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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS NATURAIS DO SEMIÁRIDO NOELLY BASTOS CAVALCANTE ATIVIDADE ANTIBACTERIANA E ANTIFÚNGICA DE NANOPARTÍCULAS DE PRATA PRODUZIDAS POR Curvularia inaequalis (Shear) Boedijn PETROLINA 2014

ATIVIDADE ANTIBACTERIANA E ANTIFÚNGICA DE NANOPARTÍCULAS DE … · exemplos e ensinamentos que me mostraram a importância da honestidade, da disciplina e da força de vontade

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS NATURAIS DO

SEMIÁRIDO

NOELLY BASTOS CAVALCANTE

ATIVIDADE ANTIBACTERIANA E ANTIFÚNGICA DE

NANOPARTÍCULAS DE PRATA PRODUZIDAS POR

Curvularia inaequalis (Shear) Boedijn

PETROLINA

2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS NATURAIS DO

SEMIÁRIDO

NOELLY BASTOS CAVALCANTE

ATIVIDADE ANTIBACTERIANA E ANTIFÚNGICA DE

NANOPARTÍCULAS DE PRATA PRODUZIDAS POR

Curvularia inaequalis (Shear) Boedijn

Dissertação apresentada à Universidade

Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF, Campus

Petrolina - Centro, como requisito para obtenção do título

de mestre em Recursos Naturais.

Orientador: Prof. Dr. Leonardo Sousa Cavalcanti

Linha de pesquisa: Química e Atividade Biológica

PETROLINA

2014

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Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Integrado de Biblioteca: SIBI/UNIVASF Bibliotecário (a): Maria Betânia de Santana da Silva CRB4-1747.

Cavalcante, Noelly B.

C376a

Atividade antibacteriana e antifúngica de nanopartículas de prata

produzidas por Curvularia inaequalis (Shear) Boedijn / Noelly Bastos

Cavalcante. -- Petrolina, 2014.

79 f.: il. ; 29cm.

Dissertação (Mestrado em Recursos Naturais do Semiárido) -

Universidade Federal do Vale do São Francisco, Campus Centro, Petrolina

- PE, 2014.

Orientador: Prof. Dr. Leonardo Sousa Cavalcanti.

Referências

1. Atividade antibacteriana e antifúngica. 2. Nanopartículas de prata.

3. Nanotecnologia 4. Curvularia inaequalis. 5. Fungos na agricultura –

controle. I. Título. II. Universidade Federal do Vale do São Francisco.

CDD 620.5

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Nos momentos de dificuldade, de cansaço e de ausência,

a imagem, o sorriso, a compreensão e o amor de vocês

me fizeram continuar. Aos meus pais, Davina e

Umberto e à minha irmã, Marielly, por fazerem parte

de mim, com amor.

Na busca dos saberes, junto a eles é onde mais aprendo.

Dedico

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me amar e por permitir que eu tenha forças para lidar com as

adversidades. Por permitir que eu possa aprender a ser uma pessoa melhor a cada

dia. E, principalmente, por me compreender nas falhas e por me dar sempre a

oportunidade de corrigi-las...

Aos meus pais, Davina e Umberto, pelo amor e apoio incondicional, pelos

exemplos e ensinamentos que me mostraram a importância da honestidade, da

disciplina e da força de vontade.

À minha irmã, Marielly, presente de Deus em minha vida, sempre tão próxima

em todas as minhas aflições e alegrias, sempre tão disposta a me ajudar e a me

levantar sempre que eu necessito.

A todos os meus familiares que, mesmo à distância, me apoiaram e torceram

por mim.

Ao professor Leonardo Sousa Cavalcanti, pela valiosa orientação e pelas

oportunidades proporcionadas durante esses dois anos de trabalho.

Ao professor Mateus Matiuzzi da Costa, por ter me oferecido a primeira

oportunidade de ingressar na pesquisa e por acreditar em minha capacidade.

Agradeço pela confiança, dedicação, paciência, competência e pela paixão

acadêmica que transmitiu ao longo dos nossos anos de convivência.

Ao professor Luís Fernando Gusmão e a todos os integrantes do

Departamento de Ciências Biológicas da UEFS de Feira de Santana-BA, pelo

fornecimento das amostras de Curvularia inaequalis, fundamentais para a realização

deste trabalho.

À professora Vanessa Polon Donzeli, por ter disponibilizado seu laboratório,

suas sugestões, idéias e atenção.

Ao professor Helinando Pequeno de Oliveira, pelo apoio, pelas idéias

inovadoras e por estar sempre disposto a ajudar, com interesse e entusiasmo.

Ao professor Jackson Roberto Guedes, coordenador do Programa de Pós-

graduação em Recursos Naturais do Semiárido, pela competência, disponibilidade e

receptividade presentes em todas as vezes que o procurei.

A todos os professores do mestrado em Recursos Naturais do Semiárido, que

de alguma forma contribuíram para a minha formação.

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Aos meus amigos do Laboratório de Química orgânica e Bioquímica vegetal,

Ismara e Ivanildo, por toda a aprendizagem em conjunto, pelas dificuldades que

dividimos e superamos e, principalmente, pela amizade e companheirismo em todas

as horas.

A todos os meus amigos do Laboratório de Microbiologia e Imunologia

Animal, pela convivência maravilhosa, pela amizade, pelos ensinamentos, pelos

momentos compartilhados de estudos, de dificuldades e de alegrias.

A todos os meus colegas do mestrado, pela ótima convivência, amizade,

experiências compartilhadas e momentos de descontração.

Às instituições de ensino e pesquisa: Universidade Federal do Vale do São

Francisco (UNIVASF), Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE) e

Universidade do Estado da Bahia (UNEB), pelo incentivo profissional, apoio

financeiro e oportunidade de crescimento pessoal.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CAPES),

pela concessão da bolsa de estudos e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento

Científico e Tecnológico (CNPq) que, por meio do Projeto SISBIOTAIR, possibilitou o

desenvolvimento deste trabalho.

E, finalmente, a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a

realização deste trabalho.

A todos vocês, muito obrigada!

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Existe somente uma idade para a gente ser feliz. Uma única época na vida de

cada pessoa em que é possível sonhar e fazer planos, ter energia bastante para

realizá-los mesmo diante de tantas dificuldades e obstáculos. Uma só idade para a

gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente, desfrutando tudo com

intensidade, sem medo. Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida,

vestir-se com todas as cores, experimentar todos os sabores e entregar-se a todos

os amores sem preconceito nem pudor. Tempo de entusiasmo e coragem em que

todo desafio é mais um convite à luta, que a gente enfrenta com toda disposição de

tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO, e quantas vezes for preciso. Essa idade

tão fugaz na vida da gente chama-se PRESENTE e tem a duração do instante que

passa...

"Pedras no caminho? Guardo todas... um dia ainda vou construir um castelo!"

(Fernando Pessoa)

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RESUMO

A nanotecnologia é a ciência responsável pelo desenvolvimento de novos materiais com dimensões em escala nanométrica (1-100nm). Devido às suas propriedades únicas, a aplicação de nanopartículas metálicas em diferentes áreas tem se tornado cada vez mais notória. Entre as nanopartículas metálicas, as de prata são as mais amplamente reconhecidas por suas aplicações em áreas como agricultura, medicina, biotecnologia, indústria de alimentos, entre outras. Neste trabalho, objetivou-se avaliar a atividade antibacteriana e antifúngica de nanopartículas de prata sintetizadas pelo fungo Curvularia inaequalis, para controle in vitro de bactérias Gram-positivas e Gram-negativas e do fungo Alternaria brassicicola, causador da alternariose em couve-manteiga (Brassica oleracea L. var. acephala). Em um estudo preliminar, foi utilizado um procedimento simples para a biossíntese de nanopartículas de prata, à temperatura ambiente, a partir da ação de C. inaequalis como agente de redução. O grau de agregação e o tamanho das partículas biossintetizadas foram otimizados a partir de um planejamento fatorial envolvendo a combinação de três diferentes parâmetros de preparação, denominados: Parâmetro A (produção de nitrato redutase), parâmetro B (tempo de reação) e parâmetro C (concentração de nitrato de prata). A caracterização das nanopartículas de prata foi realizada por espectroscopia de UV-Vis e microscopia eletrônica de varredura (MEV). Utilizando as técnicas de concentração inibitória mínima (MIC) e concentração bactericida mínima (CBM) observou-se que as nanopartículas de prata sintetizadas por C. inaequalis apresentaram forte atividade antimicrobiana principalmente contra Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae, demonstrando assim que este fungo representa um potencial novo candidato à alternativa de biossíntese de nanopartículas de prata com atividade antimicrobiana. Na segunda etapa do estudo, as nanopartículas de prata sintetizadas pelo fungo C. inaequalis, já com comprovada eficiência, foram utilizadas para controle in vitro do fungo Alternaria brassicicola. Através da avaliação do crescimento micelial e teste de ação direta, observou-se que as nanopartículas de prata foram eficientes até a concentração 1/64, inibindo consideravelmente o crescimento do fungo em ambos os testes.

Palavras-chave: Nanotecnologia, biossíntese, bactérias Gram (+) e Gram (-),

Alternaria brassicicola.

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ABSTRACT

Nanotechnology is the science responsible for developing new materials with dimensions on the nanometer scale (1-100nm). Due to its unique properties, the use of metal nanoparticles in various fields have become increasingly apparent. Between metal nanoparticles, silver is the most widely recognized for their applications in areas such as agriculture, medicine, biotechnology, food industry, among others. In this study, we aimed to evaluate the antibacterial and antifungal activity of silver nanoparticles synthesized by the fungus Curvularia inaequalis, for in vitro control of Gram-positive and Gram-negative and the fungus Alternaria brassicicola, which causes alternaria in kale (Brassica oleracea L. var. acephala). In a preliminary study, a single procedure for the biosynthesis of silver nanoparticles at room temperature was used, from the action C. inaequalis as a reducing agent. The degree of aggregation and size of particles are optimized biosynthesized from a factorial design involving the combination of three different preparation parameters, called: Parameter A (production of nitrate reductase), parameter B (reaction time) and parameter C (concentration silver nitrate). The characterization of silver nanoparticles was performed by UV -Vis spectroscopy and scanning electron microscopy (SEM ). Using the techniques of minimum inhibitory concentration (MIC) and minimum bactericidal concentration (MBC) has been observed that silver nanoparticles synthesized by C. inaequalis showed strong antimicrobial activity especially against Escherichia coli and Klebsiella pneumoniae, demonstrating that this fungus represents a new potential candidate for alternative biosynthesis of silver nanoparticles with antimicrobial activity. In the second stage of the study, the silver nanoparticles synthesized by the fungus C. inaequalis , already proven efficiency, were used for in vitro control of the fungus Alternaria brassicicola. By assessing mycelial growth and direct action test, it was observed that silver nanoparticles were effective concentration to 1/64, greatly inhibiting the growth of the fungus in both tests. Key words: Nanotechnology, biosynthesis, Gram-positive e Gram-negative bacteria,

Alternaria brassicicola.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Esquema da interação de uma nanoesfera metálica com a luz. O campo

eletromagnético da luz induz uma oscilação dipolar da condução eletrônica através

da partícula ................................................................................................................25

Figura 2 - Curvularia inaequalis com seus conídios septados alojados em um

conidióforo .................................................................................................................35

Figura 3 - Curvularia inaequalis com seus conidióforos curvados e seus conídios

septados ....................................................................................................................36

Figura 4 - Cultura de Curvularia inaequalis com 3 dias ............................................37

Figura 5 - Cultura de Curvularia inaequalis com 7 dias ............................................37

Figura 6 - Estrutura química das Pirenocinas A e B produzidas por Curvularia

inaequalis ..................................................................................................................39

Figura 7 - Brassica oleracea L. var. acephala ..........................................................40

Figura 8 - Alternaria brassicicola (Schwein.) Wiltshire .............................................44

Figura 9 - Folha de couve-manteiga (Brassica oleracea L. var. acephala) com lesões

típicas de alternariose ...............................................................................................45

Figura 10 - Folha de couve-manteiga (Brassica oleracea L. var. acephala) com

lesões típicas de alternariose ....................................................................................45

Figura 11 - Esquema do teste de ação direta utilizando placa de microcultivo. As

colunas da placa (em azul) representam os tratamentos utilizados e as linhas

representam as repetições ........................................................................................54

Figura 12 - Ilustração de todos os campos (A, B e C) da câmara de Neubauer

....................................................................................................................................55

Figura 13 - Espectro de UV-vis da dispersão coloidal de nanopartículas de prata em

solução aquosa .........................................................................................................56

Figura 14 - Produção de nitrato redutase antes (esquerda) e depois (direita) da

reação completa com nitrato de prata .......................................................................57

Figura 15 - Importância relativa dos parâmetros de preparação no pico de absorção

SPR ...........................................................................................................................58

Figura 16 - Importância relativa dos parâmetros de preparação sobre o potencial

zeta das partículas ....................................................................................................59

Figura 17 - Cinética de crescimento das partículas em função da concentração de

nitrato redutase .........................................................................................................60

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Figura 18 - Partículas de prata após 100 h de síntese (elevada concentração de

nitrato redutase - lado esquerdo e baixa concentração de redutase - lado direito)

....................................................................................................................................61

Figura 19: Crescimento micelial de Alternaria brassicicola após o 10° dia de

avaliação nas diferentes concentrações de nanopartículas de prata .......................63

Figura 20 - Crescimento micelial nos dois tratamentos com doses mais baixas de

nanopartículas de prata: 1/128 e 1/256 (Início: 6° dia de avaliação - Término: 10° dia

de avaliação) .............................................................................................................65

Figura 21 - Percentual de redução de germinação dos esporos de Alternaria

brassicicola em função do aumento da concentração de nanopartículas de prata

...................................................................................................................................66

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Relação entre o tamanho de nanopartículas de prata e a redução de

microrganismos em contato ......................................................................................31

Tabela 2 - Época de plantio da couve-manteiga ......................................................41

Tabela 3 - Combinação de parâmetros aplicada no estudo quimiométrico .............49

Tabela 4 - Cepas de referência padrão utilizadas nos testes de sensibilidade

...................................................................................................................................52

Tabela 5 - Concentrações de nanopartículas de prata utilizadas para o teste de ação

direta sobre o fungo Alternaria brassicicola ..............................................................53

Tabela 6 - Atividade antimicrobiana de nanopartículas de prata sobre bactérias

gram-negativas e gram-positivas ..............................................................................62

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Ag+: íon Prata

Ag: Prata

AgNO3: Nitrato de prata

AgNPs: Nanopartículas de prata

Au: Ouro

ATCC: Do inglês American Type Culture Collection

BD: Batata dextrose

BDA: Agar batata dextrose

BOD: Demanda bioquímica de oxigênio, do inglês Biochemical oxygen demand

cm: centímetros

CNPq: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

Cu: Cobre

DLS: Espalhamento de luz dinâmico, do inglês Dynamic Light Scattering

DNA: Ácido desoxirribonucléico

EDX: Energia de Dispersão de Raios X

EUA: Estados Unidos da América

EM: Campo eletromagnético

ha: hectare

MCT: Ministério de Ciência e Tecnologia

MEV: Microscopia Eletrônica de Varredura

m: metro

mM: milimolar

nm: nanômetro (10-9 m)

NPs: Nanopartículas

rpm: Rotações por minuto

SPR: Ressonância de Plasmon de Superfície, do inglês Surface Plasmon

Ressonance

SEM: Microscópio Eletrônico de Varredura, do inglês Scanning Electron Microscope

t: tonelada

TTC: Cloreto de 2,3,5-trifeniltetrazol

UFC: Unidades formadoras de colônia

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UV-Vis: Ultravioleta-Visível

µ: micro (1 x 10-6 m)

μL: microlitro

µm: micrômetro

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LISTA DE TRABALHOS GERADOS A PARTIR DESTA DISSERTAÇÃO

Artigos publicados em revistas científicas

OLIVEIRA, H. P.; CAVALCANTI, L. S.; CAVALCANTE, N. B.; NASCIMENTO, I. K.

S.; PASCHOLATI, S. F.; GUSMÃO, L. F. P.; MACEDO, A. G. C. and COSTA, M. M.

2013. Antimicrobial activity of silver nanoparticles synthesized by the fungus

Curvularia inaequalis. African Journal of Biotechnology. Vol. 12(20), pp. 2917-

2923, 15 May.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................18

2. OBJETIVOS ..........................................................................................................21

3. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................22

3.1. A importância da nanotecnologia .......................................................................22

3.2. Nanopartículas metálicas ...................................................................................23

3.2.1. Métodos de caracterização de nanopartículas metálicas .....................24

3.2.1.1. Espectroscopia no Ultravioleta-visível e Pico SPR .................24

3.2.1.2. Potencial Zeta .........................................................................26

3.2.1.3. Importância do estudo quimiométrico .....................................27

3.3. Nanopartículas de prata (AgNPs) ......................................................................30

3.4. Curvularia inaequalis (Shear) Boedijn ...............................................................33

3.4.1. O gênero Curvularia .............................................................................33

3.4.2. A espécie Curvularia inaequalis (Shear) Boedjin .................................34

3.4.3. Distribuição geográfica .........................................................................37

3.4.4. Hospedeiros .........................................................................................38

3.4.5. Onde são encontrados .........................................................................38

3.4.6. Patogenicidade de Curvularia inaequalis .............................................38

3.5. Cultura da couve-manteiga ................................................................................39

3.5.1. Importância econômica .........................................................................42

3.6. Alternaria brassicicola e alternariose ..................................................................43

4. MATERIAL E MÉTODOS ...........................................................................47

4.1. Obtenção das amostras de Curvularia inaequalis Shear (Boedijn) ....................47

4.2. Obtenção da enzima nitrato redutase utilizando Curvularia inaequalis .............47

4.3.Obtenção das nanopartículas de prata (AgNPs) utilizando Curvularia inaequalis

como agente de redução ...........................................................................................48

4.4. Planejamento fatorial aplicado na preparação de nanopartículas de prata .......48

4.5. Caracterização das amostras .............................................................................50

4.5.1. Absorbância ..........................................................................................50

4.5.2. Tamanho das partículas e potencial zeta .............................................50

4.5.3. Obtenção de imagens de Microscopia Eletrônica de Varredura

(MEV).........................................................................................................................50

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4.6. Isolamento do fungo Alternaria brassicicola .......................................................50

4.7. Atividade antibacteriana de nanopartículas de prata (AgNPs) ...........................51

4.8. Teste de Avaliação do crescimento micelial de Alternaria brassicicola .............52

4.9. Teste de Ação direta das nanopartículas de prata sobre o fungo Alternaria

brassicicola ...............................................................................................................53

4.10. Análise estatística ............................................................................................55

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................56

5.1. Caracterização das amostras obtidas pela combinação dos parâmetros de

preparação de nanopartículas de prata (A, B e C) ...................................................56

5.2. Cálculos da importância relativa dos parâmetros isolados e combinados para o

pico SPR e Potencial Zeta ........................................................................................57

5.3. Cinética de formação de nanopartículas de prata .............................................59

5.4. Atividade antibacteriana de nanopartículas de prata sintetizadas por Curvularia

inaequalis (Shear) Boedijn ........................................................................................61

5.5. Avaliação do crescimento micelial de Alternaria brassicicola ............................63

5.6. Teste de ação direta ..........................................................................................66

6. CONCLUSÕES ..........................................................................................69

7. REFERÊNCIAS ..........................................................................................71

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1. INTRODUÇÃO

A ciência e tecnologia em nanoescala têm atraído considerável atenção nos

últimos anos, pelo impacto que os materiais nanoestruturados vêm causando na

melhoria da qualidade de vida e na preservação do meio ambiente (FERREIRA &

RANGEL, 2009). Nanomateriais são estruturas que têm dimensões na escala do

nanômetro (nm), ou seja, um bilionésimo (10-9) de um metro, com tamanho

estabelecido entre 1 e 100 nanômetros. Em tais dimensões, estes materiais podem

apresentar diferentes propriedades físicas, químicas e/ou biológicas, abrindo um

leque de novas possibilidades para a nanotecnologia (SUDARENKOV, 2012).

Dentro da nanotecnologia, as nanopartículas metálicas (NPs) têm recebido

atenção crescente, devido principalmente às suas propriedades físico-químicas

únicas, que diferem significativamente dos seus semelhantes em escalas maiores

(VAHABI et al., 2011; KIRTH et al., 2012). Estudos recentes têm demonstrado que

vários tipos de nanopartículas metálicas, com destaque para as nanopartículas de

prata, possuem atividade antimicrobiana (DERBALAH et al., 2011), sendo eficientes

no combate a diversos tipos de microrganismos como bactérias, fungos e vírus

(VIGNESHWARAN et al., 2007). A evolução da nanotecnologia tem permitido aos

pesquisadores incorporar o uso de substâncias coloidais com íons de prata em

medidas preventivas e/ou de controle muito eficientes (DERBALAH et al, 2011).

Nos últimos anos, o surgimento de cepas de bactérias e fungos resistentes

aos agentes antimicrobianos disponíveis comercialmente tem aumentado em um

ritmo alarmante, tornando-se um sério problema. Os microrganismos, tais como

bactérias, fungos e vírus, livres no meio ambiente, muitas vezes são patogênicos,

podendo causar infecções graves em seres humanos, animais ou vegetais. Em

virtude disso, há uma crescente necessidade de se buscar novos agentes

antimicrobianos de origem natural e atóxicos (GAJBHIYE et al., 2009).

Com relação aos danos em vegetais, as doenças fúngicas emanam como

uma das principais causas de perdas econômicas consideráveis em diversos tipos

de culturas. Atualmente é difícil controlar o crescimento de fungos porque o controle

químico tradicional depara-se com o surgimento de isolados de patógenos

resistentes às principais substâncias químicas utilizadas (DERBALAH et al, 2011).

Dentre as culturas de grande importância econômica, a couve-manteiga (Brassica

oleracea L. var. acephala) está entre as mais importantes na nutrição humana,

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devido à grande quantidade de sais minerais e vitaminas presente na sua

composição (PAULINO, 2008). É uma excelente fonte de carotenoides e contribui

para a redução de riscos de algumas doenças como câncer de pulmão e catarata

(LEFSRUD et al., 2007). Seu cultivo pode ser prejudicado pelo surgimento de

doenças como a alternariose, provocada pelo fungo Alternaria brassicicola e que

causa danos significativos às plantas hospedeiras, desde a fase de mudas até a

fase reprodutiva das mesmas. As lesões são caracterizadas principalmente pela

formação de uma massa pulverulenta e escura formada pelos conídios e

conidióforos do fungo (RIMMER et al., 2007). A doença pode ocorrer tanto no

estádio de plântula quanto em plantas adultas. Em plântulas, geralmente ocorre

necrose nos cotilédones e hipocótilo, levando ao tombamento e à morte.

Sabe-se que é de grande importância para a economia a manutenção da

qualidade dos produtos olerícolas que são comercializados. No entanto, é

necessário tomar alguns cuidados no uso dos agroquímicos disponíveis para

controle de doenças. A melhor alternativa de controle de doenças de plantas deve

se destacar pela sua praticidade, economia e menor impacto ambiental (KUHN,

2010). Atualmente, novos métodos de controle menos agressivos ao meio ambiente

e mais viáveis do ponto de vista econômico vêm sendo estudados. É o caso da

utilização de nanopartículas metálicas, como as nanopartículas de prata (AgNPs)

(GAJBHIYE et al., 2009).

Recentemente, a utilização de sistemas biológicos tem emergido como um

novo e importante método para a síntese de nanopartículas metálicas. Sabe-se que

muitos organismos, tanto unicelulares quanto pluricelulares, são capazes de produzir

materiais inorgânicos intra ou extracelularmente (FAYAZ et al., 2009), minimizando a

toxicidade no processo de produção destas nanopartículas. Certos fungos, por

exemplo, têm a capacidade de produzir metabólitos extracelulares em função da sua

própria sobrevivência quando expostos a certos tipos de estresses, como a

exposição a materiais tóxicos (íons metálicos, por exemplo). Na biossíntese de

nanopartículas metálicas por um fungo, o micélio é exposto à solução com íons do

metal. Neste processo, o fungo é induzido a produzir enzimas que vão provocar a

redução dos íons metálicos tóxicos em nanopartículas metálicas sólidas sem

toxicidade (VAHABI et al., 2011).

Portanto, pelo exposto acima, este trabalho teve como objetivo principal

avaliar as atividades antibacteriana e antifúngica de nanopartículas de prata

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sintetizadas pelo fungo Curvularia inaequalis (Shear) Boedijn, no controle in vitro de

bactérias Gram-positivas e Gram-negativas e Alternaria brassicicola (Schwein.)

Wiltshire, fungo causador da alternariose em couve-manteiga (Brassica oleracea var.

acephala), visando contribuir ainda mais com os estudos na área da nanotecnologia,

inclusive com aplicações na área de controle de doenças em plantas, estimulando a

inovação e a redução da utilização de produtos de elevado impacto ambiental.

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2. OBJETIVOS

2.1. Geral

Avaliar a atividade antimicrobiana de nanopartículas de prata (AgNPs)

biossintetizadas pelo fungo Curvularia inaequalis.

2.2. Específicos

2.2.1. Explorar um procedimento simples para a biossíntese de nanopartículas de

prata, à temperatura ambiente, a partir da ação do fungo Curvularia inaequalis como

agente de redução.

2.2.2. Caracterizar as nanopartículas de prata produzidas utilizando as técnicas de

Espectroscopia no UV-visível (UV-vis) e Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV).

2.2.3. Avaliar a atividade antibacteriana de nanopartículas de prata (AgNPs)

produzidas por C. inaequalis no controle in vitro de bactérias Gram-negativas e

Gram-positivas pelas técnicas de Concentração Inibitória Mínima (MIC) e

Concentração Bactericida Mínima (CBM).

2.2.4. Avaliar a atividade antifúngica de nanopartículas de prata (AgNPs) produzidas

por C. inaequalis no controle in vitro do fitopatógeno Alternaria brassicicola,

causador da alternariose em couve-manteiga (Brassica oleracea L. var acephala)

pela avaliação de crescimento micelial e teste de ação direta.

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3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1. A importância da nanotecnologia

A palavra “nanotecnologia” está relacionada às tecnologias que permitem a

construção de materiais ou estruturas numa escala muito reduzida: a do nanômetro

(nm). Este corresponde à bilionésima parte do metro (10-9 m) (EGUCHI et al., 2013).

Popularmente, o prefixo "nano" é usado para descrever objetos, sistemas ou

fenômenos com características decorrentes de sua estrutura em escala nanométrica

(BUZEA et al., 2007).

O uso da nanotecnologia vem modificando substancialmente a forma como os

diversos tipos de materiais são utilizados. Em escala nanométrica, os materiais

apresentam comportamento muito distinto de suas conhecidas propriedades físicas

e químicas em escalas maiores, principalmente no que diz respeito à sua reatividade

química, resistência mecânica e comportamento sob ação da luz. Particularmente,

as nanopartículas metálicas e seus óxidos provaram, no decorrer dos anos, terem

inúmeras aplicações, especialmente medicinais, pela ação dos íons e metais

reduzidos contra bactérias e fungos patogênicos, graças à sua interação com células

vivas (GARCIA, 2011).

No Brasil, estudos relacionados à nanotecnologia vêm sendo incentivados

pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e

Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), desde 2001. O país vem investindo cada

vez mais em nanotecnologia. A produção científica em Nanociência e

Nanotecnologia (N&N) no Brasil desfruta de certo prestígio no cenário mundial, com

uma comunidade científica composta por cerca de 3 mil indivíduos e a melhor

infraestrutura da América Latina (SANT’ANNA et al., 2013).

Atualmente, espera-se que a nanotecnologia tenha um profundo impacto na

economia e na sociedade durante o século 21, comparável à tecnologia da

informação ou aos avanços na Biologia Celular e Molecular. Pesquisas científicas

em nanotecnologia podem trazer grandes descobertas nas áreas de engenharia,

medicina, agricultura, meio ambiente, energia, biotecnologia, tecnologia da

informação, entre tantas outras possibilidades. A busca por um desenvolvimento que

seja sustentável, ou seja, que permita que a geração presente satisfaça as suas

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necessidades sem comprometer as gerações futuras é um dos maiores desafios

atuais da nanotecnologia.

3.2. Nanopartículas metálicas

As nanopartículas (NPs) são vistas como os blocos de construção

fundamentais da nanotecnologia. Elas são o ponto de partida para a preparação de

vários materiais e dispositivos nanoestruturados. A sua síntese é um processo vital

para a eficiência cada vez maior dos estudos que integram a nanociência (VAHABI

et al., 2011).

Nos últimos anos, a busca por novos sistemas em escalas de tamanho cada

vez menores têm atraído significativamente a atenção da comunidade científica

mundial. Neste cenário, as nanopartículas (NPs) metálicas, partículas com diâmetro

menor que 100 nm, desempenham um papel de grande importância no

desenvolvimento de novas tecnologias. Estas NPs exibem propriedades físicas e

químicas únicas que proporcionam sua aplicação em diversas áreas, tais como

óptica, luminescência, eletrônica, catálise, biomedicina, entre tantas outras. Dois

fatores fundamentais, ambos relacionados com o tamanho de nanocristais

individuais, são responsáveis por suas propriedades: (1) grande razão

superfície/volume e (2) confinamento quântico (SANTOS, 2011).

Podem exibir também propriedades completamente novas ou melhoradas

baseadas em determinadas características específicas como tamanho, distribuição,

morfologia, fase, entre outras, se comparadas a partículas com dimensões maiores

provenientes da mesma fonte de onde as nanopartículas foram geradas. Podem

apresentar morfologias muito distintas (flocos, esferas, formas dendríticas, etc.),

correspondente ao tipo de material que se encontra na base da sua formação

(WILLEMS, 2005).

A síntese de nanopartículas metálicas tem atraído a atenção dos

pesquisadores em virtude de suas características físicas e químicas, que não são

encontradas em materiais convencionais, permitindo sua aplicação em vários

campos da ciência como a medicina, a agricultura, a biotecnologia, a indústria de

alimentos, entre outros (GÚZMAN et al., 2009). Existem diversas formas de síntese

de nanopartículas metálicas, sendo as nanopartículas sintetizadas por via aquosa as

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mais estudadas. Dentre estas, se destacam as nanopartículas de prata (DASTJERDI

et al., 2009).

Atualmente, estudos na área da nanotecnologia focam na síntese controlada

de nanopartículas metálicas com diferentes tamanhos, formas e composição

química, controlando sua dispersão para aplicações biológicas em diversas áreas,

com benefícios para o ser humano, animais e vegetais. As nanopartículas

começaram a ser produzidas por via química e física, com elevada eficiência,

obtendo-se partículas puras e com propriedades bem definidas. No entanto, estes

métodos de síntese são considerados muito caros e potencialmente perigosos para

o meio ambiente. De modo a contornar este problema, recorreu-se ao uso de

sistemas biológicos de síntese (microrganismos, extratos de plantas ou a sua

biomassa) como alternativa aos métodos químicos e físicos, para a produção de

nanopartículas de um modo sustentável e benéfico para o meio ambiente (KUMAR &

YADAV, 2008).

3.2.1. Métodos de caracterização de nanopartículas metálicas

3.2.1.1. Espectroscopia no Ultravioleta-visível e Pico SPR

A Espectroscopia de Absorção UV-vis envolve a absorção da radiação

ultravioleta/visível, que compreende a faixa de 180 a 780 nm, causando a promoção

de elétrons do estado eletrônico fundamental para o estado excitado. O espectro é

obtido pela irradiação da luz através de uma solução diluída da amostra e o espectro

de absorção é dado pela razão da intensidade da radiação, que passa pela amostra

e pela referência nesta faixa de comprimentos de onda (SKOOG et al., 1996).

Algumas nanopartículas metálicas apresentam bandas de absorção na região

do ultravioleta-visível que se devem à oscilação coletiva dos elétrons das

nanopartículas em ressonância com as ondas de luz, induzindo a formação de

momentos dipolo pelo carregamento da superfície. Uma força de restauração nas

nanopartículas tenta compensar, resultando em um comprimento de onda

ressonante único, gerando uma banda. Esta é denominada banda de plasmon de

superfície (SPR) (LIZ-MARZÁN, 2004; LINK & EL-SAYED, 1999). Resumidamente, o

fenômeno da ressonância de plasmon de superfície pode ser explicado pela

oscilação dos elétrons livres em uma superfície metálica. Quando uma nanopartícula

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é muito menor do que o comprimento de onda da luz, um campo eletromagnético em

certa frequência induz uma ressonância, coerente com a oscilação dos elétrons,

como ilustra a figura 1(JAIN et al., 2007).

Figura 1: Esquema da interação de uma nanoesfera metálica com a luz. O campo eletromagnético da

luz induz uma oscilação dipolar da condução eletrônica através da partícula.

Os espectros de absorção de nanopartículas de metais alcalinos como Ag, Au

e Cu têm sido extensivamente investigados, incluindo o efeito das variações no

tamanho e forma das partículas no espectro (DAS et al., 2009; CREIGHTON &

EADON, 1991). Nem todos os materiais apresentam ressonância de plasmon,

porque é necessária a presença de elétrons de condução livres, como ocorre em Ag,

Au e Cu (LIZ-MARZÁN, 2004).

O comprimento de onda de oscilação depende de vários fatores como o

tamanho e a forma da partícula, o meio que se encontra (constante dielétrica) e

distância interpartículas (interação entre dipolos). Para partículas não esféricas,

como bastões por exemplo, o comprimento de onda de ressonância depende da

orientação do campo elétrico. Portanto, duas oscilações são possíveis: a transversal

e a longitudinal, gerando duas bandas de absorção no espectro (LIZ-MARZÁN,

2004).

No caso de nanopartículas de prata (AgNPs), quando o campo elétrico de

uma onda induz uma polarização dos elétrons para o núcleo iônico mais pesado das

AgNPs, a diferença de carga cria uma oscilação dipolar de todos os elétrons na

mesma fase. Quando a frequência do campo electromagnético se encontra

ressonante com a corrente de elétrons em movimento, ocorre uma banda de

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absorção, que está na origem das cores observadas para as AgNPs. Como foi

descrito anteriormente, a absorção depende fortemente do tamanho da partícula,

meio dielétrico e dos compostos circundantes. As AgNPs esféricas com

aproximadamente 20 nm exibem uma única banda SPR que ocorre na região do

visível a entre 420 e 450 nm (MARTINEZ-CASTANON et al., 2008). A largura das

bandas SPR está relacionada com a distribuição de tamanhos das AgNPs.

3.2.1.2. Potencial Zeta

Partículas coloidais dispersas em uma solução adquirem uma carga elétrica

superficial, devido à ionização de grupos químicos e a adsorção diferencial de íons

da solução na superfície da partícula. Em um campo elétrico, cada partícula e os

íons mais fortemente ligados a ela se movem como uma unidade. O potencial no

plano de cisalhamento entre essa unidade e o meio circundante é denominado

Potencial Zeta (ζ) (SKOOG & ROLER, 2002). Quando uma camada de

macromoléculas, por exemplo, é adsorvida na superfície da partícula, ela move o

plano de cisalhamento para longe da superfície e altera o potencial zeta. Dessa

forma, o potencial zeta é a função da carga superficial da partícula, de qualquer

camada adsorvida na interface com o meio e da natureza e composição do meio

circundante (GUINGAB et al., 2007).

O potencial zeta reflete o potencial de superfície das partículas, o qual é

influenciado pelas mudanças na interface com o meio dispersante, em razão da

dissociação de grupos funcionais na superfície da partícula ou da adsorção de

espécies iônicas presentes no meio aquoso de dispersão. Este parâmetro é

determinado utilizando-se técnicas de eletroforese (SCHAFFAZICK et al., 2003).

Esse potencial pode ser determinado experimentalmente e, como ele reflete a carga

efetiva das partículas, ele se correlaciona com a repulsão eletrostática entre elas e

com a estabilidade da suspensão. Quanto maior o potencial zeta, maior a tendência

da suspensão à estabilidade, pois as partículas carregadas se repelem entre si, com

uma força que supera a tendência natural de agregação. Este é influenciado

principalmente pela concentração eletrolítica e pelo pH da suspensão coloidal

(RIBEIRO et al., 2011).

A estabilidade das partículas em solução ocorre quando o valor do potencial

zeta é ζ ≤ -30mV ou ζ ≥ 30mV. Caso ocorra o contrário, -30mV ≤ ζ ≤ 30mV, a

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aglomeração irá ocorrer. A velocidade da aglomeração vai aumentando conforme o

valor do potencial zeta se aproxima de zero. Assim, coloides com potencial zeta

elevados (positivos ou negativos) são eletricamente estáveis, enquanto que coloides

com baixos potenciais zeta tendem a formar agregados (SKOOG & ROLER, 2002).

O quadro abaixo ilustra a relação entre o valor do potencial zeta e a estabilidade do

coloide em solução.

Potencial Zeta [mV] Estabilidade do comportamento do coloide

0 a ± 5 Rápida coagulação ou floculação

± 10 a ± 30 Instabilidade incipiente

± 30 a ± 40 Estabilidade moderada

± 40 a ± 60 Boa estabilidade

Mais de ± 61 Excelente estabilidade

Fonte: SKOOG & ROLER, 2002.

O equipamento utilizado para as medidas de potencial zeta é o Zeta Sizer

Nano ZS da Malvern Instruments.

3.2.1.3. Importância do estudo quimiométrico

A análise de dados multivariados tem se tornado, de modo crescente, uma

importante área da química e de outras ciências, sugerindo que a tendência atual do

pensamento científico envolve um raciocínio multivariado, principalmente devido ao

desenvolvimento tecnológico atingido neste último século (TEÓFILO, 2013).

Com o advento das inúmeras técnicas instrumentais de análises químicas, o

crescente desenvolvimento computacional a estas acoplado e a consequente

complexidade dos dados obtidos, é de fundamental importância a utilização conjunta

de métodos matemáticos com o objetivo de retirar o máximo proveito dos resultados

disponíveis. A aplicação de métodos matemáticos a um conjunto de dados por

natureza multivariada, como por exemplo, a decomposição por valores singulares,

permite uma simplificação do mesmo no sentido de comprimir o espaço dimensional

a que este está confinado, possibilitando dessa forma uma melhor interpretação e

visualização desses dados (TAULER et al., 2000; SENA et al., 2000).

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De um modo geral, a análise multivariada refere-se a todos os métodos

estatísticos que analisam, simultaneamente, múltiplas medidas sobre cada objeto

que está sob investigação. Um exemplo importante é a intensidade de absorção em

um número muito grande de comprimentos de onda, que é registrado em um único

espectro. Com essa grande quantidade de dados, surgiu a necessidade de se

buscar ferramentas mais sofisticadas para tratá-los e extrair informações relevantes,

dando origem à Quimiometria, que é uma área especificamente destinada à análise

de dados químicos de natureza multivariada (CASANOVA, 2010)

Ainda segundo Casanova (2010), a quimiometria emprega métodos

matemáticos para planejar ou selecionar experimentos de forma otimizada e para

fornecer o máximo de informações químicas com a análise dos dados obtidos.

Nesse sentido, o planejamento fatorial emerge como uma ferramenta estatística

importante e simples. A observação dos efeitos das variáveis e interações entre os

parâmetros utilizados é de extrema importância para entender os processos que

estão sendo monitorados em um determinado sistema (PEREIRA-FILHO et al.,

2002). O planejamento fatorial é indicado para a fase inicial de um procedimento

experimental onde há a necessidade de se definir os fatores mais importantes e

estudar os efeitos sobre a variável resposta escolhida. É considerado um modelo de

efeitos fixos, ou seja, a análise dos efeitos provocados pelos fatores não pode ser

transferida para outros níveis que não sejam os analisados no planejamento

(BUTTON, 2001).

Segundo Wu e Hamada (2009), planejar um experimento fatorial ao invés de

um-fator-por-vez é a maneira mais eficaz de determinar a influência de dois ou mais

fatores sobre a variável resposta, porque:

Requer menos recursos (experimentos, tempo, material) para a quantidade de

informação obtida.

As estimativas dos efeitos fatoriais são mais precisas. Usando mais

observações para estimar um efeito resulta em maior precisão.

O efeito das interações entre os fatores pode ser estimado sistematicamente.

Obtém-se informações para uma região experimental maior.

Alguns tipos especiais de planejamentos fatoriais são muito úteis, como o

planejamento com k fatores. Um experimento fatorial com k fatores, cada um com

deles dois níveis, é denominado experimento fatorial 2k. O processo experimental

dessa técnica consiste em realizar testes com cada uma das combinações da matriz

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experimental para, em seguida, determinar e interpretar os efeitos principais e de

interação dos fatores investigados. Dessa maneira, é possível determinar as

melhores condições experimentais de determinado processo (MONTGOMERY,

2009).

Para ilustrar o procedimento desta técnica, considere-se um experimento

com três fatores (x1, x2 e x3), cada um testado em dois níveis (+1 e -1). Assim, a

matriz de planejamento para o experimento fatorial 23 é representada no quadro

abaixo:

N

Teste

Fatores de controle Ordem do

teste

Resposta

(yi) x1 x2 x3

1 -1 -1 -1 6 y1

2 +1 -1 -1 8 y2

3 -1 +1 -1 1 y3

4 +1 +1 -1 2 y4

5 -1 -1 +1 5 y5

6 +1 -1 +1 3 y6

7 -1 +1 +1 4 y7

8 +1 +1 +1 7 y8

Fonte: MONTGOMERY,1991

Devor (1992) descreve o procedimento a ser utilizado para construir a matriz

genérica do experimento fatorial 2k. Desse modo, na matriz de planejamento, as

colunas representam o conjunto de fatores investigados (x1, x2, x3...xk) e as linhas

representam os diferentes níveis ou combinações de fatores [-1 (mínimo); +1

(máximo)]. Portanto, segundo Montgomery (1991), o modelo estatístico do

experimento fatorial 23 é dado pela equação abaixo:

yijk = µ +τi + βj + γk + (τβij) + (τγik) + (βγjk) + (τβγijk) + εijk

onde:

µ: é a média dos resultados;

τi: é o efeito principal do fator x1;

βj: é o efeito principal do fator x2;

γk: é o efeito principal do fator x3;

(τβij): é o efeito de interação entre os fatores x1 e x2;

(τγik): é o efeito de interação entre os fatores x1 e x3;

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(βγjk): é o efeito de interação entre os fatores x2 e x3;

(τβγijk): é o efeito de interação entre os fatores x1, x2 e x3;

εijk: é o erro experimental.

3.3. Nanopartículas de prata (AgNPs)

Dentre os inúmeros tipos de metais utilizados na preparação de

nanopartículas, os metais de transição são os que despertam maior interesse,

especialmente em virtude de suas propriedades catalíticas. A prata é um dos metais

de transição mais estudados na literatura, principalmente com relação ao

desenvolvimento de novas metodologias de preparação de nanopartículas e também

por ser um material tecnologicamente importante (FRATTINI et al., 2005).

É um mineral extraído da natureza e possui uma ação anti-séptica conhecida

desde os primórdios da civilização. Estudos na área da medicina têm demonstrado

que a prata é eficiente contra mais de 650 organismos patogênicos, possuindo um

amplo espectro de atuação. Sua utilização na forma de nanopartículas potencializa

esta propriedade, permitindo sua utilização em uma ampla gama de aplicações

(DASTJERDI et al., 2009; YOON et al., 2007).

As nanopartículas de prata são de fundamental importância e seu amplo

espectro de atuação inclui microrganismos em geral, como bactérias Gram-positivas

e Gram-negativas, fungos filamentosos, leveduras e vírus. Sua propriedade mais

marcante é possuir uma grande área superficial. Com relação à toxicidade para as

células animais, as nanopartículas de prata são as que apresentam o menor índice

(NETO et al, 2008). A atividade antifúngica das nanopartículas de prata foi relatada

por diversos pesquisadores (KIM et al., 2009; FALKIEWICZ-DULIK & MACURA,

2008; KIM et al., 2008; PETICA et al., 2008).

Todavia, apesar da sua eficiência já bastante conhecida, o mecanismo de

ação das nanopartículas de prata ainda não está bem esclarecido. Este é bastante

complexo e ainda possui muitas controvérsias. Sabe-se que as nanopartículas de

prata têm grande afinidade com grupos que possuem os elementos enxofre e

fósforo, que são encontrados nas membranas celulares. Sua interação ocorre com a

membrana celular dos microrganismos causando danos no processo de respiração

celular e, no interior destas células, interagem com o DNA provocando a sua

desnaturação e impedindo a divisão celular (NETO et al., 2008). Também podem

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atacar a superfície da membrana celular e interferir de forma negativa em suas

funções de permeabilidade. Pode-se afirmar que a ligação destas partículas na

célula depende da área superficial disponível para a interação. Partículas menores

possuem uma área muito maior de superfície disponível para interagir com o

microrganismo, sendo, por isso, mais eficazes no combate a este, se comparadas à

partículas maiores (MORONES et al., 2005).

A tabela 1 ilustra a relação entre o tamanho das nanopartículas de prata com

a redução de microrganismos quando estes entram em contato com as mesmas:

Tabela 1 - Relação entre o tamanho de nanopartículas de prata e a redução de microrganismos em contato. (Fonte: BERNI et al, 2008).

Tamanho da Partícula Taxa de redução de microrganismos (%)

30 nm 99,9

70 nm 99,4

150 nm 97,7

300 nm 97,5

Wong e colaboradores, em 2010, listaram os supostos mecanismos de ação

das nanopartículas de prata na eliminação de microrganismos. São eles:

A) A prata em escala nanométrica possui uma melhor interação com os

microrganismos devido a sua elevada área superficial. Desta forma, estas

nanopartículas atacam a superfície celular e também penetram no interior

desses organismos.

B) As membranas celulares possuem proteínas cujas estruturas contêm enxofre

e fósforo. Tanto as nanopartículas de prata quanto os íons de prata podem

interagir com essas proteínas. Podem ainda inibir as funções do DNA ao

interagirem com esses grupos.

C) As nanopartículas de prata e/ou os íons de prata podem provocar danos na

cadeia respiratória, dentro da mitocôndria, provocando assim a morte celular.

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D) As nanopartículas de prata podem promover uma liberação sustentada de

Ag+ dentro das células dos microrganismos, podendo formar radicais livres e

induzir o estresse oxidativo, reforçando sua atividade antimicrobiana.

Nos últimos anos, o surgimento de microrganismos resistentes como fungos,

vírus e bactérias aumentou em um ritmo alarmante, tornando-se um sério problema.

Livres no meio ambiente, muitas vezes são patogênicos, podendo provocar danos

aos seres humanos, animais e vegetais. Com isso, torna-se cada vez mais

necessário a busca de novos agentes para controle efetivo destes microrganismos.

De preferência naturais e que não sejam tóxicos ao meio ambiente nem aos seus

componentes em geral (GAJBHIYE et al., 2009). Para tanto, a utilização de

nanopartículas metálicas (com destaque para as nanopartículas de prata) surge

como uma alternativa viável e eficiente para este fim.

Dessa maneira, há uma crescente necessidade de se obter nanopartículas

utilizando processos de síntese onde não se use produtos químicos tóxicos em seus

protocolos de execução. Em virtude disso, pesquisadores do campo da síntese de

nanopartículas estão voltando sua atenção aos sistemas biológicos. Muitos

organismos, tanto unicelulares quanto multicelulares, são conhecidos por

produzirem materiais inorgânicos, quer intra ou extracelularmente (VENGADESH-

PRABHU et al., 2011).

A utilização de microrganismos como bactérias, fungos e leveduras na síntese

de nanopartículas é uma atividade relativamente recente. Acredita-se que estes

organismos minimizam a toxicidade no processo de produção de nanopartículas

(VAHABI et al., 2011). Os fungos, por exemplo, se comparados às bactérias,

secretam quantidades muito mais elevadas de substâncias bioativas, o que torna

sua utilização muito mais adequada, levando-se em conta uma produção de

nanopartículas em grande escala. Além disso, o uso de fungos na biossíntese

extracelular também pode ser um processo muito mais fácil do que se fossem

utilizadas bactérias (GUANGQUAN et al., 2012).

Em resumo, o método biológico de síntese proporciona uma ampla gama de

recursos para a produção de nanopartículas de prata. Em síntese biológica, a

parede celular dos organismos desempenha um papel importante na síntese de

nanopartículas. A parede celular negativamente carregada interage

eletrostaticamente com os íons metálicos carregados positivamente. Quando os

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organismos são incubados em contato com os íons de prata, nanopartículas de

prata podem ser geradas extracelularmente como um mecanismo de defesa contra a

toxicidade do metal. A taxa de redução de íons metálicos utilizando agentes

biológicos é muito mais rápida em condições de temperatura e pressão ambiente.

Além disso, este método pode ser considerado uma abordagem ecológica,

sustentável e economicamente viável (TRAN et al., 2013).

3.4. Curvularia inaequalis (Shear) Boedijn

3.4.1 O gênero Curvularia

De acordo com Boedijn (1933) (apud SUN et al., 2003), a classificação

taxonômica do gênero Curvularia é:

Reino: Fungi;

Filo: Ascomycota;

Classe: Euascomycetes;

Ordem: Pleosporales;

Família: Pleosporaceae;

Gênero: Curvularia.

O gênero Curvularia é composto por mais de 40 espécies que se distinguem

por diferenças evidentes na morfologia dos conídios, número de septos e morfologia

da colônia (FERREIRA, 2010).

Descrito com a espécie tipo C. lunata (Wakker) Boedijn, o gênero Curvularia

permitiu acomodar espécies da família Pleosporaceae que possuíam conidióforos

macronematosos, mononematosos, lineares ou levemente curvados,frequentemente

geniculados, por vezes nodosos, células conidiogênicas integradas, terminais e

simpodiais, fragmoconídios solitários, oliváceos a castanhos, elipsóides, cilíndricos

ou obovóides, três ou mais septos transversais, terceira célula ou segunda e terceira

distintamente maiores e escuras, muitas vezes desigualmente curvos devido ao

alargamento de uma ou duas células centrais, septos rígidos, hilo truncado ou

protuberante (LIMA & FURTADO, 2007).

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A identificação deste gênero por meio de características morfológicas é

relativamente simples, uma vez que possuem características bem evidentes e

peculiares. (LIMA & FURTADO, 2007). Contudo, a identificação ao nível de espécie

é dificultada pelas poucas descrições e ausência de ilustrações em trabalhos mais

antigos, bem como pela diversidade de características morfológicas e biométricas

dos conídios, causada por diferentes condições de cultura e sobreposição dos

valores das medidas apresentadas por diferentes autores (HOSOKAWA et al.,

2003). Nos estudos sobre a micoflora de muitos ecossistemas, os fungos do gênero

Curvularia constituem um dos mais fascinantes grupos, devido à frequência com que

são observados e ao elevado número de espécies que são normalmente

identificadas. Apesar da maioria dos táxons do gênero ser conhecida como saprófita

em diferentes substratos vegetais, podendo ainda ser isolada a partir do solo e do

ar, existem espécies fitopatogênicas, sobretudo em gramíneas e em regiões de

clima tropical e subtropical (LIMA & FURTADO, 2007).

Apesar das dificuldades enfrentadas no processo de identificação desses

organismos, esta continua a ser feita numa aproximação fenotípica, com base em

características morfológicas. Desta maneira, a identificação molecular é um

diferencial para o reconhecimento de diferentes tipos de linhagens. Trabalhos de

sequenciamento de regiões específicas, codificadoras ou não, do genoma de

fungos, tem auxiliado significativamente a classificação destes organismos. O

sequenciamento do DNA ribossomal tem contribuído para a identificação de várias

espécies fúngicas (FERREIRA, 2010).

A possibilidade de detecção de fungos potencialmente patogênicos de

humanos ou de culturas vegetais importantes no Brasil faz com que a identificação

de isolados de Curvularia sp. ao nível de espécie seja de grande relevância.

3.4.2. A espécie Curvularia inaequalis (Shear) Boedijn

Curvularia inaequalis é uma espécie de fungo de crescimento relativamente

rápido. Podem ser saprófitas ou patogênicos. Possui características morfológicas

bem definidas, dentre as quais podemos destacar:

Conidióforos macronematosos, mononematosos, terminais ou laterais em

hifas, isolados ou em pequenos grupos, comprimento até 240 µm, simples ou

ramificados, direitos ou frequentemente flexuosos, ocasionalmente geniculados,

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septados, castanhos, lisos, célula da base dilatada ou não. Conidióforos torcidos,

pluri-ramificados em culturas mais velhas. Conídios solitários, 2-4-6 septos, terceira

célula ou terceira e quarta células a partir da base são mais longas e por vezes mais

largas que as demais, hilo fracamente protuberante, direitos ou ligeiramente curvos,

elipsóides, fusiformes ou quase cilíndricos, pouco afilados para as extremidades,

uniformemente castanhos ou menos frequentemente com as células da extremidade

mais pálidas, lisos, 25-44 x 9-15 µm. Conídios formados em culturas velhas 3-4-5

septos, 20-38 x 8-14 µm. Colônias efusas, cotonosas a feltrosas, densidade média,

cinzentas a negras, frente de crescimento regular e ausência de zonagem; ausência

de estromas (KIM et al., 2000).

Os aspectos mais marcantes nesta espécie são a condição direita ou

fracamente curva dos conídios, células intermédias mais longas e o fraco afilamento

para as extremidades e elevado número de conídios nos conidióforos (LIMA &

FURTADO, 2007).

Figura 2 - Curvularia inaequalis com seus conídios septados alojados em um conidióforo. (Fonte:

PIMENTEL et al., 2005)

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Figura 3 - Curvularia inaequalis com seus conidióforos curvados e seus conídios septados. (Fonte:

PIMENTEL et al., 2005).

A colônia tem micélio aéreo com aspecto algodonoso. No início apresenta-se

com coloração verde-escuro a castanho e por volta de 3 dias começa a surgir a

esporulação com tonalidade castanho escuro. Com o decorrer do tempo o micélio

vai adquirindo uma coloração mais escura. No prazo de 7 dias ou mais o fungo

cobre totalmente uma placa Petri de 6 cm de diâmetro.

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Figura 4 - Cultura de Curvularia inaequalis com 3 dias. (Fonte: PPBIO/UEFS)

Figura 5 - Cultura de Curvularia inaequalis com 7 dias. (Fonte: PPBIO/UEFS)

3.4.3. Distribuição geográfica

O fungo Curvularia inaequalis é encontrado em países como Austrália, Brasil,

Canadá, França, Índia, Japão, Malásia e Turquia (LIMA & FURTADO, 2007).

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3.4.4. Hospedeiros

Gramíneas, incluindo Hordeum (gênero da cevada), Oryza (gênero do arroz),

Sorghum (gênero do sorgo), Triticum (gênero do trigo) e Zoysia (gênero da grama).

Algumas dicotiledôneas, como Pisum (gênero da ervilha) e Vaccinium (gênero do

mirtilo ou uva-do-monte) também são consideradas hospedeiras. A doença começa

no campo, quando coincidem a época de floração e maturação com o período

chuvoso, produzindo-se a infecção das panículas e grãos e manchado dos grãos. A

maioria destes fungos, no entanto, têm um comportamento saprófita quando

encontram-se associados à sementes (KIM et al., 2000).

3.4.5. Onde são encontrados

Curvularia inaequalis tem ampla distribuição em áreas temperadas e

subtropicais, e é associado principalmente com gramíneas forrageiras e grãos. São

frequentemente isolados a partir do solo e do ar. Surgiu associado a um caso de

peritonite num paciente humano (PIMENTEL et al., 2005).

3.4.6. Patogenicidade de Curvularia inaequalis

O fungo Curvularia inaequalis raramente é considerado patogênico, mas é

capaz de produzir substâncias tóxicas, principalmente se relacionado à gramíneas.

Kim e colaboradores (2000) relataram, em um estudo com grama esmeralda, que

Curvularia inaequalis foi capaz de provocar doença nos indivíduos inoculados.

Sintomas foliares, como ferrugem de cor marrom-avermelhada, foram observados

nas plantas doentes. A partir deste resultado, foi observado que esta espécie produz

fitotoxinas como Pirenocina A e B. Dentre estas, a Pirenocina A apresentou uma

maior atividade fitotóxica em relação à Pirenocina B.

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Figura 6 - Estrutura química das Pirenocinas A e B produzidas por Curvularia inaequalis

De acordo com estudos realizados por Carter & Boudreaux (2004) algumas

espécies do gênero Curvularia podem ser patogênicas a seres humanos, podendo

causar sinusite alérgica, pneumonia, endocardite, feridas infecciosas, micetoma,

onicomicose, queratites, abscessos cerebrais, entre outros. Pimentel et. al (2005),

relataram que a espécie Curvularia inaequalis também é capaz de provocar

peritonite em humanos, sendo o primeiro trabalho descrito na literatura a respeito da

patogenicidade desta espécie para os seres humanos. É importante salientar que os

estudos com relação à patogenicidade de Curvularia inaequalis ainda são

incipientes.

3.5. Couve-manteiga (Brassica oleracea L. var. acephala) O mercado de hortaliças orgânicas está em crescente expansão destacando-

se, entre elas, a couve-manteiga (Brassica oleracea L. var. acephala). A couve-

manteiga é uma hortaliça de grande importância econômica, sendo utilizada

amplamente na culinária brasileira, principalmente por possuir alto valor nutricional e

facilidade de cultivo (SOUZA & RESENDE, 2003).

Dentre os vegetais consumidos diariamente, as hortaliças folhosas são

consideradas como um grupo de enorme interesse para a saúde humana, devido

principalmente à riqueza de vitaminas, elementos minerais e fibras. Tais

componentes tornam seu consumo indispensável para se obter uma alimentação

saudável e equilibrada (KINUPP & BARROS, 2008). A couve-manteiga é uma

hortaliça rica principalmente em ferro, cálcio, vitamina A e ácido ascórbico. Além

disso, representa uma importante fonte de carotenóides, com maiores

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concentrações de luteína e beta caroteno (NOVO et al., 2010), reduzindo riscos de

câncer no pulmão e de doenças oftalmológicas crônicas como cataratas (LEFSRUD

et al., 2007).

A couve-manteiga se caracteriza pela presença de um caule vertical, que

emite novas folhas em seu ápice e numerosos brotos laterais, que se originam nas

axilas das folhas. As folhas constituem a parte comestível, sendo, portanto, o

produto comercial. As folhas apresentam um limbo muito desenvolvido e

arredondado, com pecíolo longo e nervuras bem destacadas (FILGUEIRA, 2000). As

plantas são obtidas através de propagação vegetativa de clones tradicionais na

maioria das áreas de cultivo, não havendo aceitação, pelos olericultores, de

cultivares propagadas por sementes (PERUCH, 2004).

É uma hortaliça arbustiva, anual ou bienal, da família Brassicaceae. Possui

distribuição cosmopolita e constitui umas das principais famílias do ponto de vista

econômico, apresentando cerca de 400 gêneros e 4000 espécies (PAULINO, 2008).

Seu cultivo é de grande importância, devido principalmente à elevada produção,

retorno econômico e valor nutricional. No Brasil, dentre as espécies pertencentes a

essa família botânica, as mais cultivadas são Brassica oleracea var. italica L.

(brócolis), Brassica pekinensis L. (couve-chinesa), Brassica oleracea var. botrytis L.

(couve-flor), Brassica oleracea var. acephala L. (couve-manteiga) e Brassica

oleracea var. capitata L. (repolho) (FILGUEIRA, 2000).

Figura 7 – Brassica oleracea L. var. acephala. (Fonte: http://www.biolib.cz/en/taxonimage)

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O ciclo desta planta em produção é de 100 dias para o verão, estendendo

esse período em alguns dias a mais com a chegada de épocas frias (OLIVEIRA,

2011). A produção comercial é normalmente conduzida segundo recomendações

convencionais, que incluem desde o preparo e correção do solo, adubações

orgânica e química, até o controle de pragas e doenças (SHINGO & VENTURA,

2009). A colheita é iniciada aos 80-90 dias do transplante, perdurando por um

período de oito meses. Segundo Filgueira (2003), o padrão de 25-30 cm de

comprimento é o ideal para a comercialização das folhas de couve.

A couve-manteiga pode ser cultivada em todo o país, não havendo data

especial para plantio. É uma planta tolerante a fatores climáticos, com produtividade

em regiões quentes e/ou frias. É uma cultura típica dos períodos de outono e

inverno, apresentando certa tolerância ao calor (OLIVEIRA, 2011). Pode ser

plantada durante o ano todo, mas as épocas mais indicadas, por região, estão

descritas na tabela abaixo:

Tabela 2 - Época de plantio da couve-manteiga. Fonte: http://jornalagricola.wordpress.com

ÉPOCA DE PLANTIO

Sul Sudeste Nordeste Centro-oeste Norte Ciclo

Fev./Jul. Fev./Jul. Abr./Ago. Fev./Jul. Abr./Jul. 80-90 dias

A cultura da couve-manteiga, apesar de bem adaptada às condições edafo-

climáticas da região Nordeste, apresenta baixa produtividade em alguns estados

devido a ocorrência de doenças. Dentre estas destaca-se a alternariose, causada

pelo fungo Alternaria brassicicola , fitopatógeno predominante em cultivos orgânicos

e convencionais de brássicas (MICHEREFF et al., 2003).

O crescimento adequado e o rendimento das plantas dependem da

disponibilidade de água, dos nutrientes do solo e da manutenção de fatores

ambientais como temperatura, luminosidade e umidade em níveis favoráveis

(FILGUEIRA, 2008). Uma prática adequada a ser realizada durante o cultivo da

couve-manteiga é o emprego de esterco bovino na adubação das plantas, para

auxiliar no crescimento e desenvolvimento da parte vegetativa, principalmente

quando o solo apresentar baixo percentual de matéria orgânica (FILGUEIRA, 2000).

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Práticas adequadas de pós-colheita são de fundamental importância, pois

reduzem as perdas de produção e aumentam o aproveitamento desta hortaliça pelo

homem.

3.5.1. Importância econômica

O Brasil ocupa uma posição de destaque em relação ao cultivo de hortaliças,

sendo considerado um dos maiores produtores com 9.888.000t produzidas

atualmente. Nos últimos dez anos, a área cultivada com couve-manteiga (Brassica

oleracea L. var. acephala) e outras brássicas se manteve estável, em torno de

13.266 ha (OCAMPOS, 2010).

No Nordeste brasileiro, o estado de Pernambuco é um dos principais

produtores de crucíferas. A família Brassicaceae engloba o maior número de

culturas olerícolas de grande importância econômica principalmente para os

pequenos produtores, pois são culturas de fácil cultivo e rentáveis em pequenas

áreas. Dentre estas, a couve-manteiga tem sido abordada constantemente em

estudos e pesquisas, devido principalmente à sua importância na nutrição humana,

alto valor nutricional e elevada produtividade (FILGUEIRA, 2008).

Dentro da família Brassicaceae, as espécies mais importantes

economicamente estão no gênero Brassica: B. oleracea, B. napus e B. juncea. Além

de sua importância como hortaliças, essas espécies são utilizadas como adubo

verde, forrageiras, condimentos e para a produção de óleo a partir de sementes. No

Brasil, o cultivo de brássicas se destaca na região Centro-Sul, especialmente nos

estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Dentre as brássicas, o

repolho, a couve-manteiga, a couve-flor, o rabanete e o brócolos têm se expandido

consideravelmente nos últimos anos (MIGUEL-WRUCK et al, 2010). No Brasil, o

cultivo de brássicas tem destacada importância nos sistemas de produção

convencional e orgânico.

Entre as brássicas de maior importância econômica, destaca-se a couve-

manteiga (Brassica oleracea L. var. acephala). O consumo de couve-manteiga no

Brasil tem aumentado gradativamente, devido, provavelmente, às novas maneiras

de utilização na culinária e às recentes descobertas da ciência quanto às suas

propriedades nutricêuticas (NOVO et al., 2010).

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Ainda segundo Novo e colaboradores (2010), a maioria das cultivares

comercializadas no Brasil é formada por plantas de porte médio a alto. As cultivares

compactas, com altura inferior a 50 cm, híbridas, multiplicadas por sementes, são

pouco cultivadas devido a características morfológicas não atrativas para o

consumidor.

3.6. Alternaria brassicicola e alternariose

Fungos do gênero Alternaria geralmente atacam a parte aérea de seus

hospedeiros. Nas folhas vegetais, os sintomas da infecção por Alternaria geralmente

começam com o surgimento de uma pequena mancha circular escura. À medida que

a doença progride, os pontos circulares podem crescer cerca de 1 cm de diâmetro

ou até mais. Normalmente são acizentados, castanho-acizentados ou negros. Os

esporos das espécies de Alternaria são cilíndricos e multicelulares. As células são

divididas longitudinalmente e transversalmente (LAEMMLEN, 2001).

Nas brássicas, fungos do gênero Alternaria podem provocar danos em

sementes, mudas, folhas e vagens. Além da transmissão pelo ar, os esporos dos

patógenos também podem ser transmitidos pelas sementes (J. KOHL et al.; 2010).

Os fungos do gênero Alternaria sobrevivem entre um cultivo e outro em restos de

cultura infectados e hospedeiros intermediários, podendo sobreviver ainda em

equipamentos agrícolas, estacas e/ou caixas usadas. Além destas formas de

sobrevivência, existe a possibilidade de o patógeno permanecer viável no solo na

forma de micélio, esporos ou clamidósporos. Os conídios de Alternaria spp. são

altamente resistentes a baixos níveis de umidade, podendo permanecer viáveis por

até um ano nestas condições (TOFOLI & DOMINGUES, 2004).

Alternaria brassicicola (Schwein.) Wiltshire é um fungo fitopatogênico que

provoca uma das doenças economicamente mais importantes das brássicas, a

alternariose (PEDRAS, 2001). O fungo se caracteriza por apresentar colônias

profusas, marrom-oliváceas amarrom-escuras e aveludadas. O micélio, possui hifas

ramificadas, septadas, hialinas, intere intracelulares, lisas e com 1,5 a 7,5 µm de

largura. Os conidióforos são solitários ou em grupos de 2 a 12 ou mais, no entanto, é

mais comum encontrá-los isolados. São eretos ou ascendentes, mais ou menos

cilíndricos, arredondados na base. Os conidióforos são septados, cor pálida a

marrom olivácea, lisos com tamanho de até 70 µm de comprimento e de 5 a 8 µm

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de espessura. Os conídios apresentam-se geralmente em cadeias de 20 ou mais e

algumas vezes aparecem ramificados. Estes são acropleurógenos, crescendo a

partir de pequenos poros na parede do conidióforo, retos, quase cilíndricos, afinando

suavemente até a ponta. A sua célula basal é arredondada, com bico quase não

existente, célula apical sendo mais ou menos retangular ou parecendo um cone

truncado, sempre pequena e fina. O conídio apresenta de 1 a 11 septos,

posicionados transversalmente, freqüentemente constritos, de cor pálida ou marrom

oliváceo. A sua parede é lisa, tornando-se enrugada com a idade, tamanho de 18 a

130 µm de comprimento, 8 a 30 µm de espessura na parte mais larga, pedicelo com

1/6 do comprimento do conídio e 6 a 8 µm de espessura (ELLIS, 1971).

Figura 8 – Alternaria brassicicola (Schwein.) Wiltshire. (Fonte: http://www.fungi.myspecies.info)

A alternariose, doença provocada pelo fungo Alternaria brassicicola

(Schwein.) Wiltshire, causa danos significativos às plantas hospedeiras, desde a

fase de mudas até a fase reprodutiva das mesmas. As lesões são caracterizadas

principalmente pela formação de uma massa pulverulenta e escura formada pelos

conídios e conidióforos do fungo (RIMMER et al., 2007). A doença pode ocorrer

tanto no estádio de plântula quanto em plantas adultas. Em plântulas geralmente

ocorre necrose nos cotilédones e hipocótilo, levando ao tombamento e à morte

(NICOLINI, 2008).

Ainda segundo Nicolini (2008), as condições epidemiológicas ideais para a

ocorrência da alternariose são: umidade relativa superior a 87% e temperatura

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variando de 15 a 30°C, sendo necessárias 16 horas para o início da infecção e de 48

a 72 horas para um ótimo estabelecimento da doença. A faixa de temperatura para

infecção de A. brassicicola é de 25ºC e para produção de esporos, temperatura de

20 a 30ºC. Em plantas adultas, os principais sintomas são as manchas foliares,

geralmente iniciando nas folhas mais externas, posteriormente avançando para

todas as folhas. As lesões causadas por A. brassicicola possuem coloração marrom-

escura a preta, são arredondadas e formam anéis concêntricos com halo clorótico.

Figura 9 – Folha de couve-manteiga (Brassica oleracea L. var. acephala) com lesões típicas

de alternariose. (Foto: Noelly Bastos Cavalcante).

Figura 10 – Folha de couve-manteiga (Brassica oleracea L. var. acephala) com lesões típicas

de alternariose. (Foto: Noelly Bastos Cavalcante).

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Sobre as lesões pode ser observada uma massa escura pulverulenta formada

por conídios e conidióforos do fungo. Em casos mais severos, estas lesões podem

coalescer causando o secamento e a queda das folhas. Quando ocorre infecção

sistêmica em sementes jovens, estas são destruídas e ficam chochas (MARINGONI,

2005).

Ainda segundo Maringoni (2005), sementes contaminadas, restos de cultura

infectados, plantas daninhas e uma ampla gama de plantas hospedeiras com

sintomas constituem as principais fontes de inóculo da doença. A disseminação

ocorre principalmente pelas sementes, mudas infectadas e pelo vento. Em sistemas

de produção convencionais, o controle da alternariose baseia-se, principalmente, em

pulverizações preventivas ou após o aparecimento dos primeiros sintomas

(AZEVEDO et al., 2000), utilizando fungicidas como oxicloreto de cobre, mancozeb,

maneb, captan, azoxistrobin e difenoconazol (MAPA, 2008).

É importante considerar que, independentemente do sistema de produção,

nenhuma medida isolada é viável, estável, efetiva, sustentável e econômica no

controle da alternariose das brássicas, sendo indispensável a adoção de práticas

integradas para o manejo efetivo da doença. Estas incluem plantio de sementes

sadias, plantio de cultivares híbridos tolerantes, rotação de culturas, redução do

estresse das plantas pela correta adubação e irrigação, além da aplicação de

fungicidas (TÖFOLI & DOMINGUES, 2004).

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4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Obtenção das amostras de Curvularia inaequalis Shear (Boedijn)

As cepas do fungo Curvularia inaequalis foram fornecidas pelo Departamento

de Biologia da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) a partir do projeto

PPBIO (Programa de Pesquisa em Biodiversidade). Após a obtenção das culturas,

estas foram repicadas em placas de Petri com capacidade para 20 mL, contendo

meio de cultura Agar batata dextrose (BDA). Após esse procedimento, as culturas

em placa foram incubadas em estufa BOD a 25°C durante 3 dias. Após crescimento

micelial adequado, as culturas foram mantidas sob refrigeração, a 4°C, até o

momento das análises.

4.2. Obtenção da enzima nitrato redutase utilizando Curvularia inaequalis

Para a obtenção da enzima nitrato redutase, o fungo Curvularia inaequalis foi

cultivado em erlenmeyers com capacidade para 250 mL, contendo 100 mL de meio

de cultura BD caldo (batata dextrose) em cada um. Foram confeccionados

manualmente discos de micélio, a partir de culturas de C. inaequalis em placas,

utilizando um vazador previamente esterilizado. Após esse procedimento, seis

discos de micélio foram adicionados em cada erlenmeyer com meio de cultura BD

caldo. Todo o procedimento foi realizado em capela de fluxo laminar sob condições

assépticas. Em seguida, os erlenmeyrs foram incubados em estufa a 25°C, sob

rotação constante, a 120 rpm durante 48 horas. Decorrido o tempo de incubação, a

biomassa micelial resultante (10 g) foi separada por filtração e lavada com água

destilada estéril para remover os vestígios de componentes de meio de cultura. Em

seguida, a biomassa micelial foi suspensa em 100 mL de água destilada estéril e

incubada em estufa a 25°C, sob rotação constante, a 120 rpm. Foram determinados

dois tempos de incubação, a fim de se explorar a influência da enzima nitrato

redutase no tamanho das nanopartículas produzidas. Dessa forma, um grupo de

amostras permaneceu em incubação durante 24h e outro grupo durante 72h.

Decorrido esse tempo, as suspensões foram filtradas utilizando papel de filtro

Whatman n. 42. (GAJBHIYE et al., 2009).

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A massa micelial foi descartada, sendo aproveitado apenas o filtrado (solução

aquosa), onde a enzima nitrato redutase se encontrava dispersa

4.3. Obtenção das nanopartículas de prata (AgNPs) utilizando Curvularia

inaequalis como agente de redução

O nitrato de prata (AgNO3) a ser reduzido foi obtido através da empresa

Aldrich (EUA). A obtenção de nanopartículas de prata foi estabelecida realizando a

dispersão do nitrato de prata com uma concentração predefinida de nitrato redutase

em solução aquosa. O nitrato de prata (nas concentrações de 5mM e 100 mM) foi

introduzido nos filtrados que foram obtidos através do procedimento anterior. Nesse

sentido, um grupo de amostras teve a concentração de 5mM de nitrato de prata

adicionada aos filtrados, enquanto outro grupo de amostras teve a concentração de

100mM adicionada. As amostras foram incubadas por mais 24 ou 72 horas em

estufa, à temperatura ambiente, sob rotação de 90 rpm, para que a reação celular

pudesse ocorrer, promovendo a redução de nitrato de prata em nanopartículas de

prata (AgNPs). O procedimento pôde ser observado visualmente, pela ocorrência de

mudança na coloração do meio aquoso de transparente (antes da reação com

nitrato de prata) para amarelado (após a reação com nitrato de prata) (GAJBHIYE et

al., 2009).

4.4. Planejamento fatorial aplicado na preparação de nanopartículas de prata

O planejamento fatorial (ou projeto fatorial) é uma importante ferramenta

aplicada no estudo de sistemas com variáveis múltiplas. A minimização do número

de experimentos em comparação com sistemas de variáveis múltiplas é obtida com

a definição de dois níveis diferentes (máximo e mínimo) e com o cálculo da

importância relativa, obtido pelo contraste de médias (CARVALHO et al, 2010;

OLIVIER et al, 2007; DE OLIVEIRA et al, 2005). Utilizando este conceito, a utilização

de dois níveis diferentes aplicados a três diferentes parâmetros de preparação

(Parâmetro A: concentração de nitrato redutase; Parâmetro B: tempo de reação; e

Parâmetro C: concentração de nitrato de prata) pode ser explorada, a fim de otimizar

a síntese de nanopartículas de prata. Considerando as diferentes possibilidades de

combinação entre os diferentes parâmetros (combinação variada de mínimos e

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máximos de cada parâmetro), oito amostras diferentes puderam ser obtidas,

conforme ilustra a Tabela 3.

Tabela 3 - Combinação de parâmetros aplicada no estudo quimiométrico.

Amostra

Parâmetro A

(Produção de nitrato

redutase)

Parâmetro B

(Tempo de reação)

Parâmetro C

(Concentração de

Nitrato de Prata)

I 24h (-) 24h (-) 5mM (-)

C 24h (-) 24h (-) 100 mM (+)

B 24h (-) 72h (+) 5mM (-)

A 72h (+) 24h (-) 5mM (-)

BC 24h (-) 72h (+) 100 mM (+)

AC 72h (+) 24h (-) 100 mM (+)

AB 72h (+) 72h (+) 5mM (-)

ABC 72h (+) 72h (+) 100 mM (+)

Para compreender melhor como o processo de preparação afeta o tamanho e

a concentração relativa das partículas sintetizadas, delineou-se um desenho fatorial

em que a resposta (absorbância no UV-Vis e Potencial Zeta) foi analisada em

termos de três parâmetros diferentes e sua variação. A absorbância na região do

UV-vis representa um parâmetro importante na medição da eficiência da síntese de

nanopartículas de prata, que exibem forte absorção de luz devido à ressonância de

plasmon de superfície (pico SPR) (BASAVARAJA et al., 2008). Por sua vez, a

magnitude do potencial zeta pode indicar o potencial de estabilidade da dispersão

coloidal. Grandes valores negativos ou positivos de potencial zeta indicam elevado

nível de estabilidade sem tendência para floculação. Através da utilização de ambas

as técnicas de medição, a importância relativa dos efeitos principais (A, B, C) ou

efeitos de interação (AB, AC e BC) pode ser calculada. Por exemplo, a importância

relativa do parâmetro A, a partir da medida de absorbância, assume um valor

positivo e contribui com a elevação na absorbância das amostras resultantes, como

ilustra a Equação 1.

(1) Importância do fator A = [ ¼ (fa+ fab+ fac+ fabc)- ¼(fi+ fb+ fc+ fbc)]

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Onde, fab representa a resposta (absorbância ou potencial zeta) da amostra AB,

como foi definido anteriormente na Tabela 3.

4.5. Caracterização as amostras

4.5.1. Absorbância

A absorbância das amostras foi medida utilizando um espectrofotômetro de

Ultravioleta-Visível Hach DR5000.

Faixa de Leitura: 190-1100 nm

Banda de passagem: 2 nm

Precisão de comprimento de onda: +/- 1,0 nm

Resolução de comprimento de onda: 0,1 nm

4.5.2. Tamanho das partículas e potencial zeta

O tamanho das partículas e o potencial zeta foram medidos usando um

espectrofotômetro Zeta Sizer Malvern (Nano ZS90), sendo calculados usando

medidas de mobilidade eletroforética.

4.5.3. Obtenção de imagens de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

As imagens de MEV foram obtidas utilizando um Microscópio Eletrônico de

Varredura Hitachi TM1000. É um equipamento capaz de produzir imagens de alta

resolução (30 nm) e alta magnificação (aplicação) de até 10.000X. Possui detector

de elétrons retroespalhados (BSE) e tem profundidade de foco de 0.5 mm.

4.6. Isolamento do fungo Alternaria brassicicola

Plantas de couve saudáveis foram inoculadas com uma suspensão de

esporos a 1x106 esporos/mL de Alternaria brassicicola, para posteriormente realizar-

se o isolamento do fungo. As plantas inoculadas foram submetidas à câmara úmida,

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51

onde permaneceram durante 48h. Esse procedimento auxilia a penetração do fungo

fitopatogênico na planta hospedeira, facilitando o surgimento da doença. Decorrido

este tempo, foram escolhidas as folhas que apresentaram lesões características de

alternariose. O processo de isolamento foi baseado na metodologia descrita por

ALFENAS et al. (2007) onde, inicialmente, foi feita a limpeza superficial das folhas

com água e detergente. Após a lavagem, as folhas foram colocadas em papel filtro

esterilizado para secar. Depois de secas, foram retirados das folhas fragmentos

tissulares das margens das lesões utilizando uma lâmina previamente flambada.

Estes fragmentos foram então transferidos para uma solução de álcool 70%, onde

permaneceram por 60 segundos. O álcool funciona como desinfestante e também

reduz a tensão superficial do tecido foliar, facilitando a ação da solução

desinfestante. Passado este tempo, os fragmentos foram transferidos para uma

solução de hipoclorito de sódio com 0,1% de Cl2, onde ficaram por 60 segundos.

Esse tempo é considerado suficiente para eliminar os organismos saprófitas da

superfície das folhas. Após esse processo, os fragmentos foram transferidos para

papel filtro esterilizado para remover o excesso de Cl2 e, em seguida, quatro

fragmentos foram adicionados em cada placa de Petri com meio de cultura BDA

(Agar batata dextrose). Todo o procedimento foi realizado em capela de fluxo

laminar sob condições assépticas. Em seguida, as placas foram incubadas a 25ºC

em estufa BOD até o crescimento do fungo. Depois de iniciado o crescimento do

mesmo, este foi repicado para outras placas de Petri com meio de cultura BDA, a fim

de se obter culturas isoladas.

4.7. Atividade antibacteriana de nanopartículas de prata (AgNPs)

A ação das nanopartículas de prata biossintetizadas contra bactérias Gram-

positivas e Gram-negativas foi avaliada utilizando a técnica de microdiluição em

caldo, de acordo com metodologia proposta por CLSI (2006). Nesse sentido, foi feita

a inoculação de 1x104 UFC ml-1 (unidades formadoras de colônias) em placa de

microcultivo utilizando como tratamentos as diluições 1/8, 1/16,

1/32, 1/64,

1/128 e 1/256 das

nanopartículas biossintetizadas (medição relacionada às concentrações de 5mM e

100mM de nitrato de prata). As amostras foram incubadas a 37°C por 24h. A

concentração inibitória mínima (MIC) foi determinada utilizando-se cloreto de 2,3,5-

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trifeniltetrazol (TTC), recomendado para detecção de crescimento microbiano. As

medidas da concentração bactericida mínima (CBM) foram realizadas por meio de

inoculação em diluições sucessivas em tubos de ensaio. Como resultado, uma leve

turbidez foi observada no caldo. Em seguida, as amostras que não apresentaram

turvação foram inoculadas em Agar Mueller-Hinton e incubadas a 37°C durante 24 h,

para detecção da concentração bactericida mínima. As cepas de referência padrão

incluídos neste estudo estão ilustradas na tabela 4.

Tabela 4 - Cepas de referência padrão utilizadas nos testes de sensibilidade.

Escherichia coli ATCC 25922

E. coli ATCC 35218

Klebsiella pneumoniae ATCC 1388

Bacillus cereus 11778

Staphylococcus aureus ATCC 6538

Staphylococcus epidermidis ATCC 12228

Staphylococcus spp. resistente à meticilina - MRSA (n=1)

Staphylococcus spp. não produtora de biofilme (n=2)

4.8. Teste de Avaliação do crescimento micelial de Alternaria brassicicola

Para a avaliação do crescimento micelial de Alternaria brassicicola, foram

utilizadas as nanopartículas sintetizadas pelo fungo Curvularia inaequalis Shear

(Boedijn) em diferentes diluições em meio de cultura BDA (Agar batata dextrose),

onde cada concentração correspondeu a um tratamento. A tabela 5 ilustra todas as

diluições utilizadas no experimento:

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Tabela 5 - Concentrações de nanopartículas de prata utilizadas para o teste de ação direta sobre o

fungo Alternaria brassicicola.

Tratamentos Concentração

Controle

BDA puro

T1

1/8

T2

1/16

T3

1/32

T4

1/64

T5

1/128

T6

1/256

Obtidas as diluições, as mesmas foram distribuídas em placas de Petri com

capacidade para 20 ml. Para cada tratamento foram utilizadas cinco repetições.

Após a solidificação do meio de cultura BDA acrescido da concentração

correspondente de nanopartículas de prata, foi feito o repique do fungo Alternaria

brassicicola. Foram confeccionados manualmente discos de micélio, utilizando um

vazador previamente esterilizado. Em cada placa de Petri foi adicionado, no centro,

um disco do micélio de A. brassicicola. Todo o processo foi realizado em capela de

fluxo laminar em condições assépticas. Em seguida, as placas foram incubadas em

estufa BOD a 25oC. As avaliações tiveram início após 24h de incubação. Ao todo,

foram realizadas 10 avaliações, uma a cada 24h. As medidas de crescimento

micelial foram mensuradas com auxílio de um paquímetro.

4.9. Teste de Ação Direta das nanopartículas de prata sobre o fungo

Alternaria brassicicola

Para a avaliação do efeito de ação direta das nanopartículas de prata

biossintetizadas por Curvularia inaequalis Shear (Boedijn) sobre o fungo Alternaria

brassicicola, foi empregado o teste de inibição de germinação de esporos, de acordo

com metodologia adotada por BONALDO et al. (2004), adaptada. Para tanto, foram

utilizados 100 μL da suspensão de esporos (1x106 esporos/mL) de Alternaria

brassicicola + 100 μL de cada concentração de nanopartículas produzidas diluídas

em meio de cultura BD caldo (Tabela 5). Estas alíquotas foram então adicionadas

nos recipientes de uma placa de microcultivo, com 96 cavidades, como ilustra a

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figura 11. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado, com sete

tratamentos em oito repetições. No tratamento controle foi utilizado meio de cultura

BD puro, sem adição de nanopartículas de prata. As placas foram incubadas em

estufa BOD durante 20h, sob luz constante e temperatura de 25ºC. Ao término

desse tempo, deu-se início às avaliações. Estas foram realizadas em microscópio

óptico, com aumento de 40x. Todos os esporos germinados contidos em todos os

campos (A, B e C) da câmara de Neubauer (Figura 12) foram contados, obtendo-se

com isso a quantidade de esporos germinados em cada repetição/tratamento que,

em seguida, foi comparada ao controle. A câmara de Neubauer consiste de uma

lâmina de microscopia, bem mais alta do que uma lâmina normal, com marcações

em quadrantes, de medidas conhecidas. Observando-se ao microscópio, percebe-se

que existem três tipos de quadrantes, denominados A, B e C que, juntos, formam um

quadrado maior. Para a contagem de esporos, foram considerados como

germinados aqueles que apresentaram tubo germinativo de tamanho igual ou

superior ao tamanho do esporo.

Figura 11 - Esquema do teste de ação direta utilizando placa de microcultivo. As colunas da placa

(em azul) representam os tratamentos utilizados e as linhas representam as repetições.

R1

R2

R3

R4

R5

R6

R7

R8

C T1 T2 T3 T4 T5 T6

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Figura 12 - Ilustração de todos os campos (A, B e C) da câmara de Neubauer.

4.10. Análise estatística

Todos os dados obtidos foram submetidos ao teste de Tukey a 5% de

probabilidade.

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56

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1. Caracterização das amostras obtidas pela combinação dos parâmetros

de preparação de nanopartículas de prata (A, B e C).

O espectro de absorção na região de UV-vis das nanopartículas de prata (WU

et al., 2000), como ilustrado na Figura 13, indica que o pico SPR é máximo para a

amostra AB (concentração máxima de nitrato redutase, concentração mínima de

nitrato de prata e tempo de reação máximo) (Tabela 3), enquanto que o pico mais

fraco foi obtido para a amostra AC ( concentrações máximas de nitrato redutase e

nitrato de prata). Neste caso, a formação de grandes agregados de nanopartículas

de prata é verificada na solução. Este fato é um forte impedimento para a síntese de

sistemas coloidais com razoável estabilidade (WU et al., 2000).

Comprimento de onda (nm)

Figura 13 - Espectro de UV-vis da dispersão coloidal de nanopartículas de prata em solução aquosa.

O processo de formação de nanopartículas de prata pode ser identificado

visualmente, tal como ilustrado na Figura 14: uma imagem de dois erlenmeyers

contendo uma solução antes e depois da síntese de nanopartículas de prata. Este

Absorbância

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57

processo é detectado pela mudança de cor da solução, que de incolor passa para

uma coloração amarelada (YAHYAEI et al., 2013;. ALANI et al., 2012).

Figura 14 - Produção de nitrato redutase antes (esquerda) e depois (direita) da reação completa com

nitrato de prata (Foto: Noelly Bastos Cavalcante)

5.2. Cálculos da importância relativa dos parâmetros isolados e combinados

para o pico SPR e Potencial Zeta

Com base no valor obtido para o pico SPR de cada amostra (Figura 13), foi

possível analisar a importância relativa dos parâmetros isolados e combinados na

absorbância da solução coloidal e, consequentemente, sobre a eficiência da síntese.

Os resultados da importância relativa do pico SPR, como mostrado na Figura

15, indicam que o parâmetro B (tempo de reação em relação à interação de nitrato

de prata com o filtrado do fungo) representa o parâmetro mais importante na

otimização do pico SPR, seguido da interação dos parâmetros A e B (AB) e

parâmetro A, respectivamente. Por outro lado, o parâmetro C (concentração de

nitrato de prata) apresenta influência negativa sobre o pico SPR. A contribuição

negativa para o pico SPR é verificada também para os parâmetros C, AC, BC e

ABC, em um forte indício de que a elevação da concentração de nitrato de prata

induz o crescimento desordenado de grandes agregados, como pôde ser detectado

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visualmente com a precipitação das partículas. Com base nessas informações, é

possível verificar se a concentração mínima de nitrato de prata (5mM) representa a

condição adequada para regular o crescimento de nanopartículas de prata em

função do tempo.

Figura 15 - Importância relativa dos parâmetros de preparação no pico de absorção SPR

A importância relativa dos parâmetros medidos pelo potencial zeta (Figura 16) indica

que, se isolados, os parâmetros B e C tendem a diminuir o potencial zeta e,

consequentemente, a estabilidade da dispersão coloidal. Apesar deste resultado,

pôde-se observar que a interação dos parâmetros A e C tende a aumentar o valor de

potencial zeta, proporcionando estabilidade para a dispersão coloidal durante alguns

dias. É uma indicação de que a alta concentração de nitrato de prata é compensada

pela alta concentração de nitrato redutase, promovendo a dispersão estável das

nanopartículas em solução.

Importância relativa

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59

Figura 16 - Importância relativa dos parâmetros de preparação sobre o potencial zeta das partículas.

O parâmetro de importância relativa de influência mais negativa é a

concentração de nitrato de prata (variável C), de acordo com o resultado anterior de

absorbância, indicando que o crescimento desordenado de partículas com baixo

potencial zeta influencia na formação progressiva de precipitados. Com base nos

resultados anteriores, explorou-se a cinética de crescimento das nanopartículas de

prata utilizando o sistema mais promissor para definir a condição mais adequada

para a biossíntese de nanopartículas de prata. Como alternativa para o

procedimento padrão de medição da cinética de base na absorção da luz

(YAHAYAEI et al, 2013;. ALANI et al., 2012), explorou-se a cinética em termos de

tamanho de partículas sintetizadas, a fim de correlacionar a atividade antimicrobiana

com a dimensão das partículas sintetizadas.

5.3. Cinética de formação de nanopartículas de prata

A cinética de formação de nanopartículas foi analisada através da medição do

tamanho das partículas dispersas em solução aquosa em função do tempo de

reação. Os resultados demonstrados na Figura 17 indicam que com a baixa

Importância relativa

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60

concentração de nitrato redutase a formação de nanopartículas é estabelecida após

algumas horas e a saturação do tamanho das partículas pode ser verificada.

Levando-se em consideração a alta concentração de nitrato redutase

(conforme estabelecido na Tabela 3) após 100 h de reação, observa-se que ocorreu

na amostra uma distribuição de grandes agregados e partículas com diâmetro na

ordem das centenas de nanômetros, conforme ilustrado na Figura 18. O EDX

(Energia de Dispersão de Raios X) da amostra indica que a prata representa 100%

das partículas sintetizadas, como o esperado.

Tempo (horas)

Figura 17 - Cinética de crescimento das partículas em função da concentração de nitrato redutase.

Tamanho das partículas (nm)

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Figura 18 - Partículas de prata após 100 h de síntese (elevada concentração de nitrato redutase -

lado esquerdo e baixa concentração de redutase - lado direito).

Portanto, de acordo com os resultados obtidos nas etapas anteriores, a baixa

concentração de nitrato redutase (24h de incubação) numa reação com 5mM de

nitrato de prata durante 60h é a condição mais adequada para a produção de

nanopartículas de prata. Usando este parâmetro otimizado, analisou-se a atividade

antimicrobiana destas nanopartículas de prata.

5.4. Atividade antibacteriana de nanopartículas de prata sintetizadas por

Curvularia inaequalis (Shear) Boedijn

Embora a sensibilidade antimicrobiana dos microrganismos tenha sido

descrita como dose-dependente (GHOSH et al., 2012; HOMOLA et al. , 1999. ), os

resultados obtidos no presente estudo comprovam que as nanopartículas de prata

foram eficazes até a diluição de 1/256 em Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae. A

exceção foi verificada em E. coli ATCC 25922. Em bactérias Gram-negativas, a

resistência à prata pode ser explicada devido à existência de mecanismos de efluxo,

codificados pelo gene sil. Sua presença foi relatada na família Enterobacteriaceae e

na espécie Pseudomonas aeruginosa (SUTTERLIN et al., 2012). A sensibilidade das

bactérias Gram-negativas foi mais elevada do que para as bactérias Gram-positivas

utilizadas neste estudo. Diversos autores relatam (SUTTERLIN et al., 2012;

ANTONY et al., 2011; MOHANTY et al., 2011) que a maior sensibilidade das

bactérias Gram-negativas está associada à estrutura da parede celular, que permite

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62

uma maior interação com os compostos de prata. De acordo com Ghosh et al.

(2012), as nanopartículas de prata produzidas por Dioscorea bulbifera foram mais

eficazes contra E. coli e Pseudomonas aeruginosa, se comparadas com Salmonella

typhi, Bacillus subtilis e Staphylococcus aureus. De acordo com Mohanty et al.

(2011), as nanopartículas de prata foram mais eficazes do que o próprio AgNO3

contra patógenos de interesse médico, tais como S. aureus. Diferença insignificante

foi observada quando isolados de Staphylococcus spp. produtores e não produtores

de biofilme foram comparados. No entanto, as nanopartículas de prata estão

associadas à regulação negativa de formação de biofilme (MOHANTY et al., 2011).

As nanopartículas de prata demonstram atividade antimicrobiana contra MRSA

(RICCO et al., 2012; BRANDT et al., 2011), como também foi descrito no presente

estudo. Em bactérias Gram-positivas, o efeito das nanopartículas de prata pode

estar associado à fragmentação da parede de peptideoglicano (MIRZAJANI et al.,

2011). A atividade antimicrobiana das nanopartículas de prata é resumida na Tabela

6.

Tabela 6 - Atividade antimicrobiana de nanopartículas de prata sobre bactérias gram-negativas e

gram-positivas.

Microrganismos isolados

Redutase (-) Redutase (+)

MIC CBM MIC CBM

Diluições em série em relação a 5mM de AgNO3

Escherichia coli ATCC 25922 1/16 1/8 1/16 1/8

E. coli ATCC 35218 1/256 1/256 1/256 1/256

Klebsiella pneumoniae ATCC 1388 1/128 1/64 1/256 1/128

Bacillus cereus ATCC 11778 1/16 1/16 1/16 1/16

Staphylococcus aureus ATCC 6538 1/16 1/8 1/16 1/16

S. epidermidis ATCC 12228 1/32 1/16 1/16 1/16

S. aureus MRSA 1/64 1/64 1/64 1/16

Staphylococcus spp.118 1/16 1/16 1/16 1/16

Staphylococcus spp. 131 1/16 1/16 1/32 1/16

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63

5.5. Avaliação do crescimento micelial de Alternaria brassicicola

A análise da evolução do crescimento micelial de Alternaria brassicicola em

contato com as diferentes concentrações de nanopartículas de prata (Tabela 5),

como indica a figura 19, demonstra que, após o décimo dia de avaliação, houve o

efeito direto das concentrações de nanopartículas de prata na evolução do

crescimento micelial das colônias. Estes dados sugerem que, quanto maior a

concentração de nanopartículas de prata, mais reduzido será o crescimento micelial.

A testemunha (concentração 0) obteve a maior média de crescimento no decorrer

dos dias, como o esperado. Não houve evolução significativa no crescimento

micelial das amostras submetidas às diluições de 1/8 (0,12500) a 1/64 (0,01563) ao

longo dos dez dias de avaliação.

Figura 19 - Crescimento micelial de Alternaria brassicicola após o 10° dia de avaliação nas diferentes

concentrações de nanopartículas de prata.

De acordo com LEE et al. (2013), o fato de a maior parte dos fungos ter

desenvolvido resistência aos fungicidas utilizados tradicionalmente, faz com que as

medidas de controle em estudo atualmente estejam concentradas principalmente na

prevenção de plantas não infectadas. Dessa maneira, a aplicação de nanopartículas

de prata para controlar doenças de plantas emerge como uma alternativa

1/8 1/16 0 1/128 1/256

1/64

1/32 (mL)

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interessante, uma vez que as AgNPs possuem um grande potencial antifúngico,

sendo altamente tóxicas para a maioria dos fungos, incluindo Alternaria brassicicola.

No estudo realizado por estes pesquisadores, a atividade antifúngica das

AgNPs sintetizadas biologicamente foi altamente eficiente. O crescimento médio do

diâmetro das colônias do fitopatógeno Colletotrichum coccodes, em centímetros, foi

inibido entre 49,4% e 87,1% no 7° dia de avaliação. Da mesma forma, nos

fitopatógenos Monilinia sp. e Pyricularia sp., a taxa de redução do crescimento

micelial variou entre 43,5% e 86,5% e entre 37,6% e 83,5%, respectivamente, de

acordo com o aumento na concentração de AgNPs. Os nossos dados corroboram

com estes resultados, demonstrando que nanopartículas sintetizadas biologicamente

têm uma atividade antifúngica significativa, sugerindo a possibilidade de utilizá-las

no controle de fungos fitopatogênicos.

Em estudo realizado por KIM et al. (2012), a atividade antifúngica de

nanopartículas de prata foi testada contra 18 espécies de fungos fitopatogênicos,

causadores de doenças em diversos tipos de cultura. Foram utilizadas as

concentrações de 10 ppm, 25 ppm, 50 ppm e 100 ppm diluídas em meios de cultura

BDA (Ágar batata dextrose), EMA (Ágar extrato de malte) e CMA (Ágar cenoura e

milho). Realizando o teste de crescimento micelial, concluiu-se que, na maioria dos

casos, a maior taxa de inibição deve-se à concentração de 100 ppm. Além disso, a

maioria dos fungos demonstrou inibição do crescimento micelial com o aumento do

tempo de incubação. Inibição máxima foi observada no meio de cultura BDA com a

concentração de 100ppm de nanopartículas de prata contra as espécies Alternaria

solani, Cylindrocarpon destructans, Fusarium sp., Pythium aphanidermatum e

Pythium spinosum.

Os resultados obtidos neste trabalho sugerem que as nanopartículas de prata

são altamente capazes de inibir o fitopatógeno Alternaria brassicicola. É importante

salientar que, de acordo com KIM et al. (2012), a taxa de inibição varia de acordo

com a concentração e o tipo de nanopartículas de prata utilizadas contra os

fitopatógenos. Além disso, o estudo indica que um maior grau de inibição é

observado em meio de cultura BDA, se comparado a outros meios de cultura.

Nossos resultados foram semelhantes, havendo variação nas taxas de inibição do

fungo A. brassicicola em função da concentração de nanopartículas de prata.

Quanto maior a concentração de nanopartículas de prata no meio BDA, menor foi o

diâmetro de suas colônias, demonstrando a sua eficácia contra A. brassicicola.

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A figura 20 faz uma comparação entre as duas concentrações mais baixas de

nanopartículas de prata utilizadas neste experimento (Tabela 5) a partir do 6° dia de

avaliação, finalizando no 10° dia. Os dados demonstram que houve evolução no

crescimento micelial de A. brassicicola em ambas as concentrações ao longo dos

dez dias de avaliação, o que não ocorreu com as demais. É possível observar que a

maior evolução no crescimento micelial das amostras corresponde à diluição 1/256,

onde o crescimento médio diário no diâmetro das colônias foi de 0,8 cm. Por sua

vez, na diluição 1/128, o crescimento médio diário no diâmetro das colônias foi de 0,5

cm. Este dado indica mais uma vez que quanto maior a concentração de

nanopartículas de prata, maior será a eficácia de sua atividade antifúngica.

Dias

Figura 20 - Crescimento micelial nos dois tratamentos com doses mais baixas de nanopartículas de

prata: 1/128 e 1/256 (Início: 6° dia de avaliação - Término: 10° dia de avaliação)

Em 2009, Gajbhiye e colaboradores utilizaram nanopartículas de prata

biossintetizadas pelo fungo Alternaria alternata em combinação com o fluconazol,

um fármaco com atividade antifúngica. O objetivo principal foi o controle dos fungos

patogênicos Phoma glomerata, Phoma herbarum, Fusarium semitectum,

Trichoderma sp. e Candida albicans. Com isso, foi observado que a atividade do

fluconazol foi aumentada quando em combinação com as nanopartículas de prata,

obtendo efeito máximo de inibição contra C. albicans, seguido por P. glomerata e

Trichoderma sp. KIM et al. (2008) relatam que um dos principais mecanismos de

ação das nanopartículas é a sua interação com a membrana celular fúngica,

Crescimento

micelial (cm)

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causando desarranjos em suas funções principais, o que justifica sua alta eficiência

contra esses microrganismos. Além disso, estudos indicam que um importante

mecanismo de ação inibitória dos íons prata é o ataque ao DNA. Quando em contato

com Ag+, o mesmo perde a capacidade de se replicar, impedindo assim a divisão

celular (FENG et al, 2000).

5.6.Teste de ação direta

O teste de ação direta foi realizado com o objetivo de avaliar a eficiência das

nanopartículas de prata biossintetizadas pelo fungo Curvularia inaequalis na redução

da germinação de esporos do fungo Alternaria brassicicola. A figura 21 indica a

redução em percentual de germinação dos esporos em relação ao aumento das

concentrações de nanopartículas de prata (Tabela 3) em comparação à testemunha,

onde não houve adição de nanopartículas. É possível observar que a maior taxa de

redução de germinação de esporos (1.513%) corresponde à diluição 1/8, como o

esperado. A segunda maior taxa de redução corresponde à diluição 1/16, 718%,

seguida das diluições 1/32 e 1/64, com taxas de redução de 524% e 376%,

respectivamente. Os resultados demonstram que, de forma semelhante ao teste de

crescimento micelial, quanto maior a concentração de nanopartículas de prata em

contato com os esporos, maior a taxa de redução na germinação dos mesmos.

Figura 21 - Percentual de redução de germinação dos esporos de Alternaria brassicicola em

função do aumento da concentração de nanopartículas de prata.

(mL)

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67

Segundo MIN et al. (2009), pouco se sabe sobre o efeito de nanopartículas de

prata em fungos fitopatogênicos, pois muitos estudos focaram em atividade

antibacteriana e atividade antiviral contra patógenos de animais. No trabalho

desenvolvido por estes pesquisadores, foi avaliada a atividade antifúngica de

nanopartículas de prata contra os fitopatógenos Rhizoctonia solani, Sclerotinia

sclerotiorum e S. minor. Como resultado, foi observado que as nanopartículas de

prata inibiram fortemente o crescimento micelial dos fungos em teste de crescimento

micelial em placas de Petri e também foram muito eficientes na inibição da

germinação de escleródios. Estudo realizado por Morones et al. (2005) relata que as

nanopartículas de prata podem interromper os sistemas de transporte na célula,

incluindo o efluxo de íons. Esta disfunção no efluxo de íons pode causar rápida

acumulação dos íons de prata, que interrompem os processos celulares mesmo em

baixas concentrações (SAMUEL & GUGGENBICHLER, 2004), tais como o

metabolismo e a respiração. Além disso, os íons de prata são conhecidos por

produzirem espécies reativas de oxigênio através de sua reação com o oxigênio.

Estas moléculas são prejudiciais para as células, causando danos nos ácidos

nucléicos, inclusive. Em trabalho realizado por Woo et al. (2009), objetivando avaliar

a eficácia de nanopartículas de prata no controle do fitopatógeno Raffaelea sp., foi

relatado que o crescimento desse fungo na presença de nanopartículas de prata foi

inibido significativamente, sendo a concentração de 25 ppm a mais eficiente no teste

de crescimento micelial. Todos os trabalhos citados demonstram a eficiência das

nanopartículas de prata no controle de diversas espécies de fungos, o que confirma

a eficiência de sua atividade antifúngica.

Durante as últimas duas décadas, a utilização de plantas, bactérias, fungos e

algas na síntese de nanopartículas de prata têm sido bem investigadas. Os fungos,

em especial, têm um enorme potencial para a produção de nanopartículas de prata.

No entanto, pesquisas ainda precisam ser cada vez mais aprimoradas. A utilização

de nanopartículas de prata na agricultura minimizando riscos e resíduos para a

saúde e para o meio ambiente será essencial para o desenvolvimento de novos

produtos sustentáveis e economicamente viáveis. Trabalhos futuros deverão

continuar desenvolvendo experimentos que incluem o desenvolvimento de

nanopartículas de prata, com tamanho e forma bem definidos. Uma melhor

compreensão dos mecanismos de biossíntese da prata promoverá um bom

desenvolvimento em termos de produção e utilização das nanopartículas na

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agricultura em escala comercial, principalmente no controle de doenças de plantas

(SAHAYARAJ & RAJESH, 2011).

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6. CONCLUSÕES

O resultado do planejamento fatorial 23 realizado no presente estudo indica

que a elevação da concentração de nitrato de prata (AgNO3) minimiza a estabilidade

de dispersão coloidal, provocando a agregação das nanopartículas e subsequente

formação de grandes precipitados. Por outro lado, o aumento na concentração de

nitrato redutase contribui com a redução na cinética de formação das nanopartículas

de prata. Essas informações foram fundamentais para a otimização dos parâmetros

utilizados na síntese de nanopartículas de prata.

Na avaliação da atividade antibacteriana para controle in vitro de bactérias

Gram-positivas e Gram-negativas, as nanopartículas de prata produzidas pelo fungo

Curvularia inaequalis apresentaram maior atividade contra Escherichia coli e

Klebsiella pneumoniae.

No presente estudo também foi avaliada a atividade antifúngica de

nanopartículas de prata produzidas pelo fungo Curvularia inaequalis para controle in

vitro do fitopatógeno Alternaria brassicicola. Nossos dados demonstram de forma

clara que as nanopartículas de prata são capazes de inibir significativamente o

crescimento e o desenvolvimento do fungo fitopatogênico e de seus esporos,

através da realização do teste de crescimento micelial e do teste de ação direta. A

eficácia da atividade antifúngica pôde ser detectada até a concentração 1/64. Nossos

resultados sugerem a possibilidade de utilização de nanopartículas de prata

biossintetizadas no controle desse fitopatógeno, como uma alternativa para

colaborar na redução do uso de agroquímicos com elevada toxicidade.

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