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astroPT magazine Junho 2012 Volume 2 Edição 6

astroPT Junho2012

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AstroPT Magazine. Edição de maio de 2012. Publicação mensal com os posts relevantes do sítio astropt.org

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astroPT magazine

Junho 2012 Volume 2 Edição 6

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ESPECIAL Junho 2012

Trânsito de Vénus: entre a ciência e a beleza

Ainda agora se iniciou o trânsito de Vénus e já temos direito a fantásticos testemunhos deste acontecimento raro e, pelo que já testemunha-mos, belo. A equipa da Solar Dynamics Observa-tory já nos deixou fantásticas imagens deste trân-sito que ficarão, com certeza, para a história. A equipa da Solar Dynamics Observatory (SDO), da NASA, está a fazer um acompanhamento pro-fundo e constante deste trânsito, aplicando todos os seus instrumentos de acompanhamento da “meteorologia” solar para aprender um pouco mais sobre a leitura fotométrica dos trânsitos sobre a estrela, confirmando, também, informa-ção da atmosfera de Vénus. Apesar de poder aprender mais sobre a nossa, ainda misteriosa estrela, este trânsito servirá para ajustar os ins-

trumentos da SDO.

Mas há beleza na ciência. Assim o provam as pri-meiras imagens da SDO.

[NR: Ler artigo completo e ver vídeos aqui]

Pedro Garcia

Ponto Negro

A APOD de hoje traz uma imagem, feita por Chris Hetlage, na Geórgia, EUA, do recen-te trânsito de Vénus.

Carlos Oliveira

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Trânsito de Vénus visto pelo Proba-2

Estão a chegar magníficas imagens do trânsito de Vénus de todos os cantos do mundo… e também da órbita terrestre. A ESA publicou há pouco estas duas belíssimas imagens obtidas pelo seu obser-

vatório espacial Proba-2.

Sérgio Paulino

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Volume 2 Edição 5 ESPECIAL

Primeiro contacto de Vénus com o disco solar visto pelo Proba-2. Crédito: ESA.

O trânsito de Vénus visto pelo Proba-2 pouco menos de uma hora após o primeiro contacto. Crédito: ESA.

Morreu Ray Bradbury Um dos mestres da ficção científi-ca (autor de, por exem-plo, Fahrenheit 451 e Crónicas Mar-cianas), morreu ontem, dia 5 de Junho de 2012. Ray Bradbury tinha 91 anos.

Carlos Oliveira

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Aproximadamente a cada ~ 120 anos há uma mancha que desliza através do sol. Peque-na, suja de tinta preta, quase perfeitamente circular, não é uma mancha solar comum. Nem todos a podem ver, mas os que a conseguiram ver fica-ram presos numa estranha sensação, tendo ficado especa-dos, de pé, com os dedos enro-lados na areia húmida, nas praias duma ilha do Pacífico Sul…

Os odores da cidade de Plymouth empestavam todo o navio, afastando o ar salgado. As gaivotas voavam por cima, guinchando, enquanto as velas enfunavam as barrigas. O vento tinha mudado e era hora de levantar ferro e zarpar.

A 12 de Agosto de 1768, o lugre de Sua Majestade Endeavour largou do porto, com o tenente James Cook ao comando, com destino ao Taiti. A ilha fora “descoberta” pelos europeus apenas um ano antes no Pacífico Sul, e ficava numa parte da Ter-ra tão mal explorada que os cartógrafos não con-seguiam chegar a um consenso para decidirem se lá havia um continente gigante ou não.

Cook bem que poderia estar a ir para a Lua ou para Marte. Teria que rumar por milhares e milhares de milhas de alto-mar, sem nada sequer parecido com um GPS ou mesmo com um relógio de pulso para manter o tempo controlado para a navegação, afim de encontrar um grão de terra com apenas 20 quilómetros de diâmetro.

Pelo caminho, tempestades perigosas podiam materializar-se sem aviso. Formas de vida desco-nhecidas esperavam nas águas do oceano. Cook

estimava que metade da sua tripulação viesse a perecer.

Vale a pena o risco, calculou, para observar um trânsito de Vénus.

“Às 2 da tarde velejamos e saí-mos para o mar com 94 pes-soas a bordo,” observou Cook no seu diário de bordo. O jovem naturalista a bordo do navio, Joseph Banks, era mais romântico: “Tirámos a nossa licença da Europa, não sabe-mos por quanto tempo, talvez

para sempre”, escreveu ele. A sua missão era che-gar ao Taiti antes de Junho de 1769, estabelecer-se entre os habitantes da ilha, e construir um observatório astronómico. Cook e sua tripulação observariam Vénus deslizando em toda a face do Sol, e ao fazê-lo mediriam o tamanho do sistema solar. Ou assim esperava a Academia Real de Inglaterra, que patrocinou a viagem.

O tamanho do sistema solar foi um dos principais enigmas da ciência do século XVIII, tanto quanto a natureza da matéria escura e da energia escura o são hoje. Os astrónomos do seu tempo sabiam que seis planetas orbitavam o Sol (Úrano, Neptu-no e Plutão não tinham sido descobertos até ao momento), e conheciam as distâncias relativas entre esses planetas. Júpiter, por exemplo, é 5 vezes mais distante do Sol do que a Terra. Mas a que distância corresponde esse ponto… em milhas? As distâncias absolutas eram desconheci-das. Vénus foi a chave. Edmund Halley percebeu isso em 1716. Visto a partir da Terra, Vénus oca-sionalmente atravessa a face do sol. Parece um disco muito escuro deslizando lentamente entre as verdadeiras manchas solares. Observando o

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James Cook e o trânsito de Vénus

Endeavour. Crédito: HMB Endeavour Founda-

tion

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início e o fim do trânsito de Vénus a partir de locais largamente espaçados na Terra, calculou Halley, os astrónomos poderiam calcular a dis-tância até Vénus usando os princípios da parala-xe. A escala do resto do sistema solar viria a seguir. Mas havia um problema. Os trânsitos de Vénus são raros. Eles vêm em pares, a 8 anos de distância, separados por aproximadamente 120 anos. O próprio Halley nunca viveria para ver um. Uma equipa internacional tentou cronometrar um tempo de um trânsito de Vénus em 1761, mas factores climáticos e outros factores estra-garam a maioria dos seus dados. Se Cook e outros falhassem em 1769, todos os astrónomos da Terra estariam mortos antes da próxima opor-tunidade, em 1874.

A expedição de Cook é muitas vezes comparada a uma missão espacial. “O Endeavour não era apenas uma viagem de descoberta”, escreve Tony Horwitz no diário de viagens de Cook “Latitudes Azuis”, “foi também um laboratório para testar as últimas teorias e tecnologias, assim como as naves espaciais o são hoje.” Em particular, a tripulação do Endeavour estava a ser usada como cobaias na luta da Marinha contra “o flagelo do mar” – o escorbuto. O corpo huma-no pode armazenar apenas um valor de aproxi-madamente 6 semanas de vitamina C, e, quando esta se esgota, os marinheiros sofrem de lassi-dão, e de gengivas apodrecidas, com hemorra-gias. Alguns navios do século 18 perderam meta-de da sua tripulação para o escorbuto. Cook for-neceu uma variedade de alimentos experimen-tais a bordo, alimentando a sua tripulação com escolhas como a chucrute e a erva-de-malte. Qualquer um que recusasse a tarefa seria chico-teado. Na verdade, Cook açoitou um em cada cinco de seus tripulantes, em média, naqueles dias, de acordo com Horwitz. Quando Cook che-gou ao Taiti em 1769, já tinha navegado para Oeste durante 8 meses – quase tanto tempo quanto os astronautas modernos poderão levar a caminho de Marte. Perderam-se cinco tripulan-tes quando o navio dobrou o tempestuoso Cabo Horn, e houve ainda um marinheiro que, deses-

perado, se lançou ao mar durante a passagem do Pacífi-co de 10 semanas que se seguiu. O Endea-vour era totalmente vulnerável, quando aproou rumo ao Tahiti. Não houve contacto com o “Controle da Missão”, não haviam imagens de satélites meteorológicos para avisar das tempestades que se aproximavam, estava sem ajuda de qualquer espécie. Cook orientava a navegação usando ampulhetas e cordas com nós (1 nó = 1 milha náutica, n.t.) para medir por odómetria a veloci-dade do navio, e um sextante e um almanaque para calcular a posição do Endeavour pelas estre-las. Foi complicado e perigoso.

Admiravelmente, chegaram quase intactos a 13 de Abril de 1769, quase dois meses antes do trânsito. “Neste momento tínhamos muito pou-cos homens na lista de doentes… a tripulação do navio estava em geral muito saudável, graças sobretudo às chucrutes”, escreveu Cook.

Taiti era tão estra-nho para os homens de Cook como Mar-te pode parecer hoje para nós. Pelo menos a ilha era confortá-vel e bem provisio-

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Imagem de Cook. Crédito: Nathanial Dance /

National Library of Australia

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nada para a vida humana; os habitantes da ilha eram amigáveis e até se mostravam ansiosos por comerciarem com os homens de Cook. Banks considerou-a “a mais genuína imagem duma arcádia (idílica e pacífica)… que a imagi-nação pode conceber.” No entanto, a flora, fau-na, costumes e hábitos de Taiti eram surpreen-dentemente diferentes dos de Inglaterra; a tri-pulação do Endeavour estava absorvida, espan-tada. Talvez seja por isso mesmo que Cook e Banks tenham tão pouco a dizer sobre o trânsi-to quando este finalmente aconteceu a 3 de Junho de 1769. O pequeno disco negro de Vénus, que só podia ser visto deslizando pelo sol ofuscante através de telescópios especiais trazidos de Inglaterra, tinha um rival poderoso: Taiti.

A entrada de Banks no diário de bordo no dia do trânsito consiste em 622 palavras; menos de 100 respeitam a Vénus. Narrou sobretudo um pequeno-almoço tipo reunião de trabalho com Tarróa, o Rei da Ilha, e com a irmã de Tarróa, Nuna, e no final do dia, uma visita de “três mulheres bonitas.” De Vénus, ele diz, “fui ter com os meus companheiros para o observatório acompanhado por Tarróa, Nuna e alguns dos seus principais assistentes. Para eles, nós tínha-mos colocado o planeta como uma hóstia sobre o Sol e isso na sua compreensão explicava por-que viemos de propósito para vê-lo. Depois, eles regressaram e eu com eles. ” Ponto final.

Se o rei ou o próprio Banks ficaram impressio-nados, nunca Banks assim o disse.

Cook foi um pouco mais expansivo: “Este dia revelou-se tão favorável para o nosso propósito como poderíamos desejar. Não se via uma nuvem… e o ar estava perfeitamente claro, de modo que dispúnhamos de todas as vantagens que poderíamos desejar na nossa observação de toda a passagem do planeta Vénus sobre o disco Solar: nós vimos muito distintamente uma atmosfera ou sombra escura redonda do corpo

do Planeta que muito perturbou a tomada dos tempos dos contactos, em particular os dois internos”.

Cook também observou o “efeito de gota negra”. Quando Vénus está perto do contorno do disco do sol – no momento crítico para o tempo de trânsito – o negro do espaço, para além duma parte do Sol, parecem chegar e tocar o planeta. Isto torna muito difícil dizer

precisamente quando o trânsito começa ou ter-mina. O efeito não foi totalmente compreendi-do até 1999, quando uma equipa de astróno-mos liderada por Glenn Schneider, da Universi-dade do Arizona estudaram uma queda de gota preta similar durante um trânsito de Mercúrio. Provaram (através de observações feitas pelo TRACE a 15 de Novembro de 1999. Glenn Sch-neider, Jay M. Pasachoff, e Leon Golub, Icarus,

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Desenhos feitos por James Cook do trânsito de Vénus em 1769

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168 (2004), 249-256) que a distorção é causada por uma conjugação de escurecimento provocada pelo contorno solar e pela função do ponto de propagação do telescópio. As observações de Cook foram claramente afectadas. Na verdade, as suas medições discordavam das do astrónomo de bordo Charles Green, que observou o trânsito ao lado de Cook, e numa diferença que ia até aos 42 segundos. Este era um problema para os observa-dores noutros lugares também. Quando tudo foi dito e feito, as observações do trânsito de Vénus de 1769 em 76 pontos ao redor do globo, incluin-do as de Cook, não eram precisas o suficiente para definir a escala do sistema solar. Os astróno-mos não o conseguiram até ao século 19, quando usaram a fotografia para registar o próximo par de trânsitos.

Cook não se iria debruçar sobre estes assuntos, e por ali não havia muito mais a explorar ou que fazer. Recebera ordens secretas da Marinha a ins-truí-lo para deixar a ilha quando o trânsito fosse registado e que “procurasse entre o Taiti e a Nova Zelândia por um continente ou terra de grande extensão.” Para o Endeavour e a sua tripulação, grande parte do próximo ano passar-se-ia a vas-culharem o Pacífico Sul, em busca dum continen-te que alguns cientistas do século 18 diziam ser necessário para equilibrar as grandes massas de terra do hemisfério norte.

A certa altura chegaram a estar afastados de terra firme por quase dois meses. Mas a terra australis incognita, a desconhecida “terra do sul,” não exis-tia, assim como Cook sempre o pensara. Ao longo do caminho, Cook encontrou os temíveis Maoris da Nova Zelândia e os aborígenes da Austrália (encontros que ambas as raças lamentariam em anos posteriores), explorou milhares de milhas de costa dos Kiwis e dos Cangurus, e teve uma coli-são quase desastrosa com a Grande Barreira de Coral.

Mais tarde, durante uma paragem de 10 semanas em Jacarta para reparações, sete marinheiros morreram de malária. A cidade portuária era den-samente povoada por pessoas e por doenças.

Cook deixou-a o mais rápido possível, mas o estrago estava feito.

Em última análise, 38 da expedição ori-ginal do Endeavour (e 8 que aderiram mais tarde) morre-ram, incluindo o astrónomo Charles Green. “A taxa de vítimas – de 40% – do navio, não foi consi-derada extraordinária para a época”, escreve Hor-witz. “Na verdade, Cook viria a ser aclamado pela preocupação excepcional que demonstrou pela saúde da sua tripulação.”

A 11 de Julho de 1771, Cook retornou para a Inglaterra onde chegou à cidade marítima históri-ca de Deal. Os sobreviventes tinham circum-navegado o mundo, catalogado milhares de espé-cies de plantas, insectos e outros animais, encon-trado novas raças (para eles) de pessoas, e tinham andado à caça de continentes gigantes. Foi uma aventura épica.

No final, o trânsito era apenas uma pequena fatia de aventura de Cook, ofuscado pelo Taiti e sabo-tado pelas gotas negras. Mas, por causa da via-gem, Cook e Vénus estão ligados. Na verdade, pode-se dizer que a melhor razão para assistir a um trânsito de Vénus é a história. Decida por si mesmo.

Em Junho 5-6, 2012, Vénus irá atravessar nova-mente a face do Sol. O evento será transmitido na web, e será alvo de inúmeros telescópios portá-teis. Dito por outras palavras, não pode perdê-lo. Olhe para o disco manchado de tinta preta. Ele pode leva-lo de volta para uma hora e um lugar diferentes: Taiti, 1769, quando grande parte da Terra ainda era um mistério e o olho no telescó-pio pertencia a um grande explorador.

Consegue sentir a areia entre os dedos dos pés?

Manel Rosa Martins

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O nível mais baixo define-se pela Sobrevivên-

cia. É o que se chama de “viver para sobreviver”. Nada mais. É o nível geral da sociedade humana, e para onde o status quo (a diferença de classes) nos empurra. É um nível da chamada Idade das Trevas, onde as crenças pessoais estão acima de qualquer facto, onde as queixas estão acima de fazer algo para melhorar, onde as pessoas vivem

fechadas em si próprias. É o nível mais animalesco, mais irracional, mais pseudo.

O nível seguinte define-se pela obsessão pela segurança. A pessoa acomoda-se à vida, porque privilegia

a segurança, aquilo que conhece. A pessoa só está preocupada com a seguran-ça: da sua vida, do seu emprego, da sua famí-lia, etc.

A mente continua fechada, amarrada, com medo.

O terceiro nível define-se por uma abertura ao outro, abertura ao exterior. A pessoa passa a arriscar, a abrir-se ao outro, neste caso a tentar compreender e amar o outro. A pessoa percebe que fechada em si mesma, não lhe servirá de nada para viver. Por isso, arrisca abrir a mente a experiências externas a

si própria.

O quarto nível define-se pela confiança da pessoa em si própria e pelo respeito pelos outros. Após ter uma boa compreensão de si própria e uma boa compreensão dos outros, a auto-

Pirâmide da Vida

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A 8 de Junho de 1625 nasceu o astróno-mo Giovanni Cassini. Faz hoje 387 anos. Cassini foi professor de astronomia na Univer-sidade de Bolonha, foi director do Observató-rio de Paris, observou pela 1ª vez 4 luas de Saturno, descobriu a divisão nos anéis do pla-neta Saturno, partilha o crédito da descoberta da Grande Mancha Vermelha de Júpiter, des-cobriu a rotação do planeta Júpiter (pela sua atmosfera), partilha a descoberta da distância da Terra a Marte que permitiu uma melhor estimativa das dimensões do sistema solar (na altura), etc, etc, etc. Qualquer uma destas contribuições para o conhecimento humano já o tornaria como cientista de pleno direito. Qualquer uma destas contribuições, já o dis-tingue dos ignorantes pseudos que pululam pela internet, que nada descobrem e que só mentem. Como qualquer cientista, Cassini não estava correcto em tudo, sobretudo quando se deixa-va levar pelas suas crenças pessoais. Por exemplo, Cassini acreditava na mentira da astrologia e acreditava no geocentrismo.

Como sempre, quando as crenças pessoais se sobre-põem à realidade do Univer-so, invariavelmente as cren-ças estão erradas, e o conhe-cimento do Universo ganha sempre. Devido a todas as importan-tes contribuições que Cassini deu para a astro-nomia, nomeadamente para o conhecimento do sistema de Saturno, a sonda que temos neste momento “in loco” a estudar Saturno e as suas luas, chama-se Cassini. Carlos Oliveira

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estima e o respeito, com uma avaliação objectiva, são inevitáveis. Existe um reconhecimento objectivo das nossas capacidades e das capacidades dos outros (e das incapacidades também, sem menosprezo por nós ou pelos outros). Como nos diz Maslow, desequilíbrios psicológicos, como a depressão, não nos deixam chegar a este nível. A auto-estima e o respeito pelos outros são assim dois excelentes atributos sociais de quem já subiu na pirâmide da vida. Competência é provavelmente a palavra mais importante neste nível. O reconhecimento objectivo da competência em si próprio e nos outros.

No topo está o nível dos sonhos, ou melhor, do

fazer pela concretização desses sonhos.

Aqui é onde tentamos concretizar na prática todo o

nosso potencial.

Neste nível, a criatividade é essencial, e o conheci-

mento dos assuntos é crucial, de modo a aceitar-se

factos científicos e solucionar-se os problemas da

vida.

Neste nível privilegia-se a mudança e não a estagna-

ção. É um nível de constante aprendizagem.

O topo da pirâmide da vida passa pela scientia, ou

seja, pelo conhecimento dessa vida

Carlos Oliveira

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Giovanni Cassini

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EDUCAÇÃO Junho 2012

Devido à passagem do asteróide 2012 LZ1 pelas proximidades da Terra, tive uma sessão bastante interessante de perguntas-respostas no Facebook, sobre estes eventos. A inteligência dos leigos nos assuntos vê-se nestas coisas: quando não sabem, perguntam aos especia-listas nesse assunto. E todos nós somos leigos em milhares de assuntos. Daí que esta estratégia de fazer perguntas é a única atitude racional, inteligen-te, se quisermos saber mais desses assuntos. Veja-se bem a diferença disto para os vigaristas, que nada entendendo dos assuntos, também não que-rem entender, tomando a atitude de irem para os

seus blogs pessoais afirmarem o maior número de disparates para enganarem os acéfalos que os lêem.

Deixem-me colocar aqui um resumo dessa sessão de perguntas-respostas já que alguns dos nossos leitores poderão também ter algumas destas dúvi-

das.

Pergunta: o evento foi uma surpresa? Resposta: o asteróide foi descoberto há 4 dias. Entretanto perdeu-se tempo a fazer contas para se compreender a trajectória. Por isso, pegou toda a gente de surpresa. E é uma surpresa meio desagra-

Perigo de Asteróides

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dável, porque ele é grande, e é surpreendente até que não se tenha detectado antes…

Pergunta: então estamos mesmo cegos e sujei-

tos a surpresas?

Resposta: Sim e não. Já temos conhecimento de

imensos asteróides, por isso não estamos total-

mente cegos. Por outro lado, sabemos que sur-

presas destas podem acontecer. Sabemos isto

pela ciência, pelas observações, e pela matemá-

tica. Por isso, os cientistas sabem disto. Aliás,

temos colocado algumas notícias destas,

como este meteoro na Indonésia. Nada disto é

escondido, como os vigaristas querem fazer crer.

Pelo contrário, a informação, o conhecimento é

divulgado para toda a gente que quiser apren-

der. É importante também perceber que tudo

isto é estudado pelos cientistas, nunca pelos

ignorantes pseudos que só vigarizam as pessoas

e nada estudam.

Pergunta: mas pode haver conhecimento que não é divulgado? Resposta: claro. Qualquer pessoa individual tem segredos. Porque razão as empresas também não poderão ter? No entanto, quem acredita

que a NASA esconde informações sobre asterói-des, nem sequer sabe que o verdadeiro perigo não está nos asteróides que a NASA detecte, nem sequer tem noção que muitos asteróides são detectados por astrónomos (incluindo astró-nomos amadores) por todo o mundo (e não pela NASA).

Pergunta: e se ele estivesse em rota de colisão com a Terra, faria muitos estragos? Resposta: este asteróide tem 500 metros. O que provocou os estragos em Tunguska tinha 50 metros. O que extinguiu os dinossauros e 75% da vida na Terra tinha pelo menos 10 kms. Este asteróide de hoje acabaria certamente com um país ou vários países. Seria uma tragédia compa-

rável à que extinguiu a cultura Clovis. Certamen-te que milhões de humanos já não chegariam ao Verão…

Pergunta: se fosse o caso de colisão, com 4 dias, seríamos avisados? Daria pelo menos para fazer uma despedida com muita cerveja!

Resposta: o aviso seria certamente feito, sobre-tudo se houvesse tempo para uma evacuação em massa dos países que os cientistas calculas-sem que o asteróide fosse bater. Mas muito pro-vavelmente ficaria muita vida para trás (animais e plantas). Seria uma tragédia sem precedentes.

Pergunta: E todos esses asteróides que passam

próximos da Terra, eles deixam algo para nós, por exemplo, que atravesse a atmosfera? Resposta: Não. A não ser que passe pela órbita

da Terra, e aí temos as chuvas de meteoros todos os anos na mesma data.

Pergunta: os asteróides são sempre negativos? Resposta: Não. Numa perspectiva positiva, podem também ter sido eles a trazer os consti-tuintes básicos da vida para a Terra… ou quiçá mesmo a vida bacteriana. Além disso, se não fossem eles a extinguir os dinossauros, etc, os mamíferos não se tinham desenvolvido. Ou seja,

estamos cá devido a eles também. Pergunta: há algum asteróide previsto para embater na Terra? Resposta: Não, mas o asteróide Apophis, que tem 270 metros, pode bater cá em 2036. Só no ano 2029 se poderá ter a certeza se o Apophis irá colidir com a Terra ou não.

Pergunta: este é o maior perigo para os próxi-

mos anos?

Resposta: Não. O maior perigo não são os aste-

róides conhecidos, mas sim os desconhecidos,

como expliquei neste artigo

Carlos Oliveira

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Mais de cem anos depois de assombrar o mundo com a Teoria da Relatividade, Albert Einstein ainda é um mistério à humanidade. Alguns de seus trabalhos são essenciais para diversas áreas, entre as quais física e astrono-mia; outros ainda permanecem como quebra-cabeças para cientistas, que tentam provar a eficiência dessas teses através de estudos e experimentos. E, tanto quanto os teoremas, a personalidade de Einstein é capaz de desper-tar curiosidade mesmo após 57 anos da mor-te do físico – ocorrida a 18 de abril de 1955, em Princeton, Estados Unidos.

Cabeleira branca, barba por fazer e trajes simples. Abrigado em uma das aparências mais conhecidas da humanidade se escondia um sujeito que classificava de modo curioso o pensamento e a busca por soluções. Nascido em 1879, em Ulm, cidade alemã de apenas 99 mil habitantes, Albert teve uma infância con-turbada. As dificuldades para aprender a falar

fizeram com que seus pais, Hermann e Pauli-ne, desconfiassem que o futuro gênio tivesse problemas mentais.

Depois, em Munique – onde a família fora ten-tar a sorte na criação de uma fábrica de equipa-mentos elétricos, Einstein se revelou em uma criança introvertida. Parecia ter a capacidade de repelir pessoas ao seu redor. Raramente era visto na companhia de colegas. Aliás, o jeito

reservado foi algo marcante na vida do mate-mático, até mesmo quando passou a lecionar física em universidades. “Conversar com Eins-tein seria profanar sua sagrada solidão”, afir-mou o filósofo brasileiro Huberto Rohden (1893-1981).

Rohden conheceu Einstein durante os anos 40, enquanto estudava no Instituto de Estudos Avançados, em Princepton – onde Einstein lecionava física teórica. Como resultado de tal “convivência”, Huberto escreveu um livro sobre o físico: “Einstein: o enigma do Univer-so” (publicado no Brasil pela editora Martin Cla-

ret).

É possível acreditar que esse estilo “reservado” de Einstein quando adulto tinha explicação: o físico alegava que a intuição era o principal caminho para suas descobertas. E para ouvir esse lado instintivo julgava necessário o silên-

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EDUCAÇÃO Junho 2012

Einstein, o misterioso gênio Einstein, o misterioso gênio

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cio.

Claro, seria enorme altivez afirmar que o gênio gastava todo o tempo em suas equações… Con-tudo, sobram indícios de que tais problemas ocupavam a mente de Einstein durante parcela considerável de seu dia. E, até mesmo, durante

períodos bastante longos.

Certa vez, enquanto desenvolvia uma tese, Albert ficou “incomunicável” por dias em um quarto, com a porta trancada; esta era aberta apenas quando o físico pegava sanduíches pre-paradas pela prima e esposa Elsa. Nesse “cárcere”, quieto, acreditava alcançar um nível

superior ao silêncio, um êxtase que proporcio-nava maior facilidade para descobertas.

Outra passagem curiosa sobre o físico foi relata-da em carta para um amigo, em 1954, publicada anos depois na revista norte-americana Time. Nesse documento, Albert assegurava não lem-brar-se de ter feito sequer uma experiência para chegar à Teoria da Relatividade. Alegava apenas ter seguido sua intuição.

Todos esses aspectos não significam que Eins-tein acreditasse somente na intuição. Longe dis-so, aliás. Ele defendia a comprovação por meio

da ciência, do experimento. Contudo, Einstein valorizava extremamente esse período pré-experimental com uma notável sensibilidade. Dava um enorme valor aos instintos.

O gênio e a guerra

Em 1933, Albert Einstein vivia um momento extremamente tenso. O físico era contra os ideais nazistas. Já reconhecido como uma auto-ridade em física, Einstein temia cair nas mãos

de Adolf Hitler para o desenvolvimento de armas nucleares. Por causa disso, largou a cáte-dra em Física na Academia de Ciências da Prús-sia e decidiu partir da Europa. Em represália, Hitler confiscou todos os bens e retirou a cida-dania alemã do matemático.

Logo, porém, Albert recebeu convite para ser professor no Instituto de Estudos Avançados, nos Estados Unidos.

Curiosamente, esse período marcou o início da maior controvérsia da vida do gênio. Einstein teria ajudado a indústria bélica norte-americana

a desenvolver a bomba atômica?

Albert sempre negou essa hipótese. Garantiu que sua participação se restringiu a uma carta enviada ao então presidente dos Estados Uni-dos, Franklin Roosevelt, alertando sobre a necessidade de o país desenvolver estudos para criar a bomba atômica. Relatou ainda os perigos

dessa arma.

“Sou apaixonadamente um pacifista”, afirmou

Einstein, certa vez. “Mas os sábios alemães se encarniçavam sobre o mesmo problema (criação da bomba atômica) e tinham todas as chances de resolvê-lo. Assim, assumi minhas responsabilidades”.

Quando os estadunidenses lançaram bombas atômicas nas cidades japonesas de Nagasaki e Hiroshima, Einstein certamente sentiu dor semelhante à de Santos Dumont na Primeira Guerra. Mas, Albert reagiu. Em 1946, criou o

Comitê de Vigilância dos Cientistas Atômicos, em vista à conscientização sobre as finalidades da Física Nuclear.

Einstein ainda classificou o serviço obrigatório militar como o “câncer da humanidade” e garantiu sonhar como um ambiente mundial que proporcionasse a extinção de exércitos. E falou sobre quem tinha de participar de even-tuais guerras. “Deveriam mandar mulheres para a próxima guerra”, falou. “Assim os sentimentos heroicos do belo sexo seriam utilizados de modo bem mais pitoresco que em atacar um civil sem defe-sa”. Rafael Ligeiro

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Em meados de 2004, surgiu na internet, na forma de corrente de e-mail, um texto que mostra um Albert Einstein “religioso” – sob as óticas religiosas vigentes. Em 2009, o Ministério da Educa-ção e Ciência da Macedônia, cujo atual ministro é Pance Kra-lev, criou um vídeo de caráter educativo (porém, desinformati-vo, pois é baseado na falsa histó-ria), onde mostra um debate entre um jovem Einstein (supostamente religioso) e seu mestre (supostamente ateu) durante uma aula. [NR: veja o vídeo aqui] O excelente sítio E-farsas, que aborda, majorita-riamente, tretas que circulam na internet, trou-xe um ótimo artigo mostrando o mito criado em torno da pessoa do Einstein acerca de suas pos-síveis convicções religiosas. Destaco alguns tre-chos deste:

” (…)

“Perceba que no texto postado em 1999 não há nenhuma menção a Albert Einstein. O nome do físico foi acrescentado em versões posteriores. Esse é um recurso utilizado em 99,9% das cor-rentes que empesteiam a web: Usar nomes de pessoas importantes para dar mais crédito ao

que está tentando ser enviado”;

(…)

“Não existe nenhuma prova de que Einstein tenha realmente dito isso.”;

(…)

“(…) nunca se declarou religioso e

tampouco era ateu. Em inúmeros documentos a seu respeito, o físico alemão radicado nos Estados Uni-dos se definia como agnóstico. Como ele mesmo dizia em suas notas autobiográficas, perdeu a fé na religião aos 12 anos. Porém ele nunca perdeu o seu sentimento religioso sobre a aparente ordem do universo.”;

(…)

“Foi, é claro, uma mentira o que você leu sobre minhas convicções religiosas, uma mentira que está sendo sistematicamente repetida. Eu não acredito em um Deus pessoal e nunca neguei isso [...]. Se há algo em mim que pode ser chamado de religioso então é a admira-ção ilimitada pela estrutura do mundo tanto quanto a nossa ciência pode revelar”.

(…) “ Para ler o artigo completo, clique aqui.

- A Física na falsa história

Apesar de a história em si ser falsa, alguns tre-chos desta tem embasamentos científicos: 1) Na Física, mais precisamente na Termologia, estudamos o que é Calor – que nada mais é a energia térmica em trânsito quando dois corpos estão com temperaturas diferentes. Na verdade, a sensação de frio dar-se-á quando o grau de agitação térmica das moléculas do ambiente for menor que o grau de agitação térmica do nosso corpo. No entanto, ainda ocorre transferência de calor; e

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EDUCAÇÃO Junho 2012

O Mito do Einstein Religioso O Mito do Einstein Religioso

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Volume 2 Edição 5 EDUCAÇÃO

2) Ainda no campo da Física, estudamos, no Ensino Médio, os fenômenos relativos à luz e seus princípios, através da Óptica Geométrica. Sombra e penumbra, por exemplo, só podem ser definidas se houver luz de uma fonte e se uma determinada região estiver parcialmente iluminada, respectivamente.

- Ciência x Religião Religião não é ciência e tampouco ciência é reli-gião. É necessário colocar as duas em ordem das coisas e jamais mesclar seus respectivos concei-tos. A religião, creio eu, é o conjunto de dogmas, princípios e conceitos baseados em testemu-nhos, opiniões e, principalmente, crenças. A ciência, por sua vez, tem como base o empiris-mo, observações e estudo dos fenômenos. É necessário percebermos que a religião deve ser permeada, inicialmente, pela questão da indivi-dualidade afim de, posteriormente, aplicar seus

dogmas para o bem da coletividade. Quando colocamos nossas crenças religiosas de modo respeitoso, lúcido e perspicaz, como foi coloca-do neste excelente artigo do Cristóvão Cunha, jovem estudante de Teologia, nasce um debate bastante saudável que pode ajudar-nos a com-preender algumas coisas que fogem à ciência e, quem sabe, engrandecermos enquanto seres humanos.

Particularmente, é triste ver quando existem histórias fictícias ou até mesmo reais utilizando-se dos Grandes da ciência como “prova” da exis-tência de um Ser Superior. A existência de um Deus independe se Einstein ou qualquer outro

acredita nisso ou não. Não está nas atribuições da ciência provar ou refutar a existência de um Ser Superior. E mesmo que fosse provado a exis-

tência de um Ser a que tudo foi originado, de modo evolutivo, posteriormente, implicaria que Este fosse maior que o próprio universo, pois a obra nunca é maior que aquele que a concebe, que a origina. Sendo assim, Deus seria maior que o(s) próprio(s) universo(s). Dessa forma, do mais

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alto grau de nosso desenvolvimento e avanço tecnológico, assim como do mais alto grau da nossa insignificância e raciocínio egocêntrico, jamais compreenderíamos o que seria “Deus” e sua, por assim dizer, essência. É ímpar ressaltar que a busca por um “Deus” é, antes de tudo, pessoal. E jamais estendermos essa “verdade

particular” a todas as pessoas – como se nosso conceito de fé fosse uma “verdade universal”. Sei que as Leis de Newton são verdades univer-sais. Sei que as Leis da Termodinâmica são ver-dades universais. Assim como sei que a Lei da Gravitação de Newton é uma verdade universal. A nossa fé, contudo, é pessoal demais para ser colocada como sendo universal. Minha opinião é que tanto fé quanto crenças são iniciadas somente quando a ciência não mais consegue

explicar.

(…) Ao seu modo, acredito que o Einstein foi um ver-dadeiro cristão – pois a humildade e a benevo-lência eram constantes em sua vida; ao seu modo, acredito que o Einstein foi um verdadeiro budista – pois valorizava e compreendia o valor do silêncio, já que, segundo o mesmo, era uma condição necessária para “ouvir” sua intuição; em outras palavras, ao seu modo, acredito que o Einstein foi uma das pouquíssimas pessoas que compreendia a espiritualidade quase à perfeição – pois sabia que, ao morrermos, nossos átomos voltariam para o lugar donde vieram: nosso grande, misterioso e fantástico Universo. Cavalcanti

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EDUCAÇÃO Junho 2012

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Volume 2 Edição 5 EDUCAÇÃO

Gavin Aung Than é um jovem bastante talentoso que decidiu pegar em citações famosas e criar espanto-sos cartoons com elas. Após essa brilhante ideia, decidiu difundir os cartoons na internet, no websi-te Zen Pencils. O website cresceu tanto, que ele até já está a vender os cartoons. Entretanto contactei-o no sentido de saber se ele dava autorização para o astroPT traduzir alguns dos seus cartoons, e ele autorizou.

Assim, aqui fica este cartoon, criado pelo Gavin, com as palavras do Neil deGrasse Tyson (também em vídeo), que podem ver no original aqui, traduzido pelo Manel Rosa Martins e incorporado pela Diana Barbosa:

Carlos Olivei-ra

Facto Mais Espantoso Facto Mais Espantoso

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EDUCAÇÃO Junho 2012

Gavin Aung Than utiliza citações famosas e cria espan-tosos car-toons com elas, no website Zen Pencils. Ele autori-zou o astroPT a traduzir alguns dos seus car-toons.

Assim, aqui fica este cartoon, criado pelo Gavin, com as palavras do Phil Plait, que podem ver no origi-nal aqui, adaptado para portu-guês pela Diana Barbo-sa e Manel Rosa Mar-tins.

Carlos Oli-veira

BemBem--Vindos à Ciência Vindos à Ciência

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Volume 2 Edição 5 EDUCAÇÃO

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Ao lado do Cruzeiro do Sul (a leste) encontramos

duas estrelas de brilho notável que parecem

tomar conta da menor das constelações. Não é à

toa que ambas são chamadas de Guardiãs ou

Guardas do Cruzeiro em países de linguas portu-

guesa e espanhola, e Apontadoras ou Indicadoras

(Pointers) no países de lingua inglesa.

A mais brilhante delas, a terceira de todo o céu,

também é o sistema estelar mais próximo de nos-

so sistema planetário. Trata-se da famosa Alfa

Centauri.

Entre os nomes dados a essa estrela, dois são

mais usados: Rigil Kentaurus e Toliman.

Rigil Kentaurus. a mais comum, vem do árabe “Rijl

al-Qantūris”, que quer dizer “Pé do Centauro”. A

palavra Rigil podemos encontrar em outras cons-

telações, como em Órion, por exemplo, sob uma

grafia diferente indicando o pé daquele caçador.

Há uma forma resumida de Rigil Kentaurus (Rigil

Kent) que também é utilizada.

Outro nome que costumamos encontrar nos

livros é Toliman. Sua origem é controversa.

Uma bem conhecida é que Toliman vem da pala-

vra árabe “Al-Thalimain”, que significa

“Avestruzes”. Até o momento não há registros

históricos ou mitológicos árabes ou europeus

fazendo qualquer associação da constelação do

Centauro ou daquela região do céu com essa ave,

mas para alguns povos indígenas da América do

Sul as estrelas alfa e beta do Centauro represen-

tam dois ovos grandes que uma ema (animal simi-

lar ao avestruz) acabara de engolir. Talvez seja

apenas coincidência.

Al-Thalimain, ou Thalimain, também é usado para

designar as estrelas Iota e Lambda da constelação

da Águia, mantendo o seu significado original

(avestruzes).

Alguns estudiosos de etimologia sustentam que a

Toliman teria origem da palavra árabe “al-

Zulmān”, que também significa avestruz. Outros

já defendem que Toliman vem do Hebreu, poden-

do significar “aqui, antes e daqui em diante”, de

origem bíblica, ou simplesmente “broto da

vinha”.

Outro nome também utilizado para indicar a alfa

do Centauro é Bungula, provável derivação de

Ungula, que em latim quer dizer “casco” ou

“unha”, associado ao pé do Centauro.

Seja qual for o nome utilizado, devido à sua proxi-

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EDUCAÇÂO Junho 2012

Rigil Kentaurus, por que te chamam Rigil Kentaurus, por que te chamam

assim? assim?

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Volume 2 Edição 5 EDUCAÇÃO

midade com o nosso Sol essa estrela tem sido

bastante citada entre os difusores da Astronomia.

Só deve então tomar cuidado com a maneira de

pronunciar o nome da estrela se for optar em

chamá-la conforme a nomenclatura criada por

Bayer no século XVII.

É incorreto chamar a estrela de “Alfa Centauro”.

A forma correta é Alfa Centauri (com I no final) ,

com o genitivo da constelação sendo utilizado

junto à letra grega. Como no latim o genitivo ser-

ve para indicar posse, a tradução de Alfa Centauri

fica então “Alfa do Centauro”.

Saulo Machado

Antes de serem cientistas famososAntes de serem cientistas famosos

Esta imagem anda a ser partilhada pelo Facebook.

Achei a imagem interessante porque me parece que retrata bem alguns elementos que constituí-ram a sua personalidade como adultos… mesmo que esta minha análise seja à posteriori, subjecti-va, e baseada num momento de foto que não é “real”.

Exemplos:

Neil deGrasse Tyson percebe-se que tem uma personalidade traquinas. Em adulto, continuou com a mesma desenvoltura “traquinas” nas expli-cações de ciência.

Albert Einstein está demasiado “preso” nas suas vestes, o que retrata bem o sentimento opressor da altura, que marcou tanto a personalidade de Einstein, que ele passou toda a vida a lutar contra isso.

Richard Feynman com a sua bicicleta, deixa ante-ver uma personalidade muito mais prática, o que marcou bastante tanto a sua faceta científica como de explicação dos assuntos (ex: ler sobre a forma fenomenal como ele explicou a razão para o desastre do vaivém espacial Challenger).

Carl Sagan mostra-se como um miúdo com bas-tante liberdade e aberto a diferentes experiên-cias, o que caracterizou a sua postura adulta quer

na ciência (divulgação) quer na sua vida pessoal (nomeadamente com a 2ª esposa, Linda Salz-man).

Stephen Hawking parece-me claramente aquele que se modificou mais, infelizmente em função da sua doença.

Carlos Oliveira

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COSMOLOGIA Junho 2012

Pensava-se que seria

em metade do tempo,

mas novos cálculos da

NASA, baseados nas

observações do Teles-

cópio Espacial Hub-

ble, mostram que a

colisão entre a enor-

me galáxia de Andró-

meda e a nossa Galá-

xia Via Láctea dar-se-à

dentro de quase 4 mil

milhões de anos.

Carlos Oliveira

Colisão entre a Via Láctea e Colisão entre a Via Láctea e

Andrómeda Andrómeda

Ilustração sobre o que veremos no nosso céu dentro de quase 4 mil milhões de anos. Crédito: NASA; ESA; Z. Levay and R. van

der Marel, STScI; T. Hallas; A. Mellinger

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Volume 2 Edição 5 COSMOLOGIA

O telescópio espacial Spitzer pode ter detectado

os primeiros objetos do Universo na Faixa Esten-

dida de Groth (na imagem).

Os objectos serão estrelas extremamente massi-

vas ou buracos negros devoradores, que se for-

maram há mais de 13 mil milhões de anos.

A precisão sem precedentes da ténue radiação

infravermelha recolhida pelo Sptizer permitiu

também perceber que esses primeiros objectos

eram abundantes e ardiam intensamente, sendo

incrivelmente brilhantes.

Na verdade essa “primeira luz” deverá ter sido

visível ou ultravioleta, mas devido à expansão do

Universo, essa radiação foi esticada para compri-

mentos de onda no infravermelho.

Leiam aqui e aqui.

Carlos Oliveira

NASA encontra os primeiros primeiros

objectos no Universo

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COSMOLOGIA Junho 2012

Gigantescos buracos negros supermassivos

expulsos das galáxias e a vaguear pelo

espaço

A imagem mostra a galáxia CID-42, que se encontra a 4 mil milhões de anos-luz da Terra. A galáxia deverá

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Volume 2 Edição 5 COSMOLOGIA

ser o resultado da colisão de 2 galáxias. As observações mostram que no processo de fusão dos buracos negros supermassivos, pode-rosas ondas gravitacionais (fissuras no tecido do espaço-tempo) previstas por Einstein fizeram com que o gigantesco buraco negro supermassi-vo resultante da fusão, com milhares de milhões

de vezes a massa do Sol, fosse expulso da super-galáxia e está agora à deriva pelo espaço com uma velocidade superior a 5 milhões de quiló-metros por hora.

Este monstro cósmico anda agora a vaguear pelo espaço. O que nos faz pensar: quantos buracos negros supermassivos poderão andar a enormes velocidades na escuridão do espaço? Não sabemos, porque eles teriam consumido todo o gás à sua volta, e por isso seriam

“invisíveis” para nós. Não os conseguimos detec-tar.

Mas calma. Não acreditem nas mentiras dos pseudos, que se destinam só a provocar medos infundados, com base na ignorância dos assun-tos. A verdade é que esta investigação, como todas as investigações, são feitas por cientistas. Neste caso, foram utilizados o observatório espacial de

raios-X Chandra, o telescópio espacial Hubble, o telescópio Magellan, e o VLT. Só a ciência nos pode dar conhecimento de buracos negros. E o conhecimento científico diz-nos que não há qualquer buraco negro supermassivo a vir na direcção da nossa galáxia, e mesmo que viesse, a nossa galáxia já tem um, e isso nada afecta a Terra.

Leiam na NASA, aqui.

Carlos Oliveira

Astrónomos portugueses à descoberta dos

maiores mistérios do Universo

A missão espacial Euclid (ESA), que começará agora a ser construída, conta com a participação de investigadores portugueses, coordenados pelos Centro de Astrofísica da Universidade do Porto e Centro de Astronomia e Astrofísica da Universidade de Lisboa. A Agência Espacial Europeia (ESA) deu hoje luz verde à construção da missão espacial Euclid. Este telescópio espacial, de 1,2 metros de diâ-metro, irá fazer um levantamento de 40% do céu com detalhe sem precedentes. Isto irá per-mitir aos astrónomos detetar de cerca de 2 mil milhões de galáxias, que servirão para mapear a distribuição espacial da enigmática matéria escura e a evolução da energia escura nos últi-mos 10 mil milhões de anos (3/4 da idade do Universo).

O consórcio Euclid, liderado por Yannick Mellier (Institut d’Astrophysique de Paris), tem a seu cargo a coordenação científica da missão. Este representa a maior colaboração internacional alguma vez criada em Astronomia, com cerca de 1000 investigadores, oriundos de 13 países da Europa e dos EUA. Em Portugal tem como afilia-dos o Centro de Astronomia e Astrofisica da Uni-versidade de Lisboa (CAAUL) e o Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP). O investigador do CAAUL Ismael Tere-no comenta: “O tamanho da equipa mostra o grande interesse na ciência do Euclid. De facto, a missão foi desenhada para responder a ques-tões fundamentais como: porque está o Univer-so a expandir de forma acelerada, em vez de travar por ação da atração gravitacional da

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COSMOLOGIA Junho 2012

matéria nele contida?” Ao consórcio Euclid cabe também a construção dos instrumentos e parte da estrutura de análise de dados. O investigador do CAUP António da Silva diz: “Estamos atualmente envolvidos num aspeto central da preparação da missão. Trata-se do desenvolvimento de simulações de estra-tégias de observação, para definir a sequência ótima de observações que irá ser seguida pelo telescópio espacial quando estiver em atividade. Esta é a primeira vez que institutos nacionais participam formalmente, com tarefas deste rele-vo, no consórcio científico de uma missão imple-mentada pela ESA”. O envolvimento do CAUP e do CAAUL na cons-trução da missão possibilita desde já que investi-

gadores de qualquer instituto de investigação nacional se possam candidatar a participar na sua exploração científica e tecnológica. Tereno acrescenta por isso que “a missão irá produzir um enorme conjunto de imagens de alta preci-são de todo o tipo de objetos astrofísicos. É por-tanto compreensível que toda a comunidade científica queira participar da multiplicidade de dados muito diversificados que se avizinha.” A missão Euclid tem lançamento previsto para 2020. Mais informações: Astronotícia do CAUP Comunicado de imprensa ESA CAUP

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Voyager 1 na derradeira fronteira do Siste-ma Solar?

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Volume 2 Edição 5 SISTEMA SOLAR

Dados recentes provenientes da Voyager 1 sugerem que a sonda da NASA poderá estar à beira de alcançar um marco histórico na exploração espa-cial. Segundo os cientistas da missão, a sonda encontrou uma nova região onde a inten-sidade de raios cósmicos pro-venientes do espaço intereste-lar aumentou consideravel-mente. Este é um claro indício de que a Voyager 1 poderá estar a navegar nas proximida-des da derradeira fronteira do Sistema Solar, a heliopausa. Os primeiros indícios da chega-da desta região chegaram com a detecção de um aumento gradual da densidade de partí-culas energéticas interestela-res, que atingiu os 25% entre Janeiro de 2009 e Janeiro de 2012. A partir de 7 de Maio, os números escalaram rapida-mente, primeiro em 7% numa semana e depois em 9% num mês! Este rápido aumento sig-nifica que a Voyager 1 está seguramente nos limites exte-riores da gigantesca bolha magnética que rodeia o Sol e os planetas, a heliosfera.

A chegada definitiva da Voyager 1 ao espaço inte-restelar deverá trazer outras mudanças até agora ainda não detectadas. A intensidade de

partículas energéti-cas gera-das no interior da helios-fera tem vindo a diminuir lenta-mente, mas não exibiu ainda a queda abrupta esperada pelos cientistas na heliopausa. Por outro lado, as linhas do campo magnético em redor da Voyager 1 mantêm a mesma orientação das linhas do campo magnético do Sol, o que indica que a sonda não abandonou ainda a heliosfera. A sua entrada no espaço inte-restelar deverá ser acompa-nhada da detecção de linhas numa orientação mais perpen-dicular. A Voyager 1 partiu da Terra em Setembro de 1977 para uma longa viagem interplanetária com passagens rápidas pelos gigantes Júpiter em 1979, e Satur-no em 1980. 35 anos depois, a

sonda encontra-se nos confins do Sistema Solar, a mais de 18 mil milhões de quilómetros do nosso planeta. Tudo indica que a Voyager 1 virá a tornar-se em breve no primeiro objecto construído pelo Homem a via-jar no exterior do Sistema Solar, no vasto espaço entre as estrelas da nossa Galáxia. Mag-nífico!

Sérgio Paulino

Representação artística de uma das sondas Voyager.

Crédito: NASA/JPL-Caltech.

Raios cósmicos galácticos detectados pela sonda Voyager 1

desde o início do ano.

Crédito: NASA.

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Marte Um quer levar os astronautas para Marte na próxima década ao estilo Big Brother

A empresa holande-sa Mars One diz que quer levar 4 pessoas para uma viagem a Marte em 2023. E de 2 em 2 anos, enviar mais 4 humanos. As viagens seriam só de ida, e não teriam retorno. A ideia é que o pro-cesso de selecção e toda a preparação desses astronautas seja visualizada ao estilo Big Brother. Segundo um porta-voz da empresa, este iria ser o maior even-to mediático de toda

a história humana! A ideia é apoiada pelo Prémio Nobel da Físi-ca, Gerard’t Hooft, pelo co-criador do Big Brother, Paul Romer, e poderão ter o apoio da SpaceX. A ideia é realmente entusiasmante. O facto de ser comer-cial, em estilo Big Bro-ther, de modo a estar totalmente aberta a toda a gente e ao mesmo tempo fazer dinheiro com essa abertura, torna essa ideia adaptada aos novos tempos.

Iria certamente ter voluntários. Um deles seria eu! O problema pare-ce ser que isto não passa de uma manobra publicitária de uma empresa que tem um astrofísi-co e não tem engenheiros, e não consegue responder a per-guntas simples. Carlos Oliveira

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SISTEMA SOLAR Junho 2012

Terra incognita foi um termo latino usado duran-te séculos em cartografia para assinalar regiões nunca mapeadas ou docu-mentadas. Anteontem, a sonda Cassini fotografou uma dessas regiões no hemisfério norte de Mimas. Aproveitando uma passagem a pouco mais de 40 mil quilóme-tros acima da sua superfí-cie, a sonda da NASA obteve as primeiras imagens de uma fai-xa de terreno junto ao pólo

norte (a quase totalidade da metade direita deste mosaico) nunca antes observada.

Sérgio Paulino

Cassini fotografa terra incognita em Mimas

PU

BP

UB

A região do pólo norte de Mimas vista pela sonda Cassini a 05 de Junho de 2012, a uma distân-

cia de cerca de 50 mil quilómetros (imagens originais: N00190670 e N00190673).

Crédito: NASA/JPL/Space Science Institute/mosaico de Sérgio Paulino.

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Volume 2 Edição 5 SISTEMA SOLAR

Com um diâmetro médio de 22 kms, esta lua de Marte, pare-cer-nos-ia desta forma caso estivesse por cima de uma das nossas cidades .

Na verdade, Phobos está a desacelerar, e assim a órbita está a ficar cada vez mais pró-xima do planeta Marte (20 metros por século). Daqui por 8 milhões de anos, Fobos já estará tão próximo de Marte (será vista pelos Marcianos, mais longe do que a imagem mostra), que esta lua se irá partir em peque-

nos bocados, que forma-rão um anel ao redor do planeta… e após mais alguns 3 milhões de anos, esses pedaços embaterão na superfície Marciana.

Carlos Olivei-ra

Fobos

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Revista a elipse de amartagem do Curiosity

SISTEMA SOLAR Junho 2012

Foi ontem anunciada uma importante novidade relativa à missão Curiosity. A equipa de engenheiros da missão conse-guiu diminuir significativamen-te a área da elipse de amarta-gem! O destino final do sofisti-cado robot da NASA na superfí-cie do planeta vermelho situa-se agora algures no interior de uma pequena elipse com 20 quilómetros de comprimento e 7 quilómetros de largura (a elipse inicial tinha 25 quilóme-tros de comprimento por 20 quilómetros de largura). O cen-tro da elipse (o local de maior probabilidade de amartagem) posiciona-se agora muito mais próximo do monte Sharp, o alvo primordial da missão na

cratera Gale, pelo que os res-ponsáveis esperam que a via-gem até aos pontos de interes-se científico na vertente da montanha seja encurtada em vários meses relativamente aos planos iniciais. Este reajuste do alvo da missão foi fruto de uma análise conti-nuada dos sistemas de amarta-gem que incluiu testes e actua-lizações nos respecti-vos softwares. Se as condições atmosféricas assim o permiti-rem, o Curiosity deverá atingir em segurança o destino pre-tendido na superfície de Marte às 06:31 (hora de Lisboa) do dia 06 de Agosto. Até lá os engenheiros da missão irão ainda executar mais alguns

preparativos finais, e tentar compreender o problema entretanto detectado no siste-ma de perfuração. Experiências realizadas recentemente nos laboratórios do JPLrevelaram que teflon e outros materiais deste intrumento poderão con-taminar as amostras de rocha e dificultar a análise de compos-tos de carbono por um dos 10 instrumentos científicos que equipam o Curiosity. Os res-ponsáveis esperam encontrar em breve formas de contornar este problema e evitar o com-prometimento de uma das mais importantes experiências da missão. Sérgio Paulino

Visão oblíqua da cratera Gale obtida pela combinação de dados das missões Mars Express, Mars Reconnaissance Orbiter e

Viking Orbiter. São visíveis na imagem duas elipses de amartagem no sopé do monte Sharp. A maior (delineada a cinzento) cor-

responde à elipse de amartagem do Curiosity determinada antes da lançamento da missão. A elipse menor (a preto) é a nova área

de amartagem calculada durante a viagem interplanetária da missão. O centro de cada elipse está marcada com uma cruz com a

cor respectiva.

Crédito: NASA/JPL-Caltech/ESA/DLR/FU Berlin/MSSS.

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Volume 2 Edição 5 SISTEMA SOLAR

Júpiter com mais 2 luas

Foram descobertas mais duas luas ao redor de

Júpiter: S/2010 J 1 e S/2010 J 2.

S/2010 J 1 orbita Júpiter com um período de 2,02

anos, e tem 3 quilómetros de diâmetro.

S/2010 J 2 orbita Júpiter com um período de 1,69

anos e só tem 2 quilómetros de diâmetro, sendo

assim o mais pequeno satélite natural de Júpiter e

sendo a lua mais pequena no sistema solar detec-

tada a partir da Terra.

Ambas as luas são assim bastante pequenas.

Lembremo-nos que Júpiter é o maior planeta do

sistema solar e que tem também a maior lua do

sistema solar, Ganimedes, com 5.268 quilómetros

de diâmetro (superior ao planeta Mercúrio).

Júpiter tem agora um total de 67 luas conhecidas.

Carlos Oliveira

Page 34: astroPT Junho2012

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Rato Mickey em Mercúrio!

SISTEMA SOLAR

Três impactos não relacionados escul-piram em Mercú-rio uma silhueta que lembra a cabe-ça da mais famosa personagem de desenhos anima-dos da Walt Dis-ney, o Rato Mic-key. Obtida recen-temente pela son-da MESSENGER, esta imagem inte-gra-se num con-junto que irá for-mar um mapa da superfície do pla-neta visto com um baixo ângulo de iluminação. Com o Sol próximo do horizonte, as som-bras projectam-se mais longe na superfície, o que evidencia os perfis topográficos dos acidentes geológi-cos mais pequenos. Este novo mapa constitui uma das princi-pais actividades da actual mis-são da MESSENGER e irá com-plementar a informação do mapa morfológico obtido durante a missão primária.

Imagem: Três crateras sem nome situadas a noroeste da

cratera Magritte, no hemisfério sul de Mercúrio (norte para baixo). Imagem obtida pela sonda MESSENGER a 03 de Junho de 2012. Crédito: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Carnegie Institu-tion of Washington. Sérgio Paulino

Junho 2012

Page 35: astroPT Junho2012

No flanco sudeste de Tycho existe um conjunto de especta-culares formações que denun-ciam as forças titânicas envolvi-das na génese das crateras lunares. A mais de 4 quilóme-tros acima do chão desta mag-nífica cratera encontram-se vários depósitos de rocha fun-dida ligados por sinuosos fluxos direccionados pela topografia local. Um desses fluxos esten-de-se por cerca de 5 quilóme-tros, flan-queando pequenas coli-nas na verten-te inclinada, até ser trava-do num gran-de depósito situado 600 metros mais abaixo. A tex-tura da super-

fície do fluxo e o canal por si formado foram moldados pelo declive e pelas alterações de viscosidade da rocha fundida à medida que esta arrefecia.

Como se formaram estes depósitos e os fluxos que os unem? O impacto que esca-vou a cratera Tycho libertou uma imensa

quantidade de energia; uma quantidade suficiente para fundir grande parte da rocha atingida pelo projéctil. Embora a maioria desta rocha fluída se tenha acumulado no chão da cratera, formando um imenso lago de lava, uma pequena fracção acabou por ser arremessada para a orla da cratera, fluindo depois pelas encostas até depressões gran-

des o suficiente para estanca-rem a sua progressão. Podem ver aqui mais pormeno-res destas magníficas estrutu-ras, e embarcar aqui numa via-gem ao interior da cratera Tycho.

Sérgio Paulino

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Volume 2 Edição 5 SISTEMA SOLAR

Um rio de rocha fundida na Lua

Secção de um enorme rio de rocha fundida,

agora sólida, que fluiu pelo flanco sudeste da

cratera Tycho, há cerca de 108 milhões de

anos. Imagem obtida a 09 de Março de 2012

pela sonda Lunar Reconnaissance Orbiter.

Crédito: NASA/GSFC/Arizona State Univer-

sity.

Rio de rocha fundida no flanco sudeste da cratera Tycho (contexto da imagem de cima). É visível uma cratera

com 400 metros de diâmetro formada posteriormente.

Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

Imagem de contexto mostrando as elevações em

relação ao datum altimétrico lunar de alguns

depósitos de rocha fundida formados nesta região.

O rectângulo branco delimita a área coberta pela

imagem de cima.

Crédito: NASA/GSFC/Arizona State University.

Page 36: astroPT Junho2012

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TERRA Junho 2012

Perto do Árctico, numa fiorde no Canadá (Borup Fjord Pass), cientistas encontraram um ambiente gelado e com uma uma alta concentração de enxofre. Apesar de ser um ambiente proibitivo para os humanos, o certo é que é o “paraíso” para algumas bactérias. Este é o tipo de ambiente que se espera encontrar na lua Europa, no sistema de Júpiter. Se há por lá bactérias ou não, em Europa, não se sabe.

Neste ambiente terrestre, podem-se testar novos métodos para detectar vida simples, que depois poderão ser aplicados numa missão a Europa.

Leiam mais: Space

Daily, Space.com, Centauri Dreams, artigo

científico no journal Astrobiology.

Carlos Oliveira

Fiorde Canadiana parecida a Europa

Hoje, 4 de Junho de 2012, teremos um Eclipse Parcial da Lua.

No seu máximo, a Lua será coberta em um terço pela sombra da Terra.

Na Australia vai ver-se bem.

Infelizmente, o eclipse não será visível em Portugal.

No Brasil, o fenómeno será visível ao amanhecer (entre as 6 e 7 da manhã), quando a Lua se estiver a pôr, e já existir muita claridade, daí que este eclipse parcial não terá boa visibilidade.

Carlos OliveiraOliveira

Eclipse Parcial da LuaLua

Crédito: Sky & Telescope, Dennis di Cicco.

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Volume 2 Edição 5 TERRA

Evento espacial levou a um aumento de Evento espacial levou a um aumento de

raios cósmicos a atingirem a Terra há raios cósmicos a atingirem a Terra há

1.237 anos 1.237 anos

Cientistas Japoneses descobriram nos anéis de crescimento de dois cedros históricos, um aumento extraordinário da concentração de carbono 14. Esse aumento ocorreu rapidamente, em somente 1 ano (entre os anos 774 e 775 d.C.).

Os cientistas atribuem este aumento a um “aumento espectacular dos raios cósmicos que atingiram a Terra naquela altura”. “Os raios cósmicos são partículas subatómicas que vêm do espaço e que, ao interagirem com a atmosfera terrestre, produzem, entre outros

elementos, carbono 14. Este, ao ser absorvido pelas árvores durante a fotossíntese, deposita-se nos anéis de crescimento”. O fenómeno deverá ter tido um efeito global, e as causas podem ter sido: OU uma Supernova (apesar de nenhuma ter sido observada nessa data), OU uma forte Erupção Solar (apesar de não haver registos desse evento). Por outro lado, um evento deste género deveria ter levado a extinções em massa, mas também não há registos

disso. Assim, temos um mistério para a causa deste fenómeno. Uma hipótese neste momento mais provável, é ter havido “uma série de erupções mais fracas ao longo de um a três anos”.

Por outro lado, como nos diz o Público, “Mike Baillie, da Queen”s University, no Reino Unido, também citado pela New Scientist, encontrou entretanto um documento histórico que sugere que algo de extraordinário poderá ter acontecido naqueles anos do século VIII. Roger de Wendover, cronista inglês do século XIII, escreveu: “No Ano do Senhor 776, sinais de fogo assustadores foram vistos nos céus após o pôr do Sol; e apareceram serpentes em Sussex, como se brotassem do

chão, para o grande espanto de todos”.” Por isso, parece ter havido na altura um fenómeno espacial com implicações para a Terra.

Leiam no Público, New Scientist, e artigo científico.

Carlos Oliveira

Page 38: astroPT Junho2012

Os cientistas e professores universitários, Thomas Beatty e Robert Siverd fizeram o telescópio na imagem, com lentes semelhantes às de uma câmera fotográfica, que lhes custou ao todo somente 75.000 dólares ou 155.000 reais ou 60.000 euros.

E através do método dos trânsitos, descobriram dois exoplanetas: Kelt-1b e Kelt-2ab.

Kelt-1b “é uma bola superdensa e quente, feita de hidrogénio metálico e ósmio, o metal mais pesado que se conhece na natureza, encontrado na platina e de cor cinza ou azulada”. Estão tão

próximo da estrela, que completa uma órbita em apenas 30 horas. Devido à sua proximidade, “recebe cerca de 6000 vezes mais radiação que a Terra do Sol”. A temperatura é de 2.200°C. (Mercúrio, por exemplo, orbita o Sol em 88 dias e tem uma temperatura de 427°C)

Kelt-2ab é 30% maior e 50% mais denso que Júpi-ter, e encontra-se a cerca de 12 mil anos-luz da Terra.

Leiam na Globo, e o artigo científico.

Carlos Oliveira

Página 38

Telescópio pequeno descobre dois planetas fora do Telescópio pequeno descobre dois planetas fora do

Sistema Solar Sistema Solar

EXOPLANETAS Junho 2012

Page 39: astroPT Junho2012

Página 39

Volume 2 Edição 5 EXOPLANETAS

O 220º Encontro da American Astronomical

Society teve lugar entre os dias 10 e 14 Junho, em

Anchorage, no Alaska. A missão Kepler esteve

presente em força com várias novidades interes-

santes. Apesar de parte das sessões poderem ser

vistas via Internet, os afazeres profissionais e par-

ticulares impediram-me de seguir mais de perto o

que se passava. Felizmente, o Govert Schil-

ling estava lá a fazer a cobertura do evento e foi

dizendo o que se passava através do Twitter.

Vários dos trabalhos apresentados e que vou

mencionar em seguida não estão ainda publica-

dos o que explica a paucidade de detalhes nos

tweets do Govert Shilling e a dificuldade em

encontrar informação adicional na Internet. Aqui

vai então o sumo das sessões vergonhosamente

adaptado e ligeiramente melhorado dos Tweets

do Govert:

1. A missão Kepler tem agora 72 planetas confir-

mados, (vários em sistemas múltiplos) num total

de 2321 candidatos. Cerca de 365 estrelas têm

sistemas múltiplos, num total de 896 planetas;

2. A Natalie Batalha anunciou que actualmente o

melhor candidato para um planeta com caracte-

rísticas físicas semelhantes à Terra na zona habi-

tável da estrela hospedeira é o KOI-2124.01. O

planeta tem um raio semelhante ao da Terra e

um período orbital de 42.3 dias. A estrela hospe-

deira é mais fria e menos luminosa que o Sol;

3. O Geoff Marcy apresentou uma análise dos pla-

netas confirmados pelo Kepler, para os quais são

conhecidas a densidade, massa e dimensões. Os

dados apontam para uma transição entre plane-

tas rochosos (de grande densidade, semelhantes

à Terra) e planetas formados predominantemente

por gelos (de baixa densidade, semelhantes a

Neptuno) quando o raio atinge cerca de 1.5 vezes

o da Terra;

4. O Jack Lissauer descreveu o sistema Kepler-33

(com 5 planets) como sendo extremamente plano

e com uma inclinação orbital próxima dos 90

graus. Aparentemente, durante os trânsitos,

todos os planetas do sistema atravessam o disco

da estrela segundo a mesma corda (!);

Kepler na AAS220 Kepler na AAS220

Page 40: astroPT Junho2012

5. O Jason Steffen mencionou outro estudo de

candidatos descobertos pelo Kepler que mostra

que Terras Quentes e Neptunos Quentes, bem

como Júpiteres Mornos (mais distantes das estre-

las hospedeiras que os Júpiteres Quentes) exis-

tem em sistemas múltiplos. As fracções observa-

das são de, respectivamente, 30%, 30% e 10%.

Notem que o número para Júpiteres Mornos é

menor. Os sistemas com Júpiteres Quentes, no

entanto, parecem não ter outros planetas. Os

Júpiteres Quentes são solitários. Esta observação

vem reforçar a ideia de que estes planetas se for-

mam longe das estrelas hospedeiras migrando

depois, por interacções com o disco proto-

planetário, para uma órbita bem mais interior.

Nesse percurso, a sua enorme massa provavel-

mente captura, ou ejecta para fora do sistema,

planetas mais pequenos e em formação no disco;

6. O Andrew Howard mostrou que os Júpiteres

Quentes são extremamente raros. De acordo com

a amostra do Kepler, são cerca de 1000 vezes

menos comuns do que planetas com o tamanho

entre a Terra e Neptuno;

7. O Jerome Orosz apresentou uma descoberta

interessante: mais um “Sistema Tatooine”, o

Kepler-38. É já o quarto descoberto pela missão.

O planeta, Kepler-38b, tem um raio de 4.35 vezes

o da Terra (é provavelmente um Neptuno) e orbi-

ta um sistema binário com um período de 105.6

dias. O sistema binário é formado por uma estrela

semelhante ao Sol e uma anã vermelha;

8. O Andrew Howard notou que os dados do

Kepler apontam para uma modesta abundância

de planetas com tamanhos inferiores a duas vezes

o raio da Terra. Este efeito já tinha sido observa-

do numa análise prévia dos resultados, mas a sur-

presa é que se mantém, apesar de a análise

actual usar um conjunto de observações maior,

conferindo-lhe mais precisão. Howard refere que

o efeito poderá ser devido a uma dificuldade do

Kepler em ver esses planetas (e.g. devido a ruído

nos dados, etc), mas parece que a equipa está a

considerar seriamente a hipótese de ser um efei-

to real, o que seria muito interessante e contra-

intuitivo;

9. O sistema KOI-961 foi renomeado de Kepler-42;

10. O Lars Buchhave apresentou uma análise de

mais de 150 sistemas descobertos pelo Kepler

que aponta para que a formação de planetas mais

pequenos como Terras e Neptunos não dependa

tão fortemente da metalicidade da estrela hospe-

deira com no caso dos gigantes de gás. Isto quer

dizer que mesmo estrelas pouco enriquecidas em

“metais” poderão formar planetas pequenos com

o a Terra. Este resultado vem confirmar estudos

realizados por outras equipas, e.g. do Observató-

rio de Genebra, que apontavam já para esse efei-

to. Podem ler mais sobre isto aqui.

11. Finalmente, o Thomas Barclay referiu que o

candidato a exoplaneta mais pequeno detectado

pelo Kepler tem o tamanho da Lua (sim, a nossa

Lua!) e orbita uma estrela semelhante ao Sol com

um período de 15 dias!

Luís Lopes

Página 40

EXOPLANETAS Junho 2012

Page 41: astroPT Junho2012

Página 41

Volume 2 Edição 5 EXOPLANETAS

Não é muito habitual lerem posts meus, a não ser quando há algum tipo de anúncio relativo ao site que tem de ser feito. Desta vez, abro uma excep-ção e publico uma imagem do xkcd referente a este assunto, que me chamou a atenção.

Nuno Coimbra

Exoplanetas Exoplanetas

Os exoplanetas atualmente conhecidos, numa representação esquemática dos seus tamanhos

Page 42: astroPT Junho2012

Página 42

ASTRONÁUTICA Junho 2012

IntelsatIntelsat--19 com problemas após entrar em 19 com problemas após entrar em

órbita órbita

A empresa Sea Launch levou a cabo o lançamento

do satélite de comunicações Intelsat-19 às

0522:59UTC do dia 1 de Junho de 2012. O lança-

mento foi levado a cabo pelo foguetão Zenit-3SL/

DM-SL a partir da Plataforma Odyssey fundeada

no Equador no Oceano Pacífico a 154º longitude

Oeste.

Os lançamentos da Sea Launch são feitos a partir

de uma antiga plataforma petrolífera convertida

para plataforma de lançamentos orbitais. Coloca-

da no equador terrestre, o lançamento tira parti-

do inicial da rotação terrestre para adicionar mais

velocidade ao lançador.

O Intelsat-19 foi construído pela Space Systems/

Loral e é baseado no modelo LS-1300. Será utiliza-

do para fornecer serviços à região da Ásia e Pacífi-

co.

Na fase de abertura dos painéis solares foi detec-

tados um problema que impediu a abertura de

um dos painéis. Os especialistas estão a estudar a

situação e a tentar determinar as medidas que

deverão ser tomadas para corrigir o problema. O

veículo encontra-se estável na sua órbita de

transferência para a órbita geossíncrona.

Imagem: Sea Launch

Rui Barbosa

ShenzhouShenzhou--9 na plataforma de lançamento 9 na plataforma de lançamento

O foguetão Cheng Zheng-2F/G com a cápsula espacial Shenzhou-9 foi transportado para a Pla-

taforma de Lançamento 921 do Complexo de Lan-çamento LC43 do Centro de Lançamento de Saté-lites de Jiuquan. O transporte teve início às 0230UTC do dia 9 de Junho.

De notar que a Shenzhou-9 já se encontrava em Jiuquan desde o dia 9 de Abril, com o seu fogue-

tão lançador a chegar ao centro de lançamento a 9 de Maio.

Entretanto, e apesar de ainda não se saber a constituição da tripulação, Fei Junlong (Comandante da Shenzhou-6), referiu que duas taikonautas estão na fase final do treino para uma delas participar na Shenzhou-9. A composição da tripulação deverá ser divulgada nos próximos dias.

Page 43: astroPT Junho2012

Página 43

Volume 2 Edição 5 ASTRONÁUTICA

China prepara ShenzhouChina prepara Shenzhou--9 9 –– Os taikonautas Os taikonautas

No dia 11 de Junho os especialistas espaciais chi-neses levaram a cabo com sucesso um ensaio geral para o lançamento da Shenzhou-9 que deverá ter lugar no dia 16 de Junho de 2012.

O ensaio teve início às 0207UTC e teve uma dura-ção de 4h 30m. Todos os sistemas relevantes para a missão, incluindo os taikonautas, cápsula espa-cial, foguetão lançador, centro de lançamento e observação, e os sistemas de controlo e de comu-

nicações, foram testados em coordenação uns com os outros. Os taikonautas seleccionados para a missão participaram no teste a bordo da Shen-zhou-9 envergando os seus fatos espaciais pressu-rizados.

Por ser de mais fácil pronunciação no Ocidente,

adoptou-se o termo ‘taikonautas’ para designar os cosmonautas chineses, pois a palavra “yu hang yuan” seria de mais difícil pronunciação.

Ficamos então a saber os nomes dos e das taiko-nautas seleccionadas para a missão Shenzhou-9. Se bem que os nomes das duas taikonautas eram já conhecidos há vários meses (Wang Yaping e Liu Yang), os nomes dos restantes elementos que compõem as tripulações da quarta missão espa-cial chinesa era um segredo bem guardado… pelo

menos à primeira vista. Assim, e segundo o Boletim Em Órbita, os seis nomes entretanto revelados são Nie Hai-sheng, Zhang Xiaoguan, Wang Yaping, Jing Hai-peng, Liu Wang e Liu Yang. De referir que todos estes nomes eram já de certa forma conhecidos, pois exceptuando Wang Yaping e Liu Yang, os

A missão da Shenzhou-9 terá uma duração de 13 dias e o seu lançamento poderá ter lugar no dia 16 de Junho (se bem que é de admitir que este pos-sa ter lugar dois dias mais cedo). Destes 13 dias, 10 dias destes passados a bordo do

módulo TG-1 Tiangong-1, com dois dias de manobras de apro-ximação e acoplagem. Assim, a acoplagem com o módulo espacial deverá ter lugar a 18 de Junho. O último dia será dedicado às manobras de sepa-ração e regresso à Terra que assim deverá ter lugar a 29 de Junho (com um lançamento a

16).

As duas tripulações que estão na fase final do treino para a

missão Shenzhou-9 chegaram ao Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan no dia 8 de Junho, entrando numa fase de quarentena. Estas duas tripulações são

compostas por quatro homens

e duas mulheres (Liu Yang e

Wang Yaping). Uma deles será

escolhida para ser a primeira

taikonauta a viajar no espaço

com a sua suplente provavel-

mente a ter um lugar a bordo

da Shenzhou-10 prevista para

2013. Em relação aos dois tai-

konautas estes deverão per-

tencer ao primeiro grupo de

homens do qual fazia parte

Yang Liwei, o primeiro taiko-

nauta chinês.

Rui Barbosa

Page 44: astroPT Junho2012

Página 44

ASTRONÁUTICA

quatro homens pertencem ao primeiro grupo de taikonautas seleccionados em Janeiro de 1998.

Nie Haisheng participou na missão espacial SZ-6 Shenzhou-6 entre 12 e 16 de Outubro de 2005. Nascido a 8 de Setembro de 1964 em Zaoyang, é casado e tem um filho. Actualmente Major-

General, se seleccionado para a missão SZ-9 Shen-zhou-9 tornar-se-á no primeiro taikonauta a reali-zar duas missões espaciais.

O nome de Zhang Xiaoguan surge um pouco como uma surpresa nesta selecção, pois muitos analistas esperavam que Chen Quan (Comandante suplente na missão SZ-7 Shenzhou-7) fosse seleccionado. Esta é a primeira nomea-ção de Zhang Xiaoguan e pouco se sabe sobre a sua biografia, para além de ter nascido em 1968.

Wang Yaping foi uma das taikonautas selecciona-das para o programa espacial chinês em Março de 2010. Nascida numa família de agricultores, os seus pais cultivam cerejas e as duas irmãs ainda vivem com os seus pais. Wang decidiu enveredar por uma carreira militar tornando-se piloto de aviões de trans-

porte. Nascida a 27 de Janeiro de 1980 em Yantai, é casada e tem um filho. Wang parti-cipou em várias missões de resga-te a quando do sismo que abalou a província de

Shichuan em 2008.

Jing Haipeng nas-

ceu a 24 de Outu-bro de 1966 em Yuncheng e tal

como Nie haisheng já realizou um voo espacial, participando na missão SZ-7 Shenzhou-7 entre 25 e 28 de Setembro de 2008. É casado e tem um filho.

Pouco se sabe sobre o passado de Liu Wang. Seleccionado para taikonauta em Janeiro de 1998, Liu Wang nasceu em 1970 na província de

Shanxi.

Liu Yang nasceu em Outubro de 1978 e é casada com uma importante figura militar. Liu Yang é Major na Força Aérea do Exército de Libertação do Povo. As notícias mais recentes apontam os nomes de

Jing Haipeng, Liu Wang e Liu Yang, como sendo a

tripulação principal da Shenzhou-9. No entanto,

ainda não surgiu nenhuma confirmação oficial

sobre quem foi seleccionado para participar neste

voo histórico.

Rui Barbosa

Junho 2012

Page 45: astroPT Junho2012

Página 45

Volume 2 Edição 5 ASTRONÁUTICA

Um foguetão Pegasus-

XL colocou em órbita o observatório NuS-TAR. O lançamento teve lugar às 1600:36UTC do dia 13 de Junho de 2012 após o avião de trans-porte L-1011 Stargazer ter levantado voo des-de o Aeródromo Mili-

tar de Bucholz no Atol de Kwajalein pelas 1501UTC.

O NuSTAR (Nuclear Spectroscopic Telesco-pe Array) é um satélite astronómico que irá estudar os raios-X de alta energia, tendo como objectivo ser a primeira missão

a obter imagens de fontes de raios-X com energia entre os 8 e 80 keV. O satélite foi cons-truído pela Orbital Sciences Corporation tendo por base o modelo LEOStar-2.

O satélite transporta dois teles-cópios equipados com detecto-res de cádmio-zinco telúrio que

fornecem uma resolução de 60 x 64 pixels. Os seus espelhos são compostos por centenas de segmentos de espelhos cur-vados numa estrutura cilíndrica composta de 133 conchas com uma espessura de um quinto

de milímetro com separadores de grafite.

O principal objectivo da missão

é o de descobrir novos buracos

negros super massivos e

estrelas em colapso, para

observar supernovas fontes

de raios gama, além de

mapear os restos de super-

novas.

Rui Barbosa

PUB

A sua

revista

mensal de

astronáuti-

ca

[clica na

imagem

para saber

mais]

PegasusPegasus--XL lança NuSTAR XL lança NuSTAR

Page 46: astroPT Junho2012

Página 46

ASTRONÁUTICA

Segundo divulgou o Boletim Em Órbita, a nave espacial tripulada SZ-9 Shenzhou-9 encontra-se nos preparativos finais para o seu lançamento que deverá ter lugar às 1037:21UTC do dia 16 de Junho de 2012. Esta será uma missão histórica para a China que irá tentar levar a cabo a primeira acoplagem tripulada no seu programa espacial. A missão terá também a bordo a primeira taikonau-ta chinesa cuja identidade ainda não foi oficial-mente revelada, mas que segundo os mais recen-tes rumores será Liu Yang (na fotografia em cima).

A missão terá uma duração de 13 dias com uma permanência de 10 dias a bordo do módulo orbi-tal TG-1 Tiangong-1. Aparentemente está prevista uma segunda acoplagem tripulada durante a mis-são. Durante a permanência a bordo do módulo os taikonautas deverão levar a cabo várias expe-riências relacionadas com a adaptação do corpo humano a uma «longa» permanência em órbita, além de executarem outras experiências e obser-

vações científicas.

A bordo da Shenzhou-9 serão lançados vários qui-los de mantimentos, estando o restante já a bor-do do Tiangong-1. Dois taikonautas estarão per-manentemente a bordo do módulo orbital, com o terceiro a bordo da Shenzhou-9. O mesmo acon-tece durante o período de descanso com um dos taikonautas a dormir a bordo da Shenzhou-9. Tan-to a Shenzhou-9 como o Tiangong-1 estão equipa-

dos com dispositivos que permitem a realização de tarefas de higiene tanto por parte dos homens como das mulheres.

A Shenzhou-9 será lançada pelo foguetão CZ-2F/G Chang Zheng-2F/G (Y9) a partir da Plataforma de Lançamento 912 do Complexo de Lançamento

LC43 do Centro de Lançamento de Satélites de Jiuquan.

Os seis elementos seleccionados para a missão

são Nie Haisheng, Zhang Xiaoguan, Wang Yaping,

Jing Haipeng, Liu Wang e Liu Yang.

Rui Barbosa

Junho 2012

AproximaAproxima--se o lançamento da se o lançamento da

ShenzhouShenzhou--9 9

Page 47: astroPT Junho2012

Chang’eChang’e--2 a caminho de Toutatis 2 a caminho de Toutatis

Página 47

Volume 2 Edição 5 ASTRONÁUTICA

A sonda espacial chinesa Chang’e-2 abandonou o ponto L2 e encontra-se a caminho de

um encontro com o asteróide 4179 Toutatis. Este asteróide irá passar «próximo» da Terra em meados do próximo mês de Dezembro, passando a 0,046UA ou 6.900.000 km da Terra. A sonda abandonou o ponto L2 em Abril passado e deverá passar próximo do aste-róide a 6 de Janeiro de 2013.

Aparentemente a missão da Chang’e-2 não ficará por aqui podendo encontrar-se com o asteróide 12711 Turkmit em Agosto de 2018, com o asterói-de 99942 Apophis entre Abril e

Setembro de 2020 e com o asteróide 175706 (1996 FG3) entre Agosto e

Dezembro de 2023. (impõe-se uma correcção a este arti-go, pois a Chang’e-2 não tem como objec-tivo após o encontro com Toutatis, encon-trar-se com outros asteróides. Os objectos referi-dos são possíveis alvos em vez

do asteróide Toutatis) A Chang’e-2 foi lançada a 1 de Outubro de 2010 por um foguetão CZ-3C Chang Zheng-3C desde o Centro de Lança-mento de Satélites de Xichang,

tendo a sua missão principal sido o mapeamento detalhado da superfície lunar para a futu-ra missão Chang’e-3 que deve-rá descer suavemente na superfície do nosso satélite natural. Rui Barbosa

A China irá lançar a ShenzhouA China irá lançar a Shenzhou--9 9

A China está a poucas horas de iniciar a sua quar-

ta missão espacial tripulada com o lançamento da

Shenzhou-9. A bordo estarão três taikonautas:

Jing Haipeng, Liu Wang e Liu Yang, sendo esta a

primeira chinesa a viajar no espaço.

O abastecimento do foguetão CZ-2F/G Chang

Zheng-2F/G teve início às 0930UTC do dia 15 de

Junho. Na primeira fase o foguetão foi abastecido

com o combustível seguindo-se o abastecimento

de oxidante às 1230UTC. Tal como a primeira

fase, esta segunda fase teve uma duração de duas

horas. O peso total dos propolentes é de cerca de

450 toneladas.

O lançamento da Shenzhou-9 está previsto para

ter 1037:21UTC (1137:21 hora de Lisboa) e será

realizado a partir da Plataforma de Lançamento

912 do Complexo de Lançamento LC43 do Centro

de Lançamento de Satélites de Jiuquan.

Jing Haipeng é o Comandante da Shenzhou-9.

Nascido a 24 de Outubro de 1966 em Yuncheng,

província de Shanxi, foi piloto de caça na Força

Aérea do Exército de Libertação do Povo, sendo

Page 48: astroPT Junho2012

Página 48

ASTRONÁUTICA

seleccionado para taikonauta em Janeiro de 1998.

Esta é a segunda missão de Jing Haipeng, com o

seu primeiro voo a ter lugar a

bordo da Shenzhou-7. O Coronel

Sénior Jing Haipeng é casado e

tem um filho. Ingressou na For-

ça Aérea em 1985 e acumulou

mais de 1.200 horas de expe-

riência de voo.

Liu Wang nasceu em 1970 na

província de Shanxi. Este é o seu

primeiro voo espacial e é o res-

ponsável pela manobra de aco-

plagem com o módulo Tiangong

-1.

Foi seleccionado para o grupo de taikonautas em

Janeiro de 1998 após ingressar na Força Aérea em

1988. Possuí mais de 1.000 horas de voo e é ago-

ra Coronel na Força Aérea.

Com 33 anos de idade Liu Yang irá

tornar-se na primeira chinesa a

viajar no espaço. Nascida em

Outubro de 1978 em Zhengzhou,

província de Hainan, foi piloto na

Força Aérea e é a primeira do

segundo grupo de taikonautas a

viajar no espaço.

Ingressou na força aérea em 1997

e é uma piloto veterana com mais

de 1.680 horas de voo. É casada e

é Major na Força Aérea.

Rui Barbosa

Junho 2012

Page 49: astroPT Junho2012

Página 49

Volume 2 Edição 5 ASTRONÁUTICA

A China levou a cabo o

lançamento da sua

quarta missão espacial

tripulada às 1037UTC

do dia 16 de Junho de

2012, transportando

três taikonautas a bor-

do entre os quais a pri-

meira chinesa a viajar

no espaço. A tripulação

é composta por Jing

Haipeng, Liu Wang e

Liu Yang, sendo esta a

primeira taikonauta.

O lançamento foi leva-

do a cabo pelo fogue-

tão CZ-2F/G Chang

Zheng-2F/G (Y9) a par-

tir da Plataforma de

Lançamento 912 do

Complexo de Lança-

mento LC43 do Centro

de Lançamento de

Satélites de Jiuquan.

Esta é mais uma mis-

são histórica para o

programa espacial da

China que tem por

objectivo lançar uma

estação espacial

modular a partir de

2020. Este dia adquire

também um significado espacial juntamente com o lançamento de Liu Yang, pois há 49 anos a

China lança a sua primeira taikonauta China lança a sua primeira taikonauta

Page 50: astroPT Junho2012

Página 50

ASTRONÁUTICA

União Soviética lançava a primeira mulher para o

espaço, a cosmonauta Valentina Tereshkova.

Jing Haipeng é o Comandante da Shenzhou-9.

Nascido a 24 de Outubro de 1966 em Yuncheng,

província de Shanxi, foi piloto de caça na Força

Aérea do Exército de Libertação do Povo, sendo

seleccionado para taikonauta em Janeiro de 1998.

Esta é a segunda missão de Jing Haipeng, com o

seu primeiro voo a ter lugar a bordo da Shenzhou-

7. O Coronel Sénior Jing Haipeng é casado e tem

um filho. Ingressou na Força Aérea em 1985 e

acumulou mais de 1.200 horas de experiência de

voo.

Liu Wang nasceu em Março de 1969 na província

de Shanxi. Este é o seu primeiro voo espacial e é o

responsável pela manobra de acoplagem com o

módulo Tiangong-1. Foi seleccionado para o gru-

po de taikonautas em Janeiro de 1998 após

ingressar na Força Aérea em 1988. Possuí mais de

1.000 horas de voo e é agora Coronel na Força

Aérea.

Com 33 anos de idade Liu Yang irá tornar-se na

primeira chinesa a viajar no espaço. Nascida em

Outubro de 1978 em Zhengzhou, província de

Hainan, foi piloto na Força Aérea e é a primeira

do segundo grupo de taikonautas a viajar no

espaço. Ingressou na força aérea em 1997 e é

uma piloto veterana com mais de 1.680 horas de

voo. É casada e é Major na Força Aérea.

A tripulação suplente é composta por Nie Hai-

sheng, Zhang Xiaoguan e Wang Yaping.

A missão da Shenzhou-9 terá uma duração de 13

dias, sendo dois dias de manobras de aproxima-

ção com a acoplagem a ter lugar no dia de voo n.º

3. A acoplagem será feita em modo automático. A

tripulação irá permanecer 10 dias a bordo do

Tiangong-1, mas durante esta permanência irá

ingressar de novo na Shenzhou-9, separar-se do

módulo e realizar uma nova acoplagem, mas des-

ta vez manualmente conduzida por Liu Wang. O

último dia da missão será dedicado à separação

definitiva dos dois veículo e regresso à Terra da

Shenzhou-9. O Tiangong-1 será então colocado

numa órbita mais elevada e aguardar pela missão

Shenzhou-10.

Dois dos tripulantes irão dormir a bordo do Tian-

gong-1 enquanto que o terceiro irá dormir na

Shenzhou-9. No módulo orbital existem dois pos-

tos de descanso individuais que garantem a priva-

cidade dos tripulantes. Os postos de descanso

estão equipados com sistemas independentes de

comunicação.

O módulo está também equipado com vários sis-

temas e equipamentos para a tripulação, tais

como equipamento de exercício físico, equipa-

mento médico para permitir o estudo das varia-

ções médicas dos tripulantes ao longo da missão,

e equipamento de protecção, bem como um sis-

tema de regeneração de água, equipamento de

monitorização médica, roupas para os taikonau-

tas, extintores de incêndio, etc.

No lançamento seguiram a bordo da Shenzhou-9

cerca de 300 kg de carga incluindo água, alimen-

tos e diversas experiências científicas.

Foram tomadas medidas para proteger a saúde

dos três tripulantes. Estas medidas foram previs-

tas para combater a influência da ausência de gra-

vidade na adaptação dos dois homens e da

mulher. Enquanto permanecerem em órbita os

tripulantes serão submetidos a testes para verifi-

car o funcionamento cardíaco e pulmonar, além

das suas condições bioquímicas.

A acoplagem com o módulo Tiangong-1 está pre-

vista para ter lugar a 18 de Junho.

Rui Barbosa

Junho 2012

Page 51: astroPT Junho2012

Página 51

Volume 2 Edição 5 ASTRONÁUTICA

A Shenzhou-9 acoplou com sucesso com o módulo orbital

TG-1 Tiangong-1 às 0608UTC do dia 18 de Junho de 2012.

Após uma acoplagem automá-tica bem sucedida, os três tai-konautas da Shenzhou-9 entra-ram a boro do módulo orbital TG-1 Tiangong-1.

Após verificarem a atmosfera do módulo orbital e após verifi-

carem a não existência de fugas, o Comandante da Shen-zhou-9, Jing Haipeng, abriu a escotilha de acesso ao Tian-gong-1. Após acenar para as câmaras existentes no interior do módulo, Jing Haipeng flu-tuou para dentro do Tiangong-1, seguido pouco depois por Liu Wang enquanto que Liu

Yang permanecia no módulo de descida da Shenzhou-9.

A transmissão em directo deste histórico momento permitiu observar o interior do módulo orbital com a parte «superior» e a parte «inferior» cobertas com uma tela na qual os taiko-nautas se fixavam. Poucos minutos depois, a primeira tai-

konauta entrava também por sua vez no interior do Tiangong-1. Os dois veículos irão permane-cer acoplados durante dez dias mas durante este período terá

lugar uma nova manobra de acoplagem desta vez realizada de forma manual por Liu

Wang. Rui Barbosa

Taikonautas entram no TiangongTaikonautas entram no Tiangong--1 1

Page 52: astroPT Junho2012

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monautas. 5 foram escolhidas. A 21 de Maio, o próprio Nikita Khrushchev escolheu a Valenti-na. A 16 de Junho de 1963, a Vos-tok 6 com a Valentina lá den-tro, partiu para fora da Terra, completando 48 órbitas ao redor da Terra, num total de 71 horas, regressando a 19 de Junho.

Carlos Oliveira

A 16 de Junho de 1963, Valentina Vladimirovna Tereshkova tornou-se a primeira mulher no espaço.

Valentina nasceu em 1937 na União Soviética. Com 18 anos foi trabalhar para uma fábrica textil e tinha como hobbie o pára-quedismo ama-dor. Em 1962 fez provas juntamente com outras 400 candidatas a cos-

Valentina Tereshkova

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