o pensa-mento científico.

Deixem-me dar outro exem-plo: O pensamento científico diz-vos que o vosso carro estará parado na garagem, e não anda a flutuar pelo ar devido à falta de gravidade. Quando vocês vão de manhã até ao carro, a vossa previsão é que ele esteja lá… agarrado ao solo. Essa previsão tem por base somente o conhecimento científico, baseado nas inúme-ras experiências passadas. Essa é uma previsão da ciên-cia. E não é que todos os dias essa previsão científica está corre-ta? Em milhões de vezes em que vocês já fizeram essa expe-riência, nem por uma vez che-garam à garagem e viram o vosso carro a voar pelo ar.

Certamente que podem pen-sar em milhares de exemplos diários do mesmo género.

Destes exemplos podem-se retirar duas conclusões: 1 – A ciência está aberta a todos. Ao contrário dos pseu-do, em que alguns se acham especiais (têm “dons ocultos” ou “ligações especiais a outras dimensões”), a ciência está

LITERACIA CIENTÍFICA

disponível diariamente para todos. Existem especialistas (não devemos ignorar quem sabe mais do que nós em certos assuntos – isto faz parte da Literacia Funcional), mas não existe ninguém “especial”. Qualquer pessoa pode provar o conhecimento científico. E como referi, todas as pessoas testam diariamente, por milhões de vezes, esse mesmo conhecimento científico… na rua, em casa, na escola, no trabalho… em todo o lado. 2 – A taxa de sucesso das previsões científicas é mais próxi-ma de 100% do que qualquer outra coisa que possam imagi-nar! Nenhuma profecia ou ideia pseudo, alguma vez teve uma taxa de sucesso sequer próxima da ciência/pensamento científico.

Ou seja, como se percebe por tudo isto, o pensamento cien-tífico funciona! E nós testámo-lo milhões de vezes todos os dias… e, mesmo assim, ele funciona praticamente sempre de forma perfeita! O pensamento científico não é algo “especial”, “extraordinário”, “estranho”, “desconhecido”, que devemos “desconfiar”. Pelo contrário, é algo comum, que toda a gen-te utiliza diariamente milhares de vezes, em que as pessoas confiam a 100%, e que funciona!

Se temos um método que funciona de forma perfeita (ou, no mínimo, da forma mais perfeita que pode existir), que testamos diariamente a quase todos os minutos, e ele não nos deixa ficar mal… então porque sobre ideias puramente pseudo, como as profecias de fim do mundo, as pessoas preferem ignorar o conhecimento científico, preferem igno-rar a taxa de sucesso da ciência, e enveredar por caminhos que comprovadamente são de insucesso? Não faz qualquer sentido… é uma estratégia puramente irra-cional… contra os interesses da própria pessoa. (no exemplo acima do carro parar na auto-estrada, seria como se a pessoa se negasse a olhar para o ponteiro da gasolina, se negasse a chamar o mecânico, mas continuasse na sua crença absurda que só poderia ter sido um unicórnio invisível voador)

Se a pessoa além de ignorar o pensamento científico, ainda se põe a atacá-lo, então nesse caso, na minha opinião, cai no defeito da hipocrisia. A razão é simples: a pessoa não deve atacar algo que utiliza diariamente milhares de vezes. Como se costuma dizer, isso seria cuspir no prato que lhe dá de comer.

Escrevi este longo texto a pensar no porquê das pessoas seguirem a irracionalidade das profecias de fim do mundo, que é a notícia de hoje. Mas como percebem, este texto aplica-se a todas as formas de irracionalidade – a todas as vezes em que as pessoas pre-ferem seguir o insucesso das crenças pseudo (ex: pulseiras quânticas, falar com mortos, astrologia,profecias, etc), em vez de seguirem o sucesso diário, constante, e total, da racionalidade do pensamento científico; ou seja, a todas as vezes em que as pessoas preferem seguir mentiras/vigarices, negando o conhecimento. Carlos Oliveira

Page 12: astroPT Mai2011

Caros Cidadãos do Planeta Terra,

fomos informados recentemente que o vosso planeta está às portas do Apocalipse. O Império Galáctico compreen-de que estas notícias são sempre difíceis de entender, mas NÃO ENTRE EM PÂNICO.

Nós preparamos para si um mapa de instruções com várias opções de escape, para o ajudar a lidar com esta situa-ção deveras difícil. O Império Galáctico, deseja-lhe um bom dia.

João Clérigo

Como lidar com o fim do mundo... e ser felizComo lidar com o fim do mundo... e ser feliz

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Maio 2011 LITERACIA CIENTÍFICA

AstroAstro--googlegoogle

O Google criou uma competi-ção para alunos de escolas pri-márias e secundárias. Os concorrentes teriam que fazer um desenho com o Goo-gle. O desenho teria que se referir ao futuro. Nomeadamente, o desenho teria que responder a:

“O que eu gostaria de fazer no futuro é…” O Matteo Lopez criou o dese-nho em cima. Obviamente, ele gostava de ser astronauta Ele ganhou o concurso, no valor de 15 mil dólares, para os estu-dos dele. Carlos Oliveira

Cré

dit

o:

Mat

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pez

Page 13: astroPT Mai2011

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Volume 1, Edição 4

Há um mês atrás, publi-camos este post, com um excelente modelo do Sistema Solar. Agora, trazemos outro modelo do Sistema Solar, em que é possí-vel “brincar” com várias funcionalidades de forma interativa, permitindo assim aprender de diferentes formas. Recomendo mudarem a “vista”, mudarem as diversas configurações que nos são apresenta-das, visitarem os plane-tas, verem as informa-ções para cada planeta,

Modelo Interactivo do Sistema Solar Modelo Interactivo do Sistema Solar

verem a distância para as estrelas, etc. Pesquisem o site, aqui.

Mais uma vez, deixo aqui a configuração dos planetas para 21 de Dezembro de 2012, em que se prova, mais uma vez, que não há alinhamento planetário com a Terra:

Carlos Oliveira

Tutorial sobre Coordenadas Celestes Tutorial sobre Coordenadas Celestes

Já referimos aqui no

blog a nova versão e

funcionalidades do pro-

grama stellarium. Este

software torna-se uma

ferramenta essencial e

de consulta para quem

é astrónomo amador e

quer fazer uma obser-

vação nocturna (veja-se

o exemplo do post de

hoje sobre a Ursa

Maior), ou então para

quem ensina Física no

EDUCAÇÃO

7º ano de escolaridade e

quer despertar a curiosi-

dade científica dos alu-

nos.

Veja um pequeno tuto-

rial (um vídeo dividido

em duas partes) na nossa

página.

José Gonçalves

Page 14: astroPT Mai2011

Duas alu-nas do Colégio dos Carva-lhos, em Gaia, vie-ram até Houston, nos Esta-dos Uni-dos, para participar nas Olim-píadas da Ciência referentes ao Ambiente (I-SWEEEP). O projeto delas é amigo do ambiente, aproveitan-do os recursos do sol na

construção civil. Leiam aqui.

Já em Houston, as alunas Rita Costa e Teresa Vaz, ambas com

Prata Portuguesa na IPrata Portuguesa na I--SWEEEPSWEEEP

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Maio 2011 EDUCAÇÃO

A Escola EBI/JI de Montene-gro realizou um contacto via rádio com a astronau-ta Catherine Coleman, na Estação Espacial Internacio-nal, no dia 23 de Maio, às 13h36, no auditório da esco-la. Neste contacto, vinte alunos colocaram uma ques-tão em inglês aos astronau-tas sobre a exploração espa-cial e a vida dos astronautas na Estação Espacial Interna-cional. Foram 15 minutos inesque-cíveis, onde os alunos colo-caram várias questões sobre

o que se come no Espaço, se acredita que o Homem vai pisar Marte nos próxi-mos dez anos ou qual a pior coisa que já lhe acon-teceu lá em cima. “I hear you loud and clear”, alto e bom som, respondeu Catherine, depois de cerca de um minuto de chamadas a partir da Terra, sem qual-quer resposta.

Este projecto foi implemen-tado com o apoio da REP (Rede de Emissores Portugueses), responsáveis pelo equipamento técnico

ARISS ARISS –– Amateur Radio on International Space Station Amateur Radio on International Space Station

17 anos, sob a orientação do profes-sor José Manuel Silva, venceram o segundo prémio. Leiam aqui.

Carlos Oliveira

e pela presen-ça do radioa-mador. Quase um ano depois do início do projecto, 15 minutos em directo com a ISS. Muito tra-balho envolvi-do, mas uma experiência fantástica. Mais informações e fotos sobre esta inesquecível experiência aqui, aqui e aqui.

Leia aqui a notícia da ESA sobre este contacto.

Patrícia Raposo

Page 15: astroPT Mai2011

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Volume 1, Edição 4

Hoje é 13 de Maio. Muita gente vai em peregrinação ao Santuário de Fátima. As pessoas viram um Halo Solar. E muitas delas começaram a gritar que aquilo era um milagre, como podem leraqui e aqui.

O facto de muitas pessoas interpre-tarem como um milagre, evidencia a falta de cultura das pessoas que entram neste tipo de religiosidades. Já um jornalista do Expresso (o arti-go não está assinado) ter escrito que “esta imagem (…) será, sem dúvida, única” só prova que de jornalista tem muito pouco. É que bastariam 5 segundos no Goo-gle para ver milhões de fotografias de Halos Solares – ou os mais de 5000 vídeos no YouTube -, e se esse mesmo jornalista do Expresso fôr para Fátima várias vezes, certamen-te que verá mais Halos Solares nessa zona (ou noutra qualquer) e poderá tirar várias fotografias “únicas” todas iguais…

O facto de isto ser um fenómeno normal, é dito pela SIC: “Para lá das crenças, a ciência tem uma explica-ção para o que aconteceu hoje em Fátima. A comunidade científica chama-lhe halo solar. Um fenómeno que acontece quando pequenos cristais de gelo suspensos na atmos-fera reflectem a luz do Sol. Nestes casos, os cristais estão na ténue nuvem alta que se atravessa à fren-te do astro. Consoante o tamanho ou espessura, o resultado pode ser o que aconteceu hoje em Fátima, ou mesmo um circulo com o espectro de cores do arco-íris. Por vezes, o halo também se forma em noites de Lua Cheia. Cheia está a Internet de registos mais ou menos esotéricos do arco que NÃO é inédito.”

Halo em FátimaHalo em Fátima

Como diz a Wikipedia: “Um halo é um anel de luz que rodeia um obje-to. Os halos formam-se a 5-10 quiló-metros, na troposfera superior. A forma e a orientação particulares dos cristais são responsáveis para o tipo de halo observado. A luz é refle-tida e refractada pelos cristais de gelo e pode-se dividir em cores por causa da dispersão, semelhante ao arco-íris.” Podem certamente ler a mesma explicação noutros lados, como aqui.

Aliás, este fenómeno óptico é tão normal que antigamente era utilizado para prever o tempo!!!

Concluindo: não existe milagre. Exis-

te sim um fenómeno que é normal, e que é perfeitamente explicado pela ciência.

O mundo seria excelente se as pes-soas em vez de gritarem “milagre”, tentassem compreender as causas dos fenómenos. E o mundo seria menos inculto se as pessoas entendessem o quanto a ciência é importante na sua vida diária. Quiçá até fariam romarias

IMPRENSA

para agradecer todos os benefícios que a ciência lhes dá diariamente…

——————————————————

Tendo em conta o elevado número de comentários que existem, e a existência de comentadores que não sabem sequer compreender textos simples, resolvi acrescentar esta parte ao post, de modo a tentar cla-rificar as mentes mais “sensíveis”.

1 – Este post é sobre um fenómeno perfeitamente explicável pela ciên-cia – é um fenómeno que existiu igualmente no dia anterior e no dia seguinte, e que acontece regular-mente (várias vezes por semana). 2 – Este post critica alguns jornalistas que em vez de fazerem o trabalho para o qual são pagos (que envolve investigarem sobre os assuntos), preferiram ser levados pelas crenças próprias. 3 – Neste sítio de ciência, obviamen-te que se defende o pensamento crítico, a cultura, a verdade, e as explicações científicas.

Infelizmente, nem toda a gente é

Crédito: Alberto Frias / Expresso

Page 16: astroPT Mai2011

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Maio 2011

capaz de compreender isto. A compreensão de textos é algo que é ensinado na escola primária. Infe-lizmente, algumas pessoas esquece-ram-se de como ler um texto. Isto denota uma completa ausência de literacia funcional, a mais impor-tante forma de literacia na socieda-de atual.

Daí que como há várias pessoas que infelizmente não se sabem compor-tar, somos obrigados a moderar vários comentários. Não serão aprovados (como ainda agora fiz a mais 2) comentários de pessoas iliteradas que não sabem respeitar os outros e que se limitam a insultar com argumentos à pes-soa (em vez de falar no fenómeno). Se não sabem ler e por isso errada-mente assumem que se está a ata-car a fé das pessoas, ao menos sejam educados o suficiente para respeitarem a opinião dos outros, em vez de os atacarem pessoalmen-te – ainda agora mais um iliterado enviou um comentário a insultar os meus “óculos” (para os pseudos, a escolha da côr de uns óculos é a razão mais importante para saber se a pessoa sabe sobre o fenómeno quase diário do Halo Solar)… ou seja, como não têm comentários inteligentes para fazer, resolvem insultar os gostos das pessoas… enfim…

Já viram se os não-crentes na Igreja Católica fossem para sítios onde a crença Católica é divulga-da, entrando pelas Igrejas dentro, e insultando as pessoas disto e daqui-lo? Certamente que seria um ato violen-to, sem qualquer desculpa, irracio-nal, e uma total estupidez. No entanto, esta é a atitude

Halo em Fátima (cont.)Halo em Fátima (cont.)

dos fundamentalistas crentes que resolveram comentar aqui. Entraram por um sítio de ciência, e resolveram insultar quem detém o conhecimento. Além de ser um perfeito disparate, é uma total hipocrisia, porque quem detém o conhecimento é quem lhes dá computadores e internet, ou seja, cospem no prato que utilizam todos os dias.

O respeito não é algo que deve ser dado só aos crentes religiosos – o respeito deve funcionar para os dois lados! Tal como eu quando entro numa Igreja tenho respeito pelas crenças de quem lá está, quem entra em sítios de ciência, como o AstroPT, deve ter respeito pelas pessoas que cá estão. Infelizmente, a cegueira, o funda-mentalismo, a falta de educação, e a iliteracia de alguns crentes não lhes permite ter esse respeito por quem tem ideias diferentes das deles. Muitos crentes querem ser respeitados nas suas crenças, mas hipocritamente não respeitam as crenças nem o conhecimento dos outros. Felizmente, existem outros crentes que têm abertura de mente e clareza de espírito para discutirem respeitosamente com outras pes-soas.

Se ainda tiverem dúvidas sobre

isto, antes de escreverem comentá-rios ignorantes em que só deixam ficar mal os crentes e a Igreja Cató-lica, leiam estes meus comentários: - comentário nº 2: explico que o post é a criticar os maus jornalistas. Mas realço que também existem excelentes jornalistas. - comentário nº 2.1.1: exemplifico este mau jornalismo, comparando

IMPRESA

com outras notícias caso fossem transmitidas da mesma forma. - comentário nº 14: escrevi que acho uma patetice os comentários de certas pessoas. O fundamentalis-mo religioso (que nega as evidên-cias), expresso por vários comenta-dores, dá muito má imagem à Igre-ja. Felizmente que tenho muitos amigos religiosos, alguns deles padres – estas amizades vêm algu-mas delas dos 14 excelentes anos que vivi nos Salesianos -, e por isso não generalizo estas pessoas com a mente fechada para toda a Igreja. Neste comentário afirmo inclusiva-mente que tenho um grande amigo que é pároco, com quem converso constantemente, e que faz um enor-me trabalho pela comunidade. A diferença é que ele é inteligente, sabe conversar, sabe analisar os fenómenos, e por isso é que, tal como eu, ele é contra todos os cren-tes fundamentalistas ignorantes que lhe aparecem à frente (como alguns que apareceram por aqui). - comentário nº 9.1: explico a subjetividade em assumir-se sinais de X ou Y, que é contrário ao pensamento racional. - comentário nº 39.1: expli-co estatística, até com a ajuda do facto de se ter visto o mesmo fenó-meno no dia anterior. Explico igual-mente o paradoxo que é acreditar-se num Deus criador do Universo, ao mesmo tempo em que se acredita em deuses pequeninos que são deu-ses da chuva, do Sol, e de diversas características que uns “descendentes” de macacos vão vendo num invisível pedaço de pó no Universo. Ou se acredita num Ser Criador de todo um Gigantesco Uni-verso, ou se acredita num “God of

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Volume 1, Edição 4 IMPRENSA

the Gaps”. Acreditar-se nos dois tipos de deusesdemonstra que as pessoas nem sequer refletem sobre aquilo em que acreditam. - comentário nº 32.1.2: explico um pouco da natureza da ciência. - comentário nº 37.1: explico como se deve analisar o processo de “milagres” utilizando o pensamento crítico. - comentário nº 9.2: dou a ideia de espiritualidade que sabemos que é a verdade, e que nos é transmiti-da pela ciência, pela vida, e pelo Universo. - comentário nº 42.1: deixo aquilo que me parece ser um excelen-te sumário do que se tem passado em muitos comentários. Daí que vou reproduzir de novo essas minhas palavras:

“Há uma tremenda falta de litera-

cia. As pessoas não sabem ler e compreender textos. Parece que nunca fizeram a escola primária. Vai daí, num post a alertar para o mau jornalismo de alguns jornalis-tas em Portugal que nem pesquisa-ram sobre o fenómeno do Halo Solar, e explicando que o que acon-teceu é um fenómeno que acontece constantemente e é perfeitamente explicável pela ciência… alguns religiosos de vistas muito curtas sentem-se atacados na sua fé por se ter explicação para o fenó-meno. Sinceramente, parece-me que isto demonstra 2 coisas: - percebe-se que estas pessoas que se sentem atacadas só por um determinado fenómeno já ter expli-cação, são pessoas de pouca fé (precisam que este fenómeno seja um sinal de Deus, para assim acreditarem Nele).

- devido à irracionalidade, falta de pensamento crítico, e fundamenta-lismo religioso destas pessoas… é por isso que a Igreja depois tem mau nome pelas comunidades, e por isso é que cada vez mais gente foge dela. Felizmente, tenho muitos bons ami-gos na Igreja Católica para saber que eles próprios se sentem enver-gonhados com a falta de cultura e a falta de inteligência demonstradas por alguns crentes-comentadores que apareceram por aqui.”

Carlos Oliveira

O post sobre o Halo em Fátima teve

em 2 dias, mais de 130 comentários,

o que representa um recorde aqui

no blog.

Infelizmente, vários desses comen-

tários foram totalmente desproposi-

tados.

Inclusivé recebemos vários outros

comentários que decidi não aprovar

porque não tinham qualquer nexo;

se tivesse aprovado, o número de

comentários seria ainda maior.

De qualquer modo, devido a vários

comentários demonstrarem que as

pessoas não conseguiram com-

preender as poucas linhas do post,

decidi escrever uma clarificação no

próprio post. Curiosamente, a clarifi-

cação é maior que o post original.

Se quiserem ler o que acrescentei ao

post, cliquem aqui.

Aproveitei, e coloquei também a reportagem vídeo da SIC.

Carlos Oliveira

Mais do que reafirmar a vulgaridade dos halos atmosféricos, venho mos-trar-vos uma interessante coincidên-cia de dois destes fenómenos esta tarde sobre Lisboa. Na imagem, a cerca de 22º do Sol, podem obser-var um halo circular semelhan-te àquele visto em Fátima no dia 13 de Maio. Mais distante do Sol, a cer-ca de 46º na direcção do horizonte, encontra-se um menos comum arco circum-horizontal. Tais como os halos, os arcos resultam da refrac-ção e reflexão da luz solar em pequenos cristais de gelo em sus-pensão na atmosfera.

Sérgio Paulino

Halo em Fátima ainda dá

que falar…

Halos e arcos sobre Lis-

boa

Halo circular a 22º e arco circum-horizontal sobre Lisboa.

Crédito: Sérgio Paulino.

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Maio 2011 HISTÓRIA

O que nos Representam as Estrelas? O que nos Representam as Estrelas? –– A Passagem da A Passagem da

Tradição Tradição

Como o eixo da Terra é instável e se move como um peão com um período de 26 mil anos, os astró-nomos são capazes de calcular

qual a posição das estrelas numa determinada época. A precessão é a oscilação do pólo da Terra. Este movimento, causa-do pelas forças de maré origina-das pela Lua, faz com que as posições das estrelas se deslo-quem relativamente a nós ao longo dos séculos, lentamente. (ler mais sobre Preces-são aqui e aqui)

Outro deslocamento espacial ocorre com o Sol a cruzar o equa-dor celeste em direcção ao norte. Este movimento altera as conste-

lações zodíacas a cada dois mil anos.

Estes movimentos do nosso pla-neta foram descobertos por Hiparco e eram o segredo do mitraísmo, religião que teve o

seu auge nos séculos II e III. O segredo central desta religião era a existência de um deus superior, o Mitra, que desloca toda a

estrutura do Cosmos ( a preces-são). (SCIAM Edição Especial “Etnoastronomia”)

Egiptólogos britânicos consegui-ram, por este método, determi-

nar com precisão a data de cons-trução da Pirâmide de Gizé.

Num artigo na revista científi-ca Nature, Kate Spence mostra que os erros de orientação em pirâmides construídas antes e depois de 2467 a.C. mostram com precisão o desvio gradativo do alinhamento do pólo norte. Assim, é possível determinar o ano de construção. (BBC Brasil)

A tradição de Eudóxio, já aqui referido, vem de uma época e um local. O local será a latitude de 36º e por volta de 1130 a.C. Assim, Eudóxio terá copiado dados observacionais com mais de 700 anos naquela época.

Ao saber, agora, de quando e onde eram efectuados os regis-tos astronómicos podemos verifi-

car que houve uma transição de tradições entre as diferentes civi-lizações. Em primeiro lugar, há registos da

constelação Gémeos no Egipto que datam de 6000 a.C.. Esta constelação é confirmada na Gré-cia por volta do ano 1100 a.C.

A constelação Sírius é registada também pelos egípcios por volta de 3000 a.C. onde era conhecida como Cão Maior. Mil anos mais tarde aparecem registos nos hiitas e no século VII a Grécia registava a mesma constelação.

A constelação Órion teve o mes-mo trajecto. Áries ou Carneiro foi registado por volta de 2500 a.C e no sécu-lo VI na Grécia.

Podemos descobrir que as cons-telações foram copiadas de povos para povos, pois ao longo dos anos as constelações movem-se na abóbada, mas não na pedra caligrafada. Hiparco copiou os mesmos documentos de

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Volume 1, Edição 4 HISTÓRIA

Eudóxio por volta do ano 900. Os dados combinam com as tábuas MUL.APIN o que sugere que Eudóxio copiouMUL.APIN e Hiparco copiou Eudóxio.

Actualmente, a Estela Polar é a que nos dá o Norte. No entanto, em 2700 a.C era a estrela Turban que nos dava o Norte e Vega ocu-pava essa missão há 14 mil anos. Actualmente o equinócio da Pri-mavera situa-se em Aquário, antes estava em Peixes e na épo-ca grega clássica em Áries.

Da Mesoptâmia e da Ásia vieram tradições. Essas tradições foram para a Grécia e para o Império Romano. Sabe-se que há registos antigos na Sibéria, na Austrália, na América Central e no Sul da

América do Sul, onde é o Perú. Houve, de certo, tradições perdi-das mas algumas foram transmi-tidas por terra, por mar e em colu-nas comer-ciais. Em suma, a tradi-ção mos-trou-se vital em algumas civilizações. Mostrou-se preditiva de desas-tres ou de capacidade de adquirir mantimentos, como é o caso dos Boorongs. A observação dos céus passou de imaginações e estórias entre deuses para predi-

ções minuciosas que davam ali-mento ao povo. Mais recente-mente, a Astronomia serviu de calendário e de orientação para a

navegação. Contudo, persiste outra face-ta, um res-quício de Neandertal que permite a elabora-ção de estó-

rias e invenção de instruções para a vida. Uma característica que ficou enraizada nas tradições mais profundas do ser humano, nos medos e nos desejos. A isto podemos chamar de Astrologia.

Dário S. Cardina Codinha

Arqueologia EspacialArqueologia Espacial

Ainda hoje falei de Arqueologia, e vou voltar agora à mesma matéria, em mais uma demons-tração das Vantagens da Exploração Espacial.

A arqueóloga Sarah Parcak usou satélites para descobrir 17 pirâmides no Egipto que até agora eram totalmente desconhecidas. Satélites a 700 quilómetros da Terra, equipados com câmaras de infravermelhos detetaram as pirâmides que se encontram abaixo do solo, além de milhares de outros sítios com interesse. Agora, é só escavar .

“A arqueologia espacial “substituiu” Indiana Jones. Imagens de satélite sobre o Egipto permitiram desco-brir 17 pirâmides que estavam desaparecidas e três mil infra-estruturas escondidas debaixo do solo, num trabalho pioneiro de arqueologia espacial de um laboratório em Alabama, apoiado pela NASA.”

Leiam o artigo no Público, e o original da BBC. Carlos Oliveira

Page 20: astroPT Mai2011

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Maio 2011 ASTRONÁUTICA

A NASA anunciou que desistiu de tentar restabelecer contacto o rover marciano Spirit, depois de 14 meses sem nenhum sinal de vida.

De lembrar que o Spirit ficou ato-lado na areia em maio de 2009. Por isso, a orientação dos painéis solares do Spirit não era a ideal, o que juntando à acumulação de

pó, provocou uma deficiente pro-dução de energia. Assim, este não terá tido energia suficiente para manter a funcionar os aque-

cedores, que o permitiriam sobreviver ao inverno marciano.

O último “sinal de vida” do Spirit foi enviado há 14 meses atrás. No entanto, o seu irmão gémeo Opportunity continua na sua mis-

são à superficie de Marte. Mais informações no site NASA/JPL. CAUP ——————————————— Bem, de qualquer modo, esta missão teve um sucesso extraor-dinário!!! Tinha um prazo de 3 meses, e durou 7 anos!!!! http://astropt.org/blog/2011/01/04/parabens-rovers/

Em parte, foi devido a algumas surpresas positivas, que só com missões destas se consegue ter. Pensavam que as placas de ener-gia solar iriam ficar cheias de pó, e daí que não iriam poder mais

R.I.P. SpiritR.I.P. Spirit

absorver energia. Mas o que se viu foi que as tem-pestades de pó, em vez de colo-carem pó em cima das placas, limpavam-nas. Fantástico

Quando ficou atolado, percebeu-se que era grave http://astropt.org/blog/2009/08/28/spirit-esta-preso/ http://astropt.org/blog/2011/02/14/spirit-atolada-em-solo-marciano/

Mas continuou a fazer ciência, mesmo parado num sítio. Em vez de rover, tornou-se num estilo de sonda que pousa num planeta. http://astropt.org/blog/2010/11/02/spirit-atolado-detecta-agua/

O problema é que ao não se poder virar, não consegue absor-ver tanta energia solar… e foi perdendo energia e perdendo e perdendo

Sem energia, era um desperdício de dinheiro tentar mantê-lo… e a NASA tem mesmo que cortar gastos… por isso, lá se foi o Spirit

Os últimos comandos foram enviados esta 4ª feira de manhã: http://www.nytimes.com/2011/05/25/science/space/25rover.html Espero que tenham enviado um elogio fúnebre.

Cheers for everything!!! We’ll miss you!

Long Live Spirit!!! Carlos Oliveira

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Volume 1, Edição 4 ASTRONÁUTICA

O mundo já tinha sido espantado por mais um feito espectacular por parte da União Soviética a 12 de Abril de 1961 ao colocar Yuri A. Gagarin em órbita a bordo da Vostok-1. Correndo agora para o segundo lugar, os Estados Unidos prepara-vam o lan-çamento da sua primeira missão espacial tripulada. O principal objectivo científico do Projec-to Mer-cury era o de determinar as capacidades do ser humano num ambiente de voo espacial e através das condições que teria de suportar para atingir o espa-ço exterior. Alguns dos problemas a resolver incluiam o desenvolvimen-to de um sistema automático de emergência, o problema do controlo do veículo durante a inserção orbi-tal, o comportamento dos sistemas a bordo em órbita, a avaliação das capacidades dos astronautas no espaço, a monitorização durante o voo, a retrotravagem e manobras de reentrada e os procedimentos de amaragem e recuperação. O plano inicial do projecto Mercury previa o lançamento de sete mis-sões suborbitais tripuladas antes de passar à fase seguinte: o voo orbital tripulado. Porém, e com o sucesso do voo de Gagarin, a NASA decidiu cancelar os voos suborbitais após a missão da Liberty Bell-7. O primeiro voo tripulado do projec-to teve lugar a 5 de Maio de 1961. A contagem decrescente para o lança-mento da MR-3 (Mercury Redstone-3) teve início a 4 de Maio (após uma tentativa falhada em finais de Abril

Alan Shepard, 50 anos na História Alan Shepard, 50 anos na História

devido ao mau tempo). A contagem decrescente foi dividida em duas partes porque a experiência anterior havia mostrado que era preferível

correr a con-tagem decres-cente em dois segmentos mais curtos e permitir assim às equi-pas de con-trolo da cáp-sula espacial e do lançador descansarem entes de se iniciar as ope-rações finais. A contagem decrescente começou às 1330UTC do dia 4 de Maio. Todas as ope-rações decor-reram sem problemas e foram finali-zadas antes do previsto.

Uma paragem na contagem decres-cente foi decretada a T-6 h 30 m, e durante este tempo os vários dispo-sitivos pirotécnicos foram colocados no veículo procedendo-se também à preparação do sistema de peróxido de hidrogénio. A contagem decrescente foi retoma-da às 0430UTC do dia 5 de Maio. Uma nova paragem de uma hora foi decidida previamente para ocorrer a T-2 h 20 m e serviu para garantir que os preparativos da cápsula espacial haviam sido finalizados antes do transporte do astronauta para a plataforma de lançamento LC-5 do Cabo Canaveral. A contagem decrescente prosseguir com peque-nos atrasos até T-2 h 20 m. Nesta altura, foram levados a cabo os pre-parativos finais da cápsula espacial e o astronauta foi transportado para a plataforma de lançamento. A conta-gem decrescente prosseguiu até T-15 m, mas nesta altura os técnicos aperceberam-se que a cobertura fotográfica do lançamento e do voo não seria possível devido à presença de nuvens baixas junto da platafor-ma de lançamento. Os meteorolo-

gistas previram que o tempo iria melhorar dentro de 20 a 45 minu-tos. Durante este tempo, surgiu um problema com um dos conversores de corrente no foguetão Redstone. A contagem decrescente foi recicla-da para T-35 m, sendo retomada 85 minutos mais tarde após a resolução do problema. De novo a T-15 m a contagem decrescente foi suspensa para se executar uma verificação final no computador de controlo da trajetó-ria em tempo real. Devido à prolongada espera no inte-rior da sua cápsula, o astronauta Alan Barlett Shepard a certa altura solicitou autorização para ser retira-do para poder ir a uma casa de banho. Como era impossível fazer isto sem adiar o lançamento, o astronauta foi autorizado a urinar no interior do seu fato espacial. Finalmente, o lançamento acabaria por ter lugar às 1434UTC. O voo decorreria sem qualquer problema e teria uma duração de 15 minutos e 28 segundos, atingindo uma altitude de 187,5 km e viajando 487,6 km, amarando no Oceano Atlântico. Rui Barbosa

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O Rui Barbosa já escreveu este post sobre este assunto. Faz hoje 50 anos que Alan Shepard fez história. O primeiro voo espacial (suborbital) tripulado dos EUA teve lugar a 5 de Maio de 1961, e durou 15 minutos e 28 segundos. Leiam aqui.

A APOD de hoje faz referência a isso.

A NASA mostra o trajeto da cápsula .

E a Space.com fez um infografia muito interessante sobre este assunto .

Carlos Oliveira

Alan Shepard há 50 anos atrás Alan Shepard há 50 anos atrás –– o 1º americano a “correr” atrás do Gagarino 1º americano a “correr” atrás do Gagarin

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Volume 1, Edição 4

Este fato projectado pela engenheira do MIT, Dava Newman numa altura em que a NASA equaciona a possibilidade de voltar à Lua e uma missão a Marte. É engraçado verificar que a posição desta astronauta seria impossível com os outros fatos. Para lerem mais sobre cada um dos fatos, podem fazê-lo na National Geographic. Conceição Monteiro

A evolução do fato espacial A evolução do fato espacial

ASTRONÁUTICA

O astronauta Americano Alan She-pard possa para o fotografia num fato prateado de 1963, nos primei-ros tempos do programa espacial.

Este fato espacial pouco flexível feito no início dos anos 60, foi projectado para proteger os astronautas da Apol-lo, durante a “caminhada” na lua. Embora nunca tenha sido usado.

Membros da tripulação da Gemini 3, em 1964. As caixas junto dos fatos são ar-condicionados portáteis para impedir o sobreaquecimento dos astronautas nos seus fatos pressurizados.

O fato espacial do astronauta Edwin “Buzz” Aldrin durante a alunagem em 1969.

Este é um fato interior utilizado para refrigerar. Contém um siste-ma de arrefecimento liquido, que impede os astronautas de sobrea-quecerem.

O fato do astronauta Bruce McCandless em Abril de 1983. A foto foi feita durante o voo do space shut-tle Challenger.

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O vaivém espacial OV-105 Endeavour foi a última adição à frota de vaivéns espaciais dos Estados Unidos, tendo sido

construído como substituto do vaivém espacial OV-099 Challen-ger. O Endeavour foi baptizado em honra do navio com o mes-

mo nome utilizado por James Cook no Século XVIII. Na viagem inaugural do Endeavour em Agosto de 1768, Cook

navegou no Pacífico Sul para observar e registar o trânsito de Vénus entre a Terra e

o Sol. A determinação do trãnsito de Vénus permitiu aos astróno-mos determinar a dis-

tância do Sol à Terra que poderia depois ser utilizada como uma unidade de medição

no cálculo dos parâ-metros do Universo. Em 1769, James Cook foi o primeiro a

mapear por completo a Nova Zelândia. As viagens de Cook tam-bém estabeleceram a

utilidade do envio de cientístas em viagens d eexploração. Enquanto navegavam com Cok,

os naturalistas Joseph Banks e Carl Solander recolhe-ram muitas novas famílias e espécies de plantas, e encontra-

ram muitas novas espécies de

animais.

Pela primeira vez uma competi-ção nacional que envolveu estu-dantes de escolas elementares e

secundários nos Estados Unido, foi utilizada para baptizar o novo vaivém espacial. O seu nome foi anunciado pelo Presi-

dente George Bush em 1989. O Endeavour chegou pelaprimeira vez ao Centro Espacial Kennedy

em maio de 1991 e voou a sua primeira missão em Maio de 1992. Neste primeiro voo o

Endeavour recuperou e recolo-

cou em órbita um satélite de comunicações.

O contrato para a construção do Endeavour foi atribuído a 31 de

Julho de 1987 e o início da mon-tagem estrutural da fuselagem posterior teve lugar a 28 de Setembro do mesmo ano (a

montagem estrutural do módu-lo da tripulação havia sido ini-ciada a 15 de Fevereiro de

1982… sim, 1982!). As asas

do Endeavour chegaram às instalações da Rockwell em Palmdale a 22 de Dezem-bro. A montagem final teve

início a 1 de Agosto de 1988 e foi finalizada a 6 de Julho de 1990. O Endeavour dei-xou as instalações de fabri-

co a 25 de Abril de 1991 e foi transportado para o Centro Espacial Kennedy onde chegou a 7 de Maio

de 1991.

O Flight Readiness Review teve lugar a 6 de Abril de 1992 e a sua primeira mis-são teve lugar a 7 de Maio de 1992 (STS-49).

O Endeavour completa assim 25 missões espaciais percorrendo um total de 166.003.247 km. Transpor-tou 148 astronautas e todas as suas missões tiveram uma duração de 280 dias 9 horas 39 minutos e 44

segundos.

Rui Barbosa

O vaivém espacial OVO vaivém espacial OV--105 Endeavour 105 Endeavour

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Maio 2011 ASTRONÁUTICA

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Volume 1, Edição 4

O vaivém espacial OV-105 Endeavour, o mais novo de todos os vaivéns espa-ciais norte-americanos, iniciou a sua última mis-são espacial às 1256:26UTC do dia 16 de Maio de 2011. O lança-mento teve lugar desde a Plataforma de Lançamen-to A do Complexo de Lan-çamento LC-39 do Centro Espacial Kennedy, Florida.

A bordo do Endeavour seguem seis astronautas, sendo cinco norte-americanos e um italiano. O Endeavour é comanda-do por Mark Edward Kelly na sua quarta missão espacial. O Piloto do Endeavour é Gregory Harold Johnson que parti-cipar na sua segunda mis-são espacial. Os quatro Especialistas de Missão são Edward Michael Finc-ke (3ª missão), Roberto Vittori (Itália – 3ª missão), Andrew Jay Feustel (2ª missão) e Gregory Errol Chamitoff (2ª missão).

O principal objectivo da missão STS-134 / ISS ULF-5 é o transporte, entrega e colocação do espectó-metro AMS-2 (Alpha Magnetic Spectrometer), um detector que foi dese-nhado para operar a par-tir da ISS e procurar por vários tipos de partículas de matéria.

A bordo do vaivém espa-cial seguem partes

O último voo do Endeavour O último voo do Endeavour

sobressalentes para a ISS no ExPRESS Logistics Carrier-3 (ELC-3), entre as quais duas antenas de comunica-ções em banda S, um tan-que de gás a alta-pressão, um conjunto que compõe um tanque de amoníaco, caixas interruptores, um computador para o Cana-darm2 e um braço suplente para o robot Dextre. O ELC3 também transporta um conjunto de experiên-cias para o Departamento de Defesa que irão testar sistemas e conceitos de materiais para o voo espa-cial de longa duração na órbita terrestre baixa.

A missão STS-134 incluí quatro passeios espaciais (actividades extraveícula-res) que estarão focadas na manutenção da ISS, troca de experiências no exterior e transferência do sistema de sensores OBSS para a ISS. A tripulação irá deixar o sistema de sensores como um elementos per-manente para o auxílio de futuros passeios espaciais a partir da ISS.

Durante a missão, e após o Endeavour se separar da ISS, o vaivém irá aproximar-se de novo da estação para testar novas tecnologias de sensores que poderão faci-litar as futuras acopolagens de veículos à ISS.

O Endeavour irá agora pas-sar os próximos dois dias numa verdadeira persegui-

ASTRONÁUTICA

ção à estação espacial. No segundo dia da missão a tripulação irá levar a cabo a usual inspecção do sistema de protecção térmica do vaivém utilizando o sistema de sensores OBSS ligado ao Canadarm. Enquanto decorre a inspecção, os astronautas Fincke e Feustel irão preparar os fatos extraveículares que serão trans-feridos para a ISS após a acopolagem e que serão urtili-zados nas quatro actividades extraveículares. Após a inspecção e a arrumação do sistema de sensores OBSS, o braço robot do Endeavour irá ser conectado ao ELC3 para assim preparar a sua transferência para a ISS pou-co tempo após a acoplagem.~

No terceiro dia da missão o Endeavour irá aproximar-se e acoplar com a ISS. O sistema STORRM (Sensor Test for Orion Rel-nav Risk Mittigation) irá começar a obter dados num computador no interior do vaivém durante a fase de aproximação e acoplagem. A manobra de reaproximação irá acontecer mais tarde na missão.

Após a abertura das escotilhas entre o vaivém e a esta-ção, ambas as tripulações irão começar a trabalhar na utilização do Canadarm do Endeavour para a transfe-rência do ELC3 a partir do porão de carga do vaivém, sua transferência e entrega ao Canadarm2 e instalação na ISS.

O AMS-2 será instalado no quarto dia de voo. De forma similar ao que foi feito com o ELC3, os braços robot do vaivém espacial e da ISS irão trabalhar em conjunto para a instalação do espectrómetro. As tripulações irão também começar a transferir equipamentos e manti-mentos entre o Endeavour e a ISS, começando os pre-parativos para a primaira actividade extraveícular. As

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tripulações irão rever a coreografia do passeio espacia, enquanto que Feustel e Chamitoff irão passar a noite no interior do módulo Quest.

Cada um dos quatro passeios espa-ciais irá ter uma duração de seis horas e serão levados a cabo por três elementos da tripulação do Endeavour. Feustel é o astronauta líder para estas actividades. Tendo já levado a cabo três passeios espa-ciais, ele irá envergar um fato com riscas vermelhas. Fincke já levou a cabo seis passeios espaciais e irá envergar um fato extraveícular sem qualquer marca. Chamitoff irá levar a cabo o seu primeiro passeio espacial e irá envergar um fato com riscas vermelhas interrompi-das.

No quinto dia de voo, Feutel e Cha-mitoff irão recuperar duas expe-riências de exposição de materiais e instalar um novo conjunto de experiências no ELC2. Irão instalar sistemas de fornecimento de amo-níacona estrutura da ISS, irão ver-ter nitrogénio de um sistema de amoníaco e proceder à instalação de um sistema externo de comuni-cações wireless que permitirá as comunicações com os ELC monta-dos nos segmentos P3 e S3 da ISS.

No sexto dia de voo a tripulação irá transferir o sistema OBSS para a ISS que estará assim pronto para qual-quer inspecção mais detalhada que possa ser necessária. A tarde do sexta dia será uma tarde livre para os astronautas e Feustel e Fincke irão passar a noite no Quest.

Durante a segunda actividade

extraveícular, no 7º dia de voo, Feustel e Fincke irão reabastecer os radiadores da estrutura P6 com

amoníaco. Irão também finalizar os procedimentos para verter o siste-ma de amoníaco no P6, lubrificar o sistema de juntas num dos painéis solares e lubrificar uma parte do Dextre.

O 8º dia de missão incluí a transfe-rência de equipamento e manti-mentos, e tempo livre adi-cional para os astronau-tas. No final do dia, Feus-tel e Finc-ke não irão pas-sar a noi-te no módulo Quest dado que o terceiro passeio espacial irá ser antecedido de um novo protocolo de prepara-ção do corpo dos astronautas para prevenir a doença de despressuri-zação enquanto envergam os seus fatos espaciais extraveículares de baixa pressão.

Os novos preparativos para o pas-seio espacial, denominados “in-suit light exercise”, não requer que os astronautas passem a noite a pres-são reduzida e deverá utilizar menos oxigénio que está armaze-nado a bordo da ISS. Após enverga-rem os fatos na manhã do terceiro passeio espacial, Feustel e Fincke, irão levar a cabo um ligeiro exercí-cio ao “caminhar” durante 50 minutos, e depois descansarem durante 50 minutos. Após o pas-seio espacial os membros da tripu-lação e as equipas de suporte no solo irão avaliar o novo procedi-

mento para determinar se será utilizado na quarto e última excur-são.

O terceiro passeio espacial no 9º dia de voo será utilizado para a instalação de um novo dispositivo PDGF (Power and Data Grapple Fixture), bem como os cabos de

fornecimento de energia e de dados que lhes estão asso-ciados no módulo Zaryapara suportar operações robóticas a parte do segmento russo da ISS. Irão também instalar cabos adicionais para proporcionar um fornecimento redundante de ener-gia ao segmento

russo da estação espacial.

A “inspecção tardia” no escudo de protecção térmica do Endeavour irá ter lugar no 10º dia de voo. esta inspecção é usualmente levada a cabo após a separação entre os dois veículos, mas terá de ser leva-da a cabo neste dia pois o sistema OBSS foi já transferido para a ISS. Entretanto na estação espacial a tripulação irá iniciar três dias de trabalhos de manutenção do dis-positivo que remove o dióxido de carbono da atmosfera da ISS. Finc-ke e Chamitoff deverá passar a noi-te no Quest caso os resultados do novo protocolo de preparação para as actividades extraveículares não seja aprovado.

No 11º dia de voo, durante o quar-to e último passeio espacial da mis-são, os dois astronautas irão fixar o OBSS para armazenamento na

O último voo do Endeavour (cont.)O último voo do Endeavour (cont.)

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interface entre as estrutyra S0 e S1. Os dois astronautas irão também recolher o FDGF da estru-tura P6, remover o dispo-sitivo de fixação electró-nica do OBSS e substituí-lo com o dispositivo do PDGF do P6. Os dois astronautas irão então libertar dois dispositivos de fixação do Dextre e substituir partes do siste-ma de protecção térmica num dos tanques de gás no Quest.

Esta será a última activi-dade extraveícular que será levada a cabo por uma tripulação de um vaivém espacial, pois o único passeio espacial previsto para a missão STS-135 será conduzido por dois elementos da estação espacial (Michael Fossum e Ronald Garan).

O dia 12 da missão do

Endeavour incluí a orga-nização do equipamento utilizado nos passeios espaciais e mais trabalhos de transferência entre os dois veículos antes do encerramento das escoti-lhas.

O 13º dia inicia-se com a separação do Endeavour e continuará com o prin-cipal objectivo da expe-riência STORRM.

Uma vez separado da ISS,

o Endeavour deverá levar a cabo um voo em torno da estação espacial com a tripulação a obter ima-gens detalhadas da sua estrutura externa que servirá como uma impor-

Endeavour e o AMS Endeavour e o AMS tante documentação para as equipas em Houston para monitorizar o labora-tório espacial.

Terminada a manobra em torno da estação, o Endea-vour activará os seus moto-res para se afastar da ISS. Uma segunda activação dos motores do vaivém, que usualmente serviria para afastar ainda mais o vai-vém, servirá como a pri-meira de várias manobras para fazer o vaivém aproxi-mar-se da ISS para o teste dos sensores.

A reaproximação irá imitar a trajectória de aproxima-ção do veículo Orion. O teste irá categorizar a per-formance dos sensores no porão de carga do Endea-vour e a sua aquisição por parte de reflectores num alvo de acoplagem na esta-ção. Cerca de cinco horas após a acoplagem, os motores do Endeavour serão novamente activados para se afastar de vez da vizinhança da estação espa-cial.

O 14º dia de voo será utili-zado para a verificação do sistema de controlo de reacção do Endeavour e das superfícies aerodinâmi-cas de controlo. Ambos os sistemas serão utilizados no regresso à Terra.

A última aterragem do Endeavour está prevista para ter lugar no 15º dia de voo no Centro Espacial Ken-nedy.

Rui Barbosa

ASTRONÁUTICA

O vaivém espacial Endeavour, no seu último lança-mento, leva uma carga especial: O Espectrómetro Magnético Alfa (ou AMS-02).

O AMS-02 é um instrumento para medir as partículas e sua velocidade, especialmente os protões presentes na Radiação Cósmica de Fundo. Este instrumento irá ser instalado na Estação Espacial Internacional (ISS) e espera-se que recolha dados, pelo menos, durante uma década. Para além dos raios cósmicos, espera-se descobertas relativamente à matéria escura e sobre a antimatéria.

O AMS foi proposto pelo físico de partículas, Samuel Ting. O projecto foi proposto em 1995 e o protótipo AMS-01 foi lançado no vaivém Discovery (missão STS-91), em Junho de 1998. O AMS-02 era para ser envia-do no vaivém Columbia em 2005, mas dificuldades técnicas adiaram o lançamento. Hoje, este viajou no vaivém rumo à ISS.

Para Portugal, parceiro a ESA, esta última viagem tem um significado especial pois fez parte da equipa que construíu o AMS-02.

A equipa portuguesa foi coordenada por Fernando Barão, investigador do Laboratório de Instrumenta-ção e Física Experimental de Partículas e docente do Departamento de Física do Instituto Superior Técnico (info:ionline).

José Gonçalves

The Alpha Magnetic Spectrometer (AMS-02) is a state-of-the-art particle physics detector constructed, tested and operated by an international team composed of 60 institutes from 16 countries and organized under United States Department of Energy (DOE) sponsorship. The AMS-02 will use the unique environment of space to advance knowledge of the uni-verse and lead to the understanding of the universe's origin by searching for antimatter, dark matter and measuring cosmic rays. (Hungarian). Crédit: NASA

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Maio 2011

SuperSuper--Computador Desvenda Segredos do CarbonoComputador Desvenda Segredos do Carbono--1212

ARTIGOS

em 1954, deduziu a exis-tência deste estado energético do núcleo do carbono-12. Este estado excitado tem um tempo de vida finito e acaba por decair no estado de energia mínima do car-bono-12, a forma estável que observamos. Esta é a única forma de produ-zir carbono através de reacções de fusão.

Hoyle argumentou que o simples facto de o carbono-12 existir, impli-cava também a existência deste seu estado excitado. A abundância do carbono no Universo implica tam-bém que a sua produção pelo pro-cesso “triple-alpha” não poderia ser muito eficiente. Este tipo de confi-guração nuclear é particularmente improvável e Hoyle teve de insistir muito com os seus colegas experi-mentalistas para que verificassem a sua existência. Tal aconteceu, final-mente, em 1957, por intermédio de uma equipa do Caltech (California Institute of Technology).

A formação do carbono-12 é essen-cial não só para a vida, mas também para a continuação da cadeia de reacções de fusão no interior das estrelas que produzem elementos mais pesados. Sem o carbono não seria possível a formação de ele-mentos mais pesados como o oxigé-nio, o silício e o ferro, entre outros.

Apesar da importância desta reac-ção na nucleossíntese estelar e do facto do “Estado de Hoyle” ter sido identificado experimentalmente há mais de 50 anos, os cientistas não tinham conseguido ainda utilizar a teoria para calcular as propriedades

dos estados energéticos do núcleo do carbono-12, e verificar se esta-vam de acordo com os dados expe-rimentais. Tal tarefa envolve cálcu-los matemáticos complexos e é computacionalmente muito exigen-te.

Este feito foi aparentemente conse-guido agora por uma equipa consti-tuída pelos físicos Evgeny Epel-baum, Hermann Krebs, Dean Lee e Ulf-G. Meißner, que realizaram os cálculos durante uma semana num super-computador chamado JUGE-NE (o terceiro mais rápido do mun-do em Maio de 2009, por altura de um “upgrade”). As energias calcula-das para os diferentes estados do carbono-12 estão em bom acordo com os resultados experimentais o que reforça a confiança de que finalmente este desafio pode ter sido vencido.

Podem ver o artigo no qual me ins-pirei aqui, outra notícia aqui e uma outra explicação em português bem mais competente que a minha aqui.

Luís Lopes

O carbono, elemento essencial para a vida como a conhecemos, encontra-se na natureza principal-mente sob a forma de carbono-12. O “-12″ refere-se ao número de partículas nucleares, no caso 6 pro-tões e 6 neutrões. No Universo, 98.89% dos átomos de carbono têm núcleos com esta configura-ção.

O carbono-12 é formado no inte-rior das estrelas através de um pro-cesso designado de “triple-alpha”: duas partículas alfa (núcleos de hélio-4) reagem e formam um núcleo de berílio-8, o qual reage por sua vez com um terceiro núcleo de hélio-4 para formar car-bono-12. Esta reacção só é possível nas condições extremas de tempe-ratura e densidade existentes no interior de estrelas maciças, numa fase avançada da sua evolução.

O processo não é tão simples como parece e depende de uma coinci-dência notável. Na realidade, o núcleo de berílio-8 fica ligado de forma muito precária à terceira partícula alfa. Normalmente, esta associação temporária, designada pelos físicos de estado ressonante, desfaz-se rapidamente, resultando de novo em 3 partículas alfa livres. No entanto, por sorte, um estado excitado do núcleo do carbono-12 tem uma energia apenas ligeira-mente superior à energia do esta-do ressonante. Assim, 4 em cada 10 mil vezes, o estado ressonante adquire uma energia suficiente-mente elevada para se reconfigu-rar e formar esse estado excitado do carbono-12 que se designa por “Estado de Hoyle”. De facto, foi o astrofísico inglês Fred Hoyle que,

(O processo “triple-alpha” permite a

formação de um estado excitado do

núcleo do carbono-12. Crédito: Ameri-

can Physical Society)

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Volume 1, Edição 4 FÍSICA

No artigo publicado no arXiv.org, Aaron P. VanDevender da Halcyon Molecu-lar na cidade de Redwood, California, e J. Pace VanDevender da Sandia Natio-nal Laboratories em Albuquerque, Novo México, querem encontrar uma maneira de detetar mini buracos negros (MBN) que se pensa existir na natu-reza. Os seus cálculos sugerem que os mini buracos negros podem passar pela Terra diariamente, e constituem uma ameaça muito mínima para o pla-neta.

Os cientistas sugerem que estes MBN têm um comportamento e tamanho diferente dos Buracos Negros. Enquanto que um Buraco Negro surge do colapso de uma estrela de grandes dimensões e com uma massa mínima de 1023 kg, os MBN pensa-se que foram formados durante o Big Bang e poderão ter uma massa 10-23 kg. O comportamento de ambos com a matéria também é diferente: o buraco negro absorve toda a matéria que esteja dentro do horizonte do evento, puxando-a gravitacionalmente; em vez de absorver a matéria, estes MBN ligam-se gravitacionalmente à matéria, de modo que essa matéria gire em torno do buraco negro a uma certa distância. Ou seja, os áto-mos de matéria orbitam um MBN, devido à gravidade, como os electrões orbitam em torno de um núcleo devido a forças eletrostáticas - ambos sem cair para o núcleo – os físicos chamam este sistema teórico o equivalente gravitacional de um átomo (GEA).

Para os profetas das desgraças, aqui fica mais um dado: Os cálculos dos cientistas demonstraram que, para um buraco negro de 1 kg, levaria 1033 anos a engolir a Terra. Para comparar, o Universo tem cerca de 13.7 x 109 anos. E para MBN que possam ser criados no LHC, o tempo que demoraria a absorver a Terra seria muito superior.

O resto da notícia, para quem quizer saber mais, pode ser lida aqui.

Paper: A. P. VanDevender and J. Pace VanDevender. “Structure and Mass Absorption of Hypothetical Terrestrial Black Holes.” arXiv:1105.0265v1 [gr-qc] José Gonçalves

Mini Buracos NegrosMini Buracos Negros

Simulated view of a black hole in front of the

Large Magellanic Cloud. The ratio between the black hole Schwarzschild radius and the

observer distance to it is 1:9. Of note is the

gravitational lensing effect known as an

Einstein ring, which produces a set of two fairly bright and large but highly distorted

images of the Cloud as compared to its

actual angular size.

Sonda da NASA confirma teorias de EinsteinSonda da NASA confirma teorias de Einstein A sonda da NASA Gravity Probe B (GP-B) confir-mou duas das principais previsões derivadas da teo-ria geral da relatividade de Albert Einstein. O experimento, iniciado em 2004, usa qua-tro giroscópios extremamente precisos para medir o efeito das geodésicas, a curvatura do espaço e do tem-po em torno de um corpo gravitacional, e o efeito de arraste, a quantidade de espaço e tempo que um obje-to arrasta devido à sua rotação . GP-B determinou com precisão ambos os efeitos ao apontar para uma única estrela, IM Pegasi, enquanto descrevia uma órbita polar ao redor da Terra. Se a gra-vidade não afetasse o espaço e o tempo, os giroscópios do GP-B, apontariam para sempre na mesma direção, enquanto estivesse em órbita. Mas, na confirmação das teorias de Einstein, os giroscópios mediram altera-ções mínimas no sentido da sua rotação, enquanto a gravidade da Terra os puxava. Ver mais aqui, aqui, e aqui. José Gonçalves Crédito da Imagem: PhysOrg.com

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Maio 2011

Relatividade Geral: O Teste da Gravity Probe B Relatividade Geral: O Teste da Gravity Probe B

FÍSICA

No início do mês de maio de 2011, foram publicados resultados obti-dos com dados da sonda Gravity Probe B, que levou ao espaço um experimento para testar a Teoria da Relatividade Geral, de Einstein. Mais especificamente, o experi-mento buscava testar dois efeitos previstos pela teoria, a distorção e um arrasto do espaço (respectivamente,geodetic effect e frame-dragging, em inglês). O primeiro efeito é causa-do pela distribuição de massa, como o afundamento de um col-chão quando você deita sobre ele. O segundo é provocado pelo movi-mento da massa, como o café com leite que gira ao redor da colher quando você a faz se movimentar.

A Teoria da Relatividade Geral diz que o espaço e o tempo não são entidades independentes, mas for-mam um meio que chamamos hoje de espaço-tempo. A teoria diz ain-da que o espaço-tempo é distorci-do, ou perturbado, pela presença de massa, ou seja, o espaço e o tempo são alterados por corpos com massa. Quanto mais massa, maiores efeitos são percebidos.

Antes da Gravity Probe B, como é de se esperar, houve uma Gravity Probe A, lançada em 18 de junho de 1976. Em seu interior, havia um complexo dispositivo chamado maser de hidrogênio, que tinha o objetivo de ser um marcador de tempo altamente preciso. Seria algo como um metrônomo que músicos usam para marcar o tem-po durante a execução de uma música. O objetivo da missão era medir a mudança na cadência do tempo com a variação da gravida-de, desde a superfície da Terra, até

a uma altura de 10.000Km, onde o efeito da gravidade é consideravel-mente menor. A teoria dizia que a

gravidade aumenta o intervalo de tempo, ou seja, os relógios passam mais rápido quando estão sob menor influência gravitacional. Os resultados confirmaram isso, e toda missão durou apenas 1 hora e 55 minutos.

Enquanto a Gravity Probe A lidou com o aspecto da distorção do tempo, sua sucessora, Gravity Pro-be B, lidou com a distorção do espaço. Lançada em 20 de abril de 2004, a missão consistiu em um satélite que carregaria consigo quatro giroscópios construídos

com as esferas mais perfeitas já produzidas pelo homem. Cada esfera executava uma ininterrupta rotação, sendo que o eixo de rota-ção deveria estar sempre apontado para uma distante estrela de refe-rência. A estrela escolhida foi a IM Pegasi, ou HR8703, na constelação de Pegasus, e a cerca de 300 anos-luz de nós. Essa estrela tem uma magnitude visual de 5,65, quase no limite da visão humana, mas ainda visível a olho nu. Trata-se de um sistema binário (duas estrelas orbi-tando um centro de massa comum), e as razões para essa escolha foram sua posição próxima ao equador celeste, ser brilhante o suficiente para ser observada pelo telescópio da missão e seu brilho utilizado como referência, e por seu movimento ser bem conheci-do, devido a ser esse sistema uma forte fonte de ondas de rádio.

A distorção do espaço provocada

pela distribuição de massa da Terra faria o eixo da bolinha variar 6,6 segundos de arco em um ano. Isso equivale a 0,0018 graus. Para se ter uma ideia da pequenez dessa variação, considere que o tamanho da Lua Cheia, ou do Sol, vistos da Terra é de cerca 0,5 graus. Se você pegar o tamanho do diâmetro da Lua Cheia e dividir em 278 partes iguais, uma dessas partes equivale à variação esperada para o giroscó-pio em um ano orbitando a Terra. Se você acha isso uma precisão alta, leia mais abaixo…

O efeito de arrasto provocado pela rotação da Terra era previsto pela teoria como cerca de 0,041 segun-dos de arco, ou 0,00001 graus. Isso é equivalente a uma parte do diâ-metro do disco lunar no céu dividi-

Representação da distorção do espaço-

tempo ao redor da Terra.

Representação do pequeno arrasto, ou

deslocamento, provocado no espaço-

tempo pela rotação da Terra.

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Volume 1, Edição 4 FÍSICA

do em 50.000 partes. Pois é, bem menor que o efeito da distorção do espaço pela distribuição de massa da Terra. Ainda não é a maior preci-são de dados envolvida na missão.

Ambos os efeitos foram detectados por variação na inclinação do eixo de rotação das bolinhas dos giros-cópios. O efeito de arrasto do espa-ço deveria ser detectado com uma variação da inclinação em relação ao plano do eixo de rotação da Ter-ra, perpendicular ao seu plano de órbita (note que o eixo de rotação da Terra não é perpendicular ao plano da órbita, mas o plano onde está esse eixo é). O feito da distor-ção pela distribuição de massa seria detectado perpendicularmente. Dessa forma, cada gisroscópio poderia medir ambos efeitos, como na ilustração ao lado.

As partes mais importantes do apa-rato, como as bolinhas dos giroscó-pios e o telescópio, foram construí-das com quartzo, que apresenta pouca variação de tamanho sib mudança de temperatura. Segundo um release publicado pela NASA em fevereiro de 2005, se as bolinhas dos giroscópios fossem ampliadas até o tamanho da Terra, não have-ria qualquer saliência (vales ou montanhas) com mais de 2,4 metros. A necessidade da constru-ção de esferas tão perfeitas foi para minimizar qualquer alteração no eixo de rotação que não fosse devi-do aos efeitos relativísticos. Segun-do o mesmo release, os equipamen-tos da Gravity probe B eram capa-zes de detectar uma variação na orientação dos eixos de 0,0005 segundos de arco, o equivalente a espessura de um cabelo humano visto a 32 quilômetros, ou a uma parte do diâmetro do disco da Lua Cheia dividido em 3.600.000 partes.

Os resultados da Gravity Probe B foram altamente satisfatórios e, sem dúvida, a missão pode ser fes-tejada por Físicos e Astrônomos. Esse foi o primeiro teste do efeito de arraste do espaço, mas o efeito da distorção por distribuição de massa já foi verificado em diversas observações astronômicas. E, sobretudo, nos lembremos tam-bém que o primeiro teste da Teoria da Relatividade Geral foi feito com fotos do céu obtidas no Brasil, na cidade de Sobral, no Ceará, e em Principe, em 1919.

Esse pot foi também publicado no blog astronomia.blog.br.

Leandro Guedes

Já demos conta no nosso blog de que os dados recolhidos pela sonda Gravity Probe B e tratados pela equipa do Pro-fessor Francis Everitt (Standford Uni-versity), confirmaram as teorias da gra-vidade de Einstein. Também divulga-

mosvídeos com pormenores e cada etapa de todo o trabalho desenvolvido, assim como também uma explicação

mais exaustiva para os mais curiosos.

Deixo-vos neste link o vídeo feito pela Science@NASA e traduzido para por-tuguês, que explica duma forma sim-

ples o que foi feito.

http://astropt.org/blog/2011/05/14/

vortice-espaco-temporal/

Também há um post com vídeos mais

completos, mas em inglês:

http://astropt.org/blog/2011/05/09/

gravity-probe-b/

José Gonçalves

Os efeitos relativísticos foram detectados ortogonalmente.

Vórtice EspaçoVórtice Espaço--

Temporal Temporal

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Maio 2011

Entrevista com Gregory LaughlinEntrevista com Gregory Laughlin

EXOPLANETAS

Gregory Laughlin é uma figura proeminente na área da ciência planetária. Doutorado em Astrono-mia e Astrofísica pela Universidade da Califórnia, Santa Cruz, em 1994, fez trabalho pós-doutoral como “fellow” da NSF/JSPS, em Tóquio, bem como nas Universidades do Michigan e da Califórnia (em Ber-keley). Entre 1999 e 2001, traba-lhou como cientista planetário no Ames Research Center da NASA. Desde 2001 é professor na Univer-sidade da Califórnia, Santa Cruz. Em 2004 recebeu o prémio NSF CAREER e foi promovido a “Full Professor” em 2007.

O professor Laughlin está envolvi-do em algumas das iniciativas mais originais relacionadas com a desco-berta e caracterização de exopla-netas e sistemas planetários. Recentemente concedeu-nos uma pequena entrevista onde nos fala da sua investigação.

[AstroPT] – Can you give us a short

overview of the projects and collaborations you are currently involved in ?

[Greg Laughlin] – Right now, I’m working on a few different projects. One of these is the Lick-Carnegie planet search, which is a Doppler velo-city survey that is aimed at finding planets orbi-ting bright nearby stars, with an emphasis on stars having less mass

than the Sun. I’ve writ-ten posts at oklo.org which outline some of the discoveries by this

project, including the planets orbi-ting the Sun-like star 61 Virginis, and the Laplace resonance among the planets orbiting Gliese 876.

A second project consists of analy-sis of Spitzer photometric data for extrasolar planets on mildly to highly eccentric orbits. I’m interes-ted in how the weather behaves on planets that are strongly irradiated, but which, because of orbital eccentricity, cannot be in purely synchronous rotation. Interesting cases are provided by Gliese 436b (we recently published an article on our work as part of a larger team led by Heather Knutson) and by HD 80606b. We have an interes-ting result for the HD 80606 case, which should be submitted quite soon.

I’m also interested in the Kepler data, and I’ve been working on these data sets with my students. Nothing to report here yet, but we do have some interesting hypothe-

ses that we are testing.

[AstroPT] – You are the mentor of transitsearch.org, a project that involves professionals and ama-teurs worldwide to detect transi-ting exoplanets. Can you describe the rationale behind the project and the way the observing cam-paigns are organized ?

[Greg Laughlin] – The transit-search.org project has been brought to a successful conclusion, and right now, the website is just an ephemeris service. When tran-sitsearch.org was in its active pha-se, we identified planets that had been discovered by the radial velo-city method, but which were not known to transit. We organized photometric campaigns by widely dispersed amateur and participa-ting professional observers to check the candidates for transits. We succeeded in ruling out transits for a number of planets, and then eventually had successes, first with HD 17156b, and then with HD 80606b.

[AstroPT] – Perhaps the most spec-tacular success of transitsearch.org so far was the discovery that HD80606b transits. Actually, as far as I know, HD80606b has become a personal favorite of yours. Can you tell us about this system, the pla-net and how the campaign that led to the discovery of the transits unfolded ?

[Greg Laughlin] – I’ve always liked the HD 80606 system because of the crazy orbit of the planet. Its eccentricity is high enough so that it spends most of its time at a dis-tance near 0.9AU from the parent star, but then every 111.4 days,

Gregory Laughlin

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Volume 1, Edição 4 EXOPLANETAS

comes racing in for a close encounter — a mere five or six stellar radii — from the surface of the star. The resulting burst of heating is guaranteed to pro-vide an interesting situation on the planet, and indeed, I think it’s a good test case to study to understand how planets beha-ve in general.

[AstroPT] – You had the chance to observe this system with Spitzer twice (one of them very recently). In the first run you observed the secondary eclipse of HD80606b. Can you describe the importance of this observa-tion and how it added to the knowledge of the system ? What was the main objective of the most recent observation with Spitzer ?

[Greg Laughlin] – One nice thing that came from the HD 80606b Spitzer observations was the discovery that the pla-net undergoes secondary tran-sit. This allowed the temperatu-re of the planet to be measu-red, and also for the entire light curve to be calibrated. With the calibrated Spitzer 8 micron light curve, we were able to work out that the heat capacity of the atmosphere seen by Spitzer is relatively low. It seems to heat up quickly and cool down quickly. Our follow-up observa-tions, which will be published soon, are geared to provide: (1) a measure of the amount of tidal dissipation that is occur-ring in the system; (2) a direct measurement of the spin fre-quency (length of the day) on the planet, and; (3) a confirma-tion of the radiative timescale at the shorter 4.5 micron wavelength. The data that we’-

[A órbita de HD80606b próximo do periastro. Note-se a indicação da janela temporal em

que foi observado pelo telescópio Spitzer e que resultou na detecção do eclipse secundário

(o planeta passa por detrás da estrela quando visto a partir da Terra). Note-se que o eclipse

primário (em que o planeta passa em frente da estrela visto da Terra, normalmente designa-

do por trânsito) ocorre alguns dias depois do eclipse secundário e da passagem pelo perias-

tro. O tempo que decorre entre o eclipse secundário e o eclipse primário é fortemente depen-

dente da forma da órbita, o que permitiu refinar o cálculo da excentricidade da mesma. Cré-

dito: oklo.org]

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Maio 2011

Entrevista com Gregory Laughlin (cont.)Entrevista com Gregory Laughlin (cont.)

EXOPLANETAS

ve obtained are quite interesting, and we’re trying to provide the best possible interpretation in the paper that we’re writing.

[AstroPT] – Personally, how is your daily routine affected when a tran-sitsearch.org campaign is on and you know someone somewhere may be taking data that will reveal a new planet ?

[Greg Laughlin] – It was quite exci-ting. For both the HD 17156 and HD 80606 campaigns, it was quite exciting to monitor the steady stream of reports coming in from around the world. It’s interesting

to sit at your desk and to think about the observers scattered all over the globe. In both cases there was this odd pattern of exciting news followed by news that dam-ped down excitement. In both cases, it was about two weeks after the transit before it really became clear that the signal had been detected.

[AstroPT] – What is the most valuable transitsearch.org disco-very you could hope for and why ?

[Greg Laughlin] – I think that HD 80606b was about the best that we could have hoped for. In this case,

there’s (relatively speaking) a very bright parent star, which means that there will always be the possi-bility for cutting-edge follow-up measurements as more sensitive detectors are developed. I think that it’s unlikely that there are any brighter stars with transiting pla-nets on such long-period and highly eccentric orbits. HD 17156b was also very valuable, again, because of the brightness of the parent star. When the Hubble Spa-ce Telescope was waiting to be repaired, and when the Fine Gui-dance Sensor was the only functio-ning instrument on the spacecraft, they carried out one of the longest duration HST observations that has ever been made, and the target was HD 17156.

[AstroPT] – You have been working

on the atmospheric modeling of hot jupiters with Jonathan Lang-ton. Can you tell us how good cur-rent models are in predicting observations, in particular those obtained with Spitzer ? What do we know for certain about the atmospheric circulation in hot jupi-ters ?

[Greg Laughlin] – Our experience so far is indicating that, while it’s amazing that we can get any infor-mation about the properties of planets that are so incredibly dis-tant, there is a lot that we don’t know. There are a number of ways in which we can interpret a lot of the observations that have been made, and some of the conclusions regarding atmospheric composi-tion might not be as secure as we might have hoped. I think that the eccentric planets — where you are guaranteed to not be in steady sta-

[A curva de luz do eclipse secundário observado pelo telescópio Spitzer. Medindo o

brilho infravermelho do sistema imediatamente antes (ou imediatamente depois) e

durante o eclipse secundário é possível determinar o brilho infravermelho devido

apenas ao planeta e desta forma calcular a temperatura das camadas de topo da sua

atmosfera. De notar que, imediatamente antes de desaparecer (ou imediatamente

após re-aparecer) por detrás da estrela, o planeta mostra-nos o seu lado diurno com-

pleto, sem fases. No caso do HD80606b, as observações permitiram calcular que a

dita temperatura subiu dos 800 Kelvin (500 °C) para os 1500 Kelvin (1200 °C) em

apenas 6 horas, durante a passagem pelo periastro. Crédito: NASA / JPL-Caltech /

Greg Laughlin]

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Volume 1, Edição 4 EXOPLANETAS

te, and where you have a known impulsive energy deposition — have a lot of potential to sort out some of the more maddening ambiguities. Overall, I’m always amazed that Spitzer was so well suited for studying exoplanets, and when the mission was being desig-ned, the planets weren’t even known to exist!

[AstroPT] – Another brainchild of yours is the Systemic Console, that allows just about anyone to explo-re planetary system architectures by matching orbital configurations with real and synthetic radial velo-city data. How did this project come about and what kind of scientific return is it providing ?

[Greg Laughlin] – The project came about because I had been working with radial velocity data from various stars, and I badly wanted an interactive environment where one could test hypotheses quickly. It also seemed like a natural appli-cation for a Java applet, because the control of the orbits is very intuitive, and because the underl-ying physics is so simple. With regards to scientific return, the console has been a useful tool for analyzing data, and it has impres-sed upon me the importance of more sophisticated methods for parameter estimation and error analysis. It’s my hope that the con-sole can evolve in these directions to become a truly world-class resource.

[AstroPT] – Tell us about the oklo.org blog and how it connects with your research and the above mentioned projects.

[Greg Laughlin] – With oklo.org, I’ve tried to report on new deve-lopments concerning extrasolar planets in a manner that is useful both to scientists who are working

in the field and to interested mem-bers of the public. It’s sometimes been useful for research because it gets me thinking about certain pro-blems from an alternative point of view. I think that it has allowed me to have made some connections that I otherwise would not have necessarily made.

[AstroPT] – You are involved in an epic effort led by Debra Fischer to

hunt for (terrestrial) planets around Alpha Centauri B, using the 1.5m CTIO (Cerro Tololo Inter-American Observatory). Why do you focus on Alpha Centauri B and not (also) on A ? Can you describe the rationale of the project and the infra-structure it uses ? How will you be able to detect such a faint signal when the current high reso-

lution spectrographs for radial velo-city programs achieve at best 1 m/s precision ? When do you expect results ?

[Greg Laughlin] – The focus is on Alpha Centauri B for several rea-sons: (1) it’s a lower-mass star, so the metal lines are more prominent, and its easier to get high-precision velocities; (2) the level of stellar jit-ter appears to be lower than for A;

(3) at a given mass planet, the radial velocity half-amplitude, is higher for B, and; (4) the habitable zone is at periods of approximately 260 days. All this means that a detection will be easier to make around Alpha Centauri B. Alpha Centauri A is also being observed, and the comparison of the two data sets may help to isolate periodicities that are due to

[Imagens de uma simulação da evolução da circulação atmosférica no lado nocturno

do HD80606b durante a sua passagem no periastro, altura em que é sujeito à radiação

intensa da estrela hospedeira. São visíveis tempestades gigantescas sob a forma de

vórtices e um jet-stream poderoso na zona equatorial. A atmosfera do planeta brilha

na escuridão devido à forte irradiação a que foi submetido. Crédito: NASA / JPL-

Caltech / J. Langton.]

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Maio 2011

Entrevista com Gregory Laughlin (cont.)Entrevista com Gregory Laughlin (cont.)

EXOPLANETAS

systematic errors being introduced at the telescope or by the data reduction pipeline. Per point mea-surement is at best 1 m/s, but if the noise is Gaussian (and that’s a big if!!!) then one can let root(N) do its work by obtaining a large number of measurements. The basic ideas are fleshed out in more detail in the series of oklo posts from July through August of 2006. The HARPS team (at La Silla Obser-vatory) is also observing the sys-tem at very high cadence, and so I expect that one way or another there will be an interesting result announced sometime within the next 2-3 years.

Notas: Gregory Laughlin fala de um conjunto de termos técnicos que passo a descrever para facilitar a leitura do texto.

“Tidal Dissipation” – Muitos plane-tas orbitam tão próximo das estre-las hospedeiras que as forças de

maré por elas exercidas podem ter consequências importantes. Por um lado, a energia dissipada na interacção pode aquecer o interior do planeta, tal como acontece com o satélite de Júpiter, Io, alterando radicalmente as suas característi-cas físicas. Externamente, as forças de maré podem colocar o planeta em rotação síncrona, i.e. o seu período de rotação ser igual ao seu período orbital, mostrando sempre a mesma face para a estrela, como acontece com a Lua relativamente à Terra. As mesmas forças podem ainda circularizar a órbita do plane-ta, se originalmente esta tiver uma excentricidade não nula. No caso de HD80606b, Laughlin quer deter-minar o que está a acontecer ao planeta ou à sua órbita como resul-tado das forças de maré exercidas pela estrela hospedeira próximo do periastro.

“Jitter” – Variações na velocidade radial em escalas de tempo que

vão de minutos até dias, provoca-das pela actividade intrínseca da estrela, nomeadamente: oscila-ções, convecção junto à superfície e “manchas solares”. O “jitter” dá origem a um ruído de fundo nas observações de velocidade radial que dificulta substancialmente a detecção de planetas cuja amplitu-de do sinal seja inferior. O “jitter” de uma estrela depende da sua massa, actividade e idade. Em geral, a actividade diminui de intensidade com a idade da estrela. Desta forma, as melhores estrelas para detectar planetas são anãs de tipo espectral G e K e de idade avançada. Este é precisamente o tipo de estrela observada pela maioria dos programas de detec-ção pela velocidade radial. Detec-tar planetas em estrelas com um “jitter” mais elevado pode ser feito em alguns casos mas à custa de uma cadência de observações mui-to superior, e o tempo de telescó-pio num instrumento de ponta é muito caro. No caso do projecto da Alfa do Centauro B, Fischer e a equipa têm um telescópio reserva-do para o efeito o que é excelente.

“Radial Velocity Half-Amplitude” – Quantidade que define a influência gravitacional de um planeta na sua estrela hospedeira, através da variação máxima na velocidade radial da estrela provocada pelo planeta. Planetas com maior mas-sa, com menor período orbital, com órbitas de elevada excentrici-dade e com estrelas hospedeiras menos maciças têm valores maio-res desta quantidade e são mais fáceis de detectar.

“root(N)” – Se o ruído nas observa-ções tem uma distribuição gaussia-

[Um "screen shot" do software Systemic Console, desenvolvido pela equipa de Laugh-

lin. Crédito: Luís Lopes]

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Volume 1, Edição 4 EXOPLANETAS

na é possível combinar N observa-ções individuais para aumentar a precisão na razão da raíz quadrada de N. Por exemplo, para aumentar a precisão 4 vezes seria necessário combinar 16 observações. Isto implica um aumento considerável no tempo de observação e, no caso do projecto da Alfa do Centauro B, um telescópio exclusivamente dedicado para o efeito, uma vez que a precisão do espectrógrafo utilizado logo à partida não é tão elevada como a do HARPS.

“Radiative Timescale” – O tempo que o planeta demora a re-emitir para o espaço a energia recebida da estrela e absorvida pela sua atmosfera. Se este valor é peque-no, a atmosfera do planeta não tem tempo de distribuir o calor acumulado e o planeta apresentará grandes diferenças de temperatu-ra, por exemplo, entre os lados diurno e nocturno. Se o valor é grande, é de esperar que a atmos-fera consiga distribuir uma parte significativa do calor absorvido,

tornando mais homogénea a tem-peratura do planeta.

O que se segue é uma tradução livre da entrevista. Qualquer erro ou má interpretação da informa-ção fornecida pelo entrevistado é da exclusiva responsabilidade do autor.

Inicialmente, Greg Laughlin fala-nos dos seus projectos actuais que incluem: (1) o estudo dos planetas e sistemas descobertos pelo pro-jecto Lick-Carnegie Planet Search; (2) a análise de observações reali-zadas pelo telescópio Spitzer de sistemas com planetas com órbitas de excentricidade moderada a ele-vada. Estes planeta, diz, devido à excentricidade das suas órbitas, não podem ter uma rotação síncro-na e permitem uma análise menos ambígua das observações e a sua comparação com modelos; (3) a análise dos dados recolhidos pela missão Kepler.

Pedimos depois a Laughlin que nos descrevesse o projecto transit-search.org do qual foi o mentor. Laughlin diz-nos que o projecto terminou. No entanto, a página da Internet do projecto continua a proporcionar um serviço actualiza-do e preciso de efemérides para trânsitos de exoplanetas. Durante a sua fase activa, o projecto organi-zou várias campanhas de observa-ção de alvos potencialmente inte-ressantes, estrelas com planetas descobertos pela técnica da veloci-dade radial e cujas características orbitais tornavam elevada a proba-bilidade de um trânsito ser obser-vado. Desta forma foi possível demonstrar que vários planetas não transitavam as estrelas hospe-deiras e descobrir dois planetas notáveis, o HD17156b e o HD80606b, muito maciços e com órbitas de elevada excentricidade.

[O telescópio de 1.5 metros do CTIO

utilizado pela equipa de Fischer na bus-

ca de planetas em torno da Alfa do Cen-

tauro B. Crédito: Debra Fischer]

Sobre o sistema HD80606, Laughlin diz-nos que o que o atraiu no mes-mo foi o facto de ser tão extremo. A excentricidade é tão elevada que o planeta passa a maior parte do tem-po a uma distância próxima de 0.9 u.a. e a cada 114 dias mergulha ver-tiginosamente para um encontro com a sua estrela hospedeira a uma distância de apenas 5 ou 6 raios estelares no periastro. O aqueci-mento a que é submetido é brutal o que torna o seu estudo particular-mente relevante para entender a física destes planetas. Depois da descoberta de que o HD80606b rea-lizava trânsitos, através de uma campanha excepcional do transit-search.org, Laughlin observou o sis-tema através do telescópio Spitzer durante uma janela temporal que cobria algumas horas antes e depois do periastro. Inesperadamente, foi detectado também um eclipse secundário o que permitiu a medi-ção da temperatura do planeta, o refinamento da excentricidade da órbita e a medição de uma caracte-rística da atmosfera designada de “radiative timescale” que mede a capacidade da atmosfera re-emitir energia estelar absorvida. O valor observado para 8 micrómetros, um dos canais do Spitzer, foi baixo (veja-se nota no fim da entrevista). Uma nova ronda de observações teve lugar entretanto com o objectivo de determinar os efeitos das forças de maré no planeta e na sua órbita (“tidal dissipation”), a medição do período de rotação do planeta e a confirmação do valor obtido ante-riormente para a “radiative timesca-le”. Os resultados serão publicados brevemente num artigo. Laughlin diz-se maravilhado com a qualidade excepcional das observações realiza-das pelo telescópio Spitzer e como é particularmente adequado para a

Page 38: astroPT Mai2011

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Maio 2011

Entrevista com Gregory Laughlin (cont.)Entrevista com Gregory Laughlin (cont.)

EXOPLANETAS

observação de exoplanetas, não tendo sido desenhado para o efei-to. De facto, quando o telescópio foi desenhado, nenhum exoplaneta tinha ainda sido descoberto !

Laughlin fala-nos depois da espec-tativa que sentia quando estava em curso uma campanha do tran-sitsearch.org, de como era interes-sante sentar-se na secretária e pensar em todos os observadores espalhados pelo mundo que naquele momento estavam a reco-lher dados. Nas campanhas que resultaram na descoberta dos trân-sitos do HD17156b e do HD80606b, às primeiras mensa-gens que pareciam indicar a detec-ção do trânsito, sucederam-se outras que as pareciam contradi-zer. Só ao fim de cerca de duas semanas, com uma análise mais cuidada de todas as observações, foi possível ter a certeza de que o trânsito tinha de facto sido detec-tado. HD80606b é considerado pelo entrevistado como o maior sucesso do transitsearch.org. De facto, refere que dificilmente poderia ser sido descoberto um sistema mais interessante, tendo em conta o brilho elevado da estrela hospedeira, que permite a obtenção de observações de gran-de qualidade, e a sua configuração orbital extremamente rara. HD17156b é também um sistema valioso, embora não tão extremo. Aquando da avaria das câmaras do telescópio Hubble, este sistema foi o alvo da observação mais longa realizada com o telescópio, utili-zando um Fine Guidance Sensor como fotómetro.

Em seguida pedimos a Laughlin que nos falasse do software Syste-

mic Console desenvolvido pela sua equipa e do blog oklo.org que mantém, e de que forma estes contribuem para a sua investiga-ção. Systemic Console é um soft-ware que surgiu da necessidade que Laughlin tinha de uma ferra-menta na qual pudesse testar facil-mente ideias sobre a estrutura de sistemas planetários. O software foi disponibilizado através do blog oklo.org no qual Laughlin escreve sobre descobertas recentes e as suas implicações e sobre o seu pró-prio trabalho de investigação. Laughlin diz-nos que a interacção com a comunidade possibilitada pelo blog permitiu explorar vias na sua investigação que de outra for-ma dificilmente se teriam concreti-zado.

Finalmente, pedimos a Laughlin

que nos descrevesse um outro pro-jecto a que está ligado, liderado pela famosa astrofísica Debra Fis-cher: a busca de planetas na estre-la Alfa de Centauro B. O entrevista-do diz-nos em primeiro lugar que a componente B do sistema foi esco-lhida devido a 4 características fun-damentais: (1) é uma estrela menos maciça, mais fria, em que as linhas espectrais dos metais são bem definidas permitindo a medi-ção da velocidade radial com maior precisão; (2) o “jitter” da estrela é menor que o da componente A (veja-se nota no final da entrevis-ta); (3) para uma dada massa pla-netária, a amplitude da variação da velocidade radial é maior em B do que em A (veja-se nota no final da entrevista), e; (4) a zona habitável da componente B está a uma dis-tância que corresponde a períodos orbitais de cerca de 260 dias

(menos do que seria para a compo-nente A, e portanto permite a detecção de planetas em menos tempo). Devido ao facto de a preci-são necessária para detectar plane-tas de tipo terrestre em órbitas tão afastadas ser superior ao estado da arte (cerca de 1 m/s), a estratégia passa por compensar a falta de precisão nas observações indivi-duais combinando várias até atin-gir a precisão desejada. Isto requer imenso tempo de observação dis-ponível que no caso do projecto é garantido com um telescópio dedi-cado no Observatório de Cerro Tololo, no Chile. Laughlin diz-nos que, com a equipa do HARPS tam-bém na corrida e apenas a 60 qui-lómetros no Observatório de La Silla, o veredicto sobre a existência ou não de planetas em torno da Alfa do Centauro B deverá ser conhecido dentro de 2 ou 3 anos.

Luís Lopes

PU

B

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Volume 1, Edição 4 EXOPLANETAS

Geoffrey Marcy, actualmente pro-fessor de astronomia na Universi-dade de Berkeley, é um dos pionei-ros no estudo dos exoplanetas e um dos investigadores mais influentes da área. A sua carreira está pontuada por várias contribui-ções fundamentais em que esteve envolvido, de entre as quais se des-tacam: primeira medição do efeito de Zeeman (desdobramento das linhas espectrais na presença de campos magnéticos) no espectro de estrelas de tipo solar, a desco-berta do “deserto de anãs casta-nhas” (inexistência de anãs casta-nhas a menos de 5 u.a das estrelas hospedeiras), o desenvolvimento

de métodos capazes de medir a veloci-dade radial até uma precisão de 3 m/s, a descoberta de 70 dos primei-ros 100 exo-planetas conhecidos, descoberta do primeiro siste-ma múltiplo

(upsilon Andromedae), descoberta do primeiro planeta em trânsito (HD209458b), descoberta do pri-meiro exoplaneta a orbitar para lá de 5 u.a. (55 Cancri d) e descoberta dos primeiros planetas do tama-nho de Neptuno (GJ 436b e 55 Can-cri e).

O seu contributo para a área é alvo

de contínuo reconhecimento como o demonstra o facto de ser reci-piente de inúmeros prémios presti-giados como por exemplo: Califor-nia Scientist of the Year (Abril de 2000), membro da National Aca-demy of Sciences (Abril de 2002), NASA Medal for Exceptional Scien-tific Achievement (Junho de 2003), Shaw Prize (Setembro de 2005) e

Entrevista com Geoff MarcyEntrevista com Geoff Marcy

Carl Sagan Prize for Science Popula-rization (Novembro de 2009).

Recentemente o Geoff Marcy conce-deu uma entrevista ao AstroPT onde nos falou do seu percurso científico e dos seus projectos e descobertas mais recentes.

[AstroPT] - What is your academic background and when did you first become interested in exoplanets as a research topic ? What was the field like at the time ? What pro-blems did you have to solve in order to finally produce the first discove-ries ?

[Marcy] - I received a bachelors degree in both physics and astro-nomy from UCLA in Los Angeles in 1976. I received my Ph.D. from the University of California at Santa Cruz in 1982. My research was on magne-tism of stars. I was offered a posi-tion as a “Carnegie Fellow” at the Carnegie Observatories in Pasadena California in 1982, giving me a chan-ce to use the Mount Wilson 100-inch telescope. It was at Mount Wil-son Observatory that I realized one could measure Doppler shifts very precisely, enabling the detection of the wobble of a star caused by the gravitational pull by any orbiting brown dwarfs or planets. That’s when I started the planet search.

No one else was searching for brown dwarfs or extrasolar planets at that time (1982), as far as I knew. The biggest problem I faced was fin-ding a technique to measure Dop-pler shifts with adequate precision. Back then, I worked hard to finally achieve a precision of 230 meters/sec. For comparison, now in 2011 we achieve a Doppler precision of 1 meter/sec.

Geoff Marcy (Crédito: NASA)

(O cume do Mauna Kea no Hawaii com os dois telescópios do Observatório Keck

utilizado por Geoff Marcy no projecto Eta-Earth e no seguimento de candidatos do

Kepler. À esquerda pode ver-se o telescópio Subaru e à direita o IRTF (InfraRed

Telescope Facility) da NASA. Crédito: Kelly E. Fast)

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Maio 2011

Entrevista com Geoff Marcy (cont.)Entrevista com Geoff Marcy (cont.)

EXOPLANETAS

From 1984 until 1995 I searched for planets and brown dwarfs orbi-ting other stars, but I failed to find them. Those 11 years of failu-re were very dif-ficult for me. I felt nervous that I was wasting telescope time and wasting money and my own life.

[AstroPT] - You are one of the leading investi-gators for the NASA/UC Eta-Earth project, that focuses on the detection of planets in the lower end of the mass spectrum. Can you describe the research problem you are trying to answer, and the observing and data-processing infrastructure used by the project ?

[Marcy] - The key question is the fraction of stars that harbor an Earth-size planet. Currently we don’t know if Earth-size planets exist around 1%, 10%, or 80% of all stars. The “Eta-Earth project” is designed to measure the Doppler shifts of 230 nearby solar-type stars with extreme Doppler preci-sion, to detect planets of nearly Earth-size orbiting them in close-in orbits.

We use the Keck telescope in

Hawaii about 20 nights per year for the Eta-Earth project. Every night we point the telescope at about

120 stars, spending 5 minutes per star to spread the light into all of

its wavelengths (colors) and storing that spectrum on the computer. The next day, we analyze those spectra to determine the Doppler shifts, hoping to detect slight chan-ges that would indicate that the star is wobbling due to a small pla-net pulling on the star. We use 32 Mac (Apple) computers in parallel to analyze all of the data from the previous night, taking all day to finish the calculations. Then we hunt through the Doppler measu-rements, looking for evidence that the stars are wobbling.

[AstroPT] - Projects like Eta-Earth, AAPS and HARPS-GTO are slowly revealing a large population of Neptunes and Super-Earths. With the available data, what can be said about the frequency of these

planets and the architectures of planetary systems ?

[Marcy] - We now know that there are more small planets, the size of Nep-tune, than large planets the size of Jupiter. This is an amazing dis-covery about the distribution of sizes of planets. We now know, for the first time, that small pla-nets are more common than large planets.

[AstroPT] - As a co-investigator for the Kepler mission your job

is to do the follow up and confir-mation of planet candidates. How is this process organized ? What are the technical difficulties of measuring precise radial velocities for Kepler’s typically faint stars ?

[Marcy] - The Kepler team has a committee called the “TCERT” which stands for, “Transit Crossing Event Review Team”. We judge the quality of the planet candidates that come from the photometry pipeline. We then determine what types of follow-up observations are needed to verify the planet candi-dates. For example, the TCERT may recommend that the Keck telesco-pe take spectra, to determine if the Doppler shift is consistent with the planet found by Kepler. The TCERT may also request that we obtain

(A curva de velocidade radial da Super-Terra HD156668b, descoberta em 2010 pelo

projecto Eta-Earth. Crédito: projecto Eta-Earth)

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Volume 1, Edição 4 EXOPLANETAS

enough Doppler measurements with the Keck telescope to deter-mine the mass and density of the planet.

The greatest technical difficulty is determining the point-spread-function (PSF) of the spectrometer during the observation. Any asym-metries in the PSF of the spectro-meter will cause false Doppler shifts. We guide the telescope very precisely on the star to avoid this problem.

We also use a long slit, to allow us to subtract the moonlit sky from our spectra. These stars are so faint, typically 13th or 14th magni-tude, that the moonlit sky contami-nates our spectra. We subtract the moonlight, to yield a pure spec-trum of the Kepler star.

[AstroPT] - Currently, the best pre-cision obtained with the radial

velocity technique is about 1 m/s. How then will you be able to mea-sure the fainter signals (around 0.1 m/s) required to confirm the pla-netary status of Earth-size candida-tes in the habitable zone ?

[Marcy] - Achieving a precision of 0.1 m/s is not possible. The stars have convection on their surfaces preventing a firm Doppler measu-rement to a precision better than 1 m/s. That is the best anyone can achieve for solar-type stars. We will not be able to confirm Earth-size planets in the habitable zone [using the radial velocity techni-que].

[AstroPT] - The Kepler team has recently announced the discovery of 1235 planet candidates in their data. Is there some estimate of how many of these are expected to be real planets ? Most of the candi-

dates are Neptune- to Earth-size, with gas giants being comparati-

vely rare. What is the data telling us about the frequency of each of the-se different kinds of planets around other stars ? Is this in agreement with the findings of the Eta-Earth, AAPS, and HARPS-GTO projects ?

[Marcy] – Yes [there is an estimate]. Tim Morton and John Johnson at Caltech calculated the probability that an eclipsing binary located behind the bright Kepler star could cause repeated dimmings, thereby giving the appearance of a transiting planet around the Kepler star. The probability of such alignments is only 5 to 10%. [In other words] 90 to 95% must be real planets.

Yes [it is in agreement with the data from those other projects]. The Kepler results show that nature makes 8 times more planets of 2 Earth-radii than planets of 10 Earth-radii. In other words, there are 8

times more super-Earths than Jupiter-size planets. We just published this result in a paper by Andrew Howard, myself, and the Kepler team. That paper is available on astro-ph web server. [Na mesma linha, num artigo recente na revista Scientific Ameri-can, Marcy dizia: "If you take a sample of G-type, main-sequence stars, 8 percent of them will have 2- to 2.8-Earth-radii pla-nets with orbital periods of less than 50 days."]

[AstroPT] - Kepler also dis-

covered many multiple systems, with up to six transiting planets (Kepler-11). These systems seem to have a distinct architec-

ture from the Solar system, with the planets tightly packed together clo-se to the host star. Is this simply an

(A localização dos 1235 candidatos do

Kepler no campo de visão da câmara

CCD. Crédito: missão Kepler)

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Maio 2011

Entrevista com Geoff Marcy (cont.)Entrevista com Geoff Marcy (cont.)

EXOPLANETAS

observational bias, given the 4 month baseline for the data, or are these systems typical and the Solar System an odd ball ?

[Marcy] - Yes, this is probably an observational bias. Kepler has only released data from its first 120 days, and so we have detected pla-nets that have short orbital periods of less than 1/2 year. As time pro-ceeds, Kepler will probably find planets of longer and longer orbital periods, including longer than 1 year. The Solar System is some-what rare because its planets remain in the same plane and in nearly circular orbits. About 90% of other planetary systems have more inclined orbits and more eccentric

orbits, as our Doppler surveys sho-wed.

[AstroPT] - A few years ago a cor-relation was found between the metallicity of a star and the proba-bility that it hosts giant planets. Does the Kepler data imply that this correlation is valid for planets in the Neptune- to Earth-size ran-ge ? What are the implications for the theories of planetary forma-tion ?

[Marcy] - We currently do not have good metallicity measurements for the Kepler host stars. We are wor-king hard on this, by obtaining spectra of all of the host stars of the Kepler planets. We will see if the metallicity correlation is still

true for the small, Earth-size pla-nets!

[AstroPT] - Besides the above men-tioned projects, what other research collaborations are you involved in ?

[Marcy] - That’s it! Finding the first Earth-like planets is enough for me! But I am also trying to detect the laser transmission from advan-ced, technological civilizations.

Podem ver a apresentação do Prof. Marcy no 218º encontro da Ameri-can Astronomical Society, descre-vendo os resultados preliminares do Kepler sobre a frequência dos diferentes tipos de planetas, aqui.

Luís Lopes

(Histograma mostrando a distribuição dos 1235 candidatos do Kepler por tipo de planeta. O número de planetas de tamanho

igual ou inferior a Neptuno supera em muito o número de planetas gigantes. O aparente decréscimo no número de planetas com

tamanho inferior a Neptuno pode ser devido, de acordo com Bill Borucki, a um efeito real ou resultar apenas de uma maior difi-

culdade na detecção dos planetas mais pequenos, mais facilmente perdidos no ruído das observações. Estes números referem-se

aos primeiros 120 dias da missão. A acumulação de mais observações e o aperfeiçoamento da pipeline de processamento dos

dados irá certamente clarificar qual dos cenários corresponde à realidade. Crédito: missão Kepler)

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Volume 1, Edição 4 COSMOLOGIA

Há uma semana atrás demos aqui conta de um estudo que provava a veracidade da energia negra… ou melhor, dos seus efeitos. Foi o estudo mais completo e mais conclusivo sobre a existência dessa energia negra… algo que pode nem serenergia nem será negra.

Mas claro, continuamos sem saber o que ela é, ou qual exatamente a sua causa.

E há algumas ideias “radicais” para

explicar a chamada energia negra. Uma das ideias coloca em questão o Big Bang, dizendo que é um mito religioso mascarado de ciência, e afirma que o que se deverá estar a passar é que para lá do Universo Observável, existe um gigantesco buraco negro supermassivo. Seguindo as já conhecidas leis de Kepler, então objetos longínquos de nós mas perto desse buraco negro têm velocidades superiores

àqueles que vemos perto de nós e que se encontram longe desse bura-co negro. Algumas das estrelas lá longe poderão até já estar a ser con-sumidas por esse buraco negro de massa semelhante ao universo que conhecemos. Carlos Oliveira

Qual será a causa da Energia Negra ? Qual será a causa da Energia Negra ?

Crédito: Jonathan Corum, The New York Times

Page 44: astroPT Mai2011

O encontro de Titã com o gigante Saturno e as duas luas Dione e Tétis. A primeira surge nas duas imagens do meio, enquanto

que Tétis se encontra na última imagem da direita.

Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/montagem de Sérgio Paulino.

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Maio 2011

Cassini assiste à dança de luas na face de Saturno Cassini assiste à dança de luas na face de Saturno

SISTEMA SOLAR

Este fim de semana, a son-da Cassini teve uma oportunidade única de observar a passagem de três grandes luas sobre a face de Saturno. O evento decorreu durante o trânsito de Titã na frente do gigante e dos seus anéis, e teve os seus momentos altos nos encontros da maior lua de Saturno com as orbes geladas de Dione e de Tétis. Aqui ficam algumas imagens. Sérgio Paulino

Trânsito das luas Titã e Dione na frente de Saturno. Composição a cores

construída com três imagens captadas a 21 de Maio de 2011 pela sonda Cas-

sini através de filtros de luz visível (azul, verde e vermelho). Titã e Dione

encontravam-se, respectivamente, a 2,31 e a 3,15 milhões de quilómetros de

distância.

Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/composição a cores de Sérgio

Paulino.

Page 45: astroPT Mai2011

Jano, Telesto e uma porção do anel F de Saturno numa imagem captada a 03 de

Maio de 2011 pela sonda Cassini. A posição de Jano é óbvia. Conseguem adivi-

nhar a posição de Telesto?

Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute.

Página 45

Volume 1, Edição 4 SISTEMA SOLAR

Desde a sua chegada ao sistema saturniano, a sonda Cassini tem realizado várias sessões de observação astrométrica das pequenas luas de Saturno. Estas sessões são inúteis para cartogra-far a superfície destes objectos, uma vez que são executadas a grande distância dos seus alvos, mas proporcionam dados impor-tantes para os astrónomos ajusta-rem os cálculos das respectivas órbitas. Esta semana, a Cassini concretizou a primeira de duas observações astrométricas (a segunda será hoje) das luas Metone, Telesto, Jano, Polideuces, Calipso, Prome-teu e Pandora. A imagem que aqui vos trago faz parte dessa sessão. Conseguem encontrar na imagem Jano e Telesto? Sérgio Paulino

Medindo a posição das pequenas luas interiores de Saturno Medindo a posição das pequenas luas interiores de Saturno

Crédito: Jonathan Corum, The New York Times

Page 46: astroPT Mai2011

Endereço da actividade

Linha de endereço 2

Linha de endereço 3

Linha de endereço 4

Tel: 219-235-401

Fax: 219-235-401

Correio electrónico: [email protected]

astroPT

Para ter o Google Sky-

Map é simples: ou

seguem o link, ou

apontam o telemóvel

android para o

código ao lado

(tem de ter insta-

lado o QRdroid)

Mais um programa de Planetário para

ver online, em que se pode perceber

aquilo que estamos a ver no céu.

O programa chama-se Neave, e

pode ser visto, aqui.

Por outro lado, também dado a

conhecer pelo Marco, temos

o Google Sky Map para Android.

Carlos Oliveira

Para utilizar o Google SkyMap, é só

abrir o programa e apontar para o céu.

Divirtam-se!

José Gonçalves

Neave e Android

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Textos dos autores, Design: José Gonçalves

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